quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CENSURA » Duplicação de mais dois filmes em risco‏

CENSURA » Duplicação de mais dois filmes em risco Para distribuidor, recusa de empresa em reproduzir em blu-ray Azul é a cor mais quente ameaça produções com o mesmo tema 
 
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 27/02/2014


 (Fotos: Imovision/Divulgacão)


 (Fotos: Imovision/Divulgacão)


Assim como Azul é a cor mais quente, os longas Tatuagem e Um estranho no lago tratam do tema homossexualismo e contêm cenas de sexo  (Fotos: Imovision/Divulgacão)
Assim como Azul é a cor mais quente, os longas Tatuagem e Um estranho no lago tratam do tema homossexualismo e contêm cenas de sexo

“Depois do que aconteceu, acho que em blu-ray não vai dar. Se disseram não para Azul é a cor mais quente, não sei porque diriam sim para Tatuagem e Um estranho no lago”, afirma Jean Thomas Bernardini, proprietário da distribuidora Imovision. Ele refere-se à produção brasileira de Hilton Lacerda e à francesa de Alain Guiraudie, longas-metragens que tratam de relacionamentos homossexuais, apresentam cenas de sexo e receberam classificação etária de 16 e 18 anos, respectivamente. No início da semana, a Sonopress (o nome pelo qual a Rimo Entertainment é mais conhecida no mercado), empresa brasileira que produz cópias em DVD e blu-ray, comunicou a Bernardini que não duplicaria a produção francesa Azul é a cor mais quente, do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche. O argumento era de que o filme vencedor da Palma de Ouro em Cannes tem conteúdo pornográfico.

A mesma Sonopress que se negou a realizar o trabalho indicou para Bernardini uma outra empresa para realizar a duplicação, mas somente em DVD. “Quando ele foi recusado, a empresa ainda me disse que nenhuma outra iria aceitar. Liguei para a Sony DADC que foi taxativa e disse que não iria trabalhar nisso. Então, a Sonopress me arrumou uma terceira opção. Mas não sei quem é. A firma não quer que apareça seu nome na capa do DVD e geralmente elas nos obrigam a fazer isso”, conta Bernardini. Como essa empresa não trabalha com blu-ray, não haverá como produzi-lo no país. Fora, ele descarta, pois isso oneraria muito o trabalho.

Ainda em cartaz em algumas cidades – em Belo Horizonte, conta com uma sessão, às terças e quintas, no Diamond Mall – Azul é a cor mais quente já levou 121 mil pessoas aos cinemas brasileiros. A expectativa inicial da distribuidora era de 90 mil ingressos. Em abril, chega ao mercado de home video – primeiramente para locação e, a partir de junho, para venda. Ao todo, serão produzidas 4 mil cópias em DVD – não haverá nenhum extra, já que estes estavam reservados para a edição em blu-ray.

Por meio de seu departamento jurídico, a Rimo Entertainment afirmou ao Estado de Minas que a empresa não pode fazer a fabricação por causa de um impedimento legal, devido “às cenas de sexo explícito”. O filme mostra a descoberta da sexualidade de uma jovem de 15 anos, que se apaixona por outra pouco mais velha.

NINFOMANÍACA A Rimo também afirma estar “em análise” a produção de um outro filme com classificação 18 anos, Ninfomaníaca, de Lars von Trier (em BH, pode ser visto nos cines Belas Artes e 104), sobre uma mulher que, de maneira confessional, relata a extensa série de relacionamentos sexuais que teve no decorrer da vida. Diretor da Califórnia Filmes, que distribui Ninfomaníaca, Euzébio Munhoz Júnior afirma que ainda é cedo para saber se o mesmo ocorrerá com o filme. “Não fui comunicado de nada, mas nunca tive esse tipo de problema. Esse não é um filme pornô, não é do segmento adulto. É um filme de arte em que sua temática envolve sexo.” Júnior distribuiu no Brasil os filmes anteriores de Von Trier, cineasta sempre polêmico. Anticristo (2009) também recebeu classificação etária de 18 anos e não houve problema na produção do mercado de home video.

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