sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Eleições‏

As críticas muito me divertem, porque não me alcançam, e tenho a certeza de que os críticos falam da boca para fora, sem acreditar no que dizem
 

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 27/12/2013 




As primeiras pesquisas de intenção de votos para o Governo do Estado do Rio de Janeiro só fazem confirmar a tradição do eleitor de escolher o pior entre os piores. Não digo “eleitor carioca”, porque o Rio e São Paulo, bem como Brasília, têm milhões de eleitores nascidos em outros estados.

Não deixa de ser curioso notar que os candidatos atuais não disputam ideias, mas minutos de televisão. Vale qualquer tipo de promessa ou acordo, com a só condição de que o outro disponha de minutos de televisão. Os resultados aí estão cada vez piores, como se fosse possível, mas têm sido. Nas pesquisas do Rio, a metade das intenções de votos está prometida a dois cavalheiros que, num país civilizado, estariam na cadeia há muito tempo. Um dos dois deve ser eleito. Fazer o quê?

Ainda bem que para a Presidência da República uma voz maviosa se alevanta – e que voz!, caro e preclaro leitor do Estado de Minas. Pena que na deputação estadual, a maviosidade da mesmíssima voz tenha sido usada para fazer discurso contra mim, quando me tornou pesona non grata ao estado em que faz política, pois nasceu em Pernambuco em novembro de 1972.

Refiro-me ao ilustre político Randolph Frederich Rodrigues Alves – eleito senador mais jovem do Brasil e o mais votado da história do Amapá – conhecido como Randolfe Rodrigues (PSol-AP). Professor de história formado pela Universidade Federal do Amapá é potencial candidato à presidência da República Federativa do Brasil em 2014.

Se fosse religioso, juro que rezaria de cotio, a cote, cotidianamente pelo pernambucano de Garanhuns, porque tenho visto o que acontece aos que falam mal de mim. As críticas muito me divertem, porque não me alcançam, e tenho a certeza de que os críticos falam da boca para fora, sem acreditar no que dizem.

Um ilustrado governador, que me processou por “direitos difusos” reclamando R$ 50 milhões, acabou cassado, coitado, e não foi por mim. Ilustre senador, que ficou meia hora na tribuna do Senado falando mal de mim – por acaso, liguei a tevê na hora e me diverti com a oratória de sua excelência – dois ou três anos depois apareceu na mesma tevê, em cores, algemado pela Polícia Federal por furto na condição de secretário de Saúde do estado em que faz política. Que se pode esperar de um secretário de Saúde, médico, que rouba o povo?

Triste seria merecer reproche de homens de bem, mas tenho tido a sorte de ser exprobado por ladrões ou por ingênuos, caso de Randolph Frederich Rodrigues Alves, cuja voz, e só ela, diz da sua pureza de sentimentos.

Comi mosca

Não sei se as moscas estão incluídas entre os insetos que fazem parte da alimentação regular de mais de um bilhão de pessoas neste planeta faminto. Em maio de 2013 a FAO recomendou insetos na alimentação mundial. Algumas espécies como a formiga tanajura e a larva do besouro Pachymerus nucleorum, conhecida como larva de coquinho, são consumidas regularmente no interior do Brasil. Usei “comer mosca” no sentido de não entender a ironia de um cronista e repassar o seu texto no maior entusiasmo.

Só mais tarde percebi que o rapaz inventou a meia ironia, que consiste na inclusão de uma verdade incontestável entremeio a uma porção de assertivas irônicas. Que é ironia? João do Rio disse que é o lirismo da desilusão. Vem do grego eiróneía,as “ação de interrogar fingindo ignorância; dissimulação”.

Hoje, na rubrica retórica, é a figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado, para definir ou denominar algo, enquanto na rubrica literatura é a figura, caracterizada pelo emprego inteligente de contrastes, usada literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos.

Se você inclui uma verdade incontestável no meio de uma lista irônica acaba confundido a cuca do leitor apressado, como aconteceu comigo. Fiquei para morrer de vergonha. Espero ter aprendido a lição.

 O mundo é uma bola

27 de dezembro de 1831: Charles Darwin embarca no HMS Beagle para sua viagem ao redor do mundo. Em 1935, a Pérsia passa a se chamar Irã. Em 1939, criação do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo, na ditadura Getúlio Vargas. Em 1945, criação do FMI, o Fundo Monetário Internacional. Em 1949, os Países Baixos reconhecem a independência da Indonésia. Em 1978, depois de 40 anos de franquismo, a Espanha aprova uma constituição democrática. Em 2007, assassinada no Paquistão Benazir Bhutto, duas vezes primeira-ministra, educada em Harvard e em Oxford, advogada, a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de governo de um Estado muçulmano moderno.

Em 1797, nascimento de Domitila de Castro Canto e Melo, marquesa de Santos, que foi a Rose de dom Pedro I. Em 1822 nasceu Louis Pasteur, cientista francês, benfeitor da humanidade. A exemplo de vários outros gênios, nunca foi aluno brilhante no colégio e na universidade.

Ruminanças
 “Havia aqui, por toda parte, ‘amantes espirituais de Stálin’. Eram jornalistas, intelectuais, poetas, romancistas. Outros punham nas paredes retratos de Stálin. Era uma pederastia idealizada, utópica e fotográfica” (Nelson Rodrigues, 1912–1980).

CARLOS HERCULANO LOPES » O último Natal‏


CARLOS HERCULANO LOPES » O último Natal
Estado de Minas: 27/12/2013





Depois de quase quatro décadas morando no mesmo lugar, uma velha casa – das mais antigas da Floresta –, bem no coração de Belo Horizonte, sua proprietária, uma senhora já caminhando para os 80 anos, mas ainda com forte espírito de luta e resistência, acabou decidindo, depois de muito meditar, que estava na hora de se mudar.

Era uma pena, mas não dava mais para ficar ali: muito espaço só para ela, pois nenhum dos filhos vivia mais na sua companhia; manutenção difícil, com reparos precisando ser feitos; a inevitável preocupação com a segurança; além de tantas lembranças que às vezes, trazendo uma ponta de tristeza, insistiam em voltar ao seu coração, fazendo-a sentar-se na cadeirinha de balanço, fechar os olhos e, aos poucos, se deixar levar pelos pensamentos.

Vinham então, como ondas, o dia em que, na pequena cidade onde moravam no Vale do Rio Doce, recebeu um telegrama, por meio do qual o marido, numa alegria só, dava a notícia de que havia comprado uma casa em Belo Horizonte: “É muito bonita, bem arejada; fica num ponto ótimo; tenho certeza de que você irá gostar”, dizia o texto.

E algum tempo depois, não sem um nó na garganta, ocorreu a mudança para a capital: a matrícula dos filhos nos colégios ali mesmo próximos ao bairro; a transferência de trabalho e as constantes viagens do companheiro, que, por não poder abrir mão dos seus negócios, ainda ficou durante anos num vaivém entre a capital e a cidade onde viviam.

Em todas essas coisas, e em tantas outras, das quais já julgava esquecidas, aquela senhora, tantos anos depois, quando estava sozinha naquela casa da Floresta, costumava pensar. Até que, prática como sempre foi e depois de muito ouvir o coração, viu que não havia mesmo outro jeito, e que teria de iniciar uma nova fase na vida.

“Fui feliz nesta casa: aqui criei meus filhos, vi nascer meus netos, vivi bem com meu marido até a sua morte; nela também me despedi da minha mãe, fui amiga dos vizinhos, dos quais irei sentir falta. Mas não dá mais, o meu tempo aqui acabou.”

E foi assim que, há umas três semanas, aquela senhora, que continua a grande líder da família, pegou o telefone e, um a um, ligou para os filhos comunicando a decisão de se mudar. Comentou ainda com seus irmãos e com algumas outras pessoas mais próximas.

De terça para quarta-feira, com a chuva sem tréguas sobre BH, a família então celebrou, não sem muita emoção, aquele que, provavelmente, depois de 40 anos, foi o último Natal na velha casa da Floresta.

>> carloslopes.mg@diariosassociados.com.br

RETROSPECTIVA 2013 - CINEMA » Reflexão na tela‏


RETROSPECTIVA 2013 - CINEMA » Reflexão na tela Em período marcado pelo sucesso comercial das comédias, cinema brasileiro mostra força em produções realizadas fora do eixo Rio-São Paulo. Amor foi o filme do ano 
 
Gracie Santos
Estado de Minas: 27/12/2013 

Som ao redor, de Kléber Mendonça, navegou na contracorrente dos filmes descartáveis, propondo reflexão madura sobre a violência brasileira   (Divulgação)
Som ao redor, de Kléber Mendonça, navegou na contracorrente dos filmes descartáveis, propondo reflexão madura sobre a violência brasileira

Na contramão das comédias que renderam recordes à produção nacional deste ano, dois dramas merecem especial atenção. O som ao redor, estreia em longa do pernambucano Kléber Mendonça Filho, reflexão sobre a violência e os ruídos do cotidiano. E barulho é exatamente o que ele vem fazendo. Exibido em mais de 100 festivais, premiado em vários (o mais recente é o troféu de Diretor Estreante do Festival de Toronto, no Canadá), o filme conquista pela sutileza da trama e pela narrativa diferenciada.

A câmera passeia por uma rua de bairro de classe média, na Zona Sul do Recife, que acaba de ganhar seguranças particulares. Curiosamente, é a partir da promessa de proteção que a tensão se instala (ou cresce). Ainda que a vida de vários personagens comece a se desenhar, o foco é mais amplo: o contexto urbano. Aquela rua são várias, aquelas pessoas poderiam ser seus vizinhos e um deles poderia ser você, ator da sociedade contemporânea, prisioneiro do medo construído pelo fracasso econômico, político e social. A violência é implícita. Não há armas nem sangue, mas algo de muito ruim pode (ou está para)  ocorrer. O Recife pode ser qualquer lugar e o diálogo é universal.

O segundo filme também se apoia em questão urbana (atual e milenar): a solidão. O homem das multidões, parceria do mineiro Cao Guimarães com o também pernambucano Marcelo Gomes, ainda não estreou nas salas do país (a previsão é para maio) mas faturou o Redentor de Direção no Festival do Rio e acaba de ser anunciado para a mostra paralela do 64º Festival de Berlim (6 e 16 fevereiro), a Panorama, dedicada ao cinema autoral/experimental.

A obra se encaixa perfeitamente, pela abordagem do tema e pela estética, o aspect ratio ( 3x3 ou proporção quadrada). Nada de historinha com princípio, meio e fim. A trama transcorre como se Cao e Marcelo passassem pelas vidas de Juvenal (Paulo André) e Margô (Sílvia Lourenço), metroviários que sofrem do mal de bilhões: extrema solidão. A câmera bisbilhota, espremida pelo quadrado claustrofóbico e deixa os dois quase como os encontrou.

São dois filmes instigantes, incômodos e inteligentes. Ambos se apoiam na sutileza elegante de quem “denuncia” sem julgar o que vê. Bom para variar e refletir, em meio ao vazio do riso fácil.

BH bombou 

Duas entre várias mostras promovidas este ano pelo Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes sacudiram a cidade, e levaram público recorde ao espaço de exibição que passou por reforma estrutural. De abril a maio, a Mostra Howard Hawks, inédita no Brasil, revisitou a obra de um dos cineastas americanos mais aclamados nos últimos 60 anos. Exibiu 44 longas (de 1926 a 1970). Destaque também para a Mostra Hitchcock é o cinema (de julho a setembro), que apresentou filmografia completa do cineasta inglês (54 filmes) e  exibiu parte das produções televisivas dos anos 1950 e 60. Cinema de qualidade com entrada franca. Que a iniciativa de Rafael Ciccarini, gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, não morra.

Riso rende


Paulo Gustavo na comédia Minha mãe é uma peça (Paris Filmes/Divulgação)
Paulo Gustavo na comédia Minha mãe é uma peça

Merece registro o burburinho e a dança dos números gerada por comédias escrachadas, filão que não só o brasileiro como plateias do mundo inteiro teimam em valorizar, muito provavelmente no afã de desopilar o fígado. Por aqui, o resultado deste ano deixou o mercado em polvorosa. O Brasil comemorou recordes de público (27 milhões), renda (R$ 260 milhões) e lançamentos (126 longas). Destaque para Minha mãe é uma peça, de André Pellenz, com o ator Paulo Gustavo travestido de dona Hermínia, esposa abandonada pelo marido; e de Pernas pro ar 2, de Roberto Santucci, com Ingrid Guimarães. A promessa é de mais do mesmo em 2014.

Região criativa

Tatuagem, de Hilton Lacerda: nova safra pernambucana   (Imovision/Divulgação)
Tatuagem, de Hilton Lacerda: nova safra pernambucana
Não por acaso dois dos diretores dos filmes citados na abertura, Kléber Mendonça e Marcelo Gomes, são pernambucanos. A produção do estado vive verdadeiro boom, com obras marcadas pela pluralidade temática e estética, que vêm conquistando cada vez mais espaço em festivais e salas de cinema. No site que cataloga realizadores locais (www.cinemapernambucano.com.br), o crítico André Dib escreve: “Apenas nos 10 anos deste início de século foram realizados mais filmes do que nos 100 anos anteriores.” Entre os destaques de 2013, Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes, e Tatuagem, de Hilton Lacerda. Tudo começou com Baile perfumado, de 1996 (de Lírio Ferreira e Paulo Caldas), que traz no letreiro os nomes dos principais realizadores do estado, que ainda hoje alternam dobradinhas.

Pacto de amor
Vencedor do Oscar de Filme em Língua Estrangeira e da Palma de Ouro em Cannes, Amor, do cineasta austríaco Michael Haneke, pode ser considerado um dos melhores, se não o melhor filme do ano. Com trama contundente e abordagem mais que realista, conta a história de um casal de idosos (interpretações impecáveis de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva) que mantém, até o fim, seu pacto de amor, companheirismo e solidariedade. Dura, a trama do filme teve companhias temáticas bem mais amenas, num ano em que a terceira idade compareceu às telas variadas vezes. É o caso de E se vivêssemos todos juntos?, de Stéphane Robelin, com Jane Fonda e Geraldine Chaplin, que em BH manteve longa temporada.

Oscar dividido
Não há como recordar o ano sem falar em Oscar. A 85ª edição da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA deu o prêmio de Filme, Roteiro Adaptado e Edição a Argo, dirigido por Ben Affleck (também em cena na trama). Mesmo tendo vencido o Globo de Ouro de Direção, ele nem sequer foi indicado ao prêmio em Hollywood, o que causou certo frisson. Venceu Ang Lee, por As aventuras de Pi. Candidato mais incensado (que teve 12 indicações), Lincoln venceu apenas o Oscar técnico de Design de Produção e o de Ator, para um impecável Daniel Day-Lewis, inglês que, com o feito, tornou-se único a receber três Oscars. O disputado prêmio de atriz ficou com Jennifer Lawrence (O lado bom da vida). Bola dividida, este ano não houve um grande vencedor.

TeVê


Estado de Minas: 27/12/2013 


 (Discovery/Divulgação)

Fora de estrada


A dupla Gary Humphrey e Bill Wu (foto) cumpriu mais uma missão. Depois de cortar a América do Sul ao longo da Amazônia, Atacama e a costa chilena, eles fizeram um novo roteiro off road pelo México em Aventura 4x4, a bordo de um valente jipinho vermelho, enfrentando os mais variados desafios. Hoje e sexta-feira que vem o canal Discovery vai mostrar os bastidores da atração.

Documentário conta
a história da Playboy


Outra dupla que vem fazendo sucesso na telinha é formada por Wayde King e Brett Raymer, dirigentes da maior empresa de construção de aquários dos Estados Unidos e astros da série Com água até o pescoço, em reprise hoje numa maratona que o Animal Planet coloca no ar às 19h. Já o canal History preparou para hoje, às 23h, um especial sobre a revista Playboy, a publicação masculina que mudou a maneira como o mundo vê o sexo.

Fernanda Torres revela talento como escritora


A atriz Fernanda Torres e os escritores Luis Fernando Veríssimo e Luiz Ruffato são os convidados de hoje do Entrelinhas, às 22h, na Cultura. A edição é especial porque antecipa o novo formato da atração, que tem como cenário a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Universidade de São Paulo. É de lá que o jornalista e crítico literário Manuel da Costa Pinto apresenta as novidades do setor cultural. Ah, o assinante quer saber o que Fernanda Torres faz num programa literário? Ela acaba de estrear no mundo das letras com o romance Fim.

Luê canta dois clássicos  de Vinicius de Moraes


A paraense Luê é a artista da vez de Cantoras do Brasil, que este mês homenageou o poeta Vinicius de Moraes, no ano do centenário de seu nascimento. Luê interpreta os clássicos Insensatez e O bem amado, ambos da parceria de Vinicius com Toquinho, além de contar como começou a tocar violino e rabeca. No Canal Brasil, às 18h45.

Contraplano debate os  olhares sobre a favela


Na série Contraplano, às 22h, no SescTV, a historiadora Mary Del Priore e a pesquisadora e professora de comunicação Ivana Bentes analisam as diferentes visões sobre favela a partir dos filmes Rio Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos; Orfeu do carnaval (1959), de Marcel Camus; Cidade dos homens (2007), de Paulo Morelli; e Em busca de um lugar comum (2012), de Felippe Mussel.

Canal FX caprichou na  programação de filmes


Por falar em cinema, o canal FX emenda hoje dois campeões de bilheteria: Cisne negro, às 20h30,
e Avatar, às 22h30. Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Rosa Morena, no Canal Brasil; Bagdad Café, no Arte 1; Codinome Cassius 7, no Telecine Action; O espetacular Homem-Aranha, na HBO; Rock of ages – O filme, na HBO HD; Apagar histórico, na HBO 2; A princesa e o guerreiro, no Max; e Perigo por encomenda, no Max Prime. Outras atrações da programação: Melhor impossível, às 21h, no Comedy Central; Scarface (1983), às 22h05, no TCM; e Uma noite fora de série, às 22h30, no Megapix.



CARAS & BOCAS » Rumo ao altar   Simone Castro


Lutero (Ary Fontoura) e Bernarda (Nathalia Timberg) se casam em Amor à vida (João Miguel Júnior/TV Globo)
Lutero (Ary Fontoura) e Bernarda (Nathalia Timberg) se casam em Amor à vida

Os primeiros capítulos de Amor à vida (Globo) em 2014 terão início com um casamento. Lutero (Ary Fontoura) e Bernarda (Nathalia Timberg) vão subir ao altar. Já de volta à casa de Pilar (Susana Vieira), Félix (Mateus Solano) será convidado pela avó para fazer companhia à mãe no altar. Depois de um longo atraso da noiva, que deixará Lutero impaciente, Amadeu (Genézio de Barros) surgirá de braços dados com a mãe. Na igreja lotada, Pilar avista Márcia (Elizabeth Savalla) e torce o nariz. Mas Félix é firme: “Mamy poderosa, eu não vou permitir que você dê um jantar em casa sem a presença da Márcia, que me abrigou quando eu precisei. É a única chance de essa criatura passar um dia sem comer hot dog”. Para que não haja problemas, a antiga empregada de Pilar afirma: “Eu não quero ser uma intrusa, mas também não rejeito comida. Se precisar, eu como na cozinha”. Bernarda intervém e logo diz que Márcia é sua convidada. Na hora de ir embora, a própria anfitriã avisa que mandou preparar “umas coisinhas” para ela levar. Márcia que já estava com a bolsa cheia de bem-casados, recebe uma caixa com mais doces e salgadinhos. Tudo parecia correr bem até Rafael (Rainer Cadete) entrar na piscina com Linda (Bruna Linzmeyer). A mãe da moça, Neide (Sandra Corveloni), se irrita com a cena e arma o barraco. Para amenizar o clima, Jonathan (Thalles Cabral) convida a namorada e os dois dão um mergulho, brincando com Rafael e Linda.

DANILO GENTILLI ESTÁ SE MANDANDO PARA O SBT

O apresentador Danilo Gentilli deve assinar hoje seu contrato com o SBT. Com ele vai toda a equipe do Agora é tarde, que comandava na Bandeirantes, inclusive a banda Ultraje a Rigor. Gentilli tinha contrato com a Band até dezembro do ano que vem. Consta que o canal de Sílvio Santos vai assumir a multa rescisória. Aliás, a “aquisição” de Gentilli era um antigo desejo do empresário. Especula-se que na nova casa o salário do apresentador será de no mínimo R$ 300 mil. Somados os ganhos de merchandising e participação nos lucros da atração poderá chegar a R$ 700 mil. Na Band, ele embolsava cerca de quatro vezes menos. O novo formato da atração que apresentará ainda não foi divulgado, mas sabe-se que irá ao ar por volta da meia-noite. Mas será algo diferente do Agora é tarde, que seguirá na Band. Nos bastidores, fala-se em Dani Calabresa para assumir a bancada do talk show. A emissora não confirma.

AGENDA ENTREVSTA HOJE  O MÚSICO THIAGO PETHIT

Hoje, às 22h, na Rede Minas, o Agenda vai promover um bate-papo com o músico paulistano Thiago Pethit. O artista fala sobre a carreira, discos e os shows que realiza Brasil afora. Confira também matéria sobre o espetáculo Valencianas, que apresenta o repertório do músico Alceu Valença com arranjos especiais para música de concerto. Para explicar detalhes do projeto, o programa ouviu o maestro Rodrigo Toffolo e o próprio Alceu Valença.

CORRIDA DE SÃO SILVESTRE AGITA ÚLTIMO DIA DO ANO


A Corrida de São Silvestre será realizada, como de costume, no dia 31, com transmissão pela Globo. A 89ª edição da prova deverá contar com mais de 27 mil corredores, número recorde de inscritos. A largada será de manhã, logo depois do Bom dia, Brasil.

NOITE DE REVANCHE

É logo depois do Altas horas, amanhã, que será transmitida na Globo a luta entre o brasileiro Anderson Silva e o norte-americano Chris Weidman pelo UFC 168. Mas atenção: a disputa entrará no ar com pelo menos 30 minutos de atraso. Os lutadores se reencontram cinco meses depois da última luta, quando Anderson Silva foi nocauteado e Weidman conquistou o cinturão da categoria pesos-médios. A revanche, uma das mais esperadas dos últimos confrontos, será realizada no octógono de Las Vegas, nos Estados Unidos.

VIVA
A insanidade de Manfred (Carmo Dalla Vecchia) em Joia rara (Globo) está de meter medo. Boas cenas do ator na parceria com José de Abreu, o vilão Ernest.

VAIA
Especial Roberto Carlos 40 anos juntos, em referência às quatro décadas da atração na Globo, exibido anteontem: o mesmo arroz com feijão de todos os anos. 

E-commerce salva o Natal‏

Lojas físicas venderam 2,97% mais que em 2012, pior desempenho na data em uma década, segundo o SPC, mas vendas on-line cresceram mais de 40%, impulsionadas pela Black Friday 


Vera Batista
Estado de Minas: 27/12/2013 


O movimento no comércio varejista, que costuma bater recorde no período do Natal, frustrou as expectativas dos lojistas. A previsão era de alta de 5% a 6% no volume de vendas em relação ao ano passado. Porém, de acordo com o indicador do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), entre 18 e 24 de dezembro o desempenho foi apenas 2,97% superior ao do mesmo período de 2012. Pesquisa da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), também aponta alta, de 2,5%, nas vendas da data, considerado o mais importante para engordar o faturamento. O incremento registrado pela Serasa Experian, de 2,7%, foi o mais fraco desde o Natal de 2003. Na contramão do pessimismo, as vendas on-line cresceram 41% em relação ao mesmo período de 2012.

Após extraordinária alta de 2010 (10,89%), as compras de presentes para o Natal foram mornas. O desaquecimento, na análise de Roque Pellizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojista (CNDL), se deve ao encarecimento do crédito. "O cenário econômico é desfavorável e os dados indicam que a inflação pesou no bolso dos consumidores. Os juros estão mais altos e a massa salarial já não cresce com tanto vigor quanto nos últimos anos, o que seria fundamental para aquecer o consumo interno", diz Pellizzaro Junior.

No caso do segmento de shopping centers, o desempenho foi ainda pior, de 2,5%. Alguns setores chegaram a ter queda. No de vestuário, a variação foi de 2%. Para 2014, a expectativa é de um crescimento um pouco maior, de 3%. Mas os lojistas estão preocupados com a alta do dólar, que pode pressionar os preços e reduzir as vendas.

Apesar do fraco movimento em todo o país, a elevação das vendas em 2013 foi levemente superior ao registrado em 2012 sobre o ano anterior (2,37%). Na análise do presidente da CNDL, agora, com o início da semana das trocas, o comerciante tem a oportunidade de se beneficiar das tradicionais liquidações e emplacar novas vendas, principalmente de artigos de vestuário, calçados, cosméticos, perfumaria, eletrodomésticos da linha branca, smartphones e tablets.

Segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), as vendas no Natal foram afetadas pelo maior endividamento das famílias, pela menor disponibilidade de crédito e pela alta da inflação. O conjunto de fatores, diz a associação, fez com que os gastos com presentes de Natal em 2013 fosse inferiores aos dos anos anteriores.

ON-LINE As vendas do comércio eletrônico atingiram um recorde de R$ 4,3 bilhões entre 15 de novembro e 24 de dezembro – período considerado de compras natalinas –, alta de 41% ante os R$ 3,05 bilhões do Natal de 2012, segundo dados da E-bit, empresa especializada em informações do varejo on-line. A movimentação superou a estimativa inicial de alta, de 25%, entre os períodos.

Segundo a E-bit, as vendas no fim do ano tiveram a contribuição da Black Friday, no dia 29 de novembro, quando o comércio eletrônico movimentou R$ 770 milhões, recorde de faturamento em um único dia. Segundo Pedro Guasti, diretor-geral da E-bit, os consumidores aproveitaram a Black Friday para antecipar a compra de presentes.

Neste Natal, 10 milhões de pessoas compraram on-line no país e gastaram em média, R$ 300 em cada pedido. A categoria mais vendida foi moda e acessórios, seguida por eletrodomésticos, telefonia e celulares, livros e informática.

Passaporte espacial

Passaporte espacial
 
Viagens curtas para admirar o planeta lá do alto, hotéis e até boates. Em alguns anos, aventureiros -e muito ricos - poderão desfrutar do turismo em baixa gravidade 



Vilhena Soares
Estado de Minas: 27/12/2013 


“Tendo a Lua aquela gravidade onde o homem flutua, merecia a visita não de militares, mas de bailarinos e de você e eu.” O desejo expresso por Herbert Vianna, líder dos Paralamas do Sucesso, na música Tendo a Lua, pode em breve se tornar realidade. Diferentes empresas já planejam oferecer visitas ao espaço a pessoas comuns, e não só para voos curtos. Existem projetos de hotéis e até de casas noturnas que funcionarão fora da Terra, o que permitirá, dentro de alguns anos, que famílias planejem passar férias de verão na gravidade quase zero.

Algumas dessas ideias devem sair do papel mais cedo do que outras. É o caso dos voos suborbitais, carro-chefe da empresa norte-americana Virgin Galactic, uma das pioneiras do turismo espacial. “As pessoas já começaram a fazer reservas para comprar bilhetes para os voos, dando provas de que há um mercado disponível”, informa a companhia ao Estado de Minas, por meio de sua assessoria de imprensa. Segundo a iniciativa, mais de 85 mil pessoas de todo o mundo manifestaram interesse em “se tornar um astronauta da Virgin Galactic”.

No passeio, a aeronave Space Ship Two levará os passageiros a uma experiência de ausência de gravidade, assim como será possível ter uma visão do planeta lá do alto. Os bilhetes custam US$ 250 mil e são restritos a maiores de 18 anos. “O regulamento atual da Federação de Aviação dos Estados Unidos (FAA) estipula essa idade mínima para os participantes de voos espaciais comerciais. Não há limite  máximo de idade, mas a Virgin Galactic vai garantir que todos os passageiros estejam suficientemente aptos e saudáveis para voar com segurança”, destaca a empresa.

O primeiro lançamento está previsto para o próximo ano. Muitos famosos, que incluem o físico britânico Stephen Hawking e celebridades de Hollywood, como Tom Hanks, Brad Pitt e Angelina Jolie, estão entre os que aguardam a chance de viajar. A Virgin avisa que esse é apenas o primeiro projeto do setor espacial que ela oferecerá, e que “muitas outras excitantes oportunidades relacionadas ao espaço” podem ser esperadas, sem entrar em detalhes.

É possível que a empresa esteja se referindo a ideias como o clube que a revista Playboy quer construir, que incluirá restaurante, discoteca, cassino, uma zona com salas particulares para assistir a danças eróticas e, claro, uma janela com vista panorâmica para a Terra. A informação foi divulgada na edição de março de 2012 da publicação nos Estados Unidos, na qual a Virgin era mencionada como uma possível parceira.

Hospedagem A companhia americana, contudo, não está sozinha na busca por lucrar com a vontade das pessoas de terem seus dias de astronautas. O projeto Galactic Suite tem o objetivo de oferecer um verdadeiro hotel que circulará ao redor da Terra, proporcionando aos hóspedes, além de acomodações luxuosas, uma vista deslumbrante do Planeta Azul.

Os responsáveis pela iniciativa, investidores espanhóis, estimam que podem alcançar uma clientela em torno de 40 mil pessoas ao redor do mundo, com vontade e dinheiro suficientes para se hospedar no hotel espacial. O treinamento para a viagem durará oito semanas e será realizado em uma ilha do Caribe. Uma vez no resort, os turistas usarão roupas de velcro a fim de se prender nas paredes e poder se locomover com mais facilidade na baixa gravidade.

Outra empresa com uma ideia semelhante é a russa Orbital Technologies, que tem planos de inaugurar, em 2016, a primeira estação espacial comercial, que servirá também como um hotel. Com sete cômodos individuais, essa pensão flutuante vai ficar a 350km de altitude. Animado para essa experiência? É bom ter dinheiro sobrando. A estada de cinco dias deve custar cerca de US$ 160 mil, sem contar o preço da passagem de ida e volta, no valor de US$ 800 mil. Para chegar ao hotel, os turistas deverão viajar durante dois dias em uma sonda russa Soyuz.

Comida impressa A expectativa de que a presença humana no espaço se intensifique nas próximas décadas faz com que novas tecnologias sejam pensadas para facilitar a vida de quem vai se aventurar longe do planeta. Exemplo disso é a intenção da agência espacial dos Estados Unidos de testar uma impressora 3D no espaço para produzir... comida. “A Nasa fez parceria com uma empresa chamada Made in Space para testar um dispositivo de fabricação aditiva na Estação Espacial Internacional no próximo ano. O teste é para determinar como as impressoras 3D se comportam em microgravidade e se elas podem um dia ser úteis para a fabricação no espaço”, declara Joshua Buck, do Departamento de Comunicação da Nasa.

Um dos objetivos de equipamentos desse tipo seria imprimir camadas de produtos comestíveis, que dariam origens a verdadeiros pratos, facilitando o processo de transporte e armazenagem da comida. É possível ainda que essas impressoras gerem módulos para a construção de casas espaciais. Buck, no entanto, avisa que esse projeto é pensado a longo prazo. “O conceito é muito inicial e pode se mostrar pouco prático”, admite. “Vamos ver se vale a pena prosseguir.”


Passeios flutuantes
Saiba mais sobre alguns dos projetos em desenvolvimento para turismo no espaço

Virgin Galactic
A primeira empreitada da empresa são voos suborbitais — a nave que levará os passageiros não chega a entrar em órbita, mas fica a uma altitude que permite ver a Terra lá do alto e flutuar na gravidade zero. Os passageiros, que pagarão US$ 250 mil por um assento, serão transportados na Space Ship Two, lançada por um avião e que atinge quase 4 mil quilômetros por hora (quase três vezes a velocidade do som). Todo o passeio dura duas horas e meia, sendo que a parte na gravidade zero dura “muitos minutos”. A empresa deseja também ter seu hotel espacial.
Mais informações: virgingalactic.com

Orbital Technologies
O empreendimento russo também desenvolve um hotel espacial, que poderá hospedar até sete hóspedes em quatro cabines. A viagem e a estada de cinco dias custarão US$ 960 mil. Com inauguração prevista para 2016, o local terá chuveiros selados, para que a água não saia flutuando, e vasos sanitários que usarão o ar para se livrar dos dejetos. O ar será constantemente filtrado para eliminar bactérias e odores desagradáveis. A comida será preparada na Terra e esquentada no espaço, com a ajuda de fornos de micro-ondas. O consumo de álcool não será permitido, e os turistas terão acompanhamento constante de uma equipe técnica especializada. Mais informações: orbitaltechnologies.ru

Galactic Suite
O projeto espanhol  quer construir um hotel que circundará a Terra em órbita baixa, para hospedagens de quatro a seis dias. Os módulos darão uma volta completa no planeta a cada 90 minutos, oferendo aos hóspedes 16 amanheceres e 16 pôres do sol por dia. Inicialmente, haverá um só módulo para poucos hóspedes, que irão até o hotel em naves russas Soyuz. Com o tempo, entretanto, a empresa quer ampliar o número de cômodos e usar naves com mais passageiros. A iniciativa desenvolve também projetos de visita à Lua. Mais informações: galacticsuite.com

Baixo nível de vitamina D não tem ligação com doenças como câncer


Vitamina D com moderação 
 
Reanálise de artigos indica que não há ligação entre o baixo nível da substância e o desenvolvimento de doenças como câncer e diabetes

Bruna Sensêve


Estado de Minas: 27/12/2013

Brasília – As vantagens da vitamina D para os ossos são inquestionáveis. No entanto, sua ação contra algumas disfunções divide a comunidade médica. Uma ampla revisão de evidências científicas feita pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Prevenção em Lyon, na França, sugere que os níveis baixos da vitamina D não são uma causa, mas uma consequência de problemas de saúde. A conclusão da meta-análise liderada por Philippe Autier põe em xeque o valor de suplementos na proteção a doenças agudas e crônicas não esqueléticas, como câncer, eventos cardiovasculares, diabetes e mal de Parkinson.

Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology, desafiando o conhecimento atual sobre o papel da vitamina D na prevenção de doenças não esqueléticas. A vitamina ficou famosa no meio científico e entre pacientes quando houve a comprovação, há algumas décadas, da influência que ela exerce sobre a saúde óssea e a absorção de cálcio. O achado abriu as portas para uma observação constante da ação da vitamina D no organismo, possibilitando associações livres entre o alto nível dela e a reduzida incidência de uma gama de doenças não necessariamente ligadas ao tecido ósseo.

Entre as centenas de trabalhos analisados pelo time de cientistas, 290 são do tipo observacional. Nesses, os benefícios da alta concentração de vitamina D apontados incluem redução do risco de eventos cardiovasculares (até 58%), de diabetes (até 38%) e de câncer colorretal (até 34%). Conclusões que não puderam ser confirmados nos ensaios clínicos com a suplementação. Ao reunir estudos que testam o efeito de prevenção em população com deficiência da vitamina, os pesquisadores se surpreenderam. A grande maioria dos 172 ensaios clínicos que examinaram os efeitos da suplementação de vitamina D não confirmou o resultado dos primeiros trabalhos avaliados.

Na verdade, a meta-análise não conseguiu identificar qualquer efeito ao elevar as concentrações da vitamina D com a suplementação para a incidência, a gravidade ou a evolução clínica dessas doenças. “Se os benefícios mostrados por dados de estudos observacionais não são reproduzíveis em estudos randomizados — o método padrão ouro para a avaliação de uma relação causal entre a exposição e um resultado —então a relação entre o nível de vitamina D e os distúrbios são provavelmente resultado de confusão fisiológica”, pressupõe Philippe Autier, principal autor do artigo.

Fruto de inflamações Autier levanta a hipótese de que os baixos índices de vitamina D podem ser resultado de processos inflamatórios envolvidos na ocorrência e na progressão da doença. “Uma exceção seria leves ganhos na sobrevivência após a restauração dos deficits de vitamina D devido a mudanças de estilo de vida induzidas pelo envelhecimento e por problemas de saúde.” Segundo Autier, cinco ensaios em andamento que envolvem milhares de pacientes com pelo menos 50 anos testam se a suplementação (de 40mg a 80 mg por dia) pode reduzir o risco de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, infecções, fraturas e o declínio das funções cognitivas. “Os primeiros resultados não são esperados antes de 2017, mas esses estudos têm o potencial para testar as nossas hipóteses”, considera.

Para o médico nutrólogo da Associação Brasileira de Nutrologia Guilherme Giorelli, as pesquisas observacionais trouxeram duas questões: “Por ter vitamina D alta, essas pessoas teriam menos doenças? E, se a taxa de vitamina D for reposta nessas pessoas, as doenças seriam evitadas?”. “As dúvidas ainda não existem, mas o mercado não aguardou (a solução delas). Se pesquisarmos o mercado de vitamina D, somente nos Estados Unidos, ele saiu de      US$ 50 milhões há 10 anos para    US$ 800 milhões”, observa. Giorelli acredita que esse aumento indica que muita pessoas estão utilizando a suplementação possivelmente sem controle e acompanhamento médico. “Ter um nível muito acentuado da vitamina pode levar a problemas renais e no fígado”, alerta.

Vá pelo sol Os pesquisadores, porém, chamam a atenção para o fato de que é preciso ficar bem claro que os benefícios da vitamina D no sistema musculoesquelético são comprovados. A substância tem uma ação direta no tecido ósseo, produzindo e estimulando uma série de sínteses protéicas e de transformações nos ossos. Ela também aumenta a absorção intestinal do cálcio, levando a um maior aproveitamento do cálcio alimentar. Isso quer dizer que os ossos ficam mais fortes em indivíduos com níveis normais. Já quem tem deficiência do composto pode ser acometido por doenças graves na infância, como o raquitismo, e na fase adulta a exemplo, a osteomalácia.

Para a endocrinologista Marise Lazaretti, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o trabalho de Autier questiona vários estudos que foram feitos por associação. Ela argumenta que esses resultados revistos não necessariamente significam casualidade. “O indivíduo doente provavelmente se expõe menos ao sol e, portanto, vai ter menos vitamina D. Além disso, como se trata de uma vitamina solúvel em gordura, indivíduos obesos apresentam níveis sanguíneos mais baixos”, avalia.

Lazaretti observa que ao analisar estudos que fizeram o processo inverso — dar a suplementação para diminuir a incidência de doenças —, a grande maioria não conseguiu comprovar o resultado esperado. “No Brasil, estamos vivendo uma grande deficiência na população justamente porque a ideia de que o sol faz mal foi incorporada a nossa cultura sem que o risco da deficiência de vitamina D fosse alertado. Tudo bem se a pessoa não quer tomar sol por medo do envelhecimento cutâneo ou do risco de câncer de pele, mas ela tem que saber que vai ser deficiente e que precisará de suplementação.”

Para a endocrinologista, o composto pode ser visto como um indicador de boa saúde, já que a mortalidade em pessoas com níveis normais de vitamina D é menor, assim como a associação com diversas enfermidades. “Não que ela seja necessariamente a causa dessas doenças, mas é um marcador por significar sol, vida ao ar livre, talvez, atividade física e hábitos mais saudáveis.”

Ossos amolecidos
A doença é caracterizada pelo enfraquecimento e desmineralização óssea devido a uma deficiência de vitamina D. Causa dores nos ossos, fraqueza muscular e, se o teor de cálcio no sangue for muito baixo, tetania (espasmos musculares) nas mãos, nos pés e na garganta. A osteomalácia é diagnosticada por análises de sangue e de urina e radiografia. O tratamento consiste na administração de uma dieta rica em vitamina D e na administração regular de um suplemento.

Câncer rastreado‏

De 2% a 3% dos casos da doença registrados no país atingem as crianças



Amanda Damasceno de Souza
Bibliotecária do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imunoterapia (CQAI)

Estado de Minas: 27/12/2013 

O Registro Hospitalar de Câncer (RHC) é uma fonte sistemática de informações, de coleta, armazenamento e análise de dados a partir do prontuário de pacientes diagnosticados com câncer e tratado em hospitais de alta complexidade. As informações do RHC são fontes para as estimativas sobre câncer no Brasil, realizadas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para pesquisa clínico-epidemiológica institucional da Secretaria de Saúde de Minas Gerais e essenciais também na produção de trabalhos científicos que possam auxiliar nos avanços do tratamento da doença. A coleta desses dados deve abranger todas as clínicas que apresentem casos de câncer: quimioterapia, radioterapia, ginecologia, cirurgia, mastologia, dermatologias, entre outras. O câncer infantil corresponde de 2% a 3% de todos os tumores no Brasil e, na América Latina, representam de 0,5% a 3% do total de neoplasias malignas. No ano passado, o Inca estimou que até fim de 2013 ocorreriam 11,5 mil casos de câncer em crianças e adolescentes no país.

O RHC do Centro de Quimioterapia Antiblástica e Imuntoerapia (CQAI), unidade Santa Casa de Belo Horizonte, realizou um importante trabalho entre 2000 e 2013, registrando um total de 13.196 casos de câncer. De acordo com os registros, os tumores mais frequentes em homens foram de próstata, com 28,3% dos casos, seguido de sistemas hematopoético e reticuloendotelial (12,7%) e esôfago (11,6%). Nas mulheres, os tumores mais frequentes são: mama com 54,7%, colo do útero (12,9%) e sistemas hematopoético e reticuloendotelial (8,4%). Os 10 anos de trabalho intenso desses registros contribuem para os estudos sobre o diagnóstico da doença em vários estágios – em 2012, em torno de 2,7 mil pessoas morreram.

O CQAI realizou também estudos sobre o câncer infantil com base nos dados do RHC da Santa Casa de Belo Horizonte. De 2000 a 2009, foram registrados 600 casos em pacientes com até 18 anos. Os resultados mostraram que a maioria dos pacientes eram provenientes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, totalizando 25,3%. Os principais tumores na pediatria foram leucemia (35,8% dos casos), linfomas (15,7%) e sistema nervoso central. Outro estudo que abordou somente a leucemia em crianças e adolescentes, entre 2000 a 2011 detectou 312 crianças, com 217 casos de leucemia linfoblástica aguda, 39 com o tipo mielóide aguda e 11 de mielóide crônica. A leucemia é a neoplasia mais frequentes em crianças em MInas.

Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes com câncer é importante para planejar mudanças na assistência e contribuir com dados para estatísticas epidemiológicas do estado. Esses dados fornecem informações aos gestores de saúde para tomada de decisão no enfrentamento desse problema. Uma vez que o RHC é uma importante fonte de informação para estudos epidemiológicos, para o planejamento e fluxo de atendimento de pacientes oncológicos, para a criação de políticas e campanhas de prevenção e detecção do câncer em Minas, é fundamental que esta sistemática seja adotada por todos os centros que se especializaram no tratamento oncológico.