quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Jornalismo, ética e segurança pública - Claudio Beato


CLAUDIO BEATO
Jornalismo, ética e segurança pública
Vítima do sensacionalismo, vejo como a imprensa contribui com o baixo nível do debate. Em vez de investigar, busca manchetes de efeito com valor efêmero
Na última segunda-feira, dia 19, a Folha publicou uma entrevista comigo. A sua chamada na Primeira Página: "País deve negociar com criminosos, afirma sociólogo", atribuindo-me posições que me são completamente estranhas.
Jamais diria uma sandice destas.
O objeto de minha análise girou em torno de vários temas relativos à crise estrutural que estamos vivendo na segurança pública. De forma muito secundária, falei sobre como são utilizados estratégias de mediação de conflitos e negociação por parte das organizações que atuam no setor de segurança.
Negociação é o que a polícia faz através de profissionais numa rebelião em presídio para não ter que matar mais de uma centena deles. Mediação é o que fazem ONGs e igrejas com membros de gangues e quadrilhas em conflito. Eu me referi à realidade que ocorre tanto em outros países como também, de forma pontual, no Brasil. Jamais afirmei que isto deveria ser utilizado como estratégia ou política pública, muito menos através do Estado.
Quando saiu a publicação, fiquei surpreso porque se confundiu deliberadamente mediação com negociação, e não foi feita referência aos diversos temas e propostas que estavam sendo discutidos. Fui vítima do sensacionalismo do título que terminou desconstruindo totalmente minha fala a ponto de quase ninguém ler o que estava sendo dito na entrevista.
Afora as implicações éticas, é interessante notar o processo social que este tipo de jornalismo suscita.
Após a publicação da entrevista, o site da Folha publicou mais de 400 comentários de internautas que, além de ameaças, adjetivos e palavrões, muito pouco se debruçavam sobre o texto da entrevista.
Como de praxe, houve a reafirmação de posições corporativas rechaçando a presença de agentes externos para discutir o tema. Tenho acompanhado as discussões em blogs e redes sociais. Salvo notáveis exceções e afora as ameaças explícitas, o tom é muito parecido. São raros os debates racionais e com base minimamente científica na segurança.
Será este é o público que estamos informando para debater temas de segurança pública? Estamos condenados às trevas da truculência e ameaças ao tentar discutir soluções mais além das corporações ou dos eventos episódicos?
O que eu não havia me dado conta ainda é o quanto nossa imprensa contribui para esse nível de debate.
Sempre soube que ela era parte importante do problema de segurança pública, pois não reflete de forma mais arguta sobre os graves problemas estruturais que vivemos no Brasil. Se tomarmos os recentes eventos de São Paulo, por exemplo, ainda não vi uma matéria que busque compreender as raízes mais profundas da crise ou a real dimensão dela.
Nossa estrutura de segurança pública é disfuncional, pouco efetiva, bastante descrita na imprensa -mas raramente analisada. Abdica-se da investigação jornalística para lançar mão de "especialistas", autoridades e denúncias na busca de "furos" e manchetes de efeito efêmeras, mas com consequências perversas na construção de nossa cidadania incompleta.
Eis um setor da administração pública que se beneficiou pouco com a democratização brasileira: a segurança pública. Ela ainda é isolada, pouco transparente, avessa a debates e sem nenhum sentido de prestação de contas acerca do que fazem.
Se por um lado a imprensa teve o importante papel de denunciar suas mazelas, acabou sendo contaminada pelo espetáculo e sensacionalismo de nossas misérias cotidianas.
Nós, "especialistas", terminamos sendo algumas vezes vitimas involuntárias. Expostos de forma desnecessária, através de fotos e manchetes que desconstroem completamente o conteúdo do que dizemos em favor do espetáculo, acabamos alvos da irracionalidade e ira reinantes.
Os danos são irreparáveis, e as sequelas mais profundas do que o protagonismo de atores individuais.
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Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

    Despedida de um doce homem - Marina Colasanti‏


    Estado de Minas: 22/11/2012 
    E assim, sem aviso prévio, sem possibilidade de despedidas, num susto quase, Alcione se foi. Tomou a barca na mesma terra sem mar em que havia chegado há 67 anos, soltou os pés do chão de Minas. Para trás ficaram as crônicas das segundas-feiras e as amizades de todos os dias. 

    Era dois esse homem, porque o corpo de ossos largos e o olhar seguro lhe garantiam um jeito taurino de ser, enquanto a alma delicada e a ternura do sorriso lhe conferiam uma finura de donzela.

    Eu lhe queria bem, e ainda lhe quero, embora já não possamos trabalhar juntos, e rir e conversar como fizemos tantas vezes.

    Um dia – estávamos em Belo Horizonte para um encontro literário – me surpreendi ao vê-lo com uma aparência estranha, quase de vampiro. Estava mais pálido, e dos cantos da boca descia um rastro vermelho, de carne viva. Parecia coisa de cinema, mas era bem mais simples, embora absolutamente inusitado. “Foram as maçãs, – me explicou quando perguntei como ele havia se ferido daquele jeito –  dou dinheiro à empregada para ela comprar maçãs, ela enche uma vasilha que deixa em cima da mesa, e eu vou tirando e comendo”. Disse assim, minimizando com a maior naturalidade. Não disse, e eu soube depois por um amigo comum, que eram muitas maçãs por dia, bem mais do que o aconselhável, substituindo por vezes refeições inteiras. Alcione só descobriu o poder de acidez das maçãs quando sua boca rachou e ele procurou um médico.

    “As mulheres, Marina – me disse de outra vez, e mais de uma vez, com tom entre melancólico e ressentido – só estão interessadas em homens ricos e bonitos.” Sabíamos os dois que não era isso o que queria me dizer. Se fosse, ele estaria cometendo uma indelicadeza, sendo eu a pessoa menos indicada para receber semelhante afirmação. O que estava me dizendo é que se sentia feio, que se sabia não rico e, sobretudo, que estava desejando tanto encontrar um amor. Dessa maneira transversal, tão mineira, me dizia ainda que tinha muito mais para oferecer do que beleza e dinheiro, bastava que alguém o olhasse com aquela atenção especial com que se olha quem se quer amar. Era essa delicadeza, essa busca de um olhar especial, que sua frase aparentemente agressiva encobria. 

    Nossos encontros aconteceram sempre ao redor da leitura. Feiras de livros, congressos, encontros de professores, formação de leitores. Nesta frente de batalha, Alcione era bem mais que um soldado, era um general. Eu o vi em ação muitas vezes, comandando palco e plateia com voz profunda, trabalhando na justa medida seu humor morde e assopra, encantando públicos exigentes como o de Passo Fundo, de cuja Jornada Literária foi durante anos uma das lideranças. Tinha, para a literatura, vocação e fé.

    A fé havia sido comprovada há tempos por um fato de que ele se orgulhava. Quando sua mulher estava grávida da sua filha Carolina, Alcione com frequência e regularidade se achegava à barriga e contava ou lia para ela contos de fadas. Fazia a leitura completa, em voz alta, seguro de ser ouvido. E ouvido foi, senão no significado, certamente no som das palavras. Pois, nascida a menina, bastava para acalmar seu choro ou para tranquilizá-la na hora do banho que o pai começasse a contar aquelas mesmas histórias com que a havia acalentado no ventre materno.

    A questão dos mandatos - Tereza Cruvinel‏

    Nas próximas horas, o senador Aécio Neves terá aquela conversa reservada com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na qual perguntará, olho no olho, se ele tem alguma pretensão à candidatura presidencial 

    Tereza Cruvinel
    Estado de Minas: 22/11/2012 0
    Ainda não foi ontem que o Supremo Tribunal Federal  (STF) deliberou sobre as penas dos réus que são deputados federais (ou virão a ser, como José Genoino, que assumirá como suplente em janeiro), enfrentando o delicado tema da cassação dos mandatos. À primeira vista, a questão prenuncia um atrito entre o Judiciário e o Legislativo, compreensão que decorre da desinformação criada pelo próprio STF a respeito. Na semana passada, o ministro Joaquim Barbosa tentou, sem sucesso, antecipar o assunto para que o presidente que se retirava, Ayres Britto, pudesse votar. Ontem, colocou em pauta a dosimetria das penas de outros réus. Hoje, assume a presidência da Corte e, na próxima semana, deve apresentar a questão ao plenário.

    Explicações dadas à coluna pelo ministro Marco Aurélio Mello jogam luz sobre esse problema, que já foi tratado aqui e em outros espaços da mídia política como augúrio de crise e confusão. De acordo com o ministro, não há confusão, mas desinformação a respeito. Tudo começou quando o ex-ministro Cezar Peluso, ao se aposentar no fim de agosto, deixou expressa a dosimetria para os réus das primeiras “fatias” do julgamento da Ação Penal 470, da qual chegou a participar. E, ao apenar o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), determinou prisão, multa e perda do mandato. Em seguida, o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), fez manifestações no sentido de que cabe à Câmara, de acordo com o artigo 55 da Constituição, deliberar sobre a perda de mandato de membros da Casa. O referido artigo cita as seis condições em que o deputado federal perderá o mandato, entre as quais se inclui aquele que “sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado”. A cassação por esse motivo e por outras duas razões, diz o artigo, “será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa”.

    Segundo o ministro Marco Aurélio, a prerrogativa será mesmo da Câmara caso o STF não inclua a perda de mandato entre as penas dos condenados que são deputados: Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), além de João Paulo Cunha e Genoino, depois que assumir. O que a Constituição está determinando neste artigo, diz o ministro, é que a Câmara e o Senado examinem a eventual cassação de todo parlamentar que tenha sido condenado pela Justiça, por qualquer motivo, já tendo a sentença transitado em julgado, ou seja, vencidas todas as possibilidades de recursos e alterações. “Se um deputado for condenado porque atropelou alguém e foi considerado culpado, a Câmara provavelmente não o cassará por isso, mas terá que examinar o caso.” Muito diferente, diz Marco Aurélio, será a situação em que o próprio tribunal determinar a perda do mandato como parte da pena. “Nesse caso, a implementação da pena será automática. Do contrário, a abertura de um processo pelas casas parlamentares para confirmar a sentença do Supremo configuraria uma expropriação de prerrogativas do Judiciário”, diz ele.

    Nesta altura, já está clara a inclinação de Barbosa para incluir a perda de mandato entre as penas dos réus deputados. Não se pode ainda afirmar que uma maioria estaria disposta a segui-lo, mas é provável que ela se forme. Já existe o voto favorável de Peluso. 

    A explicação é razoável, mas mesmo assim persiste o risco de impasse: se a Câmara não concordar com essa exegese, a quem poderia recorrer?

    O caminho de Aécio

    Nas próximas horas, o senador Aécio Neves terá aquela conversa reservada com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na qual perguntará, olho no olho, se ele tem alguma pretensão à candidatura presidencial. Pois, se não tiver, o senador mineiro apreciaria que ele externasse então que apoia seu nome, pondo fim a boatos e ambiguidades.

    Mas talvez não sejam necessárias agora as manifestações de apoio que coloquem, com muita antecedência, a candidatura do mineiro na roda. A proposta de que Aécio seja eleito presidente do partido em maio partiu do ex-presidente Fernando Henrique e ganhou outros apoios no PSDB. Ficaria claro, para gregos e troianos, que o partido está com ele. E não seria necessário jogá-lo tão cedo na arena sangrenta da disputa. Ao mesmo tempo, ele seria favorecido com aparições na TV e toda a projeção que o cargo propicia.

    O que é isso, companheiros?

    Um grupo do PMDB, liderado pelo deputado Eduardo Cunha (RJ), apresentou um abaixo-assinado tentando antecipar, para meados de dezembro, a escolha do novo líder da bancada, que sucederá a Henrique Eduardo Alves (RN). Como a eleição para a Presidência da Câmara — que Henrique disputará — só acontecerá em fevereiro, ele seria apeado da liderança com antecedência. Uma perda de poder que certamente enfraqueceria sua candidatura.

    Os seguidores de Henrique, que são maioria na bancada, contra-atacaram com outro abaixo-assinado, pregando a eleição do novo líder só depois da eleição dos membros da Mesa. Cunha e seus amigos são minoria, mas a movimentação não é alvissareira para Henrique.


    Ouro Preto é a capital dos livros - Carlos Herculano Lopes‏

    Fórum das Letras http://www.forumdasletras.ufop.br/  reúne alguns dos mais importantes escritores brasileiros em Minas 

    Carlos Herculano Lopes
    Estado de Minas: 22/11/2012 
    No seu giro pelo Brasil para a divulgação de O livro das horas, lançado recentemente pela Editora Record, a romancista Nélida Piñon confirmou presença hoje em Ouro Preto, na abertura do Fórum das Letras, que vai até domingo. Na ocasião, a escritora, que é imortal da Academia Brasileira de Letras, da qual já foi presidente, vai falar sobre seu método de trabalho e os livros que estão traduzidos em diversas línguas. Por lá vão passar autores como João Gilberto Noll, Antônio Cícero e Luize Valente.

    Para a idealizadora do encontro, a professora Guiomar de Grammont, a ênfase este ano é valorizar os autores brasileiros, ao contrário de encontros anteriores, quando foram convidados vários estrangeiros. “Queremos cada vez mais contar com nossos romancistas e poetas em vez de tentar trazer estrelas de fora. Estou na melhor das expectativas, e tenho certeza de que, também desta vez, conseguiremos realizar um ótimo fórum, com troca de ideias e interação entre convidados e o público”, diz Guiomar.

    Troca de ideias Além dos debates e palestras, serão discutidas até domingo as diversas maneiras de se fazer um livro, com possibilidades ampliadas com o advento da internet. Para falar sobre o tema, que interessa sobretudo aos escritores em início de carreira, foram convidados profissionais de várias editoras, como a Civilização Brasileira, Record, Nova Fronteira, Cosac & Naify e Autêntica. 

    Coordenado pelos professores Marta Maria e Reges Schwaab, o Ciclo de jornalismo vai contar com Alexandra Coelho, correspondente do jornal O público, de Lisboa; Mário Magalhães, que acaba de lançar O guerrilheiro que incendiou o mundo, que conta a história de Carlos Marighella; e a professora Cristiane Costa (UFRJ). Esta será uma boa oportunidade para estudantes, sobretudo de comunicação social, que terão a oportunidade de ter um encontro direto com profissionais da área. 

    Já o Fórum das Letrinhas, coordenado pela professora Tereza Gabarra, reservou uma programação especial para as crianças, com oficinas, contação de histórias, peças de teatro e muito mais. “A proposta é trazer cada vez mais o público infanto juvenil para este fascinante universo do livro e das palavras”, justifica a professora. Estão programadas também homenagens especiais ao poeta Affonso Ávila, que morreu recentemente, e ao romancista curvelano Lúcio Cardoso, pelo seu centenário de nascimento. 

    Fórum das Letras

    Até domingo, em Ouro Preto, com palestras e debates no Cine Vila Rica 
    (Rua Vereador Antonio Pereira, 33) e eventos paralelos no Anexo do Museu da Inconfidência, na Tenda do Trem da Vale, e 
    no Grêmio Literário Tristão de Athayde (GLTA). 
    Entrada franca. Informações: (31)2535-5257 e www.forumdasletras.ufop.br 

    Programação
    Hoje

    Trem literário – 
    O menino que amava trens
    Partidas às 8h30 e às 13h30, da Estação Mariana; 11h e 16h, da Estação Ouro Preto

    >> 9h30 -Espetáculo Conto um canto, canta um conto – Fórum das Letrinhas
    >> 14h-Oficina A editoração de livros científicos – Anexo do Museu da Inconfidência 
    >> 15h30-Oficina Desafios da editoria de não ficção no Brasil  Museu da Inconfidência
    >> 19h -Abertura oficial e conferência “O livro das horas” – Cine Vila Rica 


    Amanhã

    >> 9h30-Conversa com o autor e esquete teatral do livro Uma janela entre dois amigos – Tenda do Trem da Vale 
    >> 10h30-Ciclo jornalismo e literatura – GLTA
    >> 14h-A menina que morava no livro, com a Trupe Maria Farinha–    Tenda do Trem da Vale,
    >> 14h-Oficina A importância do marketing na comercialização do livro – Museu da Inconfidência
    >> 15h30-Oficina O livro nas livrarias: comercialização e distribuição – Museu da Inconfidência
    >> 18h-Encontro Andar entre livros  – Leitura em família, com a Trupe Maria Farinha – Tenda do Trem da Vale
    >> 17h30 -Como publicar o primeiro livro – Cine Vila Rica
    >> 19h-Dificuldades na produção de um ensaio  – Cine Vila Rica

    CIÊNCIA » Notícias do novo vizinho - Max Milliano Melo

    Estudo feito com participação de brasileiros traz as primeiras informações sobre Makemake, planeta-anão do Sistema Solar descoberto em 2005 

    Max Milliano Melo
    Estado de Minas: 22/11/2012 

    Quando pensa no Sistema Solar, muita gente imagina apenas o Sol, a Terra, a Lua e mais sete planetas, além de Plutão, reposicionado na categoria de planeta-anão alguns anos atrás. O que poucos sabem é que essa região do espaço tem muitos mais moradores. Asteroides e outros planeta-anões convivem com mais de uma centena de luas, cometas e outros corpos menores. Uma pesquisa divulgada na edição de hoje da revista Nature, com ampla participação de brasileiros, traz novidades sobre um dos menos conhecidos habitantes da vizinhança espacial: Makemake. 

    O planeta-anão foi descoberto em 2005 por cientistas norte-americanos. Por isso, o estudo publicado hoje é importante, já que se trata do primeiro grande artigo sobre a atmosfera e o albedo (brilho), do corpo. “Ao contrário de Plutão, Makemake não parece ter uma atmosfera que se estenda por toda a superfície”, explica o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpa) André Milone, um dos autores da pesquisa. “Isso não significa, contudo, que ele não tenha algum tipo de atmosfera.”

    Em planetas relativamente próximos de suas estrelas — como a Terra —, uma série de substâncias são aquecidas e tornam-se gasosas, formando a atmosfera. Quando a distância em relação ao Sol é muito grande, nem sempre a temperatura é alta o suficiente para manter a estrutura. “Assim, dependendo do seu ciclo, Makemake pode tê-la ou não”, conta Milone, explicando que, nos períodos em que o planeta-anão fica mais distante do Sol, sua atmosfera se torna uma camada de gelo na superfície.

    Após analisar dados do astro, colhidos em abril, quando ele passou na frente de uma estrela, os pesquisadores elaboraram a hipótese de que algumas regiões, submetidas a temperaturas mais altas e a pressões mais baixas, poderiam desenvolver alguma forma de atmosfera, que existiria apenas em algumas épocas do ano. “A descoberta será muito útil para compreendermos os processo físicos a que estão sujeitos esses objetos”, explica Felipe Braga-Ribas, doutorando brasileiro no Observatório Nacional e no Observatório de Paris.

    A ausência de uma atmosfera permanente seria uma das justificativas para o alto brilho de Makemake. Ele tem um albedo bem mais forte que o de Plutão, mas mais fraco que Éris, outro planeta-anão. “Ele tem gelo em sua superfície, que reflete a luz do Sol. Outros minerais em sua composição o deixariam com uma cor clara”, conta o especialista do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, Júlio Camargo.

    Mas se o planeta-anão é tão pequeno, frio e distante, por que estudá-lo? Segundo Camargo, olhar para ele é uma forma de compreender a origem da Terra. “Esses corpos mudaram pouco desde a formação do Sistema Solar”, explica o pesquisador. “Assim, podemos entender melhor o caminho percorrido durante a formação de outros planetas, incluindo a Terra”, completa.

    Descoberta substância ligada ao sono exagerado - Paloma Oliveto‏

    Proteína pode agir como sonífero natural e causar a hipersônia, doença que leva pessoa a dormir por mais de 20 horas seguidas 

    Paloma Oliveto
    Estado de Minas: 22/11/2012 

    Dormir pelo menos oito horas por dia é o sonho dos insones e, ao mesmo tempo, o pesadelo de quem sofre de hipersônia, uma condição na qual o paciente sente dificuldade para se manter acordado. Seja na escola ou no trabalho, a pessoa pode cochilar e ficar assim por bastante tempo. Estima-se que os pacientes passem até 75 horas semanais adormecidos e, apesar disso, se sentem extremamente cansados quando despertam. O problema afeta a vida social e a produtividade, além de representar um risco, já que, mesmo dirigindo, pegar no sono pode ser inevitável.

    Embora não se saiba bem o que provoca a hipersônia, algumas condições como lesões cerebrais e doenças neurológicas podem desencadear o distúrbio. Nesses casos, tratá-las melhora a qualidade de vida dos pacientes. A forma idiopática da doença, porém, não tem causa conhecida e resiste a qualquer estratégia, o que transforma os pacientes em escravos do sono. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Emory (EUA) descobriu uma substância no cérebro que age como um sonífero natural, impedindo que essas pessoas se mantenham acordadas.

    “Imaginamos que, dado o estupor ou a profunda sonolência dos pacientes, havia algo em atividade (no cérebro), forçando-os a dormir”, explica David B. Rye, professor de neurologia e diretor do centro de pesquisa do Programa de Saúde do Sono de Emory. Ele faz analogia a um carro que, mesmo com gasolina, não consegue acelerar – nem a anfetamina, droga sintética que estimula a atividade cerebral, ajuda os pacientes a dormir menos. “É como se o freio estivesse travado, precisando ser liberado”, compara. 

    As suspeitas recaíram sobre o Gaba, neurotransmissor considerado o principal inibidor do sistema nervoso central. Ele diminui o estado de excitação e provoca uma sedação natural – algumas drogas como álcool e tranquilizantes potencializam seu efeito, deixando a pessoa mais sonolenta. Isso fez os pesquisadores imaginarem que alguma substância presente no cérebro teria ação semelhante, impedindo a mediação do Gaba e, consequentemente, deixando os pacientes eternamente sedados. Restava saber qual era esse vilão.

    Para encontrá-lo, os pesquisadores investigaram o líquido cerebrospinal de voluntários diagnosticados com hipersônia idiopática e de voluntários saudáveis. Esse fluido circula do cérebro à medula espinhal carregando resíduos das reações químicas cerebrais. O estudo mostrou que no caso dos que sofrem de hipersônia, uma molécula – provavelmente um peptídeo – age de forma muito parecida a medicamentos como Diazepam, Midazolam e Zolpidem. Esses ansiolíticos deixam as pessoas sonolentas, pois diminuem a excitação do sistema nervoso central. A molécula, ainda não identificada, estaria fazendo a mesma coisa, aumentando o potencial de ação do Gaba.

    Remédio em teste Existe, contudo, um antídoto para o problema. Os pesquisadores testaram um medicamento já existente, o Flumazenil, usado para tratar overdose provocada por tranquilizantes e para acordar  quem não consegue despertar depois de uma anestesia. Sete voluntários foram tratados com o medicamento, que mostrou eficácia. É a primeira vez que essa forma do distúrbio, cuja origem pode ser genética, responde a algum tipo de tratamento.
    De acordo com David Rye, um dos entraves é encontrar uma companhia farmacêutica disposta a investir nesse mercado. “Na América do Norte, há uma companhia que produz o medicamento, e são apenas 50g de Flumazenil por ano.  Só uma paciente nossa precisa ingerir em um ano 12g.”

     Diagnosticada em 2009 com hipersônia idiopática severa, a estudante de artes Anne (nome fictício, a pedido da entrevistada), de 22 anos, diz que está desesperada com a falta de tratamento para seu caso. A jovem, que participa do Experience Project, organização dos EUA que oferece ajuda a pessoas que sofrem algum tipo de distúrbio neurológico ou mental, afirma que se sente uma “Bela Adormecida esperando pelo final feliz”. Ela já tomou dois medicamentos contra o problema que foram ineficazes. “Da segunda vez, o remédio parou de funcionar e eu simplesmente não conseguia me concentrar. Fiquei desempregada e, um dia, cheguei a dormir 22 horas seguidas, acordei por meia hora e voltei a dormir.”
    Poul Jennum, pesquisador da Universidade de Copenhague e autor do mais completo estudo sobre as consequências econômicas do distúrbio, constatou que 47% dos pacientes precisam de algum suporte financeiro do governo. “A falta de tratamento faz da hipersônia um dos mais graves distúrbios do sono. Além da alta taxa de internação hospitalar, descobrimos que o desemprego é 30% maior quando a doença não é tratada”, conta Jennum.

    Filho de José Alencar na área - Alessandra Mello‏

    Josué Gomes da Silva, herdeiro do ex-vice-presidente da República, já é citado nos bastidores como possível nome do PMDB para disputar o governo de Minas em 2014 

    Estado de Minas - 22/11/2012

    Alessandra Mello
    Os eleitos em outubro nem tomaram posse ainda e já começam as especulações sobre a disputa de 2014 pelo governo de Minas Gerais. Entre alguns possíveis candidatos já cotados – como o presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro (PSDB), o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP), o ministro de Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), e o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), surge uma novidade: Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente da República José Alencar, falecido ano passado. Sua candidatura contaria com a simpatia e o dedo da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

    Atualmente Josué mora em São Paulo onde administra o império têxtil construído pelo pai, que sempre nutriu o desejo de ser governador de Minas. Alencar disputou o cargo em 1994 pelo PMDB, mas acabou em terceiro lugar. Nas eleições de 2010, o nome do ex-vice-presidente foi cotado para o governo do estado, com o aval do então presidente Lula, mas problemas de saúde fizeram com que ele desistisse da disputa. As articulações para convencer o empresário a topar a empreitada vêm sendo feitas. 

    O presidente do PMDB, Antônio Andrade, disse que já ouviu conversas a respeito das articulações em torno do nome de Josué, mas segundo ele o partido já tem candidato ao Palácio da Liberdade: o senador Clésio Andrade, recentemente filiado à legenda. O ex-secretário-geral do PMDB Armando Costa disse que Josué ainda não é filiado, mas que o convite para que ele entre para o PMDB, partido do coração de seu pai, segundo ele, já foi feito. “Ele teria todas as condições de ser candidato a qualquer cargo”, defende Costa, que foi fiel escudeiro de Alencar durante todo o tempo em que ele era filiado ao PMDB. 

    Alencar entrou no partido em 1993 e deixou a legenda em 2001 depois da derrota de Armando Costa na disputa pelo comando do PMDB para o grupo ligado ao hoje deputado federal Newton Cardoso. Alencar, na época senador, já tinha rompido com o então governador Itamar Franco por divergir da forma como ele conduzia sua administração. 

    O secretário-geral do PSB, Mário Assad, que também era próximo de Alencar, disse ter sido pego de surpresa por essa possibilidade. Para ele, ainda é muito cedo para discutir 2014. “Tanta coisa ainda pode acontecer”, comenta. Apesar disso, as conversas em torno da possível candidatura de Josué não descartam a hipótese  de ele, se aceitar entrar na disputa, também disputar pelo PSB. 

    Empresário de sucesso, dirigente na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), parecido com o pai no semblante e no timbre de voz, Josué poderia ser o nome para unir PT e PMDB e se contrapor ao candidato que será apoiado pelo senador Aécio Neves (PSDB), provável adversário de Dilma na disputa pela Presidência da República em 2014. O Estado de Minas tentou falar com Josué sobre as especulações em torno de seu nome, mas ele não foi localizado na sede da Coteminas, em São Paulo. O assessor dele, Adriano Silva, que foi chefe de gabinete de Alencar na Vice-Presidência da República e trabalhou com ele durante cerca de 30 anos, disse desconhecer essas conversas. Garantiu apenas que Jousé não é filiado a nenhum partido político. 

    Ministro Em entrevista no início do mês passado à revista Isto É Dinheiro, Josué Gomes admitiu a possibilidade de ingressar na política. “Não há atividade mais nobre que a política. Se algum dia eu tiver condições de prestar algum serviço na política, o farei com orgulho e honra”. Disse ainda que aceitaria um convite para ser ministro, como aconteceu com o empresário Luiz Fernando Furlan, que comandou no governo Lula o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “Não sei se eu tenho as qualificações do Furlan, que desempenhou um papel espetacular para o Brasil. Mas não descarto um convite para ser ministro”. 

    TV PAGA

    Estado de Minas - 22/11/2012

    De dar água na boca

    Não é aconselhável ficar parado em frente da TV comendo pipoca, balas e chocolate. Mas que a fome aperta, ah!, isso é verdade. Ainda mais assistindo a programas como Desafio culinário, que estreia às 20h30 no canal TLC, com o jovem chef Aaron Craze correndo o mundo atrás de novas receitas, incluindo o Brasil nas suas viagens, com uma passagem pelo Restaurante Zuka, de Ludmila Soeiro, no Rio de Janeiro. E mais: às 22h, no canal Bem Simples, tem episódio duplo de Cozinha caseira, com Carole Crema e seus convidados ensinando a fazer um caldinho de mandioquinha, bavaroise de café com leite e capuccino Romeu e Julieta. No canal GNT, mais três atrações: Cozinha prática, com Rita Lobo, às 20h45; Diário do Olivier em Shanghai, às 21h; e Totia Meireles e Jaime Rabacov no Que marravilha!, às 21h30.

    A ciência pode explicar 
    os fenômenos naturais


    No canal BBC HD, estreia, às 21h, a quinta temporada de Bang! Nos limites da ciência, que se dedica a comprovar descobertas e princípios científicos, explicando o mundo atual. Os jovens Liz Bonnin, Dallas Campbell e Jem Stansfiels reproduzem experiências para mostrar como alguns fenômenos moldam o universo e as mudanças que estão por vir. 

    Documentário investiga
    mito da besta de Vosges 


    Na área rural da França, circula uma das lendas mais cultuadas da Europa, sobre uma fera não identificada que ataca e massacra incontáveis rebanhos de gado. E esse é o tema do documentário A besta do Vosges, autópsia de um rumor, que o Eurochannel exibe hoje, às 21h.

    Veja como a tecnologia 
    faz verdadeiros milagres


    Estreia à meia-noite, no NatGeo, a série Máquinas impressionantes. No primeiro episódio, “Demônios escavadores”, o assinante vai ver como funciona uma broca usada na construção do mais profundo túnel da Grã-Bretanha. Ou uma gigantesca minhoca mecânica que faz a terra mexer abaixo dos arranha-céus da Cidade do México.

    Miller encara descidas 
    radicais nas montanhas 


    Esquiadores e snowboarders desafiam a lei da gravidade em saltos nas montanhas do Chile e nos fiordes da Noruega, enfrentando perigosas avalanches nas suas descidas. O documentarista Warren Miller registrou tudo em Freeriders, atração de hoje, às 23h, no canal Off.

    Música e bom humor 
    para o assinante relaxar 


    Lulina recria os sucessos de Miriam Batucada e Ademilde Fonseca em Cantoras do Brasil, às 18h45, no Canal Brasil. Na mesma emissora, às 21h30, Tavito é o convidado de Paulinho Moska no programa Zoombido. E no Comedy Central, às 21h, Penélope Nova apresenta mais um show de stand up comedy com Daniel Duncan, Rudy Landucci e Rodrigo Capella.

    Muitas alternativas na 
    programação de filmes


    No pacote de filmes, o destaque é A negação do Brasil, de Joel Zito Araújo, na mostra Ser negro no Brasil o que é?, às 23h, no SescTV. Na Cultura, às 22h, o longa O escândalo, de Claude Chabrol, é o cartaz do Clube do filme. No mesmo horário, o Canal Brasil exibe Do começo ao fim, de Aluisio Abranches, na Mostra RioFilme. Ainda na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opões: Par perfeito, no Telecine Fun; Apollo 18 – A missão proibida, na HBO2; O vidente, no FX; 16 quadras, no Megapix; O nevoeiro, na TNT; 1911, no Space; A vingança de Wyatt Earp, no Max Prime; e A força do destino, no TCM. Outras atrações da programação: Motoqueiro fantasma, às 20h, no Universal; e Caçadores de mentes, às 22h15, na Fox.