quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MARTHA MEDEIROS - As boas ações e as péssimas

Zero Hora - 27/08/2014


Tudo o que pensamos é íntimo e não precisa ser repartido com ninguém. Todos nós temos o direito de guardar nossas opiniões, não é obrigatório dividir, seja para evitar constrangimentos, mal-entendidos ou porque falar muitas vezes não leva a coisa alguma. Assim como existe liberdade de expressão, também existe liberdade para ficar calado.

Pois o aplicativo Secret, que gerou tanta polêmica, conseguiu a proeza de misturar essas duas liberdades: a de expressão (você pode dizer o que bem entender) e a de ficar calado (como você não precisa se identificar, é como se não tivesse dito nada). E a perversidade deitou e rolou.

Existe um serviço telefônico chamado Disk Denúncia, que protege a identidade de quem liga. O objetivo não é estimular as pessoas a revelarem que uma determinada menina beijou outra na escola ou que o marido da sua amiga é amante da estagiária. É para que os cidadãos ajudem a combater a violência sem sofrerem represálias de bandidos.

Porém, afora as deduragens em prol de uma sociedade mais segura, revelar intimidades alheias a título de diversão e se valendo do anonimato nada mais é do que praticar tortura psicológica – há quem se sinta tão humilhado que chega a pensar em suicídio. Sei que a comparação é meio descabida, mas lembremos do depoimento que a jornalista Miriam Leitão deu semana passada.

Durante o período da ditadura militar, ela foi deixada totalmente nua numa cela escura, onde compartilhou da companhia de uma cobra – experimentou um pânico que a marcou para sempre. Guardadas as proporções, as cascavéis que proliferam nas redes sociais conseguem provocar algo parecido – despir e ameaçar –, o que demonstra que a maquiavelice humana tem graus variados e muda seus métodos, mas sempre deixa herdeiros.

Já levei vários baldes de água fria na cabeça. Quem não? Você sai de casa cheio de planos amorosos e leva a maior esnobada da pessoa com quem desejava ficar. Você se mata estudando para conquistar uma vaga de emprego e descobre que o dia da prova foi ontem. Você faz uma participação especial num filme dirigido por amigos e, quando vai assistir, a parte em que você aparecia foi cortada.

Eu já levei tantos que me considero devidamente encharcada. Espero que banhos metafóricos também sirvam para chamar a atenção para essa doença pouco conhecida que é a esclerose lateral amiotrófica, do qual a vítima mais notória é o físico Stephan Hawking. Quem não tem vontade de transformar a expressão “balde de água fria” em evento digital, mas gostaria de contribuir, aqui vão os dados: Associação Pró-Cura da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). CNPJ – 18.989.225/0001-88 Banco Bradesco (237), agência 2962-9, conta corrente 2988-2. Fácil, útil e ninguém se gripa.

TeVê

TV PAGA » Novas famílias
Estado de Minas: 27/08/2014


 (GNT/Divulgação )

Estreia hoje, às 20h30, no canal GNT, a série documental Família é família. Dirigida por João Jardim, do longa Getúlio e dos documentários Janela da alma e Lixo extraordinário, a produção conta a história de configurações familiares que rompem com a estrutura convencional. O primeiro episódio apresenta o casal Renato e Susana, pais dos gêmeos Theo e Gabriel (foto).

NatGeo leva assinante em uma viagem pelo mundo

Ainda no segmento dos documentários, o NatGeo lista belos destinos de viagem em um especial que vai ao ar às 20h, reunindo os episódios “Ilhas Galápagos”, “Islândia”, “Fiji” e “Ilhas artificiais de Dubai” e o programa A costa selvagem da Califórnia. No Film&Arts, às 20h, vai ao ar o terceiro e último episódio da série Sexo e sensibilidade: O encanto da art nouveau, focalizando artistas como Gustav Klimt e
Josef Hoffman.

Canal dedicado aos curtas  exibe também um longa

No canal Curta!, são dois os destaques. Às 20h, em A vida é curta!, a emissora emenda cinco filmes: À margem da imagem, de Evaldo Mocarzel; Os Mutantes, de Antonio Carlos Fontoura; O vermelho de Selarón, de Rafael Bacelar e Rodolfo Gomes; Copa Mixta, de José Joffily; e Rota de colisão, de Roberval Duarte. Às 21h, estreia o longa Leila Diniz, cinebiografia da atriz, morta em 1972, em um desastre aéreo, dirigida por Luiz Carlos Lacerda.

Drama, ação e humor na
programação de cinema

Se o assunto é filme, o Telecine Cult é destaque também com o último especial Ao mestre com carinho, exibindo os clássicos O que a carne herda, de Elia Kazan, às 20h05; e Touro indomável, de Martin Scorsese, às 22h. No Megapix, a opção é a velocidade, com os longas Corrida mortal (17h30), Carros (19h40), Velozes e furiosos 4 (21h50) e Incontroláveis (23h55). Ainda na faixa das 22h, no Arte 1, a atração é A flor do meu segredo, de Pedro Almodóvar. No mesmo horário, o assinante tem mais oito alternativas: O sal da terra, no Canal Brasil; Mundos opostos, no Telecine Premium; As bem-armadas, no Telecine Pipoca; Por amor e honra, no Telecine Touch; Chamada de emergência, na HBO; Quero matar meu chefe, na HBO 2; Guia do fim para iniciantes, no Max Prime; e Negócio arriscado, no TCM. E mais: Lula, o filho do Brasil, às 19h35, no MGM; O exterminador do futuro: a salvação, às 21h45, no Universal; X Men 3: o confronto final, às 22h30, na Fox; e O justiceiro – Em zona de guerra, também às 22h30, no FX.

Artistas fazem show em  homenagem a Tim Maia

Para fechar, música com o show Tributo a Tim Maia, gravado no Sesc Pinheiros, em São Paulo, em fevereiro de 2013, com Izzy Gordon, Sandra de Sá, Simoninha e a Banda do Síndico. às 22h, no SescTV.

CARAS E BOCAS » Faltou troféu para tantas novidades





Bryan Cranston deu um beijaço em Julia Louis-Dreyfus na festa do Emmy (Kevin Winter/Getty Images/AFP )
Bryan Cranston deu um beijaço em Julia Louis-Dreyfus na festa do Emmy

Ainda não é o Oscar, mas está chegando perto. Principal premiação da TV americana, o Emmy, a cada novo ano, reflete o bom momento da televisão e o alto nível das produções, em contraponto à crise de originalidade em Hollywood. No entanto, o resultado da edição 2014, em cerimônia ocorrida na noite de anteontem, foi um tanto previsível, para não dizer conservadora diante de tantas novidades.

Ok, Breaking bad é apresentada como o marco do entretenimento da produção televisiva, com sua narrativa ousada, que aposta na metalinguagem, história fragmentada e no politicamente incorreto. Mas ao levar cinco troféus – incluindo o quinto Emmy a Bryan Cranston pelo impagável Walter White – , Breaking bad tirou da jogada produções tão boas quanto. A grande perda foi True detective, de longe o grande momento da TV em 2014, que só levou um troféu para direção (Cary Fukunaga). Matthew McConaughey, como o obsessivo detetive Rust Cohle, está ainda melhor do que como Ron Woodroof, o protagonista de Clube de compras Dallas, que lhe garantiu, no início do ano, seu primeiro Oscar.

O prêmio de melhor atriz dado a Julianna Margulies por The good wife é da mesma tendência – em 2011, ela levou o mesmo troféu pela advogada Alicia Florrick. Com seus silêncios, discrição e altivez dissimulada, Robin Wright, nome de peso em House of cards, talvez seja um espelho ainda mais preciso da briga pelo poder que cerca os bastidores de Washignton do que o egocêntrico e afetado Frank Underwood de Kevin Spacey.

Na seara das comédias, a situação foi igualmente repetitiva. Jim Parsons, o Sheldon do sitcom The big band theory, ganhou o troféu pela quarta vez, conseguindo até virar piada do ótimo Ricky Gervais, mais uma vez deixado de lado por seu Derek. Modern family, outra produção recorrente nos palcos do Emmy, sagrou-se com três troféus, incluindo a melhor série de comédia. Mostra que os EUA estão deixando de olhar para o próprio umbigo foram os três prêmios à britânica Sherlock, algo que realmente só seria possível ser feito na terra da rainha.

Mas nem só do consagrado foi a premiação. Fargo, outro grande momento da TV neste ano, levou a melhor como minissérie. Prova de que beber na fonte do cinema (Fargo é um dos melhores filmes dos irmãos Cohen), mas sem copiá-lo, pode trazer bons resultados. E com TV cada vez mais cinema (no sentido da inventividade), não faltaram carinhas da telona dando pinta na telinha. A mais célebre delas, Julia Roberts, fortalecia a equipe de The normal heart (que tinha ainda Mark Ruffalo), melhor telefilme, que emocionou a plateia ao levar para o palco o ativista gay em cuja trajetória se baseia a história.

Para quem estava mais preocupado com o espetáculo de TV do que propriamente com quem levaria cada troféu, o Emmy teve seus momentos. Figura que se consagrou na década de 1990 por versões cheias de deboches de hits da música pop, “Weird Al” Yankovic voltou renascido com um número musical que fez o mesmo com séries campeãs de audiência como Mad men, Scandal e Game of thrones. Cranston e Julia Louis-Dreyfus (melhor atriz por Veep) ainda protagonizaram a melhor cena da noite: deram um beijaço em frente às câmeras, cenas que os dois haviam feito décadas atrás em Seinfeld. Na época, ela já era uma estrela da TV, e ele, simplesmente uma escada. (Mariana Peixoto)

VIVA

A reprise dos melhores momentos do Sr. Brasil, de Rolando Boldrin, aos  domingos, na TV Cultura e Rede Minas.

VAIA

Fantástico (Globo). O programa é cada vez mais dispensável. Matérias batidas e quadros de  humor idem.  

Boa relação com a literatura no início da vida afeta na adolescência

Estudo que acompanhou diversos gêmeos idênticos por anos


Roberta Machado
Estado de Minas: 24/08/2014


Crianças em escola francesa: relação com a leitura começa muito antes do processo de alfabetização, dizem especialistas  (Eric Cabanis/AFP - 14/1/13)
Crianças em escola francesa: relação com a leitura começa muito antes do processo de alfabetização, dizem especialistas


Um estudo realizado com gêmeos idênticos no Reino Unido mostra que ler bem no início da infância pode afetar positivamente a inteligência da pessoa para o resto da vida. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Edimburgo e pela King’s College de Londres, comparou o nível de leitura de 1.890 pares de irmãos por nove anos e constatou que os indivíduos que se davam bem com os livros a partir da fase de alfabetização desenvolveram habilidades cognitivas superiores na adolescência. A vantagem intelectual dos leitores, aponta o estudo, não foi restrita ao jeito com as palavras e se estendia também à capacidade de raciocínio em testes não relacionados com a literatura. Os resultados podem influenciar na forma como especialistas lidam com a educação infantil.

As crianças acompanhadas foram submetidas a exames de leitura e de inteligência aos 7, 9, 10, 12 e 16 anos. Eles passavam por testes de vocabulário e compreensão de texto, além de terem o conhecimento sobre autores populares sabatinado. A desenvoltura não verbal também foi testada em atividades que mediam o pensamento abstrato e a lógica dos pequenos. Como resultado, aqueles que liam melhor que seus irmãos também tinham desempenho superior em testes de inteligência em cada fase da vida.

“Podemos apenas especular as causas”, ressalta Stuart Ritchie, pesquisador de psicologia na Universidade de Edimburgo e principal autor do trabalho, publicado recentemente em Child Development. Ele aponta que há duas causas principais que podem ligar a leitura ao desenvolvimento da inteligência: “Primeiro, ler permite que as crianças pratiquem habilidades de pensamento, como imaginar outras pessoas, momentos, lugares e objetos que não estão diretamente na frente delas. Essas habilidades abstratas podem ser úteis em testes de inteligência e na performance intelectual de forma geral. Segundo, ler pode levar crianças a praticarem a concentração e o tipo de habilidades necessárias em situações nas quais testes de QI são feitos.”


Influência genética A participação de gêmeos idênticos no estudo permite que os pesquisadores minimizem a influência de diferenças genéticas ou de criação no desenvolvimento das crianças. “Nunca dá para se excluir fatores genéticos, e acho que os pesquisadores não pretendem fazer isso. Por isso usaram gêmeos. Mas a questão é que a leitura é um fator determinante, com certeza, pois as crianças que não tinham essa habilidade tão desenvolvida ficaram um pouco para trás, mesmo sendo gêmeos”, analisa Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. “Eles trabalharam com crianças que estavam num ponto inicial com o mesmo nível de inteligência, mas que, depois da aprendizagem da leitura, manifestaram diferenças”, ressalta o especialista.

As desigualdades de inteligência e de talento para a leitura testadas resultariam, portanto, das experiências que os gêmeos não partilharam, como um professor ou um grupo de amigos. De acordo com o estudo, as influências positivas fazem a diferença desde os 7 anos de idade, quando o destaque na leitura já resulta em melhor desenvolvimento cognitivo.

Para Buchweitz, o segredo está na plasticidade do cérebro infantil. No início da vida, a mente é especialmente receptiva a novos estímulos e tem uma grande capacidade de adaptação. “Nosso cérebro não está programado para ler. Ele não aprende naturalmente como a gente aprende a falar”, explica o brasileiro. “A criança tem de se adaptar a algo que não é natural a ela, ou seja, a leitura, e isso faz com que o cérebro dela se adapte e desenvolva outras habilidades.”

Para os autores do trabalho, a descoberta pode ser uma importante ferramenta para pais e educadores. Como a leitura é um talento que pode ser aprendido e desenvolvido, investir nessa atividade desde o início da infância poderia influenciar a inteligência de forma positiva até a vida adulta. Alunos que não recebem incentivo à leitura desde cedo poderiam sofrer não somente no processo de alfabetização, como também teriam a inteligência prejudicada de forma geral.

Educadores ressaltam que o contato com a leitura, dentro e fora da escola, é fundamental. E esse contato se dá de muitas formas além da de ter um livro nas mãos. A relação com as palavras começa muito antes da alfabetização, como quando o pequeno vê os pais lendo algo ou ouve uma história contada por um adulto. “A atividade de leitura fica carregada de sentido. Se alguém lê um livro para mim, um dia eu poderei ler sozinha. Não é o objeto em si que faz a mágica. O que faz sentido é aquilo que muda a relação que o ser humano tem com esse objeto”, afirma Maria do Rosário Longo Mortatti, presidente da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf) no biênio 2012-2014.

Nunca é tarde Embora o estudo reforce a importância da leitura desde cedo, os resultados não apontam claramente para uma idade ideal de alfabetização. “Podemos dizer que, ao menos nos termos das variáveis que analisamos, nós não encontramos nenhum efeito negativo na leitura em idade precoce”, ressalta o pesquisador Stuart Ritchie. A vantagem na inteligência foi constatada, inclusive, em crianças que se destacaram em fases posteriores da infância, mostrando que o investimento na literatura também gera frutos em crianças que receberam o estímulo um pouco mais tarde.

No Brasil, o Ministério da Educação estipula que as crianças sejam alfabetizadas até os 8 anos, mas não especifica em que idade esse processo deva ser iniciado. A especialista Maria do Rosário Mortatti, que também é professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, acredita que o estímulo da leitura deva ser reforçado desde a primeira infância, muito antes de o processo formal de alfabetização ser iniciado. “A idade tem função para certos marcos escolares, rituais escolares. E muitas vezes não tem fundamentação científica nenhuma. Muitas vezes, é uma questão simples, são vagas que estão disponíveis”, alerta a educadora. “A oportunidade de a criança ler ou ouvir textos é imprescindível, e isso é desde bebê.”

Comparação de gêmeos

O Estudo do Desenvolvimento Precoce dos Gêmeos (Teds, na sigla em inglês) é um grande levantamento feito com gêmeos idênticos nascidos no Reino Unido entre 1994 e 1996. Originalmente, a amostra incluía dados de 8.163 famílias, acompanhadas em 1 momentos diferentes da vida dessas crianças. Os dados colhidos servem de base para uma série de pesquisas até hoje e são uma importante fonte para a comparação de desenvolvimento de crianças com similaridades genéticas e de criação. 

Mal que entra pelo ouvido - Augusto Pio

Ruído fora de controle é um dos agentes mais nocivos à saúde humana. Especialistas analisam os níveis de barulho, as consequências não apenas à audição e as possibilidades de tratamento


Augusto Pio
Estado de Minas: 27/08/2014



Pesquisas mostram que o ruído fora de controle é um dos agentes mais nocivos à saúde humana, causando perda da audição, zumbidos, ansiedade, nervosismo e até mesmo impotência sexual. Bruno Castro, médico otorrinolaringologista da Clínica Alves de Sousa e membro da Sociedade Mineira de Otorrinolaringologia, explica que o ruído ou barulho é todo som audível que se torna desarmônico à audição, tornando-se, dessa forma, pessoal e subjetivo. “O ruído intenso, que pode causar alguma perda de audição, está acima de 85 decibéis (dB ) por um período de oito horas. Para cada 5dB aumentado, a exposição ao ruído deve diminuir pela metade, ou seja, 90dB por apenas quatro horas de exposição. E 95dB por apenas duas horas e, aos 110dB, a exposição deve ser de apenas 15 minutos.”

O especialista ressalta que esses excessos de ruído podem gerar a perda de audição chamada de perda auditiva induzida por ruído (PAIR), que, por sua vez, pode gerar zumbido (ou tinnitus ), transtornos de atenção, ansiedade, insônia e até depressão. “A perda auditiva pode ser gerada por duas formas de ruído intenso, sendo a primeira já citada anteriormente pela exposição prolongada (geralmente ocupacional); a segunda é  chamada de trauma acústico (TA) por uma exposição súbita e intensa, como nas explosões acidentais, casos de fogos de artifício e tiros, entre outros. Essas perdas são por lesão de células não renováveis pelo organismo humano e, dessa forma, tornam-se irreversíveis, havendo necessidade de uso de aparelhos de ampliação sonora individuais (aparelho auditivo).”

Quanto ao zumbido, o médico esclarece: “Primeiramente, devemos definir o zumbido, ou ainda acúfeno, tinnitus ou tinido, a uma sensação auditiva cuja fonte não advém de estímulo externo ao organismo. É um sintoma associado a várias formas de perda auditiva. Entre as várias causas de zumbido, a perda auditiva é a principal e mais comum, independentemente do tipo de perda auditiva, seja pela idade, por doença genética e familiar, por otites, por doenças metabólicas como diabetes, colesterol e tireoide, por doenças do sistema nervoso central e até das articulações dentárias, determinados tipos de alimentos e outras. É importante deixar claro que é a perda auditiva que gera o zumbido e não o contrário.”

Bruno reforça que o zumbido pode afetar o indivíduo, causando distúrbios de atenção, ansiedade, insônia, depressão, baixo rendimento no trabalho ou escolar, sendo pessoal e depende da sua intensidade. Geralmente, a queixa é principalmente noturna, quando há mais silêncio. “A cura do zumbido está diretamente relacionada à causa, e o otorrinolaringologista está preparado para investigar e tratar adequadamente. É uma tarefa exaustiva e exige paciência e persistência, tanto do profissional assistente quanto do assistido.”

patologia O especialista afirma que há várias formas de tratamento, com medicação ou até mesmo aparelho auditivo, por meio do que é chamado de habituação ao zumbido. Mas isso depende sempre da patologia causadora do zumbido, tornando o tratamento individualizado. “Sempre que houver um barulho que incomode ou que gere um zumbido, exposição deve ser evitada. Para medir essa intensidade sonora há alguns aplicativos de smartphones, que determinam em dB a intensidade sonora do ambiente e sugiro avaliar o volume do fone de ouvido que a pessoa estiver usando, pois, devido à proximidade com a membrana timpânica, pode tornar sons pouco intensos em prejudiciais à saúde, gerando perda auditiva e zumbido.”

Bruno esclarece que os profissionais mais afetados são os que trabalham com ruído intenso: operários da construção civil (maquita e britadeiras), motoristas de coletivos, professores de ginástica, cabeleireiros, manipuladores de som em boates, trabalhadores de aeroportos, atendentes de lanchonetes (com uso excessivo de liquidificadores) e até dentistas, que trabalham com motor de alta rotação. O barulho do dia a dia no trânsito é uma forma de poluição sonora considerável, mas não é causador de perdas auditivas de forma geral, pois a exposição nem sempre é contínua e prolongada. E, de certa forma, a educação no trânsito é fundamental para evitarmos buzinas e ruídos extremos causados pelas descargas de veículos, principalmente de motocicletas.”

Os danos do zumbido 

A fonoaudióloga Amanda Neves, gerente de produtos da Microsom BH, explica como a exposição contínua a altos níveis de ruído pode causar deficiência auditiva. “Há variação considerável de indivíduo para indivíduo relativa à suscetibilidade ao barulho. Entretanto, padrões estabelecidos indicam o quanto de som, em média, uma pessoa pode tolerar. Apesar desses níveis permanecerem controversos, tem-se orientado as pessoas para não experimentar níveis de ruído que excedam de 85dB a 90dB.”

Quanto ao zumbido no ouvido, Amanda ressalta que, embora saber a causa exata seja um desafio, muitos pacientes que têm história de exposição a ruído apresentam zumbido. “Nesse caso, a maior parte dos pacientes tem também problemas auditivos, mas uma pequena porcentagem (menos de 10%) tem a audição dentro dos limites da normalidade”. Ela esclarece que o zumbido pode acarretar depressão, insônia, afetar a qualidade de vida e a capacidade de executar atividades rotineiras, como trabalhar ou estudar. “Muitos pacientes notam aumento do zumbido quando ficam expostos a ambientes ruidosos. Por isso, deixam de frequentar alguns locais, principalmente festas com música.”

Amanda diz que pessoas alegam escutar um zumbido por um curto período de tempo após exposição prolongada a sons intensos. “Uma vez que o paciente deixa de escutar a fonte do ruído, o zumbido desaparece e se torna inaudível até a próxima exposição. Se a exposição ao barulho continua, o zumbido aumenta de volume e se torna constante. Para alguns casos, consegue-se a cura, mas em outros é difícil ter o controle. Não há tratamento que propicie melhora de 100% em todos os casos. Apesar da tecnologia disponível, e diferentes opções de tratamento, o mais importante é ouvir o paciente e buscar todas as possíveis causas.”

A especialista salienta que há muitos estudos e investigações clínicas e pouco a pouco são descobertas novas causas. “O melhor tratamento seria com uma abordagem interdisciplinar, pois os fatores psicológicos têm papel importante na percepção no processamento do zumbido. Logo, o diagnóstico psicológico deveria ser parte integrante da abordagem. Há várias causas do zumbido: problemas no ouvido (inflamação, cerume, perda auditiva), taxa de glicemia alta, problemas cardiovasculares, estresse, alterações emocionais, metabólicas, hormonais, uso de alguns medicamentos, maus hábitos (cigarro, bebida alcoólica e cafeína em excesso), exposição a ruídos etc. Quando as causas são identificadas, são elas que devem ser objeto do tratamento. O ideal é achar maneiras que possam curar o zumbido, e não simplesmente ‘ensinar’ a conviver com o problema.”

O tratamento é direcionado de acordo com o quadro clínico. “Há pacientes que apresentam problema de disfunção de ATM (articulação têmporo-mandibular). Esses podem ser encaminhados a fisioterapeutas, fonoaudiólogos ou ortodontistas (uso de placas de alívio ou aparelhos ortodônticos). Também há zumbido associado à perda auditiva e, nesse caso, há a possibilidade de indicação de um aparelho que combine soluções que ajudem o paciente. Há ainda casos metabólicos de hipertensão arterial e diabetes que se resolvem com tratamento medicamentoso. Também podem ser prescritos remédios que aliviem o desconforto e os problemas derivados do zumbido: tranquilizantes, anticonvulsivantes, antidepressivos e fitoterápicos à base de ginkgo biloba.”

O uso de fones de ouvidos está cada vez mais comum e a fonoaudióloga alerta: “Pessoas que usam esse acessório por longos períodos são sérias candidatas a danos irreversíveis. O maior problema não é o uso do fone de ouvido em si, mas o exagero em relação à intensidade. Ouvir música com volume alto por muito tempo pode danificar estruturas sensíveis internas da orelha e levar à perda permanente da audição.” (AP) 

MOBILIZAçãO MUNDIAL » Flashes demais, doações de menos‏

MOBILIZAçãO MUNDIAL » Flashes demais, doações de menos Apesar da febre da campanha do balde de gelo, doações a entidades brasileiras que lutam contra doença degenerativa ainda são tímidas. Em Minas, associação arrecadou só R$ 225


Guilherme Paranaiba e Sandra Kiefer
Estado de Minas: 27/08/2014



Pacientes como Gleisson (na foto com a mulher, Jussara e integrantes da equipe que o atende) dependem de atenção contínua e especializada  (ramon lisboa/em/d.a press)
Pacientes como Gleisson (na foto com a mulher, Jussara e integrantes da equipe que o atende) dependem de atenção contínua e especializada


Basta abrir uma página na internet para encontrar alguma figura pública envolvida no já famoso desafio do balde de gelo. A “vítima” é submetida a um banho gelado e convoca amigos ou conhecidos a fazer o mesmo. Uma câmera registra a situação inusitada e as imagens são divulgadas na rede mundial de computadores. O objetivo original da iniciativa é chamar a atenção para a necessidade de doações para instituições que apoiam portadores de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Popularizada por Pete Frates, esportista norte-americano de 29 anos diagnosticado com ELA, a campanha, mais do que uma brincadeira, visa a mostrar que, para o paciente, é um “banho de água fria” receber o diagnóstico de uma doença degenerativa do sistema nervoso, que deixa o portador incapacitado e ainda não tem cura. Inicialmente, a proposta era de que o desafiado optasse entre fazer uma doação ou enfrentar o balde. Com a disseminação da campanha, os participantes aderiram ao sacrifício gelado, independentemente da doação.

Apesar dos bons propósitos, a ideia que surgiu nos EUA e se espalhou como uma epidemia pelo mundo por enquanto parece ter encontrado no Brasil impacto financeiro bem mais modesto na luta contra a doença. Enquanto nos EUA a ALS Foundation já arrecadou U$ 88,5 milhões, juntas, três instituições brasileiras somam cerca R$ 380 mil. Em Minas, o desempenho é incomparavelmente mais tímido: a entidade mineira de apoio às vítimas da ELA recebeu apenas R$ 225 desde o início da campanha. Pode ter colaborado para isso o fato de que muita gente não sabe que existe uma associação no estado.

Em Minas, duas figuras de destaque decidiram encarar o desafio. Primeiro, o atacante do Atlético Diego Tardelli, desafiado pelo cantor Belo e pelo jogador de futsal Falcão, postou o vídeo em uma rede social. Antes de encarar o banho gelado, o atleta, que se comprometeu a fazer a doação ontem, desafiou o presidente do clube, Alexandre Kalil, assim como fez com os colegas Jô e Ronaldinho Gaúcho. Em seu twitter, Kalil respondeu com as imagens do desafio cumprido. Sobrou agora para outros três nomes de destaque no estado, todos convidados por Kalil: o candidato ao Senado pelo PSDB Antonio Anastasia, o deputado federal pelo PT Gabriel Guimarães e o técnico do Galo, Levir Culpi. O presidente alvinegro ainda postou uma mensagem incentivando as pessoas a doar. “Só água gelada não adianta, tem que ajudar também”, diz o texto.

Para a presidente da Associação Regional de Esclerose Lateral Amiotrófica de Minas Gerais (Arela/MG), Cristina das Graças Godoy, as doações são feitas considerando apenas as entidades nacionais. “As pessoas não sabem que existe uma associação que é regional”, diz. Ainda segundo ela, a participação de figuras de destaque em Minas na campanha é uma boa oportunidade para que doações sejam direcionadas ao estado e não fiquem apenas na brincadeira via redes sociais. O dinheiro arrecadado será usado no fortalecimento dos trabalhos desenvolvidos atualmente pela instituição.

No âmbito nacional, três entidades estão recebendo doações. A Associação Brasileira de Esclerose Amiotrófica (Abrela), a Associação Pró-Cura da ELA e o Instituto Paulo Gontijo. Juntos, os três somam R$ 378 mil em arrecadação. A gerente executiva e nacional da Abrela, Élica Fernandes, afirma que a entidade tem 1,8 mil portadores da doença cadastrados e estima em 6 mil o número de brasileiros com a enfermidade. “Trabalhamos com a produção de material informativo, reuniões com as famílias, simpósios para profissionais da saúde e até compra de material para os pacientes, como sondas de alimentação. As doações vão fortalecer esse trabalho”, diz ela.

DESAFIO Aos 22 anos, a relações públicas de Belo Horizonte Débora Souza do Valle convive com o tipo mais raro da doença, a esclerose lateral amiotrófica familiar, que se manifestou em seis pessoas da família, inclusive na própria mãe, a professora Lorraine Aparecida do Valle, de 55 anos. Duas das tias já morreram. Outra tia de Débora está na cama e um tio precisa do ventilador mecânico para ajudar na respiração. “A doença começa a aparecer entre 42 e 50 anos. Temos um primo que está entrando nessa faixa etária. Só agora, vamos ficar sabendo se a segunda geração dos familiares vai ou não desenvolver a ELA”, explica.

Guerreira, a jovem está organizando um “balde de gelo coletivo” entre amigos, conhecidos e quem mais quiser participar. Será na Praça do Papa, no sábado, às 15h. Quem aceitar o desafio terá de doar R$ 20 em dinheiro. O montante arrecadado será encaminhado para a Abrela. “É preciso investir em pesquisa, porque as informações sobre a doença ainda são muito vagas”, afirma.

Em 2009, o técnico em eletrônica Gleisson sentiu os primeiros sinais de fraqueza muscular, mas só um ano depois receberia o diagnóstico de ELA. Atualmente, é atendido em casa por uma equipe composta por fisioterapeuta, duas fonoaudiólogas e uma cuidadora, além de duas irmãs que se revezam no momento do banho. A mulher, a agente de saúde Jussara Ferrarezzi, de 49 anos, se esforça no sustento da casa e no cuidado com os filhos Ana Clara, de 21, e Vítor, de 15. “O Gleisson é fera. Por ser inventor e muito inteligente, conseguiu adaptar um programa de leitura no computador. Passa a noite inteira vendo filmes e mexendo no Facebook. Mas a doença em si não é fácil. O paciente é totalmente dependente de cuidados. Demos sorte de ele conseguir falar”, afirma.

Saiba mais

esclerose lateral amiotrófica

É provocada pela degeneração progressiva no primeiro neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na medula espinhal. Esses neurônios são células nervosas especializadas que, ao perderem a capacidade de transmitir os impulsos nervosos, dão origem à doença. A ELA foi descoberta em 1848 pelo médico francês François Aran. Ainda não se conhece a causa nem tampouco a cura para o mal. A medicina ainda não conseguiu frear o desenvolvimento da doença, cujo principal sintoma é a fraqueza muscular, acompanhada de endurecimento dos músculos (esclerose), inicialmente em um dos lados do corpo (lateral), com atrofia muscular (amiotrófica). É uma doença cara, que necessita de apoio econômico dos governos, convênios de saúde e da família para que o paciente possa viver com dignidade. Nos últimos anos, a esperança dos portadores de ELA aumenta com o avanço nas pesquisas de novos medicamentos. Um dos casos mais conhecidos é o do físico Stephen Hawking, que já convive há 25 anos com o diagnóstico de ELA.z Para doar

Associação Regional da Esclerose Lateral Amiotrófica de Minas Gerais (Arela/MG)

 Banco Sicoob(756)

 Agência: 4027

Conta corrente: 288591151

CNPJ: 10.888.532/001-60

Associação Pró-Cura da
Esclerose Lateral Amiotrófica


Banco Bradesco (237)

Agência: 2962

Conta corrente: 29882

CNPJ: 18.989.225/0001-88

Associação Brasileira de
Esclerose Lateral Amiotrófica
(Abrela)


Banco Santander (033)

Agência: 3919

Conta corrente: 130001906

CNPJ: 02.998.423/0001-78

Instituto Paulo Gontijo

Banco HSBC (399)

Agência: 0319

Conta corrente: 0135853

CNPJ: 07.933.457/0001.06

Eduardo Almeida Reis - Inverno‏

Cobertor de motel é o diabo sob a forma de peça de lã ou de algodão, encorpada e felpuda, que serve de agasalho e que se usa na cama por cima dos lençóis


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 27/08/2014





Estação mais fria do ano, situada entre o outono e a primavera, que no hemisfério sul se estende do solstício de junho (21) ao equinócio de setembro (23), o inverno submete o mineiro sério e próspero a dois problemas: fondue de namorada e cobertor de motel.

Sério e próspero ele já despachou a família para a Europa, mulher e filhos curtindo o verão espanhol, francês ou lisboeta, mandando selfies e notícias do mundo civilizado. Sério e próspero no frio mineiro, ele continua à frente dos seus negócios e passa os dias nos motéis curtindo a namoradinha neurótica, unhas roídas até aos sabuguinhos, bafo de gim com Campari, ouvidinhos ressumantes de cerume, dizendo palavrões cabeludos, peitinhos bicudos contrariando as forças gravitacionais. Mulheres muito certinhas, muito ajuizadas, querem-se em nossas casas; namorada tem que ser neurótica.

Cobertor de motel é o diabo sob a forma de peça de lã ou de algodão, encorpada e felpuda, que serve de agasalho e que se usa na cama por cima dos lençóis. Enquanto as fronhas e os lençóis costumam ser lavados, os cobertores dos motéis ficam para a Páscoa da Ressurreição. E o mineiro sério e próspero, coitado, debaixo daquela imundície.

Outro problema insolúvel é a fondue de namorada, no dia em que a neurótica fica sozinha em casa. Pais e irmãos da namoradinha curtem o Cabo Frio dos aluguéis baratos no inverno, sempre menos frio que o mineiro. E a jovem resolve fazer uma fondue para o seu amor sincero. Tudo bem: dinheiro ele tem de sobra para comprar a panela importada que fica sobre um fogareiro, o queijo gruyère ou emmenthal e o excelente vinho branco em que o queijo será fundido e temperado com alho e quirche. O pão pode ser comprado pela jovem anfitrioa para ser mergulhado naquele queijo na ponta de lindo espeto. Outro vinho, ainda mais caro que o primeiro, é comprado pelo gostosão – e o resultado da noite é uma tragédia mineira, muito pior do que a tragédia grega porque não envolve helenos, mas empresários nascidos no solo generoso das Minas Gerais.

Oriente Médio

O caro e preclaro leitor conhece, faz tempo, o político Valdemar da Costa Neto (ARENA, PDS, PL, PR), hoje exercendo a função de gerente de um restaurante próximo de Brasília para ficar mais perto da cadeia em que dorme à noite. Logo, logo, estará solto, lépido e fagueiro, no comando de seu partido. O leitor também conhece a socialite Maria Christina Mendes Caldeira, que foi casada com Valdemar, separou-se e aprontou divórcio divertidíssimo pela ferocidade das acusações de ambos e providências outras que não vêm a pelo numa coluna escrita para ser lida por pessoas de bem e de tino.

Dá para imaginar a dificuldade que seria tentar a coexistência vizinha e pacífica de Maria Christina com Valdemar e vice-versa. Pois muito bem: a vizinhança de israelenses e palestinos não é mil vezes, é um bilhão de vezes mais difícil que a do ex-casal paulista, pouco importa o que digam e façam a ONU, os Estados Unidos e os demais países do Oriente Médio. Brasília tomou partido pró-palestinos, convocou o representante do Itamaraty em Israel, fez o que determinou Marco Aurélio Garcia (Porto Alegre, 22 de junho de 1941), aposentado como professor de história da Unicamp, que comanda de fato a política externa brasileira há muitos anos. Israel respondeu justamente indignado dizendo que o Brasil é um anão diplomático. Melhor diria se falasse dos fantoches, geralmente barbudinhos, movidos por meio de cordéis manipulados pelo gaúcho Garcia.

A coexistência israelense-palestina, se todos os palestinos não forem transmigrados urgentemente do Oriente Médio para uma das regiões em que ainda há terras disponíveis – aqui mesmo na América do Sul há países que comportam milhões de pessoas transmigradas – é infelizmente conhecida. Enquanto dispuserem de foguetinhos fáceis de interceptar pelo estado de Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordância continuam existindo. No dia em que botarem a mão num foguete como aquele russo, que derrubou o avião da Malaysia, a resposta de Israel vai assombrar o planeta.

O mundo é uma bola

27 de agosto de 479 a.C., na Batalha de Plateias, os gregos do espartano Pausânias aniquilam os persas de Mardônio, pondo fim às invasões persas na Hélade. Filho de Cleômbroto, Pausânias foi o general espartano que liderou a batalha nove anos antes de morrer em 470 a.C. Acusado de traição, foi condenado à morte. Nunca se tornou rei como seu filho Plistóanex, que sucedeu a Plistarco. Os gregos daquele tempo adorariam ter conhecido Elvis Presley e Michael Jackson para batizar seus filhinhos. Já pensaram na dificuldade que deve ser lidar com um guri chamado Plistóanex?

Em 1810 explode o estoque de munição da vila de Almeida, em Portugal, destruindo a igreja matriz, o castelo medieval onde estava o paiol, matando mais de 500 soldados portugueses e ingleses, facilitando a invasão das terras lusitanas pelas tropas de Napoleão. Em 1859, perfurado nos Estados Unidos o primeiro poço de petróleo. Em 551 a.C. nasceu Confúcio, filósofo que dispensa considerações. Hoje é o Dia do Psicólogo e do Corretor de Imóveis.

Ruminanças

“O psicólogo gosta de brincar de Deus: ele assume uma posição privilegiada muito acima da loucura humana que estuda. Ilumina o pensamento dos outros e ignora o próprio” (Walter Kaufmann, 1921-1980)

COLUNA DO JAECI » Acabou a penúria: dívida fiscal acertada

COLUNA DO JAECI » Acabou a penúria: dívida fiscal acertada
O Atlético está pronto para se mover com suas próprias pernas e, cada vez mais, disputar os títulos com time forte
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 27/08/2014


 (Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

Depois de décadas de sofrimento, o Atlético consegue finalmente dar um passo gigantesco para equilibrar suas finanças. O clube aderiu ao Refis, com parcelamento de um total de R$ 190 milhões em 15 anos. O pagamento mensal será da ordem de R$ 1 milhão, o que não afetará o orçamento do clube. Além disso, parte dos R$ 36 milhões, retidos da venda de Bernard servirão como entrada, e o Galo ainda tenta liberar 11 milhões, que serviriam para quitar questões pontuais.
Pronto, era só isso que faltava na administração Kalil para que ele ganhasse um 10, com louvor, como diria o professor Raimundo, na Escolinha do saudoso Chico Anísio. Livre de dívidas que o atormentavam havia décadas, o Atlético está pronto para se mover com suas próprias pernas e, cada vez mais, disputar os títulos com time forte e sem a dor de cabeça de ter credores batendo à sua porta. A casa está mais do que organizada. Também, com um presidente como Kalil, e um corpo jurídico do mais alto nível – Rodolfo Gropen, José Lasaro e Sérgio Sette Câmara não se poderia esperar outra coisa. Será que eles não poderiam trabalhar no meu Flamengo? Só mesmo uma equipe dessa grandeza para resolver o graves problemas do meu Mengão.

O que mais quer o torcedor alvinegro? Tem um dos melhores CTs do mundo, uma casa em ordem e um time competitivo, que atualmente disputa títulos, e não apenas figura nas competições. Claro que essa equipe precisa melhorar, mas com um orçamento na casa dos R$ 200 milhões, é bem provável que o próximo presidente, Daniel Nepomuceno, tenha caixa para montar um time campeão. Kalil fez isso, debaixo de uma saraivada de dívidas, e conseguiu dar o maior título da história do clube, a Libertadores.
Nepomuceno, com a dívida fiscal refinanciada e o dinheiro de TV e patrocínios que reforçarão os cofres do clube, poderá contratar sem medo de errar. Porém, dou a ele uma sugestão: invista na base, pois ela é a grande solução para os grandes clubes, como reveladora de talentos. Não há muita gente boa no mercado para ser contratada.Diferentemente do que diziam alguns, o Atlético tinha sim solução, e bastou entrar alguém com visão de mercado e determinação para resolver que a coisa foi resolvida. Kalil marcou alguns gols de placa em sua gestão. A conquista da Libertadores e esse refinanciamento da dívida fiscal, com certeza, foram dois gols de bicicleta. Sairá do clube com seu nome mais do que gravado na história. Cometeu alguns erros, é claro. Considero o maior deles ter trazido Guilherme, um jogador absolutamente normal, que custou os olhos da cara, fez o presidente passar frio na Rússia, para se tornar um engodo. Joga cinco partidas, fica 10 no banco e outras 10 de fora, por contusões. Jamais foi aquele jogador de começo de carreira, no Cruzeiro, que tinha pinta de craque. Ficou mesmo só na pinta.
Mas só erra quem tenta acertar. Pior é ter um presidente que não arrisca, que não tem visão. Aí a coisa desanda mesmo. Se Kalil pecou, foi por excesso, jamais por omissão, e o resultado está aí: um clube completamente organizado e equilibrado sob todos os pontos de vista. Falta, quem sabe, ganhar a Copa do Brasil e fechar seu ciclo com chave de diamante. Eu não duvidaria. Do jeito que esse Kalil é largo, pra dormir com a Copa do Brasil ainda este ano, pouco custa.

Pela quinta conquista

Falando em Copa do Brasil, é preciso lembrar que existe o maior campeão de todos, o Cruzeiro, que, ao lado do Grêmio, tem quatro títulos da competição e entra firme, a partir de hoje, para buscar a quinta taça. O adversário é o desconhecido Santa Rita, de Alagoas, que deverá ser ultrapassado sem maiores problemas. Sei que essa competição, assim como a Libertadores, é traiçoeira, mas não há como imaginar que esse porco magro possa sujar a água. O Cruzeiro vai atropelar aqui e lá. E, passando, enfrentará o vencedor de Vasco e ABC nas quartas de final, o que sugere a este otimista colunista que o time azul já está na fase semifinal da competição.

Só tenho uma dúvida: o técnico Marcelo Oliveira (foto), campeoníssimo em pontos corridos, tem sido um fracasso em mata-mata, e aí a coisa complica. Ele conseguiu perder duas Copas do Brasil, em casa, com o Coritiba, e foi eliminado pelo Flamengo dirigindo o Cruzeiro. Além disso, em outra competição nos mesmos moldes, sucumbiu, praticando futebol ruim, e foi eliminado.

Mas ele deve ter aprendido com os erros. Nosso editor de mídias convergentes, Benny Cohen, tem outra tese. Ele diz que, se Marcelo chegou a duas finais, é porque teve competência par tal. Ok, meu caro Benny, tá valendo também. E o Cruzeiro tem a chance de conseguir a Tríplice Coroa novamente. Para isso, bastará ganhar a Copa do Brasil, pois o Brasileirão, não tenho dúvidas, ninguém vai tirar. Jogará o returno por apenas nove ou 10 vitórias, tamanha a sua capacidade neste turno. Ele consegue superar até mesmo a si próprio, na temporada passada, o que prova que manutenção de técnico e de grupo resulta mesmo em títulos. De vendedor o Cruzeiro passou a comprador e as taças viram constantes na gestão de Gilvan de Pinho Tavares. É o futebol mineiro em alta, o que engrandece o estado e sua torcida.