sexta-feira, 5 de abril de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo

CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI

ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

Fifa veta nome de Mané Garrincha no estádio de Brasília no Mundial

folha de são paulo

FOCO
Entidade diz que regra também foi adotada nas Copas da África do Sul e da Alemanha
BRENO COSTAFILIPE COUTINHODE BRASÍLIA
Bicampeão do mundo pela seleção brasileira em 1958 e 1962, Garrincha está proibido pela Fifa de ter seu nome associado ao estádio de Brasília durante a Copa das Confederações e a Copa-2014.
O ex-craque do Botafogo dá nome ao estádio da capital federal desde a década de 1980. No ano passado, virou lei no DF: o nome da arena é "Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha".
A Fifa, no entanto, decidiu que, durante as competições que organiza, o complemento "Mané Garrincha" não será permitido. E isso terá de ser respeitado em propagandas e divulgações dos eventos.
A entidade argumenta que as competições são de "interesse internacional" e que deve "manter a consistência dos nomes dos estádios".
Contudo, outros estádios que também possuem nomes tradicionais, e, em tese, de difícil compreensão semântica para o público internacional, como Maracanã e Mineirão, não sofrerão mudança.
No que depender do governo do Distrito Federal, a Fifa não terá problemas legais em mudar temporariamente o nome do estádio -que sediará a abertura da Copa das Confederações e sete partidas do Mundial em 2014.
Embora o governo tenha afirmado, em nota enviada à Folha, "estar certo de que não haverá necessidade de mudança na arena da capital federal", projeto de lei enviado semana passada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) aos deputados distritais inclui artigo prevendo a troca.
Na prática, é uma manobra para atender a Fifa após derrota política em 2012. Já ciente do desejo da federação de não ter Mané Garrincha vinculado ao nome da arena, Agnelo vetou projeto de lei que assim o batizava. O veto foi derrubado pelos deputados.
Caso o texto agora proposto por Agnelo seja aprovado, abre-se também a brecha para que a Fifa associe o estádio a um determinado patrocinador. A entidade afirma que isso não irá acontecer.
Diz tratar-se de procedimento comum. Cita como exemplo os dois últimos mundiais, na África do Sul (2010) e na Alemanha (2006).
Neste último caso, o exemplo mais específico é a Allianz Arena, moderno estádio do Bayern de Munique, que durante a Copa de 2006 perdeu o nome da seguradora e recebeu um genérico: Arena de Munique.

Luiz Carlos Mendonça de Barros

folha de são paulo

O que faz Dilma diferente
Dilma trouxe a visão do PT de que cabe ao governo liderar o processo de desenvolvimento
Um dos exercícios prediletos da mídia brasileira hoje tem sido o de explorar em que termos os governos Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva diferem.
Entrando no terceiro ano de seu mandato, a presidenta já deixou marcas muito fortes em sua atuação como centro do poder político na democracia brasileira.
Com índices de aprovação superiores aos de Lula, Dilma revela a segurança de quem já descolou de seu antecessor e padrinho e procura deixar marcas próprias. Na coluna de hoje, vou explorar o que me parece ser uma das mais relevantes diferenças entre o governo de Dilma e o de seu criador.
Visto sob o prisma da história, os anos Lula apresentam na gestão da economia uma marca quase única entre o respeito aos princípios de mercado e a interferência na forma como os frutos do crescimento são distribuídos na sociedade.
Usando uma imagem dos já longínquos anos da ditadura militar, podemos dizer que, entre 2004 e 2008, o governo Lula conseguiu assar o bolo e distribuí-lo de forma mais equitativa.
Ao manter a direção da política macroeconômica herdada do governo Fernando Henrique e dar a seu presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o poder total sobre a política monetária, Lula pôde colher os frutos já maduros de uma economia organizada e com futuro.
Com essa posição, seu governo pôde se aproveitar das condições microeconômicas favoráveis que existiam e surfar em um período longo de crescimento econômico, sem os gargalos de oferta que existem hoje.
O presidente, nessas condições, pôde exercitar seus instrumentos mais importantes de distribuição de renda. De longe o mais eficiente foi a política de aumentos reais do salário mínimo, que acelerou os efeitos da expansão do crédito ao consumo operada pelos bancos brasileiros.
No mandato de Lula, a parcela da sociedade brasileira que estava inserida na chamada economia de mercado passou de 45% para mais de 65% da população.
No mandato da presidenta Dilma, esse quadro virtuoso chegou ao fim. Isso aconteceu por duas razões principais: a primeira tem sua origem na própria dinâmica das economias de mercado, em que os ciclos de crescimento trazem no seu ventre as sementes de um período mais difícil à frente, em razão do descompasso entre consumo e investimentos.
A partir de 2011, começamos a viver no Brasil um período de escassez em vários mercados importantes. De mão de obra qualificada nos mercados de trabalho, de capacidade de aumentar o endividamento das famílias e de oferta de serviços públicos nos setores da infraestrutura econômica do país.
Não por outra razão os principais instrumentos usados no passado para estimular a economia não mais funcionavam.
Pelo contrário, via o canal da inflação, reduziam o poder de compra dos salários, que não contavam mais com o aumento de crédito para alavancar o consumo.
Nos últimos meses, com a inflação se acelerando, os aumentos reais de salários desapareceram. Esse efeito é sensível principalmente nas regiões atingidas pela seca e onde a inflação em 12 meses já supera os 8% ao ano.
Uma segunda mudança na gestão da economia veio de uma visão diferente em relação à presença do Estado na sua dinâmica.
Dilma trouxe ao governo a visão tradicional do PT -e que tinha sido deixada de lado por Lula- de que cabe ao governo liderar o processo de desenvolvimento da economia.
Os chamados mercados nessa visão resgatada por Dilma são apenas tolerados como parceiros secundários e silenciosos da ação oficial.
Além disso, pressionado pela desaceleração do crescimento econômico, o governo Dilma deixou de lado as âncoras macroeconômicas mantidas por Lula e que davam segurança em relação ao futuro.
Essas duas mudanças estão provocando uma reversão de expectativas entre agentes econômicos privados importantes, o que tem aumentado de forma significativa os efeitos deletérios dos problemas econômicos reais que estamos enfrentando. Por isso o mau humor geral que grassa na economia hoje.
LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, 70, engenheiro e economista, é economista-chefe da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações (governo Fernando Henrique Cardoso). Escreve às sextas-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.
lcmb2@terra.com.br

    Abandonado, complexo histórico no Ipiranga vira banheiro e até 'motel'

    folha de são paulo

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    Os banheiros estão interditados por falta de condições, o mato invade os jardins, um resto de pipa está enroscado em uma das surradas estátuas dos representantes da independência do Brasil e a cripta com os restos mortais de d. Pedro 1º serve de "motel" para casais mais afoitos.
    Os elementos formam o atual cenário do complexo dentro do Parque da Independência, com o Monumento à Independência, museu e áreas protegidas, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
    Um movimento cívico em defesa das instalações, a associação comercial local, a associação de moradores e o conselho de segurança do bairro declaram que o complexo está "abandonado".
    "A cripta [no monumento] é usado como banheiro e motel", diz Valdir Abdallah, 72, presidente do movimento de defesa do complexo.
    Segundo ele, "diversos casais já foram flagrados transando" no local, protegido pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal.
    Em dezembro, a Folha mostrou que o Museu do Ipiranga também tinha problemas de infraestrutura e conservação, com fachada descascada e rachaduras.
    Na época, a diretora do museu, Sheila Ornstein, afirmou que a reforma custaria, no mínimo, R$ 21 milhões. O local é administrado pela USP e ainda não há obras.
    A manutenção do complexo é dividida. A USP cuida do museu, a Secretaria Municipal do Verde, do parque, e a Secretaria Municipal de Cultura, do monumento.

    Museu em risco

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    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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    Foto mostra tela de proteção e aviso de perigo de queda de revestimento ao redor do museu
    TESTEMUNHO
    "Trabalhei por sete meses na cripta e, infelizmente, preciso dizer que a reclamação é verdadeira. O cheiro de urina é insuportável e o local sofre com a ação de vândalos", afirma a historiadora Valdirene Ambiel, que fez a pesquisa de exumação dos restos mortais na cripta.
    Para ela, a responsabilidade é tanto do poder público como da sociedade. "Não adianta a prefeitura limpar e, minutos depois, um cidadão urinar ou destruir as obras."
    Os moradores relatam que não há manutenção e segurança no complexo desde o começo do ano, quando venceu o contrato da empresa que atuava no local.
    Amanhã, os moradores do bairro vão trocar a bandeira nacional que fica em frente ao monumento. Ela é paga por eles há 16 anos e custa cerca de R$ 1.300.
    "Pelo menos o símbolo da pátria está sempre em bom estado, porque nós cuidamos", diz Sérgio Yamada, 73, presidente do Conselho de Segurança do Ipiranga.
    outro lado
    A Secretaria Municipal de Cultura disse que está ciente dos problemas no monumento e estuda um projeto de restauração. "Trata-se de peça de bronze [a escultura] e não existe especialista neste tipo de metal no Brasil."
    A secretaria consultou especialista estrangeiro para auxiliar na elaboração de um projeto de restauro, que deverá incluir manutenção.
    A Secretaria Municipal do Verde afirmou que teve de encerrar o serviço com a empresa que fazia a limpeza e conservação do parque porque ela "não atendeu às exigências legais para prorrogação" do contrato. O órgão explicou ainda que será feita uma ação emergencial para a manutenção dos banheiros e que a licitação para escolher outra empresa de manutenção já está em andamento.
    Editoria de Arte/Folhapress

    Barbara Gancia

    folha de são paulo

    Autoridade só serve para dizer não
    Como os seguranças da Kiss poderiam ter ajudado se nunca foram favorecidos por quem usa farda?
    NA SEXTA-FEIRA da Paixão, esta herege que vos fala conseguiu manter distância da suculência da picanha só para terminar o dia sucumbindo à tentação de enfiar o pé na lama do show de música no Jockey Club paulista.
    Alguém que tenha ido ao Lollapalooza poderia me informar onde foi que eles colocaram os cavalos?
    Brandon Flowers de boca em "Mr. Brightside"; Flaming Lips tocando na vizinhança de casa; só sendo muito blasé para colocar defeito numa noite com isso mais Cake e Passion Pit ao alcance da mão.
    Mas foi lá, dentro de um camarote onde os bonitos ficam se hidratando de energético e fazendo fila VIP na porta do banheiro (em que também não há água na privada, igualzinho aos banheiros químicos do lado de fora), que a ficha caiu sobre um assunto bem mais sombrio.
    Nesta semana, o Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou oito pessoas pelo incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, tragédia que matou 241 jovens, deixou dezenas de feridos, destruiu a vida de um sem números de famílias e comoveu até o papa Francisco.
    Sabemos que o drama poderia ter sido evitado se certas normas tivessem sido observadas e conhecemos a sede por justiça que uma situação absurda dessas, em que vidas de jovens são interrompidas com tamanha violência, desperta.
    Daí talvez a quantidade de indiciados e a pressa que levou a denúncia a ser apresentada. Não sei, não, mas pode tanta gente assim ser responsabilizada pelo crime, se crime houve, inclusive o sujeito da banda -que sempre se apresentava usando fogos de artifício e teve um dos membros entre os mortos?
    Por que questiono a condução do inquérito ou a forma pela qual assimilamos este caso?
    Marcou muito o fato de que os seguranças da Kiss não deixaram os jovens saírem da casa, não é mesmo? Pois chovia durante o show dos Killers no Lollapalooza e eu resolvi assistir à apresentação do terraço do camarote para o qual fui gentilmente convidada.
    Em um dado momento, o tempo melhorou e eu desci. Chegando ao pé da escada, encontrei um segurança postado diante de dois tipos que eu conhecia e tentavam subir. "Não", dizia ele. "São ordens, por motivos de segurança". Certo. Ninguém quer repetir Santa Maria ou ser multado. Conhecemos a nata dos fiscais da prefeitura, não é mesmo?
    Ofereci ajuda: "Estou indo embora com minha amiga, somos duas, pode deixar entrar dois, a capacidade fica igual, o público só enfeia".
    Sujeito não piscou. "Recebi ordens, não é para deixar ninguém subir enquanto não liberar."
    Não importa se for recepcionista, porteiro ou leão de chácara. Basta conceder autoridade de qualquer grau a quem sempre sofreu discriminação para que você esbarre em um muro. Camarada não faz por mal ou por prepotência.
    Mas ele nunca irá agir para favorecê-lo, para ajudar ou flexibilizar. Pense comigo. Sob a ótica desse indivíduo que está lá uniformizado na sua frente, autoridade serve exclusivamente para castigar, dificultar, proibir ou para ser de alguma forma tremendamente desagradável. Ao menos, na vida dele, foi para isso que sempre serviu. Como é que ele pode conceber que seja diferente?
    Como é que os seguranças da Kiss entenderiam que estavam ali para facilitar a vida dos clientes se nunca na vida foram favorecidos por alguém de farda, seja num hospital, numa repartição pública ou muito menos em alguma delegacia?

    LETICIA WIERZCHOWSKI - Viagens boas e ruins

    Zero Hora - 05/04/2013

    Voltar do feriado de Páscoa pela BR-116 exige uma paciência quase celestial. De Pelotas a Porto Alegre, a estrada tem uma única faixa – a ampliação, que está começando, parece já chegar atrasada. Você espera, espera e espera, espera por horas num congestionamento horrível, e depois tem que pagar o pedágio. Não sou contra pedágios, sou contra estradas mal sinalizadas, estreitas e defasadas como a BR-116.

    A gente lá, vencendo cada quilômetro de congestionamento com um suspiro, enquanto no acostamento as placas de sinalização mais parecem uma pegadinha: Porto Alegre, 170 km, e você anda 15 minutos para encontrar Porto Alegre ainda mais distante, pois a próxima placa indica a Capital a 186 km. Segundo a sinalização da BR-116, Porto Alegre parece ser um lugar cambiante, de mutável localização, como a antiga Avalon dos druidas.

    De qualquer maneira, quem não está dirigindo sempre pode ler dentro do carro. É certo que a maioria das pessoas tem enjoo ao ler em movimento, mas, como a BR-116 não anda mesmo, o problema se anula, de modo que foi na companhia da escritora canadense Alice Munro (cujos contos eu li durante todo o feriado) que esqueci boa parte do imbróglio da BR. Se você nunca leu Alice Munro, tem que ler. Jonathan Franzen em seu livro de ensaios Como Ficar Sozinho escreveu um longo e elogioso texto sobre Alice e sua obra (“Leia Alice Munro, leia Alice Munro!”, escreve Franzen).

    E Alice Munro é realmente uma grande ficcionista, uma contista que narra suas histórias com maestria, penetrando na pele dos seus personagens com tamanha sutileza, revelando detalhe num tempo perfeito, guiando as palavras pelo seu caminho sem tropeços, nem gritos, nem desvios. No Brasil, Alice Munro tem publicadas as coletâneas Fugitiva e Felicidade Demais (Cia das Letras).

    Em seu ensaio, Franzen se pergunta: uma ficção pode salvar o mundo? E ele mesmo responde: quase certamente não. “Mas há uma chance razoável”, diz Franzen, “de que a ficção possa salvar a nossa alma”. Alice Munro fez mais do que salvar a minha fastidiosa volta do feriado, ela me levou para dentro de outras vidas, tão diferentes da minha e, no fundo, tão iguais. Porque Alice não é grandiloquente nem espalhafatosa, sua prosa fala manso e baixinho, e trata de entender essa coisa tão terrível e maravilhosa que é viver. Alice Munro sabe das coisas e não cobra pedágio pela viagem.

    Moisés Naím

    folha de são paulo

    EUA desperdiçaram catástrofe
    A recuperação começou, a crise econômica terminou, mas o impasse reina em Washington
    A boa notícia é que a economia americana está se recuperando. A má é que os esforços heroicos -e eficazes- de Obama para evitar a catástrofe que ele herdou não trataram das razões estruturais que deixam a situação fiscal dos EUA fraca.
    A precariedade fiscal do país tem três razões: índice de poupança dos mais baixos do mundo, política de saúde das mais caras e com pior razão custo-benefício do mundo e alta desigualdade de renda.
    Em 2011, as economias nacionais líquidas dos EUA representaram 0,7% do PIB. Para enxergar essa cifra em perspectiva, vale lembrar que a cifra equivalente foi de 6,1% na Alemanha, 6,6% no Japão e espantosos 40,6% na China.
    O sistema tributário americano não apenas gera menos receita como tende a taxar a renda, e não o consumo. Um sistema melhor também limitaria as transferências grandes que hoje ocorrem dos jovens para os idosos relativamente ricos, que são grandes gastadores. E isso deveria começar pela saúde.
    As famílias americanas gastam muito e poupam pouco. O governo é ainda pior. O custo enorme e rapidamente crescente da saúde é uma das principais razões. Os EUA gastam 18% de seu PIB com a saúde, porcentagem 80% superior à média da OCDE. Mas a saúde dos EUA ainda exclui muitas pessoas e é ineficiente. A expectativa de vida, a mortalidade infantil e outros indicadores são substancialmente piores que os de outros países ricos.
    O alto custo da saúde nos EUA pode ser atribuído principalmente aos preços altos, e não à utilização maior do sistema por uma sociedade em processo de envelhecimento.
    As disparidades são apenas mais uma manifestação do abismo rapidamente crescente de renda e riqueza. Os EUA têm a maior desigualdade econômica dos países avançados, quase tão grande quanto as de México, Turquia ou Chile, países pobres afetados há muito tempo por altos níveis de desigualdade.
    A distribuição da renda nos EUA é tão desigual que modificações pequenas no topo resultarão em aumento substancial aos mais pobres.
    Se reformas dos impostos e gastos sociais levassem os EUA à metade da média da OCDE ou a um quarto do nível da Suécia, milhões de americanos sairiam da pobreza. Se os impostos cobrados do 1% mais rico subissem 4% e o dinheiro fosse transferido para os 10% mais pobres, a renda destes subiria 50%.
    Essas reformas não precisam ser promovidas da noite para o dia. Se fossem implementadas em sete anos, os efeitos do crescimento que tendem a beneficiar escalões mais altos de renda quase certamente contrabalançariam facilmente os efeitos da elevação dos impostos e da redução dos benefícios.
    Isso não vai acontecer. A recuperação começou, a crise terminou, o obstrucionismo e o impasse reinam em Washington e a vontade de lançar reformas ousadas desapareceu. Uma crise foi desperdiçada.

      Reforma agrária tem novos critérios definidos

      folha de são paulo

      Novo modelo prevê estudos para evitar assentamentos em regiões pouco promissoras
      JOÃO CARLOS MAGALHÃESDE BRASÍLIADepois de dois anos, a gestão Dilma Rousseff deu forma legal ao seu novo modelo de reforma agrária.
      Portarias publicadas nos últimos dois meses delinearam o projeto já em andamento de desacelerar a obtenção de áreas para tentar melhorar os precários assentamentos, apelidados pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) de "favelas rurais".
      As normas indicam uma reforma agrária para ajudar a cumprir a principal promessa de Dilma: erradicar a miséria (ganho mensal per capita de R$ 70) até 2014.
      Antes, para desapropriar uma fazenda, a Presidência precisava ter somente um laudo demonstrando que o local era improdutivo. Agora, com as novas regras, será necessário também um estudo que comprove a capacidade de geração de renda do imóvel.
      Paralelamente, o governo calculará por meio de um laudo de vistoria e avaliação o custo do imóvel por família -com limites fixados em outra portaria. No bioma amazônico no Norte, por exemplo, esse valor é de R$ 90 mil.
      Além de improdutiva, a terra terá de ser capaz de sustentar seus ocupantes e ter um preço considerado aceitável.
      Para combater a miséria, todos os assentados agora têm de estar no Cadastro Único de programas sociais (que dá direito a receber o Bolsa Família, por exemplo).
      Entre os fatores a combinar para a escolha das áreas para reforma agrária, constam a "densidade de população em situação de pobreza extrema" e a "existência de ações no âmbito do plano Brasil sem Miséria".
      Além dos pobres, outro foco são os jovens, sob o argumento de renovar o programa. Uma das normas estabelece cota de 5% das áreas obtidas para pessoas de até 29 anos, em assentamentos com ao menos 20 lotes. Casais gays terão os mesmos direitos dos heterossexuais.
      As normas concretizam o que já vinha ocorrendo na prática. Favorecida por uma fraca pressão política, resultado do encolhimento das organizações de sem-terra, Dilma é a presidente que menos assentou em mais de 20 anos.
      "O governo Dilma não enfrenta o latifúndio", diz Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.
      O presidente do Incra, Carlos Guedes, defende o novo modelo como "uma mudança profunda" e "um aperfeiçoamento importante".

        No Pará, agricultor apontado como o mandante do homicídio é considerado inocente, por falta de provas

        folha de são paulo

        Júri absolve principal acusado pela morte de casal extrativista
        Promotor recorre de decisão, executores do crime são condenados, e militantes apedrejam fachada do fórum
        DE MANAUSO Tribunal do Júri de Marabá (PA) absolveu ontem, por falta de provas, o principal acusado pela morte, em maio de 2011, dos extrativistas e militantes ambientais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.
        O agricultor José Rodrigues Moreira era apontado como mandante do crime -teria uma disputa de terra com o casal. O episódio teve repercussão internacional e expôs o agravamento da violência agrária na Amazônia.
        Os dois acusados de efetuar o crime foram condenados. Irmão de Moreira, Lindonjonson Rocha recebeu pena de 42 anos e oito meses de prisão, e Alberto Lopes do Nascimento, de 45 anos.
        As penas pelo duplo homicídio tiveram os agravantes de motivo torpe, crueldade e impossibilidade de defesa das vítimas. José Cláudio teve parte da orelha direita cortada como prova da morte.
        Rocha e Nascimento foram levados ao Centro de Recuperação Agrícola de Marabá, onde já cumpriam prisão preventiva desde 2011.
        Preso desde setembro de 2011, Moreira foi solto depois do julgamento, que durou cerca de 30 horas. Familiares das vítimas e militantes se manifestaram contra o resultado aos gritos de "justiça".
        Manifestantes jogaram pedras e tinta na fachada do fórum. A Polícia Militar reforçou a segurança -não houve feridos nem presos.
        O Ministério Público do Pará recorreu da absolvição. O promotor Danyllo Pompeu disse que a decisão dos sete jurados -todos da região sudeste do Pará- transpareceu receio de condenar mandantes, a exemplo do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, em 2005.
        No primeiro julgamento do caso, somente pistoleiros foram condenados -o acusado de ser o mandante foi condenado posteriormente.
        'HOMEM RELIGIOSO'
        A defesa descreveu as vítimas -conhecidas pela crítica à ação de posseiros e madeireiros na região de Nova Ipixuna (PA)- como violentas e patrocinadas por ONGs internacionais. Citou Moreira como homem religioso.
        A Promotoria trouxe testemunhas que ligaram os réus ao conflito fundiário com as vítimas e à cena do crime.
        A acusação apresentou como prova fios de cabelo que estavam em uma máscara de mergulho no local do crime -e o exame de DNA que ligaria o equipamento aos assassinos. A defesa apontou o exame como inconclusivo.
        Em nota divulgada antes do fim do julgamento, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência havia defendido a condenação dos réus. "Que os assassinos sejam punidos com rigor, evitando a perpetuação da impunidade no país", dizia o texto.
        Os nomes de José Cláudio, 54, e Maria, 53, constavam da lista de pessoas ameaçadas de morte divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), braço da Igreja Católica, mas nunca receberam segurança do poder público.
        Segundo a CPT, de 1.018 mortes causadas por conflitos de terra de 1985 a 2011 na Amazônia, somente 30 casos foram julgados.

          CRONOLOGIA DO CASO
          24.MAI.2011
          Os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do Espírito Santo, são assassinados em assentamento do Incra em Nova Ipixuna, no Pará
          14.JUL.2011
          A Polícia Civil do Pará conclui o inquérito e afirma que o motivo do crime foi disputa pela posse de terra em um assentamento
          27.JUL.2011
          O Ministério Público denuncia três suspeitos de participar do assassinato: José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto do Nascimento
          18 E 21.SET.2011
          As polícias Civil e Militar do Pará prendem os três suspeitos de participarem do assassinato do casal de extrativistas
          5.MAR.2012
          A Justiça do Pará decide levar a júri popular os três acusados
          3.ABR.2013
          Começa em Marabá (PA) o julgamento dos três acusados
          ONTEM
          O Tribunal do Júri de Marabá (PA) absolve José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do crime. Os outros dois acusados são condenados

            Aliados querem que Alckmin demita secretário


            DE SÃO PAULO
            Aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) querem que ele demita seu secretário particular, Ricardo Salles. Nomeado há cerca de um mês e autodenominado representante da "nova direita", ele coleciona polêmicas desde que chegou ao cargo.
            Secretários de Estado e integrantes do PSDB procuraram o governador para manifestar preocupação. Afirmam que Salles prejudica a imagem de Alckmin com suas declarações e posições políticas.
            A nomeação de Salles foi noticiada pela Folha em março. Um dos fundadores do movimento "Endireita Brasil", Salles já pregou contra o casamento gay, chamou o MST de grupo "criminoso" e disse que o PT levou "terroristas" ao poder.
            Ele falou ainda contra a instalação da Comissão da Verdade. Por suas posições, foi alvo de protestos após acompanhar o governador em evento de abertura de documentos da ditadura, nesta semana.
            "Há um incômodo generalizado no partido", afirmou o presidente estadual do PSDB, deputado Pedro Tobias. Questionado ontem sobre o assunto, Alckmin não se manifestou.
              folha de são paulo

            CIÊNCIA » Como age o inimigo-Paloma Oliveto‏

            Pesquisadores descobrem de que forma os vírus do herpes se instalam no corpo. Estudo pode ajudar no combate às infecções e a criar terapias


            Paloma Oliveto


            Estado de MInas: 04/04/2013 

            Brasília – Vírus são criaturas muito espertas, que enganam o sistema imunológico e intrigam os cientistas. Mesmo com tantos avanços na tecnologia e no conhecimento da microbiologia, ainda não se sabe como eles invadem o organismo, para jamais sair de lá. Alguns dos mais desafiadores são os da família do herpes, que têm alta capacidade de contágio e incidência: estimativas mundiais dão conta que até 90% da população já teve contato com alguns dos oito tipos que afetam humanos. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos, chegou mais perto do mecanismo de ação dos herpesvírus 1 e 2, conhecidos, respectivamente, como herpes oral e vaginal.

            Ao lado das versões 4 e 5 – o “vírus do beijo” e o citomegalovírus –, os micro-organismos estudados são os mais comuns, sendo que o tipo 1 já está presente na maioria das crianças. De ação rápida, todos os herpesvírus têm a peculiaridade de, uma vez em contato, se alojarem rapidamente no sistema nervoso periférico, conjunto de nervos e neurônios espalhados pelo corpo que se comunicam com a medula espinhal e o encéfalo. Como eles chegam às profundezas do organismo tão velozmente era o que não se sabia até agora. Segundo os pesquisadores de Northwestern, que publicaram um artigo na revista Cell Host & Microbe, conhecer esse mecanismo é importante para que, no futuro, a ciência seja capaz de impedir a instalação dos vírus nas células e, consequentemente, sua replicação.

            Donald H. Gilden, chefe do Departamento de Neurologia da Universidade do Colorado, em Denver, explica que a reprodução dos herpesvírus 1 e 2 ocorre logo que uma pessoa saudável tem contato físico com o indivíduo infectado. “Eles se replicam na porta de entrada, geralmente a mucosa oral e genital, levando a infecção até a terminação dos nervos. Então, são transportados para os gânglios neurais, onde ficam latentes”, diz o médico, que não participou do estudo. Esses gânglios, especificamente, são neurônios – diferentemente do que se imagina, esse tipo de célula não existe apenas no cérebro, mas em diversos órgãos – e, embora não sejam destruídos pelos vírus, servem de abrigo para eles. 

            Apesar de incomum, Gilden conta que o herpesvírus 1 pode chegar também ao sistema nervoso central e provocar encefalite, uma infecção muito grave que inclui febre, dor de cabeça, letargia, irritabilidade, confusão, afasia e convulsões, com inflamação nos lobos frontal e temporal do cérebro. “Os que sobrevivem podem ficar com graves danos permanentes. Antes do advento do aciclovir (antiviral para tratamento do herpes), a maioria dos pacientes que tinham encefalite morria”, conta o médico. De acordo com ele, não se sabe como ocorre a migração do herpesvírus 1, que normalmente só provoca erupções na boca, para o sistema nervoso central. Contudo, ele acredita que a transmissão do micro-organismo para os gânglios neurais pode ter alguma relação com o processo. “Quanto mais soubermos sobre o comportamento do vírus, mais pistas poderemos decifrar”, afirma.

            Mais veloz Na Universidade de Northwestern, a equipe chefiada pelo professor de imunologia e microbiologia Gregory Smith isolou amostras de herpevírus 1 e 2 de humanos e animais para investigar como eles saltam tão rapidamente das mucosas até os gânglios neurais. Depois de vários experimentos, eles descobriram que a proteína VP1/2, codificada pelo DNA dos vírus, ataca uma estrutura celular chamada dineína e, graças a ela, faz os micro-organismos viajarem em alta velocidade, enganando o sistema imunológico. 

            Os herpesvírus “roubam” as dineínas, cuja função é justamente permitir a locomoção de componentes das células, e conseguem acelerá-las para chegar mais rápido ao destino. “Uma vez que a proteína se apodera da dineína, o vírus ‘voa’ pelos microtúbulos, que são as ‘rodovias’ intracelulares, movendo-se da superfície dos nervos da pele até o núcleo dos neurônios do sistema nervoso periférico”, esclarece. Smith faz analogia com um carro: ao se apropriar da dineína, o vírus não só aciona as rodas, como pisa fundo no pedal para aumentar a velocidade de locomoção. 

            O infectologista explica que encontrar uma forma de frear os herpesvírus poderá evitar que eles cheguem até o gânglio neural. Como é nesse neurônio que ele se aloja e se reproduz, caso não alcance o destino, o vírus pode até continuar circulando no organismo, mas sem conseguir replicar o DNA. Dessa forma, o micro-organismo torna-se inócuo. Em laboratório, a equipe de Smith conseguiu modificar geneticamente amostras de herpesvírus 1 e 2, alterando a composição da proteína VP1/2. O resultado foi que os vírus manipulados viajaram muito mais lentamente. “Nesse meio-tempo, enquanto o vírus ainda está se preparando para entrar no gânglio neural, poderemos criar uma barreira. Dessa forma, ele não conseguirá se reproduzir”, diz o pesquisador.

            De vilão a mocinho Por outro lado, a ciência também poderá tirar proveito da capacidade de os herpesvírus viajarem tão rápido ao destino, sem serem expulsos pelas células de defesa. Assim como já ocorre com os adenovírus, que têm sido modificados geneticamente para transportar terapias gênicas de restauração da visão, os vírus do herpes começam a ser testados em laboratórios para levar medicamentos a tumores cancerígenos, usando o sistema nervoso como via expressa. Esse tipo de experiência foi bem-sucedido na Universidade de Bolonha, na Itália, onde cientistas conseguiram reprogramar herpesvírus simples para atacar metástases cancerígenas de mama e ovário. 

            “Os atuais tratamentos para o câncer, como a quimioterapia e a radioterapia, prolongam a vida do paciente, mas os efeitos colaterais são muito fortes, então as pessoas vivem mais, porém com baixa qualidade”, disse, em nota, a virologista Gabriella Campadelli-Fiume. “Fomos a primeira equipe a conseguir reprogramar o vírus do herpes tipo 2 para que conseguisse entrar nas células dos tumores e matá-las, sem infectar as células saudáveis vizinhas”, comentou. 

            O estudo italiano foi feito em ratos, nos quais transplantaram-se tecidos cancerosos humanos. De acordo com Gabriella, o resultado sugere que os herpesvírus são fortes candidatos a passarem de vilões a mocinhos, tornando-se terapias menos agressivas e mais eficazes para combater tumores em estágio avançado. 

            TV PAGA

            Estado de Minas - 05/04/2013

            Estilo radical

            Dorian Paskowitz é um pioneiro do surfe. Apelidado “Doc”, é também físico e médico. Hoje com 92 anos de idade, Doc (foto) é conhecido por viajar com a família – mulher e nove filhos – em um trailer na década de 1970 em busca de boas ondas e de uma vida saudável. É o que mostra o documentário Surfwise, que o canal Off exibe esta noite, às 22h.

            Você já ouviu falar da
            Olimpíada de Ferraris?

            Depois de passar um ano e meio envolvido em uma reforma, o restaurador Wayne Carini entra na Ferrari Daytona Spyder 1972 na Olimpíada das exposições de Ferraris, no programa Em busca de carros clássicos, às 19h25, no Discovery Turbo. Na sequência, Wayne também tentará vender seu carro de corrida MG ND Magnette 1934 na Casa de Leilões RM, em Scottsdale, no Arizona.

            Doença faz adolescente
            aparentar ter 104 anos


            O documentário A adolescente mais velha do mundo é a atração de hoje do NatGeo, às 22h15. Nascida com a rara condição genética da Progéria, Hayley Okines envelhece oito vezes mais rápido do que pessoas saudáveis. Agora com 13 anos, seu corpo tem a idade média de uma mulher de 104 anos. O impressionante é a atitude positiva e inspiradora de Hayley, que se recusa a ser derrotada e está determinada a realizar o sonho de se tornar uma esteticista e, um dia, encontrar um amor verdadeiro.

            Sobrevivente relembra
            tragédia aérea nos Andes


            Narrado por um dos sobreviventes, o documentário Milagre dos Andes reconstitui o desastre aéreo ocorrido em 13 de outubro de 1972 com um avião que levava 45 membros do time de rúgbi uruguaio Old Christians até Santiago do Chile. Durante dois meses tentando superar o frio avassalador, os sobreviventes foram obrigados a comer a carne das vítimas para não morrer de fome. Nando Parrado, autor do livro homônimo, recorda o episódio 40 anos depois. Às 16h45, no canal History.

            +Globosat estreia hoje
            a série London Hospital


            O +Globosat estreia hoje, às 22h, a série London Hospital. Tratamentos médicos, fatos históricos e romance misturam-se neste drama, que se passa no Hospital Real de Londres no começo do século 20. Os médicos do hospital, localizado em uma área pobre e violenta, recebem diariamente centenas de vítimas e lutam para garantir a sobrevivência dos pacientes.

            Ação, drama e humor
            no pacotão de cinema


            O tempo é protagonista do novo ciclo do TCM, Contra o relógio, e o primeiro filme da mostra é Cortina de fogo, que vai ao ar às 22h. No mesmo horário, a Cultura reprisa Hanami – Cerejeiras em flor, agora em versão dublada. No FX, a Sessão duplex emenda dois filmes de Jim Carrey: Debi & Loide – Dois idiotas em apuros (18h15) e O Máskara (20h15). Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Professora sem classe, na HBO; No e eu, no Max; Fúria sobre rodas, no Max Prime; Transformers – O lado oculto da Lua, no Telecine Premium; e Piratas do Caribe – Navegando em águas misteriosas, no Telecine Pipoca. Outras atrações da programação: Miami Vice, às 22h10, no Universal Channel; Operação Babá, às 22h20, no Megapix; O fada do dente, às 22h30, na Fox; e Eleição, às 22h30, no Comedy Central.

            Moléculas barram o avanço do câncer-Bruna Sensêve‏

            Pesquisadores criam estruturas sintéticas capazes de controlar a leucemia e tumores no cérebro 


            Bruna Sensêve

            Estado de Minas: 05/04/2013 

            Novas moléculas desenvolvidas por cientistas norte-americanos são capazes de retardar o crescimento de tumores cerebrais e o avanço da leucemia. As descobertas foram relatadas em dois artigos publicados hoje na revista científica Science. Cada trabalho descreve uma molécula sintética desenhada em laboratório capaz de inibir a ação de duas enzimas específicas, conhecidas como IDH1 e IDH2, que agem diretamente na evolução das doenças. Os resultados sugerem que, ao focar nessas enzimas, seria possível chegar a novas estratégias terapêuticas que influenciariam na diferenciação das células cancerígenas.

            Mutações pontuais no código genético das células podem moldar importantes funções do organismo e levar ao desenvolvimento de uma série de tumores malignos. Algumas vias desse processo já são bem definidas, mas cada tumor tem sua única particularidade de vias de mutação e alterações genéticas. Os isocitratos desidrogenase 1 e 2 (IDH1 e o IDH2) são pontos ativos nos genes que conhecidamente, ao serem alterados, levam à transformação celular que origina os tumores cerebrais e a leucemia, respectivamente. Originalmente, o IDH é uma enzima que converte alguns dos produtos celulares para garantir o funcionamento normal da célula. No primeiro artigo, feito por uma equipe do laboratório americano Agios Pharmaceuticals liderada por Fang Wang, os cientistas descrevem uma molécula pequena, conhecida como AGI-6780, desenvolvida por eles e capaz de inibir as formas mutantes do gene IDH2.

            Wang e sua equipe desenvolveram uma estrutura cristalina formada pela molécula AGI-6780 e um complexo de IDH2. Após testes em laboratório, essa estrutura revelou que o tratamento com AGI-6780 induzia a diferenciação de células in vitro de leucemia mieloide humana primária aguda, provando que o desenvolvimento de inibidores voltados às mutações em IDH2 poderia ter aplicações potenciais, como uma terapia diferenciada contra o câncer. Na mesma direção, a equipe liderada por Dan Rohle relatou a criação da molécula inibidora conhecida como AGI-5198, que suprime a atividade do IDH1 e retarda o crescimento de células de tumores cerebrais em laboratório. Os testes também foram bem-sucedidos com células tumorais cerebrais de camundongos vivos.

            A união dos dois estudos abre grandes perspectivas para o desenvolvimento de terapias e drogas que foquem na ação de formas mutantes de IDH1 e IDH2 e sua influência na diferenciação de células cancerígenas. O conhecimento mais profundo das vias moleculares e das alterações genéticas envolvidas nesse processo eram praticamente desconhecidos até a década de 1990. Os avanços tecnológicos e a evolução do tratamento das neoplasias permitiram um maior aprofundamento das pesquisas. “Cada vez que conhecemos mais, vemos que sabemos menos e que os processos são bem mais complexos do que imaginávamos”, pondera o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Anderson Silvestrini.

            Para ele, uma possível saída terapêutica buscaria o desenvolvimento de medicamentos que agissem especificamente nos principais pontos da mutação, fazendo com que ela pudesse ser revertida ou pelo menos que tornasse seu produto ou ela mesma inativa. “Não digo regredir porque o tumor já está formado no momento da terapia. Então, teriam que ser alguns medicamentos capazes de agir nessas alterações que formaram o tumor para que a célula tumoral parasse de se desenvolver ou mesmo que conseguisse atacar a célula tumoral”, diz Silvestrini. A possibilidade desse desenvolvimento não está muito distante da prática clínica. Algumas drogas usadas atualmente contra o câncer de mama e a leucemia mieloide crônica fazem esse tipo de ação no organismo do paciente.

            A grande maioria dos pacientes com a leucemia mieloide crônica precisava ser submetida ao transplante e enfrentava uma progressão grave da doença. O medicamento Imatinib revolucionou o tratamento do mal ao agir especificamente em pessoas que têm a mutação chamada cromossomo Filadélfia positivo, que representam 95% dos casos da doença. Atualmente, uma minoria de indivíduos precisa se sujeitar à cirurgia, já que a droga consegue controlar o desenvolvimento do tumor maligno.

            Caso semelhante pode ser observado para o câncer de mama e o remédio Trastuzumab. Ele funciona em 20% a 30% dos casos de cânceres de mama em que há uma hiperexpressão da proteína HER2. A diminuição na reincidência da doença para as pacientes que foram operadas chega a 50%. Naquelas com metástase, a expectativa de vida cresce entre um e dois anos. “São medicamentos que existem há 10 anos ou mais. Ainda assim, é preciso ter cuidado com esses trabalhos (publicados hoje na Science), pois trata-se de um estudo pré-clínico, feito em cobaias e células de laboratório”, alerta Silvestrini. Os futuros testes precisarão investigar possíveis efeitos colaterais e o uso recorrente da terapia.

            Radioterapia em efeito olateral

            Pesquisadores da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova forma de radioterapia que coloca o câncer em remissão — respondendo ao tratamento ou sob controle — sem causar efeitos colaterais. A estratégia foi testada com sucesso em camundongos. “Estamos prontos para passar para testes em animais maiores. Depois, em pessoas. Mas, antes de começar a tratar os humanos, precisamos de instalações e equipamento adequados”, disse M. Frederick Hawthorne, líder do estudo.

            A equipe comandada por Hawthorne explorou justamente uma característica das células cancerosas para atacá-las. Essas estruturas crescem mais rapidamente que as normais e, durante esse processo, absorvem mais materiais. Os pesquisadores fizeram com que, nos camundongos, as células cancerosas absorvessem e armazenassem uma forma particular de boro desenvolvida por eles. O boro tem a característica de se dividir, lançando lítio, hélio e energia pelo corpo. No caso das cobaias, esses pedaços liberados no organismo passaram a buscar as estruturas com tumores para destrui-las, preservando os tecidos vizinhos saudáveis. 

            “Desde 1930, os cientistas têm procurado obter sucesso com um tratamento de câncer conhecido como terapia de captura de nêutrons pelo boro (BNCT). Nossa equipe finalmente encontrou o caminho para fazer BNCT trabalhar aproveitando a biologia de uma célula cancerosa por meio da nanoquímica”, afirmou Hawthorne, vendedor da Medalha Nacional de Ciência, concedida pelo presidente americano, Barack Obama.

            Feliciano volta a afirmar que africanos são amaldiçoados

            folha de são paulo

            Manifestação foi feita ao STF, em inquérito que o investiga por preconceito
            Ao tribunal, deputado cita trecho da Bíblia usado historicamente para embasar atitudes consideradas racistas
            TAI NALONRUBENS VALENTEDE BRASÍLIAEm defesa protocolada no STF (Supremo Tribunal Federal), o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) reafirmou que paira sobre os africanos uma maldição divina e procurou justificar a fala com uma afirmação que, publicamente, tem rechaçado: a de que atrelou seu mandato parlamentar à sua crença religiosa.
            O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é alvo de inquérito no STF por preconceito e discriminação por uma declaração no microblog Twitter.
            Em 2011, ele escreveu que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição".
            Na época, Feliciano também postou que africanos são amaldiçoados pelo personagem bíblico Noé. "Isso é fato", escreveu no microblog. O post depois foi deletado, mas provocou protestos.
            A Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado ao Supremo -onde ele também responde a uma acusação de estelionato.
            Feliciano é acusado de induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, crime sujeito a prisão de um a três anos e multa. Não existe tipificação penal para homofobia.
            Em sua defesa no STF, protocolada no dia 21, Feliciano disse que não é homofóbico e racista. Reafirma, porém, a sua interpretação de que há a maldição contra africanos.
            "Citando a Bíblia [...], africanos descendem de Cão [ou Cam], filho de Noé. E, como cristãos, cremos em bênçãos e, portanto, não podemos ignorar as maldições", afirmou, na peça protocolada em seu nome pelo advogado Rafael Novaes da Silva.
            "Ao comentar [no Twitter] acerca da 'maldição que acomete o continente africano'", disse sua defesa, o deputado quis afirmar que é "como se a humanidade expiasse por um carma, nascido no momento em que Noé amaldiçoou o descendente de Cão e toda sua descendência, representada por Canaã, o mais moço de seus filhos, e que tinha acabado de vê-lo nu".
            A defesa disse ainda que há uma forma de "curar a maldição", entregando "os seus caminhos ao Senhor". "Tem ocorrido isso no continente africano. Milhares de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição tem sido retirado", diz o texto.
            Historicamente, interpretações distorcidas do trecho da Bíblia citado pelo pastor serviram como justificativa para atitudes e manifestações racistas, como as dos proprietários de escravos no Brasil e nos EUA no século 19.
            Ao STF Feliciano não entrou em detalhes sobre sua afirmação sobre os gays -disse apenas que não há lei que criminalize sua conduta.
            O pastor também afirmou que seu mandato está atrelado à religião, embora tenha dito durante a atual crise que sua crença não afeta sua atuação na Câmara. Usou esse argumento para se manter na presidência da comissão.
            Ao STF afirmou que suas manifestações no Twitter estão "ligadas ao exercício de seu mandato". A estratégia é vincular as declarações à imunidade parlamentar.
            Feliciano foi eleito para a comissão em março. Após protestos contra sua permanência, o pastor conseguiu aprovar requerimento fechando as sessões para o público.

              O PASTOR E A ÁFRICA
              O QUE DIZ A BÍBLIA
              Cam, filho de Noé, viu o pai embriagado e nu e disse aos irmãos. Quando soube, Noé amaldiçoou o neto, Canaã
              O QUE DIZ FELICIANO
              "Africanos descendem de ancestral amaldi-çoado por Noé"
              No Twitter, em mar.2011
              "Minha família tem matriz africana, não sou racista"
              Em entrevista, em mar.2013
              "Africanos descendem de Cão [ou Cam], filho de Noé. E, como cristãos, [nós] cremos em bênçãos e, portanto, não podemos ignorar as maldições"
              Em defesa apresentada ao STF

              Deputado cancela visita a torcedores presos na Bolívia
              DE BRASÍLIAPressionado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o pastor Marco Feliciano recuou e cancelou a viagem que faria à Bolívia na semana que vem.
              A viagem serviria para avaliar a situação dos 12 corintianos que estão presos no país vizinho desde fevereiro, após um jovem morrer durante uma partida de futebol.
              Num telefonema, Alves avisou a Feliciano que já tinha solicitado providências ao Ministério das Relações Exteriores e que achava desnecessária uma visita da comissão.
              Alves ainda criticou a decisão de Feliciano de proibir a presença do público nas reuniões do colegiado. "Não posso concordar com o fechamento das comissões como regra, como norma permanente. Fechamento só por excepcionalidade", disse Alves.
              Ontem o pastor participou de culto em Salvador. Ele criticou reportagem da Folha em que sua mãe relata como fazia abortos.
              "Ela errou, mas todo ser humano erra nessa vida. Pior foi a crueldade de irem até a casa dela, uma senhora de mais de 70 anos, que está doente", afirmou.

                Eduardo Almeida Reis-Ginásticas‏

                Do estresse ninguém está livre: basta assistir aos telejornais que exibem matérias sobre acidentes vasculares cerebrais


                Eduardo Almeida Reis

                Estado de Minas: 05/04/2013 


                Exercícios e esportes fazem um bem tão grande à saúde, que todos deveriam exercitar-se e praticar esportes. Durante séculos, em Belo Horizonte, fui vítima de um programa radiofônico chamado “em forma”, que a locutora pronunciava “informa”, soava como informação e não me dava tempo de desligar o rádio. Copio de um dos meus livros as estatísticas de 1985 da Who’ Who in American Sports informando a média de idade em que a rapaziada vai a óbito. Vejamos: 57 anos para os jogadores de futebol norte-americano, 61 anos para os boxeadores, 64 anos para os atletas de beisebol e 71 anos para os corredores. Noite dessas, a tevê aberta nos mostrou matéria sobre o crescente e assustador número de casos de AVC entre mulheres e homens jovens, na faixa dos 30 anos. Entre os agentes relacionados, lembro-me de ter visto o estresse, a hipertensão, o tabagismo e o sedentarismo. Matéria que focalizou bela moça de 37 anos, atleta da Seleção Brasileira de handebol, sem casos em sua família, recuperando-se de um AVC. Ora, bolas, atleta de Seleção Brasileira não é sedentária, não fuma e não é hipertensa, além de ser monitorada pelos médicos. Do estresse ninguém está livre: basta assistir aos telejornais que exibem matérias sobre acidentes vasculares cerebrais.

                A propósito da longevidade dos corredores, morrendo em média na avançada idade de 71 anos, é preciso notar que todos têm características físicas que os destacam dos outros atletas: resistência excepcional, inata e aperfeiçoada pelos treinos, que lhes permite enfrentar esporte exigente e exaustivo como as corridas; têm, também, o biótipo do corredor, geralmente caracterizado pelo corpo fino, longo, esguio, de pernas compridas e pouco ou nenhum excesso de peso. É um biótipo que, sozinho, deve ser capaz de garantir-lhes, em média, maior número de anos de vida do que a estrutura física dos atletas que buscam outros esportes, como, por exemplo, o futebol norte-americano. Mesmo que nenhum deles jamais fizesse qualquer tipo de exercício, o longilíneo viveria mais do que o massudo. Deu para entender?


                E-mail cafeinado
                Cafeína, sabemos todos, é alcaloide (C8H10N4O2) existente no café, chá, mate, guaraná, cola etc. usado como estimulante e diurético, motivo pelo qual estimula amáveis leitores a corrigir o cronista. O último disse que escrevi duas vezes café expresso e o correto, segundo ele, é café espresso. Tenho dois dicionários de italiano-português. Um deles, gorducho, é boa porcaria. O outro, magrelo, diz que espresso significa expresso. Portanto, na Itália pode ser espresso, mas é caffè: caffè espresso. Aqui em casa e na coluna Tiro e Queda, é café expresso ou simplesmente expresso, como peço à comadre operadora da máquina, que me serve o café feito através da passagem de água muito quente, mas não fervente, sob alta pressão, pelo pó moído especialmente para expresso. A máquina é italiana, mas foi comprada em BH, o pó é do Sul de Minas e este é o grande jornal dos mineiros. Pela atenção, muitíssimo obrigado.


                Jornalismo

                Meu provedor de internet noticiou o seguinte: “Um aluno matou uma professora a facadas dentro da Escola Estadual Professor Joaquim de Toledo Camargo na noite de segunda-feira, no Centro de Itirapina (SP), a 188 quilômetros da capital. O suspeito de ter cometido o crime, Thomas Hiroshi Haraguti, de 33 anos, foi preso por volta das 3h de hoje a pé na rodovia Ayrton Senna. De acordo com a Polícia Militar (PM), o aluno entrou na escola por volta das 19h e foi até a sala dos professores, onde estava Simone de Lima, de 27. O rapaz então a atacou com sete facadas em várias partes do corpo”. Vejamos: sujeito de 33 anos já não é um rapaz, é um homem. Se matou Simone de Lima, linda professora como vejo nas fotos coloridas, não é rapaz nem homem, é bandido, é criminoso, é assassino, é psicopata. Como havia mais gente na sala dos professores, Thomas não é suspeito: é autor do crime. Junte-se o seguinte: é meio difícil dar sete facadas que não sejam em várias partes do corpo. Quanto ao (PM) depois de escrever Polícia Militar, salvo melhor juízo, também foi de amargar.

                Pastor sob segurança máxima-Maria Clara Prates‏

                Supremo isola prédio para o interrogatório hoje do deputado Marco Feliciano em processo por estelionato. Apesar de o caso não correr em segredo de Justiça, audiência será fechada 


                Maria Clara Prates

                Estado de Minas: 05/04/2013 

                Os protestos contra o deputado federal pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que se arrastam há quase um mês, fizeram com que a Justiça montasse um esquema especial de segurança para hoje, quando o parlamentar vai depor em processo no qual é acusado de estelionato. A segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu isolar o prédio para o interrogatório do deputado e restringir a entrada no complexo que abriga a Corte. Nas quatro sessões do colegiado desde que tomou posse no comando do colegiado, no início de março, o pastor do Templo Avivamento, acusado de racismo e homofobia, enfrentou fortes protestos, que deixaram um saldo de duas detenções de manifestantes e a decisão, inédita na Câmara, de fechar as reuniões da comissão ao público. Pressionado por líderes partidários a renunciar ao cargo, Feliciano é ainda alvo de uma série de representações por causa de suas atitudes (veja quadro).

                A audiência de interrogatório no STF vai ocorrer a portas fechadas por decisão do relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski. Na sala do magistrado serão acomodados o réu, o representante da Procuradoria da República, os advogados do parlamentar e os servidores da Corte. Como o processo não está sob segredo de Justiça, os jornalistas poderão ter acesso, depois da sessão, ao depoimento do pastor, que será gravado e filmado, garantiu o relator. O ministro Lewandowski – que atuou como revisor do processo do mensalão – justificou o reforço na segurança e o depoimento fechado: “É preciso que ele (Feliciano) tenha livre trânsito, que os advogados, a procuradora e o juiz possam trabalhar com toda a tranquilidade para não tumultuar, não haver assédio. Quero garantir a tranquilidade do interrogando. Isso vai ser gravado e filmado. Vocês requeiram (o acesso ao depoimento) que eu vou analisar”, completou.

                Calote De acordo com a denúncia, oferecida em 2009 pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, quando Marco Feliciano ainda não era deputado federal, ele e um assessor firmaram um contrato para a realização de um show religioso em São Gabriel, a 320 quilômetros de Porto Alegre, ao qual o pastor não compareceu. À época, a produtora do evento teria feito depósito de R$ 13 mil, referente ao cachê da apresentação, na conta indicada pelo pastor. Mas, depois do acerto, o assessor do hoje parlamentar teria ligado para a produtora e advogada Liane Pires Marques para informar que Feliciano tinha sofrido um acidente no Rio de Janeiro e, portanto, não poderia comparecer ao compromisso. Intrigada com o fato, a advogada buscou informações e verificou que não foi registrado nenhum acidente com evangélicos do Templo do Avivamento. Segundo ela, na verdade Feliciano tinha uma entrevista em uma rádio, que lhe teria oferecido o dobro do cachê pago pela produtora gaúcha.

                Além do processo criminal no STF, o deputado responde também a uma ação cível que ainda tramita em São Gabriel. Nela, a advogada Liane pede indenização pelo prejuízos causados pela ausência do pastor no evento. No ano passado, a Justiça determinou que Marco Feliciano pagasse os R$ 13 mil a Liane como devolução do cachê. O deputado pagou, mas ela pede mais. Segundo a produtora, o prejuízo comprovado teria sido de quase R$ 100 mil na época, em despesas com segurança, passagens aéreas e estrutura para o show. Ainda segundo Liane, a dívida hoje estaria em R$ 2 milhões. A defesa do deputado nega a acusação. Segundo o advogado Rafael Novaes, Feliciano teria recebido o dinheiro e tentado devolvê-lo. No entanto, diz, os organizadores do evento teriam se recusado a receber o valor e optado por recorrer à Justiça.

                No meio do um verdadeiro turbilhão – alimentado, de um lado, por manifestantes em defesa dos direitos humanos, e de outro, pela pressão dos próprios colegas e até correligionários na Câmara para que ele deixe a comissão –, Marco Feliciano bem que tentou adiar o interrogatório. Mas o argumento não convenceu o ministro Lewandowski. Segundo alegou o pastor, ele já estava comprometido para ministrar um culto religioso no Pará. “Indefiro tal pretensão, porquanto a data, sexta-feira, foi escolhida de modo a não prejudicar a atuação parlamentar do denunciado. Ademais, as atividades judiciárias preferem a quaisquer outras de natureza privada”, afirmou Lewandowski no despacho.

                Os pecados de Feliciano

                representações e processos contra o deputado


                Estelionato
                O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) será ouvido hoje no Supremo no processo em que é acusado de estelionato. A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul em 2009, antes de Feliciano tomar posse como deputado federal. O processo foi remetido ao STF em razão do foro privilegiado. A acusação afirma que o parlamentar e pastor firmou contrato para ministrar um culto religioso mas não compareceu. Na ação, o deputado é acusado de obter para si a vantagem ilícita de R$ 13.362,83 simulando um contrato "para induzir a vítima a depositar a quantia supramencionada na conta bancária fornecida".

                Homofobia
                Em 17 de março, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, enquadrou Feliciano na lei que define crimes de preconceito de raça ou cor. Ele quer que o Supremo Tribunal Federal instaure ação penal por discriminação e condene o deputado a pena de prisão e pagamento de multa. O procurador entendeu que duas mensagens postadas por Feliciano no Twitter tinham conteúdo discriminatório. Como não existe no Brasil lei que estabelece pena por homofobia, o procurador-geral usou a norma que estipula pena de prisão para quem "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O pastor argumenta que está sendo “vítima de uma perseguição fria e calculista”.

                Difamação
                Em 1º de abril, os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Érika Kokay (PT-DF) e Domingos Francisco Dutra (PT-MA) entraram com representação criminal na Procuradoria Geral da República contra Feliciano e o empresário Silas Lima Malafaia, que estariam usando empresa de assessoria para difamá-los. Eles pedem a acusação de Feliciano e Malafaia por sete crimes: difamação, calúnia, falsificação de documento público, injúria, falsidade ideológica, formação de quadrilha ou bando e improbidade administrativa.

                Ataque a colegas
                Em 2 de abril, a deputada Iriny Lopes (PT-ES) protocolou representação da Mesa Diretora da Câmara contra o pastor em que afirma que, ao dizer que a Comissão de Direitos Humanos era “dominada” por “Satanás” , o pastor feriu a honra e a imagem dos colegas. Essa representação, assim como a feita por grupo liderado pelo PSOL, será encaminhada à Corregedoria da Câmara ou ao Conselho de Ética da Casa. A mesma denúncia foi levada à Procuradoria Geral da República.

                Quebra de decoro
                Um grupo de nove deputados do PSOL, PT, PSB e PMDB entregou à Mesa Diretora da Câmara, em 3 de abril, representação em que o pastor é acusado de quebra de decoro parlamentar ao empregar funcionário fantasma e utilizar verba da Casa para negócios particulares. Para o grupo, a conduta é “incompatível com o decoro parlamentar, punível com a perda do mandato”. Os deputados  apresentaram também recurso para anular a eleição de Feliciano ao comando da comissão.


                Isolamento da comissão irrita deputados
                Adriana Caitano
                Publicação: 05/04/2013 04:00
                Brasília – A decisão tomada por Marco Feliciano (PSC-SP) de proibir a entrada de manifestantes nas sessões da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) repercutiu na Câmara dos Deputados. Colegas dos mais variados partidos, incluindo o antecessor no comando da CDHM, integrantes da mesa diretora e o próprio presidente da Câmara, classificaram de arbitrária a opção de vetar a presença de público na Casa dos políticos eleitos justamente para representar a população. Apesar de boa parte dos deputados ser contrária à medida, houve quem defendesse a atitude do parlamentar e pastor evangélico, que se amparou em um artigo do Regimento Interno da Casa, que permite aos presidentes de comissões promover a ordem no colegiado quando necessário.

                Durante a reunião de quarta-feira, Feliciano afirmou que apresentaria requerimento à comissão para tornar as futuras sessões restritas a deputados, assessores técnicos e jornalistas. Os integrantes presentes concordaram, e assim ficou definido. O presidente da CDHM, porém, não formalizou a decisão nem apresentou qualquer ofício à Secretaria Geral da Casa. “Ele apenas requisitou segurança para sua sessão, não há qualquer deliberação da mesa diretora sobre o assunto, pelo contrário, entendemos que as reuniões devem ser livres, abertas, principalmente nas comissões temáticas”, afirmou o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR).

                Em Natal, onde se recupera de uma cirurgia de hérnia abdominal, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), manifestou descontentamento com a decisão de Feliciano. Pouco depois, o deputado potiguar recebeu um telefonema do titular da CDHM. O pastor comunicou que não vai mais viajar à Bolívia na terça-feira, quando outra comitiva parlamentar visitará o município de Oruro para tratar do caso de 12 torcedores do Corinthians detidos há 44 dias pela morte de um adolescente boliviano durante uma partida de futebol. No mesmo dia, está marcada uma reunião de líderes na Câmara para discutir a situação de Feliciano.

                Enquanto isso, as pressões internas crescem contra o deputado do PSC. “Trata-se de um desatino completo delimitar quem vai ou não participar de uma comissão de modo antidemocrático, o que é agravado por ser a de Direitos Humanos, que existe justamente para não haver esse tipo de segregação”, argumentou o deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-presidente da CDHM. “O deputado não vota só para ele, é um representante, e o mínimo que se espera é que seus atos possam ser acompanhados pelos representados”, completou José Antônio Reguffe (PDT-DF). A Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, criada por deputados contrários a Feliciano, decidiu enviar uma reclamação formal à Mesa Diretora da Casa sobre a decisão do pastor. O requerimento deve ser protocolado até o início da semana que vem. Além de determinar o fechamento das sessões, Feliciano pediu ao comando da Câmara que investigue se há funcionários de deputados participando das manifestações contra ele.