segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Felinos do faraó deixaram descendentes


Primeira análise de DNA de múmias de gatos mostra que animais modernos têm linhagens de seus ancestrais

Diversidade genética sugere que povo do Egito antigo foi o primeiro a produzir raças domésticas de gatos
Creative Commons
Uma das representações egípcias da deusa-felina Bastet
Uma das representações egípcias da deusa-felina Bastet


REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

As dinastias faraônicas que governaram o Egito por milhares de anos acabaram se extinguindo, mas o mesmo não se pode dizer de um personagem quase tão aristocrático do país do Nilo: o gato sagrado.
Ocorre que os felinos mumificados do Egito antigo deixaram descendentes na população moderna de bichanos do país, revela a primeira análise de DNA feita com múmias de gatos.
O estudo descrevendo a descoberta está na edição deste mês da revista especializada "Journal of Archaeological Science" e foi coordenado por Leslie Lyons, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade da Califórnia em Davis.
Essa não é nem de longe a única incursão de Lyons no mundo felino. Ela participou da equipe responsável por clonar um gato doméstico pela primeira vez, em 2002.
MODELOS
Em conversa telefônica com a Folha, a pesquisadora explicou que ela e seus colegas se interessam por múltiplos aspectos da genética felina, em parte porque os bichos podem funcionar como bons modelos para doenças humanas, segundo Lyons.
No entanto, para mapear com precisão a história populacional e a variação genética dos bichanos é interessante entender como essa diversidade surgiu.
"No caso do Egito e do Oriente Médio como um todo, por exemplo, será que a diversidade atual é representativa da que existia há milhares de anos? Imaginávamos que isso era possível, mas migrações humanas poderiam muito bem ter trazido populações de outros locais."
Foi para tentar testar isso que ela e seus colegas se puseram a estudar múmias de gatos, que foram produzidas literalmente aos milhões a partir do chamado Período Tardio egípcio (entre os anos 664 a.C. e 322 a.C.).
A prática atingiu seu apogeu, contudo, nos séculos seguintes, quando o Egito foi dominado pelos macedônios e pelos romanos. "A casta sacerdotal egípcia perdeu poder e riqueza. Passou a usar a 'produção' de múmias felinas como uma espécie de indústria", explica Lyons.
Os antigos egípcios, no culto à Bastet ou Bast, sua deusa com cabeça de gato, ofereciam as pequenas múmias felinas como um presente à divindade.
MITOCÔNDRIA
O processo de mumificação dos gatos, embora preservasse a estrutura do corpo, acabou dificultando a vida de Lyons e seus colegas, porque atrapalhou a preservação do DNA. Os pesquisadores só conseguiram extrair material genético de três múmias felinas, a partir de ossos das patas e da mandíbula.
Esse DNA veio das mitocôndrias, as usinas de energia das células. Além de ser mais fácil de obter por estar presente em muitas cópias na célula, ele é útil para estudos genealógicos porque ajuda a traçar a linhagem materna (é transmitido apenas de mãe para filha ou filho).
A análise dessas sequências genéticas não deixou dúvidas: os gatos do Egito moderno ainda carregam linhagens de DNA mitocondrial presentes em seus ancestrais que viveram há 2.000 anos.
Mais importante ainda, para Lyons, a diversidade genética encontrada nos gatos egípcios antigos e modernos sugere que o povo dos faraós foi o primeiro a produzir raças domésticas de gatos.
Segundo ela, no entanto, é difícil dizer se eles foram os pioneiros na domesticação da espécie. "Nesse ponto, é difícil separar a diversidade do Oriente Médio como um todo da do Egito", afirma.

FOCO
Fósseis indicam que dinossauros ganharam penas para paquerar
DE SÃO PAULO
Pesquisadores do Museu de Paleontologia Royal Tyrrell e da Universidade de Calgary, no Canadá, podem ter achado uma pista crucial para explicar como as penas evoluíram. São fósseis de filhotes e adultos do dinossauro Ornithomimus edmontonicus, que lembrava vagamente um avestruz.
A análise dos espécimes, publicada na edição da semana passada da revista americana "Science", mostrou que tanto filhotes quanto adultos possuíam uma espécie de penugem pelo corpo.
No entanto, só os bichos maduros também apresentavam penas compridas com hastes rígidas, tal como a das aves modernas. A reconstrução ao lado mostra os animais nas duas fases da vida.
PAVÃO
Para os cientistas, liderados pela paleontóloga Darla Zelenitsky, isso sugere que as penas "completas" surgiram originalmente para funções ligadas à maturidade sexual, como a exibição de plumagem durante a "paquera" antes do acasalamento, por exemplo, já que esses animais eram grandes demais para voar.
O comportamento do ormitomimo lembra o do pavão, que exibe suas belas penas no ritual de acasalamento.
Só mais tarde as penas dos ancestrais dos pássaros teriam sido cooptadas para funções como o voo.
"A descoberta, a primeira a estabelecer a existência de penas em ornitomimos, sugere que todos os dinossauros parecidos com avestruzes tinham penas", de acordo com uma declaração do museu de Alberta, no Canadá.
Antes, pensava-se que esses dinossauros não tinham penas -e foi dessa maneira que eles apareceram no filme "Jurassic Park".
O achado foi obtido após análise de fósseis com cerca de 75 milhões de anos, encontrados em território canadense. É a primeira vez que fósseis de dinossauros com penas foram encontrados na América do Norte, de acordo com o museu. Anteriormente eles já haviam sido achados na China e na Alemanha.
Com agências internacionais



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