Estado de Minas: 19/03/2013
Pode não ter sido
definitiva a conversa de ontem entre o pré-candidato tucano, o senador
Aécio Neves (MG), e o ex-governador José Serra, mas ela prenuncia
grandes conturbações no PSDB. Serra tem feito chegar a Aécio e seu grupo
que se não for ele o próximo presidente do partido, não o apoiará e
deixará a legenda. Aécio, por seu lado, sabe que sua candidatura
nasceria ferida e enfraquecida se aceitasse esta imposição. O próprio
ex-presidente Fernando Henrique, apesar da antiga amizade com Serra,
seria contra a concessão. E, para complicar, o governador de São paulo,
Geraldo Alckmin, também estaria sendo, no dizer de um dirigente tucano,
“contaminado” pela intransigência de Serra.
Intermediários voltaram a lhe oferecer a presidência do Instituto Teotônio Vilela, o que ele teria considerado uma ofensa. Na estratégia dos aliados de Aécio, ele próprio deve assumir a presidência do partido na convenção de maio, que lhe dará púlpito e mobilidade para trabalhar a candidatura. Hoje, a presidente Dilma tem a caneta mais poderosa da República e todo o poder e visibilidade conferidos pelo cargo. Eduardo Campos (PSB) tem o governo de Pernambuco. Aécio dispõe apenas da tribuna do Senado. Não pode fazer uso eleitoral dela o tempo todo, ainda mais numa Casa comandada por aliados de Dilma.
Mas não só pelas facilidades que a presidência do partido pode propiciar ao candidato é que a turma de Aécio se recusa a cedê-la ao ex-governador tucano, que disputou a presidência em 2002 e 2010. O que mais preocupa é a previsível discórdia pública que haveria, caso Serra ocupasse o posto, entre o presidente do partido e o candidato. Quem conhece as diferenças entre eles e o estilo de Serra sabe que frequentemente ele externaria divergências públicas com alguma ação ou declaração de Aécio. E esse sinal de desunião dentro de casa tem sempre efeito nefasto junto ao eleitorado. O PT e o PMDB são conhecidos por suas dissensões internas mas vêm conseguindo administrá-las, ou pelo menos dissimulá-las o melhor possível. Campos, por sua vez, tem um partido pequeno porém coeso.
Serra tem mágoas de Aécio, a quem acusa de ter feito corpo mole em suas campanhas de 2002 e 2010. Já as razões de Alckmin são ligadas à sua própria reeleição, que não será um passeio. Está desgastado, e o PT armado para conquistar o Palácio dos Bandeirantes. Alckmin tem dialogado com o PSB de Campos, que integra sua base na Assembléia Legislativa. As sereias lhe dizem que deve deixar uma porta aberta para o socialista, o que carrearia votos para sua reeleição. Boa parte do PSDB, paulista, entretanto, está bem composta com Aécio e compreende que São Paulo já deu o candidato presidencial tucano em todas as eleições pós-democratização. O apoio de Alckmin, dono do palanque estadual, é fundamental para Aécio. Mas a ameaça de Serra, que poderia migrar para o PPS, muitos tucanos, inclusive paulistas, acham que ele deve pagar para ver.
O beijo do Papa
O novo papa já caiu no gosto do povo e, com isso, cai a ficha dos governantes sobre a conveniência da boa relação com ele. Que o diga a presidente argentina Cristina Kirchner, que da frieza inicial passou à emoção com o beijo que ganhou de Francisco ontem, depois de um almoço reservado em que pediu sua mediação no contencioso sobre as Malvinas com o Reino Unido. Por sinal, de maioria anglicana, o que limita a influência dele. O beijo pode ter o sentido de perdão, tema de uma das falas do papa depois de eleito. Cristina teria lhe negado muitos pedidos de audiência, afora as rusgas públicas. Ela visivelmente mudou de tom, adotando a linha de Dilma. O papa pop pode não ser um aliado, mas não pode ser um adversário. Os governantes de centro-esquerda sul-americanas sabem que ele imprimirá forte viés pastoral-social à Igreja no continente, concorrendo com as políticas públicas para os mais pobres. Neste caso, mais vale a aliança que a disputa.
Barbosa: longe da política
Têm circulado notícias de que o ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, estaria tendo conversas frequentes com o senador Aécio Neves. Especulou-se até que poderia vir a ser vice do presidenciável tucano. Barbosa nega. Encontrou-se com Aécio em sua posse e não mais se falaram. A política não o tenta, e muito menos a ideia de filiar-se a um partido político, assegura ele.
Três vértices
O decreto que criou o sistema nacional de TV digital reservou canais para as emissoras privadas já existentes, canais para a rede nacional de TV Pública e algo que demorou a ser compreendido e regulamentado, o Canal da Cidadania. Em dezembro, o Ministério das Comunicações regulamentou esta previsão: será criada uma rede com canais em cada município, que poderão operar quatro programações simultâneas, a chamada multiprogramação. Um será operado pela prefeitura local, outro transmitirá programação institucional do estado (unidade da federação) e outros dois, programação comunitária. Agora, o ministério autorizou as TVs educativas estaduais a operarem como canais da cidadania, oferecendo as quatro programações. Com anos de atraso, e mesmo no ritmo lento do sistema digital, vai se criando o equilíbrio entre canais privados, públicos e estatais previstos pela Constituição.
Intermediários voltaram a lhe oferecer a presidência do Instituto Teotônio Vilela, o que ele teria considerado uma ofensa. Na estratégia dos aliados de Aécio, ele próprio deve assumir a presidência do partido na convenção de maio, que lhe dará púlpito e mobilidade para trabalhar a candidatura. Hoje, a presidente Dilma tem a caneta mais poderosa da República e todo o poder e visibilidade conferidos pelo cargo. Eduardo Campos (PSB) tem o governo de Pernambuco. Aécio dispõe apenas da tribuna do Senado. Não pode fazer uso eleitoral dela o tempo todo, ainda mais numa Casa comandada por aliados de Dilma.
Mas não só pelas facilidades que a presidência do partido pode propiciar ao candidato é que a turma de Aécio se recusa a cedê-la ao ex-governador tucano, que disputou a presidência em 2002 e 2010. O que mais preocupa é a previsível discórdia pública que haveria, caso Serra ocupasse o posto, entre o presidente do partido e o candidato. Quem conhece as diferenças entre eles e o estilo de Serra sabe que frequentemente ele externaria divergências públicas com alguma ação ou declaração de Aécio. E esse sinal de desunião dentro de casa tem sempre efeito nefasto junto ao eleitorado. O PT e o PMDB são conhecidos por suas dissensões internas mas vêm conseguindo administrá-las, ou pelo menos dissimulá-las o melhor possível. Campos, por sua vez, tem um partido pequeno porém coeso.
Serra tem mágoas de Aécio, a quem acusa de ter feito corpo mole em suas campanhas de 2002 e 2010. Já as razões de Alckmin são ligadas à sua própria reeleição, que não será um passeio. Está desgastado, e o PT armado para conquistar o Palácio dos Bandeirantes. Alckmin tem dialogado com o PSB de Campos, que integra sua base na Assembléia Legislativa. As sereias lhe dizem que deve deixar uma porta aberta para o socialista, o que carrearia votos para sua reeleição. Boa parte do PSDB, paulista, entretanto, está bem composta com Aécio e compreende que São Paulo já deu o candidato presidencial tucano em todas as eleições pós-democratização. O apoio de Alckmin, dono do palanque estadual, é fundamental para Aécio. Mas a ameaça de Serra, que poderia migrar para o PPS, muitos tucanos, inclusive paulistas, acham que ele deve pagar para ver.
O beijo do Papa
O novo papa já caiu no gosto do povo e, com isso, cai a ficha dos governantes sobre a conveniência da boa relação com ele. Que o diga a presidente argentina Cristina Kirchner, que da frieza inicial passou à emoção com o beijo que ganhou de Francisco ontem, depois de um almoço reservado em que pediu sua mediação no contencioso sobre as Malvinas com o Reino Unido. Por sinal, de maioria anglicana, o que limita a influência dele. O beijo pode ter o sentido de perdão, tema de uma das falas do papa depois de eleito. Cristina teria lhe negado muitos pedidos de audiência, afora as rusgas públicas. Ela visivelmente mudou de tom, adotando a linha de Dilma. O papa pop pode não ser um aliado, mas não pode ser um adversário. Os governantes de centro-esquerda sul-americanas sabem que ele imprimirá forte viés pastoral-social à Igreja no continente, concorrendo com as políticas públicas para os mais pobres. Neste caso, mais vale a aliança que a disputa.
Barbosa: longe da política
Têm circulado notícias de que o ministro presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, estaria tendo conversas frequentes com o senador Aécio Neves. Especulou-se até que poderia vir a ser vice do presidenciável tucano. Barbosa nega. Encontrou-se com Aécio em sua posse e não mais se falaram. A política não o tenta, e muito menos a ideia de filiar-se a um partido político, assegura ele.
Três vértices
O decreto que criou o sistema nacional de TV digital reservou canais para as emissoras privadas já existentes, canais para a rede nacional de TV Pública e algo que demorou a ser compreendido e regulamentado, o Canal da Cidadania. Em dezembro, o Ministério das Comunicações regulamentou esta previsão: será criada uma rede com canais em cada município, que poderão operar quatro programações simultâneas, a chamada multiprogramação. Um será operado pela prefeitura local, outro transmitirá programação institucional do estado (unidade da federação) e outros dois, programação comunitária. Agora, o ministério autorizou as TVs educativas estaduais a operarem como canais da cidadania, oferecendo as quatro programações. Com anos de atraso, e mesmo no ritmo lento do sistema digital, vai se criando o equilíbrio entre canais privados, públicos e estatais previstos pela Constituição.
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