quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

MARTHA MEDEIROS - Vaquinha

Zero Hora 29/01/2014

O site www.vakinha.com.br permite que qualquer pessoa organize uma vaquinha com um propósito determinado, desde conseguir dinheiro para a festa de formatura da filha até reformar o teto da igreja, desde reunir fundos para uma cirurgia até realizar uma viagem para conhecer o neto que nasceu em Sergipe. A pessoa estipula quanto vai precisar e, ao alcançar a quantia desejada, sai automaticamente do site – não há excedente. As contribuições podem ser feitas por boleto bancário ou cartão de crédito, e, se não estou enganada, o valor mínimo é de R$ 5.

Atualmente, há uma vaquinha em prol do dono do carro incendiado durante um protesto em São Paulo. O serralheiro Itamar Santos passava com seu velho Fusca ano 75 e mais quatro pessoas, incluindo uma criança, na Avenida Consolação, quando foi surpreendido por colchões pegando fogo no meio do caminho. Achou que conseguiria desviar da barricada, não conseguiu e, quando deu por si, o veículo estava em chamas. Foi o tempo de estacionar e retirar todos de dentro. Uma sorte terem escapado ilesos, mas o Fusca deu perda total, e o serralheiro ficou sem o carro com que entregava portões, seu ganha-pão. Agora, há uma vaquinha em benefício do seu Itamar a fim de que ele receba R$ 10 mil: R$ 7,5 mil para comprar um novo fusca e R$ 2,5 mil para cobrir os dias que está sem trabalhar. Até este momento, foram coletados R$ 2.768,50.

Esmola eletrônica, exatamente. Mas o termo “vaquinha” é mais simpático. Gosto da ideia de que cada um de nós, doando uns trocados, pode colaborar para que alguém realize um sonho (terminar a obra da casa, fazer um tratamento dentário etc) ou que seja ressarcido por uma perda, como é o caso do seu Itamar, que, se fosse esperar providências das autoridades, ficaria anos passando o chapéu nas ruas sem jamais alcançar os seus R$ 10 mil. As pessoas são mais solidárias quando conhecem o problema de quem precisa. Por isso, a vaquinha realizada através de sites e redes sociais é mais eficiente, pois ficamos sabendo para quem vai o dinheiro e que uso terá.

Você pode estar pensando que há quem se aproveite desse recurso para projetos menos nobres, como organizar um churrasco para a galera. Sem problema. O que há de estranho? A galera convidada é quem contribui e o churrasco sai. Rachar a conta é o que importa, seja pelo meio que for.

Estranho seria alguém contribuir para alguma bizarrice, tipo, sei lá, deixe-me pensar em algo bem esquisito... Imagine que alguns políticos ajudaram a fazer com que nossos impostos não fossem utilizados de forma correta, que tenham roubado dos cidadãos que neles confiaram. Imagine que esses políticos foram condenados a devolver para o país, em forma de multa, o prejuízo causado, e que eles organizassem uma vaquinha para tal. Você contribuiria? Estranho seria isso. Você estaria pagando duas vezes o mesmo imposto.

Frei Betto - Sonegação global‏

Frei Betto - Sonegação global 
 
Se os US$ 18,5 trilhões estocados em paraísos fiscais pagassem impostos, os cofres públicos recolheriam o suficiente para erradicar a pobreza no mundo


Estado de Minas: 29/01/2014 04:00


A presidente Dilma participou pela primeira vez, na terceira semana de janeiro, do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Assim como existe retiro espiritual, o evento sediado na Suíça equivale a um retiro pecuniário. Ali se reúnem os donos do mundo. Entre os quais 85 pessoas que, juntas, acumulam uma fortuna de US$ 1,7 trilhão – o mesmo valor que possuem 3,5 bilhões de pessoas, a metade da população do planeta.

Este dado acima foi divulgado, em janeiro, pela organização britânica Oxfam. Ela alerta ainda que, em 2013, o número global de desempregados atingiu a cifra de 202 milhões. Em decorrência da acumulação privada da riqueza, as bases da democracia estão sendo minadas.

O fim da Guerra Fria atenuou a tensão entre o Leste e o Oeste do mundo. No entanto, a desigualdade social crescente agrava a disparidade entre o Norte e o Sul. Segundo Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, o PIB dos países ricos está encolhendo. O da Grécia sofreu uma redução de 25% desde 2008. O do Brasil ficou em torno de 2% em 2013.

Nos EUA, segundo Stiglitz, 95% dos ganhos na economia se concentram em mãos de 1% da população, os que ocupam o topo da pirâmide social. Ele conclui: “Mesmo antes da recessão, o capitalismo ao estilo americano não estava funcionando para uma grande parte da população”. A renda média do cidadão estadunidense é, hoje, inferior à renda média de 40 anos atrás.

Ao contrário do esperado, nos últimos anos as políticas impostas pelos donos do poder só agravaram a desigualdade social, devido a fatores como desregulamentação financeira; ampliação dos paraísos fiscais e do sigilo bancário (o narcotráfico agradece); práticas comerciais anticoncorrenciais; impostos menores para os rendimentos mais elevados; e redução de investimentos em serviços públicos. Desde o início da década de 1980, dos 30 países pesquisados pela Oxfam, em 29 os ricos pagam cada vez menos impostos.

E o governo do PT, quando fará a reforma tributária tão alardeada em seus documentos e discursos originários?

Estima-se que os paraísos fiscais guardem, livres dos olhos e da boca do Leão, US$ 21 trilhões! Na Índia, como no Brasil, o número de bilionários aumentou 10 vezes na última década, graças a uma estrutura tributária fortemente regressiva. Na Europa, a crise financeira impôs austeridade às classes média e pobre, enquanto os governos socorrem com recursos públicos empresas e instituições financeiras em dificuldades. (No Brasil, a galinha dos ovos de ouro se chama BNDES.).

A miséria e a pobreza que afetam 4 bilhões de seres humanos – para os quais o capitalismo fracassou – advêm de várias causas, entre as quais se destacam a imunidade e a impunidade do crime de sonegação fiscal. A riqueza financeira líquida global (exceto imóveis) é calculada em US$ 94,7 trilhões (dado de 2012). Dos quais US$ 18,5 trilhões se encontram estocados em paraísos fiscais. Se essa fortuna avarenta pagasse impostos, os cofres públicos recolheriam US$ 156 bilhões, o suficiente para erradicar duas vezes a pobreza extrema no mundo.

O documento The price of offshore revisited, de James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, revela que os bilionários brasileiros acumulavam em paraísos fiscais, até 2010, US$ 520 bilhões (cerca de R$ 1,3 trilhão).

A Oxfam propôs em Davos algumas medidas: 1) Tributação progressiva. Quem ganha mais paga mais impostos. 2) Fim do financiamento de campanhas eleitorais por pessoas jurídicas (tomara que o STF ouça o apelo!). 3) Transparência de todos os investimentos públicos em empresas e fundos de pensão. 4) Priorizar os recursos públicos para saúde, educação e seguridade social. 5) Salários compatíveis com as necessidades vitais dos trabalhadores. 6) Acabar com a pobreza extrema no mundo até 2030 (sobrevivem na pobreza extrema todos que possuem uma renda diária inferior a US$ 1,25 (= R$ 2,95)).

Prevê-se que em 2030 estarão na pobreza extrema 342 milhões de pessoas. Hoje, são pouco mais de 1 bilhão. A redução se explica pelo aumento de recursos dos governos em políticas sociais. No entanto, não se mexe uma vírgula na estrutura capitalista que produz pobreza extrema e agrava a desigualdade social.

Duvido que os donos do mundo reunidos em Davos darão ouvidos a apelos como o da Oxfam. Walt Disney, catequista do capitalismo, retratou bem na figura de Tio Patinhas a idolatria da fortuna. Ela inebria e escraviza seus devotos. O fetiche do dinheiro cega quem o possui, embora haja exceções.

FERNANDO BRANT » É fogo‏

FERNANDO BRANT » É fogo 

 
Estado de Minas: 29/01/2014




O fogo é belo e fascina. Mas ele bem longe de nós. O fogo é medonho, aterrorizante, tudo a ver com o inferno. Houve um tempo, em minha juventude em Belo Horizonte, que não era incomum grandes prédios da avenida principal se consumirem em chamas. A notícia do incêndio se espalhava por todos os cantos e as pessoas desciam dos bairros para assistir ao espetáculo. Todos ficavam a uma distância prudente, enquanto os bombeiros trabalhavam para que a tragédia não fosse maior. O fogo na noite era uma diversão inesquecível na metrópole calma.

A descoberta do fogo acelerou a civilização humana. Podia-se comer o alimento cozido, abandonando-se a necessidade de morder o cru, o que demandava tempo e esforço muito grande. E haja dentes para se incumbir da tarefa. Nossa arcada passou a ser mais delicada, propícia mais aos beijos do que às mordidas. Digo isso e os restaurantes de comida oriental, incrustados em todas as esquinas do Ocidente, me desmentem. O chique, hoje em dia, é se deliciar com as iguarias cruas.

De minha parte, conservo o jeito tradicional. Gosto muito de verduras e legumes que não sofrem cozimento. A diferença entre o sabor de uma cenoura mastigada ao natural e uma que vai ao fogão é oceânica. Adoro o craque- craque e o sabor da primeira. Mas carne crua, desculpem-me, só a humana nos atos de amor. Não sou um carnívoro fervoroso, mas quando me sirvo de boi, porco, peixe ou frango, exijo nenhuma gordura e que se passe bem. Pra lá de welldone.

A nega Luzia recebeu o Nero e queria botar fogo no mundo, diz o samba de Wilson Batista. Mas parece que não foi só ela que andou em contato com o imperador maluco. Virou febre nos cidadãos do Brasil e do mundo. O trem quebrou, bota fogo nele. O ônibus atrasou, risca o fósforo na gasolina. Não importa pensar que aí é que ele vai atrasar mais.

Não tem casa para morar ou terra para cultivar, fecha-se a rodovia e manda fumaça em pneus e outros objetos para que ninguém trafegue por ali. Mesmo que o problema esteja a quilômetros de distância e que os governantes não sejam incomodados em seus palácios, onde se come o cru e o cozido da melhor qualidade, pagos com o dinheiro de todos. Ali se queima o nosso dinheiro.

Mata-se a granel no presídio, a polícia chega e a reação não é contra a força militar. Toca-se fogo no ônibus que leva para casa famílias e crianças que querem apenas chegar em casa para brincar, divertir e dormir. Que o fogaréu se levante nas ruas de Kiev é justo, compreensível, pois é caso de combater a repressão e o frio.

Não seria mais produtivo dirigir nosso combustível para ações mais certeiras e humanas, mais inteligentes? Não seria mais útil apontar nossa fúria cívica para injetar mais democracia e transformar o país? Outubro vem aí. 

TeVê

Estado de Minas: 29/01/2014


TV paga





 (Bob Paulino/Globo)



Salvador vai bombar
Frejat (foto), Saulo Fernandes e Gusttavo Lima são os primeiros artistas a se apresentar no Festival de Verão de Salvador, com transmissão ao vivo pelo Multishow hoje à noite, a partir das 21h. Dani Monteiro, Dedé Teicher, Titi Muller e Guilherme Guedes vão comandar os quatro dias de folia, com a alternativa para o internauta de poder acompanhar tudo pelo site www.multishow.com.br.

Antonio Manuel abre o  ateliê para falar de arte


Nascido em Portugal em 1947, mas no Brasil desde os 6 anos de idade, o artista plástico Antonio Manuel é tema de documentário inédito que o SescTV exibe hoje, às 21h30, na série Artes visuais. Ilustrador e escultor, Antonio Manuel tem o jornal como suporte na maioria de seus trabalhos, “um exercício experimental de liberdade”. Em seu ateliê, ele confessa que suas preferências são as temáticas atreladas ao social e ao urbano.

Fox Life valoriza suas atrações para a mulher


O renovado Fox Life, que herdou parte da programação do canal Bem Simples, estreia hoje mais três atrações, na chamada Quartas de moda. Às 22h15, o Ser mulher chega à quarta temporada com Ticiane e Helô Pinheiro na companhia de dois novos apresentadores: Gustavo Sarti, consultor de moda, e Junior Alves, especialista em beleza. Às 23h, The face – A próxima top model é a versão das passarelas do The voice, com Naomi Campbell, Karolina Kurkova e Coco Rocha formando seus times de modelos. Às 23h45, é a vez de Fashion star, com a nova apresentadora Louise Roe juntando-se a Jessica Simpson, Nicole Richie e John Varvatos para escolher o melhor estilista da competição de jovens designers.

Uma viagem musical  no ritmo da percussão


O canal Arte 1 equilibra diversidade e qualidade em sua programação. Para hoje, o primeiro destaque é o documentário Tambores do mundo, dirigido por Sérgio Raposo em 2011 e que faz uma viagem musical passando por Moçambique, Zâmbia, China, Catar, Portugal e Brasil. Às 22h, a emissora exibe O inferno de Henri Georges Clouzot, que investiga os motivos por que o filme O inferno, do cineasta francês Henri-Georges Clouzot, não foi finalizado.

Mais uma chance para ver Somos tão jovens


Por falar em cinema, o Telecine Pipoca reprisa hoje o longa Somos tão jovens, que estreou sábado, no canal Premium, narrando o começo da trajetória musical de Renato Russo e da banda Legião Urbana. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: Inversão, no Canal Brasil; Django livre, na HBO; J. Edgar, na HBO HD; Nascido para matar, no Max Prime; A.I. – Inteligência artificial, na MGM; Os descendentes, no Telecine Touch; 007 – Operação Skyfall, no Telecine Premium; e Charlotte Gray – Paixão sem fronteiras, no TCM. Outras atrações da programação: Cold Mountain, às 20h30, no Universal; Querido John, às 21h, no Cinemax; Sintonia de amor, também às 21h, no Comedy Central; As pontes de Madison, às 21h55, no Glitz; e Pecados íntimos, às 22h30, na Fox.

Nordeste é um celeiro  de curtas-metragistas


E para fechar, uma bem curtinha. O canal Curta! continua com a programação especial A vida é curta, já em sua segunda temporada. Para hoje, às 20h, foram escolhidos os filmes Sala de milagres, de Marília Hughes e Cláudio Marques; Praça Walt Disney, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira; e SuperBarroco, também de Renata Pinheiro. Um detalhe: os realizadores são todos nordestinos, com suas bases em Salvador e Recife.



CARAS & BOCAS » Justa homenagem

Gloria Pires é destaque no canal Viva (Zé Paulo Cardeal/Globo)
Gloria Pires é destaque no canal Viva


Gloria Pires foi a atriz escolhida para encerrar a série Damas da TV, que homenageia as divas da teledramaturgia brasileira. Na entrevista que vai ao ar hoje, às 21h, no canal Viva (TV paga), ela fala de seus trabalhos no teatro e no cinema também, mas obviamente a maior parte do tempo vai lembrar as novelas que lhe renderam tantos prêmios. “Sempre vivi da televisão. Comecei muito cedo – aos 5 anos – e até hoje ainda tenho prazer em trabalhar nela. O cinema entrou depois. Não sei como é viver de teatro ou de fazer cinema. Minha vida toda foi construída na TV”, resume. No fim do programa serão lembradas atrizes já falecidas: Cleyde Yáconis, Nair Belo, Leila Diniz, Dercy Gonçalves, Lílian Lemmertz, Sandra Bréa, Dina Sfat, Isabel Ribeiro e Zilka Salaberry.

Emissora vai reprisar  a novela Dancin’ days

E uma das novelas de Gloria Pires vai voltar em reprise no mesmo canal Viva em 7 de abril. É Dancin’ days, grande sucesso de Gilberto Braga, exibida originalmente em 1978 e que irá substituir Água viva na faixa da meia-noite, de segunda a sexta-feira. O elenco reunia também Sônia Braga, Joana Fomm, Antônio Fagundes e Reginaldo Faria, entre outros. Gloria fazia par romântico com Lauro Corona. Em tempo: em julho, depois da Copa, o Viva vai reprisar A viagem, de Ivani Ribeiro, no lugar de A próxima vítima.

Rede Minas debate os  direitos dos animais


O Brasil das Gerais vai debater hoje, às 19h30, na Rede Minas, os direitos dos animais. Roberta Zampetti recebe a promotora de Justiça de Defesa da Fauna, Lilian Marotta; a veterinária e professora da UFMG Christina Malm, e a bióloga e doutora em comportamento animal Cristiane César.

Band anuncia seleção  para novas panicats

A Bandeirantes ainda está procurando novas assistentes de palco para o Pânico. Com a saída de Sabrina Sato, a equipe ficou desfalcada e por isso será realizada uma seleção. Ao que tudo indica, Renata Molinaro e Carol Dias continuam no grupo.

Globo fará parceria  com a produtora O2


Na série Os experientes, coprodução da Globo com a O2, Juca de Oliveira e Dan Stulbach vão viver pai e filho. A relação entre os dois será delicada desde o princípio. A situação tende a se agravar quando o pai, um advogado viúvo, resolve abrir o jogo, depois de receber um diagnóstico médico e saber que pode morrer em breve.

TV Xuxa dá lugar a  filmes para jovens


E para o lugar do programa TV Xuxa, a Globo criou o Cine fã-clube, que estreia sábado, logo depois do Estrelas. Aproveitando a polêmica em torno do astro adolescente, será exibido o documentário Justin Bieber: never say never, que acompanha a turnê do cantor pop canadense. As próximas atrações serão Soul surfer – Coragem de viver, com Annasophia Robb, e Cartas para Julieta, com Amanda Seyfried.

GloboNews na  Campus Party


A GloboNews (TV paga) também está marcando presença na Campus Party, encontro da galera ligada em tecnologia, informática, games e internet, realizado no Anhembi, em São Paulo, até domingo. Um drone (robô controlado por rádio) vai sobrevoar a área, distribuindo kits de sobrevivência de paraquedas e ainda selecionar dois jovens para uma edição especial do programa Navegador, no palco principal do evento, amanhã, às 17h, com transmissão ao vivo pelo site www.g1.com.br/globonews. O apresentador Alê Youssef vai receber a fundadora do aplicativo Tysdo, Roberta Vasconcellos; o físico e especialista em antimatéria Claudio Lenz César; e o produtor cultural e diretor do documentário Funk ostentação, Renato Barreiros.

VIVA
Diogo Portugal vai emplacar mais uma temporada do Fritada, o programa de humor que comanda no canal Multishow (TV paga). Apesar de ser cópia de uma atração da TV americana, tem lá seus méritos.

VAIA
Para o Big brother Brasil (Globo), pelo conjunto da obra. Boninho pode estar se divertindo, mas é patético testemunhar a revolta de dois marmanjos (Cássio e Vagner) por terem que encarar o paredão.

Rei do ritmo [Robertinho Silva] - Eduardo Tristão Girão

Rei do ritmo 
 
Robertinho Silva lança livro e revela os bastidores de meio século de dedicação à bateria. Realengo deu régua e compasso ao carioca, reverenciado por astros estrangeiros e da MPB 
 
Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 29/01/2014


Baterista
Baterista "oficial" do Clube da Esquina, Robertinho Silva tocou com Tom Jobim, Wayne Shorter e Sarah Vaughan

O banco do baterista é um local privilegiado, de onde ele tem visão especial do que ocorre no palco, dos demais músicos e do público, além de permanecer conectado aos bastidores – como se fosse a principal “testemunha” do show. Imagine quantas histórias pode contar um instrumentista desses, principalmente se ele soma pouco mais de meio século de atuação e pode se gabar de já ter tocado com grandes nomes nacionais e internacionais. Por isso é tão atraente a autobiografia Se a minha bateria falasse..., que o carioca Robertinho Silva escreveu com o jornalista Miguel Sá.

O lançamento do livro em Belo Horizonte está marcado para amanhã à noite. O baterista aproveitará a vinda à cidade para tocar na Status Livraria, Café & Cultura, na Savassi, com amigos que conhece bem. Estarão lá o guitarrista Toninho Horta, o pianista André Dequech, o baixista Beto Lopes e a cantora Carla Villar. O evento integra o projeto Aqui-Ó jazz, que Horta promove no local. O livro estará à venda por R$ 57.

Além de tocar, Robertinho promete contar histórias. “Quando fiz 69 anos, resolvi olhar para trás. Sou do Rio de Janeiro, mas fui criado em Realengo, que na época era uma área meio rural e meio militar, com fruta à vontade, beira de rio, estrada de ferro e maria-fumaça. Sou um cara privilegiado, pois tinha tudo por lá: comunidade nordestina, ritos afrobrasileiros, grupo militar. Ia dormir tarde depois de ouvir rádio, ficava imitando a frequência do trem que passava perto de casa”, conta Robertinho, que se perde em meio a tantas recordações.

Não é para menos. Aos 72 anos e considerado “baterista oficial” do Clube da Esquina, Robertinho tocou com o lendário Som Imaginário, João Donato, Tom Jobim, Egberto Gismonti, Airto Moreira, Raul de Souza, Dori Caymmi, João Bosco, Gal Costa, Nana Caymmi, Chico Buarque, Wanda Sá e Mônica Salmaso. Entre os nomes internacionais, apresentou-se com Wayne Shorter, Paul Horn, George Duke, Cal Tjader, Sarah Vaughan, Bud Shank e George Benson.

Acompanhando Gilberto Gil, Robertinho fez a sua primeira viagem internacional, em 1973, para a França. Um ano depois, foi para os Estados Unidos gravar Native dancer, álbum do saxofonista Wayne Shorter, ao lado de Milton Nascimento e Wagner Tiso. O disco teve extrema importância na projeção internacional do baterista carioca, que morou nos EUA de 1975 a 1978 e conquistou respeito por lá. Tanto que chegou a ser convidado para gravar com o icônico grupo de jazz fusion Weather Report.

Jeans

O livro começa com a infância humilde do baterista em Realengo, ao lado dos pais, Antônio (pernambucano) e Justina (paulista), e dos irmãos. A família não tinha grande envolvimento com a música. As sessões de umbanda que a mãe promovia em casa serviram de iniciação: aos 9 anos, Robertinho já tocava tambor e dominava as batidas dos rituais.

No final da adolescência, depois de desistir de uma calça Levis, ele comprou a primeira bateria – seu passaporte para o universo dos conjuntos, bailes e boates cariocas. A empolgação cresceu depois de assistir ao filme Gene Krupa, o rei do ritmo, sobre o famoso baterista norte-americano de jazz, astro de bigs bands. O novato quis saber mais sobre o tal método de ensino de Krupa e, antes de começar a definir seu próprio estilo, assimilou influências de Plínio Araújo (Orquestra Tabajara) e de Edson Machado, Milton Banana e Dom Um Romão, importantes bateristas da bossa nova.

Não demorou até Robertinho conhecer o primeiro músico mineiro, o pianista Wagner Tiso, em 1965. Inicialmente, pensou se tratar do novo garçom da boate onde tocava. Tornaram-se amigos. Robertinho foi, então, apresentado a Milton Nascimento, mas não deu tanta atenção àquele que se tornaria um de seus grandes companheiros profissionais. O carioca se ligou a Bituca aos poucos, à medida que ouvia composições dele, como Canção do sal e Morro velho.

Relax


Com cerca de 10 discos autorais gravados, Robertinho recentemente resolveu parar para ouvi-los. “Faço isso para me estimular a compor. Estou numa fase ‘coração de estudante’, estudando. Sempre temos o que aprender. Passei uns 50 anos ouvindo os outros”, afirma. A iniciativa parece já ter surtido efeito, pois ele acaba de concluir uma trilha sonora para a bailarina Soraia Silva, de Brasília.

“Com a minha idade, sento na bateria e parece que estou começando. O relaxamento é total, não preciso ficar naquele treino danado. Tenho mais tranquilidade para conduzir o ritmo”, explica. Entre viagens pelo Brasil e exterior – Belém, São Paulo, Indonésia, Dinamarca, Holanda –, o músico busca tempo para concluir o disco Batuca Zé, gravado com o percussionista pernambucano Erick Faustino.
 (H. Sheldon/reprodução  )

SE A MINHA BATERIA FALASSE...

De Robertinho Silva e Miguel Sá
Editora H. Sheldon, 370 páginas, R$ 57
• Noite de autógrafos e show amanhã, às 22h, na Status Livraria, Café & Cultura (Rua Pernambuco, 1.150, Savassi). Couvert: R$ 20. Informações: (31) 3261-6045.

 (Sebastien Nogier/AFP)


Weather Report
Por pouco Robertinho Silva teria sido baterista do Weather Report. As gravações do grupo de jazz fusion norte-americano eram realizadas sempre em segredo. Ele recebeu o convite por meio da cunhada do saxofonista Wayne Shorter (foto), um dos integrantes da banda. Com boas performances nas baquetas, tudo correu bem até a chegada do tecladista Joe Zawinul, que se desentendeu com Robertinho no estúdio. O brasileiro havia sido elogiado durante um tema de Shorter e, a contragosto de Zawinul, manteve a posição sobre como deveria tocar bateria numa composição do tecladista. Foi a gota d’água.

Eduardo Almeida Reis-Dúvida‏

Dúvida
 
Não parece, mas o assunto é sério. Faz algum tempo, um congresso realizado em Belo Horizonte reuniu centenas de urinoterapeutas


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 29/01/2014

Começo perguntando ao leitor se a fórmula CO(NH2)2 é igual a CH4N20, considerando que os meus conhecimentos de química são nenhuns. Resolvi philosophar sobre urina (e ureia) depois que vi a manchete no jornal: “Bill Gates agora investe em xixi”.

O verbo investir talvez seja inadequado, porque dá ideia de investir na bolsa, em imóveis, providências para aumentar o patrimônio do investidor. Bill financia pesquisas através da Bill & Melinda Gates Foundation (B&MGF), a maior fundação de caridade do mundo, para tentar acabar com diversas pragas, entre as quais a Aids e a malária. Vai daí que pensei em Bill e Melinda financiando a urinoterapia.

Não parece, mas o assunto é sério. Faz algum tempo, um congresso realizado em Belo Horizonte reuniu centenas de urinoterapeutas. Sei do caso de um mineiro, oficial de Marinha, que foi operado na Alemanha hitlerista, década de 30, num excelente hospital em que foi tratado com sua própria urina.

Antes mesmo de ler a matéria sobre a B&MGF, fui ao dicionário do doutor Bill procurar urea, constituent of urine, a nitrogenous compound found in the urine of mammals, que também pode ser produzida sinteticamente. Fórmula: CO(NH2)2.

Como é recomendável ouvir a outra parte, fui ao Houaiss para aprender que a ureia é substância (CH4N2O) encontrada na urina dos mamíferos como produto natural do metabolismo das proteínas, também pode ser produzida sinteticamente; carbamida [Possui variados usos, por exemplo, na indústria farmacêutica como diurético, antisséptico etc., na fabricação de papel, plásticos e resinas, como fertilizante, em rações etc.].

Isto posto, fui ler a notícia e aprendi que a B&MGF está financiando o Bristol Robotics Laboratory, do Reino Unido, que desenvolveu tecnologia para converter urina humana em eletricidade. Considerando que o California Institute of Tecnology já projetou uma privada que usa energia solar e gera hidrogênio e eletricidade, penso que dentro de muito pouco tempo será prudente fazer xixi nas moitas de bananeiras para evitar o risco de morrer eletrocutado.


Verdades

Todo mineiro sabe que a frase Libertas quae sera tamen é a divisa do estado e significa “Liberdade, ainda que tardia”. Na Primeira Écloga de Virgílio, verso 27, o pastor Títiro conta a ser amigo Melibeu que conseguiu livrar-se de um amor demasiado absorvente: Libertas quae sera tamen respexit inertem. Pouca gente sabe que a divisa mineira é também a divisa do brasão de 1902 do Acre. Foi o que aprendi agora e me apresso em repassar ao leitor.

Analfabeto também em latim suponho que a frase Veritas quae sera tamen signifique “Verdade, ainda que tardia”. Por amor da verdade passo a analisar recente episódio muito comentado e criticado pela mídia brasileira. Devo começar explicando que não conheço e felizmente nunca vi de perto o alagoano José Renan Vasconcelos Calheiros, nada lhe devo nem ele me deve e só temos em comum o ateísmo.

Agora, peço ao caro, preclaro e pacientíssimo leitor que concorde comigo: um sujeito que sai de casa, se interna em um hospital e passa 10 horas numa sala cirúrgica operado por nove médicos – repito, nove! – configura emergência médica, caso médico, tratamento de saúde.

Pouco importa que seja tratamento de saúde mental. O procedimento médico só deve começar a apresentar resultados dentro de 10 meses com a bela juba (orgânica?) que o mundo verá florescer na careca do ilustre alagoano.

Uma das atribuições dos jatos da FAB é atender autoridades em emergências médicas. Portanto, José Renan Vasconcelos Calheiros, presidente do Senado, obrou muito bem ao requisitar o jato para levá-lo ao Recife, onde fica o médico pelicultor, isto é, que planta pelos, elementos filamentosos da pele, ricos em ceratina, que se distribuem por quase toda a superfície do corpo, menos pelo alto da cabeça do presidente do Senado.

O ilustre homem público aproveitou a oportunosa ensancha hospitalar para demonstrar o amor que tem pelo Brasil, ao retocar os véus musculomembranosos que recobrem parcialmente os olhos na parte superior e na parte inferior, destinados a protegê-los. Com as pálpebras retocadas sua excelência poderá ver mais longe o brilhante futuro de um país que o elege senador e de um Senado que o elege presidente.


O mundo é uma bola


A Wikipédia começa informando que hoje é o 29º dia do ano, fato que os leitores e o seu philosopho sabíamos sem consultar o Google. Isto posto, deixem-me dizer que neste dia, mas em 1712, iniciaram-se as negociações do Tratado de Utrech, que poria fim à guerra da sucessão espanhola.

Em 1825 é fundada a Faculdade de Medicina do Porto, onde, como já vimos noutras edições, foi doutorada uma médica defendendo tese sobre as mãos dos portugueses. Teria sido o primeiro doutoramento de médica em Portugal, mas não posso garantir porque não estava lá.

Em 1886, Karl Benz inventa o primeiro motor de automóvel movido a gasolina. Dia desses, recebi vídeo sobre um automóvel que se dobra, invenção do MIT, que muitos dizem ser melhor do que Harvard.

Hoje em Portugal é o Dia da Incontinência Urinária.


Ruminanças
“O valor dos grandes homens mede-se pela importância dos serviços prestados à humanidade” (Voltaire, 1694-1778).

O fantasma da peste negra‏ - Bruna Sensêve

O fantasma da peste negra 
 
Estudo mostra que as três pandemias da doença que atingiram grande parte do planeta em diferentes épocas foram causadas por subtipos distintos da bactéria Yersinia pestis 
 
Bruna Sensêve
Estado de Minas: 29/01/2014


Brasília – Três pandemias e centenas de milhões de pessoas mortas, tudo por causa de uma minúscula bactéria. Até agora, estudos mostraram que o mesmo bacilo, o Yersinia pestis, foi responsável pela praga de Justiniano, no século 6; pela peste negra, que dizimou um terço da população europeia na Idade Média; e pela Terceira Pandemia, uma nova investida da doença que fez vítimas principalmente na Ásia. No entanto, uma nova pesquisa, publicada ontem pela revista especializada Lancet Infectious Diseases, mostra que cada um desses eventos foi causado, na verdade, por subtipos (cepas) diferentes do bacilo. Os dados são importantes por indicarem que a enfermidade pode voltar a afetar os seres humanos caso surja uma nova variante com essa capacidade, embora o mundo esteja muito mais bem preparado para enfrentar uma ameaça desse tipo (leia Palavra de especialista).

Entre os anos 541 e 543, a praga de Justiniano, considerada a primeira das três pestes pandêmicas em humanos, se espalhou a partir da Ásia Central ou da África para o Mediterrâneo e a Europa, matando um número estimado de 100 milhões de pessoas e contribuindo para o fim do Império Romano. A pandemia marcou a transição do período clássico para o medieval. Surtos subsequentes de oito a 12 anos ocorreram de forma cíclica pelos dois séculos seguintes.

Algumas incertezas sobre o histórico da doença levaram alguns pesquisadores a sugerir que outro patógeno tivesse sido o causador dessa peste, como um vírus da gripe. Contudo, os sintomas descritos por Procópio, estudioso da época, eram muito semelhantes aos relatos da peste negra. E, por fim, o sequenciamento de regiões genômicas específicas do Y. pestis, a partir de material esquelético de vítimas enterradas na França e na Alemanha, acabou confirmando a relação do bacilo com a praga de Justiniano. Faltava, porém, uma caracterização genômica detalhada das cepas que causaram a primeira pandemia e sua relação com as pragas seguintes, o que levou à realização da nova pesquisa e ao seu surpreendente resultado.

Dentes Um time internacional liderado pelo geneticista evolucionário Hendrik Poinar, da Universidade de McMaster, no Canadá, analisou partes do genoma de Y. pestis obtidos de dois indivíduos encontrados no cemitério medieval de Aschheim-Bajuwarenring, na região da Bavária (Alemanha). O método de datação por radiocarbono confirmou que as duas vítimas morreram na época da primeira pandemia. Dentes dos dois indivíduos foram removidos, e o DNA encontrado foi isolado para, em seguida, ser feito o sequenciamento das cepas do bacilo.

Os genomas foram então comparados com um banco de dados com 131 cepas da bactéria coletadas a partir de vítimas da segunda e da terceira pandemias. A comparação possibilitou a construção de uma árvore filogenética, com a probabilidade máxima evolutiva de cada subtipo. “A árvore filogenética contém um novo ramo que leva às duas amostras da bactéria que causou a praga de Justiniano. Esse ramo não tem representantes contemporâneos conhecidos e, portanto, é extinto ou sem amostragem em reservatórios de roedores silvestres atuais. Ele é intercalado entre dois grupos existentes na filogenia e está distante da cepa associada com a segunda e terceira pandemias”, explica Poinar.

O trabalho extremamente detalhado mostra que as linhagens que causaram a primeira pandemia e a peste negra 800 anos mais tarde surgiram de forma independente uma da outra, a partir de roedores, e contaminaram seres humanos. Os pesquisadores sugerem que as espécies roedoras em todo o mundo representam importantes reservatórios para o aparecimento repetido de diversas linhagens de Y. pestis em populações humanas.

Dúvidas Os pesquisadores ressaltam que não está claro ainda se as cepas da primeira praga eram ancestrais diretas das cepas da peste negra. Outra pergunta a ser respondida é se essa bactéria assolaria a humanidade com ondas de surtos divididas por centenas de anos ou se formou novas linhagens que atacaram a humanidade separadamente. Da mesma forma, é incerto se a segunda e a terceira pandemias eram resultado de surgimentos contínuos de uma cepa pandêmica ou novas cepas de diversos reservatórios de roedores – principal hospedeiro do Y. pestis. “O interessante desse estudo é que ele levanta ainda mais perguntas que nos dá respostas”, avalia Anderson Ferreira Cunha, professor do Departamento de Genética e Evolução da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Para Cunha a grande pergunta é: por que aquela bactéria que atacou os seres humanos durante o Império Romano morreu, mas a Y. pestis das outras pandemias é encontrada até hoje? O professor conta que, aparentemente, algum importante fator fez com que a primeira cepa sumisse. Uma das hipóteses é a adaptação a um novo ambiente ou mesmo a presença de hospedeiro que estava mais adaptado ao ambiente, fazendo com que a bactéria não tivesse como se instalar.

“A linhagem que surgiu na praga de Justiniano não foi combatida e, ainda assim, desapareceu.” A seguinte não, mesmo que muito parecida com a anterior. “O que ocorre muito é o surgimento de novas cepas resistentes a uma droga, como acontece hoje com a tuberculose”, lembra Cunha. Ele diz que isso pode ter ocorrido na época, logicamente sem referência a drogas, mas quanto ao hospedeiro, seja ele o rato ou mesmo o humano. “Ele desenvolve anticorpos contra o patógeno, que desaparece.”

Mutações

Cepa ou estirpe é um termo da biologia e da genética que se refere a um grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas ou fisiológicas. Quando uma espécie sofre mutações significativas ou novas gerações se adaptam ao ambiente, os descendentes podem formar uma nova cepa. Por exemplo, o H1N1 é uma estirpe do vírus da gripe que ficou famosa por causar sintomas mais fortes.

Doença do presente

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo Global de Combate à Aids, à Tuberculose e à Malária afirmaram, no fim do ano passado, que as cepas de tuberculose com resistência a múltiplas drogas estão se espalhando amplamente pelo mundo. A tuberculose costuma ser vista como uma doença do passado, mas o surgimento de cepas resistentes a várias drogas fez com que ela se tornasse na última década um dos mais prementes problemas sanitários do planeta. A doença é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch. De acordo com a OMS, em 2011, 8,7 milhões de pessoas contraíram a enfermidade, e 1,4 milhão delas morreram a doença. A OMS diz que até 2 milhões de pessoas poderão estar contaminadas com cepas resistentes até 2015.

Palavra de especialista
Eduardo Tarazona, professor de genética do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais
Boas condições de vida

“Cada pandemia foi causada por uma cepa diferente, ainda que pertencente à mesma espécie. Em momentos diferentes, cepas diferentes não tão próximas entre si conseguiram infectar humanos e infectar uns aos outros. Como ocorreu três vezes, pode acontecer de novo, ou seja, existe a possibilidade de que, entre todas essas bactérias, haja uma mais adaptada à vida dos humanos e que os antibióticos não combatam imediatamente. Claro que hoje temos melhores condições de vida e, provavelmente, conseguiríamos controlar melhor a pandemia, mas é possível que apareça outra cepa com capacidade de infecção. Ao longo do tempo, esses micro-organismos evoluem, e, caso algumas mutações façam com que as cepas se tornem particularmente bem adaptadas sobre os humanos, surgem as pandemias.”