segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Cadeia exclusiva para travestis e transexuais

Correio Braziliense - 14/10/2013

Principais vítimas de abusos sexuais e torturas físicas e psicológicas no cárcere, homossexuais de quatro estados já podem cumprir pena em alas separadas dos demais detentos. Para o CNJ, a criação de espaços destinados ao grupo deve ser uma política de caráter nacional


Vítimas constantes de abusos em presídios, homossexuais, travestis e transexuais devem ter o direito de cumprir pena em alas separadas de outros detentos. O Conselho Nacional de Combate à Discriminação contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis, formado por 15 órgãos do governo federal e 15 da sociedade civil — ligado à Secretaria de Direitos Humanos (SDH) —, já tem um esboço de  resolução que recomenda a criação desses espaços. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também deve elaborar uma recomendação nesse sentido. Enquanto não há uma regra oficial, a SDH tem termos de compromisso assinados com 16 estados para elaborar ações voltadas à população carcerária LGBT e à capacitação de profissionais para lidar com o grupo. A principal medida é, justamente, a construção de alas separadas em presídios.

Hoje, Mato Grosso, Paraíba, Rio Grande do Sul e Minas Gerais reservam espaços exclusivos para os detentos homossexuais. A partir do ano que vem, Bahia também deve adotar o sistema. Segundo o coordenador da área LGBT da SDH, Gustavo Bernardes, embora não exista uma estatística oficial, a secretaria recebe constantemente denúncias de abusos sexuais, psicológicos e tentativas de homicídios contra homossexuais apenados. “Pensamos na vida. Se ela está em risco, preferimos mantê-las (travestis e transexuais) separadas. Por isso, estamos construindo uma orientação dentro do Conselho Nacional LGBT e vamos encaminhá-la ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penintenciária”, disse. A resolução deve ficar pronta no fim do mês e vai propor que a entrada na ala exclusiva seja uma opção do detento.

O conselheiro do CNJ Guilherme Calmon considera a medida importante. Para ele, a proposta é encarada como uma forma de prevenir a violência e reconhecer a pessoa como ela se vê. Ele cita o exemplo das transexuais, que se reconhecem como mulher, mas têm que cumprir pena em unidades masculinas, a não ser que tenham se submetido à cirurgia de mudança de sexo. “Trata-se do grupo mais sujeito a violações. É a parcela mais vulnerável. Por isso, a criação das alas pode vir a ser uma recomendação do CNJ.” Para ele, a orientação pode complementar a resolução do CNJ deste ano que prevê o casamento entre pessoas do mesmo sexo e permite visitas íntimas nos presídios. “Devemos iniciar um levantamento sobre a questão, provavelmente no fim do ano”.

Boas experiências

Minas Gerais foi o primeiro estado a oferecer alas LGBT em presídios, em 2009. Atualmente, há 34 detentos — a capacidade máxima — no espaço exclusivo da Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, no município de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Como a experiência deu certo, neste ano foi criada uma ala LGBT no Presídio de Vespasiano, também na Região Metropolitana, onde 33 homossexuais cumprem pena.

O Presídio de Porto Alegre foi o segundo a ter espaços exclusivos para o grupo LGBT, criados em abril de 2012. “Tínhamos muitas denúncias de que as travestis e transexuais eram vítimas de abusos sexuais e psicológicos e de preconceito. Elas também tinham de carregar material pesado para os homens, entre outras violações”, conta a coordenadora da assessoria de Direitos Humanos da Superintendência dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul, Maria José Diniz. Segundo ela, a ala recebe em média 40 detentos, e não há, até agora, registro de violência.

Na Paraíba, as alas para travestis e transexuais funcionam há pouco mais de dois meses nos presídios Roger, na capital, e Serrotão, em Campina Grande. “Neste pouco tempo de funcionamento, já é possível visualizar vantagens na questão da segurança e da integridade física dos detentos. Parentes dizem que estão um pouco mais tranquilos após a medida. Não visualizamos desvantagens”, informou a Secretaria de Justiça, em nota.

Em Mato Grosso, a ala foi criada há sete meses e, hoje, abriga seis presos, que precisam trabalhar e estudar para garantir a permanência no local exclusivo.





"Trata-se do grupo mais sujeito a violações, é a parcela mais vulnerável. Por isso, a criação das alas pode vir a ser uma recomendação do CNJ”

Guilherme Calmon,
membro do Conselho Nacional de Justiça





Palavra de especialista

Exigência positiva


“A demanda pela criação de alas separadas para o grupo LGBT é, principalmente, voltada para travestis e transexuais. Registradas como homem, elas são estupradas na cadeia e lá vivem todo o tipo de horror. Também há casos de violência contra homens gays, por isso, é interessante separá-los, caso eles queiram. A criação das alas exclusivas é uma demanda que vem do próprio grupo LGBT. Por isso, vejo como muito positiva a ideia de lidar com esse dilema”

Jaqueline Gomes, doutora em psicologia social

Partidos são, de fato, necessários? - RENATO JANINE RIBEIRO

VALOR ECONÔMICO - 14/10/2013

Partidos são para sociedades individualistas; se quisermos laços sociais ricos, pensemos na ideia sul-africana de Ubuntu



As decisões do TSE, negando registro ao Rede e concedendo-o a dois partidos desconhecidos, suscitam uma pergunta radical: partidos são mesmo necessários? Ainda mais porque o Rede, embora seja partido, defende candidaturas avulsas, como há em vários países do mundo. O assunto merece debate.

Uma forma de democracia - a democracia dos partidos - triunfou após a II Guerra Mundial. A democracia é o poder do povo, mas há vários modos de implantá-lo. A democracia dos partidos é típica só de nossa época, tão diferente da Atenas antiga, mas tem o grande mérito de ser o modo pelo qual ela, finalmente, se globalizou. Só que isso traz problemas sérios. Convém apontá-los, até porque um lugar comum brasileiro sobre o aprimoramento da democracia passa pelo mantra de que a democracia depende de partidos fortes, ponto esse que foi contestado nas ruas em junho.

Essa forma de democracia é criação anglo-saxônica. Consolida-se no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá. Espraia-se pela Europa ocidental. Ganha o mundo ao se difundir pela Ásia (Índia, Japão), América Latina e Europa oriental. Só que exige uma sociedade constituída por indivíduos livres, mas individualistas. Supõe que cada um de nós tome decisões rompendo com seus vínculos de grupo. Essa liberdade do indivíduo em face dos outros e de sua história é sua maior condição. Mas não é óbvio que isso sempre seja bom. E essa não é a única forma boa de democracia.

Porque esse experimento histórico é problemático. Primeiro, exclui do poder quem não pertence ao partido (ou à coligação) que vença as eleições. Quem perde a eleição não pode cooperar com o poder. Isso é desnecessário e mesquinho. A divisão em facções faz que o vencedor não só assuma a liderança política, mas aparelhe o Estado. Disso é acusado o PT, mas o PSDB não faz por menos - basta ver a preferência da TV Cultura por entrevistados tucanos numa área, o jornalismo, que deveria ser imune a injunções partidárias. Assim é a democracia dos partidos.

Isso decorre de um segundo defeito. A frase do catolicismo triunfante - "Não há salvação fora da Igreja" - cabe aqui: não há política fora dos partidos competitivos. Temos poucas opções de participação política. Há partidos para vários gostos. Mas quem não se encaixar nos poucos com chances de êxito eleitoral só haverá de falar, sem agir: "Verba, non acta".

Terceiro, cai a pluralidade de opiniões. Quando o PDT se constituiu, fez um debate para tomar posição sobre a condição feminina. O tema é crucial, mas não é óbvio que um partido deva ter posição única a respeito. Recordo uma reunião da revista "Teoria e Debate", do PT, de cujo conselho eu era membro, na qual um militante defendeu que o periódico discutisse o que seria o modo petista de amar. Ora, petistas amariam de forma diferente de peemedebistas? Entendo a preocupação generosa de democratizar o mundo afetivo. Mas me choca ver até onde vai a partidarização de um mundo complexo.

Partidos evocam o verbo partir: cindir, rachar, dividir. Nascem da ideia de que a sociedade não precisa ver o mundo de uma só forma, de que o conflito é legítimo e até mesmo a norma em nosso mundo - uma tese positiva, aberta, com a qual concordo. Mas o máximo que conseguimos é, em vez do pensamento único, dois ou três pensamentos.

Essa política não serve em sociedades de forte teor grupal. Para nós, ocidentais, soa absurdo que em eleições democráticas tribos votem de forma unida, tribalizando a política, rachando a sociedade segundo linhas étnicas, negando a liberdade individual de cada um escolher livremente o seu caminho. Mas, se para mim o principal for o laço com meus próximos, por que não? Se na Bolívia, hoje um Estado plurinacional, uma aldeia discutir o que lhe convém mais nas políticas públicas e seus moradores votarem coesos nas eleições, por que não? Mas, aí, a liberdade individual não faz sentido. O indivíduo faz pouco sentido.

Uma expressão resume essa visão que contrasta com a democracia vitoriosa de nosso tempo. É a palavra Ubuntu, a grande contribuição da África do Sul ao pensamento mundial. Quer dizer algo como "Somos, logo sou" - uma alternativa ao "Penso, logo existo", que desde Descartes molda a experiência ocidental com base no indivíduo racional. Ubuntu é "eu existo a partir de minha rede de relações sociais". Nada sou, sozinho. É uma ideia que faz sucesso, mundo afora, na área da educação. Vejam na internet o "Vamos ubuntar", que Lia Diskin escreveu para a Unesco. Devemos levar essa ideia para a organização política - porque pode criar uma sociedade na qual se dispute, sim, a hegemonia, mas não com base em indivíduos e sim em redes, e na qual não mais se promova a exclusão do derrotado.

Não estranha que o partido que não conseguiu registro de partido se chame "rede". Uma rede é horizontal, não vertical. Procura juntar o maior mundo de pessoas, em vez de excluir. Sequer deveria estabelecer lideranças - embora seja difícil fazer política sem elas, e Marina seja a líder mais inconteste que o Brasil viu desde Brizola e Lula. Não acredito que uma política funcione sem hegemonias atribuídas pelo voto. Mas dá para fazer política sem impor, a todos, que para participar do poder se encaixem numa das poucas identidades disponíveis (no Brasil, o duelo petistas/tucanos), e sem que o derrotado na disputa perca tudo. Abrir mais as identidades e admitir a participação no poder mesmo dos vencidos já bastaria para um avanço político notável. Mas isso supõe uma redução significativa do poder dos partidos, e que se aposente o mantra de que não há salvação fora deles.

Os bichos do Poetinha - Walter Sebastião

Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes


Walter Sebastião

Estado de Minas: 14/10/2013 



Adriana Calcanhotto assumiu de novo a persona de Partimpim na releitura de A arca de Noé    (Sony/divulgação)
Adriana Calcanhotto assumiu de novo a persona de Partimpim na releitura de A arca de Noé

Está chegando às lojas nova edição do disco A arca de Noé, criação clássica de Vinicius de Moraes (1913 –1980) com os parceiros Paulo Soledade e Toquinho, lançado em 1980. As canções ganham agora as vozes de Maria Bethânia, Seu Jorge, Péricles, Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Pagodinho, Arnaldo Antunes, Mart’nália, Erasmo Carlos, Chitãozinho & Xororó, Gal Costa, Mariana de Moraes, Ivete Sangalo e Buraka Som Sistema, Chico Buarque, Maria Luiza Jobim, Adriana Partimpim (Calcanhotto), Marisa Monte, Orquestra Imperial, Miúcha e Paulo Jobim. O disco se soma aos vários projetos ligados ao centenário do Poetinha, que será celebrado no sábado.

O produtor Dé Palmeira – que assina o trabalho com Adriana Calcanhotto e Leonardo Netto – conta que o projeto se originou no sonho antigo de Suzana de Moraes, filha do poeta e mentora da empreitada. “Ela achava que as crianças de hoje não se identificavam com a versão antiga e queria dar nova roupagem para as músicas”, explica Dé. Algumas canções ganharam ritmos diferentes. Do original ficaram arranjos do maestro Rogério Duprat (1932 – 2006), um dos pilares do tropicalismo, “para mantê-lo perto de nós”, diz Palmeira. O disco é dedicado a Duprat, a Toquinho e ao jornalista Fernando Faro, responsáveis pelo álbum original.

Organizar o projeto foi particularmente divertido, conta Dé Palmeira, pois o trio de produtores ficava imaginando e imitando quem poderia cantar cada música. “Houve casos em que os personagens escolheram as canções. Só consigo imaginar Ivete Sangalo ou Zeca Pagodinho para cantar, respectivamente, Galinha d’Angola e O pato”, garante. Todos os convidados aceitaram a proposta, mesmo porque, alguns deles, como Mart’nália, cresceram ouvindo aquelas canções. O repertório do novo disco foi selecionado entre as faixas dos dois volumes originais de A arca de Noé, priorizando letras sobre bichos.

“Num mundo tão careta, mesquinho e chato como o que estamos vivendo, precisamos da loucura, da maluquice e do jeito caótico de Vinicius para equilibrar a nossa existência”, garante Palmeira. “A arca de Noé mostra o quanto a vida pode ser mais divertida”. Para o produtor, a permanência do repertório se deve ao fato de o poeta falar para as crianças sem afetação ou trejeitos. E também porque aquelas canções têm “camadas de significados”, que podem ser ouvidas por adultos.

Latinos Dé Palmeira diz que o mercado da música dedicada ao universo infantil ainda é mal explorado. “O importante nem é fazer canções para as crianças, mas trazê-las para o nosso lado, sentar com elas e ouvir tudo o que tem qualidade, seja Led Zeppelin, Pixinguinha ou Bryan Ferry. Elas vão ouvir do jeito delas e os adultos da maneira deles”, observa. O produtor conhece bem o público infantil, pois assinou Partimpim 1, 2 e 3, de Adriana Calcanhotto (ou Adriana Partimpim, nome usado nos trabalhos para crianças).

No momento, entre outros projetos, Dé, ex-Barão Vermelho, está envolvido com o primeiro disco da banda Panamericana, formada por Dado Villa-Lobos (ex-Legião Urbana), Charles Gavin (ex-Titãs) e Toni Platão (Hojerizah). O projeto tem versões em português de temas do rock latino dos anos 1980 (Fito Paez e Charly García, entre outros), chegando a produções mais recentes. “Há excelentes surpresas”, avisa, contando que se trata de repertório pouco conhecido devido à falta de integração entre as culturas dos países do cone sul.

SAIBA MAIS - Letra e música

O disco A arca de Noé 1 foi lançado em 1980, três meses depois da morte de Vinicius de Moraes. Foi criado a partir de livro de poemas feito para Suzana e Pedro Moraes, filhos do poeta, lançado em 1950. A versão brasileira veio depois do álbum lançado em italiano (L’Arca – Canzone per bambini), de 1972. A produção brasileira reuniu nomes ilustres: o artista gráfico Elifas Andreato, Rogério Duprat – maestro ligado a movimentos de vanguarda – e cantores importantes da MPB, como Chico Buarque, Milton Nascimento e Elis Regina, além de sensações do momento, como As Frenéticas. Além dos temas musicados por Paulo Soledade, novas canções da parceria com Toquinho entraram no disco. A arca de Noé 2 saiu em 1981.



A ARCA DE NOÉ


Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes (Sony/divulgação)
Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes

>> Sony Music

>> Com Maria Bethânia, Seu Jorge, Péricles, Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Pagodinho, Arnaldo Antunes, Mart’nália, Erasmo Carlos, Chitãozinho e Xororó, Gal Costa, Ivete Sangalo, Buraka Som Sistema, Chico Buarque, Marisa Monte, Adriana Partimpim, Orquestra Imperial, Miucha, Paulo Jobim, Maria Luiza Jobim e Mariana de Moraes. Vinicius de Moraes canta A casa.

Tv Paga

Estado de Minas: 14/10/2013 



 (Juliana Coutinho/Divulgação)

Do shopping para a horta

O Dia das Crianças foi comemorado a valer no fim de semana em vários canais, mas quem disse que a festa acabou? Pelo menos hoje, no Gloob, tem uma novidade: a estreia da novelinha Gaby Estrella, que passa a ocupar a faixa das 20h, de segunda a sexta-feira. Protagonizada por Maitê Padilha (foto), a trama trata de temas como amizade, mudanças e descobertas, sempre com muita diversão, a partir da história de uma menina de 12 anos que se muda da cidade grande para o interior. Em tempo: na Warner, estreia, às 20h, a série cômica Super fun night, com a gordinha Conan O’Brien.

Filhas de pastor vão se
revelar muito saidinhas


Outra novidade de hoje é a série Filhas do bom pastor, às 22h, no canal Bio. A produção mostra que santo de casa não faz milagre, e para isso conta com as adolescentes Taylor Coleman e Olivia Perry, de 18 anos, e Kolby Koloff, de 16. Como todas as garotas dessa idade, elas têm conflitos familiares, apaixonam-se e precisam aprender a lidar com os hormônios em ebulição. Detalhe: filhas de pastores, as meninas devem dar exemplo à comunidade. No primeiro episódio, as três comprovam que são tudo, menos anjos: Taylor compartilha suas fantasias com as outras duas, enquanto Kolby pede permissão para um encontro.

Viciados contam como
se livraram das drogas

As drogas provocam uma cadeia de reações químicas e sensações que o sistema nervoso não consegue, por si só, reproduzir na mesma intensidade. Também é imensa a dificuldade para reverter o quadro de dependência química e a rapidez com a qual ele se desenvolve. Por isso são comuns relatos de famílias que sofrem em decorrência do vício e de suas consequências. Esse é o teor da nova série do Discovery Channel, Sobrevivi às drogas, que estreia hoje, às 22h30, com o relato de seis viciados em processo de recuperação. Dois
são brasileiros.

Documentário mostra os
bastidores de Hollywood


A HBO vem com o pacote de novos documentários que começou a desembrulhar na semana passada com Pussy Riot – Um protesto punk. Para hoje, a atração é Diretor de elenco,   exibido no Festival do Rio 2013. Dirigida por Tom Donahue, a produção faz um apanhado dos últimos 50 anos da história de Hollywood. Ela é contada sob a perspectiva de um herói anônimo, geralmente esquecido: o diretor de elenco.

Há muitas alternativas
para quem curte cinema


Na programação de cinema, o destaque é a estreia de Bem-vindo à vida, com Chris Pine, Elizabeth Banks e Olivia Wilde, às 22h, no Telecine Premium. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: Cidade de Deus, no Telecine Action; Ninguém é perfeito, no Telecine Touch; Protegendo o inimigo, no Telecine Pipoca; O príncipe do deserto, na HBO HD; Hotel Transilvânia, na HBO 2; Vanilla sky, na MGM; Frida, no Sony Spin; e Campo dos sonhos, no TCM. Outras atrações: Kick-ass – Quebrando tudo, às 19h50, no Universal; A outra, às 21h, no Cinemax; Nunca fomos tão felizes, às 21h50, no Max; O grão, às 22h30, no Cine Brasil; e As aventuras de Agamenon, o repórter, às 22h30, no Megapix.

Caras & Bocas Simone Castro

Estado de Minas: 14/10/2013 


Giovanna Antonelli faz o papel dela mesma no seriado Pé na cova (Alex Carvalho/TV Globo)

Giovanna Antonelli faz o papel dela mesma no seriado Pé na cova


Dia da estrela

No episódio de amanhã de Pé na cova (Globo), o Irajá vai receber visita inesperada: Giovanna Antonelli. A estrela desembarca por lá depois de se envolver em confusão na Avenida Brasil. Ela larga o carro com tudo dentro, foge e é socorrida por Juscelino (Alexandre Zachia). Levada à funerária de Ruço (Miguel Falabella), a artista causa o maior rebuliço. A família Pereira fica nervosa com a presença da celebridade e até troca o nome de Giovanna. Na novela fictícia que passa na TV, a atriz faz o papel de Cristina e contracena com Felícia (Márcia Cabrita). Aos poucos, anfitriões e convidada relaxam. Giovanna se deixa levar, divertindo-se a valer com as excentricidades dos moradores do subúrbio.

ESPECIAL DE ROBERTO
CARLOS E CONVIDADOS

 Lulu Santos, Erasmo Carlos e Tiago Abravanel, no papel de Tim Maia, são os convidados do especial de fim de ano de Roberto Carlos, que vai ao ar em dezembro. O cantor comemora seus 40 anos na Rede Globo. A gravação está marcada para 23 de novembro, no Rio de Janeiro.

NETO VAI ENCERRAR
TELETON COM O AVÔ

Por falar em Tiago Abravanel, o ator e cantor estará no Teleton, maratona anual promovida pelo SBT para arrecadar doações para entidades sociais. A emissora faz parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). A TV Globo liberou a participação de Tiago, que interpreta Odilon em Joia rara. A maratona vai ao ar nos dias 25 e 26. O ator encerrará a atração ao lado do vovô Sílvio Santos.

CAIO BLAT RECEBE
TROFÉU EM SANTOS

O Festival de Cinema de Santos – Curta Santos abre oficialmente sua 11ª edição amanhã, às 20h30, no Teatro do Sesc, naquela cidade paulista. O ator Caio Blat, que interpreta o monge budista Sonan em Joia rara, receberá o Troféu Cláudio Mamberti por sua contribuição à sétima arte nacional.

NOVO PAR PODE SER
FORMADO EM NOVELA

Filipinho (Josafá Filho) voltará ao país na reta final de Sangue bom (Globo). E com novo – e surpreendente – relacionamento. Antes de se mudar para Nova York, ele assumiu ser homossexual. Agora reencontrará Xande (Felipe Lima), que se mostra balançado. Vai rolar?

PROGRAMA
GANHA PRÊMIO

Repórter eco, da TV Cultura, é o vencedor do Prêmio de Reportagem sobre a Mata Atlântica 2013 com a matéria “Serviços ambientais”. Feita pela jornalista Cláudia Tavares, ela foi exibida em maio de 2012. A jornalista mostra os efeitos do projeto de incentivo fiscal do governo de São Paulo a proprietários de trechos da mata atlântica. Eles preservam a floresta nativa e prestam serviço ambiental à sociedade, contribuindo para a biodiversidade. É a terceira vez que o programa conquista o 1º lugar no concurso. Repórter eco é exibido aos domingos, às 17h30.

VIVA - Sandra Corveloni e Genésio de Barros fazem a diferença como o casal Neide e Amadeu em Amor à vida. Cenas recentes da dupla merecem aplausos.

VAIA - Em Joia rara, a atriz Mel Maia (Pérola) repete momentos que lembram Avenida Brasil. Daquela vez, a personagem da garota foi abandonada no lixão.

FEIRA DO LIVRO » Balanço positivo‏

Brasil espera conquistar espaço no mercado editorial globalizado depois de participar da Feira do Livro de Frankfurt, encerrada ontem. Perspectivas são promissoras para o país


Ana Clara Brant

Estado de Minas: 14/10/2013 


Pavilhão foi montado especialmente para atrair a atenção para a cultura e a literatura brasileiras (Boris Roessler/AFP)
Pavilhão foi montado especialmente para atrair a atenção para a cultura e a literatura brasileiras

Frankfurt – O bastão agora está com a Finlândia, o convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt em 2014. Ilustre homenageado da edição encerrada ontem, o Brasil espera faturar com os holofotes do maior evento do mercado editorial do mundo. Geralmente associada a paraíso tropical e exótico com sua gente cordial e mulheres bonitas, a imagem do país ganhou outra faceta com o polêmico discurso do escritor mineiro Luiz Ruffato, que, na abertura do evento, listou impasses estruturais brasileiros como violência, racismo, intolerância, discriminação sexual e desigualdade social. Tudo isso é tema da literatura contemporânea produzida no país.

A polêmica, aliás, não se resumiu a Ruffato. Paulo Coelho, o brasileiro que mais vende livros no mundo, recusou-se a participar do evento, reclamando dos critérios do governo federal para selecionar autores convidados. A feira serviu também de palco para escritores criticarem duramente o movimento Procure Saber, formado por astros da MPB contrários à publicação no país de biografias não autorizadas. Biógrafos atacaram a volta da censura por parte de músicos censurados durante a ditadura militar.

Tantas polêmicas não impediram o balanço positivo para o Brasil, acredita Jürgen Boos, presidente da Feira do Livro de Frankfurt. O evento deixou claro que o país está preparado para deixar de ser apenas consumidor de direitos autorais. A Câmara Brasileira do Livro (CBL), aliás, espera colher os frutos ainda neste ano. Karine Pensa, presidente da CBL, informou que o país vendeu para o exterior US$ 1,2 milhão em direitos autorais em 2012, contra US$ 880 mil em 2011 e US$ 495 mil em 2010. As perspectivas para este ano são promissoras, adianta ela.

QUADRINHOS O último dia da feira reuniu várias gerações de quadrinistas brasileiros. Conversaram com o público o veterano Mauricio de Sousa, o mineiro Marcelo Lelis, ilustrador do Estado de Minas, e renovadores da graphic novel nacional, como Fábio Moon e Gabriel Bá, Fernando Gonsales e Lourenço Mutarelli. Ziraldo não pôde comparecer. Sábado, ele recebeu alta de um hospital de Frankfurt depois de passar por um cateterismo.

Mauricio de Sousa revelou ter sido boicotado por uma grande distribuidora nos anos 1980, o que o fez desistir do mercado europeu. A Turma da Mônica havia chegado até o continente, especialmente à Alemanha, com tiragens de 60 mil exemplares. Um jornaleiro da Suíça revelou-lhe que bancas recebiam ordens de uma grande distribuidora, temerosa de concorrência, para devolver as revistinhas à editora.

Atualmente, Mauricio publica em 50 países e está feliz com a recepção de leitores de outras culturas a seu trabalho. “Na Argentina e na Índia, por exemplo, a criançada acha que Mônica e Cebolinha são de lá. Faço questão de criar histórias regionais para cada lugar. Isso faz dos dois personagens universais”, destacou.

Marcelo Lelis acredita que o Brasil conseguiu cumprir bem o seu papel na feira. “Estamos ainda um pouco longe desse mercado, mas o que foi mostrado na Alemanha representa corretamente o que somos. É muito bacana o reconhecimento dos quadrinistas brasileiros aqui. Muitas vezes, nem temos tanto espaço no Brasil”, avaliou.

O mineiro divertiu a plateia ao falar do início de sua carreira. “Sou do tempo em que os únicos quadrinhos que a gente via eram cartilhas ensinando a tirar leite de vaca, cuidar de galinha. Assim foi o meu primeiro contato com o cartum”, contou.

>>  A repórter viajou a convite do Governo de Minas

A FEIRA
300 mil visitantes em seis dias

60 mil pessoas visitaram o pavilhão do Brasil

106 países participantes


Adeus em tom político

Publicação: 14/10/2013 04:00

Desenhos de crianças alemãs que conheceram Daniel Mundukuru (Frankfurter Buchmesse/divulgação  )
Desenhos de crianças alemãs que conheceram Daniel Mundukuru

Frankfurt – “Uma declaração de amor ao Brasil”. Assim o escritor Paulo Lins definiu as palavras de Luiz Ruffato na abertura da Feira do Livro de Frankfurt, motivo de polêmica entre os colegas e de constrangimento por parte de autoridades brasileiras. Ruffato criticou a desigualdade social, o preconceito racial, a violência e a impunidade no país.

No encerramento da feira, ontem de manhã, o autor de Cidade de Deus discursou saudando com um “saravá” os professores em greve no Rio de Janeiro. Informou que o abaixo-assinado em favor dos educadores foi apoiado por 48 autores da comitiva brasileira.

Paulo Lins negou ter havido discriminação racial na seleção dos participantes da feira. Na comitiva de 70 brasileiros, ele era o único negro. “O Brasil é racista, como a maioria dos países da Europa”, advertiu, para completar: “Afirmo que não houve racismo na lista de escritores convidados”.

O autor de Cidade de Deus não poupou o vice-presidente da República, Michel Temer, que discursou – e foi vaiado – na abertura do evento alemão. O peemedebista elogiou sua própria participação na Constituinte de 1987/1988 e revelou ter escrito um livro de poemas. “A poesia é coisa séria e não se dá com qualquer um”, ironizou Lins.

Daniel Mundukuru representou os índios na comitiva brasileira. Ontem, ele usou cocar e camiseta onde estava escrito “Presidente Dilma: não ignore nossos povos indígenas. Queremos conversar”. O recado se refere à política de demarcação das terras indígenas e à construção de barragens em áreas reivindicadas pelos índios.

A feira programou vários eventos extraliterários relacionados à história e à cultura do Brasil. Mundukuru participou de encontros com estudantes e falou a eles da luta dos índios por seus direitos.

Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, considerou válidas as manifestações dos escritores em Frankfurt, ressaltando que o Brasil é democrático e preza a liberdade de opinião. “Minha geração arriscou a vida para que essa liberdade fosse conquistada”, declarou. (Com agências)

Aos gêmeos, um parto seguro - Bruna Sensêve

Após analisar 2,8 mil gestações gemelares, pesquisadores concluem que riscos de adversidade são praticamente os mesmos na cesárea planejada e no nascimento natural



Bruna Sensêve


Estado de Minas: 14/10/2013 






Quando decidiu engravidar, a arquiteta Grasiella Drumond, de 33 anos, já tinha algumas noções do que era o parto humanizado e acreditava ser a melhor forma de ter o primeiro filho. Mas a ideia ganhou tom de incerteza quando ela descobriu que, em vez de um, teria Iolanda e Margarida. “A primeira coisa que pensei foi se poderia ter o parto normal. Se existia algum tipo de implicação que prejudicasse a segurança delas”, lembra. O primeiro médico – indicado por fazer partos humanizados – disse que não faria o procedimento. “Achei que teria alguém para me apoiar. Nunca fui radical, mas busquei informações e sabia que era possível.” O segundo obstetra confirmou a convicção de Grasiella. “Eu queria respeitar o nascimento delas, esse era o ponto primordial. Sabia de algumas complicações e de que precisaria ficar atenta.”

Alguns problemas, inclusive, fazem parte dessa história. A bolsa de Grasiella estourou antes do esperado, com 32 semanas de gestação, e as meninas nasceram prematuras, mas por via natural. Iolanda e Margarida acabam de completar 10 meses de idade. “Tenho certeza de que o fato de elas terem nascido sem qualquer problema, como ocorre muito com os bebês prematuros, tem a ver com o parto natural”, diz a mãe. Certa ou errada, Grasiella confirma o que foi relatado em artigo publicado recentemente no The New England Journal of Medicine.

Diferentemente do que domina o imaginário popular e do que pregam alguns profissionais, os riscos de mortalidade e morbidade (incidência de doença) fetal ou materna em partos gemelares não diferem significativamente entre o parto vaginal e a cesariana planejada, em situações ideais. Cientistas de 25 países, inclusive o Brasil, formaram o Grupo Colaborativo do Estudo de Nascimento de Gêmeos. O esforço internacional teve como objetivo reunir um número substancial de gestantes em condições ambientais diferenciadas para que os dados pudessem representar os riscos reais dessa população. Entre os poucos requisitos, a gravidez gemelar deveria estar entre 32 e 38 semanas e seis dias – período ideal para o parto de gêmeos. O primeiro bebê também precisava estar em posição cefálica – quando a cabeça do feto se encontra mais próxima da bacia materna –, vivo e com peso médio entre 1,5 quilo e quatro quilos.

Foram selecionadas e acompanhadas 2.804 mulheres entre dezembro de 2003 e abril de 2011. Dessas, 414 eram do Brasil. Um total de 1.398 eram do grupo que faria a cesariana planejada e as outras 1.406, o parto natural. Entre as do primeiro grupo, 89,9% foram submetidas a cesariana para ambos os filhos, 0,8% combinou parto vaginal e cesárea e 9,3% tiveram apenas o parto vaginal. Nas mães do segundo grupo, 56,2% mantiveram o que foi planejado inicialmente, apenas o parto normal, e 4,2% combinaram o parto vaginal e a cesárea. As mulheres restantes (39,6%) só foram submetidas à cesárea.

A comparação dos dados mostrou que a cesariana planejada não reduziu o risco de morte fetal ou neonatal ou morbidade neonatal grave quando comparada com o parto vaginal planejado. “Encontramos um maior risco de um resultado perinatal adverso para o segundo gêmeo do que para o primeiro, como outros (estudos) têm descrito. No entanto, a cesariana planejada não reduziu esse risco”, detalha o autor principal do artigo, Jon Barrett.

Segundo Barrett, há uma controvérsia sobre o método mais seguro para o nascimento de gêmeos ou prematuros, mas, desde 2001, com a divulgação do Term breech trial (Estudo de gestação pélvica, em tradução livre) na revista científica The Lancet, as cirurgias têm ganhado força. “Uma política de cesariana planejada para gêmeos ganhou apoio depois dessa publicação, que mostrou que a cesariana planejada foi associada a um risco reduzido de problemas perinatais no caso de uma gravidez com duração normal e com o feto na apresentação pélvica.”

Barrett conta que outros estudos também mostraram uma redução do risco de adversidades com as cesarianas eletivas quando comparadas ao parto vaginal e à cirurgia de emergência. “Há várias razões possíveis para que nossos resultados sejam diferentes dos dados observacionais anteriores: evitamos o viés de seleção, que garantiu a presença de um obstetra experiente no momento do parto, e muitos dos gêmeos em nosso estudo nasceram prematuros. Não achamos que a cesariana planejada foi associada a um maior ou menor risco de morte materna ou morbidade materna grave do que o parto vaginal planejado”, compara. Para ele, o ponto forte do material inclui o desenho totalmente casualizado das voluntárias, o grande número de participantes e uma alta taxa de acompanhamento posterior. Todas as mães e bebês foram monitorados até 28 dias depois do parto.

Mais comuns Para Michael Greene, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston (EUA),  os resultados não indicam que todos os pares de gêmeos devem ser entregues por via vaginal. “Obstetras que exercem o seu melhor julgamento clínico entregam ambos os gêmeos por cesariana em quase 40% das mulheres que inicialmente fariam o parto vaginal planejado, o que, sem dúvida, contribuiu para os resultados salutares. No entanto, os resultados desse estudo sugerem que um plano para o nascimento de gêmeos por parto vaginal é uma escolha razoavelmente segura em mãos hábeis.”

A presidente da Comissão de Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Rosiane Mattar, reforça a constatação: é possível aguardar o parto normal, sem aumento de risco, quando o primeiro bebê é cefálico, mesmo que tenha que inserir a cesárea por algum motivo na hora. “Existe o parto gemelar normal há anos, a vida inteira. Há 100 anos, se engravidava de gêmeos e eles nasciam pelo parto vaginal. Minha avó, que era árabe, teve três gestações de três casais de gêmeos e os três foram normais. Nunca será uma condição que impede o parto normal.” Rosiane explica que o número de gestações gemelares e trigemelares aumentou nos últimos anos devido ao avanço tecnológico para a reprodução assistida. “Essas pacientes normalmente demoraram para engravidar e acreditam muito que fazer a cesárea é uma necessidade.”

Partos brasileiros

Diferentemente do que é observado na rede privada de instituições médicas, dados parciais do Ministério da Saúde mostram que, no Sistema Único de Saúde (SUS), os partos normais corresponderam a 60% dos procedimentos realizados em 2012. O percentual
segue uma tendência observada no  ano anterior. Em 2011, foram realizados 1.201.292 partos normais e 747.111 cesarianas.



MESMO EFEITO

Pesquisa mostra que, na gravidez de gêmeos, a cesariana planejada não diminui nem aumenta significativamente o risco de morte fetal ou de complicações neonatais quando comparada ao parto normal planejado

Hipótese

Os cientistas começaram a trabalhar com o cenário de que o parto de gêmeos está associado a um maior risco de resultados perinatais adversos do que o nascimento de um único bebê. Para eles, no entanto, ainda não estava claro se a cesariana planejada resultaria em um menor risco de efeitos adversos no caso de gravidez de gêmeos

Participantes

1) Foram selecionadas aleatoriamente gestantes de gêmeos que estavam entre a 32ª semana de gravidez e a um dia de completar a 39ª semana. No parto, todas deveriam ter o primeiro gêmeo na apresentação cefálica, posição indicada para o nascimento


2) 1.398 mulheres tinham a cesariana planejada, marcada para entre 37 semanas e 5 dias e 38 semanas e 6 dias de gestação


3) 1.406 mulheres tinham planejado  o parto normal,  com cesariana somente se indicada

Partos

A taxa de cesariana foi de

90,7%
no grupo que tinha o procedimento planejado


O índice foi de

43,8%

no grupo composto por mulheres que optaram inicialmente pelo parto normal

As mulheres submetidas à cesariana tiveram os bebês mais cedo que
as do grupo do parto normal

Resultados

A análise foi feita por meio de uma comparação estatística chamada desfecho primário, composto por um conjunto de dados sobre morte fetal ou neonatal e morbidade neonatal grave. Não houve diferença significativa no desfecho primário entre o grupo de cesariana e o de parto normal, sendo

2,2% e 1,9%, 
respectivamente

Amazônia mineira - Humberto Siqueira

Pesquisa em paleobotânica indica que há 30 milhões de anos Minas Gerais abrigou vegetação de floresta tropical. Cientista estudou fósseis de folhas que compõem acervos nacionais


Humberto Siqueira

Estado de Minas: 14/10/2013 



Sessenta e quatro fósseis de folhas de 25 tipos de plantas angiospermas (com sementes protegidas por frutos) foram avaliados no estudo (Fotos: Arquivo do Instituto de Geociências da unicamp / Divulgação)
Sessenta e quatro fósseis de folhas de 25 tipos de plantas angiospermas (com sementes protegidas por frutos) foram avaliados no estudo

As estações de chuva e seca em Minas Gerais são bem definidas. Mas nem sempre foi assim. Da mesma forma que o Brasil foi moldado ao longo de milhares de anos, o estado também teve sua geografia alterada, o que afetou o clima, a fauna e a flora. Se hoje as montanhas que ainda não foram consumidas pela mineração dão um indicativo de temperatura amena e até frio, há 30 milhões de anos era bem diferente. O estado abrigava uma floresta tropical densa, uma vegetação ancestral à mata atlântica, com temperatura média anual de 28 graus e chuvas frequentes.

A descoberta faz parte da tese de doutorado “Reconstruindo as florestas tropicais úmidas do Eoceno-Oligoceno do Sudeste do Brasil”, do biólogo Jean Carlo Mari Fanton, realizada na área de paleobotânica do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele analisou 64 fósseis de folhas de 25 tipos de plantas angiospermas (plantas com sementes protegidas por frutos) da região Centro-Sul do estado para chegar à conclusão de que o local onde hoje predomina o cerrado e resquícios de mata atlântica pode ter sido uma floresta tropical como a Amazônia.

Se hoje a mata mineira se mostra mais adaptada a um regime de alternância de um período seco e outro chuvoso, as folhas fossilizadas são nitidamente características de uma região úmida. “Podemos afirmar pela forma, margem e até pela cutícula ou epiderme da folha. Muitos fósseis mostram folhas com ápice em forma de pingadeira, como uma agulha, que conduz a água da chuva para pingar na base da própria árvore. E são folhas grandes”, explica o paleontólogo.

Outro indicativo apontado por Jean Fanton são as famílias de árvores encontradas. “Várias famílias pertencentes às angiospermas estão associadas a condições específicas, tornando-se bons indicadores climáticos, como é o caso das famílias tropicais”. As angiospermas formam hoje o maior grupo de plantas, com mais de 250 mil espécies estimadas, vivendo em todos os tipos de ambientes. Mas sua maior diversidade é encontrada justamente nas florestas da região tropical.

Os fósseis analisados são oriundos da região das bacias de Gandarela e Fonseca, entre as cidades de Ouro Preto, Mariana e Belo Horizonte, perto da Serra do Caraça. O material faz parte dos acervos do Museu de Ciências da Terra, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM-RJ), e do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mas também foram realizadas novas coletas de fósseis na região estudada. As análises foram feitas com o apoio de equipamentos do Instituto de Geociências/Unicamp.

Trata-se de uma região com potencial paleontológico e ainda pouco estudada, explica o autor do trabalho, ao justificar a escolha da área para sua investigação de doutorado. As folhas fósseis ficaram preservadas em depósitos de rios e lagos, resultado de um processo especial e natural de preservação que só ocorre sob determinadas condições. Durante as décadas de 1930, 1960 e 1990, foram realizados trabalhos nessa localidade, o que resultou na coleta dos principais fósseis considerados para a pesquisa.

Na opinião do pesquisador, esse tipo de estudo é importante para conseguir entender o clima de hoje em dia e tentar fazer previsões, cenários futuros, principalmente se consideradas as mudanças climáticas. “Se Minas já abrigou uma floresta tropical e hoje tem áreas áridas, é bom repensar a relação da humanidade com a cobertura vegetal restante. Todo o Sudeste depende da transpiração das árvores da Amazônia para ter chuva. Esse vapor bate na Cordilheira dos Andes e volta para o Sudeste. Essa chuva, por sua vez, alimenta rios e daí parte todo um ciclo das águas”, detalha o cientista.


 

A estrutura epidérmica ajuda a entender o ambiente no qual a planta habitou. As formas encontradas foram moldadas pela seleção natural, para que a espécie vivesse o melhor possível naquele ambiente  -  Jean Fanton, biólogo, autor do estudo (arquivo pessoal)
A estrutura epidérmica ajuda a entender o ambiente no qual a planta habitou. As formas encontradas foram moldadas pela seleção natural, para que a espécie vivesse o melhor possível naquele ambiente - Jean Fanton, biólogo, autor do estudo

EVOLUÇÃO As árvores que envolvem suas sementes com frutos buscam atrair animais dispersores para espalhar as sementes pelas fezes. Se na “Amazônia Mineira” as angiospermas eram abudantes, tudo leva a crer que a fauna também era variada. Embora as plantas do passado guardem diferenças em relação às de hoje, elas compartilham ancestrais com várias espécies que atualmente povoam a mata atlântica, como as famílias das mirtáceas (como as jabuticabeiras e as goiabeiras) e das leguminosas (como o guapuruvu e o pau-brasil), entre outras.

Os fósseis coletados foram analisados com microscópios. É possível ver a cutícula das folhas: glândulas e pelos. Verdadeiros “carimbos” e “impressões” foram deixados nas rochas, revelando, em detalhes, a morfologia da epiderme, além da forma de suas folhas. “A estrutura epidérmica ajuda a entender o ambiente no qual a planta habitou. As formas encontradas foram moldadas pela seleção natural, para que a espécie vivesse o melhor possível naquele ambiente”, explica o autor da pesquisa.

Para estabelecer a temperatura da época, Jean Fanton usou como referência de comparação a margem das folhas fósseis com as de outras espécies existentes atualmente. “Se olharmos para as florestas tropicais de hoje, vemos folhas com margens lisas. E nas florestas frias e tundras, folhas com margens dentadas. E a temperatura influencia na variedade de espécies, de forma que podemos estimar, pela variedade de fósseis, qual era a temperatura média. Assim chegamos aos 28 graus”, detalha.

Uma teoria para esse fenômeno, segundo ele, é que as florestas do hemisfério norte precisam de mais reserva e os dentes nas folhas aumentariam a área de superfície, favorecendo trocas gasosas da fotossíntese e gerando mais carboidratos, que as plantas vão armazenar no inverno para conseguir florescer na primavera.

CLIMA
Com a elevação da temperatura em parte do território brasileiro, entre as transformações registradas ao longo de milhares de anos, a região Centro-Sul de Minas Gerais ficou mais fria e menos úmida – surgiram serras e cerrados. Hoje, a média anual de temperatura ali varia de 17 a 22 graus, bem abaixo da possível média de 28 graus de 30 milhões de anos atrás.

Segundo a paleobotânica, o registro mais antigo de angiospermas é de 140 milhões de anos atrás, quando ainda os dinossauros e as gimnospermas (plantas com semente desprotegida) reinavam absolutos na Terra. Somente entre 100 milhões e 60 milhões de anos atrás é que as angiospermas (com os mamíferos) passaram a dominar a maioria dos ambientes. Não é de hoje que elas ajudam pesquisadores a “viajar no tempo” em busca de pistas e evidências sobre as mudanças climáticas ocorridas no planeta. Exemplo disso é a localização de vestígios de uma floresta em uma área hoje desértica, que pode ajudar a avaliar as dinâmicas de transformação que ocorreram naquela região há milhões de anos, alterando drasticamente o cenário.


Pontos em amarelono mapa indicam as bacias do Gandarela e da Fonseca, origem dos fósseis analisados
Pontos em amarelono mapa indicam as bacias do Gandarela e da Fonseca, origem dos fósseis analisados

SAIBA MAIS


Movimentos tectônicos

Há 30 milhões de anos, a disposição dos continentes era bem diferente. Os terrenos da porção oriental da América do Sul, que hoje inclui os planaltos e serras da borda atlântica do Brasil, sofreram movimentação tectônica ao longo do Cenozoico além da erosão, moldando o relevo que se conhece hoje. Esse tipo de movimentação foi diferente dos soerguimentos orogenéticos que resultaram no surgimento da Cordilheira dos Andes, na borda ocidental da América do Sul. Importantes rios corriam para o Oceano Pacífico, as Américas do Norte e do Sul estavam separadas, não havia tanto gelo nos polos, o mar avançava sobre regiões do Norte e Nordeste do Brasil e a Antártida tinha acabado de se desconectar da América do Sul. Além disso, havia grande concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera, resultado da intensa atividade tectônica daquele período.

Cientifiquês/português
Cenozoico

É o período de tempo que corresponde aos últimos 66 milhões de anos do Planeta Terra, desde a extinção dos dinossauros até os dias de hoje, também conhecido como Era dos Mamíferos. Soerguimento orogenético é o  surgimento de cadeias de montanhas (cinturões orogênicos) devido ao choque de placas tectônicas.