tag:blogger.com,1999:blog-23814345736249816322024-03-15T18:10:09.493-07:00Bê Neviani BlogRenata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.comBlogger13314125tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-91503867425128589762015-06-18T11:18:00.002-07:002015-06-18T11:31:13.658-07:00Doce remédio - Michael Pollan<div class="article_header" style="border: 0px; font-family: 'Trebuchet MS', Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; overflow: hidden; padding: 20px 20px 0px;">
<h3 style="border: 0px; color: rgb(1, 8, 18) !important; float: left; font-size: 2.8em; line-height: 1.15em; list-style: none; margin: 0px 0px 10px; outline: none; padding: 0px; width: 460px;">
Doce remédio</h3>
<div class="subtitle" style="border: 0px; clear: both; color: #010812; font-size: 1.5em; list-style: none; margin-bottom: 10px; margin-top: 10px; outline: none; padding: 0px;">
Pesquisas com drogas psicodélicas, como o LSD, prometem aumentar a eficácia de tratamentos psíquicos e trazer alívio para doentes terminais</div>
<div class="autor" style="border: 0px; clear: both; float: left; line-height: 22px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; overflow: hidden; padding: 0px;">
<div style="border: 0px; color: #4c4c4c; float: left; font-size: 1.1em; list-style: none; outline: none; padding: 0px;">
<em style="border: 0px; font-size: 1.2em; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">MICHAEL POLLAN</em></div>
</div>
</div>
<div class="article_content" style="background-color: white; border: 0px; font-stretch: normal; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 20px 20px 0px;">
<div class="new_article" style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; line-height: 1.431em; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">
<div style="border: 0px; color: #4c4c4c; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
</div>
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<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Patrick Mettes, 54 anos, diretor de jornalismo de um canal de televisão, estava se tratando de um câncer nas vias biliares quando, numa segunda-feira de abril de 2010, leu na primeira página do<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Times </em>um artigo que mudaria sua morte. Ele recebera o diagnóstico três anos antes, pouco depois de Lisa, sua mulher, comentar que ele estava com os olhos amarelos. O câncer já havia se espalhado para os pulmões, e Mettes vinha sofrendo com uma quimioterapia debilitante e o medo cada vez maior de não sobreviver.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
O artigo, intitulado “Alucinógenos voltam a despertar interesse médico”, mencionava ensaios clínicos realizados em várias universidades, inclusive a de Nova York (NYU), que prescreviam psilocibina – o ingrediente ativo dos chamados cogumelos mágicos – a pacientes com câncer, para aliviar a ansiedade e a “angústia existencial”. Um dos pesquisadores afirmou que, sob a influência do alucinógeno, “o indivíduo transcende sua identificação primária com o próprio corpo, liberando-se de seu ego e voltando [<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">da viagem</em>] com uma nova perspectiva e uma profunda aceitação”. Ainda que nunca tivesse experimentado uma droga psicodélica, Mettes resolveu se apresentar como voluntário. Lisa foi contra. “Eu não queria uma saída fácil”, ela me explicou. “Queria que ele lutasse.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
O jornalista se candidatou ao programa e foi aceito, depois de preencher uma série de formulários e responder a um questionário minucioso. Como os alucinógenos podem desencadear problemas psicológicos latentes, os pesquisadores procuram excluir voluntários de risco, daí a necessidade de interrogar sobre antecedentes de droga e casos de esquizofrenia ou transtorno bipolar na família. Após a triagem, Mettes foi encaminhado ao terapeuta Anthony Bossis, um psicólogo cinquentão, barbudo e corpulento, especializado em cuidados paliativos, e um dos dois pesquisadores-chave do experimento da NYU.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Depois de quatro encontros, Bossis prescreveu a Mettes um placebo “ativo” (uma dose alta de niacina, que pode produzir uma sensação de formigamento) e uma pílula contendo psilocibina. A administração de cada uma das drogas ocorreria em duas sessões, num local que, longe de parecer um consultório médico, lembrava uma sala de estar – com um sofá confortável, quadros de paisagens, livros de arte e mitologia, bem como uma tralha de objetos de caráter esotérico, entre os quais uma imagem de Buda e um cogumelo de cerâmica.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Ao longo de cada sessão, que ocuparia praticamente o dia todo, Mettes ficaria deitado no sofá, com máscara nos olhos e fones nos ouvidos, escutando uma série de músicas escolhidas a dedo – Brian Eno, Philip Glass, Pat Metheny, Ravi Shankar. Bossis e outro terapeuta, presentes o tempo todo, pouco falariam, mas estariam a postos caso ocorresse qualquer problema.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Conheci Bossis no ano passado, na sala de tratamento da NYU, onde ele estava com seu colega Stephen Ross, professor adjunto de psiquiatria na Escola de Medicina da NYU e responsável pelos experimentos com psilocibina. De terno e gravata, o quarentão Ross passaria por banqueiro. Ele também dirige a divisão de uso abusivo de drogas do hospital Bellevue e contou que não sabia muito a respeito das substâncias psicodélicas – que produzem mudanças radicais no estado mental, inclusive alucinações – até um colega lhe contar que, nos anos 60, o LSD havia sido ministrado com sucesso no tratamento de alcoólatras. Ross resolveu estudar o assunto e ficou perplexo com o que descobriu.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“Eu me senti mais ou menos como o arqueólogo que desenterra todo um corpo de conhecimentos”, disse Ross. A partir dos anos 50, as drogas psicodélicas passaram a ser empregadas para tratar uma vasta gama de problemas, inclusive alcoolismo e medo da morte. A Associação Americana de Psiquiatria realizou várias reuniões para discutir o LSD. “Com financiamento do governo, alguns dos melhores psiquiatras investigaram a fundo esses compostos em modelos terapêuticos”, disse Ross.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">E</strong>ntre 1953 e 1973, o governo federal gastou 4 milhões de dólares para financiar 116 estudos sobre o LSD que envolveram mais de 1 700 cobaias humanas declaradas. Em meados da década de 60, a psilocibina e o LSD eram legais e fáceis de obter. Sandoz, o laboratório suíço no qual, em 1938, Albert Hofmann sintetizou pela primeira vez o LSD – sigla de<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Lysergsäurediethylamid</em>, termo alemão para a dietilamida do ácido lisérgico –, fornecia quantidades maciças de Delysid (nome comercial da substância) a qualquer pesquisador que o solicitasse, na esperança de que se descobrisse um uso para o produto.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
As drogas psicodélicas eram testadas em alcoólatras, portadores de transtorno obsessivo-compulsivo, indivíduos depressivos, crianças autistas, esquizofrênicos, pacientes terminais de câncer e presidiários, assim como em artistas e cientistas (para estudar a criatividade) e em estudantes de teologia (para investigar a espiritualidade) saudáveis. Os resultados com frequência eram positivos. Para os padrões modernos, porém, muitos estudos eram mal planejados e raramente bem controlados, se é que de algum modo o eram. Mesmo quando havia algum controle, os pesquisadores quase sempre sabiam quais voluntários haviam tomado a droga, problema recorrente até hoje.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Em meados dos anos 60, o LSD escapou do laboratório e ganhou a contracultura. Em 1970, Richard Nixon assinou a Lei de Substâncias Controladas, que classificou grande parte das drogas psicodélicas na categoria 1, proibindo sua prescrição para qualquer finalidade. A pesquisa foi suspensa, e tudo que se aprendera até então foi como que varrido do campo da psiquiatria. “Quando entrei na faculdade de medicina, nem se falava mais nisso”, Ross disse.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Os experimentos clínicos na NYU – está em curso um segundo, que utiliza psilocibina para tratar o alcoolismo – fazem parte da retomada da investigação sobre drogas psicodélicas, vigente em várias universidades americanas, inclusive na Johns Hopkins, no Centro Médico Harbor-Ucla (da Universidade da Califórnia) e na Universidade do Novo México, bem como no Imperial College, de Londres, e na Universidade de Zurique. Com o arrefecimento do combate à droga, os cientistas se animaram a reavaliar o potencial terapêutico das substâncias psicodélicas, a começar pela psilocibina. Em janeiro passado, <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">The Lancet</em>, o periódico médico mais famoso do Reino Unido, publicou um editorial apoiando essa pesquisa.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
A psilocibina produz efeitos semelhantes aos do LSD, mas, como um pesquisador explicou, “não carrega a bagagem política e cultural dessas três letras”. Além de provocar efeitos mais fortes e duradouros, o LSD pode causar mais reações adversas. Os pesquisadores estão usando ou pretendendo usar a psilocibina não só para tratar ansiedade, tabagismo, alcoolismo e depressão, mas também para estudar a neurobiologia da experiência mística, que pode ocorrer mediante doses altas da droga. Quarenta anos depois que a administração Nixon vetou as substâncias psicodélicas, o governo está permitindo que um pequeno número de cientistas retome o trabalho com essas moléculas poderosas e, de algum modo, ainda misteriosas.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">N</strong>a sala de tratamento da NYU, Tony Bossis e Stephen Ross se mostravam empolgados com os resultados. De acordo com Ross, pacientes com câncer que receberam uma única dose de psilocibina sentiram uma redução imediata e considerável no nível de ansiedade e depressão, e essas melhorias se mantiveram por no mínimo seis meses. Os dados estão sendo analisados e devem ser divulgados para a avaliação de outros profissionais ainda este ano.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“Achei que as primeiras dez ou vinte pessoas haviam sido plantadas, elas só poderiam estar fingindo”, Ross me falou. “Diziam coisas como ‘Para mim o amor é a força maior do planeta’, ou ‘Tive um encontro com meu câncer, essa nuvem negra de fumaça’. Gente que claramente estava apavorada com a morte perdeu o medo. Descobrir que uma droga ministrada uma única vez pode ter esse efeito tão duradouro é algo inédito. Nunca presenciamos nada parecido no campo da psiquiatria.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Fiquei surpreso ao ver um cientista, justo um especialista no uso abusivo de drogas, demonstrar abertamente seu entusiasmo por uma substância que, em 1970, o governo classificou de inaceitável para uso médico e capaz de criar dependência. Mas a classe médica em geral apoia a retomada da pesquisa. “Sou pessoalmente a favor desse tipo de estudo”, disse o neurocientista Thomas R. Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH). “Se essa droga de fato ajuda quem está sofrendo, merece nossa atenção. O fato de ser psicodélica não a desqualifica.” Já Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas (Nida), enfatizou: “É importante lembrar que, fora do contexto de pesquisa, o uso de drogas que viciam pode produzir sérios danos.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Muitos pesquisadores foram entusiásticos ao descrever suas descobertas e alguns até empregaram termos como <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">excepcionais</em>. Bossis falou: “As pessoas não imaginam como são poucas as ferramentas de que dispomos para tratar a angústia existencial. Xanax (o alprazolam) não dá conta. Por que não explorar essa via, se ela pode recalibrar o modo como morremos?”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
O psiquiatra Herbert D. Kleber, diretor da divisão de uso abusivo de drogas do Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York, da Universidade Columbia, e um dos maiores especialistas do país, recomendou cautela: “A pesquisa é fascinante, mas não podemos esquecer que as amostras são pequenas.” Ele também ressaltou o risco de efeitos adversos e a necessidade do acompanhamento de “tutores, já que se pode ter uma experiência boa ou assustadora”. E acrescentou, referindo-se à investigação da nyu e da Johns Hopkins: “Esses estudos estão nas mãos de terapeutas competentes, dedicados, que sabem o que estão fazendo. Mas será que dá para falar disso no horário nobre?”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">A</strong>ideia de ministrar uma droga psicodélica a moribundos foi concebida pelo romancista Aldous Huxley. Ele conheceu a mescalina em 1953, por meio do psiquiatra inglês Humphry Osmond; no ano seguinte, relatou sua experiência em <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">As Portas da Percepção</em>. (Foi Osmond quem cunhou a palavra “psicodélico” – “que torna visível a mente” – numa carta que escreveu a Huxley em 1956.) O escritor propôs uma pesquisa sobre a “administração do LSD a pacientes terminais de câncer, na esperança de tornar a morte um processo mais espiritual e menos estritamente fisiológico”. Em seu leito de morte, Huxley pediu à mulher que lhe injetasse a droga – ele morreu de câncer na laringe, aos 69 anos, em 22 de novembro de 1963.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Em 1957, R. Gordon Wasson – então vice-presidente do banco J. P. Morgan, em Nova York –, que estudava fungos por diletantismo, escreveu para a revista <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Life </em>um artigo de quinze páginas sobre os cogumelos que contêm psilocibina, despertando assim o interesse da medicina ocidental (e da cultura popular). Dois anos antes, depois de passar anos recolhendo relatos sobre o uso clandestino de cogumelos entre indígenas mexicanos, Wasson acabou por experimentá-los por meio de uma <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">curandera </em>do sul do México. Sua descrição maravilhada, na primeira pessoa, da viagem psicodélica que fez durante uma cerimônia noturna inspirou vários cientistas a estudar a psilocibina – dentre os quais Timothy Leary, conceituado psicólogo que realizava pesquisas sobre personalidade em Harvard. Após experimentar os cogumelos em Cuernavaca, em 1960, Leary criou o Harvard Psilocybin Project para investigar o potencial terapêutico dos alucinógenos. Envolveu-se com o LSD alguns anos mais tarde.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Albert Hofmann experimentou os cogumelos em 1957, na esteira do trabalho de Wasson. “Trinta minutos depois, o mundo exterior começou a sofrer uma estranha transformação”, escreveu. “Tudo adquiriu um aspecto mexicano.” Hofmann então tratou de identificar, isolar e, por fim, sintetizar o ingrediente ativo, a psilocibina, o composto utilizado na pesquisa atual.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Talvez o mais influente e rigoroso desses estudos pioneiros tenha sido o experimento da Sexta-Feira Santa, conduzido em 1962 por Walter Pahnke, psiquiatra e pastor que fazia sua tese de doutorado em Harvard, sob a orientação de Leary. Pouco antes da cerimônia da Sexta-Feira Santa na Capela Marsh, no campus da Universidade de Boston, vinte estudantes de teologia receberam uma cápsula de pó branco – em dez havia psilocibina; nas outras dez, um placebo ativo (ácido nicotínico). Como se tratava de um experimento duplo-cego, nem pesquisadores nem pesquisados sabiam quem tomava o quê.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Oito dos dez estudantes que ingeriram psilocibina relataram uma experiência mística e apenas um do grupo de controle teve um sentimento do “sagrado” e uma “sensação de paz”. (Não era difícil distingui-los, o que transformava o duplo-cego num conceito meio vazio: a turma do placebo sentou tranquila nos bancos, enquanto os outros se deitaram ou ficaram andando pela capela, resmungando frases como “Deus está em toda parte” e “Oh, a glória!”.) Pahnke concluiu que as experiências dos oito que tomaram psilocibina eram “indistinguíveis” das experiências místicas clássicas relatadas por William James, Walter Stace e outros.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">E</strong>m 1991, Rick Doblin, diretor da Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (Maps), publicou um estudo de acompanhamento da experiência na Capela Marsh. Para tanto, localizou todos os estudantes de teologia, à exceção de um, que experimentaram a psilocibina e entrevistou sete deles. Todos afirmaram que a experiência foi determinante para suas vidas, tendo deixado marcas profundas e duradouras nos planos pessoal e profissional. Mas Doblin encontrou falhas no texto de Pahnke: ele não mencionou a ansiedade aguda que alguns dos estudantes sofreram durante a experiência. Um deles precisou ser contido e receber uma dose de Torazina (a clorpromazina), um antipsicótico poderoso, depois que saiu correndo pela avenida Commonwealth, convencido de que fora escolhido para anunciar a vinda do Messias.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
A primeira leva de pesquisas envolvendo drogas psicodélicas pecava pelo entusiasmo excessivo em relação a seu potencial. Os cientistas que trabalhavam com essas moléculas extraordinárias tendiam a acreditar que tinham em mãos uma novidade capaz de mudar o mundo – um evangelho psicodélico. Não era fácil admitir que essa maravilha ficasse confinada em laboratórios, com seu uso restrito a enfermos. Não demorou muito e cientistas respeitáveis se irritaram com a ciência objetiva – para Leary, por exemplo, a ciência agora não passava de mais um jogo social, uma caixa de convenções a ser destruída – junto com todas as outras.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
A interrupção da pesquisa envolvendo drogas psicodélicas teria sido inevitável? Stanislav Grof, psiquiatra de origem tcheca que nos anos 60 ministrou muito LSD em seu consultório, acredita que a substância “perdeu o elemento dionisíaco” nos Estados Unidos e, como representava uma ameaça aos valores puritanos do país, acabou sendo rechaçada. (Ele acha que a história pode se repetir.) Roland Griffiths, psicofarmacologista da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, ressalta que a cultura americana não é a primeira a se sentir ameaçada pelas drogas psicodélicas: Gordon Wasson precisou redescobrir os cogumelos no México porque os espanhóis os viam como perigosos instrumentos do paganismo e por isso trataram de eliminá-los.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“A experiência mística primária provoca uma sensação de autoridade tão intensa que pode ser ameaçadora para as estruturas hierárquicas existentes”, Griffiths me explicou, quando fui encontrá-lo na primavera passada. “Acabamos demonizando esses compostos. Você conhece alguma outra área da ciência considerada tão perigosa, tão tabu a ponto de estagnar toda a pesquisa durante décadas? Isso não tem precedente na ciência moderna.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">N</strong>o início de 2006, Tony Bossis, Stephen Ross e Jeffrey Guss, psiquiatra e colega na NYU, passaram a se encontrar toda sexta-feira à tarde, depois do expediente, para ler e discutir sobre drogas psicodélicas. Autodenominaram-se Psychedelic Reading Group (PRG) [<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Grupo de Estudos Psicodélicos</em>] – ao cabo de alguns meses, porém, o R de PRG já significava Research [<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Pesquisa</em>]. Decidiram tentar iniciar um ensaio clínico usando psilocibina como uma terapia adjuvante para tratar a ansiedade de pacientes com câncer.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Os obstáculos eram imensos: a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos (FDA) e o Departamento de Repressão às Drogas (DEA) autorizariam o uso da substância? O Conselho de Estudo Institucional (IRB) da NYU, encarregado de proteger indivíduos submetidos a experimentos, permitiria que prescrevessem uma droga psicodélica a pacientes com câncer? Em julho de 2006, a <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Psychopharmacology </em>publicou um artigo de autoria de Roland Griffiths e colaboradores que foi um verdadeiro divisor de águas: “A psilocibina pode provocar experiências do tipo místico com significado pessoal e espiritual substancial e duradouro.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“Todos nós adoramos o artigo de Roland”, lembra Bossis. “Ele reforçou a certeza de que podíamos seguir adiante. A Johns Hopkins havia demonstrado que era possível fazer isso sem problema.” O texto também forneceu a Ross munição para persuadir um irb cético. “A aprovação foi facilitada pelo fato de a pesquisa sobre drogas psicodélicas ser feita na Hopkins – considerada a principal escola de medicina do país. Foi um estudo surpreendente, com uma concepção muito elegante.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Mesmo assim, a pesquisa ainda é rigidamente regulamentada e vigiada. A experiência da NYU só teve início depois que Ross obteve a aprovação da FDA; do Conselho de Estudo de Oncologia da NYU; do IRB; do Comitê Bellevue de Estudo e Pesquisa; do Centro Bluestone para Pesquisa Clínica; do Instituto de Ciência Clínica e Translacional, e, por fim, da DEA, que precisava autorizar o uso de uma substância incluída na categoria 1.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
O experimento duplo-cego de Griffiths repetia o que Pahnke fizera nos anos 60, porém com muito mais rigor científico. Trinta e seis voluntários que nunca haviam tomado alucinógeno receberam uma pílula contendo ou psilocibina ou um- placebo ativo (Ritalina, o metilfeni-dato); na sessão seguinte, os pesquisadores alternaram as pílulas. “Ministrada com o devido apoio”, o estudo concluiu, “a psilocibina suscitou experiências semelhantes às vivências místicas que ocorrem espontaneamente.” Os participantes consideraram tais experiências tão marcantes quanto o nascimento de um filho ou a morte de um genitor. Para dois terços deles, a sessão de psilocibina foi uma das cinco experiências espiritualmente mais importantes da vida; para um terço, foi a mais importante. Catorze meses depois, essas classificações baixaram apenas ligeiramente.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Além disso, a “plenitude” da experiência mística seguiu de perto as melhorias relatadas quanto ao bem-estar pessoal, a satisfação com a vida e a “mudança positiva de comportamento” – aferidas dois meses e, novamente, catorze meses após a sessão. (Os pesquisadores se utilizaram das autoavaliações dos participantes do estudo e das de seus colegas de trabalho, amigos e parentes.) Os autores do estudo determinaram a plenitude da experiência mística por meio de dois questionários, um dos quais era o Questionário da Experiência Mística Pahnke–Richards, parcialmente baseado em <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">As Variedades da Experiência Religiosa</em>, de William James.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Tal questionário avalia sentimentos de comunhão, religiosidade, inefabilidade, paz e alegria, bem como a impressão de ter transcendido o espaço e o tempo e a “sensação noética” de que a experiência revelou uma verdade objetiva a respeito da realidade, uma nova percepção dessa mesma realidade. Uma experiência mística “plena” é aquela que apresenta essas seis características. Griffiths acredita que a eficácia duradoura da droga se deva a sua capacidade de provocar essa expe-riência transformadora sem mudar a química do cérebro no longo prazo, como faz uma droga psiquiátrica convencional como o Prozac (a fluoxetina).</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Um estudo de acompanhamento realizado por Katherine MacLean, psicóloga do laboratório de Griffiths, constatou que a experiência com psilocibina também teve um efeito positivo e duradouro na personalidade da maioria dos participantes. (A psicologia convencional sustenta que em geral a personalidade está definida aos 30 anos, e depois dessa idade dificilmente passa por alguma alteração substancial.) Mais de um ano depois das sessões de psilocibina, os voluntários que haviam tido as experiências místicas mais plenas apresentaram um aumento significativo em sua “abertura”, um dos cinco aspectos que os psicólogos analisam ao avaliar traços de personalidade – os outros são: consciência, extroversão, afabilidade e neuroticismo, isto é, a tendência a um estado emocional negativo. A abertura, que inclui apreciação estética, imaginação e tolerância em relação a opiniões alheias, é um bom indício de criatividade.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“Não quero usar o termo <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">excepcional</em>”, disse Griffiths, “mas, como fenômeno científico, que tal conseguir criar condições nas quais 70% das pessoas vão dizer que essa foi uma das cinco experiências mais marcantes que tiveram na vida? Para um cientista é uma coisa incrível.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">A</strong>atual retomada da pesquisa se beneficiou em grande parte da respeitabilidade de seus defensores. Aos 68 anos, Roland Griffiths, que se especializou em behaviorismo e ocupa posição destacada nos departamentos de psiquiatria e neurociência da Hopkins, é um dos maiores pesquisadores americanos no campo do vício em drogas. Com mais de 1,80 metro de altura, magro como um palito e reto como um poste, tudo o que tem de indisciplinado é o cabelo branco, tão abundante que parece desafiar o pente. Tom Insel, diretor do NIMH, definiu-o como “um cientista famoso pela análise meticulosa de dados”, e aprovou seu envolvimento “numa área que outras pessoas poderiam ver como um incentivo ao uso de drogas”.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
A carreira de Griffiths sofreu uma reviravolta inesperada nos anos 90, depois de duas grandes descobertas. A primeira foi em 1994, quando um amigo lhe apresentou o Siddha Yoga. A meditação o fez conhecer “algo que estava além, muito além de uma visão material do mundo, e não posso falar com meus colegas sobre isso, porque envolve metáforas ou conjecturas que são pouco confortáveis para um cientista como eu”. Ele passou a acalentar “pensamentos fantasiosos” de abandonar a ciência e ir para a Índia.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Em 1996, Charles R. (Bob) Schuster, um velho amigo e colega que acabava de se aposentar como diretor do Nida, sugeriu que ele conversasse com Robert Jesse, um jovem que acabara de conhecer no centro de estudos alternativos Instituto Esalen, em Big Sur, na Califórnia. Interessado em questões espirituais, Jesse não era médico nem cientista – vice-presidente da Oracle, trabalhava com computadores. Imbuído da missão de ressuscitar a pesquisa com drogas psicodélicas, Jesse organizara uma reunião de cientistas e religiosos para discutir o potencial espiritual e terapêutico dessas substâncias e como reabilitá-las.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Quando se escrever a história da segunda leva de pesquisas sobre drogas psicodélicas, Bob Jesse será lembrado como um dos dois leigos em ciências que trabalharam nos bastidores para fazê-la decolar. (O outro é Rick Doblin, o fundador da Maps.) Enquanto esteve de licença da Oracle, Jesse criou uma entidade não lucrativa, o Conselho em Práticas Espirituais (CSP), com o objetivo de “tornar a experiência direta do sagrado mais acessível a mais pessoas”. (Em vez de “psicodélico”, ele prefere o termo “enteógeno”, ou “que facilita o acesso a Deus”.)</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Em 1996, o CSP organizou uma histórica reunião no Esalen. Dos quinze presentes, muitos eram pesquisadores veteranos, como James Fadiman e Willis Harman, que anos antes haviam estudado as drogas psicodélicas em Stanford, e teólogos como Huston Smith, renomado estudioso de religião comparada. Mas Jesse sabiamente resolveu convidar Bob Schuster, especialista em uso abusivo de drogas que trabalhara em dois governos republicanos. No final do encontro, o grupo decidiu promover “uma pesquisa honesta, inatacável, a ser realizada numa instituição com pesquisadores acima do bem e do mal” e, de preferência, “sem qualquer promessa de tratamento clínico”. Jesse estava menos interessado nos distúrbios mentais do que no bem-estar espiritual das pessoas – queria usar os enteógenos para o que chama de “aperfeiçoamento de gente saudável”.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Pouco depois da reunião no Esalen, Bob Schuster (que morreu em 2011) ligou para Jesse e lhe comunicou que seu velho amigo Roland Griffiths era “o pesquisador acima do bem e do mal” que ele buscava. Jesse foi a Baltimore para conhecê-lo, e desse encontro se originou uma série de conversas e reuniões sobre meditação e espiritualidade. Griffiths se dedicou à pesquisa sobre drogas psicodélicas, coroada pelo artigo de 2006, publicado na <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Psychopharmacology</em>.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">O</strong>mérito do artigo transcendeu as descobertas nele relatadas. Por iniciativa da revista, vários pesquisadores e neurocientistas foram convidados a comentá-lo e se convenceram da importância de retomar as investigações. Herbert Kleber, da Universidade Columbia, aplaudiu o texto e reconheceu que “grandes possibilidades terapêuticas” poderiam resultar de novos estudos sobre essas drogas, alguns dos quais mereceriam “o apoio do Instituto Nacional de Saúde (NIH)”. Solomon Snyder, o neurocientista da Hopkins que nos anos 70 descobriu os receptores opioides do cérebro, resumiu o que Griffiths havia conquistado para a área: “A capacidade desses pesquisadores para conduzir um estudo duplo-cego bem controlado mostra que a investigação clínica sobre drogas psicodélicas pode ser segura, não carecendo vedá-la à maioria dos pesquisadores.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Roland Griffiths e Bob Jesse abriram uma porta que por mais de três décadas permanecera cerrada. Charles Grob, da Ucla, foi o primeiro a transpô-la, obtendo a aprovação da FDA para a Fase I de um estudo piloto que avaliaria a segurança, a dosagem e a eficácia da psilocibina no tratamento da ansiedade em pacientes com câncer. Seguiram-se os experimentos da Fase II, recém-concluídos na Hopkins e na NYU, que envolveram doses mais altas e grupos maiores (29 na NYU; 56 na Hopkins) e incluíram Patrick Mettes e mais uma dúzia de pacientes com câncer em Nova York e Baltimore.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Desde 2006, o laboratório de Griffiths vem conduzindo um estudo piloto sobre o potencial da psilocibina para tratar o tabagismo (os resultados foram publicados na <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Psychopharmacology </em>de novembro passado). A amostra é pequena – quinze fumantes –, mas a taxa de sucesso é impressionante. Doze participantes que já haviam tentado largar o cigarro por meio de outros métodos continuavam sem fumar seis meses após o tratamento, o que representa 80% de êxito. Para se ter uma ideia do sucesso, hoje em dia o principal tratamento para o tabagismo é a terapia de substituição da nicotina. Um artigo publicado numa edição recente do <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">BMJ </em>– chamado até 1988 de<em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">British Medical Journal </em>– informa que depois do tratamento apenas 7% dos fumantes permaneceram longe do cigarro durante seis meses.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
No estudo da Hopkins, os participantes passaram por duas ou três sessões de psilocibina e um curso de terapia cognitivo-comportamental para ajudar a controlar<br />
a vontade de fumar. A experiência com a substância psicodélica parece permitir que se reveja e se interrompa um hábito arraigado. “Fumar parecia irrelevante, e por isso parei”, disse um deles. Os voluntários que relataram uma experiência mística plena tiveram mais sucesso em largar o hábito. Um experimento mais longo da Fase II, comparando a psilocibina à substituição da nicotina (ambas em associação com a terapia cognitivo-comportamental), está em curso na Hopkins.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
“Precisamos desesperadamente de uma nova forma de tratar um vício”, Herbert Kleber me falou. “Nas mãos das pessoas certas – e enfatizo isso, porque toda a área das drogas psicodélicas atrai gente que em geral acha que entende do assunto, mas na verdade não sabe nada –, esse tratamento pode ser muito útil.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Até o momento, a crítica à pesquisa tem sido restrita. No verão passado, Florian Holsboer, então diretor do Instituto de Psiquiatria Max Planck, de Munique, disse à <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Science</em>: “Não se pode ministrar uma substância a um paciente só porque ela tem um efeito antidepressivo, entre muitos outros. É extremamente perigoso.” Nora Volkow, do Nida, me enviou um e-mail em que dizia que “a maior preocupação com esse trabalho é induzir o público a pensar que a psilocibina pode ser usada sem problema. Na verdade, os efeitos adversos dessa droga são bem conhecidos, embora não sejam totalmente previsíveis”. E acrescentou: “O uso de alucinógenos tem diminuído, sobretudo entre os jovens. Não gostaríamos que essa tendência se revertesse.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Sabe-se que o uso recreativo de drogas psicodélicas está relacionado a casos de psicose, flashback e suicídio. Tais efeitos adversos, porém, não ocorreram nos experimentos da NYU e da Johns Hopkins, que envolveram a administração de quase 500 doses de psilocibina. Mas é preciso levar em conta que os participantes se apresentaram espontaneamente, passaram por uma triagem cuidadosa, foram preparados para a experiência e assistidos por terapeutas aptos a lidar com os eventuais episódios de medo e ansiedade. Além das moléculas envolvidas, uma sessão de terapia e uma experiência recreativa têm muito pouco em comum.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Atualmente, o laboratório da Hopkins está desenvolvendo um estudo que interessa particularmente a Griffiths, uma vez que vai examinar o efeito da psilocibina em praticantes de meditação veteranos. Quarenta participantes terão o cérebro monitorado por meio de imagens de Ressonância Nuclear Magnética Funcional (fMRI) – antes, durante e depois de tomar psilocibina, para avaliar alterações na atividade e conectividade cerebral.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
O laboratório de Griffiths, em colaboração com a NYU, também está iniciando um estudo para verificar em que medida a experiência da droga, ministrada a sacerdotes de várias religiões, poderia contribuir para o trabalho deles. “Eu me sinto como uma criança numa confeitaria”, Griffiths disse. “A pesquisa pode enveredar por caminhos os mais variados. Vivemos o efeito Bela Adormecida – depois de três décadas sem nenhuma pesquisa, estamos esfregando os olhos para afastar o sono.”</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<strong class="capitular" style="border: 0px; display: block; float: left; font-size: 3em; line-height: 0.8em; list-style: none; margin: 0px 4px 0px 0px; outline: none; padding: 0px; text-transform: uppercase;">"I</strong>nefabilidade” é uma característica da experiência mística. Ao descrever as bizarrices que lhes passam pela cabeça durante uma viagem psicodélica assistida, muitos se esforçam para não dar pinta de maluco ou guru <em style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">new age</em>. O léxico nem sempre dá conta de relatar uma experiência que parece remover o sujeito de seu corpo, levá-lo a percorrer vastidões de tempo e espaço e colocá-lo face a face com divindades, demônios e antevisões da própria morte.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Voluntários do experimento com psilocibina da NYU foram convidados a redigir um relato da experiência logo após o tratamento, e o jornalista Patrick Mettes levou a tarefa a sério. Sua mulher disse que, depois de uma das sessões – era uma sexta-feira –, ele passou o fim de semana trabalhando para compreender a experiência e descrevê-la.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Quando Mettes chegou ao local do tratamento, na Primeira Avenida com a rua 25, Tony Bossis e Krystallia Kalliontzi, seus tutores, receberam-no, repassaram a programação do dia e, às nove da manhã, deram-lhe uma pílula. Nenhum deles sabia se era placebo ou psilocibina. Perguntaram a Mettes o que ele pretendia ao se inscrever para o experimento, e ele disse que queria aprender a lidar melhor com a ansiedade e o medo do câncer. Atendendo à recomendação dos pesquisadores, levou algumas fotos que foram dispostas no cômodo – uma dele com Lisa, no dia do casamento, outra de Arlo, seu cachorro.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; color: #4c4c4c; font-family: Georgia, Arial, sans-serif; font-size: 1.2em; font-stretch: normal; line-height: 1.431em; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
Às nove e meia, Mettes deitou no sofá, colocou os fones nos ouvidos, a máscara nos olhos, e ficou em silêncio. Mais tarde, ele comparou o início da viagem ao lançamento de uma nave espacial – “uma arrancada fisicamente violenta e meio desengonçada que acabou dando lugar à bendita serenidade da ausência de peso”.</div>
<div style="border-image-outset: initial; border-image-repeat: initial; border-image-slice: initial; border-image-source: initial; border-image-width: initial; border: 0px; font-stretch: normal; list-style: none; margin-bottom: 20px; outline: none; padding: 0px;">
<a href="http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-105/anais-da-medicina/doce-remedio" target="_blank">http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-105/anais-da-medicina/doce-remedio</a></div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-68238850580412802772015-06-18T10:21:00.002-07:002015-06-18T10:23:24.980-07:00Leonarde Plume e a falange dos fiéis<a href="http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-105/quadrinhos/leonard-plume-ea-falange-dos-fieis" target="_blank"><img alt=" fonte" src="http://revistapiaui.estadao.com.br/assets/media/images/geral/quadrinhos_plume.png" /></a>Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-36344476754324263812015-05-27T05:54:00.002-07:002015-05-27T05:54:38.557-07:00Mexicanas - Martha Medeiros Zero Hora 27/05/2015<br />
<br />
“Ando tão mexicana...” Certa vez, coloquei essa queixa na boca de uma
personagem de um livro para resumir como ela se sentia depois do fim de
um amor. Ela chorava muito, tinha reações extremadas, dramatizava sua
situação como se estivesse enfiada num vestido floreado e com uma flor
vermelha no cabelo: uma mulher sofrendo sem nenhuma sobriedade.<br /><br />O
que eu sabia do México na época em que escrevi o livro? Que era um país
colorido, apimentado e de emoções exuberantes – certamente eu estava
induzida pela imagem que tinha de Frida Kahlo, cuja vida e obra se
misturaram adquirindo uma potência que é hoje reconhecida por todos. O
México me parecia um país cuja história e costumes estavam sempre
escancarados, um país sem bastidores, apenas palco. Sofrer com
sobriedade é para escandinavos, não para latinos.<br /><br />Uma visão
estereotipada, reconheço, mas depois de ter conhecido o México, de onde
voltei recentemente, pude comprovar que eu não estava tão enganada. É um
país que não engaveta seu passado e cujas cores berrantes nas fachadas,
no artesanato e nos murais são um atestado de bravura e de orgulho. O
México se expõe. Eu tinha razão ao adjetivar como mexicana uma mulher
com suas feridas abertas.<br /><br />Só não sabia que isso nada tinha a ver com vitimização.<br /><br />Voltemos
a Frida: teve poliomielite aos seis anos de idade. Aos 18, sofreu um
acidente de ônibus que deixou sequelas graves – um pedaço de ferro
entrou pelo seu quadril e saiu pela virilha. Passou por 35 cirurgias.
Engravidou três vezes – e três vezes sofreu abortos espontâneos, não
conseguindo realizar o desejo de ser mãe. Foi amada por seu marido Diego
Rivera, mas teve que dividi-lo com várias outras mulheres, entre elas
sua irmã mais próxima. Esse é apenas um resumo acanhado da biografia da
pintora, sem entrar no mérito de sua arte e de seu engajamento político.
Frida passou por dores torturantes, tanto físicas quanto emocionais, e
em nenhum momento a gente tem dela a imagem de uma coitada. Por quê?<br /><br />Porque,
ainda que ela tenha revelado todo o seu drama nas telas que legou ao
mundo, choramingar não era seu verbo. Viver, sim. Sofreu sem jamais
perder o viço, o gosto e o entusiasmo pelos dias.<br /><br />O sofrimento é
um velho conhecido de todos nós, mas costumamos ter pudor com nossas
lágrimas. A maioria das pessoas reparte sua infelicidade só com dois ou
três amigos, às vezes com ninguém. Poucos sofrem com a vitalidade de
Frida, que transformou sua dor em uma causa.<br /><br />Quando minha
personagem disse “ando tão mexicana”, ela não sabia o que falava e eu
não sabia o que escrevia. Ambas reclamando de uma intensidade que só
hoje reconheço como virtude. Agora sei que sentir-se mexicano é um
elogio, não um estigma.Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-20471461344323869552015-05-24T06:47:00.002-07:002015-05-24T06:47:40.295-07:00Bá, agora tu me pegou - Martha Medeiros <div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Zero Hora 24/05/2015</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tenho
vontade de abraçar afetuosamente aquele que se confessa inapto para explicações
com tanta gente enrolando por aí</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
texto em que condenei os serviços prestados em estabelecimentos comerciais de
Porto Alegre (Chardonnay Tinto, publicada em Zero Hora do dia 13 de maio) teve
um retorno expressivo. Alguns empresários me alertaram de que o problema não se
resume a treinamento há também muita falta de comprometimento dos funcionários,
que optam pelo rodízio de empregos em vez de se dedicar a um plano de carreira.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Feito
este registro, o que restou foi a concordância maciça dos leitores e relatos de
casos engraçados envolvendo atendimentos sofríveis. Da série rir para não
chorar.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
que mais me divertiu foi uma frase clássica que se aplica em restaurantes no
momento em que pedimos para o garçom esclarecer o modo de preparo de um prato.
Sabe-se que o cliente não tem superpoderes para adivinhar do que se trata o
“Filé Gruta Azul” ou o “Frango à moda do chef” e, se a descrição não está no
cardápio, só resta perguntar: como é que é? Não raro o garçom, simpático e
solícito, responde: “Bá, agora tu me pegou”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
você, nunca?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não
só em restaurantes. Você entra numa loja e pergunta se tem aquela calça verde
da vitrine, só que na cor preta. “Bá, agora tu me pegou.” Dá para pagar com
cheque? “Bá, agora tu me pegou.” O feriado é na terça, a loja abrirá na
segunda? “Bá, agora tu me pegou.”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
É a
expressão que define o atendimento gaúcho. Estão todos os elementos ali. O
orgulho local (“Bá”), nenhuma cerimônia com desconhecidos (“tu”) e a
concordância verbal peculiar (“me pegou”) – sem falar na comédia toda. Pô, o
sujeito não tinha decorado essa parte. Como será feito o raio do Filé Gruta
Azul? É um convite para chutar, mas melhor não. Bora perguntar para o
cozinheiro. E torcer para que ele saiba.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Recentemente,
eu estava na padaria de um súper sem ninguém para atender no balcão quando vi
uma moça uniformizada empilhando umas embalagens ali ao meu lado. Perguntei se
era ela quem atendia naquele setor, e ela confirmou assim: “Tu tá com pressa?”.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Inúmeras
vezes entrei em lojas cujo atendente estava de olho no seu smartphone e nem
levantou a cabeça para dar bom dia, e lembro também... Ah, deixa pra lá, isso
já está virando bullying. Fiquemos com a graça da coisa: “Bá, agora tu me
pegou”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Tenho
vontade de abraçar afetuosamente aquele que se confessa inapto para
explicações. É um indefeso. Não está preparado para enfrentar perguntas
difíceis. Tanta gente enrolando por aí, enquanto ele revela sua fragilidade sem
subterfúgios. Admite a própria limitação. Mas, obstinado em acertar, vai em
busca da resposta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
“O
cozinheiro disse que o filé Gruta Azul, moça, é na verdade uma maminha
temperada com muita pimenta e que vem acompanhada com batatas ao molho picante
e ervas.”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Ervas
finas ou ordinárias?, você pergunta, só para zoar.</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-29394999213841592015-05-24T06:44:00.000-07:002015-05-24T06:44:03.966-07:00Saudoso e-mail - Martha Medeiros “Não senhora, você não pode pensar nem cinco, nem dois, nem meio
segundo, precisa escrever feito um raio, num flash, sem pestanejar’’<br />
<br />
<div class="art-layout-a-2x" id="testArtCol_a">
<div static="true">
Quando o e-mail surgiu, foi considerado um meio prático, porém frio de
se corresponder. Mas agora que o e-mail foi reduzido a pó pelo Face,
WhatsApp & cia., agora que ele sobrevive apenas para a troca de
mensagens profissionais (e olhe lá), agora que ele respira por
aparelhos, já podemos lembrar, nostálgicos, de como ele era refinado.
</div>
<div static="true">
<br /></div>
<span class="art-object art-mainimage" id="artObjectWrap" ndrole="img" style="height: 24em;"><a href="https://www.blogger.com/null"><img id="artObject" src="http://cache3-img1.pressdisplay.com/pressdisplay/docserver/getimage.aspx?regionguid=3de5db68-fceb-4048-a4ea-c729f00cca0e&scale=224&file=e6102015052400000051001001&regionKey=MPbV63fgvdkpOq2vhAt1yQ%3d%3d" style="width: 100%;" /></a></span>
O e- mail entrava discretamente na sua caixa de mensagens e ficava ali,
quietinho, aguardando pacientemente o momento em que o destinatário
pudesse lê- lo e respondê-lo. Havia todo o tempo do mundo para isso. A
resposta podia ser bem articulada, revisada e enviada sem nenhuma
aflição. Claro que não era agradável deixar alguém aguardando uma
semana, mas na maioria das vezes não levava tanto tempo assim, o retorno
geralmente era dado no mesmo dia ou no dia seguinte, e isso era
suficiente para comemorar esta vibrante conexão virtual.
<br />
<br />
Isso foi ontem. Anteontem. Um século atrás. Dá no mesmo.
<br />
<br />
Agora você troca mensagens instantâneas, um toma-lá-dá-cá que faz
todo mundo parecer meio esquizofrênico. A questão do corretor de texto é
uma insanidade. “Oi, Patricia!’’ se transforma em “Ouviu, patife!’’ e o
que era para ser um gentil cumprimento vira um insulto. Não preciso dar
outros exemplos, você passa por isso todos os dias: corrigir com avidez
as bananices que o corretor comete à revelia.<br />
<br />
Mas o mais grave nem é
isso.<br />
<br />
É ter que responder de bate-pronto. Eu às vezes não sei exatamente
como reagir a algo que me escreveram, gostaria de ter ao menos cinco
minutos para processar a informação e entender o que estou sentindo
antes de mandar uma resposta, cinco minutos não é tanto tempo assim, é?
Ora, em cinco minutos o interlocutor já se atirou do oitavo andar,
sentindo-se rejeitado pelo meu silêncio. Não senhora, você não pode
pensar nem cinco, nem dois, nem meio segundo, precisa escrever feito um
raio, num flash, sem pestanejar, porque o outro está digitando ao mesmo
tempo e isso configura um duelo, ganha quem disparar primeiro. Portanto,
seja ligeira e tenha presença de espírito — ia esquecendo: é imperativo
mostrar que é engraçadinha.
<br />
<br /></div>
<br />
<div class="art-layout-b-2x" id="testArtCol_b">
Só que não sou engraçadinha. Sou cautelosa. Ponderada. Gosto de
construir frases. Criar raciocínios. Sou escritora, dê um desconto. Não
consigo me contentar com frase de telegrama, que é uma coisa bem antiga,
se não me falha a memória.
<br />
<br />
Bom mesmo seria se a gente continuasse a se comunicar frente a
frente, transmitindo nosso estado de espírito com o próprio rosto, sem
precisar do auxílio de algum emoji. Se a gente pudesse falar com calma e
o outro responder com calma. Mas isso parece que também é coisa muito
antiga.
<br />
<span class="art-object" id="artObjectWrap2"></span>
<div static="true">
Nasci atrasada, estou sempre correndo atrás do tempo: aquele tempo que o e-mail me dava pra pensar. </div>
<ul class="art-meta">
<li>24 mai 2015</li>
<li>O Globo</li>
<li>Martha Medeiros
martha.medeiros@oglobo.com.br</li>
</ul>
<div static="true">
<br /></div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-65116851062613287442015-05-24T06:07:00.001-07:002015-05-24T06:07:22.688-07:00Luzes da ribalta <div class="news_heading">
<span class="h1">Luzes da ribalta</span> </div>
<div class="news_heading">
<br /></div>
<div class="news_heading">
Cauby Peixoto volta (mais uma vez) ao
centro da cena, com lançamento de documentário. Ator Diogo Vilela
planeja nova temporada do musical em que interpreta o cantor</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Ailton Magioli</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 24/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="O cantor Cauby Peixoto em registro de 1961. Hoje, aos 84 anos, ele é tema do documentário Cauby - Começaria tudo outra vez, que estreia na quinta (JEAN SOLARI/O CRUZEIRO/EM BRASIL)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/24/150903/res20150522141307256450a.jpg" title="O cantor Cauby Peixoto em registro de 1961. Hoje, aos 84 anos, ele é tema do documentário Cauby - Começaria tudo outra vez, que estreia na quinta (JEAN SOLARI/O CRUZEIRO/EM BRASIL)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">O cantor Cauby Peixoto em registro de 1961.
Hoje, aos 84 anos, ele é tema do documentário Cauby - Começaria tudo
outra vez, que estreia na quinta<br /><br /></td></tr>
</tbody></table>
O que mais
fascina o documentarista Nelson Hoineff, de 66 anos, em Cauby Peixoto,
84, é o eterno recomeço do cantor, que, não por acaso, está de volta à
cena em variadas frentes, depois do susto pregado pela diabete, que o
levou a uma internação recente.<br /><br />Hoineff é o diretor do
documentário Cauby – Começaria tudo outra vez, que estreia na próxima
quinta-feira em cinco capitais, incluindo Belo Horizonte. Apesar da
demora de quase uma década para a conclusão do filme, o título se
manteve todo o tempo na cabeça do cineasta – e sempre pertinente.<br /><br />Hoineff
decidiu abordar a trajetória do cantor – um dos raríssimos
remanescentes da era de ouro do rádio brasileiro, ao lado de Angela
Maria, 86, confrontando permanentemente o artista e o personagem que ele
criou para si.<br /><br />“O recomeço constante é um desejo do próprio
Cauby, que, além das inúmeras plásticas (nunca admitidas), renova o
repertório com uma enorme frequência, às vezes para melhor, às vezes
para pior”, afirma Hoineff, que diz encontrar paralelos da trajetória do
cantor apenas em nomes como os de Beth Carvalho, Caetano Veloso e João
Gilberto. “Além do dom vocal, nos shows eles praticamente contam uma
história.”<br /><br />NOVO DISCO Não só a estreia de Cauby – Começaria tudo
outra vez está jogando novas luzes sobre o cantor, cujos fãs vão de “uma
velinha de 90 anos até um casal de 20 anos”, como observa Hoineff. Até o
fim do mês, deve ser lançado o disco Cauby sings Nat King Cole, com
shows no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mais: recuperado da crise
provocada pela diabete, o eterno intérprete de Conceição voltará a se
apresentar no Bar Brahma, no Centro de São Paulo, onde cumpre temporada
semanal há 12 anos.<br /><br />No filme, Cauby surge literalmente brilhante,
vestindo um blaser de tecido resplandescente. A canção escolhida para
abrir o documentário é Minha voz, minha vida, composta especialmente
para ele, por Caetano Veloso. Ao longo dos 90 minutos de exibição, o
público se assenta em três pilares: além da ideia do eterno recomeço, o
modelo de interpretação atemporal de Cauby Peixoto e a sinergia entre
ele e a plateia, que transcende gerações.<br /><br />No início do filme, o
espectador é levado para o subúrbio carioca (Olaria) onde vive Tadeu
Kebian, de 15 anos. Fã incondicional do cantor, que conhece na infância
por influência de seu avô, ao ficar sabendo da realização do
documentário, ele tomou a iniciativa de entrar em contato com a
produção.<br /><br />Que ninguém vá assistir a Cauby – Começaria tudo outra
vez em busca de revelações. Figura historicamente contraditória e dúbia,
o cantor até se expressa sobre a sexualidade, admitindo experiências
homossexuais na infância. Mas acaba manifestando preconceito sobre o
tema, além de se atribuir um romance com a atriz Dorinha Duval, que a
própria nega no decorrer do filme.<br /><br />DUALIDADES Como lembra o
biógrafo Rodrigo Faour, em depoimento no filme, ao longo de sua
trajetória, o cantor se destacou pelas dualidades: chique e brega,
popular e sofisticado, masculino e feminino. Segundo Thiago Marques
Luiz, produtor musical de Cauby Peixoto, ele gostou do filme, assim como
do musical Cauby! Cauby!, de Flávio Marinho, protagonizado por Diogo
Vilela, e da biografia Bastidores – Cauby Peixoto – 50 anos da voz e do
mito, de Faour.<br /><br />Com farto material televisivo de arquivo (TVs
Excelsior, Tupi, Globo, Record, CNT e TVE) à sua disposição, Hoineff
leva para a tela cenários antológicos como o auditório da Rádio Nacional
e a Confeitaria Colombo, além de trazer à tona personagens como Edson
Di Veras (1914-2015), o também famoso empresário do cantor, que não
poupou esforços para transformá-lo em ídolo. Veras mandou extrair toda a
arcada dentária de Cauby, aos 20 anos, para trocá-la por uma prótese, e
contratou as famosas “macacas de auditório” que acompanhavam o artista
das emissoras de rádio às ruas, sempre aos gritos.<br /><br />Entre os
momentos mais consagradores da carreira do cantor, Nelson Hoineff
destaca a volta de Cauby ao Rio, nos anos 1950, depois da temporada
americana, onde, além de se encontrar com Nat King Cole, Louis
Armstrong, Bing Crosby e Carmen Miranda, fez um único filme em Hollywood
(Jamboree, de Roy Lockwwod); e a gravação de um disco com composições
originais de Caetano Veloso (Minha voz, minha vida) e Chico Buarque
(Bastidores), entre outros astros da MPB, já nos anos 1980. Ainda nos
1950, ele foi o primeiro a interpretar e dançar um rock (Rock’n ’roll em
Copacabana), que gravaria a seguir.<br /><br />Preparando-se para voltar a
encenar, no ano que vem, o musical em homenagem a Cauby, Diogo Vilela
diz que será a primeira remontagem da carreira dele. “E como disseram
que Cauby estava desanimadinho, acho que será uma boa homenageá-lo em
vida”, diz o ator.<br /><br />Para Vilela, trata-se de “um intérprete
precioso de canções, que faz parte do inconsciente coletivo brasileiro”,
a exemplo do mineiro Ary Barroso, que ele também interpretou no teatro,
além de Nelson Gonçalves. “Temos de parar com a nossa falta de memória e
aprender a gostar da gente mesmo. No Brasil, vive-se o mito do
importado”, afirma Vilela, detentor dos prêmios Shell e da Associação
Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo espetáculo. Ele ficou dois anos
estudando canto e se aperfeiçoando para viver Cauby.</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<div class="news_heading">
<b><span class="h1">Um cantor polêmico que se fez eterno</span>
</b></div>
<b><br />
</b><span id="items_noticia" style="display: inline;"><b>
</b><div class="yellowlight">
<b>Rodrigo Faour*</b></div>
<br />
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Hoje, todo mundo fala
bem de Cauby. Ainda bem! Mas nem sempre foi assim. Cantor polêmico,
incomodou muita gente no início de sua explosão, a partir da gravação de
Blue gardenia, seu primeiro grande sucesso, em 1954. Ocorre que foi
lançado com uma agressiva estratégia de marketing do saudoso empresário
Di Veras, para que em pouco tempo se tornasse “o maior cantor do
Brasil”, o que de fato se concretizou. <br /><br />Para conseguir manter os
holofotes de uma indústria cultural ainda em formação sobre seu pupilo,
valia quase tudo o que depois passou a ser banal com outros artistas:
deu-lhe um banho de loja, plantou notícias, criou slogans, sugestionou
que as fãs suspirassem e desmaiassem por ele... Fora o fato de que nem
sempre se conseguia ouvi-lo direito no rádio, porque suas fãs estavam
numa constante histeria coletiva. <br /><br />Os mais refinados torciam o
nariz, ainda mais que o rapaz tinha um jeito delicado, incomum para um
país ainda mais machista do que hoje. O tempo passou, o repertório de
grandes versões e sambas-canções acrescentou bossas novas e umas
breguices aqui e ali. Depois, mais longe dos estúdios, virou o rei da
noite, cantando em boates – até na de sua propriedade, o Drink, em
Copacabana, entre 1964 e 1968 – e churrascarias do país inteiro. <br /><br />Em
1980, a redenção! Munido de um repertório reciclado e de uma nova
estratégia de marketing, desta vez da Rede Globo e da Som Livre, Cauby
voltou à moda – e ganhou aquilo que lhe faltava, o prestígio dos
formadores de opinião, incluindo a grande imprensa. Descobriram que
Cauby era um grande cantor subestimado. <br /><br />E a partir de então, não
passa cinco anos sem que alguém o redescubra e seu legado venha à tona.
E ele soube tirar partido disso. Em busca do tempo perdido, gravou
muito. Tudo o que quis e em outros tempos não teve oportunidade. Além
disso, manteve o estilo, o glamour, a delicadeza e a extravagância,
mostrando que imagem, voz, estilo e respeito ao público podem ser
eternos. <br /><br /><em><strong>*Rodrigo Faour é jornalista, produtor, historiador de música brasileira e biógrafo de Cauby Peixoto</strong></em></div>
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Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-6722802247345061372015-05-24T06:02:00.000-07:002015-05-24T06:02:53.114-07:00EM DIA COM A PSICANÁLISE » Consumidos pelo excesso<div class="yellowlight">
Regina Teixeira da Costa</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> <span>24/05/2015 </span><br />
<span><br /></span>
<span><br /></span>
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
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<br />
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<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/24/150905/res20150522142551135449o.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
A vida anda corrida para a maioria das pessoas. Pelo
menos é a impressão que se tem. Interessante, o relógio anda no mesmo
compasso. Então, que tipo de vida moderna é essa da pressa, da falta de
tempo, da dificuldade de encontrar amigos e sair pra relaxar? Será que
virou moda dizer que falta tempo? Dizer que estamos sempre ocupados é
valorizar o passe?<br /><br />Não é só isso. De fato, moramos em grandes
cidades, o deslocamento é mais difícil por causa das distâncias e do
trânsito geralmente caótico. Tempo é dinheiro! Trabalha-se muito mais.
Pra comprar coisas que nem usamos tanto, somos seduzidos pela oferta
excessiva . Outro dia, peguei o caderno Divirta-se para ver o que ele
trazia sobre o Bairro do Prado. A profusão de bares, restaurantes e
pizzarias me surpreendeu.<br /><br />A semana é curta para tanto trabalho. O
fim de semana é curto para tanta oferta. Exposições, cinema, amigos e
ainda descansar. O sentimento é de que todo o tempo é pouco para tanto.
Não bastassem os aspectos externos que citei, ainda somos dotados da tal
da subjetividade. Não estou reclamando... Seria contraditório, afinal,
sou psicanalista, vivo disso!<br /><br />Atentar para o desejo é algo que
devemos praticar sempre, senão a demanda te suga inteiro. E não só a
demanda externa, os atrativos sociais, culturais, os amigos, malhação,
compras e tantas ofertas. Nós também somos cativos da demanda de amor.
Por ele, deixamos o desejo de lado. Esse desejo te obriga a fazer
cortes, que aliviam, evidentemente, mas para muitos são extremamente
difíceis...<br /><br />Queremos atender o outro para sermos amados. Temos
dificuldade em abrir mão dos programas, perder uma coisa ou outra, pois
ainda inventaram mais um imperativo categórico para nos torturar: quem
não é visto não é lembrado!!! Quem inventou isso deve ser algum
publicitário fissurado da propaganda, a serviço de sabe-se lá quais
interesses.<br /><br />Esse imperativo me dá verdadeiro pavor. Se fôssemos
atendê-lo, correríamos o risco de ficar tal e qual temia a mãe de uma
amiga de adolescência, que dizia: “Não vai sair todo dia, nem ir a todas
as festas, senão vai ficar igual a arroz-doce”. Naquela época, isso
doía nos nossos ouvidos. Hoje, seria um bálsamo sagrado!!!<br /><br />É
muito bom quando podemos dizer para nós mesmos que neste fim de semana
ficamos por conta própria, só vamos fazer o que quisermos, sem
compromisso a não ser com o desejo. E ninguém poderá nos corromper com
seduções deliciosamente convidativas.<br /><br />Afinal, se se esquecerem da
gente, pegamos o telefone. Nada que um bom papo não resolva, matando
saudades e preparando o próximo encontro. Infelizmente, hoje em dia as
pessoas perderam a boa educação: convidam e resolvem tudo por
WhatsApp!!! Que deselegância um moço chamar uma moça pra sair sem gastar
um telefonema... Isso não é de bom agouro. Preservar um pouco dos
homens de antigamente não faria mal nenhum – e de mulheres também.
Afinal, até para encontros amorosos a pressa é o tom mais comum: sair e
ir logo às vias de fato, sem tecer o afeto. Passado o afã da atração,
nada resta. A maioria das pessoas se sente exilada e nem sabe dizer por
quê!<br /><br />Na pressa de amar, perde-se o amor, porque amor não obedece a
vontades. Ele tem o seu tempo, e, caso não possamos lidar com ele com
menos ansiedade, abortam-se as chances.<br /><br />Viver é difícil de
suportar, dizia Freud em O mal-estar na civilização (1927), porque a
realidade nos contraria, decepciona, frustra, faz sofrer. E a busca
incansável pela felicidade, essa busca que cada um faz a seu modo,
produz maior sofrimento. Talvez a correria deste nosso tempo de mil
ofertas atenda a um mecanismo de defesa, levando-nos a viver correndo
para evitar sentir o que quer que seja.<br /><br />Estamos sempre em
desarmonia no quesito felicidade total. O outro, entre outras fontes de
sofrimento, é a maior delas: nunca é o que esperamos. Porque é um chato?
Não. É que o desejo é único e intransferível. Talvez por isso devamos
ir mais devagar. Não adianta ir com tanta sede ao pote, atropeladamente,
sem respeitar o espaço, o tempo e a sensibilidade do outro. Então, tem
horas em que o menos vale mais. Mesmo.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-57900567569444270712015-05-23T10:06:00.001-07:002015-05-23T10:06:33.275-07:00A política por tás da reforma <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-Lu7ONHMYnEI/VWCyNTeW44I/AAAAAAAAB8g/KyHC8uRvudw/s1600/1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Lu7ONHMYnEI/VWCyNTeW44I/AAAAAAAAB8g/KyHC8uRvudw/s1600/1.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<br />
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<br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<br />
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<br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-T64sK16J-Co/VWCyOXnYOkI/AAAAAAAAB80/nzvEOfpRe2A/s1600/12.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-T64sK16J-Co/VWCyOXnYOkI/AAAAAAAAB80/nzvEOfpRe2A/s1600/12.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-z_ulJYodK6g/VWCyOhLRx_I/AAAAAAAAB88/JEH8sE1sIWY/s1600/13.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-z_ulJYodK6g/VWCyOhLRx_I/AAAAAAAAB88/JEH8sE1sIWY/s1600/13.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-KskrY5-B8Vo/VWCyPfpxgpI/AAAAAAAAB9E/bwF403MrebQ/s1600/14.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-KskrY5-B8Vo/VWCyPfpxgpI/AAAAAAAAB9E/bwF403MrebQ/s1600/14.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-E2vb_HmSy1M/VWCyPw_-dEI/AAAAAAAAB9I/WoWzhSDySHs/s1600/15.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-E2vb_HmSy1M/VWCyPw_-dEI/AAAAAAAAB9I/WoWzhSDySHs/s1600/15.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-mNkxUyjw2eM/VWCyQF4zbWI/AAAAAAAAB9c/-y9IF8-JeTs/s1600/17.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mNkxUyjw2eM/VWCyQF4zbWI/AAAAAAAAB9c/-y9IF8-JeTs/s1600/17.png" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-U6a1ofONJu8/VWCyQjEuFLI/AAAAAAAAB9k/OabYrbWWB5Y/s1600/18.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-U6a1ofONJu8/VWCyQjEuFLI/AAAAAAAAB9k/OabYrbWWB5Y/s1600/18.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-a9w-ksuvGRI/VWCyRDL-3oI/AAAAAAAAB9o/nHiFdoWoSw8/s1600/19.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-a9w-ksuvGRI/VWCyRDL-3oI/AAAAAAAAB9o/nHiFdoWoSw8/s1600/19.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-H8msPCyONjk/VWCySsKKE-I/AAAAAAAAB-E/lUV5O00-y5Y/s1600/22.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-H8msPCyONjk/VWCySsKKE-I/AAAAAAAAB-E/lUV5O00-y5Y/s1600/22.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-_GX4rnzT77I/VWCyTPMY4VI/AAAAAAAAB-U/qoPP7L9frZ4/s1600/23.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-_GX4rnzT77I/VWCyTPMY4VI/AAAAAAAAB-U/qoPP7L9frZ4/s1600/23.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-EjGd9mG_EA4/VWCyTPlVDRI/AAAAAAAAB-M/Rfcwf87IutU/s1600/24.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-EjGd9mG_EA4/VWCyTPlVDRI/AAAAAAAAB-M/Rfcwf87IutU/s1600/24.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-dl8HGvfGm7M/VWCyToYbdmI/AAAAAAAAB-Y/HQL_dVP0-CE/s1600/25.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-dl8HGvfGm7M/VWCyToYbdmI/AAAAAAAAB-Y/HQL_dVP0-CE/s1600/25.png" /></a></div>
<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-xDilzrtMlZ8/VWCyT0iCUWI/AAAAAAAAB-4/-4VkaR-Gmos/s1600/26.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-xDilzrtMlZ8/VWCyT0iCUWI/AAAAAAAAB-4/-4VkaR-Gmos/s1600/26.png" /></a></div>
<br />
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-MrutNshQ9mk/VWCyUWcKgGI/AAAAAAAAB-s/SG8WmLe8HvA/s1600/27.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-MrutNshQ9mk/VWCyUWcKgGI/AAAAAAAAB-s/SG8WmLe8HvA/s1600/27.png" /></a></div>
<br />
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-k9ySMtvv9f4/VWCyUqfdmLI/AAAAAAAAB-k/qPTdV3ib-lE/s1600/28.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-k9ySMtvv9f4/VWCyUqfdmLI/AAAAAAAAB-k/qPTdV3ib-lE/s1600/28.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-lSabPQJuKFg/VWCyWCQgA6I/AAAAAAAAB-w/12XZzkOT5zY/s1600/29.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-lSabPQJuKFg/VWCyWCQgA6I/AAAAAAAAB-w/12XZzkOT5zY/s1600/29.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-38FjQYTQ5aE/VWCyXvEZbFI/AAAAAAAAB_A/DTKss6hsyOU/s1600/30e.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-38FjQYTQ5aE/VWCyXvEZbFI/AAAAAAAAB_A/DTKss6hsyOU/s1600/30e.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-wsablBbvwms/VWCyX7S8duI/AAAAAAAAB_c/Hfo-r3Nu9Fk/s1600/30f.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-wsablBbvwms/VWCyX7S8duI/AAAAAAAAB_c/Hfo-r3Nu9Fk/s1600/30f.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-67919596535570489122015-05-20T05:52:00.001-07:002015-05-20T05:52:09.658-07:00Pega-ratão - Martha Medeiros <div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Zero Hora 20/05/2015</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Outro
dia usei uma expressão que andava sumida do meu vocabulário: pega-ratão. De
onde saiu isso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Há quem
diga que é o mesmo que uma pegadinha, mas não vejo assim. Pegadinha é uma piada
que logo se assume como tal. Alguém envolve você numa situação que parece
verdadeira, mas no instante seguinte revela que não era pra valer, estava
apenas se divertindo com a sua reação. O objetivo era fazer todos darem risada,
uns antes (os que arquitetaram a brincadeira), e depois o pobre do mané ao
descobrir a tramoia da qual foi vítima. Qual a saída dele a não ser rir também?
Pegadinha é isso, um pega-ratinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Pega-ratão,
como o superlativo indica, é uma armadilha mais engenhosa e que não é revelada
nem antes nem depois: os mentores jamais admitirão que tentaram engambelar. Alegarão
que não ousariam cometer essa deselegância conosco, os ratões, pessoas bem-informadas,
que pagam ingressos caros para ver um show, para visitar uma exposição e até mesmo
para comer um determinado prato num restaurante da moda. Para pegar um ratão, é
necessária uma artimanha sofisticada e de preferência amparada pela mídia, que
também pode ter entrado de gaiata.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Salvo
exceções, considero que instalações artísticas são uma espécie de pega-ratão
com um verniz intelectualizado. Se eu estiver sendo muito provinciana, aceito
humildemente a crítica e o xingamento, mas o fato é que quase nunca entendo o
que significam aquelas latarias, ferragens, cordas caindo do teto e demais
materiais inorgânicos (às vezes, orgânicos) promovidos a arte moderna, bastando
um holofote jogado em cima.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Restaurante
minimalista, com pratos insípidos e minúsculos custando a bagatela de R$ 80: pega-ratão.
A recompensa talvez seja a publicação da foto da guloseima no Instagram e o
cliente ter o nome publicado na coluna social, o que uma macarronada honesta
num restaurante simples não proporcionaria – macarronada sacia sua fome, não
seu apetite de status.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Encontros
às escuras, anúncios de apartamentos “nobres” em que os quartos são menores do
que banheiros, filmes que se anunciam como continuação de um sucesso: tudo pega-ratão.
Está passando nos cinemas um tal Divã a 2, cujo cartaz possui a mesma programação
visual do filme baseado no meu livro Divã e que teve excelente bilheteria em 2009,
com a grande Lilia Cabral liderando o elenco, além de roteiro de Marcelo Saback
e direção de José Alvarenga Jr, todos feras. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Pois, afora esse cartaz enganoso,
o filme atual não conta com o mesmo elenco, nem a mesma equipe e não tem nada a
ver com meu livro. Por falta de estofo próprio, recorreu à armadilha de colocar
um número 2 no título para – nhac! – atrair os desavisados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Então,
esteja avisado. Os ratos estão do outro lado do balcão.</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-46157126200900972922015-05-19T06:18:00.000-07:002015-05-19T06:18:08.533-07:00"Cobras" de ontem, experts de hoje <div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Os primeiros smarts
nasceram nos anos 1990, as lojas virtuais, em 2003. A combinação dos
dois fez surgirem os desenvolvedores, e eles mudaram o jogo para sempre</span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Mirelle Pinheiro</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 19/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Leandro Mello/CB/D.A Press)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/19/150567/res20150518204114112413u.jpg" title=" (Leandro Mello/CB/D.A Press)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
Brasília – Em dezembro de 1997, chegava às
prateleiras das principais operadoras norte-americanas e europeias, o
celular – quase nada smart – 6110, da finlandesa Nokia. Com ele, um
joguinho incrivelmente popular desde os anos 1970, que, pela primeira
vez, estava ao alcance do bolso. Snake e suas variações (Blockade,
Surround etc.), o famoso jogo da cobrinha, era monocromático, tinha
apenas quatro comandos e uma capacidade quase infinita de viciar. Mais
do que entretenimento de fila de banco, o minúsculo software, embutido
num aparelho celular, representava o início de uma era em que parece
inconcebível existir um telefone que apenas faça e receba ligações.<br /><br />“As
inovações trazidas por aparelhos lançados há duas décadas
possibilitaram a criação de aplicativos mais interessantes, por causa
dos recursos que traziam embarcados. Também ampliaram a base de usuários
potenciais. Hoje, por exemplo, temos, no mundo, mais usuários de
smartphones do que de computadores tradicionais”, avalia o professor de
Inteligência Artificial do Centro Universitário de Brasília (UniCeub)
Paulo Rogério Foina, nesta segunda reportagem sobre aplicativos.<br /><br />Em
uma manhã de 1994, o mercado norte-americano acordou com o protótipo de
um dispositivo que pode clamar a paternidade – nessa mesma fila há
versões suecas e japonesas – dos atuais smartphones: o Simon Personal
Communicator, da IBM. Ele vendeu 50 mil unidades nos Estados Unidos, até
fevereiro de 1995, quando deixou de ser fabricado, tinha tela sensível
ao toque e acesso rápido a e-mails, numa época em que a internet
engatinhava. Custava de US$ 599 a US$ 1 mil.<br /><br />Naquela época, os
aplicativos eram um recheio ainda simplório de hardwares não muito mais
avançados. Mais do que a velocidade de processamento e as inúmeras
funcionalidades de hoje, a principal diferença estava na produção. A
indústria entendia o software como propriedade de quem vendia o
dispositivo, e não de terceiros. Assim, as primeiras aplicações
desenvolvidas para celulares acessavam e-mails, aparelhos de fax,
calendários, agendas e blocos de anotações, mas nada muito além disso,
até porque a produção era restrita.<br /><br />Independentes Com lojas
virtuais de aplicativos ao alcance de dois cliques nos dias de hoje,
recuperar o mercado de uma década atrás ajuda a entender a evolução de
todo o processo. O predecessor das atuais stores surgiu há 12 anos, mais
de cinco antes da App Store, que acabou popularizando o mercado. Em
2003, foi ao ar a norte-americana Handango, uma das primeiras lojas com
pequenos softwares para embrionários smartphones e PDAs (personal
digital assistants). Fundada pelo texano Randy Eisenman, a Handango
também contava com um programa, o Handango InHand, que tornou possível
procurar e instalar apps, gratuitos ou pagos, games, temas e ringtones
nos aparelhos, sem a necessidade de conectá-los a computadores. <br /><br /> No
ano de lançamento, o InHand trouxe prateleiras virtuais para
smartphones que usavam o sistema operacional Symbian, como alguns
modelos da Sony Ericsson, Motorola e Nokia. Posteriormente, passou a
funcionar em dispositivos que rodavam BlackBerry, Windows Mobile, Palm
OS e Android, e reuniu cerca de 50 mil aplicativos em seu catálogo. Além
do sistema de buscas de apps, o InHand também permitia aos usuários
descrevê-los e avaliá-los.<br /><br />Iniciava-se ali a era em que os
programas não mais eram propriedade das empresas de hardware, e sim de
desenvolvedores independentes, uma mudança que acabou consolidada, de
vez, com a App Store, a partir de julho de 2008. “Foi, sem dúvida, a
grande revolução. Uma loja virtual para o iPhone, com apenas 500
aplicativos, quase todos desenvolvidos por pessoas sem nenhum vinculo
empregatício”, destaca o professor de desenvolvimento de sistemas,
Michel Carmo Lopes, da Universidade Católica de Brasília (UCB).<br /><br />A
inauguração da App Store também serviu para criar dezenas de milhares
de empregos em torno desta nova indústria. Segundo balanço da Apple, em
apenas seis anos, o desenvolvimento do iOS ajudou a fomentar 627 mil
postos de trabalho somente nos Estados Unidos e as vendas relacionadas
às ofertas dos produtos que integram a plataforma passam das dezenas de
bilhões de dólares. Há sete anos, nada disso existia.<br /><br />“Com essa
jogada, a tradicional empresa, que sempre foi conhecida por ser
resguardada e pelos produtos ‘fechados’, observou um nicho no mercado
que poderia mudar o mundo, o que de fato ocorreu”, acrescenta Lopes.<br />
<br />
Do Simon a Jobs<br /><br />Como o mercado de aparelhos móveis mudou adicalmente em um espaço de tempo tão curto <br />
<br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (IBM/Reprodução)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/19/150567/res20150518204127771360o.jpg" title=" (IBM/Reprodução)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Modelo: Simon Personal Communicator<br />Fabricante: IBM<br />Ano de lançamento: 1994<br />Com
tela sensível ao toque, o Simon Personal Communicator era capaz de
acessar e enviar e-mails e fax, além de conter aplicativos básicos como
agenda, calendário, bloco de notas, calculadora e relógio. <br />Vendeu 50 mil unidades e deixou de ser fabricado em 1995.<br /><br />Modelo: Hagenuk MT-2000<br />Fabricante: Hagenuk<br />Ano de lançamento: 1994<br />Embora
não seja considerado, de fato, um smartphone – não havia conexão à
internet, por exemplo –, o Hagenuk MT-2000 inovou o universo dos mobiles
e trouxe o primeiro jogo disponível a um aparelho móvel: uma versão
especialmente produzida do tradicional Tetris. Também foi o primeiro
modelo a apresentar antena interna. Pena que, em uso extremo, a bateria
só <br />durava uma hora.<br /><br />Modelo: Nokia 9000 Communicator<br />Fabricante: Nokia<br />Ano de lançamento: 1996<br />Com
dois teclados – um alfanumérico, para ligações, e um estilo QWERTY,
para navegação – e memória de 8MB, o Nokia 9000 Communicator rodava com
sistema operacional GEOS 3.0. Além do acesso a e-mails e faxes, também
tinha calendário, bloco de notas, calculadora, calendário, leitura e
edição de arquivos <br />de texto e inovações no serviço de SMS.<br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Ericson/Reprodução)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/19/150567/res20150518204137221351o.jpg" title=" (Ericson/Reprodução)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Modelo: Ericsson R380<br />Fabricante: Ericsson<br />Ano de lançamento: 2000<br />Com
o Ericsson R380 surgiu o título smartphone. O aparelho foi o primeiro a
rodar um sistema operacional e uma interface considerados modernos,
ambos da Symbian. Embora não permitisse que usuários fizessem o download
de softwares, o modelo sincronizava com produtos da Microsoft, acessava
internet e tinha games e aplicativos básicos. Desenvolvido na Suécia, o
Ericsson R380 custava US$ 700. <br /><br />Modelo: Kyocera QCP 6035<br />Fabricante: Kyocera<br />Ano de lançamento: 2001<br />Rodando
o sistema operacional Palm OS, podia ser usado como celular e como uma
espécie de palmtop, bastando abrir ou fechar o flip. Com aplicativos de
escritório e conexão (lenta) à internet, foi o primeiro smartphone a
desembarcar no Brasil. Por aqui, quem quisesse o brinquedo tinha de
desembolsar R$ 2,8 mil à época.<br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (BlackBerry/Reprodução)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/19/150567/res20150518204146580205o.jpg" title=" (BlackBerry/Reprodução)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Modelo: BlackBerry 6210<br />Fabricante: RIM<br />Ano de lançamento: 2003<br />Modelo
que inovou ao trazer o BlackBerry Messenger, um upgrade no serviço de
trocas de mensagens instantâneas e — por que não? – o pai do WhatsApp. O
6210 também foi um dos primeiros smartphones a fazer sucesso com pacote
GSM/GPRS, tecnologia que aumenta transferência de dados e deixa a
conexão mais veloz.<br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Reprodução da Internet)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/19/150567/res20150518204155888173o.jpg" title=" (Reprodução da Internet)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Modelo: iPhone<br />Fabricante: Apple<br />Ano de lançamento: 2007<br />O
iPhone de Steve Jobs mudou o modo como o mundo enxergava os
smartphones. O modelo trouxe o sistema operacional iOS – veloz e potente
–, e cerca de 500 aplicativos para que os usuários pudessem instalá-los
ou desinstalá-los livremente, tela sensível ao toque e, o mais
imporante, uma revolução em hardware que obrigou a concorrência a
investir pesadamente no setor. </div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-69531281537245468142015-05-17T05:44:00.001-07:002015-05-17T05:44:38.813-07:00EM DIA COM A PSICANáLISE » Um pequeno grande esclarecimento<div class="yellowlight">
Regina Teixeira da Costa</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> <span>17/05/2015 </span><br />
<span><br /></span>
<span><br /></span>
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/17/150222/res20150515114925295321e.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
Nós, humanos, penamos! Nossa humanidade nos faz
diferentes dos animais, que nascem sabendo como viver guiados pelo
instinto. Sem dramas de consciência como nós, dotados de linguagem e
consciência pensante, os irracionais simplesmente vivem.<br /><br />As crias
humanas não. Precisam ser cuidadas, alimentadas e levam anos para ser
lapidadas pela educação, quando o são. Primeiro, pela família, que lhes
permite entender a cultura. Depois, a escola tenta completar essa
educação, sempre falha, porque não aceitamos facilmente o sacrifício de
nossos instintos naturais. A agressividade inata, o gosto pelo prazer, a
sexualidade, o desejo edípico de amar um dos pais possessivamente e se
livrar do outro – tudo isso será reprimido.<br /><br />Deixar de fazer o que
se quer para assumir obrigações e responsabilidades tem um alto preço,
ao qual nos obriga a moral civilizada. Para suportar a vida como ela é,
tornamo-nos neuróticos, na melhor das hipóteses. E não sem mal-estar.
Diante de privações, frustrações e castração necessárias, muitos dos
desejos primitivos devem ser esquecidos. Ou, como dizemos, recalcados.
Mas eles não se esquecem de nós. Permanecem vivos no inconsciente.<br /><br />Todo
esse trabalho de repressão deixa rastros que chamamos sintomas. Como a
febre aponta a doença, o sofrimento sinaliza as raízes inconscientes dos
sintomas. Seguimos seus rastros durante o tratamento – como ocorre com a
asma, as constipações, a gagueira, as dificuldades de aprendizado, etc.<br /><br />Freud
foi um bom investigador. Seguindo os sofrimentos, era sensível
intérprete da subjetividade. A partir de seu texto sobre o narcisismo,
de 1914, o eu será entendido, dessa época em diante, como objeto de
possível fixação da libido do sujeito, isto é, pode ser um objeto de
amor. Amor de si mesmo.<br /><br />Certas partes ou funções do eu podem se
separar como que por rachaduras. Se elas não se deixam notar nos
indivíduos normais, aparecem abertamente nos casos patológicos, pois
esses últimos nos mostram de forma exacerbada aquilo que se encontra de
forma microscópica nos casos normais.<br /><br />Disse Freud: se atirarmos
ao chão um cristal, ele se parte, mas não em pedaços ao acaso. Ele se
desfaz segundo linhas de clivagem em fragmentos cujos limites, embora
invisíveis, estão “predeterminados” por estruturas do cristal. Essas
estruturas são evidências da verdade esquecida, porém viva.<br /><br />Além
de tudo isso, o eu, mais uma vez, se divide e a uma parte dele chamamos
supereu. Um vigilante juízo tirânico que nos castiga, nos obrigando ao
que nem queremos, porque sabe de nossos esquecidos desejos proibidos e
não se engana com a polidez adquirida pela educação.<br /><br />Incapaz de
perdoar os mais antigos conteúdos primitivos, ele age como se ainda os
praticássemos em intenção e aplica o castigo correspondente ao ido, ao
fantasiado, e não ao atual. Faz-nos repetir incansável e dolorosamente
um mal-estar pelo conflito entre eu, supereu e inconsciente na forma de
um sentimento de culpa moral. Pelo esquecido em estado natural, como se
fôssemos livres de qualquer lapidação moralizante.<br /><br />A vida em
comunidade seria impossível sem os limites da lei moral, pois nos
mataríamos quando desejássemos, sem nenhum remorso. Tomaríamos pela
força o que quiséssemos, como as crianças, sem culpa. Sofreríamos menos?
Sobreviveríamos? Viveriam os fortes como os leões. A lei é o nosso
pacto garantidor. Ainda assim, alguns a recusam, ignorando a condição da
sobrevivência da civilização e da espécie.<br /><br />O preço que pagamos
sob a égide da lei é o sentimento de culpa pelo que não recordamos, mas
que se mostra por meio de sintomas. Ou por meio dos sonhos que relaxam a
vigília do supereu. Isso explica a origem de muitas insônias. Quando
dormimos, revelam-se distorcidos desejos condenados à luz da
consciência. Por isso nos chamamos neuróticos: por esse conflito
interminável em que vivemos entre a consciência, o inconsciente e o
supereu. A análise é capaz de esclarecer e de nos fazer entender que não
merecemos ser infelizes por eles, pois o que vale agora é o que somos e
como agimos. Já pagamos o preço da vida em comum abandonando, por amor
ao próximo, os instintos mais primitivos. Esse é nosso maior tributo à
cultura, mesmo que de forma falha e incompleta.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-55089890902103834122015-05-16T05:20:00.002-07:002015-05-16T05:20:35.755-07:00Estudo mostra que cérebro de insetos tem neurônios com localização espacial<div class="news_heading">
<span class="h1">O caminho das moscas</span>
<span class="gallery_desc">Cérebro dos insetos tem uma rede de
neurônios responsável pela localização espacial semelhante à das
pessoas. Descoberta ajudará a entender melhor o funcionamento da mente
humana </span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Roberta Machado</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 16/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="Para estudar o cérebro das moscas, os cientistas as fizeram andar sobre uma esfera enquanto obstáculos virtuais eram mostrados para os insetos (Igor Siwanowicz/Nature/ Divulgação)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/16/150323/res20150515204811936778e.jpg" title="Para estudar o cérebro das moscas, os cientistas as fizeram andar sobre uma esfera enquanto obstáculos virtuais eram mostrados para os insetos (Igor Siwanowicz/Nature/ Divulgação)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Para estudar o cérebro das moscas, os
cientistas as fizeram andar sobre uma esfera enquanto obstáculos
virtuais eram mostrados para os insetos</td></tr>
</tbody></table>
Brasília
– Ocasionalmente, elas podem dar de cara com uma janela ou ficar
distraídas por uma lâmpada, mas as moscas não se deslocam a esmo, sabem
muito bem aonde querem chegar. A descoberta é de cientistas americanos
que analisaram a atividade cerebral dos insetos enquanto eles navegavam
em um ambiente virtual. O experimento, descrito ontem na revista Nature,
revela que o mapa mental das moscas funciona de uma forma muito similar
ao dos humanos, calculando a sua posição de acordo com pontos de
referência e com a direção em que elas se movem no ambiente.<br /><br />Para
compreender esse mecanismo, os pesquisadores fixaram os insetos pela
cabeça e os colocaram sobre uma esfera móvel. Conforme eles caminhavam
sobre a bola, um sistema de realidade virtual acompanhava os movimentos
das moscas, como se elas estivessem andando por um cenário de verdade.
Dessa forma, os cientistas podiam controlar mudanças no ambiente e ver,
por meio de sensores que monitoravam a mente dos bichos, se eles
buscavam se desviar dos obstáculos virtuais que por ventura surgiam no
caminho.<br /><br />O experimento mostrou que as moscas confiam mais nas
imagens que veem do que na própria noção de direção. Se o cenário
virtual mudasse de direção ou se movesse em uma velocidade diferente da
do inseto, o cérebro do animal tendia a corrigir o seu mapa mental de
acordo com o que ele via. “Alguns dos truques algorítmicos que o nosso
cérebro usa para a navegação também podem ser usado pelas moscas, embora
o cérebro delas, quase certamente, não tenha toda a complexidade do
nosso nesse quesito”, explica ao Estado de Minas Vivek Jayaraman,
principal autor do trabalho e pesquisador do Howard Hughes Medical
Institute, nos Estados Unidos.<br /><br />Estudos feitos com gafanhotos e
borboletas também já haviam mostrado que insetos formam mapas mentais de
acordo com informações do ambiente. E experimentos realizados pelo
Instituto de Neurobiologia da Universidade Livre de Berlim concluíram
que abelhas são capazes de encontrar o caminho para a colmeia com a
ajuda de referências geográficas, mesmo quando os pesquisadores tentavam
enganá-las ao colocá-las num ambiente com a posição do sol modificada.<br /><br />A
pesquisa de Jayaraman, contudo, é a primeira evidência de que os
insetos têm neurônios que processam a “direção de cabeça”, encontrados
até então somente em mamíferos. Esse guia mental fica no complexo
central do cérebro dos insetos, uma região similar aos gânglios da base
da mente humana, responsáveis pela cognição. O sistema é parecido com
uma bússola, formada por um conjunto de neurônios arranjados em círculo.
Nesse anel neurológico, há um ponto de células que indica para que
direção o animal está olhando. Se o bicho se vira um pouco para a
direita, por exemplo, o ponto ativo também se desloca para a mesma
direção dentro do círculo, de acordo com a referência visual do animal
em relação ao espaço.<br /><br />Assim como nos mamíferos, a bússola interna
das moscas continua funcionando mesmo quando o bicho fica imóvel. Em
experimentos feitos na ausência de luz, os insetos mostraram que também
são capazes de se localizar graças a essa bússola interna. “O sistema
também funciona no escuro. Mas, assim como nós, as moscas parecem perder
sua orientação depois de um tempo no breu. A bússola interna acumula
erros com o tempo, no nosso cérebro e no das moscas”, ressalta
Jayaraman.<br /><br />Cognição A semelhança entre moscas e humanos é um
fator muito valioso para os cientistas, que podem usar os insetos em uma
grande variedade de estudos sobre a cognição espacial das pessoas. Como
o cérebro dos pequenos seres é muito mais simples, torna-se mais fácil
observar e descrever a dinâmica mental desses animais e desenvolver
hipóteses sobre a mente das pessoas. <br /><br />“Esse trabalho vai mudar a
ciência, porque revela que um problema fundamental na cognição, que é
como eu sei onde estou no mundo, tem uma resposta potencialmente mais
simples do que pensávamos, e é muito mais comum na evolução do que o
esperado”, ressalta Thomas Chandinin, do Departamento de Neurobiologia
da Universidade de Stanford.<br /><br />O pesquisador norte-americano não
participou dessa pesquisa, mas publicou, no ano passado, um artigo em
que mostra similaridades entre o processamento visual das moscas e o dos
humanos. “Mesmo que os olhos (das duas espécies) sejam muito
diferentes, o trabalho de Jayaraman leva essa similaridade a um novo
nível, já que se imaginava que as ‘bússolas’ fossem uma invenção
exclusiva dos vertebrados”, afirma Chandinin.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-44248738752134004202015-05-15T06:14:00.002-07:002015-05-15T06:14:32.825-07:00Questão de pele<div class="news_heading">
<b><span class="gallery_desc">Reação indignada do
uso do black face, em que brancos interpretam negros, em espetáculo
paulista provoca suspensão e mudança da peça. Participantes da Mostra
Benjamin de Oliveira em BH comentam a questão</span>
</b></div>
<b><br />
</b><br />
<div class="yellowlight">
<b>Carolina Braga</b></div>
<b><span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 15/05/2015 </b><br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="Cena de A mulher do trem, da companhia Os Fofos Encenam, com Cris Rocha, Zé Valdir, Katia Daher e Carlos Ataide. Ao fundo, personagem usa o recurso black face (Thito Borba/Divulgação)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/15/150091/res20150514155818809994o.jpg" title="Cena de A mulher do trem, da companhia Os Fofos Encenam, com Cris Rocha, Zé Valdir, Katia Daher e Carlos Ataide. Ao fundo, personagem usa o recurso black face (Thito Borba/Divulgação)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Cena de A mulher do trem, da companhia Os
Fofos Encenam, com Cris Rocha, Zé Valdir, Katia Daher e Carlos Ataide.
Ao fundo, personagem usa o recurso black face</td></tr>
</tbody></table>
<br />
“O
mais triste é que a cada vez que apresentamos Madame Satã algo novo
entra no texto como denúncia”, lamenta o ator e diretor Rodrigo
Jerônimo. Foi assim que entraram manifestações de apoio à travesti
Verônica e agora é a vez da polêmica do black face, em que atores
brancos se pintam com tinta preta para representar papéis de negros
(leia quadro nesta página).<br /><br />Dirigido por João das Neves, Madame
Satã é uma das atrações da Mostra Benjamin de Oliveira, em cartaz no Oi
Futuro Klauss Vianna. Na próxima quarta, a citação ao black face estará
no meio do espetáculo, no momento em que o protagonista é agredido
verbalmente por um policial.<br /><br />“Lutamos muito para ter
representatividade em tantos espaços. No entanto, sempre se reproduz o
estereótipo. A gente fica um pouco abismada e, sinceramente, acho que
não cabe mais”, afirma o ator.<br /><br />Em sua terceira edição, a Mostra
Benjamin de Oliveira é um espaço de difusão e valorização do trabalho de
atores e atrizes negros. Além dos espetáculos, estão agendados debates.
Amanhã, haverá uma roda de conversa com o Coletivo Negro (SP). Na
quinta, o tema é o livro Africanidades e relações raciais: insumo para
políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas
no Brasil.<br /><br />“É revoltante ter que trazer essa discussão até hoje”,
diz Rodrigo Jerônimo. “O negro não quer ser representado, ele existe.
Assim como o branco. O black face não faz sentido. É muito difícil
querer justificar isso esteticamente nesse momento que estamos vivendo”,
diz a produtora Aline Vila Real, integrante do Grupo Espanca!.<br /><br />A
polêmica em torno do black face começou no início deste mês, pela
internet. A companhia paulistana Os Fofos Encenam anunciou novas
apresentações da peça A mulher do trem, parte do repertório do grupo
desde 2003. A estudante de arquitetura Stephanie Ribeiro viu a foto da
montagem no material de divulgação nas redes sociais. Nela, ao fundo,
estava o ator em black face, ou seja, com o rosto pintado de preto.<br /><br />“Comentei
nas fotos do evento e no evento em si e isso gerou repercussão. Então,
saiu uma nota d’Os Fofos que relativizava, explicando a questão das
máscaras”, conta ela. Não satisfeita, criou na mesma rede social a
mobilização que culminou na realização, na última quarta, em São Paulo,
do debate “Arte e sociedade: a representação do negro.”<br /><br />“Estamos
numa sociedade desigual, racista, opressora, que é marcada pelo
genocídio do povo negro. Se a arte não entende isso e usa seus meios
para agir, acho que vivemos num momento de comodismo, onde é mais fácil
fazer releituras de anos e anos atrás do que criação de algo que ponha o
dedo na ferida”, critica Stephanie.<br /><br />Durante o debate de
anteontem, Fernando Neves, diretor da cia. Os Fofos Encenam, anunciou
que o black face, tratado por ele como uma máscara teatral, sairá de
cena. “Porque ela não foi criada para causar dor em ninguém [...] Apoio
essas falas que ouvi até agora tão sábias, apoio plenamente. O que vai
acontecer é que a gente vai retrabalhar. Quero agradecer muito e pedir
desculpas a todos que eu tenha ofendido”, afirmou.<br /><br />O cineasta
Joel Zito Araújo elogiou a atitude do grupo. Segundo ele, há dois
aspectos dessa polêmica que surpreendem mais. Um é o fato de a peça
haver estreado em 2003 e, desde então, ignorar a representação racista
que o black face significa. “O debate criou também um paradoxo muito
estranho – o que é mais importante: lutar contra o racismo ou defender a
liberdade de expressão. Isso não faz o menor sentido.” Para ele, o fato
positivo dessa história é que agora a sociedade reagiu.<br /><br />Para o
ator Sidney Santiago, fundador do grupo Os Crespos, o debate ainda tem
muito a avançar. “Ainda não conseguimos efetuar um debate sobre
representação negra. Ainda estamos legislando sobre legitimidade”,
pontua. Durante o encontro, Stephanie Ribeiro ressaltou: “A
representatividade num país onde 54% da população é negra não deveria
nem ser discutida. Então, quando a gente se manifesta, a gente não está
censurando, a gente só está pautando o que ninguém tinha pautado antes,
porque não tem a nossa vivência”.<br /><br />Como Joel Zito Araújo ressalta,
a proporção que a situação tomou surpreendeu muita gente,
principalmente os integrantes do grupo. Tal espanto tem seu lado
positivo. “Essas coisas são feitas para criar na sociedade um
policiamento em relação a práticas condenáveis, perversas”, conclui.<br /><br /><br /><strong>ENTENDA O CASO<br />2/5/2015</strong><br /><strong>»</strong>
O grupo de teatro paulista Os Fofos Encenam anuncia a apresentação da
peça A mulher do trem no Itaú Cultural, em São Paulo, para 12 de maio.<br /><strong>»</strong>
A estudante de arquitetura Stephanie Ribeiro vê o ator com a máscara do
black face no anúncio do espetáculo e revolta-se. Publica no Blogueiras
Negras um texto de repúdio e cria no Facebook o movimento
#nãovaiterblackface<br /><br /><strong>3/5/2015</strong><br /><strong>»</strong> A apresentação é cancelada e, em seu lugar, é realizado o debate “Arte e sociedade: a representação do negro”<br /><br /><strong>12/5/2015</strong><br /><strong>»</strong> Os Fofos Encenam decide que as máscaras sairão de cena.<br /><br /><em><br /><strong>MOSTRA</strong><br />A
Mostra Benjamin de Oliveira fica em cartaz no Teatro Oi Futuro Klauss
Vianna (Avenida Afonso Pena, 4.001 - Mangabeiras) até o dia 24 deste
mês. Entre os destaques da programação deste fim de semana estão a
apresentação de hoje, às 20h, de {ENTRE}, do Coletivo Negro (SP). Amanhã
tem Sapiências e Transbordas, da Laia Cia de Danças Urbanas. A
curadoria é de Grace Passô, Mauricio Tizumba e Alexandre de Sena.
Entrada franca. Informações: burlantins.com.br/benjami.</em><br /><br /><strong><br />SAIBA MAIS<br />O que é black face?</strong><br />É
uma técnica com maquiagem teatral para dar a aparência de negros a
atores brancos, que se originou nos Estados Unidos, especialmente depois
da Guerra Civil americana (1861-1865). Era usada em espetáculos de
entretenimento, piadas, música e dança, e o personagem em black face
representava o estereótipo do afro-americano. A tradição começou em 1830
e foi forte nos EUA por quase 100 anos. Ficou também famosa
internacionalmente, sobretudo na Inglaterra. No Brasil, o black face
mais famoso é o do ator Sérgio Cardoso, que interpretou um negro na
novela A cabana do Pai Tomás (Globo, 1969). Sérgio Cardoso foi pintado,
usava peruca e rolhas no nariz para ficar parecido com um negro.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-9682838337372045922015-05-14T06:05:00.000-07:002015-05-14T06:05:17.891-07:00Tempo amigo da mente<div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Estudos começam a
questionar a ideia de que o cérebro entra em declínio completo com o
passar dos anos e sugerem que algumas habilidades atingem o ápice na
terceira idade </span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Paloma Oliveto</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 14/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/14/150023/res20150513203238563646e.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
Eles trocam os nomes dos filhos e estão sempre
esquecendo onde colocaram as chaves. Às vezes, confundem as datas e, não
raramente, têm de recorrer aos netos para ajudá-los com o controle
remoto. Por causa desses comportamentos tão comuns entre os idosos,
sempre se acreditou que, com o tempo, o cérebro vá perdendo a força.
Como o corpo, que enfraquece com o passar dos anos, a mente também
entraria em declínio a partir da meia-idade. Ainda hoje, é a visão que
prevalece entre leigos e médicos. Mas alguns cientistas começam a
desafiar essa lógica.<br /><br />Nas últimas décadas, as pesquisas
melhoraram muito o conhecimento que se tem sobre o cérebro, ainda tão
misterioso. Há até muito pouco tempo, por exemplo, acreditava-se que não
existia reposição de neurônios. Agora, já se sabe que, até o fim da
vida, novas células cerebrais são produzidas, mesmo que em menor
quantidade. Outro conceito importante que vem mudando a neurociência é o
da plasticidade, ou seja, a capacidade do órgão de se reorganizar,
compensando funções comprometidas.<br /><br />Essas descobertas começaram a
pôr em dúvida diversas crenças. Um dos cientistas que questionam o
lugar-comum do envelhecimento da mente é Joshua Hartshorne,
pós-doutorando do prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o
MIT. Com a colega Laura Germine, da Universidade de Harvard e do
Hospital Geral de Massachusetts, o neurocientista resolveu investigar se
o declínio cognitivo vem, necessariamente, com a idade avançada. O
resultado, publicado na revista Psychologycal Science, foi
surpreendente.<br /><br />O desempenho de 50 mil pessoas de 10 a 89 anos em
uma bateria de testes cognitivos on-line levou Hartshorne e Germine à
conclusão de que, enquanto algumas funções diminuem com a idade, outras
melhoram – e muito. Determinadas habilidades vão atingir o pico somente
entre os 60 e os 70 anos. Para os neurocientistas, essa é mais uma
evidência de que a dicotomia velho/novo está ultrapassada e precisa ser
adaptada aos conhecimentos atuais sobre o funcionamento do cérebro. “Os
efeitos do envelhecimento sobre a cognição têm muito mais nuances do que
sugere a simples divisão entre inteligência cristalizada e inteligência
fluida”, afirma Hartshorne.<br /><br /><br />Complexidade Segundo essa
classificação, existem dois tipos de habilidade cognitiva. A
cristalizada refere-se a conhecimentos sólidos, adquiridos ao longo do
tempo. Não há dúvidas de que, com o tempo, tende-se a saber mais. Dentro
de uma mesma realidade socioeconômica e cultural, uma pessoa mais velha
muito provavelmente se sairá melhor em testes de vocabulário e
conhecimentos gerais, por exemplo, que a mais nova. Isso apenas por ter
vivido mais tempo. Já a inteligência fluida está associada à capacidade
de resolução imediata de problemas — ou seja, ser esperto, sagaz e de
raciocínio rápido. Ela é mais prática e mais afiada em jovens. <br /><br />O
problema com essa divisão etária simples, segundo Hartshorne, é que ela
não leva em consideração a complexidade das funções cognitivas. “De
fato, muitas habilidades, especialmente a rapidez no processamento de
informações e a memória, atingem o ápice nos primeiros anos. Enquanto
isso, a capacidade de utilizar todo o conhecimento acumulado só vai
chegar ao topo muito depois disso”, afirma. Mas alguns experimentos
estão demonstrando que a questão é bem mais heterogênea — uma mesma
habilidade pode ter picos em momentos diferentes da vida. <br /><br />Em
2010, Laura Germine conduziu um estudo com o colega Ken Nakayama, também
de Harvard, sobre a capacidade de reconhecer faces e se recordar delas
ao longo da vida. “Muita gente — incluindo cientistas — acredita que o
ápice dessa habilidade seja atingido na faixa dos 20 anos. O que nós
conseguimos mostrar em um estudo com 44 mil voluntários de 10 a 70 anos é
que, na verdade, isso ocorre entre os 30 e 34 anos, uma década depois
do imaginado”, afirma Germine. <br /><br />A neuropsicóloga conta que outras
tarefas que exigem habilidades de memória, como relembrar nomes,
realmente atingem o pico aos 23, 24 anos. Contudo, o reconhecimento de
face começa a se afiar aos 10 e continua em uma curva ascendente
vagarosa nos 20, chegando ao topo aos 30, quando, no estudo, foram
obtidos 83% de acertos. Aos 65, a habilidade já não é tão boa, ficando
semelhante à de um jovem de 16. Germine afirma que isso é uma
demonstração de que o desempenho de uma mesma função cognitiva pode
flutuar dependendo da idade, indicando que a teoria da inteligência
fluida e da cristalizada precisa de uma revisão.<br /><br />Vocábulos Agora,
na pesquisa que a psicóloga fez com Joshua Hartshorne, essa ideia se
consolidou. A crença convencional, baseada nas teorias sobre QI, é a de
que o conhecimento de vocabulário chega ao máximo no fim dos 40 anos. “O
que vimos foi que, na verdade, o pico ocorre por volta dos 70. Essa é
uma habilidade, aliás, que atinge o ápice cada vez mais tarde com o
passar das gerações. Ou estamos ficando melhores para lembrar e aprender
palavras ou estamos encontrando novos vocábulos muito mais tarde na
vida do que pensávamos”, diz Hartshorne. Ele acredita que isso seja
resultado da melhoria da educação, do fato de o mercado de trabalho
exigir, cada vez mais, que se leia muito e da preocupação, cada vez
maior, de os idosos estimularem a mente. <br /><br />Outra habilidade que
melhora com o tempo é a percepção social, a capacidade de decifrar e
compreender o outro, por comunicação verbal ou não verbal (gestos e
expressões faciais). “Ela continua muito bem na meia-idade e não há
sinais de grandes declínios depois. Isso sugere que os adultos mais
velhos podem, particularmente, ler e entender melhor os outros do que as
pessoas mais novas”, afirma Hartshorne. <br /><br />Na opinião de Denise
Park, professora de ciências do comportamento e do cérebro da
Universidade de Texas em Dallas, o artigo é “provocativo”. Mas ela
acredita que seja preciso aprofundar mais a investigação desse tema. “Um
problema com o método usado foi que, para conseguir abranger um número
tão grande de participantes, os pesquisadores utilizaram resultados em
testes feitos em sites de jogos on-line. Eles não acompanharam a
evolução cognitiva dos participantes ao longo dos anos, então, isso pode
diminuir o efeito que as experiências culturais diferentes têm sobre o
desempenho nos testes”, acredita Park, que não participou do estudo. <br />
<br />
Palavra de especialista<br />
Angela Gutchessangela, <br />pesquisadora de envelhecimento e cognição da Universidade de Brandeis, nos EUA<br />
<br />
Plasticidade permanente<br />
“Técnicas
da neurociência cognitiva para o estudo do envelhecimento têm revelado,
de forma surpreendente, que, ao contrário do que se imaginava
previamente, os cérebros de idosos continuam maleáveis e plásticos, de
alguma maneira. A plasticidade é a habilidade de recrutar com
flexibilidade diferentes áreas do cérebro para executar diversas
tarefas. Diferentemente de uma visão anterior e extremamente pessimista
da velhice, os estudos de neuroimagem sugerem que o cérebro dos mais
velhos pode se reorganizar e mudar, e não necessariamente para pior. O
cérebro envelhecido é muito mais dinâmico do que se pensava. Avanços nos
métodos de pesquisa e uma boa quantidade de questões sob investigação
vão melhorar nosso conhecimento sobre as mudanças cerebrais e as
adaptações do órgão ao longo da vida.” <br />
<br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="Hartshorne: nuances dos efeitos do envelhecimento sobre o cérebro (MIT/Divulgação)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/14/150023/res20150513203242383953a.jpg" title="Hartshorne: nuances dos efeitos do envelhecimento sobre o cérebro (MIT/Divulgação)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Hartshorne: nuances dos efeitos do envelhecimento sobre o cérebro </td></tr>
</tbody></table>
</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-38888762222871597532015-05-13T06:43:00.003-07:002015-05-13T06:43:47.347-07:00 Chardonnay tinto - Martha Medeiros <div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Zero Hora 13/05/2015</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Outro
dia fui a um bistrô com um amigo. Eram 21h30min e havia pouca gente. Carta de
vinhos inexistia, tal a escassez de opções. Tudo bem. Pedi um cálice de
espumante e meu amigo um cálice de chardonnay. Meu espumante veio morno e sem
gás, e descobrimos que existe chardonnay tinto.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Com
a quantidade de problemas que o Estado tem para resolver, falar sobre o serviço
dos estabelecimentos comerciais parece frivolidade, mas não é. Em um mercado
competitivo, mau atendimento é fator de descarte. Talvez os empresários gaúchos
não estejam dando a devida atenção ao assunto porque sua concorrência também
oferece um atendimento sofrível. É possível que pensem: para que investir em
treinamento? Quem for menos pior está no lucro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
É
comum encontrarmos atendentes desinformados, mas o que mais espanta é a
displicência diante do cliente. Nos supermercados é visível o desleixo de
rapazes e moças de todos os setores. Uma rede em especial me tira do sério e só
frequento para emergências. Como costumo ir cedo, já desisti de ser atendida na
peixaria, por exemplo. É a hora do café do funcionário e o balcão fica às
moscas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Não existe um gerente no local que explique a razão de não haver um
substituto. Ninguém se responsabiliza. Esqueça o peixe. Compre frango, patinho,
alcatra ou volte mais tarde, e torça para chegar num momento em que o rapaz não
esteja ocupado, comentando os resultados do Brasileirão com algum colega.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Como
se sabe, a pessoa mais importante para os funcionários, durante o expediente, é
o colega. O cliente não passa de um estorvo que interrompe a conversa agradável
que eles estão tendo sobre a novela, sobre o gol perdido pelo centroavante,
sobre os dias que faltam para eles saírem de férias. Não é proibido conversar,
mas seria simpático se fizessem isso com discrição e quando não houvesse
cliente em volta. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
O
cliente gosta de ser percebido. O cliente gosta de ver o funcionário focado no
que está fazendo. O cliente gosta de saber que está deixando seu dinheiro numa
empresa que valoriza sua presença. Outro dia passei com um carrinho lotado de
compras ao lado de dois garotos que, em tese, deveriam estar no estacionamento
do súper para ajudar os clientes a descarregá-las, mas ambos estavam ocupados
com uma competição de arrotos. Sem problema, posso tranquilamente descarregar
minhas compras sozinha, mas preferiria que os meninos estivessem competindo por
uma gorjeta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Generalizando:
no Rio Grande do Sul, cliente é um mal necessário. E a culpa dessa distorção
não é do empregado, e sim do patrão. Do dono do bistrô que não treina seu
garçom, da dona da loja que não adverte a balconista que masca chiclete
enquanto mostra o produto, do dono do supermercado que não estabelece normas de
conduta.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Aos
que atendem de forma cortês e eficiente, nossa fidelização e cumprimentos. Aos
relapsos, parafraseio o querido Anonymus Gourmet: não voltaremos.</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-68299965368312737632015-05-10T05:34:00.002-07:002015-05-10T05:34:37.943-07:00EM DIA COM A PSICANáLISE » Nepal<div class="yellowlight">
Regina Teixeira da Costa<br />reginacosta@uai.com.b</div>
<div class="yellowlight">
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 10/05/2015 </div>
<span><br /></span>
<span><br /></span>
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/10/149549/res20150508110817301579a.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
Hoje choramos pelo Nepal. Há muito tempo pelo Haiti e
pelas crianças e milhares de seres humanos subnutridos em muitas
regiões na África. Choramos pelas mulheres submetidas a regimes radicais
de intolerância, pelas estudantes sequestradas por terroristas porque
queriam estudar, pelos nossos próximos, que diante de nossos olhos não
recebem atenção e educação para se tornar pessoas dignas e acabam
trilhando caminhos tortuosos da marginalidade.<br /><br />Por tudo isso
choramos. E também por nós. Pelo nosso egoísmo, intolerância,
permissividade e pequenez. Somos grão de areia no universo, mas nos
pensamos grandes. Este ato de contrição e consciência em nada nos
absolve. Somos pequenos narcisos presos no reflexo das águas paradas de
um lago e lá morreremos ignorando o resto do mundo.<br /><br />Ignorando que
somente nossos atos defenderão o planeta da má administração dos
ansiosos pelo poder, dos donos da verdade, que só apontam para erros
alheios e não podem ver os seus porque são apaixonados por si mesmos.
Esses dominarão o mundo? E nós, que nos consideramos melhores, ficaremos
assistindo ao espetáculo da mediocridade?<br /><br />Onde estão nossos
artistas, nossos intelectuais, nossa gente boa (não os que fazem
manifestações pelas pequenas perdas de status) que durante a ditadura se
posicionaram e opuseram (também aqui não me refiro aos que apelaram
contra a lei, assim como os militares, requerendo para si regime de
exceção).<br /><br />Estarão no Facebook ou curtindo as condições oferecidas
pela alta modernidade capitalista e pela sociedade do espetáculo,
mergulhados no prazer das viagens fáceis, dos voos em promoção, nas
lojas de departamento ou grandes marcas, talvez se enfeitando com
retoques para adiar as marcas do tempo?<br /><br />Estariam chorando em
frente à televisão pelos soterrados no Nepal? Mas à noite sairão para se
divertir, ver um belo filme ou talvez num festim gourmet regado a bom
vinho. Felizes e sorridentes, já capazes de esquecer tudo, até o próximo
jornal. Como disse Maria Antonieta, entre brioches e panelaços. Assim
é. Assim somos. Volúveis, às vezes egoístas e egocêntricos e também o
oposto. Temos capacidade de ser grandes e melhores.<br /><br />De chorarmos
juntos porque carregamos em nós um medo e um mal-estar de muitas
origens. Temos medos porque somos desamparados e indefesos diante de
fatos internos e externos que nos atingem e dos quais nem sempre podemos
escapar. Medo das doenças. Do mosquito da dengue. Dos desastres
ecológicos, das intempéries e catástrofes da natureza.<br /><br />E, acima
de tudo, sofremos por causa do outro, que como dizia Sartre, é o nosso
inferno. Mas acima de tudo por nós, que internamente somos tão divididos
e culpados sem nem sequer saber de quê. Nos impingimos castigos
frequentes, com autoacusações, depressões pela covardia moral de
abandonar o desejo, ansiedades, pecados nem sempre cometidos.<br /><br />Igualmente,
fomos capazes de juntos construir civilizações incríveis, como o Nepal,
por exemplo, com tantos templos considerados patrimônio histórico da
humanidade, hoje quase destruídos, e formar uma comunidade na qual
tentamos nos ajudar e nos defender mutuamente de tantas ameaças. Fomos
capazes de fazer pactos por meio da lei para proteger os mais fracos
contra os abusos dos mais fortes.<br /><br />Adquirimos força e poder com
nossas invenções e poderíamos nos matar uns aos outros até o último
homem. Mas esperamos que as forças da vida superem toda a nossa covardia
e nos tornem pessoas melhores que possam se unir e dar as mãos, para
chorar juntos e nos mobilizar sempre que pudermos por um mundo melhor.<br /><br />E se não podemos ser plenamente felizes, então que sejamos o menos possível infelizes, o que já é melhor do que nada.<br /><br />Eu deveria hoje falar das mães. Só que não falei. Mas deixo aqui registrado meu abraço a todas elas.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-21282751254364507752015-05-06T06:00:00.003-07:002015-05-06T06:00:46.919-07:00 Um novo olhar sobre as palavras - Martha Medeiros<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
ZERO HORA 06/05/2015</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Isso é bom, isso é ruim, isso é
certo, isso é errado, isso é assim e não assado. Costumamos catalogar e
etiquetar tudo, inclusive palavras e expressões. No entanto, algumas foram
condenadas a ter um sentido negativo quando poderiam ser avaliadas por outro
prisma – caso de “válvula de escape”, por exemplo. Bastou dizer que fulano está
recorrendo a uma válvula de escape para que pensemos que a criatura não é de
confiança, que é alguém que não enfrenta a realidade. Puro pensamento
condicionado. Ora, qual o problema de se ter uma válvula de escape?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma viagem solitária, um amor
escondido, um vício secreto, um pseudônimo, manias ocultas: ninguém precisa ser
tão corretinho e tão transparente o tempo todo. Dar uma fugida para um mundo
particular, só seu, não consta da lista de pecados mortais – supondo que você
ainda acredite em pecados.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Frivolidade. Outra palavra para a
qual os narizes se torcem. A ordem é ser sério e profundo para garantir o
respeito alheio. Concordo, mas sem fanatismo. Sou séria, profunda, respeitável
e também leve, superficial, brincalhona, tudo isso atendendo pelo mesmo nome e
sobrenome. Virar refém da aura de intelectual que minha profissão impõe? Nunca
pensei. Escritores também têm o direito de ser divertir, assim como juízes e
padres. Frívolo, mesmo, é aquele que engessa a própria vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Escândalo. Precisa mesmo ser uma
palavra que apavore os cidadãos de bom comportamento? É razoável que não
queiramos mais escândalos na política, mas um decote escandaloso, um beijo
escandaloso, uma performance escandalosa podem provocar sorrisos, desejos,
ideias e uma empolgação a que estamos cada vez menos acostumados. É importante
sermos provocados. O escândalo nos salva da anestesia geral e da apatia que a
constante repetição dos dias provoca.</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-19451628770006214892015-05-06T05:46:00.000-07:002015-05-06T05:46:18.778-07:00OLHA O PASSARINHO<div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Estado de Minas segue conta de escritores
famosos no Twitter. Posts têm revelação sobre personagens de
best-sellers, confissões sobre a ansiedade de ser pai, discussão com
internautas e citações sem crédito</span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Bossuet Alvim</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 06/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<br />
Em 140
caracteres, autores consagrados podem sintetizar suas obras ou
compartilhar com admiradores o que há de peculiar, curioso <br />e
bem-humorado por trás de um best-seller. Essa última opção contribui
para o inesgotável estoque de piadas da internet. A primeira amplia as
possibilidades de interpretação de um livro e revive, via timeline, a
noção de história em aberto na produção literária. Em variações do que
aplicam ao papel ou e-book, escritores podem usar o Twitter para
divulgar discursos políticos da vida real que complementam ficções
incabíveis ou para revelar o fim de personagens secundários. Afinal, o
destino do cão de três cabeças que apareceu em poucas páginas não é
relevante para a franquia Harry Potter, mas, quando revelado pela autora
no Twitter, torna-se aperitivo de sabor inestimável para milhões de fãs
da série. Criada em 2006 e transformada em ferramenta global pelos três
anos seguintes, a rede de microblog funciona como exercício para os que
mantêm o hábito de manusear palavras – e interesse do público – sob o
desafio da restrição de espaço. Seguimos algumas contas de escritores
que merecem seu follow, e o resultado está resumido ao lado. <br /><br /><strong>Irvine Welsh (@IrvineWelsh)</strong><br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Jeffrey Deannoy /Reuters)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505164716442567a.jpg" title=" (Jeffrey Deannoy /Reuters)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Autor de Trainspotting (1993), que deu origem ao
cultuado filme homônimo de Danny Boyle, o escocês comenta com leitores
suas viagens e sua produção literária e também para teatro, cinema e TV.
As referências ao livro de estreia do autor são tão recorrentes que a
conta de Welsh na rede de microblog serve como compilação das inúmeras
formas bem-humoradas com que ele tenta se livrar do título. “Jornalistas
italianos: ‘Quando teremos Trainspotting 2’? Eu: ‘Não sei. Talvez em
breve, talvez nunca’. Jornalistas italianos: ‘Então talvez em breve!’
Eu: ‘Aaaaagh!’”.<br /><br /><strong>Joyce Carol Oates (@joycecaroloates)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Vincent Kessler/Reuters)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505164409647511u.jpg" title=" (Vincent Kessler/Reuters)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Aos 77 anos, Oates é usuária prolífica que
parece encontrar tempo para escrever em qualquer plataforma. A marca de
ao menos um tuíte diário é surpreendente para quem se encarrega de
lançar no mínimo um livro por ano desde 1964. Mais de 60 romances
publicados em meio século tornaram a norte-americana conhecida pela
visão crítica com que destrincha o cotidiano de seu país. Na internet,
não é diferente: os comentários mais recentes vão da análise sobre
protestos antirracismo em Baltimore ao embate entre escritores de ficção
e autores de biografias. Indicada ao Pulitzer por Blonde (2000), em
torno de Marilyn Monroe, ela tuitou: “Escritores de ficção esperam que a
‘não-ficção’ seja apenas isso: não ficção! O coração murcha quando
alguém lê uma versão obviamente ficcional de um fato”.<br /><strong><br />Salman Rushdie (@salmanrushdie)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Jeffrey Deannoy /Reuters)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505164433548533i.jpg" title=" (Jeffrey Deannoy /Reuters)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Sem temer a polêmica, o britânico de origem
indiana usa o perfil para debater de política a literatura. Costuma
replicar mensagens que julga relevantes e comenta aquelas das quais
discorda. Recentemente, Rushdie apoiou a controversa indicação do jornal
satírico Charlie Hebdo ao prêmio máximo da organização não
governamental Poetas, Ensaístas e Novelistas (PEN International).
Defende a publicação francesa, acusada de xenofobia e racismo, com a
propriedade de quem foi condenado à morte pelo regime iraniano após a
publicação de Os versos satânicos (1988). “Você já leu um exemplar do
Charlie Hebdo? Todas as religiões são satirizadas”, diz a um seguidor.
Diante de um tuíte que mandava o escritor “se f…”, responde: “Obrigado,
mande uma foto sua e nós veremos se podemos combinar”.<br /><br /><strong>Daniel Galera (@ranchocarne)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (GLYN KIRK /AFP)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505164535341871e.jpg" title=" (GLYN KIRK /AFP)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />De carreira literária nascida e criada na
internet, o paulistano finalista do Prêmio Jabuti usa a ferramenta de
microblog com a amplitude que cabe aos que acompanharam de perto o
avanço das redes sociais. Games, música, cinema, política: o Twitter de
Galera é espaço multimídia em que se propagam links para conteúdo
recém-descoberto por ele, recomendações de obras conhecidas e outras nem
tanto, além de comentários imediatos sobre o noticiário. Na timeline do
autor de Mãos de cavalo cabem reflexões sobre atualidades (“Transplante
de cabeça. Se não é 1º de abril atrasado, é a coisa mais demente e
fascinante que ocorrerá em muito tempo”), divagações sobre a cena pop
(“Também adorei o Boyhood do Linklater, mas abrir filme com música do
Coldplay, plmdds, isso não se faz, bota aviso, meu amigo”) e acenos bem
encaixados à produção cultural fora do mainstream (“Bom artista: Tristan
Hone. Assisti ao vivo ontem e ainda estou me recuperando”).<br /><br /><strong>Neil Gaiman (@neilhimself)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (GLYN KIRK /AFP)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505170516441954i.jpg" title=" (GLYN KIRK /AFP)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />O inglês é tão intenso no Twitter quanto tem se
mostrado nos últimos 30 anos como autor de HQs, romances ou roteiros
para cinema e TV. Aos 2,22 milhões de seguidores do pai de Sandman, o
Twitter revela uma persona pública tão intrigante quanto sua própria
obra. Sabe-se que o autor de Coisas frágeis está “não apenas excitado”,
mas de fato “se contorcendo de ansiedade” pela estreia de uma série
dramática da BBC; e que ele planeja uma pausa no Twitter após o
nascimento de seu filho com a cantora nova-iorquina Amanda Palmer,
previsto para setembro, uma chegada que o deixa “mais ou menos nervoso”.
Admite que as principais razões para começar a escrever foram “fome e
nenhuma outra habilidade rentável”, um ofício que ele diz obedecer “sem
regras”. Até mesmo uma possível visita ao Brasil é cogitada, mas a
viagem ainda “depende da agenda” de Amanda.<br /><br /><strong>J.K. Rowling (jk_rowling)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Tim Mosenfelder/AFP)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505170209919329u.jpg" title=" (Tim Mosenfelder/AFP)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Inaugurado em 2009, mais de 12 anos após a
primeira edição de Harry Potter e a pedra filosofal, o perfil é o canal
favorito de Rowling para contato com leitores. Ela revela ocasionalmente
aos mais de 4 milhões de seguidores detalhes da trama que não chegaram
aos sete livros da série. Em 140 caracteres, Rowling amarra pontas
soltas na coleção que vendeu mais de 450 milhões de exemplares. No
começo do ano, contou que Fofo, cão gigantesco de três cabeças tratado
como animal de estimação pelo zelador Rúbeo Hagrid no primeiro volume,
conseguiu um final feliz. “Ele foi repatriado à Grécia. Dumbledore
gostava de devolver as aquisições mais tolas de Hagrid ao lugar de onde
vieram.” O alvoroço mais recente, contudo, veio da resposta a uma fã
que perguntou por que a autora havia dito que Alvo Dumbledore era gay e
afirmou que “não conseguia ver dessa maneira” o diretor de Hogwarts.
J.K. foi certeira: “Talvez porque pessoas que são gays parecem apenas...
pessoas?”.<br /><br /><strong>Paulo Coelho (@paulocoelho)</strong><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Agência O Globo/Divulgação)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/06/149249/res20150505170231328791o.jpg" title=" (Agência O Globo/Divulgação)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />Dez milhões de usuários acompanham as postagens
do brasileiro que mais vendeu livros em todo o mundo. Paulo Coelho
costuma recorrer à universalidade do inglês na rede social, talvez por
respeito à marca global dos 150 milhões de exemplares publicados em
cerca de 170 países. O idioma, contudo, não chega a ser barreira, já que
boa parte das publicações são de imagens motivacionais, trechos do
próprio autor ou pequenas frases inspiradoras. Já nos comentários, ele
se dá ao luxo de ser direto: os mais recentes defendiam a cantora
mexicana Anahi, vítima de comentários maldosos pelo casamento com o
governador do estado de Chiapas. “Dá asco ver tanto ataque a Anahi e
Velasco (inclusive de ‘fã’). Eles merecem felicidade”, protestou o
escritor. A ex-integrante do grupo RBD é apenas uma entre várias
estrelas na imensa lista de amigos célebres que aparecem em fotos ao
lado de Coelho via Twitter. Entre as mais recentes pílulas de sabedoria
que o criador de O alquimista oferece aos leitores, “a melhor forma de
ser original é ser você mesmo” veio seguida de “Deus nos julgará não
pelo que dissermos hoje, mas pelo que fizermos amanhã; não pelas
promessas que fizermos, mas pelas que cumprirmos”. A última frase é
versão alterada do trecho de um discurso proferido por Gerald R. Ford em
1975, em Helsinque, durante a Conferência sobre Segurança e Cooperação
na Europa. Curiosamente, a citação do presidente dos EUA é apresentada
sem créditos aos seguidores de Paulo.</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-18706051102431498502015-05-03T15:37:00.001-07:002015-05-03T15:37:22.999-07:00Pais buscam parentalidade positiva para evitar palmada e permissidade em excesso<header class="pg_cp_topoPaginas" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; font-size: 10px; font-stretch: inherit; margin: 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline; width: 600px;"><br /><div class="info-header" style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 12px 0px 0px; overflow: hidden; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline;">
<div class="pg-color10" style="border: 0px; clear: both; color: rgb(0, 0, 0) !important; float: left; font-family: Arial; font-size: 12px; font-stretch: normal; font-weight: bold; margin-right: 10px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span class="agencia-logo com-autor" style="border: 0px; display: block; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px 0px 12px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><img alt="Le Monde" src="http://n.i.uol.com.br/jornais/selos/lemonde.gif" style="border: 0px; display: block; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px 0px 2px; padding: 0px; vertical-align: baseline;" /></span>Anne-Aël Durand</div>
<time class="pg-color5" datetime="2015-05-02T00:02" pubdate="" style="border: 0px; bottom: 0px; color: rgb(102, 102, 102) !important; float: left; font-family: Arial; font-size: 12px; font-stretch: normal; margin: 0px; padding: 0px; position: absolute; vertical-align: baseline;"><span class="data" style="border-right-color: rgb(230, 230, 230); border-right-style: solid; border-width: 0px 1px 0px 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px 6px 0px 0px; padding: 0px 7px 0px 0px; vertical-align: baseline;">02/05/2015</span>00h02</time></div>
<div class="botoes" style="border: 0px; clear: both; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline;">
<div class="pg-share-box" data-items="{"title": false, "read-speaker": true}" style="background: none 50% 50% no-repeat; border: 1px solid rgb(230, 230, 230); font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; height: 38px; line-height: inherit; margin: 20px 0px; padding: 0px; position: relative; vertical-align: baseline;">
<div class="pg-share-buttons" style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; left: 0px; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; position: absolute; top: -1px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
</div>
</div>
</header><div id="texto" style="background-color: white; border: 0px; color: #333333; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: 24px; margin: 0px; overflow: hidden; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
"Os gizes estão no chão e precisam ser guardados. Venha, vamos fazer isso juntas." Fanny pega Loane, de 6 anos, pela mão, se agacha e começa a recolher os gizes coloridos espalhados pela sacada. Sua filha a imita, acompanhada de Kim, de 3 anos. Dois minutos depois, os dois loirinhos colocam seu balde cheio sobre a mesa e voltam para o jardim. É uma cena banal, mas significativa para Fanny Voirol. "Antes eu teria dito: 'Guarde esse giz agora!', eu teria ficado brava, gritado, mandado Loane para seu quarto. Agora eu consegui o que queria em um clima de paz."</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
"Quando minha filha tinha 2 anos, ela fazia escândalo por tudo: para tomar banho, escovar os dentes, sair... eu a forçava, castigava, certa de que ela precisava obedecer de qualquer jeito." Essa jovem dinâmica não é adepta da palmada – "Dei duas ou três vezes, mas não foi eficaz" - , mas diante dessa "queda de braço diária", ela buscou uma maneira de tratar a questão de outra forma, sem ter que ceder em seus princípios sobre educação.</div>
<h3 style="border: 0px; font-size: 20px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">"Técnicas de linguagem" e regulamento na geladeira</strong></h3>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Então Fanny Voirol se inscreveu em oficinas de parentalidade positiva, baseadas no método de Faber-Mazlish, duas autoras que popularizaram nos Estados Unidos os trabalhos do psicólogo Haïm Ginott. Ali os pais aprendem a entender os sentimentos e as necessidades das crianças, e a formular suas exigências sem agressividade nem ameaças.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Um tanto cética, a jovem mãe se forçou a adotar essas novas "técnicas de linguagem" e alguns truques ensinados durante o curso, como a elaboração de regras de vida, uma série de orientações assinadas por pais e filhos e afixada na geladeira de sua casa em Pontault-Combault (Seine-et-Marne). "No começo pensei: 'Espero que não tenha jogado 150 euros no lixo'. Mas não me arrependi! Isso mudou tudo. Minha filha está menos tensa, e eu também. Isso resolveu três quartos dos problemas."</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Hoje Fanny Voirol frequenta um novo grupo, a Oficina dos Pais. Alternando palestras, dramatizações e demonstrações visuais, a treinadora, Séverine Cavaillès, aborda os mesmos conceitos: empatia, necessidade de estabelecer limites sólidos e estáveis, alternativas ao castigo.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
"A palmada é uma resposta quando você se sente impotente, e cuja nocividade ao cérebro da criança foi comprovada cientificamente. Mas gritar e humilhar não é melhor", explica essa mãe de quatro adolescentes. Seu conselho é que as pessoas parem de querer "punir" uma criança desobediente, e passem a lhes ensinar as consequências de seus atos, como corrigir seus erros, pedir desculpas etc.</div>
<h3 style="border: 0px; font-size: 20px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">"Apostamos tudo no nosso filho"</strong></h3>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Há dois anos Séverine Cavaillès realiza em sua sala de estar em Saint-Maur-des-Fossés (Seine-et-Marne) sessões para pequenos grupos de pais perdidos, cansados ou ansiosos. "Vejo com frequência pessoas permissivas demais, esgotadas ou que resvalam para o autoritarismo... Hoje a criança está no centro. Como impor autoridade? Como ser legítimo?" Sentados lado a lado no sofá de couro, Ambre Le Tiec e seu marido Patrick, pais de Gabriel, de 4 anos, anotam seus conselhos em um caderninho. "Nosso primeiro filho veio tarde, quando eu tinha 45 anos. Apostamos tudo nele, queremos ser bons pais para que ele se desenvolva sem stress", explica Ambre com sua voz pausada.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Próxima a ela, Nada Zriken, mãe de uma menina de 7 anos e de um menino de 4, compartilha suas próprias experiências. Ela já fez esse curso e está se preparando para ministrá-lo. No início, mesmo seu marido a "olhava meio estranho", mas ele ficou impressionado com os resultados. "Na França estamos atrasados nessas questões, pois os pais contam com a escola, que é gratuita. Parece absurdo investir um centavo sequer na educação."</div>
<h3 style="border: 0px; font-size: 20px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">A legislação não será suficiente</strong></h3>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
De fato, essas oficinas, que custam de 20 a 30 euros a sessão, "ainda são para um público restrito na França, comparado com os Estados Unidos", acredita um outro treinador, Arnaud Doillon, que afirma que seu público é "bem variado, com cerca de 20% de homens". Alguns psicólogos também oferecem um coaching parental individual.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Foi assim que Alexandra Fryda, 33, foi parar na consultoria de Laura Bianquis, em Paris. "Eu a procurei porque minha filha de 2 anos chorava sempre que eu a deixava na creche, era muito difícil, não aguentava mais. As sessões romperam o bloqueio, e também têm trazido resulatados realmente concretos. Montamos junto com minha filha uma 'caixinha de raiva', com uma almofada para bater, revistas para amassar ou jogar para exprimir sua frustração..."</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Os promotores da parentalidade positiva ou da educação benevolente têm percebido uma maior procura nos últimos anos, que também ocorre com os profissionais da primeira infância. Com sua obra "J'ai tout essayé" ("Já tentei de tudo", Ed. JCLattès), publicada em 2011 e com mais de 60 mil exemplares vendidos, Isabelle Filliozat contribuiu para popularizar a parentalidade positiva e a educação gentil. "Sempre ouvimos que os pais eram permissivos demais, mas o problema não é esse. As crianças não são mais como as de antigamente. Tem os eletrônicos, a incerteza financeira, o stress dos pais, a junk food... É preciso entender como acalmá-las", explica a psicoterapeuta.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Para ela, o debate que se abriu na França sobre a palmada pode permitir que se abordem essas questões. "É missão do poder público criar uma lei que proteja nossas crianças. É como o cinto de segurança: causou polêmica, mas hoje ninguém o questiona. Mas a legislação não será suficiente, os pais precisam de recursos", explica Isabelle Filliozat. "Hoje os cursos e as palestras são particulares, portanto reservadas àqueles que podem pagar ou que têm a ideia de frequentá-los. Se a parentalidade fosse uma prioridade nacional, haveria mais recursos para todos."</div>
<h3 style="border: 0px; font-size: 20px; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px 0px 20px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Cinco conselhos para tentar:</strong></h3>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Entender</strong>: conhecer as necessidades da criança e adotar um ponto de vista empático, procurar entender a raiva, a tristeza ou a frustração de seu filho para resolver as crises.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Estabelecer regras:</strong>definir (a dois) regras de educação adequadas à idade da criança, e formulá-las de forma clara. Lembrar que a criança "testa" essas regras, e não a figura de seus pais.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ser positivo:</strong>formular as regras de maneira afirmativa em vez de proibi-los ("Ande" em vez de "Não corra"). Elogiar as boas ações em vez de apontar os erros. Falar com respeito.</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Substituir os castigos</strong>humilhantes ou agressivos por "consequências" ligadas à ação, como reparar seu erros, se desculpar...</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="border: 0px; font-family: UOLText, arial, verdana, sans-serif !important; font-size: inherit; font-stretch: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; line-height: inherit; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Desculpabilizar:</strong>aceitar que você não será um pai perfeito, e parar de exigir um filho ideal. E ser paciente...</div>
<div style="border: 0px; font-family: Arial; font-stretch: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Tradutor: UOL</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-619709108744168952015-05-03T06:52:00.004-07:002015-05-03T06:52:47.589-07:00 MARTHA MEDEIROS - Um novo arranjo<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Zero Hora 03/05/2015</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Afora o jogo explícito da sedução, mulheres podem sim
surpreender um homem com flores, desde que seja oportuno</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Semanas
atrás, li na coluna da Celia Ribeiro, aqui mesmo na revista Donna, que uma
leitora tinha dúvida sobre se era aceitável mandar flores a um homem. Celia
respondeu com a sensatez de sempre: dependendo da situação e não sendo um buquê
de rosas vermelhas, ok. Está certa. Rosas vermelhas são declarações de amor em
estado vegetal. Melhor não bagunçar as regras do jogo: deixemos que eles mandem
rosas. Já conquistamos tanto poder nas relações, vamos querer seduzir os
rapazes com flores também? Desse jeito, vai sobrar o que para eles fazerem?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Mas
afora o jogo explícito da sedução, creio que mulheres podem sim surpreender um
homem com flores, desde que seja oportuno.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Exemplo
de momento oportuno?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
ele estiver no hospital... não. Leve algumas revistas, jornais. Leve frutas,
chocolates. Isso considerando que ele não esteja na UTI – neste caso, leve apenas
suas orações.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
ele está festejando aniversário... acho que não. Dê a série completa de House
of Cards. Um disco. Um livro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
ele está se formando... também não. Eu sei que presentes como caneta e agenda
estão com a validade vencida, mas duvido que um garoto que acabou de sair da
universidade vá querer receber astromélias, margaridas ou girassóis.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
ele chamou para alguma comemoração, leve bebida. Não tem erro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
ele está autografando sua primeira obra, arraste para a livraria uma turma
disposta a comprar vários exemplares. É isso o que ele quer: uma longa fila.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se
irá visitá-lo na cadeia (ué, gente), leve sabonete líquido, biscoito recheado,
palavras cruzadas, ansiolíticos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Então,
quando seria oportuno? Vou dar um exemplo que vivenciei.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Um conhecido
que mora sozinho resolveu fazer um jantar em sua casa para me apresentar seus
amigos. Eu não conhecia sua casa e, sendo sincera, nem a ele muito bem, mas
sendo um jantar com uma motivação relacionada a mim, não podia aparecer de mãos
abanando. Sem me preocupar em ser original, pensei em levar uma garrafa de
vinho. O problema é que ele era um grande conhecedor de vinhos e já havia
decidido o que servir à mesa, ou seja, eu só atrapalharia seus planos. Foi
então que, às três da tarde, horas antes do jantar, entrei numa floricultura,
escolhi uma bela orquídea e mandei entregar na casa dele. Não tinha ideia sobre
que efeito isso teria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Teve
um bom efeito. Outro momento oportuno, vivenciado por uma moça bem menos sutil,
foi quando o noivo rompeu com ela, sem dar explicação, duas semanas antes do
casamento. O rapaz recebeu em casa uma coroa de flores com uma faixa roxa onde
estava escrito: “Descanse em paz”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Se o
clima for de velório, considere. Mas não espere encontrar essa dica numa coluna
de etiqueta.</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-34050714741259025112015-05-03T06:38:00.002-07:002015-05-03T06:38:39.248-07:00O segundo encontro - Martha Medeiros <div class="art-layout-a-2x" id="testArtCol_a">
<div class="art-annotation" ndrole="annotation">
<b>O Globo 03/05/2015</b></div>
<div class="art-annotation" ndrole="annotation">
<br /></div>
<div class="art-annotation" ndrole="annotation">
“Afinal,
um encontro não é uma boa notícia? O segundo, ela me respondeu. O
segundo encontro me faz soltar rojão. O primeiro é ir para o
sacrifício’’</div>
<div class="art-annotation" ndrole="annotation">
<br /></div>
<div class="art-annotation" ndrole="annotation">
<br /></div>
<div static="true">
Ela estava sentada bem na minha frente, abalada, desanimada, com
péssimos presságios em relação ao que aconteceria dali a duas horas: ela
teria o primeiro encontro com um homem de quem estava muito a fim. Me
explica, pedi. Me explica por que você não está soltando foguete. Me
explica o motivo para não estar no cabeleireiro. Me explica a parte que
eu perdi: afinal, um encontro não é uma boa notícia?
</div>
<div static="true">
<br /></div>
<span class="art-object art-mainimage" id="artObjectWrap" ndrole="img" style="height: 24em;"><a href="https://www.blogger.com/null"><img id="artObject" src="http://cache3-img1.pressdisplay.com/pressdisplay/docserver/getimage.aspx?regionguid=907767f9-7913-4eeb-8097-a804db43b15f&scale=230&file=e6102015050300000000001001&regionKey=kepXx8KtUIVyVfAQRQWwsg%3d%3d" style="width: 100%;" /></a></span>
<br />
O segundo, ela me respondeu. O segundo encontro me faz soltar rojão. O primeiro é ir para o sacrifício.
<br />
<br />
<br />
Diante do meu espanto, ela resolveu reavivar minha memória.
<br />
<br />
Primeiro encontro, disse ela, é que nem entrevista de emprego. O nível
de stress é o mesmo. Você não pode ir produzida demais, para que ele não
pense que você está desesperada, nem ir vestida de qualquer jeito, para
ele não pensar que você está pouco se lixando. Você não pode ser muito
engraçada, para não passar a impressão de frivolidade, nem séria demais,
para ele não te considerar uma chata. Você não pode falar dos seus
ex-amores, para ele não ficar inseguro, mas se não mencionar nenhum ele
vai pensar que você é uma laranja podre que ninguém quis catar do chão.
Você não deve beber demais, pois seria deselegante, mas pedir um suco
vai fazê-lo pensar que você tem 14 anos. Você passa a noite falando
sobre tudo o que gosta — filmes, cidades, programas de TV, esportes,
música — e precisa se controlar para não pedi-lo em casamento quando ele
concordar com suas preferências, ou se controlar para não cair em
prantos quando ele disser que os Rolling Stones são detestáveis, que não
suporta rock, mas que morreria por um show ao vivo do Lionel Richie.
<br />
<br />
</div>
<br />
<div class="art-layout-b-2x" id="testArtCol_b">
Ela continua: “Aí você lembra que o Lionel Richie bem que se
esforçou, compôs “We are the world’’ com o Michael Jackson e você quase
gostou daquela música que ele fez para o filme “O sol da meianoite’’, e
percebe que já está fazendo concessões antes mesmo de seu pretendente
pedir a conta, e ia esquecendo esta parte, a conta : se você se oferece
para dividir, ele pode te achar bacana, mas também pode desconfiar de
que você seja uma feminista que nem ao menos se depila. E se você não se
oferece para pagar, ele pode te achar uma folgada ou, ao contrário, te
considerar uma fêmea que reconhece seu papel no jogo, uma mulher
acostumada a sair com cavalheiros — como saber?’’
<br />
<br />
Apavorada com o quadro esquizoide que ela me apresentava, arrisquei: nenhuma possibilidade de ser você mesma, criatura?
<br />
<br />
“Claro que existe a possibilidade de ser eu mesma. No segun...’’
<br />
<div static="true">
Não, não: nenhuma possibilidade de ser você mesma no primeiro
encontro? “Zero’’. E assim, convicta, preparou-se para a ida ao
sacrifício. Retirou seu Crocs e pediu minha sandália emprestada. </div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-58088533630281287682015-05-03T05:53:00.001-07:002015-05-03T05:53:12.665-07:00EM DIA COM A PSICANÁLISE » Corrupção e outros atos criminosos <div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Morte e vida, bem e mal coexistem em nós </span>
</div>
<br />
<br />
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 03/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/03/148916/res20150501111352517792a.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />
Todos os dias, em quase todos os jornais,
o destaque vem sendo a Operação Lava-Jato, a Petrobras, as prisões de
diretores, tesoureiros, empreiteiros. Suspeita-se de políticos
envolvidos, do ex-presidente e até mesmo da atual. Prisões e condenações
são quase diárias. Por um lado, é bom, porque, pelo menos em parte, não
sejamos ingênuos, há alguma transparência na apuração de fatos que
chegam a público. Como disse Ricardo Semler em artigo em setembro
último, nos anos 1970 já existia corrupção e propinagem, mas nada era
apurado, embora já se soubesse dessa prática.<br /><br />Por outro lado,
quando a corrupção ganha tanto terreno numa sociedade devemos nos
preocupar. E, principalmente, jamais ignorar que somos forjados
divididos, entre pulsão de morte e de vida. E a primeira, a pulsão de
morte, costuma gozar sempre do pior. Ela se compraz com a corrupção.<br /><br />Diante
desse quadro, às vezes penso, ou simplesmente fantasio, sobre a
história brasileira: fomos condenados pela maldição genética desde as
capitanias hereditárias, quando de Portugal nos enviaram bandidos e
malfeitores para governá-las. Enfim, queremos saber a origem do mal.
Saber um pouco mais sobre os motivos subjetivos e estruturais para que
um sujeito escolha o pior. Trata-se de uma escolha para alguns, que
poderiam desfrutar da pulsão de vida e assim não fazem, embora em estado
puro as pulsões não se apresentem nunca. Morte e vida, bem e mal,
coexistem em nós. Há negadores que discordam. Para outros, no entanto,
não existe escolha. Explico-me.<br /><br />Há escolha no caso das neuroses,
isto é, das pessoas consideradas normais. Quando o sujeito se trata e
cuida do mal que existe nele, pode escapar das garras do pior. Saibam
que somos neuróticos em diferentes graus. Fugindo disso, de acordo com a
psicanálise, existe a perversão ou a psicose e, com certeza, leitores,
nesses casos não há quase nenhuma escolha para o sujeito.<br /><br />A
primeira estrutura, a neurose, uma das respostas ao complexo de Édipo,
pode conduzir o sujeito à criminalidade, delinquência e corrupção. Ele
pode fazer atuações e passagens ao ato em situações de angústia,
sentimento de culpa e demanda de amor que o leva a cometer atos contra a
lei. Nesses casos, o sujeito é impulsionado por situações-limite e se
sente acuado, rejeitado, ressentido e com extremo ódio. Um sujeito
neurótico comete crimes passionais. Ele mata por amor. Por ódio.
Vingança.<br /><br />Ele manipula, trama, rouba para se valorizar, pois ao
se tornar rico e poderoso, não importa de onde veio seu dinheiro ou
poder, ele é bajulado, disputado e ganha poder fálico já que nossa
sociedade aprecia e cobiça esses valores. Isso não é ser amado, mas
parece. Mais uma inequívoca manifestação da pulsão de morte em nível
social.<br /><br />Nesses casos, o sujeito, quando descoberto, se envergonha
diante da família e da sociedade, pois tudo que fazia só o fazia porque
ninguém via. Jamais assumiria a responsabilidade de seus delitos
ocultos e em geral mostrava-se e agia como um homem de bem, educando
seus filhos dentro da moral vigente. A prisão marca dolorosamente e
pode, quem sabe, corrigir esse deplorável narcisista mau-caráter
quebrando-lhe a crista. Merecida a punição.<br /><br />No caso da perversão e
da psicose, a coisa é mais complicada. A primeira porque, incurável, o
faz escravo da vontade de gozo sobre o outro. Uma compulsão semelhante à
do pedófilo diante da qual o sujeito não conta com barreiras morais
capazes de contê-lo. Só contido, preso, se detém. No caso das psicoses, o
sujeito delira, alucina – sua realidade é como um inconsciente a céu
aberto. Na paranoia, acredita em conspirações contra ele e se sente
perseguido de verdade. Isso ou outro delírio de qualquer natureza oculta
justificaria um crime ou ato corrupto, além do que o torna inimputável.
Isto é, não pode ser julgado e condenado se considerado louco, como
narra o filósofo Louis Althusser no livro O futuro dura muito tempo.
Belo livro, vale a pena. </div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-48815224811822901022015-05-01T06:06:00.001-07:002015-05-01T06:06:15.350-07:0085 mas com frescor de 30<div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">No aniversário de
lançamento de Alguma poesia, primeiro livro de Carlos Drummond de
Andrade, conheça a crítica à estreia do poeta publicada na capa do
Estado de Minas, a primeira sobre um livro que se tornaria clássico</span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Ana Clara Brant</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 01/05/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="Estado de Minas, 1º de maio de 1930" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148807/res20150430164822242575u.jpg" title="Estado de Minas, 1º de maio de 1930" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Estado de Minas, 1º de maio de 1930</td></tr>
</tbody></table>
<br /><table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148807/res20150430164404882929i.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />‘‘A pareceu ontem o livro de Carlos de Drummond
de Andrade.” Com esse título, a capa do Estado de Minas noticiou, 85
anos atrás, o lançamento do livro de estreia de um autor de 27 anos que
viria a se tornar o maior nome da poesia brasileira.<br /><br />A crítica do
jornal saudou a chegada de Alguma poesia e exaltou suas qualidades
(leia ao lado). E fez isso antes até do diário em que o próprio Drummond
trabalhava à época, como observa o escritor José Maria Cançado, no
trecho sobre a recepção do volume, contido na biografia Os sapatos de
Orfeu: “Houve até fenômeno também típico da imprensa cultural, a
compulsão do furo, com o Estado de Minas dando a notícia do livro no dia
seguinte à sua publicação, furando o próprio jornal em que Drummond
trabalhava, o Minas Gerais”.<br /><br />No momento da estreia, a crítica
esteve longe de ser unânime. Mas, “ao longo dos anos, Alguma poesia foi
sendo reavaliado e ganhando importância até se tornar um clássico”,
pontua o poeta Eucanaã Ferraz. Ele é o autor de Uma pedra no meio do
caminho – Biografia de um poema, editado pelo Instituto Moreira Salles,
no qual esquadrinha a recepção crítica ao mais famoso poema da obra com
que Drummond estreou.<br /><br />Sobre No meio do caminho, Drummond afirmou
no texto Autobiografia para uma revista: “Sou o autor confesso de certo
poema, insignificante em si, mas que a partir de 1928 vem escandalizando
o meu tempo, e serve até hoje para dividir no Brasil as pessoas em duas
categorias mentais”.<br /><br />Alguns dos 49 poemas do livro começaram a
ser escritos em 1923 e chegaram a ser publicados anteriormente, em
jornais e semanários como a Revista de Antropofagia. Além de No meio do
caminho, Alguma poesia tem outros poemas que já nasceram clássicos,
como Poema de sete faces (Quando nasci, um anjo torto desses que vivem
na sombra disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida!), Quadrilha (João
amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que
amava Lili que não amava ninguém) e Sentimental (Ponho-me a escrever teu
nome com letras de macarrão. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e
debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho).<br /><br /> O
poeta mineiro, que vivia em Belo Horizonte quando escreveu e lançou seu
primeiro livro, titubeou antes de colocar no mercado a obra e pensou em
batizá-la de Minha terra tem palmeiras.<br /><br />“Ele levou muito tempo
para fazer Alguma poesia e chegou a entrar em crise. Num dado momento,
cogitou botar fogo no volume. O Mário de Andrade, seu amigo, a quem o
livro é dedicado, foi quem o impediu, dizendo que Drummond não tinha o
direito de destruir aquele projeto, porque os poemas já não lhe
pertenciam, pois ele já os havia mostrado a várias pessoas”, conta
Eucanaã Ferraz.<br /><br />Drummond é severo com seu livro de estreia na já
citada Autobiografia para uma revista. “Alguma poesia traduz uma grande
inexperiência do sofrimento e uma deleitação ingênua com o próprio
indivíduo”, afirma ele.<br /><br />Escrita no calor da hora, a crítica do
Estado de Minas enxergou outros aspectos na obra, editada com 500
exemplares sob o selo imaginário Edições Pindorama, de Belo Horizonte,
criado por Eduardo Frieiro.<br /><br />“Alguma poesia é uma surpresa
agradável que talvez reanime os nossos intelectuais. No livro, diga-se
de passagem, a emoção, por mais profunda, não se descontrola em
derramamentos líricos. Podendo viver, portanto, sem excessos – clara e
forte, como nasceu. Na verdade, é essa, inatamente, a mais humana das
feições poéticas.”<br /><br /><br /><table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148807/res20150430164414670432e.jpg" title="" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br /><strong>A rosa do povo</strong><br />Outra
efeméride drummondiana celebrada em 2015 são os 70 anos do livro A rosa
do povo, escrito durante a 2ª Guerra Mundial, publicado em 1945. É a
mais extensa obra do autor, sendo composta por 55 poemas, dentre os
quais A flor e a náusea, Áporo, Caso do vestido e Procura da poesia. É
também considerada a obra em que o lirismo de Drummond se manifesta de
forma mais intensa. <br /><br /><strong><table class="image right"><tbody>
<tr><td><img alt="" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148807/res20150430162933961758i.jpg" title="" /></td></tr>
</tbody></table>
</strong></div>
<div id="abanoticia">
<div class="news_heading">
<span class="h1">O poeta e a cidade</span>
<span class="gallery_desc">Nos 14 anos em que Drummond viveu em BH,
a capital mineira assistiu a uma inflexão na literatura, tendo à frente
o poeta, que aqui se tornou amigo do modernista Mário de Andrade</span>
</div>
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
<div class="yellowlight">
Mariana Peixoto</div>
<br />
</span>
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="O poeta Carlos Drummond de Andrade, que lançou Alguma poesia, seu primeiro livro, há 85 anos (Acervo CDA do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148799/res20150430154057249464o.jpg" title="O poeta Carlos Drummond de Andrade, que lançou Alguma poesia, seu primeiro livro, há 85 anos (Acervo CDA do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">O poeta Carlos Drummond de Andrade, que lançou Alguma poesia, seu primeiro livro, há 85 anos</td></tr>
</tbody></table>
<br />“Sua
opinião me interessa mais do que a de qualquer outro, e você sabe que
já estou acostumado à sua franqueza rude. A sensação que experimento, ao
ver esse livro concluído, é de alívio. Sim senhor! Que coisinha mais
difícil de parir.”<br /><br />Ao longo de 21 anos de amizade, Carlos
Drummond e Mário de Andrade pouco se encontraram. Mas a distância não os
impediu de manter relacionamento estreito, traduzido nas 161 cartas que
trocaram no período.<br /><br />A que abre este texto foi escrita por
Drummond em abril de 1930. Ele havia acabado de publicar Alguma poesia,
que dedicou a Mário. Na época, havia seis anos que os dois tinham se
conhecido pessoalmente.<br /><br />A vinda dos modernistas a Belo Horizonte,
em abril de 1924, foi um marco não só para Drummond, mas para a própria
cidade. Era ele o mais entusiasmado com a visita de Oswald de Andrade,
Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, na chamada viagem de descoberta do
Brasil, iniciada logo após o carnaval no Rio.<br /><br />“Tive notícias do
grupo na Rua da Bahia por Carlos Drummond, que estava convocando
visitantes para ir ver os paulistas no Grande Hotel”, relembra Pedro
Nava em Beira-Mar. Drummond, Nava, Martins de Almeida e Emílio Moura,
basicamente a turma que se reunia no Café Estrela, se postaram no prédio
do Maletta para conhecer os paulistas.<br /><br />Foi ali, entre as ruas da
Bahia e Paraopeba (hoje Avenida Augusto de Lima) que se iniciou uma
amizade que só terminaria em 1945, com a morte de Mário.<br /><br />Drummond
viveu em BH apenas 14 anos. Mas foram anos definitivos. Com a família,
chegou à capital mineira com 18 anos. Foi aqui que se formou a
intelectualidade literária dos primeiros anos da nova capital. Junto a
Milton Campos, Abgar Renault, Emílio Moura, Pedro Nava e Aníbal Machado,
Drummond frequentou a Livraria Alves, o Bar do Ponto e o Café Estrela.<br />Foi
também aqui que se graduou em farmácia; que se casou com Dolores; que
teve seus dois filhos, Carlos Flávio e Maria Julieta. Antes de estrear
na literatura com Alguma poesia, já era conhecido no meio jornalístico
da cidade.<br />Berço do modernismo mineiro, o Diário de Minas recebeu
Drummond primeiramente como colaborador. Em 1926, tornou-se
redator-chefe. O poeta não estava sozinho, teve como colegas Emílio
Moura e João Alphonsus. Eles podiam fazer no campo literário o que
quisessem no periódico de quatro páginas, desde que seguissem a linha
política do jornal, pertencente ao Partido Republicano Mineiro (PRM).<br /><br /><strong>PSEUDÔNIMOS</strong>
Drummond ainda atuou como colaborador do Minas Gerais, Estado de Minas e
Diário da Tarde. Escrevia sempre com um pseudônimo, geralmente nomes
comuns, que poderiam pertencer a qualquer um. Foi Manoel Fernandes da
Rocha no Diário de Minas; Antônio Crispim no Minas Gerais.<br /><br />Foi
ainda como um homem comum que viveu situações bastante curiosas, ainda
mais levando-se em consideração a imagem circunspecta que manteve por
boa parte da vida. Antes de se casar, frequentava o chamado Salão
Vivacqua, no casarão hoje fechado na esquina das ruas Gonçalves Dias e
Sergipe.<br /><br />Pertencente a família capixaba que aqui chegou nos anos
1920, era palco de saraus mensais. Amigo de Achilles, o terceiro dos 15
irmãos Vivacqua (entre eles a polêmica Luz del Fuego), Drummond
protagonizou com Pedro Nava uma história que deu o que falar na época.
No porão da casa, onde ficava a lavanderia, a dupla ateou fogo em
jornais. O objetivo era ver as Vivacqua saírem correndo de camisola.<br /><br />A
residência em Belo Horizonte termina em 1934, quando Drummond se mudou
definitivamente para o Rio de Janeiro. Voltaria várias vezes para
visitar a mãe, Julieta Augusta, que vivia no Hospital São Lucas.<br /><br />Mas
a passagem pela cidade ficou definitiva na poesia com certa amargura
quando, na segunda metade da década de 1970, Drummond publicou Triste
horizonte. Saudoso da cidade de meio século antes, ele se mostrou
implacável com as mudanças. “Não quero mais, não quero ver-te, meu
triste horizonte e destroçado amor.”<br /><br /><strong><table class="image left"><tbody>
<tr><td><img alt="Foto de Drummond na época do lançamento de seu primeiro livro (Acervo CDA do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148799/res20150430154116306173a.jpg" title="Foto de Drummond na época do lançamento de seu primeiro livro (Acervo CDA do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Foto de Drummond na época do lançamento de seu primeiro livro</td></tr>
</tbody></table>
<br />TRECHO</strong><br /><br /><em>“Eu
conhecia a Rua da Bahia quando ela era feliz. Era feliz e tinha um ar
de importância que irritava as outras ruas da cidade. Um dia, parece que
a Rua da Bahia teve um desgosto qualquer e começou a decair. Hoje, a
gente olha para ela com um respeito meio irônico e meio triste. Como
quem olha para Ouro Preto.”</em><br /><strong>Carlos Drummond de Andrade,
sob o pseudônimo de Antônio Crispim, em texto publicado em 23 de abril
de 1930 no Minas Gerais, diário oficial do estado.</strong><br /><br /><br />• <strong>Drummond em BH</strong><br /><br />» 1920 – Transfere-se com toda a família de Itabira para Belo Horizonte<br />»
1921 – Torna-se amigo de Milton Campos, Abgar Renault, Emílio Moura,
Pedro Nava e Aníbal Machado, frequentadores da Livraria Alves e do Café
Estrela<br />» 1923 – Ingressa na Escola de Odontologia e Farmácia<br />» 1924 – Conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, todos de passagem pela capital mineira<br />»
1925 – Casa-se com Dolores Dutra de Morais. Com Martins de Almeida,
Emílio Moura e Gregoriano Canedo funda A Revista, publicação modernista
que dura três edições. Gradua-se em farmácia<br />» 1926 – Depois de um
curto período de volta a Itabira, onde deu aulas de geografia e
português no Ginásio Sul-Americano, retorna a BH como redator do Diário
de Minas. Rapidamente, torna-se redator-chefe<br />» 1927 – Nasce seu primeiro filho, Carlos Flávio, que só vive por meia hora<br />»
1928 – Publica na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema ‘‘No
meio do caminho’’, um escândalo literário. Nasce sua filha Maria Julieta<br />» 1929 – Deixa o Diário de Minas para trabalhar no Minas Gerais, órgão oficial do estado<br />» 1930 – Publica Alguma poesia, com 500 exemplares<br />»
1933 – Trabalha como redator de A Tribuna. Acompanha Gustavo Capanema
quando este é nomeado interventor federal em Minas Gerais<br />» 1934 –
Volta a ser redator dos jornais Minas Gerais, Estado de Minas e Diário
da Tarde. A convite de Gustavo Capanema, ministro da educação e Saúde
Pública, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde se torna seu chefe de
gabinete. Publica o livro Brejo das almas</div>
<div id="abanoticia">
<br /></div>
<div id="abanoticia">
<div class="news_heading">
<span class="h1">PEDRA SOBRE PEDRA</span>
<span class="gallery_desc">Escritores comentam o impacto que
sentiram diante de Alguma poesia. Levei um choque. Que poesia é
essa, afirma Ferreira Gullar, cuja reação inicial ao primeiro
livro de Drummond foi negativa</span>
</div>
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
<div class="yellowlight">
Ana Clara Brant</div>
<br />
</span>
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img -="" a="" alguma="" alt="" ana="" border="0" brant="" clara="" d.a="" de="" desses="" do="" em="" entender="" era="" essa="" fazer="" ferreira="" fui="" gullar="" important="" livro="" maneira="" nova="" partir="" poemas="" poesia="" poeta="" press="" procurar="" que="" se="" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148798/res20150430151254764978o.jpg" ssimo.="" surgido="" tinha="" title="" tratava.="" um="" uma="" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">"Alguma poesia é um livro importantíssimo. A
partir desses poemas é que fui procurar entender do que se tratava. Que
poesia era essa, que uma nova maneira de fazer a poesia tinha surgido" -
Ferreira Gullar, poeta
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
Várias gerações de escritores e
poetas foram influenciadas por Alguma poesia (1930), o livro de estreia
de Carlos Drummond de Andrade. Ocupante da cadeira de nº 37 da Academia
Brasileira de Letras desde o ano passado, Ferreira Gullar, de 84 anos,
conta que teve reação de espanto em seu primeiro contato com o livro.<br /><br />“Quando
li o Drummond, por volta de 1947, levei um choque com aquela maneira de
expressar, porque a concepção de poesia que eu tinha era uma concepção
parnasiana, um pouco romântica. Foi um impacto! E num primeiro momento
minha reação foi negativa, de achar o que é isso? Que poesia é essa?.
‘Tem uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tem uma pedra’”,
afirma.<br /><br />Foi ali que o autor de Poema sujo percebeu que a poesia
havia mudado e que o seu próprio modo de escrever também mudaria.
“Alguma poesia é um livro importantíssimo. A partir desses poemas é que
fui procurar entender do que se tratava. Que poesia era essa, que uma
nova maneira de fazer a poesia tinha surgido. Mais tarde, voltei a ler
Drummond com outra visão. Realmente, se trata de um poeta excepcional,
de grande qualidade e com o qual aprendi muito.”<br /><br />Já o poeta e
escritor mineiro Affonso Romano de Sant’anna, de 78, estava no colégio,
em Juiz de Fora, quando tomou conhecimento da poesia de Drummond, de
quem mais tarde se tornou amigo. Nunca se esqueceu de Poema de sete
faces, que aliás, abre Alguma poesia (Quando nasci, um anjo torto/
desses que vivem na sombra disse:/ Vai, Carlos! ser gauche na vida.)<br />
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img -="" a="" affonso="" alt="" analiso="" anna="" ao="" border="0" conceito="" da="" de="" desse="" divulga="" drummond="" drummondiana="" eduardo="" em="" escritor="" est="" gauche="" interpreta="" liter="" longo="" minha="" modelo="" no="" o="" obra="" para="" pia="" poema.="" primeiro="" ria="" romano="" sant="" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148798/res20150430151301636181a.jpg" sua="" tempo="" tese="" title="" tr="" um="" verso="" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">"O modelo para a interpretação da obra
drummondiana está no primeiro verso desse poema. Em minha tese
'Drummond, um gauche no tempo', analiso o conceito de gauche ao longo
de sua obra literária" - Affonso Romano de Sant'anna, escritor </td></tr>
</tbody></table>
<br /><strong>TESE </strong>“Percebi
que a raiz, o modelo para a interpretação da obra drummondiana está no
primeiro verso desse poema. Tanto é que em minha tese de doutorado –
“Drummond, um gauche no tempo” – faço uma análise do conceito de gauche
ao longo de sua obra literária”, aponta.<br /><br />Em 1957, Romano de
Sant’anna aproveitou suas férias do trabalho no extinto Banco do
Comércio Varejista e foi até o Arquivo Público Mineiro pesquisar o
início da vida literária de Drummond no Diário de Minas. Lá, encontrou
curiosidades sobre a geração que despontava. O escritor chegou a mandar
para o poeta itabirano uma cópia do artigo que Lincoln de Sousa
escrevera sobre a estreia de Drummond, considerando-o já “diferente dos
demais”.<br /><br />Entre as coisas que também descobriu estava o jantar em
homenagem ao poeta, por ocasião do lançamento de Alguma poesia. “Pena
que não tenho comigo a notícia, mas lembro-me de que eram 35 pessoas. O
discurso de saudação foi de Milton Campos. E depois falou o poeta como
que glosando o tema que aparece no primeiro poema do primeiro livro.
Drummond dizia que tinha recebido a visita de um anjo, um anjo gauche,
que forneceu conselhos para o resto da vida... Lembrava ele que, aos 14
anos, pertencia ao Grêmio Dramático e Literário Arthur Azevedo e sua
fala foi pautada sobre os conselhos que o anjo lhe dera. Foi uma
‘tertúlia mastigatória’ como dizia o texto”, recorda.<br /><br />O
compositor e cronista Fernando Brant, de 68, é outro que foi bastante
influenciado pelos versos do “homem por trás dos óculos e do bigode”.<br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img a.="" a="" alt="" antes.="" antologia="" apaixonei="" bandeira="" border="0" brant="" cabral="" compositor="" d.="" da="" de="" dele="" deslumbrado.="" diferente="" e="" em="" eu="" farol="" fernando="" fiquei="" foi="" gladyston="" ler="" lera="" li="" lorca.="" me="" minha="" passei="" pessoa="" poemas="" poesia="" poeta="" press="" que="" rodrigues="" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/05/01/148798/res20150430151310807705o.jpg" title="" toda="" um="" vida="" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">"Foi diferente de toda poesia que eu lera
antes. Eu me apaixonei, fiquei deslumbrado. Li a antologia de poemas
dele e daí passei a ler Bandeira, Cabral, Fernando Pessoa, Lorca. Foi um
farol em minha vida"- Fernando Brant, compositor e poeta</td></tr>
</tbody></table>
<br />A
primeira vez que teve contato com o livro de estreia de Carlos Drummond
de Andrade foi aos 19 anos, quando estudava no Colégio Estadual, em
Belo Horizonte. “Foi diferente de toda poesia que eu lera antes. Eu me
apaixonei, fiquei deslumbrado. Li primeiro a antologia, a seleção de
poemas dele, e daí eu passei a ler Bandeira, Cabral, Fernando Pessoa,
Lorca. Foi um farol em minha vida”, diz.<br /><br />Brant cita o Poema de
sete faces como o seu favorito em Alguma poesia. “Foi a revelação de um
gênio. Daí para a frente, ele e sua poesia foram até quase o infinito.”</div>
</div>
</div>
</div>
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Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-72792913236949627432015-04-30T05:35:00.003-07:002015-04-30T05:35:32.342-07:00VEJA ESTE FILME » Tela itinerante<div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Projeto Magia do
Cinema encerra neste sábado sua terceira edição, que percorre 10 cidades
do interior mineiro exibindo dois documentários e um longa de ficção
</span>
</div>
<br />
<br />
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 30/04/2015<br />
<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="Moradores de Claro dos Poções acompanham sessão do Magia do Cinema na praça da cidade, no último dia 23 (FOTOS: DOMENICO PUGLIESI/DIVULGAÇÃO
)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/04/30/148703/res20150429150752999548o.jpg" title="Moradores de Claro dos Poções acompanham sessão do Magia do Cinema na praça da cidade, no último dia 23 (FOTOS: DOMENICO PUGLIESI/DIVULGAÇÃO
)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Moradores de Claro dos Poções acompanham sessão do Magia do Cinema na praça da cidade, no último dia 23</td></tr>
</tbody></table>
<br /><br />Movimentação
na praça principal, cadeiras a postos, telona inflada, projetor montado
e o cheirinho de pipoca. Esse é o cenário que os moradores de cidades
do interior do Norte de Minas encontram para assistir às projeções do
Magia do Cinema. O projeto percorre 10 cidades até o próximo sábado,
passando pela Bacia do Rio São Francisco, Vale do Jequitinhonha e Vale
do Mucuri.<br /><br />Em sua terceira edição, o Magia do Cinema chega aos
municípios com o intuito de ajudar a suprir a carência de salas de
cinema e ampliar o acesso à produção audiovisual. A equipe do projeto
fica apenas um dia em cada cidade. “É uma satisfação enorme pisar em
cada uma dessas cidades, porque a maioria das pessoas nunca entrou em
uma sala de exibição”, diz Inácio Neves, coordenador e idealizador do
Magia do Cinema.<br /><br />Realizado com benefício das leis de incentivo à
cultura via renúncia fiscal, o projeto ainda não conseguiu garantir
periodicidade anual. Ele prevê que, além da sessão gratuita, o público
tenha direito a pipoca como acompanhamento.<br /><br />Os filmes escolhidos
para essa edição são dois documentários – Os meninos e o boi e A menina e
o espantalho e um longa-metragem de ficção, o blockbuster Como treinar o
seu dragão 2. Pronto desde o ano passado, Os meninos e o boi, de
Henrique Mourão, foi filmado na cidade de Rubim, no interior de Minas.
“Toda cidadezinha tem as suas lendas, mitos e festas. Não é diferente
com as cidades mineiras. Muitas dessas histórias morreram com o tempo”,
diz Inácio Neves, ao comentar a escolha do filme, que aborda a folia de
Reis e a brincadeira boi de janeiro, tradicional da cidade.<br /><br />Dirigido
por Cássio Pereira dos Santos, A menina e o espantalho (2008) trata da
carência de escolas em cidades pequenas. Já a inclusão de Como treinar o
seu dragão 2 se deve ao potencial do filme de divertir crianças e
adultos, segundo o coordenador do projeto.<br /><br />Antes da sessão de
longas é projetado um curta-metragem específico para cada cidade. Quando
a equipe se desloca para as cidades para preparar a exibição, com
alguns dias de antecedência, os moradores mais antigos são procurados e
gravam depoimentos a respeito da origem da comunidade e das festas que
deixaram de ter.<br /><br />O material editado é exibido no dia das sessões.
“É uma delícia, porque você vê a cara das pessoas na plateia
reconhecendo os moradores e os rostos que representam a ciade na telona.
Eles ficam eufóricos”, comenta Neves.<br /><br />“Quando vamos embora, fica
a sensação de que cada uma daquelas pessoas ficou um pouquinho mais
curiosa em relação ao lugar onde vivem.”<br /><br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="Pipoca é preparada antes da exibição em Campo Azul, no dia 24 de abril" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/04/30/148703/res20150429154609450897a.jpg" title="Pipoca é preparada antes da exibição em Campo Azul, no dia 24 de abril" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Pipoca é preparada antes da exibição em Campo Azul, no dia 24 de abril</td></tr>
</tbody></table>
<br /><br /><strong>Memória em movimento</strong><br /><br />Orlanda
Aparecida de Souza Braga, de 62, é moradora de Monjolos, primeira
cidade a receber o Magia do Cinema. Ela diz achar importante a
realização de um documentário sobre a cidade.<br /><br />“Muitas coisas que
existiam aqui agora só estão na história. As pessoas mais velhas já
morreram quase todas. Então, é importante que ainda tenha alguém para
contar para as crianças”, afirma.<br /><br />Segundo dona Orlanda, os jovens
não conhecem como era a antiga linha de ferro que cortava a cidade,
virou estrada de terra e, anos depois, vieram o calçamento e a praça.
Sobre sua primeira experiência com a sétima arte, ela diz: “O primeiro
cinema que eu vi foi em uma igreja, em uma missão, mas ele era mudo. A
máquina parecia uma máquina de passar roupa, daquelas que têm uma
chaminé e dava o refletor. O padre é quem falava o que estava
acontecendo. Mas cinema mesmo eu nunca fui em um”. Ela imagina que, se
houvesse mais cinema na praça da cidade, até deixaria de ver sua novela
preferida.<br /><br />Já a moradora de Água Boa, no distrito de Claro dos
Poções – segunda cidade a receber o projeto –, Zilma Souza Nascimento,
de 51, foi para a sessão e levou uma turma junto. Zilma é supervisora da
Escola Estadual Dona Valentina Alkimim e aproveitou para mobilizar
alunos, professores e pais para ver os filmes.<br /><br />“(O acesso ao
cinema) É de extrema importância, não só para o aprendizado da criança,
mas também para a dignidade do ser humano. Ele tem que ter essa
vivência”, avalia a supervisora.<br /><br />Zilma teve a impressão de que o
documentário mexeu com as emoções das pessoas, pelos comentários que
ouviu durante a sessão. Sobre as tradições populares de mitos e festas,
ela diz, com frustração: “Acho que essa história está morrendo porque os
pais deixaram o papel de contá-las para a mídia contar, para que ela
transmita uma coisa pelos nossos pais”, desabafa.<br /><br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="Garotos acompanham o filme com a pipoca servida em Campo Azul" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/04/30/148703/res20150429150806955389o.jpg" title="Garotos acompanham o filme com a pipoca servida em Campo Azul" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">Garotos acompanham o filme com a pipoca servida em Campo Azul</td></tr>
</tbody></table>
<br /><br /><strong>OUTROS PROJETOS</strong><br /><br />O
idealizador do Magia do Cinema desenvolve outros projetos de acesso à
cultura, desde 2004. O Cinema no Rio São Francisco exibe filmes para
comunidades ribeirinhas. O Cinema nos Trilhos é feito para a população
ao longo das ferrovias, especialmente Estrada de Ferro Carajás, Estrada
de Ferro Vitória-Minas e a Ferrovia Centro Atlântica. O Sons no Vale,
realizado no Vale do Jequitinhonha, propõe oficinas de musicalização,
sonorização e iluminação para shows e eventos. O mais recente é
Ovivido.com.br, um projeto experimental sobre memória historiográfica.<br /><br /><strong>O circuito da magia do cinema</strong><br /><br />» Monjolos<br />» Claro dos Poções<br />» Campo Azul<br />» São João do Pacuí<br />» Fruta de Leite<br />» Comercinho<br />» Pedra Azul<br />» Itaipé<br />» Padre Paraíso e<br />» Pescador</div>
</div>
</div>
Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2381434573624981632.post-60241989589044564612015-04-30T05:31:00.002-07:002015-04-30T05:31:22.195-07:00(Quase) Ninguém me ama (Quase) Ninguém me pede<div class="news_heading">
<span class="gallery_desc">Pratos com
ingredientes como abóbora, repolho, jiló e chuchu são rejeitados no
cardápio de restaurantes. Para chef, desafio é convencer cliente a
desviar seu olhar dos pedidos mais comuns</span>
</div>
<br />
<br />
<div class="yellowlight">
Eduardo Tristão Girão</div>
<span class="bluelight">Estado de Minas:</span> 30/04/2015<br />
<br />
<span id="items_noticia" style="display: inline;">
</span>
<br />
<div class="news_body">
<div class="font_change">
<div id="abanoticia">
<table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt=" (Arte/Quinho)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/04/30/148704/res20150429154223590128o.jpg" title=" (Arte/Quinho)" /></td><td></td></tr>
</tbody></table>
<br />É algo um tanto difícil de explicar. No
Taste-Vin, restaurante francês mais famoso de Belo Horizonte, um dos
pratos menos pedidos é o que leva papada de porco. O ingrediente,
“descoberto” por chefs do país recentemente, é o mesmo que compõe a
receita campeã de vendas do Glouton, casa de cozinha contemporânea que
fica a um quarteirão dali, em Lourdes, bairro que é o epicentro
gastronômico da cidade. Uma certeza: a culpa não é do acompanhamento.
Uma “lei”: todo cardápio tem seu “lanterninha”.<br /><br />“Mas quem pede,
adora”, garante Rodrigo Fonseca, proprietário do Taste-Vin. A princípio,
o desafio de quem trabalha no ramo é convencer o freguês a abrir mão do
que come sempre e desviar seu olhar de pratos com itens considerados
“comerciais”, tais como filé, camarão, risoto, massas e chocolate. No
caso dele, outro prato disputa com a papada no quesito impopularidade, a
trouxinha de taioba recheada com rabada.<br /><br />“Não sei se é porque o
pessoal associa esse prato a algo gorduroso e cheio de osso. É uma pena,
porque o sabor é bem intenso. O molho da rabada é coado,
desengordurado, fica aromático. Um negócio muito fino, bom para tintos
encorpados e potentes”, diz Fonseca. A receita, acrescenta, é inspirada
na do chef francês Alain Dutournier, cujo restaurante parisiense
estrelado Au Trou Gascon o proprietário do Taste-Vin costuma frequentar
quando visita a cidade. E apesar de a taioba faltar alguns meses por
ano, o prato segue firme no cardápio.<br /><br />“Se você escreve chuchu
refogado, o camarada se lembra da casa dele e não vende. Se você escreve
chuchu finalizado com azeite biológico, é outra coisa. Depende da forma
como se vende o produto”, resume Ivo Faria, que comanda o italiano
Vecchio Sogno, uma das cozinhas mais tradicionais da capital mineira.
Ele não citou o chuchu por mero acaso, mas porque adora trabalhar com
verduras e legumes – e, por vezes, não consegue emplacar pratos com
eles.<br /><br />Abóbora, chuchu, repolho e jiló são alguns dos “vilões” por
lá. Não por acaso, o prato menos vendido da casa é a tilápia com
moqueca de abóbora e mamão verde, servida com emulsão de lagostim e
cubinhos de abacaxi. “Pelo fato de ter a danada da abóbora e o mamão
verde, aí deu zebra. Mesmo explicando o que é, o cliente rejeita.” Há
cerca de seis meses no cardápio, a receita está de saída. Detalhe: a
versão anterior do peixe – ao molho de cambuci, com cenoura, brócolis e
purê de batata – vendia mais.<br /><br />“O problema do belo-horizontino é
achar que certos ingredientes são muito simples. Fui cozinhar em Paris
recentemente e meus pratos que mais fizeram sucesso foram uma salada de
jiló e um peixe com moquequinha de mandioca, banana-da-terra e purê de
abóbora. Os jornalistas que estavam no evento ficaram impressionados e
me falaram que, pelo sabor e combinação, esses pratos poderiam estar em
qualquer restaurante estrelado da França”, lembra o chef.<br /><br />A busca
por respostas costuma apontar para o paladar do freguês como o
responsável pelo fracasso de um prato. Entretanto, há quem discorde. O
chef Leo Paixão, do Glouton, acredita que a aceitação de uma receita
depende muito do trabalho feito pelo garçom. “Se ele trabalha bem, você
vende o que quer. Se o maître está de folga e não converso com os
garçons, só sai camarão. É preciso também convencer o garçom. Costumo
fazer pratos para eles provarem”, conta.<br /><br />Além disso, os
funcionários do salão do Glouton têm a oportunidade de comer pratos do
cardápio por metade do preço quando termina o expediente. De fato, é uma
estratégia inteligente para fazer com que se “vista a camisa” de
criações interessantes, como o arroz de galinha caipira com quiabo e
jerez e uma sobremesa à base de frutas do cerrado (coquinho azedo,
cagaita e buriti) – todas elas feitas com ingredientes vistos como pouco
nobres ou de difícil aceitação.<br /><br /><table class="image center"><tbody>
<tr><td><img alt="O chef Ivo Faria, do Vecchio Sogno, com os ingredientes dos pratos que costumam encalhar na preferência dos clientes ( LEANDRO COURI/EM/D.A Press)" border="0" src="http://imgsapp.impresso.em.com.br/app/da_impresso_130686904244/2015/04/30/148704/res20150429154650963427a.jpg" title="O chef Ivo Faria, do Vecchio Sogno, com os ingredientes dos pratos que costumam encalhar na preferência dos clientes ( LEANDRO COURI/EM/D.A Press)" /></td><td></td></tr>
<tr><td class="zebra">O chef Ivo Faria, do Vecchio Sogno, com os ingredientes dos pratos que costumam encalhar na preferência dos clientes</td></tr>
</tbody></table>
<br /><br /><strong>MIÚDOS </strong>Ainda
que se aposte em ingredientes caros e consagrados, o retorno nas vendas
não é garantido. É o caso do foie gras no Favorita. “Temos sempre, mas a
venda é muito pequena. Algumas coisas mantemos por prestígio. E não sai
pouco pelo preço, pois ainda é mais barato que camarão, que esses dias
chegou a R$ 128 o quilo. Além disso, foie gras tem rendimento de 100%,
enquanto no camarão descartamos casca e cabeça”, diz o proprietário,
Fernando Areco. Ostras e miúdos de vitelo são out<br /><br />Por falar
nisso, a parrilla Los Hermanitos é dos poucos endereços
belo-horizontinos em que se consegue comer mollejas, glândula retirada
do pescoço do boi, muito apreciada na brasa pelos argentinos e conhecida
como timo no Brasil. Antes, ele fazia parte da parrillada, ou seja, era
incluída na chapa de ferro juntamente com outros cortes de carne. Hoje,
no entanto, foi substituída pela costelinha e virou uma porção
separada.<br /><br />“Cerca de 70% voltavam e ia tudo para o lixo. Hoje não
obrigo mais ninguém a comer nada”, desabafa o argentino Gustavo Roman,
proprietário da casa. Ele conta que, quase sempre, quem pede timo são os
argentinos que moram em Belo Horizonte. “Vendo muito pouco, uma ou duas
vezes por semana. É um produto com muita gordura e é preciso grelhá-lo
devagar para eliminá-la. Eu gosto, mas comia mais quando era mais novo”,
completa.<br /><strong><br />À FRANCESA </strong>Nem os clássicos estão a
salvo. Na Cantina do Lucas, reduto boêmio da cidade e “santuário” das
receitas de antigamente, o prato menos vendido do cardápio é o filé à
francesa. A combinação de filé grelhado com batata palha, arroz e
salteado de ervilha, presunto em tiras e palmito na manteiga, tão
apreciada no passado, hoje goza de pouca popularidade por lá. Mesmo
representando muito pouco nas vendas (o campeão é o filé à parmegiana),
ele parece estar longe de ser extinto.<br /><br />“Alguns clientes
tradicionais nossos gostam desse prato. É um prato bom para dar cara
tradicional à casa e, para manter uma certa tradição, deixo pratos como
esse no cardápio”, justifica Edmar Roque, proprietário da casa.
Curiosamente, o filé à cubana (à milanesa, com batata palha, frutas e
cebola empanadas, ovo frito e arroz), outra receita que vem de décadas
atrás, vende bem melhor. Vá entender.</div>
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Renata Guarani-Kaiowáhttp://www.blogger.com/profile/13471209060636701567noreply@blogger.com0