sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Entidades criticam decisões da CDHM, presidida Feliciano

Colegiado presidido por deputado do PSC aprovou projetos que prejudicam gays

RIO — Após a aprovação de dois projetos que contrariam os interesses dos homossexuais pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), grupos e entidades gays do país criticaram as decisões tomadas pelo colegiado presidido pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP).

Um dos projetos estabelece a convocação de um plebiscito sobre a união civil de pessoas do mesmo sexo, direito adquirido pelos homossexuais em maio deste ano, após aprovação de resolução assinada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Comissão Nacional de Justiça (CNJ) Joaquim Barbosa. De acordo com o texto, as uniões estáveis homoafetivas registradas previamente deveriam ser convertidas em casamento.


Para o secretário de educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, essa conquista de direitos não deve ser tema de uma consulta pública:


— O casamento civil homoafetivo já é um direito conquistado e, ainda assim, não é uma questão a ser levada a plebiscito. A decisão já aprovada pelo presidente da CNJ tem de ser respeitada.


A consulta seria realizada no primeiro turno das eleições de 2014, mas, antes precisaria ser aprovada por outras duas comissões da Câmara, além do plenário da Casa, para então seguir para o Senado.


— Essa proposta não deve ser aceita em todas as comissões. Mas, se for, teremos o veto da presidente Dilma Rousseff, que garantiu que, em seu governo, não haverá retrocesso — disse o secretário.


Projetos devem ser barrados


Nas redes sociais, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) também criticou as decisões da comissão presidida por Feliciano e reiterou que todos os projetos deverão ser barrados nas comissões onde deverá ser analisada. “A aprovação de projetos na CDHM não significa que eles já entrarão em vigor. Os tais projetos irão para outras duas comissões antes de ir a plenário. Jamais serão aprovados nessas outras duas comissões”, comentou o deputado em sua conta no Twitter.


Já a proposta que daria a companheiros gays o direito a receber pensão pelo INSS foi rejeitada pela comissão. Caso fosse aprovada, companheiros de funcionários públicos da União ou de segurados do INSS poderiam receber pensão.


— Torço para que essa proposta seja aceita. Ela é uma garantia para casais gays que, muitas vezes, não têm o apoio de suas famílias. O que acontece é que, depois de terem construído uma vida juntos e perderem o ente, as pessoas se veem sem o direito de recorrer a bens financeiros porque estes são reclamados pelos parentes que não reconheciam a união — afirmou o presidente do Grupo Gay da Bahia, Luís Mott.

"Klaxon" ou uma volta ao arrojo da Semana de 22 - Gabriela Longman

Valor Econômico - 22/11/2013


"Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer representar a época de 1920 em diante. Por isso é polymorpho, omnipresente, inquieto, cômico, irritante, contraditório, invejado, insultado feliz." Com essas palavras e algumas outras, uma carta assinada pela redação apresentava o periódico que viria movimentar a cena paulistana do modernismo entre 1922 e 1923.

Lançada três meses depois da Semana de Arte Moderna, a publicação mensal durou só nove números, mas foi suficiente para abrigar poemas, manifestos, polêmicas e ilustrações do grupo mais célebre de intelectuais do período: Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Graça Aranha, Oswald e Mário de Andrade, Sérgio Milliet, entre outros.

Passados 90 anos, um projeto do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) com a Cosac Naify vai reeditar as revistas. Uma caixa com fac-símiles das nove edições chega às livrarias na quarta-feira (R$ 90), tornando acessível sua experimentação linguística e gráfica, o conteúdo vanguardista e seus princípios combativos. Entre suas pérolas figuram críticas de cinema de Mário de Andrade, ilustrações de Tarsila do Amaral, partituras de Heitor Villa-Lobos e publicidade com estética futurista.

"A Semana foi um evento espontâneo e imprevisto. Não tinham uma proposta clara para levar, só sabiam bem o que não queriam", lembra a pesquisadora Marcia Camargos, autora de "Semana de 22". "Passada a Semana, precisavam sedimentar aquelas ideias e a revista surge muito nesse sentido."

Até agora, o periódico existia apenas no acervo de pouquíssimas bibliotecas e numa reedição dos anos 70 esgotada. Criada a partir dos originais mantidos na Biblioteca Brasiliana José e Guita Mindlin, da USP, a nova edição levou quase um ano para sair do forno. "A comemoração dos 90 anos da Semana funcionou como ponto de partida", diz Daniel Rangel, diretor-artístico do ICCo e mentor do projeto. "Existe uma dificuldade de encontrar a 'Klaxon'. Para vê-la na Brasiliana é preciso agendar, estar acompanhado pela bibliotecária. É um material que está protegido, mas era praticamente inacessível ao público."
O processo envolveu escolhas editoriais. A principal foi a de manter as manchas e marcas que o tempo imprimiu nos originais. Outra foi a de grampear à mão cada exemplar, como se fazia na época. Além dos nove números, a caixa contém encarte de textos e um número extra - edição fictícia concebida pelos artistas Marilá Dardot e Fabio Morais a partir da fusão e sobreposição dos volumes da "Klaxon" original produzindo emaranhado gráfico e síntese visual.

Instituto privado, o ICCo é presidido por Regina Pinho de Almeida, descendente distante dos modernistas Guilherme e Tácito de Almeida. A relação familiar foi outro elemento que motivou a reedição, que tem patrocínio do banco suíço UBS. "Nem a Casa Guilherme de Almeida tinha os originais", conta Rangel. Das 2 mil caixas, mil serão vendidas e mil distribuídas pelo UBS.

É a Casa Guilherme de Almeida, em Perdizes, que sediará o evento de lançamento na quarta. Aberto ao público, um sarau ao estilo modernista mistura leitura de poemas e canções, com participação de convidados ilustres como Augusto de Campos. Entre as canções previstas, está o "Hino dos Grupo do Gambá", entoado nos festivos encontros dos modernistas na casa de Olívia Penteado.

"Klaxon" era feita com as despesas divididas entre os colaboradores, precária venda avulsa - Sérgio Buarque de Holanda era o representante de vendas no Rio - e praticamente nenhuma assinatura. Sem um corpo de redação fixo, pretendia-se um coletivo, embora coubesse a Rubens Borba de Moraes o posto de homem-chave, cuidando desde a parte burocrática até a articulação, e a Mário de Andrade a direção da turma que se reunia no escritório de Tácito de Almeida e Antônio de Carlos Couto de Barros.

"Entre os periódicos modernistas, 'Klaxon' foi a primeira e uma das mais importantes. Surge num momento mais agressivo da vanguarda, numa espécie de continuidade dos combates da Semana", diz Ivan Marques, autor de "Modernismo em Revista", lançado neste ano. "Com exceção da 'Revista de Antropofagia', de 1928, os periódicos que vieram depois se concentram mais no debate do que no combate."
Sobre o fim da revista, Marcia lembra das dificuldades financeiras somadas a desentendimentos no grupo: "As discordâncias foram aparecendo, com alguns dos integrantes do grupo caindo à direita, outros à esquerda, já anunciando o rompimento que se daria mais adiante. A revista era difícil economicamente. Seria preciso um grupo muito coeso para que tivesse se mantido".

"A imaginação publicitária da revista, que fez história por seu arrojo, fracassou em seu intuito primordial: os anunciantes não gostaram das novidades e deixaram de contribuir", escreve Marcos Augusto Gonçalves, autor de "1922: A Semana Que Não Terminou", no encarte de textos críticos da caixa.
O ICCo deve manter a parceria com a Brasiliana e reeditar um novo título, a ser definido. "O plano é reintroduzir à circulação documentos importantes da arte moderna e contemporânea brasileiras", afirma Márion Strecker, diretora de comunicação do instituto, lembrando que a existência curta é uma espécie de sina das revistas de arte no Brasil. "Até hoje, foram pouquíssimas as que conseguiram passar do primeiro ano", comenta Márion, que nos anos 80 coeditou a revista "Arte em São Paulo", com Lisette Lagnado e Luiz Paulo Baravelli.



O mineiro genial - Walter Sebastião


Estado de Minas: 22/11/2013 

Obra de Lorenzato ganha destaque em projeto do especialista Laymert Garcia dos Santos, que organiza individual do artista em São Paulo. Pintor belo-horizontino é comparado a Guignard


Walter Sebastião



O Brasil não pode se dar ao luxo de ignorar um pintor desse porte - Laymert Garcia dos Santos, curador (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
O Brasil não pode se dar ao luxo de ignorar um pintor desse porte - Laymert Garcia dos Santos, curador


 “Lorenzato é um pintor da estatura de Guignard e Volpi. Não é artista regional e não pode ficar restrito a nome conhecido em Minas Gerais. Ele tem categoria internacional. O Brasil não pode se dar ao luxo de ignorar um pintor desse porte”, defende Laymert Garcia dos Santos, sociólogo com vários livros publicados. Ele tem escrito sobre artistas brasileiros e de outros países para instituições importantes ligadas às artes visuais, como a Fundação Cartier e a Tate Modern.

Curador da segunda mostra individual de Lorenzato em São Paulo, que ficará em cartaz em março na Galeria Estação, Laymert esteve em Belo Horizonte para conferir obras do pintor mineiro. “Precisava de uma visão ampla da produção, pois ele trabalhou durante meio século”, explica. Até então, Laymert conhecia três dezenas de trabalhos, alguns desenhos e aquarelas, além de livros sobre Lorenzato e a entrevista inédita concedida por ele às artistas Germana Monte Mor e Solange Pessoa.

Laymert voltou para São Paulo satisfeito, depois de conferir cerca de 200 trabalhos. “Foi o início de uma paixão. A grandeza de Lorenzato aparece no que é um paradoxo: a simplicidade complexa da composição. Aparentemente, é pintura proveniente de olhar modesto e despretensioso, mas se trata de uma visão direta do mundo. Ele pinta o que vê, não o que imagina, transformando esse encontro em acontecimento pictórico”, elogia. “É um artista inimitável”, resume.

O pesquisador compara Lorenzato a Paul Cezanne, pois ele também estuda os motivos que pinta por meio de desenhos e aquarelas, buscando captar atmosferas com estruturação e presença concreta. Para Laymert, o mineiro, com fartura pictórica e cor, “traduz para o espectador, com precisão de percepção, o encantamento com o mundo que é dele”.

A peculiaridade dessa visualidade remete à lida de Lorenzato com materiais da pintura enquanto trabalhava na construção civil. Uma viagem à Itália, porém, permitiu-lhe conviver com obras de Michelangelo, Masaccio, Leonardo da Vinci e Cimabue, especialmente. Dessa experiência veio o contato com os princípios do afresco – técnica retrabalhada de modo pessoal pelo mineiro.

CONTEMPORÂNEO “Lorenzato é arte contemporânea que escapa a rótulos”, garante Laymert. A expressão sinaliza o cuidado em não aprisionar o pintor em categorias. Ele chama a atenção tanto para a singularidade do mineiro quanto para preconceitos e equívocos inerentes a rótulos. Atualmente, reforça o curador, busca-se outra caracterização para a arte contemporânea. “Vêm sendo revistas as fronteiras entre o erudito e o popular, entre o periférico e o mainstream, entre o que é ou não étnico. Acabou a hegemonia das definições de arte a partir de critérios ocidentais”, avisa.

De acordo com ele, são consideradas arte contemporânea tanto obras vindas da tradição ocidental quanto aquelas ligadas ao universo da etnologia e de instituições etnográficas. “A contemporaneidade é composta de várias temporalidades distintas, vindas de lugares e culturas diferentes”, enfatiza. Para o sociólogo, reações como incompreensão, preconceito, desconhecimento e a falta de estudos sobre várias manifestações artísticas se devem ao fato de essa produção não caber no sistema da arte com referências tradicionais. “Para mudar essa mentalidade é preciso levar criações a sério, profundamente, com olhar sem preconceito e analisando a consistência da obra”, conclui.

Ex-diretor da Fundação Bienal de São Paulo e coordenador do Laboratório de Cultura e Tecnologia em Rede do Instituto Século 21, Laymert Garcia integra a rede mundial de especialistas do Humboldt Forum. A instituição desenvolve projeto ambicioso: um centro de culturas não europeias que será instalado na praça central em Berlim, na Alemanha.

O pintor belo-horizontino Amadeo Luciano Lorenzato com os pais (Acervo Paulo Laborne)
O pintor belo-horizontino Amadeo Luciano Lorenzato com os pais

SAIBA MAIS

DE BH À ITÁLIA

Filho de imigrantes italianos radicados em Minas Gerais, Amadeo Luciano Lorenzato (1900-1995) trabalhou na construção civil em BH, onde nasceu. Ele pintava temas decorativos em residências. Na década de 1920, voltou para a Itália e frequentou a Real Academia de Arte de Vicenza. Na Europa, conviveu com os artistas plásticos Cornelius Keesman e Gino Severini, além de frequentar cafés onde Picasso e Matisse eram habituês. Lorenzato voltou definitivamente ao Brasil durante a 2ª Guerra Mundial. Morou em Petrópolis e em BH, onde se dedicou à pintura artística.
EM CARTAZ
Pequena mostra de desenhos e aquarelas de Lorenzato será aberta amanhã, às 10h, na Manoel Macedo Galeria de Arte (Rua Lima Duarte, 158, Carlos Prates). O conjunto traz trabalhos da primeira metade dos anos 1970. Publicados em livro, esses registros das andanças do artista por BH nunca ficaram expostos. A mostra pode ser conferida até 20 de janeiro. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 14h. Informações: (31) 3411-1012.

Lorenzato (1900 - 1995)

Carlos Herculano Lopes-Água de bispo‏

Água de bispo  - Carlos Herculano Lopes

carlosherculanolopes.mg@diariosassociados.com.br

Estado de Minas: 22/11/2013


Os mais velhos, donos de boa prosa, contavam que nos primeiros anos do século passado, para cumprir missão evangelizadora, chegou a Coluna, vindo da diocese de Diamantina, depois de sete dias de cansativa viagem a cavalo tomando sol e muita poeira, um bispo ainda jovem, cujo nome se perdeu no tempo. Naquela cidade, que na época não passava de um pequeno arraial encravado entre as montanhas, o raro acontecimento foi celebrado com pompas e circunstâncias: teve comitiva de cavaleiros, que seguiu para se encontrar com o religioso quando este se aproximava, soltaram-se centenas de foguetes de vara encomendados especialmente para a ocasião, contratou-se banda de música do Rio Vermelho, as crianças se vestiram de anjo. Enfim, fizeram uma grande festa.

Contava-se também que, entre as atribuições do bispo, que de Coluna deveria seguir viagem para outros lugares até o retorno a Diamantina, uns dois meses depois, estava a de realizar dezenas de casamentos, devido ao mau costume do gentio de viver amasiado, além de fazer batizados, ministrar crisma, confessar o povo, rezar contra a cachaça e benzer casas para livrá-las de uma praga: os cupins. Eles existiam em tamanha quantidade que as más línguas chegaram a apelidar a vila de Santo Antônio do Cupim. Eram tão infernais que, anos antes, até uma igreja conseguiram jogar no chão. Nem é preciso dizer: fazer alusão ao fato perto de um colunense era correr o risco de levar uma surra.

Mas nada disso, como diziam os mais velhos, iria se comparar aos próximos acontecimentos, quando o bispo, depois de chegar morto de cansado, queixando-se de forte dor de cabeça devido à inclemência do sol, foi tomar um banho. De bacia, mas com água quente. Pois donde já se viu um homem de tamanha envergadura física e moral ir se lavar no rio como os outros?

Especulou-se ainda que, como era muito gordo, o pobre coitado deve ter tido o maior trabalho para se acomodar dentro da tal bacia. À noite, depois que fosse celebrada a missa solene e realizada a cerimônia de beijação do anel, seria servido banquete em sua homenagem com a presença dos principais do lugar. Quantas leitoas e frangos foram mortos, além da variedade de doces, é impossível saber.

Mas nada disso, como também relatavam os mais velhos, se compararia ao pós-banho: as mulheres da casa onde Sua Eminência ficara hospedado, em vez de jogar a água fora tiveram a ideia de engarrafá-la, pois água de bispo, mesmo um pouco suja devido à viagem, devia de ser sagrada.

Falava-se ainda que durante vários meses, até que todo o conteúdo das garrafas se findou, com gente vindo de longe buscar um pouquinho, aquela água era passada em feridas, ajudava a fechar buracos de bala ou faca e abreviava partos quando o bebê estava encroado. Ou até mesmo no caso de muita lombriga e úlcera supurada, quase sempre com ótimos resultados, para se tomar um golinho.

tv

Estado de Minas: 22/11/2013 

TV paga

 (The Asylum/Divulgação)

Tubarões voadores


O assinante que sabe o que é trash movie vai entender Sharknado (foto), atração desta noite, às 21h, no canal Syfy. Fenômeno nas redes sociais, com 387 mil menções e cinco mil tuítes por minuto durante a exibição nos Estados Unidos, o filme mostra como um tornado de tubarões causaria pânico na cidade de Los Angeles. Isso mesmo: uma chuva de tubarões! E para o ano que vem já está prevista uma tempestade do gênero em Nova York, pode? Em tempo: domingo, o filme será reprisado às 17h, no Universal Channel.

Muitas alternativas na programação de filmes


Mas falando de cinema de qualidade, a Cultura exibe esta note, às 22h, o drama Yella, que o alemão Christian Petzold rodou em 2007, sobre uma mulher que busca uma nova vida, mas é assombrada pelas verdades do passado, No mesmo horário, estreia no Telecine Premium o suspense Sem proteção, com Robert Redford, Shia Labeouf e Terrence Howard. No FX, a sessão Duplex emenda os longas Planeta dos macacos (20h15) e Planeta dos macacos: a origem (22h30). Ainda na faixa das 22h, o assinante tem mais seis boas opções: Espiral, no Canal Brasil; O turista, na HBO; Rock of ages: o filme, na HBO 2; Projeto X, na HBO HD; Prometendo a lua, no Max; e Crimes cruzados, no Max Prime. Outras atrações da programação: Sonhadora, às 21h30, no Viva; Eurotrip – Passaporte para confusão, às 21h45, no Universal Channel; Pânico 4, às 22h30, no Megapix; e O paizão, às 23h, no Comedy Central.

Juventude é o tema de Contraplano esta noite


O cinema é matéria-prima para o debate em Contraplano, às 22h, no SescTV. O episódio de hoje analisa a mocidade em diferentes épocas do cinema pelas lentes do curador de artes plásticas Tadeu Chiarelli e do palhaço, ator e dramaturgo Hugo Possolo. Na tela, para orientar a discussão, trechos dos filmes O sonho não acabou (1982), de Sérgio Resende; Verdes anos (1984), de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil; Houve uma vez dois verões (2002), de Jorge Furtado; e Os famosos duendes da morte (2009), de Esmir Filho.

Discovery estreia hoje  a série Jogos cerebrais


Estreia hoje, às 22h30, no Discovery, a série Jogos cerebrais, que reproduz experimentos criados para testar reação de participantes desavisados. A premissa parte da ideia de que o homem é a única espécie apta a estruturar um sistema social e um código de conduta complexos. A chave para isso está dentro de sua caixa craniana, onde as conexões nervosas cerebrais validam escolhas e renúncias inerentes ao convívio em sociedade. É isso que o programa vai testar.

Feiticeira realiza ritual  satânico no History

No segmento dos documentários, às 21h, no canal History, a série Decifrando milagres investiga uma mestre de vodu que usa a magia negra para realizar rituais satânicos sombrios, um homem que afirma ter o diabo dentro dele e pede para ser exorcizado, um santuário de Claypole, Argentina, onde é exposto e venerado o coração do santo italiano Luigi Orione; e a incrível história da Virgem de Chiquinquirá, padroeira da Colômbia. Já Alienígenas do passado, às 23h, vai fundo no conhecimento médico que pode ter sido ensinado por Ets.

CARAS & BOCAS » Simone Castro


  Juntos outra vez


Mundo (Domingos Montagner) e Iolanda (Carolina Dieckmann) reatam o namoro em Joia rara  (João Miguel Júnior/TV Globo-7/11/13)
Mundo (Domingos Montagner) e Iolanda (Carolina Dieckmann) reatam o namoro em Joia rara

Até que enfim, Iolanda (Carolina Dieckmann) vai reagir em Joia rara (Globo). O drama da mulher, que é casada com o vilão Ernest (José de Abreu), mas não o abandona, foi uma das críticas levantadas pelo grupo de discussão da trama, encomendada pela emissora. Daí que, nos próximos capítulos, a filha de Venceslau (Reginaldo Faria), que foi vendida ao empresário pelo pai em uma banca de jogo, sairá da mansão dos Hauser e retornará ao cortiço. E vai retomar o namoro com Mundo (Domingos Montagner). Tudo começa quando vem à tona que Ernest tramou, mais uma vez, contra o operário, no intuito de prejudicar sua campanha política. Ele contratou Rosa (Karine Carvalho) para fingir que tinha uma filha com o rapaz. Na ocasião, Iolanda, que já terá perdido o filho que esperava do ex-namorado, não aguenta mais a tortura que enfrenta sob o mesmo teto que Ernest e o abandona. Humilhado, ele até implora que ela fique, mas ela joga na cara do ricaço toda a sua repulsa. Ele, claro, promete vingança.

RAFAEL INFANTE ESTREIA
NA GLOBO EM DIVERTICS


Sucesso no canal Porta dos fundos, da internet, o comediante Rafael Infante festeja a estreia na Globo, no programa Divertics. “Estou descobrindo a TV e está sendo uma delícia. Estou bem animado e acho que vai ser bem mais divertido do que a gente pensava. Cada um vem com uma história. Misturamos tudo e acho que vai ficar um caldo bem legal”, contou Infante ao site da atração, novo humorístico da Globo que tem direção de Jorge Fernando e estreia marcada para 8 de dezembro em substituição ao Esquenta. Segundo o ator, “cada esquete tem um processo, não é um jeito único de fazer”. E irá além do conceito da diversão. “Tem um pouco de teatro, um lado teatral filmado. Para mim, é como se eu conseguisse cruzar a internet com o teatro, só que filmando para a TV. É muito legal”, afirmou.

ALINE MANDA MATAR TIA E A ENTERRA NO QUINTAL


Cada vez mais disposta a concluir sua vingança, Aline (Vanessa Giácomo) não poupará nem a própria tia, sua aliada em Amor à vida (Globo). Mariah (Lúcia Veríssimo) não gostará dos planos da sobrinha em destruir o casamento de Paloma (Paolla Oliveira) nem aceitará o sofrimento imposto a César (Antônio Fagundes), a essa altura cego por conta do envenenamento provocado pela mulher. “É assustador pensar no César cego. A cegueira é tão difícil de enfrentar, ainda mais para quem sempre enxergou”, diz. A jovem não se abala: “Eu só não matei o César porque preciso dele vivo. Com a procuração que ele fez no meu nome, eu posso dispor de todos os bens dele. Ainda tá no cofre, e só ele tem a senha. Mas ele vai ter que me dizer, agora que está cego.” Mariah dá mostras de que quer desistir da vingança. Quando Aline, finalmente, consegue a procuração, a mulher a pica em pedacinhos. Ninho (Juliano Cazarré), comparsa de Aline, se revolta e acaba matando Mariah a tesouradas. Fria como sempre, Aline enterra a tia no quintal da casa.

MADONNA NO TOPO

A popstar Madonna, de 55 anos, lidera a lista da revista Forbes como a artista musical mais bem paga de 2013. Ela deixou para trás a cantora Lady Gaga e a banda Bon Jovi. Madonna ganhou US$ 125 milhões (cerca de R$ 284 milhões) no período de 12 meses encerrado em junho. A maior contribuição veio da turnê MDNA, que faturou US$ 305 milhões (R$ 693 milhões). Produtos vendidos nos shows, uma linha de roupas e um perfume contribuíram para a cantora encher o cofrinho. “Madonna está fazendo jus ao seu apelido: a ‘Material girl’ lidera por ampla margem nossa lista dos músicos com maior renda”, divulgou a revista. No ranking dos cinco mais bem pagos, vem atrás de Madonna Lady Gaga, com US$ 80 milhões (cerca de R$ 182 milhões), um milhão a mais que Bon Jovi. Em quarto lugar está o cantor country Toby Keith, com US$ 65 milhões, o equivalente a R$ 147 milhões, e a banda britânica Coldplay (US$ 64 milhões, R$ 145 milhões). A Forbes montou a lista com 25 nomes, baseando-se em dados da publicação Pollstar, do serviço de vendas de ingressos, além de ouvir advogados do setor, empresários e alguns músicos.

VIVA
Malhação (Rede Globo) discute preconceito, o que nunca é demais.

VAIA
Os crimes ometidos em Amor à vida ficarão sem solução?

Eduardo Almeida Reis-Mundo animal‏

Mundo animal
 
Tenho aqui no escritório minha foto ao lado de uma onça-parda, que abati a tiro de mosquetão no ano de mil novecentos e muito antigamente


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 22/11/2013

Os jornais noticiaram que dia 13 de setembro a cidade em que resido inteirou 100 homicídios, contra 99 de todo o ano de 2012. A maioria relacionada com o tráfico de drogas e as brigas de gangues, idiotice que virou moda. Pelo fato de morar no Bairro X, os imbecis acham que devem brigar com os idiotas moradores do Bairro Y – e vice-versa ao contrário.

Concomitantemente, uma onça-parda foi atropelada e morta na BR-040, em Dias Tavares, distrito de Juiz de Fora. Morreu, coitada, quando degustava uma capivara. É o terceiro felino atropelado em menos de um mês. Os outros foram uma jaguatirica e um gato-mourisco, o jaguarundi (Puma yagouaroundi), mamífero da família dos felídeos encontrado desde os Estados Unidos até ao norte da Argentina. Pesa seis quilos, tem 60cm de corpo e 45cm de cauda. Alimenta-se de mamíferos e de aves, dando preferência a presas de grande porte.

Meses atrás, uma onça-parda foi vista e filmada no estacionamento do Tribunal de Contas da União, em Brasília, DF. Quase todas as semanas aparecem suçuaranas (Puma concolor) nos galinheiros e nas garagens de cidades de São Paulo, prova de que a espécie, com a proibição da caça, já não corre o risco de extinção.

Nos Estados Unidos a onça atende pelo nome de cougar (mountain lion), palavra adotada no final do século 18 através do francês couguar, do guarani cuguaçuarana. Rola da internet o filme de um cougar caçando pequeno urso, filmagem tão extraordinária que a gente desconfia. Ali tem coisa; não atinei com o truque.

Onça-parda, cougar ou suçuarana, segundo felino mais pesado do Novo Mundo (perde para a onça-pintada) por sua vasta distribuição geográfica do Canadá aos Andes tem uma infinidade de nomes e subespécies. Machos adultos medem 2,4 metros do focinho à cauda, pesando de 53 a 100 quilos, mas já foram registrados exemplares de 120 quilos. As fêmeas pesam geralmente de 29 a 64 quilos. São menores perto do equador e maiores nas regiões mais próximas dos polos.

Politicamente incorreto, tenho aqui no escritório minha foto ao lado de uma onça-parda, que abati a tiro de mosquetão no ano de mil novecentos e muito antigamente. Hoje, basta passar de automóvel pela BR-040 para desfalcar a espécie Puma concolor. Naquele tempo, exigia o dia inteiro de viagem do Rio a Corumbá num DC-3, mais hora e meia em teco-teco e dois dias a cavalo antes de posar para a Rolleiflex, sorriso idiota, ao lado de uma suçuarana defunta.


Robusto philosophar

Calculando por baixo e sem qualquer exagero, até hoje devo ter fumado 105 mil charutos. Ibrahim Sued, também charuteiro, certa feita disse aos demais passageiros de um elevador: “Estou queimando cinco dólares”, mas o dólar daquele tempo era muito mais verde que o atual. Charuto de cinco dólares, hoje, só no mercado paralelo cubano, mesmo assim de segunda linha.

Ok, fiquemos nos cinco dólares do Turco para concluir que devo ter queimado, até ontem, cerca de US$ 525 mil, mais que um milhão de reais. Não me arrependo. Dinheiro limpo, fruto do meu trabalho, gasto onde quiser. Melhor que isso: não me considero viciado e passo perfeitamente sem charutos nos resfriados, nas viagens aéreas, em lugares onde fumar é proibido ou deselegante.

Charutos e seus fumantes pedem estudos do pessoal da área psi. Tudo na vida passa pela área psi. Por que fumo charutos desde os 18 aninhos? Talvez porque meu pai e seu sogro, meu avô, fumassem o dia inteiro: espírito de imitação. O prazer, o deleite ou lá o contentamento provocado pelo charuto depende de uma série de fatores.

De uns tempos a esta parte, venho fumando um Cohiba Robusto pela manhã, ou dois matinais, na dependência dos compromissos rueiros. Cada um dura menos que duas horas. Pois muito bem: nesta manhã primaveril, caprichando nestas bem traçadas, acendi um Robusto às 7h e andei com ele até às 11h45: quase cinco horas!

Noite muitíssimo bem dormida, um monte de coisas para escrever, temperatura civilizada, café da manhã, telefone pouco usado: um único charuto durante cinco horas, período mais que suficiente para queimar dois. E isso, caro e preclaro leitor, relatado por um philosopho que não se considera viciado.


O mundo é uma bola

22 de novembro de 1546: Calvino edita um decreto que regulamenta os nomes que devem ser dados e os que são proibidos aos recém-nascidos em Genebra. Não morro de amores por J. Calvino (1509-1564) e sua obra, mas é forçoso reconhecer que no tal decreto acertou em cheio. Algo do gênero deveria ser feito neste país grande e bobo para impedir os milhões de Maiconjéquissons que estão sendo registrados por aí.

Em 1537, pensando no futuro nascimento de Roldão Simas Filho, o cacique temiminó Arariboia, em tupi “cobra da água de arara”, funda a cidade de Niterói no Rio de Janeiro.

Em 1963, assassinato de John F. Kennedy em Dallas, Texas. Hoje é o Dia do Músico.


Ruminanças

“Onde há música, não pode haver coisa má.” (Cervantes, 1547-1616)

Rio e lagos também emitem gás carbônico‏

Rio e lagos também emitem gás carbônico


Paloma Oliveto

Estado de Minas: 22/11/2013

Negro e Solimões: maior emissão de CO2 ocorre em rios amazônicos (Daniel Ferreira/CB/D.A Press %u2013 5/4/13)
Negro e Solimões: maior emissão de CO2 ocorre em rios amazônicos

Perto da imensidão oceânica, fontes de água doce, como rios, lagos e reservatórios, parecem uma gotinha. Juntas, representam apenas 2,2% da superfície do planeta, o que fez com que, durante muito tempo, fossem ignoradas no balanço do ciclo do carbono. Contudo, uma pesquisa publicada na revista Nature constatou que essa rede de transporte aquífero emite o dobro de CO2 na atmosfera do que se imaginava. Usando três parâmetros – concentração do gás na superfície das águas, velocidade de transferência para a atmosfera e extensão de rios e lagos –, um grupo internacional de cientistas descobriu que 70% da evasão de dióxido de carbono originário dessas fontes está concentrada em somente 20% do território global, sendo que a região amazônica lidera o ranking.
 
Os cálculos feitos pela equipe de pesquisadores revelaram que esses reservatórios são responsáveis por um fluxo de 2,1 gigatoneladas de CO2 por ano – como comparação, a queima de combustível fóssil lança até 8 gigatoneladas. Peter A. Raymond, biogeoquímico da Faculdade de Estudos Ambientais e Florestais de Yale, nos Estados Unidos, e principal autor do estudo, afirma que não é possível, ainda, identificar o que gera tanto dióxido de carbono em água doce. “A matéria orgânica que se acumula no solo e é levada pelo rio provavelmente tem um grande papel nisso mas não explica sozinha, uma taxa tão alta de evasão. Mais estudos são necessários para determinar a fonte, inclusive se há ação antropogênica envolvida, isso é, se atividades humanas estão por trás de parte das emissões”, afirma.

Com a ajuda de mapas gerados por satélite, Raymond identificou que as fontes de água dos trópicos são aquelas com maior fluxo de carbono – sozinhos, os rios amazônicos concentram 0,6 gigatonelada da evasão global desse tipo. Embora exista uma relação com o clima e a vegetação tropical, o cientista afirma que também é necessário investigar mais profundamente por que nessa latitude há mais carbono circulando nos rios e lagos – algo que ele já começou a fazer.

Em um artigo escrito para a Nature, o pesquisador Bernhard Wehrli, do Instituto Suíço Federal de Ciências Aquáticas, estima que a inesperada quantidade de carbono sendo emitida por fontes de água doce pode vir da respiração do solo, da erosão e do desmatamento. “No presente momento, não está claro o que contribui mais”, afirmou. Ele destacou que, para tanto, será necessário usar métodos avançados de geoquímica que diferenciem a matéria orgânica terrestre da aquática. Wehrli ressaltou que é preciso detectar o quanto de metano (outro potente gás de efeito estufa) as fontes de água doce estão emitindo.

Informações Na avaliação do biogeoquímico Johathan J. Cole, do Instituto Cary de Estudos Ecológicos, modelos futuros do balanço global de carbono terão de levar em conta a contribuição das fontes de água doce no ciclo do CO2. “A inclusão do ecossistema de rios, lagos e reservatórios no balanço de carbono fornecem informações inestimáveis sobre o estoque, a oxidação e o transporte territorial desse elemento”, defende. “O carbono está continuamente em ciclo através dos sistemas terrestres, de água doce, do oceano e da atmosfera. Não há como ignorar a contribuição de nenhum deles no balanço global.”

Segundo Cole, outra deficiência dos modelos atuais é a definição de como os rios transportam o gás. “Ao descrever os rios como tubos que passivamente levam o carbono do solo terrestre para o mar, os modelos falham em capturar as complexas transformações que ocorrem na jornada (do elemento) até o oceano”, alega. Calcula-se que metade do CO2 que entra nas correntes de água doce não terá o oceano como destino. No trajeto, aproximadamente 40% retornarão à atmosfera como CO2 e 10% serão estocados nos sedimentos. “Por essa dinâmica você percebe que não podemos ignorar os rios e lagos no balanço”, diz.

Fragmento da história de Marte‏

Fragmento da história de Marte
 
Estudo conclui que meteorito encontrado na África em 2012 é uma amostra de 4,4 bilhões de anos, da crosta marciana, e pode ajudar a entender o processo de formação do planeta e do Sistema Solar


Isabela de Oliveira

Estado de Minas: 22/11/2013


Brasília – Desde as primeiras observações do céu, astrônomos se perguntam como surgiu o fantástico cenário que abriga a Terra e o Sistema Solar. Séculos se passaram e a curiosidade só aumenta, estimulada por novas peças que são descobertas e ajudam a montar esse imenso quebra-cabeça. Uma das pistas mais frescas foi descrita na edição de ontem da Nature. Segundo um estudo publicado na revista especializada, um meteorito encontrado no continente africano em 2012 é um raro exemplar dos elementos que constituíam a crosta de Marte há 4,4 bilhões de anos, o que traz valiosas informações sobre a “infância” do Planeta Vermelho e, consequentemente, sobre os momentos iniciais do conjunto formado pelo Sol e pelos planetas e outros objetos que o circundam.

Maria Elizabeth Zucolotto, especialista em meteoritos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que nunca foi encontrada na Terra uma rocha tão antiga quanto a NWA 7533, nome dado à amostra. “Essa descoberta nos fala mais sobre o começo do Sistema Solar e decifra o comecinho de tudo. A superfície de Marte é muito antiga e começou a se diferenciar (da de outros planetas) nos seus primeiros 100 milhões de anos. Isso nos permite saber o quão diferente esse planeta já foi e como a água sumiu de lá”, afirma a pesquisadora, que não participou do estudo.

A sigla NWA é uma referência à região onde a pedra, de 40mm foi achada, no Noroeste da África. Acredita-se que, há bilhões de anos, uma grande colisão ocorreu em Marte, fazendo com que um bloco rochoso se soltasse do planeta e ficasse solto no espaço. Um dia, então, esse bloco entrou em rota de colisão com a Terra e, ao entrar em sua atmosfera, foi pulverizado, restando dele apenas pequenos fragmentos.

Além do 7533, cientistas recuperaram outros quatro meteoritos resultantes desse incidente. Um deles, o NWA 7034, foi descrito anteriormente em outra pesquisa, mas as análises não mostraram que sua origem era tão antiga, o que foi possível fazer agora graças a uma técnica de análise de decaimento radioativo do urânio presente no pedregulho. Segundo Munir Humayun, pesquisador da Universidade da Flórida e principal autor do novo artigo, é possível afirmar que os dois objetos vieram de Marte, devido à sua composição química única, típica do planeta vizinho. “Eu quis analisar os elementos que são abundantes em meteoros condritos, mais raros em rochas da crosta terrestre. Um colega da universidade obteve uma amostra gentilmente cedida pelo proprietário, Luc Labenne, e a trouxe para o meu laboratório. Desde então, estamos ocupados decifrando os segredos desse meteorito”, diz.

Confirmações As análises já revelaram que o meteorito é uma amostra dos antigos planaltos de Marte, um planeta de formação curiosa. Seu hemisfério sul, cheio de crateras, é muito antigo, tendo mais de 3,8 bilhões de anos. Durante a evolução marciana, a porção norte desenvolveu uma crosta mais fina e uma grande província vulcânica, a região de Tharsis, onde está o maior vulcão do Sistema Solar, o Olympus Mons, com mais de 22 quilômetros de altura.

Para Humayun, os segredos sobre a formação das rochas do planalto sul podem ser desvendados com a ajuda do NWA 7533. Além disso, os dados trazem informações que confirmam os achados de missões como a do robô Curiosity, que apontam um passado rico em água no Planeta Vermelho. A amostra que caiu na Terra, por exemplo, não tem enxofre, cloro nem zinco enriquecido, hoje vistos no solo marciano. “Esses são elementos solúveis em água. É isso que esperamos de um Marte do passado, com muita água. Hoje, ele é mais seco do que o Deserto do Saara e, por isso, é rico nesses elementos”, escreve Humayun.
As análises ainda devem prosseguir por muitos anos, diz o pesquisador. “Esse meteorito fornece novas pistas para a história de Marte, podendo revelar mais sobre a possível alteração hidrotermal da crosta marciana e se houve um início de biosfera (vida). Há pistas tentadoras dentro do meteorito e esse estudo é a ponta do iceberg de investigação que continua a ser desenvolvida”, conclui.