sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Os graves malefícios do tabaco - Evanius Wiermann

Evanius Wiermann
Oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
Estado de Minas: 22/08/2014 



O tabagismo é, hoje, amplamente reconhecido como doença crônica gerada pela dependência da nicotina. O usuário de produtos de tabaco é exposto continuamente a mais de 4 mil substâncias tóxicas, muitas delas, cancerígenas. Essa exposição faz do tabagismo o mais importante fator de risco isolado de doenças graves e fatais. Na próxima sexta-feira, 29 de agosto, data em que se comemora o Dia Nacional de Combate ao Fumo, é importante ressaltar os perigos do tabaco para a saúde do corpo humano e também alguns avanços conquistados na última década. Estudo realizado pelo Ministério da Saúde, em maio de 2013, apontou redução no número de fumantes nos últimos oito anos. Os dados da pesquisa mostram que a parcela de brasileiros com mais de 18 anos que fuma caiu de 15,7% em 2006 para 11,3%. A frequência maior de fumantes permanece entre os homens – 14,4% contra 8,6% entre as mulheres. Outro dado considerável é a queda na frequência das pessoas que fumam 20 ou mais cigarros, passando de 4,6% em 2006 para 3,4% no ano passado.

A pesquisa também revela redução na frequência de fumantes passivos em domicílio. O índice passou de 12,7% em 2009 para 10,2% em 2013. Já no local de trabalho, a proporção de fumantes passivos variou de 12,1% a 9,8% no mesmo período. Apesar dos resultados serem positivos, ainda há muito a ser feito.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável no mundo. Os dados são alarmantes. O cigarro provoca uma média anual de  10 mil mortes por dia no mundo. Caso as atuais tendências de consumo sejam mantidas, esses números chegarão em 2030 a 10 milhões de mortes anuais, sendo metade delas de indivíduos em idade produtiva (entre 35 a 69 anos). O consumo de tabaco é responsável por cerca de 50 doenças, destacando a Doença Broncopulmonar Obstrutiva Crônica (DBPOC). Além disso, está associado a 30% das mortes por câncer, – sendo que mais de 90% delas são por câncer de pulmão –, 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais. 

De acordo com pesquisa publicada neste ano pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), sete brasileiros morrem diariamente por causa de doenças ocasionadas pela exposição à fumaça do cigarro. As mulheres são as mais atingidas: 60% delas morrem em decorrência do tabagismo, uma vez que sofrem mais para largar o cigarro, – elas apresentam o dobro de ansiedade e depressão se comparadas aos homens. A nicotina é considerada uma das drogas mais poderosas por demorar apenas sete segundos para atuar no sistema nervoso central, causando a dependência. Esse vício pode causar uma série de transtornos mentais e comportamentais, gerando sofrimento físico e psíquico para o fumante e para as pessoas que com ele convivem. 

Estudos do Ministério da Saúde demonstram que 80% dos tabagistas querem parar de fumar, mas, infelizmente, somente 3% conseguem. O controle do tabagismo no Brasil é uma situação de constantes desafios. Campanhas de conscientização devem ter mais força em nosso país. É preciso que a sociedade, governos e entidades se voltem para o problema e realizem ainda mais serviços de assistência a esse público. Ações educativas também devem partir do círculo familiar e escolar para que esse hábito nada saudável seja erradicado, promovendo saúde e bem-estar social. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário