quarta-feira, 17 de julho de 2013

Polícia investiga incêndio em pousada do AfroReggae, no Rio

folha de são paulo
Fogo também atingiu jornal local; líder diz que caso foi criminoso
DO RIOUm incêndio atingiu, na madrugada de ontem, uma pousada que a ONG AfroReggae construía na favela da Grota, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio.
No mesmo prédio, de três andares, funcionava a redação do jornal comunitário "A Voz da Comunidade", que também foi destruída.
A polícia investiga se o incêndio foi criminoso.
Um homem, que está internado, é suspeito de ter participado do incêndio. Wagner da Silva, 20, que está no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, teve a prisão preventiva decretada pela suposta participação no crime.
Silva teve 30% do corpo queimado e permanece em observação na UTI. Ele será ouvido pela polícia, ao lado de testemunhas.
José Junior, coordenador do AfroReggae, acredita na hipótese de que o incêndio tenha sido intencional.
"Fomos acordados com o incêndio criminoso da pousada do AfroReggae no Alemão", escreveu no Twitter.
Segundo os bombeiros, o incêndio começou por volta das 4h40 e foi contido uma hora depois. No início da manhã, a polícia fez perícia no local.
O editor do jornal, Rene Silva, postou uma foto da redação da publicação destruída pelo fogo, acompanhada do comentário: "Nem tão bom dia assim, redação do Voz da Comunidade' amanhece assim nesta terça-feira".
TESTEMUNHA
O delegado Reginaldo Guilherme disse que há indícios suficientes para prender Silva.
"Estamos esperando que ele melhore para termos mais informações sobre o incêndio. Uma testemunha contou que o rapaz [Silva], que não é conhecido na comunidade, teria entrado pelo basculante. Estamos apurando todas as vertentes", disse.
Até a conclusão desta edição, Silva não tinha advogado constituído.
    PM do Rio é afastado por 'excessos' em manifestação
    Polícia quer reduzir uso de bombas de gás
    DO RIOO comandante-geral da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, disse ontem que vai afastar um policial do Batalhão de Choque da PM por excesso de força nas recentes manifestações populares no Rio. O nome do policial não foi revelado.
    De acordo com a assessoria de imprensa da PM, o comandante determinou que os policiais militares reduzam o emprego de bombas de gás lacrimogêneo durante as tentativas de dispersar manifestantes exaltados.
    A decisão aconteceu um dia após reunião entre Costa Filho, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio, Zaqueu Teixeira, e integrantes de entidades de Direitos Humanos.
    Depois do encontro, Teixeira admitiu que a Polícia Militar cometeu excessos nas recentes manifestações.
    "Houve excessos no uso de gás [lacrimogêneo] e de outros equipamentos não letais. Precisamos que ele [policial militar] possa dosar e fazer uso moderado da força. Junto com a Secretaria de Segurança Pública, vamos criar um grupo de trabalho que possa regular o comportamento desses policiais, com normas de procedimento", disse o secretário.
    Segundo ele, as mudanças serão anunciadas em 30 dias.

      Dilma, começar de novo - Vinicius Torres Freire

      folha de são paulo
      Presidente não tem tempo de implementar política econômica, educacional ou de saúde
      É DIFÍCIL IMAGINAR alguma iniciativa séria de governo que possa levantar o prestígio de Dilma Rousseff. Isto é, séria e popular, de "amplo espectro", como se diz de antibióticos e antidepressivos modernos.
      Por falar em antidepressivos, pode ser que a obscura psicologia popular devolva à presidente uma dezena de pontos de popularidade até antes do final do ano. Com uns quarenta e poucos pontos de aprovação, Dilma teria histórias para contar aos aliados para a eleição de 2014.
      No entanto, embora ainda vença a eleição contra qualquer um dos candidatos postos, Dilma ainda não se recuperou do tombo de junho. Afora genialidades marqueteiras, o que a presidente pode fazer?
      Não foi propriamente a economia que a derrubou, apesar dos estragos causados pela revolta do tomate (inflação crescente). Difícil acreditar que a economia vá tirar o prestígio presidencial da cercania do rodapé, se mais não fosse porque:
      1) retomadas econômicas levam tempo. Mais tempo do que o disponível até a campanha eleitoral;
      2) no presente caso, as coisas piorariam antes de melhorar (depois da eleição de 2014, no mínimo);
      3) não há milagre externo no forno, que pudesse dar um tranco (para a frente) no Brasil. Ao contrário;
      4) o governo não se mostrou disposto a rever a política econômica;
      5) o governo (e, depois, os protestos) criou tamanha má vontade contra si mesmo no meio empresarial que mesmo algumas medidas sensatas e relevantes não vão colar muito. Muita gente graúda na finança e nas empresas, que agora diz coisas indizíveis e impublicáveis sobre a presidente e cia., quer que o governo entregue os pontos.
      Obviamente nem só de economia quer saber o povo (vide junho) e não faltam problemas para resolver no Brasil. Porém, nenhuma reforma séria vai fazer efeito prático tão cedo. Havendo reforma, não se sabe se o eleitorado vai reconhecer o "sprint" final, o esforço presidencial de se encarregar de um pepino antigo. O problema, mesmo, porém, nem é esse. O governo não tem nem jamais teve plano para lidar com os problemas que estão no radar popular.
      Corrupção não acaba nem na república dos anjos; depende também de reforma de procedimentos judiciais etc. Mas a coisa começa a andar com reforma administrativa, simplificação do governo e a criação de medidas de eficiência (se não sabemos quão eficientes somos, não temos medidas de desperdício). Isso não passou pelo programa de Dilma.
      Nunca houve plano de passar um pente no SUS. A presidente mal falava de educação até a metade do seu mandato. No caso dos transportes, dedica-se até hoje ao disparate do trem-bala.
      Tudo se passava como se a "infraestrutura social" do país estivesse nos trilhos, bastando apenas passar um batom ou fazer um aplique: medidas superficiais ou cosméticas, mesmo.
      Dilma jamais teve um programa de reformas, por desgosto do Congresso ou por não ter preocupação com danos estruturais do SUS e do método falido de educar no Brasil.
      Agora, não vai dar tempo de realizar nada, pois falta projeto. Mas tentar discutir e fazer um projeto, em vez de baixar decretos cosméticos, seria já um serviço. Mesmo que não renda muito voto. Que ela terá de qualquer modo de buscar com a marquetagem ou com a sorte.
      vinit@uol.com.br

        Brasil teve 3 aviões vistoriados pela Bolívia - Eliane Cantanhêde

        folha de são paulo
        Aeronaves da FAB, uma delas usada por Amorim, foram inspecionadas em 2011, mas caso só veio à tona agora
        Segundo ministro, ato foi 'abusivo'; revelação ocorre no momento em que há problemas na relação entre países
        ELIANE CANTANHÊDECOLUNISTA DA FOLHA
        O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse ontem que três aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) foram vistoriados pelo governo da Bolívia no aeroporto de La Paz, em 2011, inclusive um que o levou em viagem oficial ao país.
        O Brasil diz que aviões oficiais são invioláveis, como embaixadas. "Foi um procedimento abusivo, lamentável e condenável", disse à Folha Amorim, que afirma só ter sabido do caso agora. A Defesa se manifestou após informação publicada originalmente no site "Diário do Poder".
        Segundo ele, o Brasil fez um protesto formal na época ao governo Evo Morales.
        O episódio vem à tona quando o Brasil se solidariza enfaticamente com Evo, após veto de países europeus ao sobrevoo do avião dele em seus espaços aéreos, e quando há dois problemas nas relações bilaterais.
        Um deles é a prisão de torcedores do Corinthians pela morte de um boliviano num jogo. O outro é a negativa de Evo em dar salvo-conduto ao senador Roger Pinto, asilado na embaixada brasileira.
        Conforme Amorim, a vistoria em seu avião foi feita por agentes bolivianos de combate ao narcotráfico, sem o seu conhecimento e sem a sua presença. Eles teriam revistado o bagageiro, não a cabine de pilotos e passageiros.
        "Eu não soube e é óbvio que eu não estava dentro do avião. Jamais autorizei e jamais autorizaria", declarou.
        O incidente ocorreu em outubro de 2011 --na época, o comandante da Academia da FAB, brigadeiro Carlos Augusto Oliveira, passou pela mesma situação em outro voo. Em novembro, o caso repetiu-se com uma terceira autoridade brasileira.
        Em dezembro de 2011, o embaixador no país, Marcel Biato, ameaçou: "Caso persista a execução de tais procedimentos, o Brasil poderá adotar (...) o princípio da reciprocidade". O governo Evo, na época, justificou que se tratava de padrão interno de fiscalização, mas que tomaria providências para que não se repetisse com brasileiros.
        País usará texto do Mercosul em caso de senador
        FLÁVIA MARREIRODE SÃO PAULOO governo brasileiro pretende usar texto sobre asilo político aprovado pelos presidentes do Mercosul --incluindo o da Bolívia, Evo Morales-- para resolver o impasse que mantém o senador boliviano Roger Pinto há mais de um ano na Embaixada do Brasil em La Paz.
        O documento foi suscitado pelo caso Edward Snowden, o ex-analista de inteligência dos EUA a quem Bolívia, Venezuela e Nicarágua ofereceram asilo, mas não faz referência ao americano.
        Para o governo brasileiro, o texto estabelece um "substrato de decisão política" que abrange a situação do senador da Bolívia.
        O documento, assinado pelos presidentes na Cúpula do Mercosul, no Uruguai, na sexta, diz que os Estados não podem "impedir a implementação" do direito de asilo "por qualquer meio".
        A Bolívia, que é integrante do bloco "em processo de adesão", também referendou o trecho que mais interessa ao Brasil agora: "É fundamental assegurar que seja garantido o direito dos asilados de transitar com segurança até o país que tenha concedido o asilo."
        Pinto, que responde a ações na Justiça boliviana, recebeu asilo do Brasil em junho de 2012, com o argumento de que é perseguido pelo governo Evo.
        O senador não pode, no entanto, deixar a embaixada brasileira na Bolívia por falta de salvo-conduto concedido por La Paz.
        Para o governo brasileiro, a questão estará resolvida quando receber as garantias de segurança para que Pinto deixe o prédio.
        Ironicamente, a menção ao trânsito dos asilados é uma referência tácita ao bloqueio do espaço aéreo feito por países europeus ao avião de Evo Morales, sob suspeita de que Snowden estivesse a bordo. Ontem o americano formalizou pedido de asilo temporário à Rússia, como já havia anunciado na semana passada.

          Painel - Vera Magalhães

          folha de são paulo
          Nos braços do povo
          O papa Francisco ordenou uma redução no esquema de segurança de sua viagem ao Rio de Janeiro, para Jornada Mundial de Juventude, e a Aparecida, na semana que vem, contrariando o planejamento elaborado pela Polícia Federal, responsável pela proteção de chefes de Estado estrangeiros em visita ao Brasil. Segundo informações passadas ao governo brasileiro pelo Vaticano, Francisco quer "contato com o povo" durante o evento e na missa no santuário de Aparecida.
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          Planejamento Diante da decisão, a PF está refazendo os trajetos que o pontífice deve percorrer durante a visita para reavaliar os possíveis riscos a sua segurança.
          Segmentos Entre os protestos que preocupam o Planalto no período da Jornada estão, além dos liderados por evangélicos, manifestações de feministas e movimentos contra abusos nos gastos públicos, como ocorreu na Copa das Confederações.
          Gabinete... Lula chamou petistas anteontem à sede de seu instituto, em São Paulo, para uma "conversa informal" sobre o cenário político. Segundo presentes, o grupo repetiu para o ex-presidente as queixas que havia feito à presidente Dilma Rousseff sobre as falhas na articulação política do governo federal.
          ...paralelo Lula, de acordo com os deputados, disse que é preciso "paciência". "E que não pode haver vacilação no apoio à presidente", conta um petista. Participaram do encontro Ricardo Berzoini, José Guimarães, Cândido Vaccarezza, entre outros.
          Longe... A despeito da tentativa do governo Dilma de reatar com movimentos sociais, Manoel Dias (Trabalho) avisou à Força Sindical que não vai participar do congresso da central, no fim do mês. O ministro enviará um representante ao evento.
          ...demais Ministros do Trabalho costumam prestigiar os eventos, realizados a cada quatro anos. Aconteceu com Luiz Marinho e Carlos Lupi, nos governos Lula, e com Paulo Paiva e Francisco Dornelles, na gestão FHC.
          Perfeito Apesar de boatos, Lula disse a um aliado durante sua viagem à Alemanha, há cerca de dez dias, que sua saúde está "110%".
          Conexão A direção do PPS está tão empenhada em retomar sua fusão com o PMN para formar a MD que vai enviar uma delegação a Buenos Aires para negociar com a presidente da sigla aliada, Telma Ribeiro, que faz um curso na Argentina.
          Enxuga A Cesp (Companhia Energética de São Paulo), do governo paulista, aprovou um programa de incentivo à aposentadoria para reduzir seu quadro de funcionários. Dos 1.200 trabalhadores da empresa, 400 estão em condições de aderir ao plano.
          Paraíso Depois da turbulenta redução das tarifas de transportes de São Paulo, o secretário de Fazenda paulista, Andreia Calabi, vai tirar uns dias de férias na Escócia, sem preocupações. "Isso reflete como as contas de São Paulo estão bem", diz.
          Na frente Antes de trocar o comando da autarquia de desenvolvimento de Sergipe, sem consultar o governador licenciado Marcelo Déda (PT), o vice Jackson Barreto (PMDB) havia confidenciado a aliados que procurava dar "agilidade" ao governo na ausência do titular, internado para tratar um câncer.
          Espelho O Senado abriu uma consulta na internet para medir a resposta da população a sua agenda positiva. A enquete pede avaliações sobre a proposta de passe livre para estudantes, de Renan Calheiros (PMDB-AL), e sobre a "atuação do Congresso" diante dos protestos.
          com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
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          TIROTEIO
          "A CPI do BNDES provará que o investimento nos campeões nacionais' era uma forma de lavar dinheiro para campanhas do PT."
          DO LÍDER DO DEM NA CÂMARA, RONALDO CAIADO (GO), sobre a investigação que deve ser feita sobre os repasses do banco estatal para grandes empresas.
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          CONTRAPONTO
          Regionalismo contábil
          Ao apresentar números da balança comercial durante uma sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) afirmou que o indicador voltaria a crescer até o fim de 2013, mas se recusou a arriscar uma previsão.
          --Vamos terminar o ano com um saldo que eu não quero dizer de quanto será, porque depois ele não acontece naquele número e a imprensa vai dizer que nós erramos.
          Ao ser abordado pelo conterrâneo mineiro Francisco Dornelles (PP), Pimentel reforçou sua cautela:
          --Mineiro não vai dizer uma coisa dessas! -- brincou.

          Elio Gaspari

          folha de são paulo
          A caixinha dos trens e dos metrôs
          A Siemens resolveu colaborar com o governo e é possível que se conheça o mapa da roubalheira de gente graúda
          Desde 1993, quando foi aberta a caixinha das empreiteiras com deputados da Comissão do Orçamento, não aparecia notícia tão boa para expor o metabolismo das roubalheiras nacionais. Os repórteres Catia Seabra, Julianna Sofia e Dimmi Amora revelaram que a Siemens alemã, a maior empresa de equipamentos eletrônicos da Europa, colaborará com o governo para expor a formação de cartéis que viciam concorrências para compra de equipamentos no Brasil. Ela tem 360 mil empregados em cerca de 190 países. Foram negócios de bilhões de dólares, com maracutaias das quais participava. Desta vez o Ministério Público poderá furar a poderosa blindagem de um cartel invicto.
          Há sete anos o deputado Osmar Serraglio, relator da CPI dos Correios, informou que havia "denúncias que precisam ser aprofundadas". Uma delas tratava de um contubérnio entre a empresa francesa Alstom e a Siemens para fraudar uma concorrência de R$ 78 milhões. Na denúncia havia nomes, datas e locais. Deu em nada.
          Tudo bem, teria sido esperneio de concorrente. Afinal, com 110 mil funcionários pelo mundo afora, o conglomerado da Alstom era uma das maiores empresas do mercado. Ela e a Siemens foram grandes fornecedoras de máquinas aos governos brasileiros, tanto o federal quanto os de diversos Estados.
          Em 2008 o "Wall Street Journal" revelou que a Alstom estava sendo investigada na França e na Suíça por ter pago propinas globalizadas. Na lista estava o Brasil, honrado com jabaculês no metrô de São Paulo (US$ 6,8 milhões em mimos) e na hidrelétrica de Itá (propina de US$ 30 milhões). Num contrato com o Metrô paulista, a Alstom e a Siemens foram parceiras.
          Autoridades municipais, estaduais e federais prometeram rigorosas investigações. Um ex-diretor da área de energia da Alstom já fora preso. O assessor de um senador fora grampeado pedindo dinheiro num contrato da Eletronorte. Se isso fosse pouco, o Ministério Público suíço tinha nomes, endereços, RGs e números de contas. Lá, um diretor da empresa foi para a cadeia. No Brasil, acharam-se até comprovantes de depósitos. Mark Pieth, presidente do Grupo Anticorrupção da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), contou que "em 2005, no Estado de São Paulo, pessoas que eram responsáveis pela compra de equipamentos não pediram suborno para eles, mas sugeriram que a empresa fizesse pagamento ou presente político' para a caixa de partido". O Estado de São Paulo é governado pelo PSDB desde 1995 e, até 2008, firmou 139 contratos com a Alstom no valor de mais de R$ 5 bilhões. Entre 2003 e 2008 o governo Lula contratou R$ 1,2 bilhão com a empresa. Foram vãs todas as tentativas de criação de um CPI em São Paulo. A cada blindagem, contudo, correspondia mais uma revelação. Chegou-se a um ex-presidente das Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp) que reconheceu ter recebido, na Suíça, US$ 1,4 milhão, mas, segundo ele, tratava-se apenas de uma consultoria. Já são cerca de 20 os processos que correm no Ministério Público sobre os negócios da Alstom em São Paulo.
          Quando vozes mais altas se alevantam, as coisas andam devagar. A decisão da Siemens, consequência dos novos padrões de conduta de grandes empresas, poderá iluminar esse porão. Se nem isso adiantar, a situação está pior do que se pensa.

            Aliado de Dilma, Kassab se reaproxima de Serra Guinada ocorre após petista perder popularidade

            folha de são paulo
            Guinada ocorre após petista perder popularidade; a aliados ex-prefeito não descarta apoiar tucano
            CATIA SEABRANATUZA NERYDE BRASÍLIAAliado ao governo Dilma Rousseff desde o início do ano, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) está se reaproximando do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) e dá sinais de que pode se distanciar do governo federal.
            Em conversas com aliados, Kassab diz que não descarta a possibilidade de apoiar uma eventual candidatura do ex-governador à Presidência.
            A guinada ocorre depois de as pesquisas de opinião registrarem queda acentuada da popularidade de Dilma com os protestos de junho.
            Entre aliados de Kassab, a avaliação é de que Serra é o maior beneficiário político da fragilidade de Dilma.
            Segundo tucanos e integrantes do PSD, Kassab e Serra mantiveram sólido relacionamento mesmo após a derrota do tucano na disputa pela prefeitura de São Paulo.
            Aliados de Serra atribuíram seu fracasso eleitoral à rejeição do eleitorado à administração de Kassab.
            Ontem, o tucano esteve no Congresso Nacional. Ele se negou a comentar as informações de que esteja de saída do PSDB e disse que há "uma crise à procura de um governo".
            O PSD participa do governo Dilma desde junho, quando o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, assumiu a chefia da Secretaria da Micro e Pequena Empresa.
            Kassab dará seus primeiros sinais de afastamento do governo na segunda-feira, quando seu partido organizará encontro com representantes da comunidade médica críticos às medidas anunciadas recentemente pelo governo para a área de saúde.
            Organizado pelo deputado Eleuses Paiva (SP), que é amigo de Serra, o encontro conta com o aval de Kassab. No mês que vem, o PSD deverá anunciar sua oposição às propostas do governo, que incluem a contratação de médicos estrangeiros e dois anos de serviço obrigatório na rede pública para estudantes.
            O gesto é também uma alfinetada de Kassab no ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT). Os dois planejam concorrer ao governo de São Paulo nas eleições de 2014.
            No PSD de Kassab, o diagnóstico é de que a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência será abalada no ano que vem durante o julgamento do chamado mensalão mineiro.
            Mas não há consenso entre os aliados de Kassab sobre qual seria o palanque ideal para Serra. Alguns acham que o melhor seria ele trocar o PSDB pelo PPS e se lançar candidato com o apoio do PSD, do PV e do PTB.
            Tudo depende, no entanto, da evolução das pesquisas de opinião. Se Dilma recuperar sua popularidade, é provável que o PSD continue a seu lado. "O PSD é aliado de Dilma. Pode ser que o PSD apoie Serra caso ele cresça. Mas isso não vai acontecer", afirma o secretário-geral do partido, Saulo Queiroz.

              A obsoleta legislação de patentes - Rogério Cesar de C.Leite e É hora de criminalizar o enriquecimento ilícito - Spinelli -Tendências/debates

              folha de são paulo
              ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
              A obsoleta legislação de patentes
              O monopólio de patentes resulta em remédios até cem vezes mais caros que o custo de produção. Quanto maior o sofrimento, maior o lucro
              A legislação de propriedade intelectual inclui um aspecto claramente prejudicial aos países em desenvolvimento e a pequenas empresas.
              Uma patente confere ao seu detentor monopólio de um mercado. As vantagens advindas se traduzem em maior rendimento e, portanto, maior disponibilidade financeira para pesquisas e, consequentemente, maior número de patentes. Cria-se um círculo vicioso nefasto.
              Historicamente, esse malefício foi compensado com a exigência de manufatura em território do país cedente. Todavia, em finais da década de 1990, o Brasil e a maioria dos países em desenvolvimento, pressionados pelos industrializados, aceitaram acordo internacional segundo o qual, no setor de medicamentos, seriam permitidas importações de produtos patenteados em substituição à produção interna. Como consequência, no Brasil, 1.050 unidades de produção foram extintas e 350 novos projetos foram abandonados no setor de química fina.
              A justificativa para a aceitação dessa reversão conceitual era a de que não haveria escala no mercado brasileiro. Ora, será que os empresários daquelas 1.050 unidades de produção recém-criadas e os dos 350 projetos não sabiam disso quando fizeram seus investimentos?
              Hoje, até mesmo a insistente afirmativa do setor multinacional de que o sistema de patentes é um estímulo à pesquisa está sendo amplamente contestada. Aliás, toda evidência é de que reserva de mercado é um empecilho ao desenvolvimento tecnológico.
              É trágica a observação de que, em setores essenciais para a saúde (câncer, Aids etc.), esse monopólio resulta em preços de medicamentos entre 20 e 100 vezes superiores aos custos de produção. Quanto maior o sofrimento, maior o lucro.
              O crescimento exorbitante de um parasitário complexo dedicado ao litígio judicial prova que o atual sistema de patentes já é obsoleto e prejudicial. Basta lembrar que um grande número de empresas no mundo gasta com litígios (US$ 500 bilhões de 1990 a 2010) mais do que com pesquisas.
              Nossa proposta é simples, natural e em absoluto acordo com a economia de mercado e com tratados internacionais.
              1. O governo concederá direito de produção ou importação que inclua uma ou mais inovações a qualquer solicitação, contanto que todas as informações necessárias à fabricação do produto sejam divulgadas. Preços serão determinados pelo próprio produtor.
              2. Entidade oficial calculará o valor dos custos médios para inovação e desenvolvimento de produtos e processos específicos para cada setor industrial.
              3. O governo concederá a qualquer empresa nacional permissão para produzir o item em questão, contanto que seja pago ao concessionário original o valor determinado pelo procedimento. Com isso, os preços ficam autorregulamentados. Preços abusivos obteriam competição imediata. Para que o concessionário original possa se manter no mercado, os preços teriam que ser justos, pois as vantagens advindas seriam benefício suficiente para o concessionário original.
                MARIO VINICIUS SPINELLI
                É hora de criminalizar o enriquecimento ilícito
                O argumento de que o enriquecimento ilícito resulta de um crime anterior e não é um crime por si próprio não pode nem deve prevalecer
                As recentes manifestações populares fizeram o Poder Legislativo brasileiro aprovar medidas de combate à corrupção que por longa data permaneciam empoeiradas nas gavetas do Congresso.
                A aprovação de leis com potencial para inibir a prática de atos contra o patrimônio público, como a que tornou a corrupção crime hediondo e, principalmente, a que estabeleceu a responsabilização administrativa e civil de empresas por atos contra a administração pública, é importante para a prevenção e o combate à corrupção no país.
                No entanto, não há motivos para comemorações antecipadas. Muito ainda falta até que a impunidade seja reduzida. Além do debate fundamental sobre o financiamento de campanhas eleitorais e de outras questões centrais como o fim do foro privilegiado, outros temas importantes precisam ser postos em discussão pelo Poder Legislativo.
                A premente reformulação do irracional rito processual brasileiro, que permite a postergação indefinida da aplicação das penas aos corruptos, uma legislação que regulamente e dê transparência à atividade de lobby e outra que proteja os denunciantes de boa-fé são alguns exemplos do que precisa ser feito.
                Nesse contexto, a criminalização do enriquecimento ilícito de funcionários públicos é uma das mais importantes medidas na tentativa de penalizar adequadamente aqueles que usaram em benefício próprio recursos de origem ilegal.
                Isso porque o Brasil, contrariando compromissos internacionais dos quais é signatário, entre eles a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e a Convenção Interamericana contra a Corrupção, não inclui, nas condutas tipificadas em seu Código Penal, o crime de enriquecimento ilícito. O argumento de que tal prática é resultado de um crime que a antecedeu e, portanto, não um crime por si próprio não pode e não deve prevalecer.
                No caso específico da corrupção, a falta de criminalização do enriquecimento ilícito tem efeitos devastadores. A identificação de agentes públicos com patrimônio totalmente incompatível com sua remuneração ou oriundo de outras fontes ilícitas fica sujeita apenas a sanções na esfera administrativa e civil, como as previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
                Ou seja, funcionários que enriqueceram recebendo propinas ou desviando recursos públicos não podem ser penalizados criminalmente, caso não reste comprovado o crime antecedente da corrupção ou similar, mesmo que não consigam comprovar a origem lícita de seu patrimônio. Ocorre que usualmente seus bens foram adquiridos não à custa de uma ou outra atividade isolada, mas de práticas ilícitas muitas vezes levadas a cabo durante anos.
                Além disso, em muitos casos, o servidor já se encontra afastado da atividade que lhe proporcionou enriquecer, ou até mesmo aposentado, o que, por óbvio, dificulta a identificação do crime de corrupção que originou sua riqueza.
                Assim, além da pequena probabilidade de terem de devolver aos cofres públicos o dinheiro desviado, considerando as já reconhecidas dificuldades para recuperar tais valores, corruptos podem atuar tranquilamente, certos de que não terão que pagar com sua liberdade por haverem enriquecido de forma ilícita.
                O projeto de lei nº 5.586/2005, que estabelece a pena de três a oito anos de detenção, além de multa, para enriquecimento ilícito de funcionários públicos, elaborado pela Controladoria-Geral da União e encaminhado ao Congresso Nacional há quase uma década, precisa urgentemente ser discutido e aprovado.
                Em 2012, a comissão de juristas encarregada de reformular o Código Penal já deu sua valorosa contribuição, posicionando-se favoravelmente à criminalização de tal prática. Resta agora aos nobres parlamentares movimentarem-se e colocarem o tema na pauta das mudanças. A sociedade brasileira agradecerá.

                FERNANDO BRANT » O pequeno tomateiro‏

                Os congressistas, medrosos diante da vozes das praças, saem aprovando barbaridades demagógicas 


                Estado de Minas: 17/07/2013 


                É preciso prestar atenção às pequenas coisas que acontecem ao nosso redor. Não é só uma homenagem à vida, mas uma maneira de se integrar ao que há de natural e surpreendente no chão que pisamos, na beleza eterna do que nos envolve desde o dia em que nascemos. Respirar fundo o ar que nos é dado desfrutar ininterruptamente e é motivo para estarmos vivos. Reparar nas mudanças na grama e nas folhas (para isso, no meu caso, necessários são os óculos contra a miopia), nos pássaros que pousam ou bebem a água limpa da piscina. Reparar no céu azul de inverno, sem nuvens, claro como em poucos lugares do mundo. Exuberante.

                Sentar ao sol e aquecer o corpo, sugar a energia que dele vem. Pensar em crianças brincando, correndo alegres e inocentes pelo jardim. É assim que desejo prosseguir na viagem humana para a qual fui escalado e procuro fazer o melhor. O que aprendi nos meus tempos de menino, o que a casa, a escola e o mundo me ensinaram, busco passar para frente, transmitir à descendência e compartilhar com os amigos.


                Quero os beijos das pessoas amadas, abraços solidários, conselhos e afetos. Principalmente quando a realidade nos joga na cara os podres da mentira, da violência e da incompetência. Ainda está fresca a memória do movimento dos brasileiros em centenas de cidades, momentos mágicos em que gente de todas as idades resolveu ir às ruas para protestar contra tudo o que não agrada aos cidadãos.


                Cada um tem a sua lista de prioridades, mas está evidente que o mundo político está estagnado em suas atividades, cuidando de irrelevâncias que só a ele interessam, deixando de lado, esquecidas e na penumbra, as reais necessidades da maioria. Todos nós sabemos que a educação de qualidade é ponto de partida para cada um e para o país se desenvolver. Há muito discurso e nenhuma ação efetiva. A saúde é o bem maior de todos, mas se investe pouco e o dinheiro que surge é comido pela corrupção e pela incompetência.


                E o transporte público, triturador diário dos trabalhadores das cidades? E as estradas assassinas, o saneamento básico inexistente e a insegurança pública?


                Os congressistas, acuados, medrosos diante da vozes das praças, saem aprovando barbaridades demagógicas. Não entenderam nada e parece que dificilmente, em sua maioria, vão entender. E aprovam, como se estivéssemos em tempo de guerra, em um só dia, sem discussão, um horroroso projeto de lei que interfere, contra a Constituição e suas cláusulas pétreas, nos direitos de mais de 200 mil autores musicais. Eles pensam, diante da pressão de alguns artistas, que fizeram a coisa certa. Não fizeram. O jogo político se encerrará com a sanção da presidente. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal Federal definirá a questão.


                Entusiasmei-me tanto que me esqueci de dizer: nesses dias de inverno, um pequeno tomateiro brotou espontaneamente em meu quintal. Admiração e espanto é o que sinto diante dele. Viva a vida!

                Frei Betto-Boas-vindas ao papa Chico‏

                Os jovens esperam da Igreja uma comunidade alegre, despojada, sem luxos e ostentações

                Frei Betto

                Estado de Minas: 17/07/2013 


                Querido papa Francisco, o povo brasileiro o espera de braços e coração abertos. Graças à sua eleição, o papado adquire agora um rosto mais alegre. O senhor incutiu em todos nós renovadas esperanças na Igreja Católica ao tomar atitudes mais próximas ao evangelho de Jesus que às rubricas monárquicas predominantes no Vaticano: uma vez eleito, retornou pessoalmente ao hotel de três estrelas em que se hospedara em Roma, para pagar a conta; no Vaticano, decidiu morar na Casa Santa Marta, alojamento de hóspedes, e não na residência pontifícia, quase um palácio principesco; almoça no refeitório dos funcionários e não admite lugar marcado, variando de mesa e companhias a cada dia; mandou prender o padre diretor do banco do Vaticano, envolvido em falcatrua de 20 milhões de euros. Em Lampedusa, onde aportam os imigrantes africanos que sobrevivem à travessia marítima (na qual já morreram 20 mil pessoas) e buscam melhores condições de vida na Europa, o senhor criticou a “globalização da indiferença” e aqueles que, no anonimato, movem os índices econômicos e financeiros, condenando multidões ao desemprego e à miséria.

                Um Brasil diferente o espera. Como se Deus, para abrilhantar ainda mais a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), tivesse mobilizado os nossos jovens que, nas últimas semanas, inundam nossas ruas, expressando sonhos e reivindicações. Sobretudo, a esperança em um Brasil e um mundo melhores. É fato que nossas autoridades eclesiásticas e civis não tiveram o cuidado de deixá-lo mais tempo com os jovens. Segundo a programação oficial, o senhor terá mais encontros com aqueles que ora nos governam ou dirigem a Igreja no Brasil do que com aqueles que são alvos e protagonistas dessa jornada.

                Enquanto nosso povo vive um momento de democracia direta nas ruas, os organizadores de sua visita cuidam de aprisioná-lo em palácios e salões. Assim como seus discursos sofrem, agora, modificações em Roma para estarem mais afinados com o clamor da juventude brasileira, tomara que o senhor altere aqui o programa que lhe prepararam e dedique mais tempo ao diálogo com os jovens. Não faz sentido, por exemplo, o senhor benzer, na Prefeitura do Rio de Janeiro, as bandeiras dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. São eventos esportivos acima de toda diversidade religiosa, cultural, étnica, nacional e política. Por que o chefe da Igreja Católica fazer esse gesto simbólico de abençoar bandeiras de dois eventos que nada têm de religioso, embora contenham valores evangélicos por zerar divergências entre nações e promover a paz? Talvez seja o único momento em que atletas da Coreia do Norte e dos Estados Unidos se confraternizarão.

                Como nos sentiríamos se elas fossem abençoadas por um rabino ou uma autoridade religiosa muçulmana? Nos pronunciamentos que fará no Brasil, o senhor deixará claro a que veio. Ao ser eleito e proclamado, declarou à multidão reunida na Praça de São Pedro, em Roma, que os cardeais foram buscar um pontífice “no fim do mundo.” Tomara que o seu pontificado represente também o início de um novo tempo para a Igreja Católica, livre do moralismo, do clericalismo, da desconfiança frente à pós-modernidade. Uma Igreja que ponha fim ao celibato obrigatório, à proibição de uso de preservativos, à exclusão da mulher do acesso ao sacerdócio. Igreja que reincorpore os padres casados ao ministério sacerdotal, dialogue sem arrogância com as diferentes tradições religiosas, abra-se aos avanços da ciência, assuma o seu papel profético de, em nome de Jesus, denunciar as causas da miséria, das desigualdades sociais, dos fluxos migratórios, da devastação da natureza.

                Os jovens esperam da Igreja uma comunidade alegre, despojada, sem luxos e ostentações, capaz de refletir a face do Jovem de Nazaré, e na qual o amor encontre sempre a sua morada. Bem-vindo ao Brasil, papa Chico! Se os argentinos merecidamente se orgulham de ter um patrício como sucessor de Pedro, saiba que aqui todos nos contentamos em saber que Deus é brasileiro!

                Ela tem 500 vidas (Marília Pêra)-Helvécio Carlos‏

                Marília Pêra já perdeu a conta de quantas mulheres interpretou no teatro, no cinema e na TV. Aos 70 anos, a atriz planeja dirigir e traduzir peças, além de revelar segredos em pleno palco 


                Helvécio Carlos

                Estado de Minas: 17/07/2013 



                A quantos personagens Marília Pêra já deu vida? Responder essa pergunta com exatidão é tarefa quase impossível para a atriz. “Já passam de 500”, arrisca ela, que estreou nos palcos ainda criança, há 66 anos. Mas essa carioca não tem dúvida em apontar Dolly Levi, a casamenteira do musical Alô, Dolly!, como um dos maiores desafios de sua carreira.

                “É preciso um preparo físico imenso para atuar por 135 minutos. É quase opereta!”, compara. O esforço exigido por Dolly é proporcional à admiração de Marília pela personagem. “Ela socializa o amor e o dinheiro: vai obrigar o avarento Horácio Vandergelder a ser mais amoroso e gentil. Essa função é muito bonita”, afirma a artista. Bem-humorada, Marília comenta a falta que as Dollies fazem para o mundo contemporâneo. “Principalmente por estimular a gentileza. Ser gentil com o outro é um bom começo de caminhada. Neste momento bélico que vivemos, as pequenas gentilezas contam muito”, defende.


                Alô, Dolly! faz temporada de amanhã a domingo no Sesc Palladium. É a segunda apresentação do musical em BH. A primeira, nos anos 1960, foi estrelada por ninguém menos que Bibi Ferreira e Paulo Autran – pouco depois da estreia na Broadway. A direção da remontagem ficou a cargo de Miguel Falabella, responsável pela versão do texto de Michael Stewart e intérprete de Horácio Vandergelder.


                O cenário é a Nova York dos anos 1890, onde Dolly Levi, viúva casamenteira, é contratada por Horácio para lhe arranjar uma esposa. Entre muita confusão, as coisas não saem exatamente como o planejado, para diversão do público.


                Jovenzinha nos anos 1960, Marília fez teste para o elenco comandado por Bibi e Autran. Mas não passou. “Nunca mais pensei em Dolly até o Miguel me chamar. Não teria como rejeitar o convite dele”, explica a atriz. “Lembro-me de que Miguel e Maria Padilha foram lá em casa me chamar para dirigir A menina e o vento, de Maria Clara Machado. Era quase uma imposição e aquele foi o meu primeiro trabalho como diretora. Mais tarde, em 2006, fui convidada para atuar em Polaroides urbanas, o primeiro longa dirigido por Miguel. Temos grande afinidade, embora sejamos atores de estilos diferentes. De alguma forma, essa mistura é harmoniosa”, acredita ela.


                Marília se diverte com o amigo, “um maluco” no palco. E entrega: “Ele é desesperado pela gargalhada do público. Às vezes, espero essa gargalhada para retomar a cena”. A cumplicidade não para por aí. “Dependo dele quando eventualmente me perco, e Miguel sabe que estou atenta, caso ele eventualmente se perca. Há uma comunhão entre a gente. Às vezes, olho para ele como se fosse meu filho”, revela. A amizade já fez 35 anos, mas foram poucas as parcerias profissionais. “Não passam de sete, oito produções”, contabiliza Marília, revelando que um não frequenta a casa do outro. “Somos parceiros artísticos”, resume a atriz.



                três perguntas para...


                Miguel Falabella
                ator e diretor


                 
                Por que remontar agora Alô, Dolly!, antigo sucesso na Broadway encenado no Brasil na década de 1960?

                Há algum tempo, tinha a vontade de encená-lo. Ele tem uma grande importância na minha vida. Aos 8 anos, ao assistir a Hello Dolly! no Teatro João Caetano, percebi o que gostaria de fazer pelo resto da minha vida. Hoje, sinto-me realizado a cada noite.

                Como você direcionou a montagem? Por referências à peça estrelada por Barbra Streisand? Ou você optou por algo mais brasileiro?


                Sem dúvida, o sotaque brasileiro. Proponho em minha tradução a mistura de nossas referências com musicais estrangeiros, isso ajuda o público a se aproximar da realidade do musical. O meu personagem, por exemplo, poderia perfeitamente ser do interior de Minas Gerais. E Marília apresenta Dolly com humor, inteligência e charme que facilmente encantam o público.

                Montar espetáculos simples dá muita dor de cabeça. Volta e meia, você apresenta grandes montagens. De onde vem a coragem para encarar projetos caros e trabalhosos?


                Tenho a sorte de estar ao lado de atores e amigos muito talentosos. Em Alô, Dolly!, não é diferente. Sem dúvida, trata-se de belíssima superprodução. Somos 29 pessoas no elenco, 16 músicos na orquestra. Ao todo, somos 83. Existe uma entrega, uma paixão, e isso chega naturalmente ao público. Tenho o desejo de trazer musicais para cá. Assim, os jovens podem se apaixonar pelo gênero.


                A volta de Joana


                Marília Pêra já deu vida a Rafaela (em Brega & Chique, novela de 1987), Milu (Cobras e lagartos, em 2006, outro sucesso da TV), Coco Chanel (na peça Mademoiselle Chanel, em 2004) e à impactante Sueli (no filme Pixote – A lei do mais fraco, em 1980). “Todas foram maravilhosas”, comenta ela.

                Entretanto, a mais especial neste momento é Joana, protagonista de A vida escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato (1970). A peça, de Bráulio Pedroso, voltará aos palcos dirigida por Marília. Trata-se da única remontagem entre as dezenas de espetáculos estrelados por ela. “Não dá tempo de ficar refazendo o que já fiz. Falta pouco, o tempo urge. Mas adoraria, se tivesse menos 20 ou 30 anos, remontar A estrela Dalva, Callas ou Chanel, momentos deslumbrantes da minha vida”, conta.


                O apartamento da atriz guarda a história dos últimos 60 anos do teatro brasileiro. Ela conserva o próprio acervo e o dos pais, os atores Manoel Pêra e Dinorah Marzullo. Se tudo correr como planejado, em breve o público poderá ver tudo isso em grande exposição, cujo projeto está a cargo dos produtores Montenegro e Raman.


                Marília tem 70 anos – e não esconde a idade. “Penso no presente e no que virá. Quero ficar em harmonia com meu corpo e meu espírito, em não deixar de aprender sobre a vida e sobre o mundo”, diz. E confessa: a falta de tempo é um problema. “Nem tenho ido ao cinema. Vou contar uma coisa horrível: só vou a enterros e missas de sétimo dia, obrigações sociais”.


                Haja trabalho: ela fez Pé na cova para a TV, e Alô, Dolly! no palco. Quando terminar a temporada do musical, planeja voltar com a peça A atriz, de Peter Quilter – desta vez, estreando como tradutora. Mais adiante, pretende montar num stand up. “Faltam tempo e coragem para escrever alguns segredos”, diz. Nem por decreto Marília revela algum deles. “Sentada no sofá, como se fosse a Hebe, eu os contaria para a plateia. Depois poderia virar um livro”, explica, encerrando a entrevista com uma sonora gargalhada.

                Tv Paga


                Estado de Minas: 17/07/2013 



                Viagem espiritual

                Estreia hoje, às 22h30, no Discovery Channel, a série Na fé com Arthur Veríssimo. O jornalista embarca em uma busca espiritual pela América Latina, documentando os mais curiosos cultos sagrados e cerimônias religiosas. O primeiro episódio mostra o Festival de Iemanjá em Salvador (foto).


                Não adianta se iludir:
                compulsão é doença

                Outra produção nacional, mas agora no Nat Geo, a série Tabu Brasil exibe hoje, às 22h15, o episódio inédito “Compulsão”. Ou seja, vai relatar casos de pessoas que comem muito além do que um corpo saudável necessita, abdicam da vida, família e emprego por não conseguir parar de jogar e colecionam um número exorbitante de animais dentro de casa. Comportamentos por muito considerados como condenáveis mas que escondem graves transtornos.

                Nepomuceno recebe
                cineasta argentino

                No Canal Brasil, também é inédito o episódio de hoje de Sangue latino, às 21h30. Eric Nepomuceno entrevista o argentino Pablo Trapero, que fala sobre assuntos que envolvem destino, religiosidade, a perda do tempo, o espaço da utopia no mundo atual e o legado de sua geração. Trapero é produtor e diretor de cinema, realizador de filmes conhecidos por retratar a vida de pessoas comuns e, geralmente, envolvendo algum tipo de crítica social, como El bonaerense, que denuncia a corrupção policial em Buenos Aires.

                SescTV apresenta o
                Nublu Jazz Festival

                Concebido em 2009 pelo Nublu, clube de jazz e gravadora do East Village, em Nova York, o Nublu Jazz Festival já percorreu os Estados Unidos e passou pela França, Turquia e Brasil promovendo encontro entre artistas locais e estrangeiros do jazz e de outras sonoridades, como o soul, o blues, o rock e o hip-hop. No ano passado, o festval foi realizado em São Paulo, com Marginals e Rodrigo Brandão; Wax Poetic e Tulipa Ruiz; e N’ Dea Davenport e Celetrixx. O SescTV mostra tudo isso hoje, às 22h.

                Fartura de opções
                no pacote de filmes

                Quarta-feira é dia da Mostra Internacional de Cinema na TV Cultura, às 22h45, e a atração é o drama Seguindo em frente, do japonês Hirokazu Koreeda. Na faixa das 22h, o assinante tem 10 opções: Magnólia, no Glitz; Babel, na MGM; Viúvas, no Telecine Cult; O vencedor, no Telecine Touch; Prometheus, no Telecine Premium; Amor a toda prova, na HBO Plus; Sob o domínio do medo, no Max HD; 16 quadras, no ID; O enigma do horizonte, no Syfy; e Despedia em Las Vegas, no TCM. Outras atrações da programação: Jogo de poder, às 21h, no Cinemax; A fita branca, às 21h30, no Arte 1; Adrenalina, às 21h50, no Megapix; O resgate do soldado Ryan, às 22h30, no Universal; e Gatos numa roubada, também às 22h30, no Comedy Central; 

                Adeus a um grande ator‏


                Estado de Minas - 17/07/2013

                Morreu anteontem, no Rio de Janeiro, o ator Sebastião Vasconcellos. Ele tinha 86 anos e sofreu uma parada cardiorrespiratória, segundo a assessoria de imprensa do hospital israelita Albert Sabin, onde ele estava internado desde 30 de junho. Sebastião Vasconcellos tinha mal de Parkinson desde 2002, descoberto durante as gravações da novela O clone, em que ele interpretava Tio Abdul, e lutava contra uma enfisema pulmonar. Em abril, ele foi internado com pneumonia. E também sofria de depressão, segundo a mulher, Vilma Costa, com quem estava casado há 54 anos. Seu último trabalho na TV foi na novela Os mutantes, da Record. Mas foi na Globo que fez seus trabalhos mais memoráveis, como o Zé Esteves, em Tieta, pai da protagonista vivida por Betty Faria; Floriano, pai das gêmeas Ruth e Raquel, interpretadas por Glória Pires, além do Tio Abdul.

                “Sebastião Vasconcellos tinha a capacidade de imprimir caráter aos personagens que interpretava. Desde criança admirava seu trabalho e tive a honra de trabalhar com ele em dois momentos: Mulheres de areia e Memorial de Maria Moura. Era um ator que unia força e doçura, qualidades humanas imprescindíveis à arte de interpretar. Meu aplauso para esse guerreiro”, disse a atriz ao site UOL. Sebastião Vasconcellos também fez na emissora as minisséries Grande sertão: veredas, Chiquinha Gonzaga, A casa das sete mulheres e Riacho doce, entre outras. E as novelas Felicidade, Anjo mau, Selva de pedra, Andando nas nuvens e Por amor. Sua última novela no canal foi o remake de Cabocla, em 2004, quando viveu Felício. Sebastião Vasconcellos nasceu em 1927, na cidade de Pocinhos, na Paraíba. Participou da fundação do Teatro Universitário.

                Ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1955, e estreou na televisão em 1959. No teatro, integrou a Companhia de Teatro Tônia-Celi-Autran, dos atores Tônia Carrero e Paulo Autran e do diretor Adolfo Celi, e atuou nas peças Otelo e A viúva astuciosa. Foi premiado como ator coadjuvante pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT). Sebastião Vasconcellos também ganhou o prêmio Molière de melhor ator com a peça Os emigrados. No cinema, o ator participou de produções como Um caso de polícia, Assassinato em Copacabana, Índia, a filha do sol e Inocência.


                FUTURO DE GLEE É INCERTO
                DEPOIS DA MORTE DE ASTRO

                A morte do ator Cory Monteith, a poucas semanas do início da produção da quinta temporada de Glee, gerou um desafio para os criadores da série. O canadense, de 31 anos, que foi achado morto no sábado em um quarto de hotel, era parte do elenco original da comédia musical, além de ser estratégico na mensagem de tolerância transmitida pelo programa. Fora das telas, ele se relacionava com outra protagonista do programa, Lea Michele, seu par romântico na trama. Executivos da Fox Broadcasting disseram que não vão comentar o futuro de Glee, que voltará a ser produzida neste mês. Há alguns meses, a emissora renovou a produção por mais duas temporadas, prevendo manter a série no ar até 2015. A atração, porém, já enfrentava problemas bem antes da morte do ator. Depois de chegar à média de 10,1 milhões de espectadores por episódio em 2010, segundo dados da Nielsen, a audiência minguou. A quarta temporada, encerrada em maio, teve o pior resultado de todas: 8,7 milhões de espectadores por episódio. “O programa estava ficando sem tramas e meio que chegando ao fim tematicamente. A morte de Cory é uma enorme perda para o programa”, disse Ian Drew, diretor de entretenimento da Us Weekly. 

                Eduardo Almeida Reis-Hospitalares‏

                Devo admitir que a sensação de ser deificado, peço ao leitor que não espalhe, é realmente gostosa 


                Eduardo Almeida Reis

                Estado de Minas: 17/07/2013 

                No Hospital Albert Schweitzer, Bairro do Realengo, Rio, faltam remédios, leitos, médicos, enfermeiros, só não faltam as filas imensas dos pobres patrícios que recorrem ao SUS. Dia desses, Márcio Cotrim nos deu deliciosa explicação sobre o nome do bairro, que teria sido inspirado na placa dos bondes que se dirigiam para lá: Real Engº, isto é, Real Engenho, transformado em Realengo, pertinho de Bangu, onde fica o complexo penitenciário do Rio.

                Schweitzer (1875–1965) foi aquele médico e filósofo alemão que realizou belo trabalho em África; andou a pique me inspirar obra semelhante nos rios amazônicos. Prêmio Nobel da Paz em 1952, Schwitzer era primo de Jean-Paul Sartre e dizia das ideias do priminho imbecil: “Todas as opiniões são respeitáveis quando sinceras; por conta disso, Deus seguramente o perdoará”.

                Na flor dos meus 15 aninhos, um mês antes de inteirar 16, passei as férias de julho no Pantanal do Mato Grosso. O dono da fazenda pediu-me que levasse a uma senhora moradora em um rancho distante uma hora de barco, Rio Cuiabá abaixo, os remédios que lhe mandava de seis em seis meses. Canoa piracicabana, motor de popa, Colt .38 no coldre, caixas de remédios protegidas num saco plástico, temos o jovem philosopho chegando ao primeiro rancho da margem direita.

                Embiquei a piracicabana e desliguei o motor Evinrude. Pausa para explicar que piracicabana não era canoa escavada num tronco, mas barco feito de tábuas, fundo chato e equilíbrio instável, anterior aos abençoados barcos de alumínio, então raros e caros. Navegava, sim, mas era danado para emborcar pinchando n’água os passageiros sem coletes salva-vidas, inexistentes por lá.

                À porta do rancho miserável uma senhora velhíssima, que talvez tivesse uns 55 anos, descalça, em andrajos, recebeu-me como se fosse a materialização de um Deus de botas e Colt .38. Devo admitir que a sensação de ser deificado, peço ao leitor que não espalhe, é realmente gostosa. De repente, era o que sentia Schweitzer nos rios africanos.

                Naquela mesma tarde, piracicabana de volta rio acima, meti-me na moleira a ideia de estudar medicina para sair fazendo o bem pela Amazônia. Ideia que felizmente durou pouco, porque voltei das férias, conheci o chope, o charuto e a farra em companhia feminil, prazeres difíceis de trocar pela deificação nos ranchos ribeirinhos.


                Língua portuguesa
                Cristão-novo de segunda geração, meu amigo Alfredo ainda não está suficientemente cristianizado e odeia a Opus Dei, que não conheço, mas vou ver no Google. Em telefonema do Rio, o cristão-novo estava furioso com um advogado ligado à Opus Dei, cavalheiro famoso, que me parecia gente boa e teria dito em entrevista ao Jornal nacional: “Se o Congresso propor...”. Realmente, se o Congresso propuser o aprendizado da língua portuguesa para advogados famosos terá o meu aplauso, porque nosso idioma vem sendo vítima de uma série de ataques capazes de transformá-lo em língua morta antes mesmo de 2020.

                Basta dizer que os mais altos escalões desta sofrida República têm a coragem de falar em “plebiscito popular” e um plebiscito, consulta sobre questão específica feita diretamente ao povo, geralmente por meio de votação do tipo “sim ou não”, só pode ser popular. Embaladas pela mistura de prepotência, incompetência e ignorância, as mesmas autoridades falam em “corrupção dolosa”, como se existisse corrupção sem dolo, quando em direito penal corrupção é a deliberação de violar a lei, por ação ou omissão, com pleno conhecimento da criminalidade do que se está fazendo.

                Tudo isso, caro e preclaro leitor, no mesmo dia em que um repórter do SporTV perguntou ao jogador Fred se os “fluídos” do Mineirão o ajudam a fazer gols e um importante jornal, em manchete imensa, disse que determinado atleta “subiu ao alto do pódio na Polônia”. Sabemos todos que é meio difícil subir sem ser para o alto. Na rubrica esportes, pódio é plataforma onde os primeiro colocados numa competição se apresentam ao público.

                Agora, se me dão licença, vou estudar a Opus Dei depois que dei uma olhada rápida no Google para aprender que é instituição hierárquica da Igreja Católica, composta por leigos, casados, solteiros e sacerdotes, fundada em 1928 por Josemaria Escrivá de Balaguer, sacerdote espanhol canonizado em 2002.


                O mundo é uma bola

                17 de julho de 180: em Silio, Norte da África, doze pessoas são mortas sob a acusação de cristianismo. Diz a Wikipédia que é a primeira notícia que se tem de execuções de cristãos. Em 1769, alvará para proteção dos sapais e marinhas de Tavira. Sapal é terra alagadiça, geralmente junto a rios; marinha, no caso, deve ser terreno à beira-mar. Tavira é cidade algarvia no distrito de Faro. Como dá para perceber, o alvará régio de 1769 já se preocupava com o meio ambiente, o que me faz supor que dom José I, rei de Portugal, fosse do Partido Verde, mas a historiografia diz que o monarca só tinha gosto para os regalos e as aventuras escusas.

                Em 1955, inauguração da Disneylândia.

                Milagre - Delfim Netto

                folha de são paulo
                Há muitos anos, quando o Brasil era capaz de humor pedagógico exercido por um inesquecível Chico Anísio, havia uma personagem na escolinha do professor Raimundo que afirmava: "quero um vestido Dior e uma viagem a Paris". O professor então lhe perguntava: "mas se quer por que não tem"? E ela respondia: "me falta só uma coisinha, o dinheiro".
                É essa questão que parece estar na cabeça da "manada irracional" que, segundo o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, levou alguns prefeitos a vaiarem a presidente Dilma Rousseff, depois de terem recebido 15,7 bilhões de reais de repasses para melhorar basicamente os serviços de saúde e 4,7 bilhões para a construção de 135 mil unidades do programa Minha Casa Minha Vida.
                Ela não se alterou, mas não deixou por menos. Disse à manada, "Vocês são prefeitos como eu sou presidenta. Vocês sabem que não tem milagre. Quem falar que tem milagre na gestão pública sabe que não é verdade".
                Foi confortador ouvi-la, porque às vezes o governo e o Congresso parecem transacionar com milagres. O pânico revelado na tumultuada resposta de ambos à "voz das ruas" mostrou que em situação de estresse eles também podem confundir "desejos" com "recursos", com sérias consequências sobre o equilíbrio econômico sem, ao fim, corrigir os desequilíbrios sociais.
                A enfática declaração de Dilma de que não há milagre na gestão resume-se no seguinte: só podem ser distribuídos e utilizados internamente os recursos que foram produzidos (PIB), somados aos eventuais ganhos na relação de troca e ao que tomamos emprestado no exterior, que dependem, respectivamente, da conjuntura e da paciência dos credores.
                Entre 2003 e 2010, a renda interna cresceu mais do que o PIB (4,1%) devido à melhoria da relação de troca. Entre 2011 e 2013, o PIB crescerá talvez, 2,0% (2,5% para 2013) e a renda ainda menos, pela sua inversão. É urgente, portanto, cooptar o Congresso para uma agenda positiva de reformas microeconômicas que aumentem a produtividade total da economia. Descoordenado como está, sua propensão à demagogia nas vésperas da eleição poderá levá-lo a continuar a namorar com "milagres"...
                A volta ao crescimento está ligada à expansão dos investimentos privados em infraestrutura e à maturação das reformas no campo da energia e nos portos. A primeira depende de leilões bem projetados, apoiados em minuciosos "planos de trabalho" que estimulem a competição e determinem a menor taxa de retorno. Isso exige a superação da pretensão de saber que alimenta o amadorismo que os tem dominado. A segunda vai ocorrer em dois ou três anos.
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                  O medo e a multidão-Isabela de Oliveira‏

                  Estudo indica que, quando precisam escapar de um ambiente fechado, as pessoas tendem a seguir as outras e buscar caminhos já conhecidos, mesmo que não sejam a melhor alternativa. Especialistas ressaltam a importância de estratégias de prevenção 


                  Isabela de Oliveira

                  Estado de Minas: 17/07/2013 

                  No início do mês,  após cinco meses internada, Ritchieli Pedroso, de 19 anos, última vítima do incêndio na boate Kiss que ainda estava internada, recebeu alta. A tragédia, que deixou mais de 240 mortos e pelo menos 620 feridos aconteceu na cidade gaúcha de Santa Maria em janeiro. A estudante teve a felicidade de sobreviver não só à violência do fogo e à intoxicação pela fumaça mas também de escapar do tumulto que se formou no local, comportamento coletivo que aumenta ainda mais o risco de mortes em desastres como esse.


                  Segundo o matemático Nikolai Bode e o biólogo Edward Codling, pesquisadores da Universidade de Essex, no Reino Unido, nas situações de pânico, o comportamento das massas pode ser mais letal do que qualquer outro fator. Os dois afirmam isso baseados em um estudo que realizaram recentemente, no qual 185 pessoas comandavam avatares em um ambiente virtual. Na espécie de videogame, os participantes tentavam salvar seus personagens, que, presos em um prédio, precisavam escapar de ameaças que incluíam até zumbis.


                  Após analisar as decisões tomadas pelos voluntários, Bode e Codling concluíram que as reações das pessoas dependem de uma série de fatores, como o comportamento dos outros envolvidos, a estrutura do ambiente e até mesmo experiências vivenciadas anteriormente. O estudo verificou ainda que, sob pressão, tanto homens como mulheres tendem a escolher as rotas familiares para escapar, ainda que essas não sejam a melhor opção de saída. 


                  “A tendência é que as pessoas corram para onde a maioria vai. Infelizmente, às vezes, elas correm rumo ao suicídio. Por isso, é importante que os estabelecimentos forneçam informação contínua sobre saídas de emergência e onde elas estão localizadas. Não apenas uma vez, mas diversas vezes”, confirma Dickram Berberian, professor do Departamento de Engenharia da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo Ltda., empresa especializada em patologia de edificações.


                  Marcos Vargas Valentin, mestre pela Faculdade de Arquitetura da USP e secretário do Grupo de Segurança Contra Incêndio (GSI), diz que esse comportamento pode parecer irracional para quem vê a situação de fora e sabe que há outras saídas. “Entretanto, essas pessoas que estão tentando sair desconhecem as outras saídas e têm aquela como a única disponível. Brigar por ela, em vez de morrer queimado, por exemplo, parece uma escolha lógica. O pânico ainda é muito confundido com comportamento de fuga”, explica o especialista.

                  Várias entradas Para evitar que a luta pela sobrevivência piore ainda mais a gravidade de um desastre, a dupla da Universidade de Essex propõe que os locais tenham mais de uma entrada. “Uma boate, por exemplo, pode dividir as pessoas em grupos e fazer com que usem diversos acessos diferentes para entrar no local. Assim, quando precisarem sair, elas procurarão diferentes rotas e não se concentrarão apenas em uma”, sugere Bode. 


                  Segundo o estudo dos britânicos, outro fator que pode dificultar a saída da multidão é que, dificilmente, as pessoas mudam de ideia sobre a melhor rota a seguir, principalmente se estão sob grande pressão. Apenas um fator pode fazer um indivíduo mudar de caminho, que é a aglomeração exagerada de pessoas em um único ponto de saída. Mesmo assim, muitas vezes, um grande número de pessoas acaba preso no aglomerado e não conseguem buscar outra rota.
                  De acordo com o artigo The causes and prevention of crowd disasters (As causas e a prevenção de desastres em multidões), publicado em 1993 pelo especialista em análise de tráfico de pedestres John Fruin, um grupo de sete pessoas concentrado em um metro quadrado é capaz de fazer com que a multidão se comporte como uma massa fluida. A força das “ondas” exercidas por elas é capaz de levantar uma pessoa do chão e arrastá-la por 3m ou mais. 


                  Evidências encontradas em grades de ferro de ambientes onde ocorreram tragédias com multidões indicam que a força exercida sobre elas foi de mais de 450kg. Segundo Fruin, há dois tipos de reações em massa: a voo (flight) e a mania (craze). A primeira ocorre quando os indivíduos vivenciam uma ameaça real ou iminente e é, frequentemente, confundida com o pânico. No entanto, as pesquisas mostram que se trata de uma reação racional diante das circunstâncias, por vezes acompanhada de cooperação entre os indivíduos. “Não testamos isso no nosso trabalho, mas outros pesquisadores encontraram comportamentos cooperativos e até mesmo altruístas. Pessoas de grupos sociais muito unidos, como famílias, tendem a ajudar uns aos outros”, ressalta Bode.

                  Competição A outra reação comum das multidões, mania, é uma debandada competitiva entre sujeitos que desejam obter algum bem material. Um exemplo disso é o que ocorreu em Bangcoc em 31 de julho de 1984. Durante um evento budista de caridade, uma multidão de 3 mil pessoas ávidas por conseguir alimentos e roupas causou uma confusão descomunal que terminou com 19 mortes. Em casos de desespero total, muitas pessoas morrem ainda em pé. Isso ocorre porque elas não conseguem respirar, já que os pulmões estão sendo pressionados pela multidão. 


                  A prevenção é fundamental, segundo os especialistas, uma vez que, quando a situação foge ao controle, resta muito pouco a fazer. Berberian lembra o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, em fevereiro de 1974, quando mais de 190 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas. Quando os helicópteros de resgate chegaram para realizar o socorro, começou o empurra-empurra. “Todos queriam se salvar. Então um policial teve que ameaçar as pessoas com uma arma, dizendo que quem saísse da fila morreria. Isso salvou a vida de muita gente”, conta o professor da UnB. Ele destaca que o Brasil ainda é carente quando se fala em cultura de prevenção de desastres. Os exercícios de evacuação não são frequentes, e há pouca informação para aumentar as chances de sobrevivência, como se arrastar no chão para evitar os gases tóxicos de incêndios ou distribuição de máscaras em locais fechados. 


                  “Descobrimos que é impressionante como as evacuações dependem do contexto. Por exemplo, a evacuação de uma multidão de uma sala por uma porta pode ser explicada por modelos de computador que simulam os indivíduos como “partículas” que saltam fora de si e das paredes enquanto se deslocam para fora. É cada vez mais claro que existem grandes diferenças de comportamento entre os indivíduos. É a origem e a natureza dessas diferenças durante as evacuações que estamos investigando.” 

                  Problemas além dos olhos - Celina Aquino‏

                  Belo Horizonte sedia, de hoje a sábado, I Congresso Brasileiro de Neurovisão, área da medicina e da ciência que se dedica a compreender e pesquisar problemas de visão ligados ao cérebro


                  Celina Aquino


                  Estado de Minas: 17/07/2013 

                  Estudar era um sacrifício para Luiz Carlos Madureira Martins, de 54 anos. O diretor de escola tinha dificuldade de concentração, sentia dor de cabeça diariamente, não suportava a claridade e ainda enxergava as letras em movimento. “Apresentação de trabalho e prova oral tudo bem, mas escrever me matava. Também não conseguia interpretar texto, a não ser que alguém lesse para mim, mas achava que isso era normal”, relembra. Tachado de preguiçoso, ele provou que não era falta de vontade: apesar do desgaste, formou-se na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e passou em dois concursos públicos. A vida de Luiz Carlos só mudou depois do tratamento para dislexia visual, um dos problemas de visão ligados ao cérebro. Ainda pouco explorado, o tema será discutido no primeiro Congresso Brasileiro de Neurovisão, que começa hoje e vai até sábado em Belo Horizonte.

                  “Achávamos que a visão só se relacionava com o olho, mas a neurovisão nos mostra que o ato de enxergar também está no processamento cerebral”, esclarece o oftalmologista Ricardo Guimarães, do Hospital de Olhos, um dos idealizadores do evento. Em torno de 90% do nosso cérebro processa informação visual, ou seja, não dá para dizer que um paciente tem visão normal apenas com o teste positivo das letrinhas. Comparando com uma máquina fotográfica, o especialista detalha que os olhos são as lentes. As células que processam as imagens estão no cérebro. Estima-se que de 15% a 20% da população mundial tem algum tipo de problema neurovisual.
                  Guimarães se interessou por neurovisão depois de perceber que algumas crianças apresentavam dificuldade de leitura que não eram explicadas pelo exame oftalmológico básico. Há cinco anos, ele propôs parceria com a UFMG para criar o Laboratório de Pesquisas Aplicadas à Neurovisão (Lapan), que hoje estuda os problemas de visão ligados ao cérebro e desenvolve equipamentos para diagnóstico. A equipe já treinou mais de cinco mil profissionais de saúde e educação, em 22 estados, para que possam a ajudar a identificar a limitação. “Só de saber que a criança tem uma dificuldade você deixa de puni-la achando que ela é preguiçosa. Muitas são colocadas para fora de sala porque não conseguem atender o comando do professor”, conta o oftalmologista.


                  Assim como Luiz Carlos, as crianças com problema de neurovisão costumam ter hipersensibilidade à luz, não gostam de ilusão de ótica, sentem náusea em movimento (andando de carro, por exemplo) e se queixam de dor de cabeça. Quase sempre são diagnosticados erroneamente como dislexos.

                  A neurocientista paraibana Caroline Costa Gomes Alencar, coordenadora do Lapan, entende que os médicos devem investigar causas neurológicas em crianças com queixas visuais que não têm indicação para usar óculos. “Cerca de 40% das pessoas com transtorno de aprendizagem têm um problema de neurovisão não diagnosticado, que passa despercebido, mas era fácil de ser resolvido”, pontua. É comum detectar problema de movimentação ocular. Um olho não consegue acompanhar o outro durante a leitura e as letras acabam se mexendo, o que provoca dor de cabeça. A especialista alerta que, quanto mais cedo chegar o diagnóstico, menor o impacto na vida escolar da criança.

                  RASTREAMENTO De acordo com Caroline Alencar, a limitação se manifesta de acordo com a área do cérebro afetada. Para detectar onde está o problema, o Hospital de Olhos submete os pacientes à técnica de sensibilidade ao contraste, usada há mais de 100 anos em laboratório nos Estados Unidos. “Ver letra pequena não é uma habilidade tão importante para a visão quando o contraste. É uma função totalmente cerebral, que não depende da estrutura do olho”, informa. Depois de analisar a maneira como a pessoa recebe os diferentes estímulos, é possível fazer uma varredura do funcionamento do cérebro. A área de bioengenharia do Lapan está desenvolvendo outros testes que consigam avaliar a localização e o grau do problema.
                  Há também testes sensíveis de rastreamento ocular. Usada como ferramenta de marketing, para descobrir, por exemplo, para onde o consumidor olha primeiro quando entra no supermercado, o equipamento agora aplicado na neurovisão acompanha os movimentos sutis dos olhos durante a leitura.

                  O tratamento também é bastante simples. “Como o cérebro é feito de neurônios, células que conseguem se recuperar em certo nível, quem tem lesão em algumas áreas pode apresentar melhora”, relata a neurocientista. Outra alternativa são filtros coloridos que podem ser colocados nos óculos ou nas lentes de contato. Caroline explica que, normalmente, o paciente tem sensibilidade a uma única cor, que não é processada corretamente e causa confusão. Usando a lente como bloqueio, as 300 crianças participantes de um estudo do Lapan alcançaram melhora imediata de 230% na qualidade da leitura, podendo compreender o texto. O acompanhamento deve ser anual, porque o cérebro precisa ser treinado.

                  Luiz Carlos Madureira Martins só descobriu a dislexia visual porque a filha, com os mesmos sintomas, recebeu recentemente o diagnóstico. Há oito meses usando óculos com lente azul, ele revela que está mais concentrado e tem mais facilidade para escrever. Até o humor melhorou. Na escola, o diretor fica atento aos alunos e incentiva os pais a buscar tratamento.

                  Vôce Sabia?
                   O daltonismo é um problemas visuais ligados ao cérebro. O defeito está nas células nervosas da retina que percebem as cores verde e vermelha.

                   Qualquer problema na primeira área do cérebro que recebe o estímulo visual pode provocar o que se chama de cegueira cortical, felizmente reversível. A pessoa não enxerga, mas tem os olhos intactos.

                   Pacientes com depressão de fato veem o mundo mais cinza. Quando você está com uma tristeza profunda, o sistema de transmissão no cérebro muda todo, inclusive para perceber as cores.

                   A ciência ainda precisa avançar para dar uma resposta definitiva, mas suspeita-se que os problemas de neurovisão venham do nascimento ou surjam durante o desenvolvimento da criança.

                    Ter dificuldade para subir escada rolante, dirigir ou ler um livro na fase adulta pode não ser estresse, frescura ou labirintite. Muitas vezes, a pessoa está com problema no processamento cerebral de imagens.

                   Nos Estados Unidos, os motoristas passam por teste de sensibilidade ao contraste. Mais importante que conseguir letras pequenas, é ter a capacidade de enxergar uma placa pouco nítida.

                  Ruy Castro

                  folha de são paulo
                  Imagens 'recuperadas'
                  RIO DE JANEIRO - Na sequência de algum quiproquó em campo, o narrador do futebol pela TV anuncia com orgulho que vai passar as "imagens recuperadas" do jogador X dando uma banana para a torcida. Ou do bandeirinha Y tirando ouro do nariz. Dá a entender que há câmeras por todo o estádio e que até o menor detalhe está sendo capturado. E está mesmo. Mas por que dizer que essas imagens foram "recuperadas"?
                  Imagens "recuperadas" deveriam ser aquelas que se julgavam perdidas há décadas ou que nem se sabia que existiam. Como cenas a partir do convés do Titanic durante seu afundamento, em 1912, que tivessem ido para o fundo do mar junto com os Laliques e Gallés, e só há pouco descobertas. Ou as de Getúlio Vargas, já de pijama e chinelo, a minutos de se matar com o tiro no peito, em 1954, tomadas por Virginia Lane, por acaso debaixo da cama de Getúlio no Catete. Ou o áudio e o vídeo de Vicente Celestino cantando o clássico da bossa nova "O Pato", com pompa operística, num programa de auditório em 1960.
                  Nada disso se aplica a mostrar o que jogadores, treinador, juiz ou torcedores fizeram tão pouco antes. E, como estas não eram imagens perdidas, não têm como ser "recuperadas". Mas me divirto quando o narrador usa a expressão. Reflete nosso esforço para dar um verniz em tudo que fazemos, por mais banal.
                  E, de fato, há passagens no futebol que, se chegaram a ser filmadas, imploram para ser recuperadas --de verdade. Uma delas, a suposta bofetada do uruguaio Obdulio Varela no rosto do nosso Bigode, na final da Copa de 1950. Ou Garrincha, enquanto profissional (não depois de ter parado), chamando algum adversário de "João". Ou o alvoroço em torno de Ronaldo na concentração do Brasil, a duas horas do jogo contra a França na Copa de 1998.
                  Essas, sim, seriam "recuperações" a se anunciar em estéreo e Dolby.

                  O mundo de Lula - Fernando Rodrigues

                  folha de são paulo
                  BRASÍLIA - Luiz Inácio Lula da Silva escreveu um artigo para o jornal "The New York Times" a respeito da onda de protestos de rua pelo Brasil.
                  O ex-presidente usa o texto para duas finalidades. Primeiro, faz um autoelogio sobre seu governo e a ampliação da sociedade de consumo. Depois, aponta razões da insatisfação dos brasileiros. Aí, claro, o responsável é um sujeito oculto.
                  O PT está no comando do país há dez anos e meio, com Lula e Dilma Rousseff. É mérito petista o aumento do mercado consumidor. Mas está nesse mesmo escaninho a responsabilidade pelo que não foi realizado.
                  "Eles [os manifestantes] querem uma melhoria na qualidade dos serviços públicos", escreve Lula. É verdade. E prossegue: "As preocupações dos jovens não são apenas materiais (...) Acima de tudo, eles demandam instituições políticas que sejam mais limpas e transparentes, sem as distorções do sistema político-eleitoral anacrônico brasileiro, que recentemente se mostrou incapaz de conduzir uma reforma".
                  Como assim? O "sistema" se mostrou incapaz? De qual sistema Lula está falando? O ex-presidente escreve como se não tivesse se esbaldado por oito anos em abraços com tudo o que ele próprio rejeitara no passado, inclusive xingando em público --como Fernando Collor e José Sarney.
                  Chega a ser comovente o esforço de Lula para se aproximar dos manifestantes que foram às ruas. Ele prega a renovação dos partidos, inclusive do PT. A proposta é curiosa.
                  Lula manda no PT. O que foi realizado para modernizar o petismo nos últimos dez anos? Nada, exceto distribuir cargos públicos a filiados.
                  "Enquanto a sociedade entrou na era digital, a política permaneceu analógica", escreve Lula. Já ele próprio entrou numa era de distanciamento. Até porque, se desejasse, poderia ter ido também à rua dialogar com os indignados durante o mês de junho. Mas o petista prefere escrever artigos para o "New York Times".
                  fernando.rodrigues@grupofolha.com.br