sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

TeVê



Estado de Minas: 24/01/2014 

TV paga



 (Joss Barratt/Divulgação)

Drama histórico

Não é estreia, mas vale a indicação: a Cultura exibe hoje, às 22h, na Mostra internacional de cinema, o longa-metragem Ventos da liberdade (foto), de Ken Loach. O filme mostra como muitos irlandeses se organizaram para enfrentar as tropas britânicas que tentavam sufocar o movimento pela independência do país na década de 1920. Enfrenta também a concorrência de As damas do Bois de Boulogne, de Jean Cocteau, anunciado para o mesmo horário, no canal Arte 1.

Canal Universal aposta  em desenhos animados


No último dia do especial Cardápio de férias, o Telecine Pipoca emenda hoje a animação Frankenweenie (12h45), a comédia De pernas pro ar 2 (14h25h) e o filme de ação Duro de matar: um bom dia para morrer (16h20). No Universal, são quatro desenhos em sequência: O pequeno Stuart Little 2 (19h30), Os Rugrats e os Thornberrys vão aprontar (21h), Os sem-floresta (22h30) e Wallace & Gromit – A batalha dos vegetais (à meia-noite). Na faixa das 22h, o assinante tem mais seis opções: Os 12 trabalhos, no Canal Brasil; Benvindo aos 40, no Telecine Premium; Poder sem limites, no Telecine Action; John Carter – Entre dois mundos, no Telecine Pipoca; Meu melhor inimigo, no Max; e Apocalypse now, no TCM. Outras atrações da programação: Atos que desafiam a morte, às 21h15, no Viva; Mamma mia!, às 22h30, no Megapix; e Pecados íntimos, também às 22h30, no FX.

Cinema inspira mais um debate no Contraplano


“Ameríndia hoje” é o tema em debate hoje no programa Contraplano, às 22h, no SescTV. A pesquisadora Ivana Bentes e a historiadora Mary Del Priore discutem a condição dos índios na América Latina a partir de trechos dos filmes Serras da desordem, de Andrea Tonnaci; Pachamana, de Eryk Rocha; A teta assustada, de Claudia Llosa; e As bicicletas de Nhanderú, de Ariel Duarte Ortega e Patrícia Ferreira.

HBO retoma as séries  The big C e House of lies


Duas das mais originais séries da HBO estão de volta a partir de hoje. Às 21h, estreia a quarta e última temporada de The big C, com Laura Linney. Às 21h30, é a vez de House of lies, com o ganhador do Globo de Ouro Don Cheadle, em sua terceira temporada. No canal +Globosat, às 22h, estreia Os melhores contos de Grimm, com adaptações de 20 clássicos dos irmãos Grimm.

Mais quatro novidades  esta noite na tela do Off


E o canal Off fecha a semana com mais quatro estreias. A principal novidade é Prancha e pé de pato, às 22h, com o videomaker, fotógrafo e campeão mundial de boyboard Paulo Barcellos e o parceiro Fábio Aquino mostrando os picos do bodyboard no Rio de Janeiro, Chile, Havaí e Taiti. O canal estreia ainda a quarta temporada de Brazilian storm, às 21h, e a segunda de Slackline, às 21h30, e de Aéreas, às 22h30.


CARAS & BOCAS » Carinha de anjo



Maria (Sophia Valverde) será a nova moradora do Orfanato Raio de Luz (Lourival Ribeiro/SBT)
Maria (Sophia Valverde) será a nova moradora do Orfanato Raio de Luz

Uma nova personagem aparece hoje em Chiquititas, a novelinha infanto-juvenil do SBT/Alterosa. Interpretada por Sophia Valverde, a pequena Maria é encontrada por Carol (Manuela do Monte) morando nas ruas, toda suja e assustada. Carol conversa com a menina, oferece ajuda e comida e a leva até sua casa. A garota não fala nada e não deixa que ninguém se aproxime dela, mas aceita toda ajuda oferecida por Carol, que tenta descobrir algo sobre o histórico da menina. Doce e graciosa, Maria encanta todos com seu jeito angelical. Com olhar triste, demonstra carinho pelas pessoas. O que todos vão saber mais tarde é que ela ficou traumatizada por sofrer violência nas ruas, preferindo viver em seu mundo imaginário. Sua única companhia é a boneca Laura, com quem conversa, desabafa e divide todos os seus momentos.

Walcyr Carrasco tem  seu momento cristão

E hoje tem casamento em Amor à vida (Globo). Gina (Carolina Kasting) e Elias (Sidney Sampaio) vão oficializar a união em cerimônia conduzida pelo pastor Efigênio (Gláucio Gomes). Na verdade, tudo muito simples… e careta. Já ao chegarem à pousada, Gina sente vergonha da recepcionista por ela saber que eles estão em lua de mel e ainda confessa que essa será sua primeira noite de amor. Elias, compreensivo, promete ser delicado com a amada. Perto do que já rolou na trama de Walcyr Carrasco, uma cena típica de novela das seis.

Diverso revela o que faz um livro vender muito


Os escritores Ruy Castro e Luis Fernando Veríssimo, a editora Luciana Villas Boas e o jornalista João Paulo Cunha conversam sobre os campeões de venda da literatura na edição de hoje do programa Diverso, transmitido simultaneamente pela Rede Minas e TV Brasil (canal 65 UHF), às 17h30. A produção busca saber por que alguns títulos caem no gosto popular, quem e o que determina esse sucesso. E também a questão do preconceito: afinal, um livro necessariamente é ruim porque vende milhões?

Multishow lança seção  de viagens na internet


A partir de hoje, os internautas vão poder acessar o site www.multishow.com.br/viagem e conferir as melhores dicas de viagem dos programas do canal por assinatura, como Lugar incomum e Vai pra onde?. Paris, Londres e Miami serão os primeiros destinos. Cada cidade terá cerca de 70 dicas de hospedagem, compras, cultura e transporte, entre outros. Além disso, o site publicará diariamente notícias sobre diversos pontos turísticos do mundo.

VH1 radicaliza com seu novo programa de rock


Outro canal pago, o VH1, estreia hoje, às 18h, uma nova faixa musical dedicada ao rock’n’roll. A série VH1 moods rock terá uma hora de duração, exibindo clipes de artistas e bandas como Kiss, Guns N' Roses, Queen, AC/DC, Paul McCartney, Foo Fighters e Arctic Monkeys, entre tantos outros.

Os canais Fox Life e Bem  Simples agora são um só


Também hoje a Fox apresenta aos assinantes uma nova proposta para o segmento de lifestyle: uma versão renovada do canal Fox Life. A ideia é juntar à sua programação básica algumas das melhores atrações do canal Bem Simples.

Para madrugadores

A tecnologia a serviço do pagamento eletrônico, educação alimentar e a qualificação necessária para abrir o próprio negócio são os temas de amanhã do Globo cidadania. Como a faixa vai ao ar muito cedo, às 6h, é bom antecipar a pauta, né? Na verdade, são reprises de edições específicas dos programas Educação, Ciência, Ecologia, Universidade e Ação que foram ao ar em 2013. Destaque para a reportagem de Alexandre Henderson sobre cartões equipados com os chamados chips inteligentes, que estão sendo aceitos até por feirantes. O programa conta como funciona o processo de reconhecimento de dados e aprovação de crédito em poucos segundos. Além disso, mostra como já é possível fazer pagamentos por celular, vinculando o aparelho a um cartão de crédito comum.

VIVA
Vanessa Giácomo já mostrou ser uma atriz com muitos recursos, mas sempre fazendo papel de boazinha, de vítima. Já em Amor à vida ela se superou ao construir a vilã Aline. Quando surge em cena  dá até medo!

VAIA
Como não daria conta do recado num papel sério, o candidato a ator Igor Angelkorte se deu bem quando os autores de Além do horizonte (Globo) transformaram seu personagem Marcelo num “banana açucarado”.

Para iniciantes e iniciados [ Inhotim]

Para iniciantes e iniciados
 Inhotim é uma das boas atrações para quem está de férias e quer conhecer a melhor arte contemporânea feita no mundo. Confira as dicas para aproveitar bem a visita

Mariana Peixoto
Estado de Minas 24/01/2014


Instalação de Janet Cardiff convida as pessoas a partilhar a audição de peça polifônica medieval  (Euler Jr./EM/D.A Press)
Instalação de Janet Cardiff convida as pessoas a partilhar a audição de peça polifônica medieval

Quando Inhotim foi aberto regularmente para o público, em 2006, entre as obras da Galeria Praça, destinada a exposições temporárias (trocadas a cada dois anos), estava Forty part motet (2001), da artista canadense Janet Cardiff. Quase oito anos mais tarde, a instalação sonora em 40 canais – em que se ouve, a partir de cada caixa de som, o coro da catedral britânica de Salisbury interpretando Spem in Alium, peça polifônica medieval de Thomas Tallis – é obra permanente do instituto, em Brumadinho. O que motivou a exposição contínua foi justamente o sucesso junto ao público.

Hoje em dia Cardiff tem sua própria galeria – que apresenta The murder of crows (2008), instalação sonora produzida com o artista George Bures Miller que provoca uma reação ainda mais intensa (um sonho dos artistas é ouvido por meio de 98 caixas de som). É menos conhecida do que a obra anterior, e ouvir a “revoada de corvos” de Cardiff e Miller complementa a experiência sonora realizada com o coral britânico. Trocando em miúdos: iniciantes em Inhotim devem ficar com o coral; iniciados, com os corvos.

Aqueles que vão pela primeira vez a Inhotim – ou só têm um dia disponível – devem se concentrar nas galerias dos seguintes artistas: Cildo Meireles, Adriana Varejão, True rouge, Lygia Pape, Cosmococa e Praça (para a já citada instalação sonora). A escolha obedece a duas lógicas: a importância dos artistas e do acervo que está em Inhotim (a coleção de Cildo é uma das maiores existentes) e a distância. Todos os espaços ficam na mesma região e podem ser alcançados a pé. Entre uma galeria e outra há várias obras a céu aberto e muita natureza ao redor. Porque menos é mais em Inhotim.

Uma visita só se torna prazerosa se houver tempo para assentar e ver a vida passar em um dos 98 bancos produzidos pelo designer Hugo França a partir de árvores de pequi-vinagreiro (madeira que costuma ser dispensada pela marcenaria tradicional por causa dos buracos que apresenta). Para uma segunda (ou terceira e quarta visitas) há muito mais o que conhecer por ali. Com o crescimento do parque, passaram a ser utilizados carrinhos elétricos que cobrem os trajetos mais longos. Ele conta com cinco trajetos curtos preestabelecidos. E não é difícil ver gente se confundindo sobre que rota tomar. O mapa de Inhotim pode causar confusão, dada a sinalização por meio de letras e números (até julho haverá novos mapa e sinalização).

Numa segunda vez, tome um carrinho para ir até o Sonic pavilion, que fica no extremo Norte, na parte mais alta do parque (antes, não deixe de ir à galeria Miguel Rio Branco, que traz ótimo acervo do fotógrafo que influenciou gerações) ou então para conhecer a incrível galeria destinada a Tunga, no Sul. Inaugurada em 2012, traz 26 obras de Tunga, o artista que sugeriu a Bernardo Paz, criador de Inhotim, dedicar-se à arte contemporânea. Galeria a céu aberto, Inhotim revela, em meio à natureza, obras como Beam drop, de Chris Burden, de esculturas feitas de vigas de ferro, ou então Viewing machine, um imenso caleidoscópio de Olafur Eliasson.

Menos conhecida, a instalação Desert park, de Dominique Gonzalez-Foerster traz uma relação direta com a região: em tamanho natural, ela recriou modelos de cinco diferentes pontos de ônibus vistos no trajeto BH-Brumadinho. Também jardim botânico, traz sua coleção (inclusive com plantas raras), que fica no caminho entre uma obra de arte e outra, toda identificada. Para os interessados na flora, uma visita ao viveiro educador (que conta com guias que podem levar à trilha, estufa, jardim e bosque) mostra a riqueza da região. Os números de Inhotim são superlativos: 21 galerias espalhadas numa área de mais de 100 hectares que conta com 4,2 mil espécies de plantas. Ir uma vez só não basta.



INHOTIM

Rua B, 20, Brumadinho, (31) 3571-9700, www.inhotim.org.br


Passeio completo Com pavilhões dedicados à arte contemporânea, jardim botânico e programação para todas as idades, Inhotim tem infraestrutura completa para receber visitantes



Mariana Peixoto



Sonic pavilion, de Doug Aitken, traz ao visitante a experiência de ouvir o 'som da terra'. Obra fica na parte mais alta de Inhotim (Fotos: Euler Jr./EM/D.A Press)
Sonic pavilion, de Doug Aitken, traz ao visitante a experiência de ouvir o 'som da terra'. Obra fica na parte mais alta de Inhotim

Um passeio por Inhotim é um mergulho na arte contemporânea e em uma bela coleção botânica. Mas pode ser, literalmente, um mergulho em duas piscinas que integram grandes obras em exposição. Com autorização dos artistas, é bom deixar claro. O que não faltam são opções e trilhas, mas é sempre bom planejar com antecedência para aproveitar melhor o tempo. Há programações especiais para crianças, rotas que podem ser percorridas em carros elétricos e boas alternativas de restaurantes e lanchonetes, com preços para todos os bolsos.

O que fazer...




Com crianças


O parque oferece uma série de possibilidades do que ver e fazer com crianças. Talvez não haja obra tão lúdica quanto a instalação A origem da obra de arte (2002 – foto), da mineira Marilá Dardot. No extremo Oeste do parque, o público têm à disposição vasos de cerâmica (produzidos em Inhotim), cada um com uma letra. São oferecidas sementes (no dia da visitação era amor-perfeito) para que cada um plante, regue e forme uma palavra. Difícil é encontrar disponíveis todas as letras do alfabeto (um A sempre será mais procurado do que um W). Então, muitos “roubam” letras de nomes já “plantados” no jardim.

Em caso de chuva




Depois de praguejar contra São Pedro pela má sorte, é possível fazer uma boa visita, mas vai haver restrições. O melhor é se concentrar na região ao redor do lago. Lá estão as obrigatórias galerias Cildo Meireles (com o Desvio para o vermelho, obra imperdível de Inhotim), Adriana Varejão (uma das mais visitadas do parque), True rouge (de Tunga, de mais fácil acesso do que a galeria que guarda 26 obras do artista), Lygia Pape (pequena e menos conhecida) e as galerias Praça, Fonte (foto), Mata e Lago, de exposições temporárias. Dá para fazer tudo a pé e de sombrinhas que o parque disponibiliza.

Antes da visita
Desde dezembro, Inhotim é uma das cinco instituições culturais brasileiras que estão no Google Art Project, site que, por meio da tecnologia do Street view, oferece visitas virtuais a museus, galerias e coleções de todo o mundo. É possível caminhar pelos jardins do parque e conhecer as obras, escolhendo, antes de sair de casa, o que interessa mais. Também há a possibilidade de visualizar imagens em alta resolução – a obra Celacanto provoca maremoto (foto), de Adriana Varejão, foi disponibilizada no formato gigapixel, ou seja, tem 1 bilhão de pixels. A cada zoom, novos detalhes são revelados. Digite: http://www.google.com/culturalinstitute/collection/inhotim.

Em dia de muito calor
Uma parcela bem pequena dos visitantes se atreve. Se você for preparado e tiver tempo disponível, nem precisa perguntar: pode nadar em Inhotim. São duas opções: uma piscina coberta, climatizada e com luz (na galeria Cosmococa, delírio visual criado por Hélio Oiticica e Neville d’Almeida em 1973, um dos mais visitados em Inhotim) e outra a céu aberto, Piscina (foto), obra de Jorge Macchi de 2009 que recria uma caderneta telefônica. Nesse caso, dá até para pegar uma corzinha.

De carrinho
Se for a pé, você poderá chegar ao Sonic pavilion (2009), de Doug Aitken, na área mais alta de Inhotim, quase arrependido. Faça valer o que pagou pelo carrinho. Em dia de sol forte, quando chegar ao pavilhão, no extremo Norte do parque, vai agradecer tanto por ouvir o “som da terra” (apelido que a obra ganhou depois de reportagem do Fantástico) quanto pelo ambiente climatizado. No centro do edifício redondo se vê o resultado de uma escavação de 202 metros. Cinco microfones reproduzem, no local, o “som da terra”. Envidraçado, permite uma visão de 360 graus do parque. Quanto mais se afasta do centro, mais os vidros vão embaçando.

É bom saber:
>> É proibido fazer piquenique no parque. Mas com uma garrafinha em mãos não dá para passar sede. Há bebedouros espalhados no local. Tampouco se pode fotografar dentro das galerias. Selfies só na área externa.

>> Duas obras – Narcissus Garden, da Yayoi Kusama, as esferas prateadas em superfície d’água, e Troca-troca, os fuscas coloridos de Jarbas Lopes – e a galeria Doris Salcedo estão em manutenção.
>> Ainda que tenha boa oferta de livros de arte e produtos de design, só mais recentemente a lojinha de Inhotim passou a contar com uma linha institucional, com opções mais acessíveis. Para levar de lembrança ou dar de presente: sombrinha (R$ 80), bolsa de lona (R$ 95), agenda (R$ 39), garrafa de alumínio (R$ 36), boné (R$ 25), blocos (R$ 15 e R$ 22).

>> INHOTIM

>> Horários – De terça a sexta: das 9h30 às 16h30; sábados, domingos e feriados das 9h30 às 17h30.

>> Preços – Quarta e quinta: R$ 20; de sexta a domingo e feriado: R$ 28 (a partir de 7 de fevereiro, o valor será R$ 30). Meia-entrada para crianças de 6 a 12 anos, pessoas acima de 60 anos, estudantes e assinantes do Estado de Minas. Entrada franca às terças. Crianças até 5 anos não pagam.

>> Transporte interno – Carrinhos elétricos percorrem parte do parque através de cinco rotas predeterminadas: R$ 20 (por pessoa). É possível alugar um carrinho com motorista com agendamento prévio pelo eventos@inhotim.org.br. Para cinco pessoas: R$ 150 (uma hora); R$ 450 (diária); para sete pessoas: R$ 210 (uma hora); R$ 630 (diária).

>> Visitas mediadas – Há três tipos de visitas para grupos de até 25 pessoas: panorâmica, com informações sobre arte e botânica; ambiental, para conhecer parte da coleção de botânica; e de arte, com comentários sobre as obras que estão no parque.

>> De carro, há três trajetos (BR-381, BR-040 e BR-356). O primeiro, via Contagem e Betim, é mais rápido e bem sinalizado; o segundo vai pelo Barreiro e Ibirité; e o terceiro, via Casa Branca, é mais bonito, mas tem trecho de terra. Em média, percursos demoram 80 minutos a partir do Centro de Belo Horizonte.

>> De ônibus – Ônibus executivo sai da rodoviária de BH às 9h15
(com retorno às 16h30, de terça a sexta; e às 17h, aos sábados, domingos e feriados). Ida: R$ 30,45; volta: R$ 30.
Informações: (31) 3419-1800.

Para comer

>> Restaurantes

Tamboril
– Diariamente, com serviço à la carte nas terças; bufê livre a R$ 52, de quarta a sexta; e a R$ 60 aos sábados, domingos e feriados; bufê de sobremesas, R$ 12.
Bar do Ganso – Extensão do Tamboril, só funciona nos fins de semana e feriados.
Oiticica  – Bufê a quilo, funciona às terças, R$ 34,90 o quilo (não funciona quarta, quinta e sexta); sábados, domingos e feriados
R$ 49,90 o quilo.

>> Lanches
O parque tem quatro lanchonetes abertas diariamente (salgados a R$ 4,50, omeletes de R$ 10 a R$ 12; hambúrguer a R$ 10, coco a R$ 5); pizzaria (aberta somente em dias de muito movimento); café e loja de cachorro-quente (R$ 7 e R$ 9).

Os estragos profundos das queimaduras‏

Os estragos profundos das queimaduras 
 
Quando as células do tecido mais superficial do corpo morrem, o resto do organismo fica comprometido. A invasão de bactérias e a queda das atividades cardíacas estão entre as complicações que podem se tornar fatais 
 
Isabela de Oliveira
Estado de Minas: 24/01/2014


Brasília – As queimaduras são responsáveis pela morte direta ou indireta de mais de 300 mil pessoas no mundo, e 2,5 mil no Brasil, a cada ano. Na grande maioria dos casos, a região atingida e mais afetada é a pele. As alterações nos tecidos afetam os sistemas fundamentais do corpo, o que pode levar a vítima a sofrer um colapso total. Isso porque o maior órgão do corpo humano funciona como barreira vital contra micróbios nocivos, regulador da temperatura corporal e dos fluidos. Dependendo da gravidade do incidente, as repercussões da lesão no organismo podem ser devastadoras e irreversíveis.

Nos últimos 50 anos, as taxas de mortalidade envolvendo grandes queimados caíram dramaticamente devido ao avanço da medicina. Apesar disso, os grandes queimados, aqueles com mais de 25% do corpo ferido, correm um grande risco de morte se não receberem o tratamento adequado. “As primeiras 48 horas são as mais importantes. A primeira coisa a fazer é repor o líquido e os nutrientes perdidos e fazer a termorregulação”, diz Mário Frattini, chefe da Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). É preciso observar o ritmo cardíaco do paciente, já que o sistema circulatório encontra dificuldade em manter a irrigação sanguínea no tecido sem vida.

As infecções são a grande preocupação dos médicos após a estabilização do paciente. Isso porque a destruição da pele representa a ruína da primeira barreira encontrada por micro-organismos externos. Carolina Marçon, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que, na epiderme, camada mais superficial da pele, existem as células de Langerhans, que fazem parte do sistema de defesa e participam das reações imunológicas. Ou elas “comem” organismos intrusos, ou alertam outras células sobre invasões de corpos estranhos.

“São estreladas e parecem ter pequenos braços. Quando entram em contato com vírus, bactéria ou substância química, desencadeiam uma reação imunológica que acaba produzindo mais anticorpos”, explica a dermatologista. Quando uma pessoa sofre uma grande queimadura essa proteção se perde, mas até queimaduras de sol , de 1º grau, e exposições longas aos raios UV são capazes de diminuir a atuação dessas células.

Baixa imunidade Outra causa da disfunção imune provocada pela queimadura é a resposta inflamatória grave gerada pela liberação de toxinas que causam inflamação. Elas são produzidas principalmente nos tecidos mortos. Esse processo cria um meio propício para a proliferação de bactérias. O que ocorre é que o oxigênio deixa de circular nos tecidos, que já não têm vida, portanto, não são mais regados com sangue e nutrientes. Sem isso, a chegada de medicamentos e defesas naturais a áreas queimadas fica seriamente comprometida.

“As defesas do paciente ficam tão fracas que até mesmo bactérias normais do corpo dele, como as do intestino, podem virar uma ameaça. Elas podem sair do sistema gastrointestinal e cair na corrente sanguínea, gerando uma infecção séria”, explica Frattini. O estado de fragilidade imunológica somado à perda da barreira protetora da pele e à utilização de instrumentos invasivos, como cateteres, também aumentam os riscos de vida.

Vários estudos consolidam as preocupações dos médicos com esses riscos. Um deles, feito na Turquia e publicado na revista especializada Burns, revelou que a taxa de complicações infecciosas em queimados foi de 28,6%, ou 14,9 infeções a cada mil pacientes. No Brasil, uma pesquisa realizada entre 1993 e 1999 na Unidade de Queimaduras do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo descobriu que 175 (55%) de um total de 320 vítimas desenvolveram infecção, em especial na corrente sanguínea. Outro estudo, desenvolvido no Hospital Universitário Evangélico do Paraná em 2009 e publicado em 2011 na Revista Brasileira de Queimaduras, revelou incidência de 56,7% de infecção nos pacientes com queimaduras graves.

 cuidados Além de receber medicação e uma pomada que vai evitar a infestação de micro-organismos nas feridas, é preciso que os curativos sejam limpos e trocados diariamente. O paciente fica em um leito exclusivo e, dependendo da gravidade da lesão, não divide quarto com outros internados. Os visitantes não devem tocá-lo.

Em alguns casos, o ambiente deve ser fechado, com climatização especial. Além da capacidade de controlar o calor e frio, as vítimas de grandes queimaduras perdem a sensibilidade da pele.

Há ainda um cuidado especial com a alimentação. O acompanhamento com o nutricionista é indispensável porque as respostas metabólicas do grande queimado variam muito ao longo do tratamento. Primeiro, há uma diminuição acentuada da velocidade do metabolismo, com uma redução no débito cardíaco — volume de sangue bombeado pelo coração em um minuto — que varia de 50% a 60%. Após o tratamento com reposição de fluidos, no entanto, a taxa metabólica volta a crescer. “Ele fica desnutrido e gasta muita energia para se recuperar e iniciar a cicatrização. Além disso, passa por muitas cirurgias que necessitam de jejum. Isso implica perda de proteína”, conta Frattini.

Outra medida para evitar as infecções é a cirurgia de remoção de tecidos mortos, que diminui os risco de colonização de micro-organismos na ferida. Praticamente todos os pacientes com lesões graves submetem-se ao procedimento, sucedido por cirurgias de enxerto. Pele de outras partes do corpo que não foram afetadas pelo acidente são removidas para o local da ferida. Sem essas técnicas, a recuperação pode levar muitos meses. Quando aplicadas, permitem que a terapia dure pouco menos de três semanas. As lesões menos graves demoram de uma a três semanas. No entanto, sequelas graves e deformidades acompanham o paciente para a vida toda.

Recuperação dura um ano 

Quando não corre mais riscos e recebe alta, o paciente precisa usar uma malha compressiva para controlar o crescimento da cicatriz, que pode crescer desordenadamente. A malha vai estabilizar e amaciar a pele, desde que seja usada durante pelo menos um ano, as 24 horas do dia. Recomenda-se também o acompanhamento de um fisioterapeuta. O tecido que cresce nas cicatrizes não é como o do resto do corpo, sendo mais duro e fibroso.

Muitas vezes, quando as cicatrizes estão nas juntas, é impossível movimentar-se como antes, pois a pele perde a elasticidade. Então, há a necessidade de readaptação. Se há lesão no rosto, o paciente precisa reaprender a fazer os movimentos faciais, como a mastigação.

O apoio psicológico também integra a lista dos cuidados essenciais. Muitas vezes, além do trauma do acidente e a preocupação com a aparência, há o sentimento de perda. Nas circunstâncias em que as queimaduras acontecem, como os acidentes de carro, as vítimas costumam ser sobreviventes, tendo perdido amigos ou parentes de forma trágica. É possível também que sejam acompanhados por terapeuta ocupacional e assistente social, que o instruirá sobre os benefícios sociais a que têm direito.

“Uma grande equipe é mobilizada para o tratamento e a reinserção social. Não apenas os pacientes, mas a equipe também precisa ficar fortalecida. Por isso conta com a assistência psicológica. Também nos choca ver uma criança pequena gravemente queimada”, completa Mário Frattini, chefe da Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). (IO) 

Eduardo Almeida Reis - Jornalismo‏

Jornalismo
 
O problema das orelhas dos livros é que ficam escondidas pela capa e a quarta capa


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 24/01/2014

Ando abismado com certo jornalismo inventado por aí. Nas chuvas torrenciais que inundaram parte de Minas e o Espírito Santo no raiar do ano, um comunicólogo escreveu que os temporais capixabas seriam suficientes para encher 2,5 mil piscinas olímpicas. Homessa! Ainda que fosse verdade, ninguém faz ideia, ninguém pode realizar o que sejam 2,5 mil piscinas olímpicas, mesmo aprendendo no Google que uma piscina olímpica tem 50m de comprimento por 25m de largura, oito raias de 2,5m, temperatura da água de 25oC a 28oC e o volume mínimo de água é 2,5 mil m3, correspondendo a 2,5 milhões de litros, que podem ser muito mais dependendo da profundidade.

Chuva no Brasil é descrita em milímetros (mm) e um milímetro é a milésima parte de um metro. Importantíssimo é também descrever o tempo que durou a chuva. Há quase 20 milhões de entradas no Google para “temporais no Brasil”. Portanto, a gente só pode falar daqueles que vivenciou. Peguei um de 84mm em duas horas e vi a água chegar ao nível do primeiro degrau da sede da fazenda, um lugar que não poderia alcançar, porque a casa era construída no alto de um morro. Ao longo de um mês, 250mm é o tipo da chuva normal em diversas regiões brasileiras, enquanto 250mm em quatro horas arrasam tudo que encontram pela frente.

No Parque Nacional de Vulcões, do Havaí de Barack Obama, há um vulcão chamado Kilauea com as seguintes características, que cito de memória: do lado que dá para o oceano chove em média 11 mil mm/ano, uma das maiores precipitações do planeta: são 11m de água. Do lado que dá para o interior chove tão pouco que os agricultores são obrigados a irrigar suas plantações de abacaxi. Não sei como andam os recordes atuais, mas durante o ano de 1861, em Cherrapunji, na Índia, as chuvas totalizaram 22,987m. Em um mês, naquele mesmo ano, Cherrapunji teve 9,394m de chuva. Compete à rapaziada calcular o número de piscinas olímpicas que 9,394m podem encher.


Orelhas
O problema das orelhas dos livros é que ficam escondidas pela capa e a quarta capa, ao contrário das orelhinhas das mulheres bonitas, que ficam à mostra pedindo mordiscar amoroso. No Guia politicamente incorreto da história do mundo, de Leandro Narloch (Ed. Leya), as orelhas são de apetite. Não gostei da paginação, direito meu depois de morrer nos cobres para pagar o livro. Se os fatos atuais são difíceis de confirmar – ninguém pode escrever honestamente que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) implantou 10 mil fios de cabelo em sua bela calva, porque podem ter sido 9,5 mil ou 11 mil – é quase impossível saber exatamente o que aconteceu na história há 2 mil anos. Sabemos por alto que fulano nasceu no ano tal, beltrano foi deposto no ano tal, mesmo assim sem muita certeza. Leandro Narloch, baseado em autores que escreveram noutros contextos, desmistifica histórias tidas como verdadeiras, como se vê nas orelhas do seu livro: “O Tibete do Dalai Lama tinha escravos e castigos cruéis”; “O cinto de castidade é um entre tantos mitos sobre a Idade Média”; “A Revolução Francesa mudou tudo para não mudar nada;” “Os principais defensores de Galileu era padres e cardeais”; e “Os agrotóxicos salvaram bilhões de vidas”. Pela amostra, já sei que o leitor vai morrer de curiosidade e vai concordar com o autor, ou não, no capítulo em que “hoje vivemos na época mais pacífica de todas, com a menor frequência de guerras e assassinatos...”. E cita um canadense para explicar por que os dias de hoje são os menos violentos de toda a história. Os assassinatos caíram de 50 a 100 na Idade Média europeia a cada 100 mil mortes, para uma morte violenta a cada 100 mil na Europa atual. Ora, bolas, o leitor e o philosopho não vivemos na Europa. Interessa-nos o número de homicídios por 100 mil pessoas, que no Brasil ainda são assustadores e estão aumentando em muitos estados. No mais, só lendo Leandro Narloch, apesar da diagramação de seu ótimo livro.


O mundo é uma bola
24 de janeiro de 41: Calígula é assassinado por sua Guarda Pretoriana, grupo que teve participação decisiva em muitos episódios da história romana. Era usada pelos imperadores como instrumento de validação das leis pela força, como, por exemplo, matando inimigos. Como podia ser – e era – muito perigosa, foi criado o costume de agradar os seus comandantes com pequenos presentes e comissões. Um legionário, depois de alguns anos de serviço, podia pleitear vaga na Guarda Pretoriana, onde contava com melhores salários, benefícios e menor tempo de serviço. Em 1823, em Oeiras, então capital do Piauí, Manuel de Sousa Martins, futuro visconde da Parnaíba, proclama a Independência e assume a presidência da Junta de Governo do Piauí. Em 1924, a cidade de São Petersburgo passa a chamar-se Leningrado. Em 1984 a Apple Inc. lança o computador Macintosh, que revolucionaria a história da computação. Hoje é o Dia dos Aposentados.


Ruminanças
“É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram” (Voltaire, 1694-1778).

Estudiosos e personagens das Diretas Já avaliam as mudanças do país

HISTÓRIA » Um país que sonhou 
 
Há 30 anos o Brasil assistia ao primeiro grande comício das Diretas Já. A campanha que pedia o retorno do voto direto, extinto desde o golpe de 1964, ganhou as ruas e uniu corações e mentes 
 
Renata Mariz
Estado de Minas: 24/01/2014


Em um dos maiores comícios realizados no país, Belo Horizonte parou: mais de 400 mil pessoas ocuparam a Avenida Afonso Pena   (Alberto Escalda/EM/D.A Press - 24/2/84)
Em um dos maiores comícios realizados no país, Belo Horizonte parou: mais de 400 mil pessoas ocuparam a Avenida Afonso Pena

Brasília – No próximo 5 de outubro, ao se dirigirem às seções eleitorais para escolher o presidente da República, milhares de brasileiros nem se darão conta de que estarão exercendo um direito negado aos cidadãos do país não faz muito tempo. Amanhã, o primeiro grande comício do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, realizado na Praça da Sé, em São Paulo, completa 30 anos. Depois de algumas manifestações menores, a campanha que pedia o retorno do voto direto, extinto desde o golpe de 1964, reuniu cerca de 300 mil pessoas, arrebatando corações e mentes por todo o território nacional. Quem esteve nas ruas e estudiosos do período apontam o movimento como um dos mais importantes do Brasil, ainda que a democracia sonhada na época não seja exatamente a vivenciada hoje.

“Naquele tempo havia mais esperanças sobre a criação de um bem-estar social, que diminuísse as injustiças sociais, o que de certa maneira se expressou na Constituição Federal de 1988, mas não de forma tão forte como se esperava”, afirma Marcelo Ridenti, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Campinas (Unicamp). Apesar das expectativas frustradas, são inegáveis os avanços obtidos pelo país pós-redemocratização. Além da liberdade, um direito de importância incalculável, o Brasil erradicou a fome, diminuiu a pobreza, universalizou o acesso à escola. Conseguiu driblar a hiperinflação, trocou cinco vezes de moeda estabilizando-a no final da década de 1990, galgou posições na economia mundial. O jogo político é o que talvez não tenha evoluído a contento, comenta Ridenti.

“Especialmente depois do impeachment do Collor, criou-se um modus vivendi que leva os políticos a darem muita importância em assegurar a governabilidade, com amplas alianças e negociações que não são muito limpas. Isso faz com que não notem o que acontece na base da sociedade. Os protestos do ano passado são um exemplo dessa política institucional que se faz hoje”, critica o professor da Unicamp. Ridenti ressalta que a campanha pelas Diretas Já é um marco não só pelo que reinvidicava, mas sobretudo pela quantidade de gente que se mobilizou. Depois do comício na Praça da Sé, o movimento se espalhou pelo Brasil. “Foi uma febre no país inteiro.”

Cidades grandes, de médio porte e até pequenas, como Poços de Caldas (MG), foram palco da mobilização. A conta oficial varia entre 32 a 41 comícios. O maior deles levou mais de um milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú, no Centro de São Paulo. Em Belo Horizonte, pelo menos 400 mil ocuparam a Avenida Afonso Pena. De mãos dadas, com papeis amarelos, cor do movimento, caindo do céu, as pessoas choravam e cantavam. Personalidades do mundo artístico e esportivo participaram em peso. Além da cantora Fafá de Belém, que se tornou ícone da campanha, as atrizes Christiane Torloni e Irene Ravache, os cantores Chico Buarque e Elba Ramalho, a escritora Lygia Fagundes Telles, o jogador Sócrates foram participantes ativos da empreitada.

FRUSTRAÇÃO Apesar de toda a pressão popular, a campanha pelo voto direto para as eleições presidenciais foi frustrada pela rejeição, na Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda Constitucional apelidada com o nome do autor, Dante de Oliveira. O parlamentar matogrossense queria alterar dois artigos da Constituição de 1967 para reintroduzir o voto direto na escolha para chefe do país. Mas, em abril de 1984, por 22 votos, a matéria não passou. Eram necessários 320 deputados favoráveis para que a proposta fosse ao Senado. Só 298 votaram sim. Foram registradas mais de 100 ausências no plenário, inviabilizando qualquer tentativa de sucesso da mudança por uma via legislativa.

Com a rejeição da emenda, a saída foi encarar a eleição indireta para presidente da República em 1985. Uma negociação interna entre os oposicionistas do governo resultou na escolha de Tancredo Neves (PMDB) para disputar o cargo, no lugar de Ulysses Guimarães. O político mineiro, que se tornou uma das maiores lideranças das Diretas Já, teve como vice, na chapa, José Sarney. Tancredo, porém, nem chegou a tomar posse. Acometido por uma diverticulite, morreu em 15 e abril de 1985. Sarney tomou posse. O sonho da retomada do voto direto para a presidência só seria possível em 1989, quando os brasileiros elegeram Fernando Collor de Mello. Este ano, o país escolherá pela sexta vez, de forma direta, o presidente da República, desde 1964.

Prazo para os tribunais

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) prorrogou ontem o prazo para que os tribunais brasileiros apontem os processos relacionados às violações de direitos humanos que ocorreram durante a ditadura militar no período de 1946 a 1988. A data limite para o envio dos dados passou de 31 de janeiro para 15 de fevereiro. O procedimento das Cortes tem o objetivo de contribuir com o trabalho de investigação da Comissão Nacional da Verdade (CNV). A CNV tem até 16 de dezembro de 2014 para entregar o relatório completo sobre os delitos de direitos humanos cometidos pelo Estado no período da ditadura. O prazo anterior era 16 de maio.

Personagens no palanque

Lula
Sindicalista de expressão nacional por liderar greves no ABC paulista, Luiz Inácio Lula da Silva se tornou uma das lideranças das Diretas Já. Em 1986, elegeu-se deputado federal por São Paulo. Foi candidato ao Planalto em 1989, na primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964, vencida por Fernando Collor de Mello. Volta a se candidatar mais duas vezes, sem sucesso. Com um discurso menos radical, chegou à Presidência em 2002, cargo ocupado até 2010. Fez a sucessora, a atual presidente Dilma Rousseff. Apesar de deixar o Planalto, continua influenciando os rumos do governo.

Ulysses Guimarães
Então presidente do PMDB, Ulysses Guimarães encarnou a imagem de luta pela redemocratização do país. Quando a emenda do voto direto foi rejeitada na Câmara dos Deputados, abriu mão de sair como candidato a presidente, na eleição indireta, em 1985, em favor de Tancredo Neves, numa chapa com José Sarney como vice. Presidiu a Assembleia Nacional Constituinte, tendo deixado uma marca forte no documento chamado por ele de “Constituição cidadã”. Presidiu a Casa por três vezes. Candidatou-se à presidência em 1989. Morreu em acidente de helicóptero em 1992.

Orestes Quércia
Era vice-governador de São Paulo, estado que assumiria anos mais tarde, e apoiador das Diretas Já. Tanto que foi um dos políticos que ingressaram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para tentar levar a emenda que previa o voto direto, derrotada na Câmara, ao Senado. Sua gestão no governo paulista acabou marcada por escândalos de corrupção. Depois de deixar o Palácio dos Bandeirantes, em 1991, não se reelegeu a cargo eletivo. Tentou a Presidência da República, o Senado e o governo estadual. Quércia morreu em 2010, vítima de câncer.

André Franco Montoro
Governador de São Paulo na época, tendo derrotado Luiz Inácio Lula da Silva, Franco Montoro se firmou como um das vozes mais atuantes em prol do retorno do voto direto. Esteve em todos os grandes comícios ao lado de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Tornou-se importante articulador entre os peemedebistas. Em 1988, descontente com os rumos do partido, ajudou a fundar o PSDB. Venceu duas eleições consecutivas para deputado federal, a partir de 1995. Mas não completou a segunda legislatura, morrendo em 1999, vítima de um infarto.

Leonel Brizola
Depois de retornar do exílio imposto pelo governo militar e fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Brizola se elegeu governador do Rio de Janeiro. Depois da pressão popular, resolveu apoiar a campanha pelas Diretas Já. Em 1989, candidatou-se à Presidência, sem sucesso. Elegeu-se governador do Rio pela segunda vez. Foi derrotado de novo na disputa para presidente, recebendo número insignificante de votos. Perdeu mais três eleições para diferentes cargos. Em 2004, depois de alguns problemas de saúde, Brizola morreu, vítima de um infarto agudo.

Tancredo Neves
Com uma longa trajetória política, Tancredo Neves era governador de Minas Gerais quando a agitação política se transformou no movimento das Diretas Já. Diante da rejeição da emenda que garantiria o voto direto na Câmara dos Deputados, foi escolhido para ser o candidato à Presidência da República, no sistema indireto. Acabou eleito, em janeiro de 1985, mas adoeceu gravemente, em março, na véspera de tomar posse. Morreu 39 dias depois, vítima de diverticulite. O país chorou a morte de Tancredo.

Fernando Henrique Cardoso
Senador pelo PMDB, por ser suplente na vaga de Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso tornou-se um dos grandes articuladores da volta da democracia, garantindo que não houvesse radicalização política. Na transição do governo Collor para Itamar Franco, de quem foi ministro das Relações Exteriores, destacou-se novamente. Em 1993, assumiu a Fazenda. Começou a implantar o Plano Real. Já no PSDB, foi eleito presidente da República. Reelegeu-se para mais um mandato. É reconhecido tanto pela vida política quanto pela produção acadêmica.

Ricardo Ribeiro
Então presidente nacional do PTB e deputado federal, ele foi um dos oradores da noite que reuniu uma multidão no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Anos depois, resolveu deixar de disputar cargos e eletivos e se dedicar ao esporte. Foi um dos presidentes do Botafogo de Ribeirão Preto.

O câncer à flor da pele

O câncer à flor da pele 
 
Verão é tempo de lembrar velhas dicas para tomar sol
Victor Hugo Rodrigues

Oncologista, diretor do Cetus-Hospital Dia de Betim, medicina oncológica

Estado de Minas: 24/01/2014


Verão é tempo de aproveitar o sol, os parques, as atividades ao ar livre e, claro, o destino preferido dos mineiros: a praia. A época do ano em que o sol está mais presente na rotina das pessoas é também a mais perigosa quando o assunto são as doenças de pele, especialmente, o câncer. O câncer de pele pode ser dividido em não melanoma, mais frequente no Brasil e menos agressivo, correspondendo a 25% de todos os tumores registrados no país, e o melanoma, tão raro quanto perigoso. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que mais de 180 mil novos casos de câncer de pele não melanoma acometam a população brasileira de ambos os sexos em 2014. A exposição solar constante submete a pele a alterações que favorecem o surgimento acelerado de rugas, ressecamento, aspereza, manchas, vasos e lesões que podem ser benignas, pré-malignas ou malignas. Por isso, é quase redundante lembrar que o uso do filtro solar é um fator de prevenção acessível e extremamente necessário.

A radiação solar, entretanto, não é o único desencadeador do câncer de pele. Qualquer radiação ionizante, como raios X, pode gerar quadros de câncer. O bronzeamento artificial também se configura como fator de risco, especialmente para os jovens. Estudo desenvolvido nos Estados Unidos pela Clínica Mayo mostrou que entre 1970 e 2009 as taxas de melanoma aumentaram oito vezes entre mulheres e quatro entre os homens. Infecções virais por HPV e alterações genéticas também estão entre os causadores do câncer de pele. Os sintomas iniciais do câncer de pele são quase imperceptíveis. Após algum tempo de desenvolvimento da doença é que podem começar a aparecer manchas de cor avermelhada ou escura na pele, de crescimento lento, porém progressivo. É possível também que as manchas tenham aspecto de feridas de difícil cicatrização, que coçam, sangram ou apresentam alterações de cor, consistência e tamanho. Assim, os cânceres de pele podem apresentar sintomas e características diversas, daí a importância de procurar um médico sempre que notar uma lesão nova ou quando as manchas antigas sofrerem algum tipo de alteração. Apesar da demora para o surgimento das manchas, o diagnóstico precoce do câncer de pele favorece o tratamento. Como as lesões costumam aparecer em lugares bastante visíveis do corpo, elas são rapidamente percebidas pelo paciente. Cabe, então, a ele ter a iniciativa e a responsabilidade de procurar o dermatologista para checar a origem da lesão.

É possível que o percentual de cura do câncer de pele não melanoma chegue a 90% dos casos, quando diagnosticado em tempo e tratado corretamente, com a retirada do tumor e a reconstituição do lugar afetado. Nesse contexto, algumas dicas – velhas conhecidas da população – continuam em alta. Evite a exposição solar entre as 10h e as 15h e use filtro solar com fator de proteção adequado para cada tipo de pele; evitar queimaduras de sol, especialmente, na infância e na adolescência é fundamental para não se expor aos riscos; os raios ultravioleta das câmaras de bronzeamento podem ser evitados; e, por fim, não deixe o dermatologista à sua espera. 

Carlos Herculano Lopes-A mulher na sacada‏

A mulher na sacada 
 
"Por um momento, fazendo-o estremecer ainda mais, o homem achou que ela pudesse pular"

Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 24/01/2014


O homem estava sentado no banco de uma praça, esperando por uma amiga, quando de repente, ao levantar os olhos, estes se depararam com uma mulher que, num prédio em frente, havia chegado à sacada do apartamento. No 10º andar, talvez. Pela maneira como se encostou na mureta e olhou para baixo, ele suspeitou que alguma coisa de muito estranho devia estar acontecendo. Nuvens negras passeavam pelo céu. Numas árvores próximas onde se encontrava, alguns melros começaram a cantar.

Perto dali, duas crianças, donas da inocência do mundo, andavam de bicicleta, vigiadas de perto pela mãe, que ia indicando com o braço estendido os lugares a serem seguidos. Não cabiam em si de tanta felicidade e o pai, com uma câmara na mão, quem sabe para mostrar a elas um dia, ia documentando tudo. Mais adiante, alguns moradores de rua dividiam uma garrafa de bebida e batucavam em latas.

Mas os olhos e pensamentos daquele homem, por mais que quisesse, não conseguiam se desviar daquela mulher na sacada. Talvez morasse ali ou estivesse visitando alguém. Ela parecia absorta, como que alheia a tudo, enquanto olhava para baixo. Pelo menos foi isso que, naquele instante, veio à cabeça do homem, que a observava assustado. Voltaram também, sem que tivesse nenhum controle, amargas lembranças, contra as quais, sem nenhum sucesso, há anos ele vinha lutando.

Nos instantes seguintes, junto a um trovão que estremeceu tudo ao redor, um estremecimento maior ainda tomou de assalto seu coração: aquela mulher, que ele continuava a olhar – seria imaginação sua? – num gesto brusco, como se já houvesse se decidido, se debruçou na sacada do apartamento. Meio corpo ficou para fora, oscilando contra a força do vento, que parecia, com um poder invisível, querer sugá-la, empurrando-a para o abismo. Por um momento, fazendo-o estremecer ainda mais, o homem achou que ela pudesse pular. “Meu Deus...”, disse baixinho, e fechou os olhos, com medo de que fosse verdade.

Minutos depois, ainda sem coragem de abri-los, foi surpreendido pela voz da sua amiga, a doce Maria Tereza, que da sua vida tudo sabia, pois desde crianças se conheciam e conviviam, sem nunca terem se separado: “Em que mundo você está, Ricardo? Toma tento, meu moço, deixa de ficar pensando bobagens...”, ela disse, e sorriu, enquanto, com a suavidade de sempre, se curvava para beijá-lo.

Foi então que aquele homem, como se estivesse voltando de um sonho ruim, abriu outra vez os olhos e os correu ao redor: já não viu as crianças, que pouco antes estavam ali, andando de bicicleta, sob os cuidados da mãe. Nem os mendigos que tomavam cachaça e batucavam. Também não ouviu o canto dos passarinhos que se equilibravam nos galhos das árvores. E muito menos – para seu alívio e estranha sensação de paz – aquela mulher, cuja metade do corpo, pouco antes, oscilava na sacada do prédio.