sábado, 9 de fevereiro de 2013

Colombiano cria competente narrativa sobre o narcotráfico


folha de são paulo
CRÍTICA ROMANCE
Juan Gabriel Vásquez enfoca geração marcada pelo medo e pelo crime em Bogotá
JOCA REINERS TERRONESPECIAL PARA A FOLHAQuase nada resiste à força da gravidade em "O Ruído das Coisas ao Cair", e isso não inclui só objetos; dentre aquilo que cai certamente não está a crença do leitor, que permanece intacta até o final.
Competente narrativa encenada nas circunstâncias do surgimento do narcotráfico no início dos anos 19 70, a leitura do romance do colombiano Juan Gabriel Vásquez soa sugestiva ao cidadão brasileiro dos dias atuais, pois explora efeitos de um assassinato ocorrido em frente a um bar do centro de Bogotá, no início de 1996.
Antonio Yammara, o narrador, era então um jovem professor que passava momentos de folga num salão de bilhar perto da universidade.
Ali, aproxima-se do ex-presidiário Ricardo Laverde, pelo qual desenvolve curiosidade antropológica: enigmático acerca de seu passado e presente, Laverde termina por se tornar um tipo de amigo.
No entanto, numa tarde em que algumas barreiras impostas pela discrição costumeira de Laverde começavam a cair, disparos dados por um motoqueiro o matam.
Anos depois, ainda traumatizado com o evento, imerso numa crise pessoal, o professor resolve investigar as causas da morte de Laverde.
É aí que tem início a história: seguindo passos de Elaine, ex-mulher de Laverde, ela também morta num acidente aéreo, Antonio chega a Maya Fritss, filha do casal.
Ambos se encontram para juntos completarem um quebra-cabeça que é a história deles próprios, a dos nascidos na Colômbia nos anos 1970 e crescidos simultaneamente à lenda e à fortuna do traficante Pablo Escobar.
A originalidade do livro se deve à perspectiva íntima de Elaine Fritss, adotada para desvelar um enredo conhecido do público através de tantos filmes. Norte-americana, voluntária dos Corpos da Paz, ela se casa com Laverde, cujo sonho é ser piloto comercial.
Têm uma filha, e dentro dessa conformação pequeno-burguesa e ideológica de "auxílio a países em desenvolvimento" nasce a oportunidade, aos poucos compreendida por Elaine em sua ingenuidade, de traficar cocaína.
Ameaçado pelo tom altissonante em certas passagens, "O Ruído das Coisas ao Cair" não vacila diante da emoção e obriga o leitor a permanecer de olhos bem postos na obra futura de Vásquez.
JOCA REINERS TERRON é autor de "Do Fundo do Poço se Vê a Lua" (Companhia das Letras), entre outros.

    FICÇÃO
    ROMANCE
    Rebecca - A Mulher Inesquecível
    Daphne Du Maurier
    EDITORA Amarilys
    TRADUÇÃO Mariluce Pessoa
    QUANTO R$ 49 (448 págs.)
    A jovem narradora imagina que vai viver um conto de fadas ao se casar com Max de Winter, misterioso viúvo. Ao se mudar
    para a propriedade do marido, porém, ela será atormentada por mistérios que cercam a vida da primeira mulher de Max,
    Rebecca. O livro inspirou filme de Alfred Hitchcock de 1940.
    ROMANCE
    O Fio
    Victoria Hislop
    EDITORA Intrínseca
    TRADUÇÃO Adalgisa Campos da Silva
    QUANTO R$ 29,90 (368 págs.)
    A britânica Victoria Hislop compõe uma saga que tem como pano de fundo quase cem anos da história da Grécia. Em Tessalônica, segunda maior cidade do país, nasce em 1917 Dimitri Komninos. Anos depois seu destino irá cruzar com o da jovem Katerina, que chega à Grécia fugindo do Exército turco.

      NÃO FICÇÃO
      MÚSICA
      Pequena História da Música Popular Segundo seus Gêneros
      José Ramos Tinhorão
      EDITORA Editora 34
      QUANTO R$ 49 (352 págs.)
      Traz a origem de diversos gêneros da música popular desde o século 18, com a modinha e o lundu, até a lambada. Reúne histórias como as primeiras gravações do samba de breque, com Moreira da Silva, nos anos 1930. José Ramos Tinhorão, o autor do trabalho, é jornalista, pesquisador e crítico musical, autor de obras de referência no assunto.
      MÚSICA
      Arnaldo Canibal Antunes
      Alessandra Santos
      EDITORA nVersos
      QUANTO R$ 79,90 (296 págs.)
      O trabalho relaciona a obra de Arnaldo Antunes, na música, na poesia e nas artes visuais, com o movimento modernista brasileiro. Partindo das ideias de Oswald de Andrade, a autora defende que Arnaldo é o artista mais "antropófago" do Brasil nos dias de hoje. Alessandra Santos é professora de letras na Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e tradutora.

        Quadrinhos

        folha de são paulo

        CHICLETE COM BANANA      ANGELI
        ANGELI
        PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

        LAERTE
        DAIQUIRI      CACO GALHARDO

        CACO GALHARDO
        NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

        FERNANDO GONSALES
        PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
        ALLAN SIEBER
        QAUSE NADA      FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ

        FÁBIO MOON E GABRIEL BÁ
        HAGAR      DIK BROWNE

        DIK BROWNE

        Laertevisão

        folha de são paulo

        Atual, livro exibe a gênese da filosofia de Getúlio Vargas

        folha de são paulo

        CIFRAS & LETRAS
        CRÍTICA DESENVOLVIMENTISMO
        Economistas reúnem ensaios de oito autores sobre os anos do ex-presidente
        ELEONORA DE LUCENADE SÃO PAULO"[Getúlio] Vargas acreditava, como muitos homens de sua época, que o mercado livre e autorregulado não garantia o desenvolvimento econômico nem reduzia a desigualdade social, mas tendia a aprofundá-la em meio a crises econômicas e sociais graves e recorrentes."
        Com essa ideia, os economistas Pedro Paulo Zahluth Bastos (Unicamp) e Pedro Cezar Dutra Fonseca (UFRGS) fazem a introdução de "A Era Vargas - Desenvolvimentismo, Economia e Sociedade". O livro reúne ensaios de oito autores que abordam diferentes ângulos das políticas daquele que é considerado o maior estadista brasileiro.
        Os textos esquadrinham desde a origem do pensamento de Vargas até o seu legado.
        Apresentam a gênese do desenvolvimentismo, que se desdobrou na criação da Petrobras, da Vale, do BNDES, da Eletrobras, da CSN e tantas outras instituições.
        Fonseca vasculha textos de exames do político na faculdade de direito e encontra neles a defesa da ação do Estado e da necessidade de organização sindical dos trabalhadores brasileiros.
        Isso em 1906, muito antes da Carta Del Lavoro, de Benito Mussolini, por muitos considerada a inspiração das leis trabalhistas.
        Analisando o governo de Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul (1928-1930), o economista mostra como o líder rompeu com a austeridade defendida por credores e partiu para uma política heterodoxa de estímulo ao crédito e investimentos, com forte atuação estatal.
        Foi no governo gaúcho "que o desenvolvimentismo pela primeira vez expressou-se de forma mais acabada", escreve Fonseca.
        Já Luiz Carlos Bresser-Pereira faz uma análise política. Para ele, foi o nacionalismo econômico de Vargas que o tornou um estadista, e foi o caráter nacional-popular de seus dois governos que abriu espaço para a democracia no Brasil, ao promover a revolução capitalista.
        Bresser-Pereira lembra que Vargas possui muitos adversários: os remanescentes da oligarquia exportadora paulista, os intelectuais de esquerda da USP e os "neoliberais de hoje, cuja hegemonia desde 1991 levou o Brasil novamente à condição de quase colônia".
        Na época de Getúlio, diz Bresser, o pensamento dominante "vindo do Norte" pregava que o Brasil era um "país essencialmente agrário". Essa visão era abraçada pelas elites, que eram "mais comprometidas ou compromissadas com as elites internacionais do que com o próprio povo".
        Avaliando a macroeconomia, Pedro Bastos narra as pressões de interesses internos e externos.
        O autor mostra como, apesar delas, foi construído um projeto que "subordinava as políticas macroeconômicas às necessidades de expansão interna, mais do que às exigências de austeridade dos credores externos".
        Nos textos são destrinchados projetos, medidas, pressões. Moratória da dívida, crise cambial, negociação para a instalação da CSN, nacionalizações, tratativas com estrangeiros: o livro é bem abrangente, traz contextos e aprofunda temas.
        Os ensaios mergulham nos debates políticos e ideológicos do período.
        Muitas das questões analisadas na obra são atuais: austeridade e crescimento, investimento externo e capital nacional, inflação e câmbio, projetos de longo prazo. "A grande tarefa do momento, no nosso país, é a mobilização de capitais nacionais."
        A frase, que poderia ser dita pela presidente Dilma Rousseff, é de Getúlio Vargas em entrevista de 1938. Conhecer aquela era ajuda a entender os impasses de hoje.
        A ERA VARGAS - DESENVOLVIMENTISMO, ECONOMIA E SOCIEDADE
        AUTOR Pedro Paulo Zahluth Bastos e Pedro Cezar Dutra Fonseca
        EDITORA Unesp
        QUANTO R$ 69 (476 págs.)
        AVALIAÇÃO ótimo

          Walter Ceneviva

          folha de são paulo

          Parlamentar versus magistrado
          Lembremos que, neste país, o Legislativo faz a lei, o Executivo a executa e o Judiciário condena e absolve
          A avaliação do desentendimento entre as Casas do Parlamento e os Tribunais Superiores deveria examinar, antes de gerar as manchetes que gerou, o art. 102 da Constituição. Essa norma enuncia que "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição". Sua interpretação começa pelo verbo "competir" com, no mínimo, cinco significados.
          Exigiu mais cuidado, depois que parlamentares e magistrados das cortes de Justiça deram a impressão, até a quarta-feira, de estarem na busca do desafio mais vigoroso. Nenhum lado sairia vencedor e o Brasil perderia.
          Na hora em que a coluna é escrita parece que o STF (Supremo Tribunal Federal) ordenará e o Parlamento cumprirá. Digo "parece" porque a oratória dos parlamentares manteve vários dias de agressividade. Os juízes, embora discretos, com o ministro Joaquim Barbosa no comando, pareceram preparados para brandir as treze letras do advérbio "precipuamente".
          Define a essência do fim a que se destina o art.102. O substantivo "guarda" e a ação de "guardar" têm dezenas de acepções, mas aqui se referem ao que vigia e guarda. O ato de vigiar se volta para o cumprimento do dever de impedir ofensa ou dano ao titular do direito.
          A Carta Magna, no art. 102, credencia o STF para a defesa de todo ofendido, venham as agressões de onde vierem. Nos dicionários, em geral, não há a palavra "magna".
          Dão definições dos vocábulos a partir do gênero masculino. Mas, ao tratar da Carta, o feminino do adjetivo magna tem valor qualificativo essencial, predominante. Anuncia que se impõe ou sobrepõe a outras normas em vigência. É a estatura a que chegou o direito fundamental, preservado ou preservável pelo STF.
          Na democracia nacional a Constituição foi composta pela Assembleia Nacional Constituinte. Nela, representantes do povo brasileiro estruturaram e definiram um Estado Democrático, sem preconceitos, fundado na harmonia social, cujas as aspirações incluíram o propósito de encontrar solução pacífica para as controvérsias.
          No que andou pelo noticiário, nos primeiros dias da semana, pareceu que as baforadas de valentia, no Congresso, estavam "pegando mal". Pior: sem razão histórica que justificasse o que parecia reiteração da oratória inconsequente.
          Não que o Judiciário seja imune aos tropeços na honra ou modéstia, até em aplicações da lei em favor do próprio bolso. São poucos, em proporção, seus componentes que se imolem em desvios mal disfarçados, mesmo em se sabendo que o número de seus titulares é infinitamente menor que o dos outros poderes.
          Durante a semana, as duas casas do Parlamento se apresentaram presididas por cidadãos em face dos quais não transitaram em julgado ações criminais em que são acusados. São, pois, legalmente inocentes, até prova em contrário.
          O Judiciário deve prevenir-se contra o aproveitamento de temas exclusivamente políticos, para não ingressar em caminhos que sacrifiquem a confiança do povo. Lembremos que, neste país, o Legislativo faz a lei. O Executivo a executa. O Judiciário condena e absolve, mesmo em desvios de conduta dos componentes dos três poderes. O cuidado no decidir garante a imposição de que suas decisões finais sejam observadas. Descumpri-las seria estimular a ditadura.

            LIVROS JURÍDICOS
            O CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
            AUTOR José Afonso da Silva
            EDITORA Malheiros (0/xx/11/3078-7205)
            QUANTO R$ 90 (544 págs.)
            O subtítulo "Evolução Constitucional" resume o objetivo do escritor nas vias percorridas: a vertical ou institucional e a documental, rumo mais adotado entre nós. A obra segue as vias da história, mas com avaliação crítica das cartas, em sua época e no presente. São 14 capítulos da fase monárquica à atual.
            CLÁUSULAS, PRÁTICAS E PUBLICIDADES ABUSIVAS
            AUTOR Guilherme Fernandes Neto
            EDITORA Atlas (0/xx/11/3357-9144)
            QUANTO R$ 53 (296 págs.)
            O escritor atualizou e consolidou duas obras anteriores, com acréscimo do abuso de direito na internet, conforme esclarece na apresentação. Arruda Alvim destaca, no prefácio, o autor, que traz sua dissertação de mestrado (PUC-SP), acrescida pelos elementos que caracterizam o abuso de direito.
            CURSO DE PROCESSO CIVIL
            AUTORES Álvaro de Oliveira e Daniel Mitidiero
            EDITORA Atlas (0/xx/11/3357-9144)
            QUANTO R$ 53 (344 págs.)
            Este é o segundo volume do trabalho a que se propuseram os autores, agora evocando o processo de conhecimento. Desdobrado em onze capítulos, vai da petição inicial aos processos no tribunal e termina apreciando o tema da coisa julgada. Cada capítulo traz referências bibliográficas e resumo.
            COLEÇÃO UNIVEM
            AUTORIA Obra coletiva
            EDITORA Letras Jurídicas (0/xx/11/3107-6501)
            A coleção do Univem-Marília inclui nesta série, em que referidos nome da obra, autor, preço e número de páginas do volume: Tratados Internacionais, André L. C. Rosa, R$ 39, 160 págs.; Ensino Jurídico, Vanderlei P. de Oliveira, R$ 35, 144 págs.; Sociedade Tecnológica, Clarissa C. S. Monassa, R$ 42, 172 págs.; Comunicação Social Brasileira, Rosival J. Molina, R$ 41, 162 págs..
            COLEÇÃO PREPARATÓRIA PARA CONCURSOS JURÍDICOS
            AUTORIA Obra coletiva
            EDITORA Saraiva (0/xx/11/3613-3344)
            Saíram os números 12 e 18 da série, contendo a Legislação Penal Especial, Ricardo Antonio Andreucci, R$ 86, 504 págs; Direito Previdenciário, Renata Orsi Bulgueroni, R$ 86, 440 págs..
            DIREITO CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO
            AUTOR Luiz Gonzaga Pereira Neto
            EDITORA Del Rey (0/xx/31/3284-5845)
            QUANTO R$ 48 (187 págs.)
            Destinada a candidatos de concursos públicos e Exame de Ordem, chama a atenção para aspectos concursais, com questões resolvidas e resumos de cada capítulo.

              Governo acelera inclusão de drogas no SUS

              folha de são paulo

              Só em 2012, 29 medicamentos e procedimentos foram incorporados à rede pública, contra 81 entre 2006 e 2011
              Médicos e pacientes, no entanto, criticam rejeição a remédios já usados com sucesso na prática clínica
              JOHANNA NUBLATDE BRASÍLIANo último ano, o governo federal acelerou o ritmo das análises feitas para incorporar à rede pública novos remédios e procedimentos.
              É o que indica um balanço feito pelo Ministério da Saúde a pedido da Folha sobre o primeiro ano de funcionamento da Conitec, comissão do ministério que avalia os pedidos de incorporação feitos pelo próprio governo, por empresas e entidades.
              Em 2012, a comissão analisou 135 pedidos e aprovou 29 tecnologias -entre elas a vacina contra hepatite A.
              Outros 61 pedidos de inclusão foram negados e 45 ainda estão em avaliação.
              Estrutura que antecedeu a Conitec, a Citec avaliou 174 pedidos e incorporou 81 itens entre 2006 e 2011. O levantamento abarca as tecnologias mais relevantes, já que nem toda incorporação tinha que passar pela antiga Citec.
              Ou seja, o estudo aponta para um aumento de quase quatro vezes no número de análises feitas em 2012 -conclusão reforçada por estudos feitos pela indústria de medicamentos no país aos quais a reportagem teve acesso.
              Para o ministro Alexandre Padilha (Saúde), esse crescimento demonstra que foi correta a ideia de organizar os fluxos e criar prazos para a avaliação. "E não se confirmou a preocupação de alguns usuários de que a Conitec ia retardar a incorporação."
              NA PRÁTICA
              Apesar de especialistas e pacientes comemorarem o ritmo mais intenso de avaliações e as novas regras que instituem um tempo máximo para que um pedido seja julgado, há ressalvas à atuação da nova comissão.
              A principal crítica é que a comissão rejeita a incorporação de drogas usadas com bons resultados sob a alegação de que não há comprovação científica de eficácia.
              Foi o que ocorreu com o trastuzumabe, aceito pela comissão para pacientes com câncer de mama inicial e localmente avançado, mas negado para os casos metastáticos da doença.
              O medicamento começou a ser distribuído nesta semana pelo ministério.
              Já o pedido de inclusão do remédio everolimo, demandado à Conitec para combater um tumor benigno cerebral que se desenvolve em pacientes com esclerose tuberosa, foi negado. A doença pode causar problemas cognitivos e convulsões.
              Sem o everolimo na rede pública, a atriz Bel Kutner brigou por seis meses na Justiça contra o governo até conseguir o medicamento para o filho Davi, de 7 anos.
              Há seis meses tomando o remédio, Davi conseguiu uma redução importante no tamanho do tumor, diz Kutner.
              "As convulsões estão controladas, ele está se expressando, se desenvolvendo", comemora a atriz, de 42 anos.
              O ministro Padilha diz que a comissão se pauta por evidências clínicas e científicas.
              "Temos uma série de tecnologias que não têm evidências consolidadas em trabalhos científicos nem há experiências de países que adotaram para o sistema público. Por isso, a decisão inicial é pela não incorporação."
              O que não impede, continua o ministro, uma reavaliação frente a novos estudos.

                Especialistas cobram mais transparência
                DE BRASÍLIAPara pacientes e médicos, falta transparência às decisões da Conitec, comissão que avalia a incorporação de novas tecnologias à rede pública.
                "Gostaria de uma explicação para o que chamam de 'documentação inadequada'. É dado científico insuficiente, é papel mal preenchido?", questionou Rafael Kaliks, diretor científico do Instituto Oncoguia, entidade que apoia pacientes com câncer.
                Kaliks afirma que não basta avaliar o funcionamento da comissão em termos quantitativos e que é preciso verificar o que aguarda uma posição ou o que foi rejeitado.
                O instituto tem feito críticas à negativa dada ao uso do remédio trastuzumabe para o câncer de mama metastático.
                Cláudia Maia, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que as decisões da comissão deveriam ser mais discutidas com os especialistas -para além das consultas públicas antes das decisões da Conitec.
                Um exemplo são as drogas biológicas pedidas para uso de doentes com psoríase grave -a aprovação foi negada.
                "Eles [a comissão] se reuniram sem representantes das especialidades e não levaram em consideração os argumentos da consulta pública."
                O ministro Alexandre Padilha nega que haja excesso de burocracia. "A maior demonstração disso é termos analisado quatro vezes mais e incorporado duas vezes mais."

                  Vitamina C e pedras nos rins - Julio Abramczyk

                  folha de são paulo

                  PLANTÃO MÉDICO
                  Vitamina C e pedras nos rins
                  O excesso no consumo de vitamina C deve ser abandonado, de acordo com pesquisas recentes.
                  A importância da vitamina C continua, e a recomendação médica é de 90 mg para homens e 75 mg para mulheres, presentes em um copo pequeno de suco de laranja. A falta de vitamina C é responsável pelo escorbuto.
                  O cientista Linus Pauling, Prêmio Nobel duas vezes, sugeria o consumo de 3.000 mg/dia para prevenir câncer, doenças cardíacas e resfriados, o que hoje não é aceito.
                  A dosagem recomendada já é suficiente, pois o excesso é excretado pela urina.
                  No "Jama Internal Medicine" on-line, pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, referem que cerca de 1.000 mg/dia de vitamina C consumidos por homens podem provocar cálculos renais.
                  O estudo de Laura D. K. Thomas e colaboradores da Divisão de Epidemiologia Nutricional do instituto contou com 45.850 homens entre 45 e 79 anos anos. Os primeiros 436 casos de pedras nos rins foram investigados e seguidos por 11 anos. O oxalato urinário foi determinante na formação das pedras de oxalato de cálcio.
                  Robert H. Fletcher, em comentário também na revista, explica que o composto responsável pela atividade da vitamina C é o ácido ascórbico.
                  Ele é parcialmente metabolizado pelo organismo e, transformado em oxalato, é excretado pela urina onde possivelmente contribui para a formação das pedras de oxalato de cálcio nos rins.

                    Marcos Caramuru de Paiva

                    folha de são paulo

                    A serpente e o combate à corrupção
                    O esforço contra a corrupção exigirá mudanças maiores do que exigir declaração de bens de autoridades
                    O Carnaval este ano coincide com a celebração do Ano-Novo chinês.
                    Enquanto, no Brasil, a animação domina as ruas, os chineses reúnem-se em família. Nesses encontros, evitam temas tristes ou pesados, moderam-se na linguagem, pressionam os solteiros ao casamento e queimam bombinhas para espantar os maus espíritos. Celebram, em 2013, o ano da serpente.
                    De uma maneira geral, os chineses não parecem ligados na astrologia. Mas não subestimam seus mistérios.
                    Em Xangai, onde os viadutos se sobrepõem uns aos outros em alturas elevadíssimas, um deles tem uma coluna de sustentação adornada com desenhos em relevo de um dragão.
                    Diz a lenda que a coluna foi erguida diversas vezes, mas não se assentava. Como a engenharia não oferecesse solução, os construtores convidaram um mestre de "feng shui" para avaliar o caso. O mestre olhou atentamente a área e deu o seu veredito: aqui neste ponto do subsolo vive um dragão. Ele se incomoda com a fundação da coluna e não deixa que ela fique de pé.
                    Mas o dragão tem a sua hora de repouso. Se a fundação for plantada no momento certo, ele se deslocará. Assim se fez e, conta-se, tudo se resolveu. Sempre que passo na área acompanhado de um chinês indago se ele duvida da lenda. Nunca encontrei quem duvidasse.
                    Na mitologia oriental, a serpente é elegante como o dragão, o animal mais reverenciado do zodíaco. Mas, ao contrário deste último, procura passar despercebida. Colada ao chão, está sempre antenada. É capaz de antecipar facilmente os tremores de terra.
                    Transplantada a mitologia ao mundo dos homens, a serpente significa a capacidade de expor armações e escândalos.
                    Não acredito que a astrologia tenha a mais mínima influência na política. Mas tudo leva a crer que um dos focos da política chinesa este ano será lidar com novos escândalos de corrupção.
                    Nas últimas semanas, vários episódios de má conduta vieram à tona. Além disso, o combate à corrupção tem sido o tema de maior relevo na transição governamental.
                    É assunto recorrente nos discursos do próximo presidente, Xi Jinping, que chegou a dizer que a corrupção, se deixada solta, pode levar ao fim do Partido Comunista.
                    Xi fala em controles sobre autoridades de todos os níveis, em supervisão mais rigorosa do uso do poder e na definição de um melhor quadro regulatório. A comissão disciplinar do partido, na esteira de suas declarações, anunciou um plano de cinco anos com verificações regulares da renda dos membros.
                    Controlar a corrupção pela via da educação, vigilância e punição é procedimento correto em qualquer realidade. Mas num país onde o setor público tem o grau de influência que se registra na China, o esforço exigirá mudanças maiores do que passar a exigir declaração de bens das autoridades.
                    Será inevitável reduzir o papel do Estado e abraçar uma proposta mais liberal de gestão. Esse é um passo que alguns dos novos chefes partidários parecem dispostos a dar. Mas, a que ponto chegarão, dependerá de difíceis consensos internos.

                      Política agrária federal criou 'favelas rurais', diz ministro

                      folha de são paulo

                      Gilberto Carvalho afirma que Dilma freou processo para repensar o modelo
                      Distribuição ampla de áreas para sem terra foi tônica das gestões FHC e Lula, de quem Carvalho foi chefe de gabinete
                      FERNANDA ODILLADE BRASÍLIAResponsável no governo pelo diálogo com movimentos sociais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) reconheceu ontem falhas na política federal de reforma agrária, dizendo que vários assentamentos se transformaram em "favelas rurais".
                      "É real e, infelizmente, verdadeiro que no Brasil há muitos assentamentos que se transformaram quase que em favelas rurais", disse Carvalho para justificar a política adotada por Dilma Rousseff, a presidente que menos desapropriou áreas para assentamentos nos últimos 20 anos.
                      "A presidente Dilma fez uma espécie de freio do processo para um 'repensamento' dessa questão da reforma agrária e, a partir daí, tomarmos um cuidado muito especial em relação ao tipo de assentamento que a gente promove", disse Carvalho.
                      O ministro foi peça chave nos oito anos de gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), de quem foi chefe de gabinete. Sua fala foi veiculada no programa semanal "Bom Dia, Ministro".
                      Tanto os governos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) quanto os de Lula foram marcados por uma política de intensa distribuição de terras.
                      Nos dois primeiros anos de Dilma, 86 unidades foram destinadas a assentamentos, número que só supera os de Fernando Collor (1990-1992).
                      Na avaliação hoje do governo, antes de dar mais terra, é preciso melhorar a qualidade dos atuais assentamentos, tornando-os mais produtivos.
                      Levantamento do Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária) indicou que faltam, por exemplo, água, energia elétrica e acesso em muitas áreas destinada para a reforma agrária.
                      Por meio da assessoria de imprensa, o Incra disse que desde o ano passado estão em curso mudanças nas ações para os assentamentos, entre elas a integração com programas como o Minha Casa Minha Vida e o Água para Todos.
                      EMBATE
                      A nova política de reforma agrária levou a um acirramento de ânimos do governo com movimentos sociais agrários. No início desta semana, o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) protestou contra Dilma e disse que "muito pouco tem sido feito" para democratizar o acesso à terra no Brasil.
                      Em sua fala no "Bom Dia, Ministro", Carvalho reconheceu os problemas.
                      "Há realmente uma tensão entre os movimentos de trabalhadores rurais e o governo, uma vez que os movimentos nos criticam pelo baixo índice de assentados nos últimos dois, três anos, final do governo Lula, início do governo da presidente Dilma."
                      A queda no número de famílias acampadas (esperando lote de terra) enfraqueceu o poder de mobilização dos movimentos sociais agrários. Se eram quase 60 mil famílias acampadas no início do governo Lula, ao final de 2011 eram 3.210.
                      Para tentar achar uma solução, além de repensar políticas públicas ligadas à reforma agrária, o governo está revendo estruturas administrativas, como as do Incra -que, segundo diz Carvalho, foi depredado em gestões anteriores às do governo do PT.
                      O ministro lembrou que na segunda-feira, a presidente Dilma lançou no Paraná o programa Terra Forte, com recursos de diferentes órgãos federais para assentamentos da reforma agrária.
                      A aposta do governo são financiamentos do BNDES para projetos de agroindústria em assentamentos.

                        Comissão precisa ter 'mais atitude', afirma Marcelo Rubens Paiva

                        folha de são paulo

                        Para filho de desaparecido político, grupo que investiga crimes da ditadura deve 'caçar os verdadeiros gângsteres'
                        Documento que indica morte no Exército não encerra o caso; segundo escritor, falta achar o corpo e ouvir os algozes
                        PATRÍCIA BRITTODE SÃO PAULOPAULO WERNECKEDITOR DA “ILUSTRÍSSIMA”"A Comissão Nacional da Verdade é muito tímida", disse o escritor Marcelo Rubens Paiva, 53, em entrevista à Folha, em seu apartamento em São Paulo. O filho do deputado cassado Rubens Paiva, um dos principais desaparecidos políticos da ditadura militar (1964-1985), afirmou que esperava um "pouco mais de atitude" do grupo que investiga os crimes do Estado.
                        Um exemplo é o recente episódio da morte do coronel Júlio Miguel Molinas, em novembro. A família recebeu a informação de que, tão logo Molinas morreu, o Exército recolheu em sua casa caixas que conteriam documentos sobre crimes da ditadura.
                        A comissão recebeu desse arquivo documentos referentes aos casos Rubens Paiva e Riocentro, mas Marcelo acredita que a maior parte foi escondida pelo Exército.
                        Ora sarcástico, ora angustiado pelos 42 anos de espera pela verdade, o escritor comentou a divulgação pela Folha, na última segunda-feira, de um documento inédito que indica que Rubens Paiva morreu nas dependências do DOI-Codi, em janeiro de 1971.
                        O autor de "Feliz Ano Velho" disse ainda que a grande personagem da família é sua mãe, Eunice, que sofre do mal de Alzheimer. Ela se tornou uma pioneira da luta pelos direitos humanos no país logo após sair da prisão, dias depois da morte do marido.
                        Folha - O caso do desaparecimento do seu pai está solucionado para a família?
                        Marcelo Rubens Paiva - Não. Até agora, o que foi revelado a gente já sabia, só não tinha o documento. A novidade é a prova de que ele foi morto nas dependências do DOI-Codi.
                        Primeiro, falta saber quando ele realmente foi morto. Segundo, o que fizeram com o corpo, onde está, como foi essa operação. São os mesmos torturadores que torturaram todos os caras no DOI-Codi do Rio no mesmo período. Tenho muita curiosidade de ver esses caras prestando depoimento, o que parece que é um próximo passo.
                        A Comissão da Verdade está bem amparada em termos de informação?
                        A comissão é muito tímida. Vou ser bem fantasioso, como escritor eu gosto de fazer comparações absurdas, mas eu esperava um Kevin Costner, do filme "Os Intocáveis", uma forma de caçar os verdadeiros gângsteres com um pouco mais de atitude. A comissão tinha que bater na porta dos caras que ela quer que sejam ouvidos.
                        Quando ela foi tímida?
                        No caso do coronel Júlio Miguel Molinas, ex-chefe do DOI-Codi do Rio, lá no RS. A gente ouviu falar que, um dia depois da morte dele [1º/11], houve uma operação do Exército que cercou a casa e levou caixas e caixas de documentos. A CNV é que deveria ter chutado a porta do cara com um grupo de investigadores de alto nível, porque afinal é uma comissão oficial do governo brasileiro. Devia ter pegado essas caixas. Se por um lado o Exército vai lá e chuta a porta, a comissão pede um ofício. É tudo muito lento.
                        A comissão avisa a família antes de divulgar?
                        Não. Foi uma queixa da família. A gente não quer mais ficar lendo as coisas pela imprensa, é muito chato. A gente prefere ser avisado antes.
                        Qual é a sua lembrança do dia em que seu pai foi preso?
                        Eu tinha 11 anos. A casa toda cheia de militares com metralhadoras. Era patético porque eles achavam que era um "aparelho". E era feriado, Dia de São Sebastião. Deu praia. Em frente à minha casa, tinha uma rede de vôlei famosa, que era a do Chico Buarque e da Marieta [Severo].
                        Ali era um point, as pessoas iam para a praia e deixavam as coisas lá em casa. Então iam chegando. Chegou o namorado da minha irmã, de 16 anos, e prenderam o cara. Chegou o neto do Caio Prado Jr., coincidentemente ideólogo comunista no Brasil, que ia para a praia, e prenderam. Era contrastante com o que aquela casa representava.
                        Você tem intenção de escrever sobre seu pai?
                        Tenho um projeto que é falar da luta da minha mãe. Descobri que a minha mãe foi muito mais importante que meu pai. Meu pai foi uma vítima da ditadura, escondeu pessoas, foi um deputado importante, foi cassado, foi para o exílio, voltou escondido, foi torturado violentamente.
                        Mas a grande personagem da família é minha mãe, fundadora da Comissão Brasileira pela Anistia, organizadora do movimento das Diretas-Já. Foi presa no dia seguinte ao meu pai, no DOI-Codi, saiu três dias depois. Desse dia em diante, o papel que ela teve foi o de uma verdadeira combatente contra a ditadura.

                          FRASE
                          "Gosto de fazer comparações absurdas, mas eu esperava da Comissão da Verdade um Kevin Costner, do filme 'Os Intocáveis'. Caçar os verdadeiros gângsteres com mais atitude"
                          MARCELO RUBENS PAIVA
                          Escritor

                          Painel - Vera Magalhães

                          folha de são paulo

                          Hiperativos
                          Enquanto Lula prepara a retomada de suas caravanas, Fernando Henrique Cardoso será protagonista de seminários tucanos em Minas Gerais e São Paulo. No dia 25, o ex-presidente falará aos mineiros em ato visto como lançamento informal da candidatura de Aécio Neves ao Planalto. Em março, fará exposição aos paulistas durante congresso. O ex-presidente tem dito que sua reinserção na vida partidária tem como objetivo "esquentar a discussão sobre a agenda do PSDB".
                          Pode crer Petistas aumentarão o cerco a Michel Temer após o Carnaval. Querem sinalizar que é para valer a ideia difundida por Lula de ceder a cabeça de chapa na eleição para governador em São Paulo ao PMDB. O vice-presidente tem se mostrado refratário à proposta.
                          Geladeira Tucanos entendem que eventual ingresso de José Serra em secretaria do governo paulista restringiria a atuação do ex-governador ao Estado, afastando-o da cena política nacional para 2014. "É tudo o que Aécio deseja", resume um serrista.
                          Deixa comigo Entusiasmado com a repercussão do novo modelo de abordagens da PM no trânsito, que prevê fiscalização do consumo de álcool e drogas ao volante, Geraldo Alckmin discutia ontem com sua equipe uma inspeção "in loco" nas primeiras blitze em São Paulo.
                          Na passarela 1 A Secretaria Nacional dos Direitos Humanos instalou balcão de sua ouvidoria no sambódromo do Anhembi. A ideia da ministra Maria do Rosário é captar denúncias durante o Carnaval. O posto funciona até a madrugada de amanhã.
                          Na passarela 2 Estatísticas à disposição do governo federal mostram que os relatos de violação aos direitos humanos feitos ao "disque 100" crescem 77,6% no Estado durante os quatro dias de folia. No país, as queixas sobem 68,5% no período.
                          Oremos A CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) aderiu ao lobby de prefeitos em favor da regulamentação do trabalho de profissionais de medicina formados em outros países. Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da entidade, vestiu a camiseta da campanha intitulada "Cadê o médico?".
                          Redução... O Planalto prepara ofensiva após o Carnaval para neutralizar os ataques das centrais sindicais à medida provisória que trata da concessão dos portos para a iniciativa privada.
                          ... de danos A ideia é que a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) convoque empresários, com auxílio de Jorge Gerdau, para encampar movimento em defesa do plano.
                          É assim? Dirigentes da Força Sindical afirmam que, se não forem contemplados na agenda, pretendem paralisar os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) em março.
                          Sem mágoas Após abraçar a candidatura de Gustavo Fruet (PDT), ex-algoz dos condenados no mensalão, petistas cogitam lançar Osmar Serraglio (PMDB-PR) para vice de Gleisi ao governo do Paraná em 2014. Serraglio foi relator da CPI que investigou o esquema de corrupção.
                          Prospecção Peemedebistas sondaram o empresário José Batista Júnior, filiado em 2011 ao PSB de Goiás.
                          Abatedouro Irmão de Joesley Batista, do frigorífico JBS-Friboi, o político goiano é uma das apostas de Eduardo Campos (PE) para ampliar seu palanque regional.
                          X-Tudo O governo de Tião Viana (PT) publicou aditivo no contrato para o fornecimento de 10 mil sanduíches a policiais militares que fazem patrulha ostensiva no Acre. Cada lanche sairá, segundo o edital, por R$ 9.
                          TIROTEIO
                          Não acredito que críticas a Chalita partam de Mercadante. Ele, embora tenha sido ministro da Ciência e Tecnologia, não era um cientista.
                          DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre o alegado movimento do ministro petista na comunidade científica para vetar o deputado na pasta.
                          CONTRAPONTO
                          Imperador Maia
                          Fernando Gabeira (PV-RJ) foi entrevistado no "Roda Viva", da TV Cultura, em 20 de dezembro, véspera do "fim do mundo" no calendário maia. Questionado nos bastidores sobre o que pretendia fazer, respondeu:
                          -Acho que vou acabar pedindo asilo político ao Marco Maia na Câmara...
                          Diante da surpresa dos jornalistas, Gabeira explicou sua tese a respeito do ex-presidente da Casa:
                          -A Câmara é poder autônomo, abriga até mensaleiros. Não aceita ordens do Executivo, do STF e de qualquer outro maia que não seja o Marco.

                            O patrocínio ameaça o Carnaval? [Tendências/debates]

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                            MARTINHO DA VILA
                            O patrocínio ameaça o Carnaval?
                            NÃO
                            Uma ajuda às escolas de samba
                            Diz um samba-enredo:
                            "A grande paixão que foi inspiração de um poeta é o enredo que emociona a velha guarda lá na comissão de frente como a diretoria. Glória a quem trabalha o ano inteiro em mutirão! São escultores, são pintores, bordadeiras... São carpinteiros, vidraceiros, costureiras, figurinista, desenhista e artesão, gente empenhada em construir a ilusão. E que tem sonhos como a velha baiana que foi passista e brincou em ala. Dizem que foi o grande amor de um mestre-sala. O sambista é um artista e o nosso 'Tom' é o diretor de harmonia. Os foliões são embalados pelo pessoal da bateria. Sonho de rei, de pirata e jardineira, pra tudo se acabar na quarta-feira. Mas a quaresma lá no morro é colorida com fantasias já usadas na avenida, que são cortinas, que são bandeiras... Razão pra vida tão real da quarta-feira".
                            Um desfile de escola de samba é emocionante, mas dá muito trabalho e é demasiadamente dispendioso. Mesmo nos tempos remotos, os sambistas não podiam fazer uma boa apresentação sem dinheiro. Hoje em dia, é preciso um dinheirão.
                            Antigamente, as escolas do Rio eram financiadas por comerciantes dos bairros onde eram sediadas, por meio de doações, registradas em um caderno chamado "livro de ouro".
                            Quando as prefeituras resolveram organizar e subvencionar os desfiles, os comerciantes se sentiram desobrigados de colaborar e as escolas passaram por grandes dificuldades. As subvenções, além de insuficientes, só eram concedidas bem perto dos Carnavais e, muitas vezes, depois deles.
                            Então, os dirigentes passaram a recorrer aos banqueiros de jogo de bicho. Os bicheiros socorriam as escolas e, por isso, tinham a imagem de benfeitores, como os mecenas patrocinadores da cultura. Muitos deles, direta ou indiretamente, assumiram a administração das escolas e criaram a Liga Independente das Escolas de Samba.
                            Hoje, com o dinheiro arrecadado e distribuído pela Liesa, uma escola bem administrada, que apresenta um enredo envolvente, que não necessita de tecnologia de ponta, se tiver um carnavalesco criativo, um contingente unido, uma boa equipe de harmonia, um excelente mestre-sala e uma brilhante porta-bandeira, não precisa de patrocínio para fazer um belo Carnaval.
                            Principalmente se tiver uma competente bateria e um contagiante samba-enredo.
                            Acontece que o desfile virou "o maior espetáculo da Terra" e as diretorias não podem abrir mão de patrocínios. O rateio proporcional distribuído pela liga mal dá para a construção do carro abre-alas, para a confecção das fantasias essências nem para a preparação da comissão de frente, de onde se espera, sempre, um show à parte.
                            Mantendo determinados cuidados, o patrocínio não prejudica -desde que a escola não se apresente como um veículo de propaganda.
                            Um bom exemplo, modéstia à parte, é o caso da minha Unidos de Vila Isabel, que conta com ajuda financeira da Basf para desenvolver um enredo sobre agricultura. Como pode ser constatado no nosso samba, não citamos o nome da patrocinadora nem nos referimos a produtos químicos. Tampouco fazemos apologia de transgênicos, área de atuação da empresa, que está legalmente no Brasil e à qual somos muito gratos.
                            Fizemos a parceria porque, nos tempos atuais, uma escola, para sonhar com o título de campeã, deve fazer se adaptar aos novos padrões, em que os efeitos visuais têm grande importância.
                            Para uma escola ser realmente competitiva, o patrocínio é imprescindível, assim como o é para a montagem de uma ópera, um grande concerto ou uma peça de teatro.


                            LECI BRANDÃO
                            O patrocínio ameaça o Carnaval?
                            SIM
                            Há vida fora do sambódromo
                            Quando patrocinadores definem o enredo e a dinâmica das escolas de samba na avenida, sim, o patrocínio ameaça o Carnaval em sua legitimidade. Felizmente, esse tipo de situação ainda não é a regra, mas é de conhecimento público que algumas escolas já mudaram seus enredos em função do patrocinador.
                            Um exemplo disso é a Estação Primeira de Mangueira, que recebeu muitas críticas por não levar para o sambódromo, neste ano, o enredo em homenagem a Jamelão. Por razão de patrocínio, preferiu falar sobre o Estado de Mato Grosso.
                            No entanto, em 2012, quando fez um desfile memorável, com um enredo legítimo, que celebrava o bloco Cacique de Ramos, nossa escola sequer participou do desfile das campeãs.
                            Uma análise superficial sobre essas duas situações poderia nos levar a crer que, atualmente, apenas sobrevive no time das campeãs as escolas cujos enredos são patrocinados. Acredito que ainda não vivemos essa realidade, mas, certamente, a legitimidade dos enredos não tem sido suficiente para atender às expectativas dos jurados.
                            Sim, o patrocínio, aliado aos recursos públicos, tem se tornado cada vez mais essencial para a realização do espetáculo grandioso que estamos acostumados a assistir.
                            Entretanto, não devemos esquecer que há vida nas escolas fora das arquibancadas dos sambódromos. A maioria dessas agremiações se mantém graças a uma comunidade que as legitima e o desfile é o resultado do trabalho que essas pessoas fizeram ao longo do ano.
                            Sempre vale a pena lembrar que as escolas de samba foram criadas por comunidades negras e pobres. Eram espaços de ressignificação do mundo, diante da realidade de preconceito, racismo e exclusão vivida no cotidiano.
                            Durante muito tempo, o Carnaval feito por essas pessoas permaneceu à margem dos espaços de poder. Mas, como tudo que é legítimo, ganhou força e só aí passou a ser pauta da mídia, se tornando interessante para o mercado e para os patrocinadores.
                            Por fazerem um espetáculo criativo, grandioso e autêntico, as escolas de samba são excelentes vitrines por meio das quais as empresas podem "vender" suas marcas. E isso as escolas não podem perder de vista, para que a relação de troca entre elas e os patrocinadores seja negociada em pé de igualdade, onde todos saiam ganhando.
                            O patrocínio é sempre um bom negócio para as empresas, mas só é uma boa solução para as escolas quando ele soma. E, para que isso aconteça, as comunidades devem ser empoderadas e se apropriar do resultado de seu trabalho. Aí se faz necessária a adoção de políticas voltadas para essas comunidades.
                            Afinal, o Carnaval é a festa mais popular e simbólica do nosso país e patrimônio imaterial da cultura brasileira. Além disso, movimenta a economia, gera emprego, trabalho e renda.
                            Portanto, nada mais justo que o poder público tenha um olhar especial voltado para as pessoas que dedicam suas vidas à realização desse espetáculo.
                            Sim, o patrocínio ameaça o Carnaval, mas só se o Estado não cumprir o seu papel e se os empresários não tiverem visão suficiente para perceber que o que faz dos desfiles de escola de samba um grande espetáculo é justamente o fato de essas agremiações e seus artistas se sentirem livres para criar e fazer sua arte da forma que sempre fizeram.

                            André Singer

                            folha de são paulo

                            Passado ou futuro?
                            O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu inquérito para investigar quatro clubes da cidade que teriam proibido o ingresso de babás que não estivessem devidamente uniformizadas de branco. A ação partiu do frei David dos Santos, da ONG Educafro, para quem, segundo "O Globo" (17/1), a medida reproduziria "o cenário das célebres gravuras de Debret, com a representação de 'sinhôs', 'sinhás', 'sinhozinhos' e suas 'mucamas', em pleno século 21".
                            A persistência do passado, projetando sombras sobre o futuro, inquieta, com razão, brasileiros do presente.
                            De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o Brasil é o país com o maior número de empregados domésticos do mundo. Seriam 7,2 milhões em 2010. Aqui, a instituição da trabalhadora que dorme na casa do patrão, abolida há décadas do cotidiano da vasta classe média em países mais igualitários, ainda responde pela maioria dos serviços do tipo. Segundo o Ipea, só 30% seriam diaristas. Os dados constam de reportagem da "Carta Capital" (23/1).
                            É verdade que, aos poucos, ocorrem transformações. Com a crescente passagem para o regime de diarista, aumenta o registro em carteira das que exercem funções domésticas. O problema está no vagar das mudanças. O economista Marcio Pochmann chega a dizer que, nesse ritmo histórico, vai demorar 120 anos para incluir todos os trabalhadores domésticos "na proteção social e trabalhista".
                            O caso das domésticas é ilustrativo de fenômeno mais geral. O lulismo impulsionou significativa redução da pobreza extrema. Na última segunda, no Paraná, a presidente Dilma afirmou ter tirado quase 20 milhões de pessoas de tal condição e anunciou que, em março, nenhum dos cadastrados pelo governo estará em situação de miséria. Isto é, todos contarão com, pelo menos, R$ 70 ao mês.
                            Boa notícia, sem dúvida, e o Executivo deve ser aplaudido por ela, uma vez que estende a mão a quem precisa de ajuda urgente. Ocorre que um indivíduo que dispõe de R$ 2,30 por dia consegue comprar pouco mais que um coco no interior do Piauí (Folha, 3/2). Saiu da emergência de não ter o que comer, mas está muito distante dos confortos que o século 21 pode proporcionar.
                            Em 1952, em plena época das melhores esperanças getulistas, a poeta Elizabeth Bishop afirmava simplesmente não haver classe média no Brasil. Transcorridos 60 anos, ainda estamos às voltas com o sonho de constituir uma sociedade em que a classe média seja abrangente, como pode constatar quem ler a íntegra do discurso paranaense de Dilma.
                            Conclusão: o Brasil caminha para a frente, mas a passo tão lento que fica difícil distinguir se, nele, constrói o futuro ou eterniza o passado.

                              Inhotim aproveita o carnaval para lembrar Hélio Oiticica-‏

                              Escultura ganha vida 

                              Instituto Inhotim http://www.inhotim.org.br/  aproveita o carnaval para lembrar Hélio Oiticica, o artista plástico da Mangueira que conquistou o mundo. Público será convidado a recriar os parangolés
                               

                              Estado de Minas: 09/02/2013 

                              Mangueirense da gema, Hélio Oiticica (1937-1980) ganha homenagem especial no Inhotim neste carnaval. O público está convidado a participar da intervenção Arte e educação em bloco, produzindo estandartes, capas e parangolés que relacionam ações ambientais às ideias e à experiência do artista plástico carioca nas favelas do Rio de Janeiro.

                              Pintor, escultor e artista performático, Oiticica é nome emblemático da arte contemporânea. Sua obra Tropicália batizou o movimento com que Gilberto Gil, Caetano Veloso, Mutantes e Tom Zé, entre outros, revolucionaram a MPB nos anos 1960.

                              Os parangolés de Hélio – hoje peças cultuadas em museus e galerias de todo o mundo – serviram de “armadura lúdica” durante protesto do artista plástico, nos anos 1960, pelo fato de sambistas da Mangueira terem sido impedidos de entrar na exposição Opinião 65, em cartaz no Museu de Arte Moderna (MAM) carioca. 

                              Em manifestação em frente ao MAM, Oiticica, escorraçado depois de reclamar do tratamento conferido aos mangueirenses, e seus amigos usaram capas coloridas. Em plena ditadura militar, eles se vestiram de arte para questionar o preconceito e as regras impostas pelo sistema. Dessa maneira, Hélio fez do corpo uma escultura móvel – e militante. 

                              Em Inhotim, há vários trabalhos de Hélio Oiticica, alguns em parceria com o mineiro Neville de Almeida, conhecido cineasta. Eles podem ser conferidos no pavilhão especialmente projetado para receber a série Cosmococas, que reúne Trashiscapes, Onobject, Maileryn, Nocagions e Hendrix-War. O penetrável Magic square # 5 De luxe interage com os jardins.

                              Máscaras
                               As crianças ganharam programação especial de carnaval: no Espaço Tamboril, oficina vai ensiná-las a criar máscaras inspiradas na fauna local.

                              Melhor de tudo: o Instituto Inhotim vai funcionar durante todo o feriado. Hoje, amanhã e terça-feira, o espaço estará aberto das 9h30 às 17h30. Na segunda e na quarta-feira, o horário muda para 9h30 às 16h30. A inteira custa R$ 28 (hoje e amanhã) e R$ 20 (segunda-feira). Na terça-feira a entrada é franca. Menores de 6 anos não pagam. Informações: www.inhotim.org.br e (31) 3571-9700. Inhotim fica na Rua B, 20, em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

                              SAIBA MAIS

                              Ele era o samba

                              De acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural/Artes visuais, a colaboração de Hélio Oiticica com a famosa escola de samba verde-e-rosa se deve a dois escultores: o mineiro Amilcar de Castro e o paraibano Jackson Ribeiro. Foi essa dupla quem levou o colega carioca ao Morro da Mangueira no fim da década de 1960. Hélio se tornou amigo de sambistas, passistas e moradores da comunidade. Dessa experiência surgiram os parangolés – tendas, estandartes, bandeiras e capas de vestir que fundem cor, dança, poesia e música, convidando à manifestação cultural coletiva. “Parangolé é a antiarte por excelência. Pretendo estender o sentido de ‘apropriação’ às coisas do mundo com que deparo nas ruas, terrenos baldios e campos – o mundo ambiente, enfim”, resumiu Hélio Oiticica.

                              Ruy Castro

                              folha de são paulo

                              Duas coleções
                              RIO DE JANEIRO - Em 1991, conheci em São Paulo o acervo de um colecionador de discos, recém-falecido, posto à venda pela viúva. A casa ficava no Jardim Europa, e parecia que os 100 mil LPs e 78s, comprados entre 1928 e 1980, a tomavam inteira. Victor Simonsen, o colecionador, tinha tudo de quase tudo: clássicos, ópera, jazz, big bands, Broadway, Hollywood, cantores americanos, franceses e brasileiros, valsas, tangos, boleros, mambos, bossa nova.
                              Simonsen era rico e, só com os lucros da sua Cerâmica São Caetano, poderia comprar um apartamento por semana onde quisesse. Em vez disso, comprava discos. Trazia-os às centenas de suas viagens e, como não podia se lembrar de tudo, vinham duplicatas. Em São Paulo, as lojas Brenno Rossi e Bruno Blois eram instruídas a levar-lhe, em consignação, tudo que saísse na praça. Sem tempo para examiná-los um a um, acabava ficando com o lote.
                              A coleção de Simonsen não tinha quem a comprasse fechada. Com isso, levou anos de mão em mão, dissipou-se no varejo e alimentou sebos e discotecas particulares, inclusive a minha.
                              Outro colecionador pôs a sua à venda em 2005. Era menor, mas magnífica: 8.000 LPs importados; a maioria, de jazz. Ele também dedicara décadas a construí-la, só que com enormes sacrifícios -quantas vezes deixou de comprar sapatos e até remédios para adquirir um disco. No fim, estava morando numa humilde casinha na rua do Oratório, na Mooca, onde os LPs tomavam chuva.
                              A coleção foi arrematada por um lojista da avenida São João, que lhe pagou um preço justo. Muitos discos tiveram de ser postos para escorrer. O colecionador era um compositor, pianista e cantor que todos amavam e admiravam, mas nunca teve uma carreira à altura. Duro, doente e deprimido, Johnny Alf não queria mais ouvir os discos que o tinham acompanhado pela vida.

                                Mapa das letras-Carlos Herculano Lopes‏

                                Minas Gerais tem extensa programação de festas literárias. Entre as cidades que investem no setor estão Poços de Caldas, Ipatinga, Ouro Preto, Araxá, Sete Lagoas e São João del-Rei 

                                Carlos Herculano Lopes
                                Estado de Minas: 09/02/2013 
                                De uns tempos para cá, as jornadas e feiras literárias se espalharam pelo Brasil: das grandes bienais como as do Rio, São Paulo e Belo Horizonte, passando pela Jornada Literária de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul; pela Festa Literária Internacional de Paraty (Flip); pela Fliporto, em Pernambuco; pela Feira de Livros de Ribeirão Preto e tantas outras. Tem muita gente envolvida com o universo dos livros pelos quatro cantos do país e Minas não fica para trás.

                                Gisele Corrêa Ferreira, da GSC Eventos Especiais, idealizadora e curadora da Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas, na sua oitava edição, e do Festival Literário de Poços de Caldas (Flipoços), na sétima, confirma que os dois eventos serão realizadas simultaneamente naquela cidade, de 27 de abril a 5 de maio, no Espaço Cultural da Urca. Com o tema “A imortalidade da literatura”, entre as novidades programadas para este ano estão a Primeira Mostra de Cinema, curso sobre a geração beat, que será ministrado por Cláudio Willer, e ainda shows musicais e eventos ligados à gastronomia.

                                Já estão confirmadas as presenças dos escritores Nélida Piñon, Ariano Suassuna, Antonio Torres, João Ubaldo Ribeiro, Sérgio Paulo Rouanet, Eric Nepomuceno, além dos estrangeiros Pedro Granados, do Peru, Miguel Rocha, de Portugal, Manuel Angel Cerda, da Argentina, e Juan Pablo Villalobos, do México.

                                “Talvez pelo fato de serem os únicos eventos literários realizados no Sul de Minas, tenho percebido que a Flipoços e a Feira do Livro de Poços de Caldas vêm crescendo ano a ano e já conseguimos atingir um raio de 150 quilômetros dentro do estado, com a participação de várias escolas e centenas de alunos das cidades vizinhas, o que nos deixa muito felizes”, diz Gisele. 

                                Estão também programadas mesas sobre crítica literária e literatura e futebol, com presença já confirmada de Marcos Eduardo Neves, autor da biografia Nunca houve um homem como Heleno, obra que foi levada ao cinema pelo diretor José Henrique Fonseca, com Rodrigo Santoro no papel do jogador Heleno de Freitas. 

                                Nova data A escritora Guiomar de Grammont, professora da Universidade Federal de Ouro Preto e editora executiva da Record, também já começa a organizar a nona versão do Fórum das Letras, que vai se realizar de 30 de maio a 2 de junho, em Ouro Preto. Com o tema e convidados ainda sendo definidos, Guiomar conta que a decisão de antecipar para maio a realização do fórum, que tradicionalmente vinha ocorrendo em novembro, foi principalmente por causa das chuvas, constantes em Minas naquela época do ano. “Como vem ocorrendo desde as edições anteriores, vamos valorizar as literaturas de língua portuguesa, com ênfase para a brasileira”, diz Guiomar. Confirmados até agora, estão nomes como Adélia Prado, Evando Nascimento e Adilson Xavier.

                                Também em maio, com programação ainda sendo organizada, vai se realizar a sétima edição do Salão do Livro Vale do Aço, em Ipatinga, como informa Cibele Teixeira, curadora do evento. A maioria das atividades ocorrerão no Centro Cultural Usiminas. “O nosso Salão do Livro surgiu da necessidade de criar na região do Vale do Aço um evento que sanasse as demandas dos educadores no que diz respeito ao hábito da leitura e ao incentivo da literatura em escolas do ensino fundamental e médio”, diz Cibele. Em parceria com a Câmara Mineira do Livro, ela lembra que a primeira edição do salão ocorreu em 2006, e hoje faz parte do calendário cultural do estado.

                                Criador do Sempre um Papo, que há 26 anos tem trazido a Minas e levado a vários estados grandes nomes da literatura brasileira e de outros países, Afonso Borges foi idealizador do Festival Literário de Araxá, no Triângulo Mineiro, que chega à segunda versão de 18 a 22 de setembro, na Fundação João Calmon. De acordo com Afonso, o tema escolhido da Fliaraxá foi Internet e interatividade na cultura e educação. “A ideia será tentar entender quais são as causas e os efeitos desse tempo de velocidade em que vivemos e o que podemos esperar para o futuro”, diz o curador. 

                                Livros e receitas Realizados em parceria pela Via Comunicação e pela Quarteto Filmes acontecerão ainda em Minas o Festival de Literatura de São João del-Rei (Felit), no Campo das Vertentes, previsto para ocorrer de 18 a 21 de setembro, com curadoria de José Eduardo Gonçalves, no teatro municipal daquela cidade. E também a Festa Literária de Sete Lagoas (Literata), que será realizada em novembro, já na sua quarta versão, no Centro de Cultura Nhô-Quim Drummond, um belo casarão colonial que fica no Centro da cidade. Como na última edição, o curador será Humberto Werneck. 

                                Quem dá essas notícias é Lúcio Teixeira, um dos organizadores dos eventos. No caso de São João del-Rei, além da literatura, a Felit se desdobra em um circuito gastronômico, com pratos especiais inspirados na obra dos autores homenageados a cada ano, e que podem ser apreciados nos restaurantes da cidade. “São atrativos que criamos casando literatura com gastronomia, como forma de divulgar o evento e atrair mais turistas”, diz Lúcio. Ziraldo e Adélia Prado foram os últimos contemplados. 

                                Tanto os temas, como convidados da Felit e da Literata ainda estão sendo definidos, o mesmo ocorrendo com a Festa Literária de Betim, prevista para ser realizada de 19 a 22 de junho, também com curadoria de José Eduardo Gonçalves. O escritor homenageado será Vinicius de Moraes.

                                Na capital Além do Sempre um Papo, outros projetos literários são desenvolvidos em Belo Horizonte, como o Ofício da Palavra, que retoma suas atividades em março, no Museu de Artes e Ofícios, tendo Nélida Piñon como convidada para abrir a temporada 2013. Outro projeto é o Coletivo 21, criado com o objetivo de divulgar a literatura mineira dentro e fora do estado e que, segundo seu idealizador, o escritor e jornalista Adriano Macedo, está com vários eventos programados para este ano.

                                Também será realizada na cidade, na última semana de julho, de quinta a domingo, no Teatro da Assembleia Legislativa, a nona edição do Belô Poético, que tem a curadoria dos escritores Rogério Salgado e Virgilene Araújo. Já o Terças Poéticas, que vem acontecendo nos Jardins Internos do Palácio das Artes, com curadoria do escritor Wilmar Silva, retoma suas atividades na primeira terça-feira de março, trazendo a Belo Horizonte o escritor Cláudio Willer.