quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dinheiro parado daria para fazer 8 presídios


Dinheiro parado daria para fazer 8 presídios
Do total de R$ 312,4 milhões previstos no Orçamento 2012 para melhorar penitenciárias, só R$ 63 milhões foram utilizados
Em três ações, nada foi gasto ainda este ano; para a construção de presídios, União usou apenas 16% do previsto
ANDREZA MATAISGUSTAVO PATUFERNANDA ODILLADE BRASÍLIAEmbora diga que as condições dos presídios são "medievais", o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) usou este ano só um quinto do que dispunha para gastar com a melhoria das penitenciárias.
Há três ações com recursos fixados no Orçamento que não receberam nada em 2012.
No total, o ministro dispunha de R$ 312,4 milhões para ações destinadas a "financiar e apoiar as atividades de modernização e aprimoramento" do sistema penitenciário. Usou R$ 63,5 milhões.
Anteontem, o ministro afirmou que "preferia morrer" a ter que ficar muitos anos em algumas prisões brasileiras.
Com os R$ 250 milhões que deixou de gastar, o governo Dilma Rousseff poderia construir oito penitenciárias, ao custo de R$ 30 milhões por unidade -o mesmo previsto para o presídio de Brasília.
Dados do ministério mostram que, em 2011, havia 471 mil presos para 295 mil vagas.
Ações como "adequação física das penitenciárias", liberdade vigiada por monitoramento eletrônico e construção da quinta penitenciária ainda não receberam nada.
Para "apoio à construção de estabelecimentos prisionais nos Estados", o governo utilizou 16,4% do que estava autorizado (R$ 39,1 milhões).
Folha revelou, em setembro, que os repasses ao programa foram suspensos por suspeitas de fraude.
Auditoria da CGU (Controladoria-eral da União), concluída em junho do ano passado, apontou que nenhuma ação prevista para 2010 recebeu 100% da verba prevista.
A CGU viu ineficiência e lentidão para executar contratos: dos 146 celebrados, 68 sequer tinham sido iniciados.
OUTRO LADO
O ministério não comentou o uso dos recursos. Sobre o relatório da CGU, disse que a maioria das ações que não saiu do papel permanece no Orçamento e que é "comum e aceitável no setor público" gasto menor que o previsto.
Quanto à execução falha de contratos, alega que repassou os recursos, mas os Estados não executaram por incapacidade técnica e devolveram parte da verba.

    Senado aprova ensino de moral e ética nas escolas


    Senado aprova ensino de moral e ética nas escolas
    Projeto será apreciado agora pelos deputados; MEC é contra a inclusão
    Texto torna obrigatório o ensino da disciplina, parecida com a Educação Moral e Cívica da época da ditadura
    GABRIELA GUERREIRODE BRASÍLIAO Senado aprovou ontem projeto que obriga as escolas da educação básica a oferecerem as disciplinas de Ética e Cidadania Moral e Ética Social e Política.
    O projeto altera a Lei de Diretrizes e Bases da educação ao tornar as duas disciplinas obrigatórias nas escolas.
    Instituída durante a ditadura militar (1964-1985), a disciplina de "Moral e Cívica" deixou de ser obrigatória no país em 1993.
    No decreto de sua criação, o governo militar dizia que a disciplina abordaria, entre outros objetivos, "a preservação dos valores espirituais e éticos da nacionalidade" e o "fortalecimento da unidade nacional".
    INCHAÇO
    O MEC (Ministério da Educação) é contrário ao projeto por considerar que a inclusão de duas novas disciplinas vai promover um "inchaço" nos currículos escolares.
    Em nota técnica enviada a senadores para criticar o projeto, o ministério diz que o calendário de 200 dias letivos fixado pela Lei de Diretrizes e Bases da educação não comporta a inclusão de novas disciplinas.
    Autor do projeto, o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) aproveitou o esvaziamento do plenário ontem e conseguiu incluir a matéria na pauta de votações.
    O senador disse que tinha o apoio dos líderes partidários para votar. O projeto segue agora para análise da Câmara dos Deputados.
    Em defesa da proposta, Souza afirmou que a inclusão das disciplinas tem o objetivo de fortalecer o sistema educacional brasileiro ao priorizar a "formação moral e ética das nossas crianças".
    "Queremos fortalecer a formação de um cidadão brasileiro melhor, ensinando conceitos que se fundamentam no exame dos hábitos de viver e do modo adequado da conduta em comunidade", afirmou o senador.

      Já somos uma re(s)pública? - Pasquale Cipro neto


      Já somos uma re(s)pública?
      Desmontar uma palavra e associá-la a outra pode aumentar a intensidade da absorção do que se lê

      O feriadão desta vez foi gordo, gordíssimo. E hoje, na ponta inicial do feriadão, o que é mesmo que se comemora? A proclamação da República, ou seja, nossa passagem de império a república. Sei que para muita gente o sonho dourado ainda é uma ditadura, qualquer que seja (com um imperador ou rei, um general, um Médici, um Castro, ou qualquer dessas coisas), pusilânime como qualquer, qualquer ditadura (de direita, de esquerda, de centro -ou de nada, como, aliás, as ditaduras soem ser), em que os delírios do ditador de turno são a lei.
      Pois bem. Malgrado a vontade de muita gente, o Brasil, ao menos no nome e no papel, é uma república. O ideal mesmo seria termos, literalmente, uma república, ou seja, uma "res publica", expressão latina que dá origem à palavra "república" e que significa "coisa pública". A república é república justamente porque nela o que está acima de tudo não é a vontade, a opinião ou o credo do ditador de plantão, mas o interesse público. Por acaso não é esse o cerne do que julga o Supremo neste momento? O famigerado mensalão não foi a apropriação de dinheiro público para fins partidários, pessoais etc., etc., etc.?
      O caro leitor já ouviu, por exemplo, alguém elogiar a "postura republicana" de determinada autoridade (o/a presidente da República, por exemplo) na condução de determinada questão? O que significa esse elogio? O que se elogia é a atitude da autoridade que põe em primeiro plano o interesse público, e não o pessoal ou partidário, por exemplo.
      Há oito anos, escrevi sobre o tema "res publica" neste espaço. Tomando por base o significado literal de "república", abordei alguns fatos da época e concluí que ainda estávamos longe do que realmente é uma república. E hoje? A situação mudou? A nação brasileira já sabe diferenciar o público do privado e sobrepõe aquele a este? Nosso espírito já é definitivamente republicano?
      Não vou entrar nessa discussão, não, caro leitor. Pense e conclua. Eu só queria levantar a lebre a partir do que é precípuo na minha função (comentar e analisar fatos da língua). Permito-me lembrar-lhe o que dizia o grande educador Paulo Freire: "A leitura do mundo precede a da palavra". No caso específico do que estamos abordando, eu diria que é possível fazer os dois percursos, e isso certamente fica mais claro e mais funcional quando se sabe "ler", por exemplo, uma palavra como "república", que, em seus empregos formais, ainda significa o que nos ensina a etimologia (parte dos estudos linguísticos que se ocupa da origem e da evolução das palavras).
      É preciso tomar cuidado com os falsos encantos da etimologia. Há muito chute por aí. Obras sérias (como o "Houaiss", por exemplo) são claras quando é clara a origem da palavra; quando não é, nada de tiro para qualquer lado ("origem obscura" é o que se diz quando não há documentação suficiente).
      O desmonte cirúrgico da palavra e a associação de seus elementos mórficos com os de outras palavras podem aumentar a intensidade da absorção do que se lê. Se tudo isso for precedido pela leitura do mundo e associado a ela, pode-se começar a pensar na concretização da função (ou das funções) da leitura, do estudo, do aprendizado. O caso de república é só um exemplo, um ótimo exemplo, não lhe parece?
      Depois disso, não se torna mais interessante saber por que o Brasil é uma república? E por que nosso país se chama República Federativa do Brasil? Epa! O que é "federativa", que é da família de "federação", "confederação" etc.? Agora é sua vez. Vá em frente. É isso.

        Uma loja, tão mais que isso - Marina Colasanti‏


        Marina Colasanti
        Estado de Minas: 15/11/2012 
        Na minha rua foi inaugurada uma nova loja de conserto de sapatos. Limpa, moderna, escaninhos sobrepostos, jovens funcionários uniformizados. Tomou o lugar que sempre vi ocupado por outra do mesmo ramo, um lugar mínimo, dois metros e meio de frente, e o resto, como corredor ou serpente, alongando-se para os fundos. 

        Era imunda, a outra. Os sapatos jaziam no chão em pilhas desordenadas junto às paredes, acumulavam-se em estantes, pendiam do teto parecendo morcegos. Eram eles, talvez, que davam à loja um aspecto de caverna. Ou era a luz pouca que, entrando pela porta sempre aberta, ia se perdendo à medida que mergulhava naquela estranha espécie de poço horizontal. 

        Tudo tinha a mesma cor de poeira e sombra, uma cor animal, densa, não pousada sobre as coisas, mas parte delas. E idêntica cor impregnava o ar, lhe dava cheiro.

         Trabalhavam ali três homens. Os três de poucas palavras, magros e escuros, na pele ou na roupa que se confundia com a pele. Sentiam sempre calor, braços de fora testa molhada, fumavam. Às vezes havia um gordo, mais pálido, como se vindo de fora e alheio àquele ambiente, que de pé trocava informações ou dava ordens. Nunca o vi sentado.

        Os outros sim, estavam sempre sentados naquelas banquetas baixas com o assento de tiras de couro trançado, talvez feitas por eles mesmos. Sentados diante da mesinha que se usa na profissão, também baixa, que deve ter um nome próprio mas desconheço, de beiradas mais altas para que não caíam os pregos de todo tipo, as ferramentas, as agulhas e graxas, e, naquela loja, o cinzeiro cheio onde apoiavam a bagana acesa. Eles ali, dobrados sobre o trabalho, coluna em curva, um sapato no colo, e as mãos cuidando dele, conhecedoras do seu fazer. 

         Sempre sujas as mãos, luto nas unhas. Assim as via, quando um deles, em geral o mesmo, o que trabalhava mais próximo do balcão, vinha me atender. Os outros apenas levantavam a cabeça, como se a minha presença vedasse um sol inexistente, e logo voltavam a abaixá-la. Era dizer o que se desejava, se saltinho, costura, ou pôr na fôrma, e o homem olhava para o sapato imprimindo nele ou em si mesmo o pedido, para só depois anotar na sola, com lápis cera, o endereço, e atirar o sapato no monte que, de alguma forma só conhecida por eles, lhe cabia.

        Havia um rádio de pilha, pequeno, eternamente ligado. Mas o som era baixo, colhido só por eles antes de ir deitar-se lá no fundo, e mais vejo na memória a sua mínima luz, do que lhe ouço a música. 

        E agora há que confessar, amava aquela loja. Loja nem é a palavra, mais certo dizer ninho de remendões. Dei-me conta disso ao chegar diante da loja nova, tão ordenada, tão clara, onde o trabalho não se vê, só os sapatos embrulhados, em seus escaninhos. Chegar, ser atendida pelos novos funcionários e sentir súbita no peito uma saudade, uma ausência.

        Era, a antiga caverna, um momento de idade média em pleno século 21, remanescente última das guildas. Aqueles homens sombrios sabiam-se pertencentes à antiga casta dos artesãos e, como tais, prestes a desaparecer. E se varriam a poeira pobremente, apenas para abrir uma trilha sobre os azulejos, é porque sentiam não haver meio de combatê-la, milenar poeira da tradição, camada pousando sobre camada, uma soterrando a outra, inexoravelmente.

        CASO BRUNO » Quatro mulheres e um destino trágico - Arnaldo Viana‏

        Desde o início do casamento com Dayane, goleiro não resistiu à tentação e teve pelo menos outras três mulheres, como Eliza, cujo desaparecimento o leva ao banco dos réus 

        Arnaldo Viana

        Elas gravitam em torno de Bruno Fernandes no inferno astral no qual o goleiro que serviu ao Galo, Corinthians e Flamengo se meteu: Eliza, Dayane, Fernanda e Ingrid. Uma está presumivelmente morta. Das demais, apenas uma pode confortá-lo. Quando Ingrid, Fernanda e Eliza chegaram à vida do jogador, Dayane já estava lá. Qual Bruno mais ama ou amou, não se sabe. Ele nunca falou. Mas a de quem menos gostou, não há dúvida: Eliza. Tanto que responde por sequestro, cárcere privado e morte da moça.

        Dayane Rodrigues do Carmo Souza, hoje com 25 anos, conheceu Bruno antes de entrar na adolescência. Ela tinha 12 e ele 14 quando se conheceram, em Ribeirão das Neves, Grande BH. “Meu primeiro namorado”, disse ela em depoimento à polícia. Bruno ainda era um candidato a jogador profissional. Ela, aos 17, e ele, aos 19, se casaram. “Eu estava muito apaixonada. Bruno sofreu muito na infância, sem pai nem mãe, mas sem se envolver com drogas ou com criminalidade.” Um protótipo de bom marido. Ela só não aprovava o que chamou de “más companhias”. “Foi quando apareceram os amigos. Quem não era, se tornou amigo.”

        Mas a oferta de mulheres no mundo do futebol é maior do que a demanda. Há louras e alouradas para todos os gostos. E, com quatro meses de casada, Dayane percebeu que o marido não estava resistindo às investidas. Ela entrou nos 19 anos como mãe. Nasceu Maria Eduarda. A filha mais nova, Bruna Vitória, veio à luz quando o casal já estava no Rio de Janeiro. Ele a serviço do Flamengo. “Bruno sumia muito. “Às vezes, se concentrava no sábado, jogava no domingo e só aparecia na segunda.” Óbvio, o casamento começava a azedar. “E me cansei dele.” E o relacionamento passou a ser do tipo tapas e beijos. Ela contou em depoimento que “apanhava e batia” ou “batia e apanhava”.

        Nos idos de 2008, o goleiro engatou namoro com a dentista carioca Ingrid Calheiros Oliveira, que vai fazer 27 anos no dia 30. Dayane só ficou sabendo dessa primeira rival em abril de 2009. “Passamos a nos relacionar e ficamos noivos em 2009”, disse Ingrid. O que ela não sabia é que, quando pôs a aliança no dedo, havia outras mulheres na vida do jogador, além dela e de Dayane. Em uma das festinhas de boleiros, Bruno conheceu Eliza, uma modelo que se iniciara também na carreira de atriz com um filme pornô. Fizeram sexo uma vez e ela engravidou. “O comentário é  que todos ficaram com ela e só o Bruno vacilou”, contou Dayane.

        Eliza, grávida, só pensava no futuro do filho. Passou a cobrar de Bruno a paternidade da criança, uma modesta pensão e um apartamento para morar. No meio dos dois, Luiz Henrique Romão, o Macarrão. Aliás, o amigo e ajudante de ordens do goleiro esteve sempre no caminho das quatro mulheres. Eliza não sabia que estava botando a mão em casa de marimbondos. Já rolava no Rio de Janeiro o inquérito ao qual Bruno respondia por sequestro e cárcere privado de Eliza, crimes pelos quais foi condenado, quando Ingrid conheceu Fernanda Gomes de Castro, natural do Rio de Janeiro, hoje com 35 anos, mãe de dois adolescentes e sem profissão definida.

        O encontro entre as duas foi na casa do goleiro, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio, não sem certo constrangimento e boa dose de mentira. Quando perguntou a Bruno quem era “aquela mulher”, o jogador respondeu que se tratava de uma namorada de Macarrão. E, quando Fernanda perguntou a Macarrão sobre Ingrid, ele respondeu que se tratava de uma ex-noiva de Bruno. O amigo e ajudante de ordens do jogador parecia não se incomodar com Fernanda, mas não caía nas graças de Ingrid. “Achava que ele se intrometia no meu relacionamento com Bruno.” Macarrão acreditava que a dentista estava “de olho no dinheiro“ do goleiro, como disse Fernanda. 

         “Lembro-me bem do dia em que conheci a Ingrid. Foi em 14 de julho de 2009, quando ganhei um notebook, presente do Dia dos Namorados”, disse Fernanda, que já conhecia Dayane e conheceu também Eliza. Que cadeia de infidelidade Bruno arrumou. Fernanda, por meio de depoimentos colhidos no processo do desaparecimento da modelo e mãe de Bruninho, era a que se comportava de forma mais romântica com relação ao goleiro. Chamava-o de “meu docinho”, segundo as amigas. Os vizinhos no Bairro Santa Cruz, no Rio de Janeiro, a descreveram como uma boa moça, carinhosa, prestativa. “Uma das características dela é ser disponível a qualquer pessoa”, declarou o padre Jorge Pereira Bispo, da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Santa Cruz.

        Tão boa que não recusou chamado para comparecer à casa de Bruno no Recreio dos Bandeirantes, quando Eliza foi sequestrada por Macarrão e o então menor J.L.L. A missão dela na residência do goleiro era tomar conta de Bruninho, então com três meses de vida. Quando o grupo embarcou em dois carros rumo a Minas, um deles, a Range Rover, transportando Eliza, Fernanda também veio, mas em outro carro, uma BMW, com Bruno e outro dos acusados. Fernanda foi convidada para assistir ao um jogo do Cem por Cento, time mantido por Bruno, em Neves.


        “UMA LOURA TIPO MULHERÃO”

        Fernanda fez sucesso em Ribeirão das Neves. “Uma loura tipo mulherão”, disseram quase todos os homens da cidade da Grande BH ouvidos no inquérito. Ela, em depoimento, não negou a presença de Eliza no sítio do jogador e até a viu na arquibancada no jogo do Cem por Cento, com Bruninho a no colo. E deixou a rapaziada de boa aberta na festa comemorativa da vitória da equipe em um boteco da cidade. Fernanda conviveu com Eliza e Dayane no sítio do jogador, em Esmeraldas, na Grande BH, até a partida da equipe para uma partida amistosa no Rio de Janeiro, em 10 de julho de 2010, data do desaparecimento da modelo, mãe de Bruninho. 

        Tanto Fernanda quanto Dayane dizem não saber o destino de Eliza. As duas tentaram protegê-lo também quando disseram que não viram se a modelo estava com a cabeça machucada. Elisa levou uma coronhada de J.L.L. quando foi apanhada no Rio. Dayane até quis ajudar mais ainda o ex-marido ao deixar Bruninho aos cuidados de outras pessoas em Ribeirão da Neves, com o nome de Ryan Yure, com o propósito de escondê-lo, conforme as investigações, depois do sumiço da mãe do menino. O depoimento das duas, que também estarão no banco dos réus, pode ser favorável ou não ao goleiro, mas a única que poderá confortá-lo se for condenado é a dentista Ingrid. Ela já o visitou no presídio. Prova de amor? Ninguém sabe. 
         
        STF nega recurso e mantém júri 
        Paula Sarapu
         O ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa indeferiu ontem o pedido de liminar de adiamento do julgamento do goleiro Bruno e outros acusados, marcado para segunda-feira. O advogado Fernando Magalhães, que defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio, recorreu ao STF contra a juíza do Tribunal do Júri de Contagem, Marixa Rodrigues, alegando que não teve acesso aos vídeos com imagens das testemunhas.

        A defesa de Fernanda de Castro Gomes, ex-namorada de Bruno, também havia feito esse pedido à juíza, que negou. A justificativa dela foi a de preservar o direito de imagem das testemunhas do caso. 

        O advogado de Bola já havia adiantado que se o pedido fosse negado, ele fará um protesto por anulação, antes mesmo de iniciar o júri. “Há uma súmula antiga que diz que nada sobre as provas será negado aos advogados. Só quero acesso aos vídeos das testemunhas, que eu não vi. Basta ter 30 minutos para assisti-los e estou pronto para o júri. Do contrário, vou fazer protesto de anulação antes mesmo de começar os trabalhos. Caso ele seja condenado, peço outro julgamento”, afirmou. “É um grande prejuízo ao estado, um custo desnecessário, se ela (a juíza) não apresentar as imagens”.

        O advogado de Bruno, Rui Pimenta, que semana passada disse que Eliza estava no Leste Europeu, afirmou ontem que um taxista levou a modelo a um hotel em São Paulo. Segundo ele, o taxista estaria disposto a depor.

        O Fórum de Contagem  funcionará normalmente, apesar do julgamento. A diretoria do Fórum baixou portaria com orientações para ingresso e permanência. Partes e testemunhas de processos que tramitam nessa comarca deverão entrar pela porta principal, mediante comprovação da participação em audiências, como cópias de intimação ou citação. É necessário apresentar documento com foto. Para obter certidões, os interessados também precisam apresentar documento de identificação e justificativa. Magistrados, promotores, advogados, defensores públicos, policiais e guardas municipais devem apresentar carteira funcional para ter acesso às dependências do fórum. 

        O esquema de segurança está sendo feito pela Polícia Militar e agentes institucionais. De acordo com o juiz auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça Nicolau Lupinhaes, a ideia é garantir que o julgamento seja  tranquila. Houve uma mudança na disposição do júri e os réus não ficarão mais de frente para o público. Por segurança e melhor acomodação, os acusados estarão posicionados de frente para a juíza Marixa. Os advogados de defesa estarão logo ao lado, também virados para o centro do salão. Entre 15 e 20 advogados poderão acompanhar o julgamento.

        SEGURANÇA O juiz Nicolau Lupinhaes disse que haverá reforço na vigilância e no policiamento nas áreas interna e externa, inclusive com detectores de metais nos acessos ao Fórum. Testemunhas, jurados e réus também estarão resguardados. Segundo o magistrado, haverá uma sala específica para a espera de cada grupo. Os sete jurados, porém, deverão ficar incomunicáveis, inclusive no hotel reservado exclusivamente para eles. De acordo com o comandante da companhia da Polícia Militar responsável pelo policiamento da região, major Edimarcos Lopes, 40 policiais por dia farão a segurança do Fórum e seu entorno. Pouco antes do início do júri, cães farejadores e homens do Grupo de Ações Táticas Especiais farão varredura no plenário e nas salas específicas aos participantes.

        “Não haverá televisão, telefones ou internet no hotel. Eles serão supervisionados o tempo todo por servidores públicos e não poderão conversar sobre o caso. Estamos fazendo de tudo para propiciar aos senhores jurados tranquilidade para que possam decidir a causa sem nenhuma influência. Acreditamos que o júri possa estar concluído em duas semanas”, disse o juiz Nicolau Lupinhaes.

        Segundo o major Lopes, o policiamento é cinco vezes maior do que num julgamento comum. “Normalmente, varia entre 6 e 8 homens, dependendo do número de acusados e testemunhas”. Haverá restrições de acesso dentro do fórum. Do lado de fora, a parte lateral e a entrada de veículos também será controlada.

        Tereza Cruvinel - Ruído anunciado

        O Congresso é assim: reage como os ruminantes. E a reação, que trará uma fricção entre os dois poderes, ainda que não uma crise, será pautada pela questão da cassação dos mandatos dos deputados condenados pelo Supremo 

        Tereza Cruvinel
        Estado de Minas: 15/11/2012 
        Um quase silêncio nas tribunas do Congresso nos últimos dois dias, sobre as condenações, pelo STF, de José Dirceu e José Genoino, que já foram membros ilustres da Câmara, indicou o quanto anda intimidado o parlamento diante da ofensiva do Judiciário e do Ministério Público sobre a arena política. Ilustrativo é o que disse um deputado da elite parlamentar sobre a resignação da Casa: “Quem reagir pode levar uma mandiocada do Gurgel ou do Supremo”. Ainda ontem pairava a perplexidade, embora o desfecho fosse óbvio há algumas semanas. O Congresso é assim: reage como os ruminantes. E a reação, que trará uma fricção entre os dois poderes, ainda que não uma crise, será pautada pela questão da cassação dos mandatos dos deputados condenados, que quase encontrou abruptamento em pauta na sessão de ontem do Supremo. 

        O tempo consumido pelos discursos de homenagem ao ministro Carlos Ayres Britto, que amanhã deixará, por força da idade, o STF e sua presidência, acabou inviabilizando a outra homenagem que lhe queria prestar o relator da ação penal, ministro Joaquim Barbosa. Já perto das 18h, Barbosa avisou que proporia a apreciação de um tema “da maior importância”, a questão do mandatos, para que Britto pudesse votar. Barbosa, na segunda-feira, já havia antecipado repentinamente o tópico da fixação das penas do chamado núcleo político, o que resultou em nova contenda com o revisor, Ricardo Lewandowski. O objetivo era garantir a participação de Britto, que, ao longo do julgamento, foi-lhe extremamente concessivo, até abdicando de prerrogativas da presidência em favor da relatoria. Havia deferência, mas também cálculo na inversão de pauta proposta pelo relator. Sem Britto, um fiel seguidor de seu voto, o placar poderia propiciar recursos dos condenados, o que acabou de todo modo acontecendo. À proposta de ontem, objeções variadas foram apresentadas por diversos ministros, não apenas pelo revisor. Barbosa ainda tentou meia-solução: ele emitiria seu voto, não gastaria três minutos, e Britto, o dele. O debate continuaria na próxima semana, mas como o próprio Britto acolheu os argumentos contrários, de que o tema exigiria mais debate, Barbosa capitulou, contrariado: “Eu pensei que Vossa Excelência gostaria de votar, mas se não faz questão…”

        Então, o tema será apreciado em breve. Talvez não na quarta-feira, pois ainda devem fixar as penas de políticos de outros partidos e, na quinta-feira, haverá a grande festa da posse de Barbosa na presidência. O presidente da Câmara, Marco Maia, há algum tempo vem dizendo que fará valer o artigo 55 da Constituição, que é claro: mesmo em caso de perda de mandato por condenação transitada em julgado (vale dizer, depois do exame dos recursos de defesa), a cassação é uma prerrogativa da Câmara, pela maioria de seus membros. Em outras palavras, como disse um dos ministros ontem, terão que decidir entre a supremacia do Código Penal e a da Constituição. Ao STF cabe garantir a observância da Constituição, mas, em tempo de tanta inovação, poderá surpreender também nisso. 

        Na Câmara, o assunto passará pela Comissão de Constituição e Justiça, a CCJ, que tem como presidente o deputado e ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (SP) e como primeiro vice-presidente o também petista Alessandro Molon (RJ). O terceiro e o quarto vices são do PMDB. A base governista tem maioria na comissão, que um dia, em 1968, enfrentou a ditadura e negou a licença pedida pelo governo para processar o deputado Márcio Moreira Alves. O deputado Djalma Marinho renunciou à presidência do colegiado com um discurso para a História: “Ao rei tudo, menos a honra”. Sobreveio o AI-5 e a noite da ditadura caiu sobre nós. A Câmara retraída de hoje não chegará a tanto, mas haverá ruído. 

        Contenda cearense

        A colônia mineira é a maior entre os moradores de Brasília, mas a colônia cearense é a mais organizada politicamente. Nesse momento, um caso reúne muita gente influente do Ceará. Desde maio, o Congresso está às voltas com a indicação do cearense Luiz Moreira para um segundo mandato no Conselho Nacional do Ministério Público. Outro cearense muito poderoso, o procurador-geral, Roberto Gurgel, não engole essa recondução. O conselheiro o incomodou no primeiro mandato. O nome de Moreira foi aprovado em sabatina da Comissão de Constituição e Justiça, presidida por outro nome importante do Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB). O senador Pedro Taques (PDT) e outros aprovaram requerimento em plenário para que sejam ouvidos procuradores que apresentaram denúncias contra Moreira. Na CCJ, Eunício despachou o requerimento para o relator da matéria, que, mais uma vez, é do Ceará: o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB). Ontem, tentei perguntar a ele sobre quando ouvirá os tais procuradores. Mandou dizer-me, pelo assessor, que não fixou data. Está examinando cuidadosamente o assunto. Enquanto isso, o CNMP segue incompleto.

        Passarinhos

        José Dirceu, em seu blog, contesta o STF, embora assegurando a aceitação da sentença. José Genoino é mais recolhido, mas a sua casa têm chegado pessoas, cartas e telefonemas de solidariedade em profusão. Amigas de sua mulher, Rioko, revezam-se bordando passarinhos numa grande bandeira vermelha, que tem no centro o poeminha de Mario Quintana: “Todos estes que aí estão, atravancando meu caminho, eles passarão, eu passarinho”. “A obediência civil não se confunde com a humilhação. Por minha honra, correrei o risco do combate”, diz ele, com surpreendente tranquilidade diante do que está por vir.

        Falta de luz solar causa depressão - Marcela Ulhoa‏

        Pesquisa mostra que a baixa exposição à claridade compromete as estruturas psicológicas e cognitivas de ratos. Segundo especialistas, o problema pode se repetir em trabalhadores noturnos e em pessoas que usam muito o computador durante as madrugadas 

        Marcela Ulhoa
        Estado de Minas: 15/11/2012 

        Ao longo da história, a natureza ditou o ritmo de convivência do ser humano com o meio ambiente. Nessa lógica, o natural sempre foi levantar-se com os primeiros raios de sol e recolher-se com a escuridão. Mas hoje a noite ganha claridade apenas com o apertar de um botão e impulsiona o ser humano a se manter ativo madrugada a dentro trabalhando ou em frente aos computadores postando fotos e mensagens para os conhecidos. No entanto, de acordo com um estudo conduzido pelo biólogo Samer Hattar, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, quando a exposição anormal à luz vira rotineira, há um risco maior de desenvolvimento de quadros de depressão e de falhas cognitivas. A pesquisa, realizada com camundongos, foi publicada na edição de hoje da revista científica Nature.

        Apesar de os experimentos terem sido feitos somente em animais, os pesquisadores buscam as mesmas relações para os humanos que vivem em locais onde o inverno é marcado por noites muito longas e dias curtos, que trabalham por turnos, que viajam frequentemente para locais com fuso horário distinto e que permanecem muito tempo expostos a luzes artificiais durante a noite. A fim de relacionar a influência direta da exposição à luz irregular sobre o humor e a capacidade de aprendizado, Hattar e sua equipe submeteram, por duas semanas, os camundongos a um ciclo composto por 3,5 horas de luz seguido de um com 3,5 horas de escuro. A partir da análise do comportamento dos ratos e de alterações no nível de substâncias moleculares, eles constataram um quadro depressivo nas cobaias, que, foi tratado com sucesso após a administração de conhecidos fármacos antidepressivos: a fluoxetina e a desipramina.

        “O que esse estudo mostrou é que a luz anômala pode influenciar diretamente na depressão independentemente de alterações de sono ou distúrbios circadianos. Antes não se sabia que a luz podia afetar diretamente a depressão”, explica Samer Hattar, autor do estudo. O ponto ressaltado por ele é um dos grandes destaques da tese. Anteriormente, acreditava-se que a exposição irregular à luz causava alterações no ciclo circadiano, que, de forma simplificada, se refere ao funcionamento do relógio biológico a partir da exposição à luz solar. Nesse contexto, os distúrbios do sono seriam bastante comuns. O desenvolvimento da depressão, portanto, estaria mais ligado à essa bagunça no organismo. O estudo detectou o problema, no entanto, mesmo sem alterações no sistema circadiano. 
        “Os pesquisadores pegaram a luz anômala que já era conhecida de outros autores e conseguiram criar um modelo em que ela não afetasse a arquitetura do sono. Ao medir a temperatura dos ratos, que se altera durante o ciclo sono/vigília, eles também observaram que o ritmo circadiano não foi interrompido”, avalia Eliana Melhado, membro da Academia Brasileira de Neurologia. De acordo com a especialista, a exclusão desses fatores torna os resultados mais precisos porque retira os itens que sabidamente influenciam os transtornos do humor, como é o caso das alterações do sono.

        Hormônios elevados Além dos efeitos do ciclo de luz anormal sobre o ritmo circadiano dos ratos, os pesquisadores analisaram o comportamento e mensuraram os níveis de corticosterona no cérebro das cobaias. Os resultados mostraram que tal exposição anômala manteve alto o nível do hormônio, o que foi relacionado ao comportamento depressivo e a problemas de aprendizado. Depois dos testes, os animais passaram a não escolher os locais de permanência e não mostravam preferência para objetos que, antes da exposição à luz anômala, escolhiam com rapidez.

        Com relação aos resultados apresentados pela pesquisa, um dos pontos que mais chamou atenção do professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)Raphael Boechat foi a melhora dos sintomas nos ratos após a administração dos antidepressivos. “Com isso, os pesquisadores conseguiram ressaltar que a alteração no padrão de luz, por si só, gera depressão. É por isso que ela melhora com os antidepressivos. Se fosse um estresse transitório, isso não aconteceria”, pontua. O estudo mostrou que o uso da fluoxetina em roedores restaurou o nível de corticosterona, reduzindo-o a um padrão mais próximo ao normal.

        Em humanos Devido ao estilo de vida adotado hoje, em que grande parte das pessoas trabalha em ambientes fechados e quase não olha para a luz natural, a especialista em distúrbios do sono Ângela Beatriz Lana acredita ser possível aplicar os resultados encontrados nos roedores em humanos. “Já temos resultados positivos de terapias com luz entre 9h e 18h para aliviar os sintomas de depressão sazonal. Um estudo com idosos mostrou melhoras na capacidade de aprendizado, na cognição, além de aumentar o tempo do sono entre eles”, diz. De qualquer forma, a médica avalia ser necessário a todas as pessoas se expor à luz do sol em algum momento do dia. “Na hora que acordar, busque olhar para o azul bonito do céu. A noite, imponha um limite e reduza os níveis de luz”, recomenda.

        De acordo com Samer Hattar, autor do estudo, os seres humanos têm as mesmas células que mediam os efeitos da luz sobre o humor e a aprendizagem em ratos. “Eu acho que nós poderíamos, com cautela, dizer que os seres humanos, da mesma forma que os ratos, serão afetados diretamente pela luz”, diz. Ao estender os resultados encontrados nos roedores para os humanos, o biólogo diz que a principal lição tirada do estudo é a retomada dos conselhos dados há tempos pelos avós. “Procure receber a luz do sol durante o dia e evite a luz brilhante durante a noite. É tão simples assim”, garante.

        CIÊNCIA » A ilha de plástico‏

        Bactéria feita em laboratório será capaz de unir resíduos que se acumulam no oceano e, assim, eliminar um dos maiores problemas ambientais da atualidade 

        Estado de Minas: 15/11/2012 

        Brasília – Por volta de 2030, uma ilha surgirá no meio do Oceano Pacífico Norte, perto do Havaí. Em vez de ser formado por terra, esse novo território terá uma característica bastante peculiar: será feito de plástico. A previsão se tornará realidade caso um grupo de estudantes da University College London (UCL), no Reino Unido, seja bem-sucedido no projeto que busca resolver um dos problemas ambientais mais graves da atualidade: a enorme quantidade de resíduos plásticos que se acumula nos mares do planeta.

        O projeto científico integra o International Genetically Engineered Machine (Igem), maior campeonato de biologia sintética do mundo. A ideia do grupo britânico é modificar geneticamente bactérias para que elas possam agregar o plástico existente no oceano, formando assim um grande amontoado que poderá ser facilmente retirado e reciclado – ou, ainda, ganhar uma proporção tão grande a ponto de servir como uma ilha artificial. “Depois de meses de planejamento, estamos nos reunindo para construir uma ilha de plástico, utilizando os princípios da biologia sintética. Ao fazê-lo, pretendemos promover uma solução para o acúmulo de plástico no Pacífico Norte”, afirma Philipp Boeing, estudante do segundo ano de ciência da computação e integrante da equipe.

        O plástico é uma das principais causas de poluição oceânica. O material acaba se acumulando nos giros regionais, locais em que as correntes oceânicas se encontram. O problema é que esse lixo vai sendo triturado, resultando numa imensa sopa formada por pedaços de apenas alguns milímetros, que acabam ingeridos por animais marinhos, causando intoxicação e outros problemas. Diversas tentativas de acabar com esse acúmulo foram malsucedidas, uma vez que os resíduos são muito pequenos. É aí que entra a ideia do time da UCL. 
        Para formar a ilha, os estudantes planejam modificar geneticamente a bactéria Escherichia coli, para torná-la capaz de reconhecer o plástico e uni-lo (veja infografia). Como não há marcador para a função de detecção do material, o micro-organismo será adaptado para perceber um subgrupo particular de moléculas que tem a tendência de aderir a superfícies plásticas. “Essas moléculas se chamam poluentes orgânicos. A colisão da nossa bactéria com o fragmento de plástico levará ao contato com esses poluentes. Isso resultará em um dispositivo de adesão”, explica Eli Keshavarz-Moore, professora de engenharia bioquímica e supervisora do time com o professor Darren Nesbeth.

        Uma vez junto aos poluentes orgânicos, a bactéria começará a excretar uma proteína adesiva chamada curli fibrins, outra função a ser dada pela manipulação genética. “Ao produzir adesivos só quando o plástico está presente, nós evitamos que a bactéria se junte a materiais que não são plásticos”, explica Boeing. “A nossa bactéria carregará um circuito genético, que codifica genes para detectar e reagir à presença dos poluentes orgânicos. Um dos aspectos importantes do projeto é como controlar e manipular o processo montante, que inclui construção celular, para facilitar todo o processo de sequenciamento genético”, completa Eli Keshavarz-Moore.

        Adesivo Outra propriedade que a E. coli modificada ganhará será a de flutuação, o que a permitirá se posicionar corretamente na coluna de água, perto dos fragmentos de plástico, e manter o conjunto na superfície. Outro desafio é aumentar a tolerância do micro-organismo ao sal no oceano, para que ele sobreviva ao ambiente marinho.

        Uma preocupação fundamental para o grupo de cientistas se refere à implementação de sistemas tradicionais de contenção biológica. “Como nosso projeto propõe liberar uma bactéria geneticamente modificada no ambiente, sentimos a necessidade de conter o risco de espalhar informação genética pelo gene de transferência horizontal. Para fazer tal coisa, sugerimos um sistema de nuclease periplásmico para degradar o material genético que está envolto na área”, explica Philipp Boeing. Como uma alternativa ao sistema de agregação, o grupo está investigando enzimas expressadas por vários organismos que têm um papel na degradação de plástico.

        Estudo faz mapa da expansão do Universo há 11 bilhões de anos


        Estudo faz mapa da expansão do Universo há 11 bilhões de anos
        Nessa época, velocidade do aumento do Cosmos perdia força
        Foto 'Brinde' nada a ver,mas importante:Célio Messias/Folhapress
        Ponte no Jardim Paulistano, na rua José Mancuso, cedeu durante a forte chuva de anteontem; ela havia sido refeita no início do ano, ao custo de R$ 500 mil
        Ponte no Jardim Paulistano, na rua José Mancuso, cedeu durante a forte chuva de anteontem; ela havia sido refeita no início do ano, ao custo de R$ 500 mil

        FRANCISCO FIGUEIREDO ZAIDENCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
        Uma equipe de 63 cientistas, de nove países, divulgou nesta semana um estudo em que foi possível mapear o momento em que o Universo começou a diminuir sua velocidade de expansão, há 11 bilhões de anos.
        Nessa época remota, ocorria justamente o inverso do que se vê hoje. No ano passado, físicos americanos ganharam o Nobel por descobrirem que a atual expansão do Universo é acelerada e acontece há cerca de 5 bilhões de anos, graças à atuação de uma força misteriosa conhecida como energia escura, que se sobrepõe à gravidade e faz as galáxias se repelirem.
        A nova pesquisa dos astrônomos do Sloan Digital Sky Survey (projeto de mapeamento e captação de imagens do Universo) mostrou que, diferentemente de hoje, o crescimento do Cosmos começou a desacelerar 3 bilhões de anos após o Big Bang.
        O motivo seria a influência da força gravitacional no comportamento e na densidade da matéria e da radiação, mantendo-as condensadas e obrigando-as a se separar lentamente.
        "Se pensarmos no Universo como uma montanha russa, hoje estaríamos descendo uma ladeira, ganhando muita velocidade", comparou Matthew Pieri, astrônomo da Universidade de Portsmouth, Reino Unido, e um dos autores do estudo, em entrevista à agência de notícias Reuters.
        "Nossa nova medição nos indica o tempo em que o Universo estava subindo a ladeira", completou.
        A intenção dos cientistas é recolher mais dados para explicar o que ninguém sabe ainda: as razões que levaram à desaceleração inicial da expansão cósmica e, principalmente, a sua aceleração atual, muito forte se comparada ao que ocorreu no passado.

          'Planet Hemp nunca fez apologia às drogas', afirma Marcelo D2


          'Planet Hemp nunca fez apologia às drogas', afirma Marcelo D2

          AMON BORGES
          DE SÃO PAULO

          "Adivinha, doutor, quem tá de volta na praça". Marcelo D2, BNegão, Rafael, Formigão e Pedrinho promovem o reencontro do Planet Hemp --a conhecida "ex-quadrilha da fumaça" da década de 1990-- em shows nesta quarta (14), com ingressos esgotados, e quinta (15), na Estância Alto da Serra (Grande SP).
          "Essa volta agora é para mostrar o som para quem não viu nos anos 90 ou para quem estava com saudade", conta à sãopaulo Marcelo D2, vocalista do grupo que gerou polêmica por conta de suas letras e foi acusado de fazer apologia às drogas. "Isso foi resolvido em 1997, quando saímos da cadeia. O Planet Hemp nunca fez apologia. Sempre falamos muito sério sobre isso." (abaixo, leia a entrevista)

          Planet Hemp

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          Patrícia Santos/Folhapress
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          A banda Planet Hemp em formação original na década de 1990: BNegão, Bacalhau, Rafael, Formiga Zé Gonzales e Marcelo D2
          A apresentação tem como base os álbuns de estúdio da banda -"Usuário" (1995), "Os Cães Ladram, Mas a Caravana não Para" (1997) e "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" (2000)-- e será divido em três atos. "Essa ideia me veio à cabeça durante o banho, ou em algum momento desses, e a galera curtiu", diz D2.
          Entre os hits do "set-list" estão "Legalize Já", "Ex-quadrilha da Fumaça", "Stab", "Mantenha o Respeito", além de "Samba Makossa", em homenagem a Chico Science. "A gente começa com 'Usuário', que é uma 'porradaria', bem pesado, mas na época eu achava que era bem mais leve. Não sei se é a idade", brinca D2, que completou 45 anos em novembro.
          E para os eventos em São Paulo, a questão da segurança pública está na mente de D2. "Vou te falar que acordei hoje pensando nisso. Já tocamos no Rio, Porto Alegre, Floripa e Recife. Não tivemos nenhum tipo de problema. Espero muito que hoje também não ocorra."
          ABAIXO, LEIA ENTREVISTA COM MARCELO D2
          sãopaulo - Como tem sido os shows dessa volta?
          Marcelo D2 -Eu não usaria a palavra "volta". É um "tirinho" só. São 15 shows pelo Brasil. Não vamos voltar a fazer disco. A ideia começou com o convite do Circo Voador para a gente participar da comemoração de aniversário de 30 anos da casa. Os Titãs fizeram o "Cabeça Dinossauro"; O Rappa fez o "Lado B, Lado A". Convidaram a gente para fazer o "Usuário". Mas quando fomos ensaiar, pensamos que o show ficaria muito curto só com esse disco e resolvemos colocar músicas de outros. Essa ideia me veio à cabeça durante o banho, ou em algum momento desses, dividir o show em três atos, que são os três discos do Planet. A gente começa com 'Usuário', que é uma 'porradaria', bem pesado, mas na época eu achava que era bem mais leve. Não sei se é a idade (risos).
          E os problemas na segurança pública de SP preocupam vocês hoje e amanhã?
          Cara, vou te falar que acordei hoje pensando nisso. Já tocamos no Rio, Porto Alegre, Floripa e Recife. Não tivemos nenhum tipo de problema. Espero muito que hoje não tenha problema nenhum. A gente está em outro momento do Planet. O público que está indo não é mais aquele que ia ao show na década de 90 para xingar polícia e fumar maconha. A galera está muito mais afim de ver a banda no palco do que 'pagar' de rebelde. Espero que hoje ocorra tudo bem.
          Com esses diversos shows, que chegarão até ao Lollapalooza, pensam em voltar?
          Não pensamos. Está tão bom assim que é melhor não mexer (risos). Algumas coisas que saem na imprensa são mentira. Por exemplo, que a gente não tem falado com jornalista por estratégia. É mentira... A gente não falou por preguiça (risos)... Outra coisa é que a gente acabou a banda porque brigou. Nós brigamos só depois que acabou a banda. Quando terminamos estávamos sem brigar. Mas é bom, muito tempo depois, conviver com os caras novamente, com o Bernardo, e perceber a razão pela qual éramos amigos. Ver isso e voltar a ter respeito um pelo outro. A volta da nossa amizade, de está cantando com o cara no palco, tocando... O Rafael falou que não toca guitarra há um "tempão".
          Como lidam com as pessoas que falam que o grupo faz apologia às drogas?
          Não dá mais. Isso já foi resolvido em 1997, quando saímos da cadeia. O Planet Hemp nunca fez apologia às drogas. Nossa música fala sobre relação do traficante e da polícia. Pelo contrário, a gente sempre falou muito sério sobre isso. E a nossa volta não tem nenhum cunho político, como na década de 1990. Essa volta agora é para mostrar o som para quem não viu ou para quem estava com saudade. Mas é lógico que no palco a energia volta toda, tem aquela coisa de política. Mas no fundo não voltamos para consertar o Brasil. (risos)

          Barcelona a bangu - Juca Kfouri


          Barcelona a bangu


          René Simões chegou ao São Paulo para implantar uma fábrica de craques em Cotia, como a La Masia, no Barcelona.
          Projeto que, menos de dez meses depois de sua chegada, parece apenas uma rima, longe da solução prometida com pompa e circunstância.
          Porque Simões foi embora e, excessivamente discreto, deixou no caminho toda sorte de especulações.
          Desde o choque com o estilo autoritário que impera no São Paulo, o menor dos pecados, até o de sempre em quase todos os clubes brasileiros --o poder dos empresários.
          O que apenas confirma o que vem acontecendo pelos lados do tricolor paulista não é de hoje, cada vez mais igual aos demais, em alguns aspectos até pior, ultrapassado que tem sido, por exemplo, pelo rival Corinthians em muitas iniciativas.
          A sorte do São Paulo, por enquanto, é o silêncio meio cúmplice de quem sai, mais preocupado em não se queimar no imundo mundo dos bastidores do nosso futebol, como já ocorreu, tempos atrás, com alguns grandes ídolos são-paulinos. O abalo nas categorias de base não deve ficar só por lá porque, dadas as ótimas relações entre Simões e Ney Franco, a confiança do técnico do time principal na direção certamente não é mais a mesma.
          Enquanto isso, o Fluminense, cuja estrutura é ainda deficiente apesar das promessas que demoram a ser cumpridas, comemora dois títulos brasileiros em três anos, prova de que, antes de mais nada, quem resolve é o jogador, coisa que o tricolor carioca tem de sobra, tanto que acaba de ter quase meio time convocado para a seleção brasileira --só não teve mais da metade porque Wellington Nem está machucado.
          Aliás, como é dura a vida de técnico da seleção brasileira. Mano Menezes apanhou por não convocar Diego Cavalieri e Fred e, agora que os convocou, apanha dos teóricos da conspiração por convocá-los, prova de que teria protegido o Flu para facilitar a conquista do título.
          MÁ MEMÓRIA
          Aos 80, José Maria Marin revelou ao jornalista Fernando Rodrigues que nem se lembra em quem votou para presidente dois anos atrás. Assim, não espanta que tenha se esquecido da medalha que pôs no bolso, das viagens que fez, das conversas que teve e, sobretudo, dos discursos cúmplices da ditadura que levaram à prisão e morte de Vladimir Herzog, classificados como "intrigas", apesar de publicados no "Diário Oficial" do Estado e republicados em meu blog do UOL.
          Marin, é compreensível, quer esquecer o passado e não sabe o que fazer no presente com vistas ao futuro, pois argumenta que o calendário do futebol brasileiro não pode se adequar ao mundial por sermos um país continental, como se a Rússia também não fosse. O cartola confunde tempo com espaço. Razão pela qual, faz tempo, nosso futebol tem ido para o espaço.
          Juca Kfouri
          Juca Kfouri é formado em ciências sociais pela USP. Com mais de 40 anos de profissão, dirigiu as revistas "Placar" e "Playboy". Escreve às segundas, quintas e domingos na versão impressa de "Esporte".

            Quadrinhos


            CHICLETE COM BANANA      ANGELI

            ANGELI
            PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

            LAERTE
            DAIQUIRI      CACO GALHARDO

            CACO GALHARDO
            NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
            FERNANDO GONSALES
            MUNDO MONSTRO      ADÃO

            ADÃO
            BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER

            ALLAN SIEBER
            MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

            ANDRÉ DAHMER
            GARFIELD      JIM DAVIS

            HORA DO CAFÉ      LÉZIO

            LÉZIO