sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Ciência pura - Eduardo Almeida Reis

Faltam cinco dias para uma noite do Natal cheia de castanhas, horríveis rabanadas e parentes que você só encontra nessa noite, em sua maioria chatíssimos, que ninguém nos oiça


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 19/12/2014



Sem acento agudo no i, imã é o sacerdote muçulmano que dirige as preces numa mesquita. Acentuado, ímã é magneto, qualquer objeto imantado. Imã data de 1634 e ímã de 1665, sendo, portanto, muito antigos em nosso idioma.
Novidade para mim foi a notícia de que os cientistas da Universidade de Pinceton passaram meses alimentando dois grupos de ratos, um com alimentos guardados numa geladeira, outro com alimentos guardados numa geladeira “enfeitada” com vários ímãs. O objeto do estudo era ver como as radiações magnéticas dos ímãs afetavam os alimentos.

 Após rigorosos estudos clínicos constataram que os ratos alimentados com a comida irradiada pelos ímãs tinham mais 87% de risco de contrair câncer do que os ratos que consumiram alimentos da geladeira não enfeitada. A explicação seria a seguinte: os ímãs colados em qualquer eletrodoméstico ligado na tomada aumentam a força eletromagnética do campo elétrico do aparelho.

Por utilidade ou por achar que os ímãs são decorativos, muita gente põe aqueles trecos em suas geladeiras. Tenho horror àquela “decoração”, mas constatei que minha Electrolux tinha dois ímãs do gás e da água mineral em domicílio, e um da farmácia. Se for verdade a notícia que corre na internet, sugiro que o caro e preclaro leitor transfira os enfeites de sua geladeira para um armário de lata na mesmíssima cozinha, como transferi os meus.

Credenciais

Muitos embaixadores aproveitaram a passagem da senhora Rousseff por Brasília, na viagem da Bahia para a Austrália, para apresentar as respectivas credenciais. Mart Tamark, embaixador da Estônia, cavalheiro imenso e cabeludo, apresentou-se em trajes típicos estonianos: roupão preto que chega às canelas, faixa colorida na cintura, calças e sapatos pretos, camisa sem gravata com argolas no lugar dos botões e chapéu preto que deve ser um espetáculo, mas estava na sua mão esquerda. Cabeleira penteada, que lhe cobre o pescoço, aparentemente natural.

O embaixador da Mongólia deixou-se fotografar de chapéu azul redondo de aba reta ao lado da senhora Rousseff, metido num traje azul que parece batina de padre antigo, levando sua mulher, morena bonita, num traje que parece fardão da Academia Brasileira de Letras (ABL), sem aqueles ridículos ramos dourados. A embaixatriz mongol é bonitinha e a Mongólia existe: é um país sem costa marítima localizado na Ásia Oriental e Central, capital Ulan Bator, população 2.839 milhões, moeda Tugrik, faz fronteira ao norte com a Rússia e ao sul com a República Popular da China.

República parlamentarista, idioma oficial mongol, língua da família altaica, que, como sabem os leitores, é família linguística que compreende aproximadamente 60 línguas, entre vivas e desaparecidas, que são (ou foram) faladas num extenso território que vai desde a Manchúria (Nordeste da China), passando pela Mongólia, Sul da Sibéria e Ásia central, até a Turquia, e que se divide em três subfamílias: turcomana, mongólica e tungúsica. Vale notar que alguns linguistas incluem ainda na família altaica o japonês e o coreano.

Daí a pergunta que lhes faço: nossos embaixadores, quando apresentam suas credenciais nos países em que o Brasil tem representação diplomática, usam terno e gravata ou se apresentam desnudos como legítimos representantes dos povos xinguanos?

O mundo é uma bola


19 de dezembro: faltam cinco dias para uma noite do Natal cheia de castanhas, presuntos, horríveis rabanadas e parentes que você só encontra nessa noite, em sua maioria chatíssimos, que ninguém nos oiça. Em 324, Valerius Licinianus Licinius, co-imperador romano desde 308, que unificou o Império Romano do Oriente, foi derrotado por seu cunhado Constantino, o Grande, imperador do Ocidente, e condenado à morte. Assim, o cunhado se transformou em comandante supremo de todo o Império Romano, prova provada de que os cunhados podem ser muito perigosos, enquanto as cunhadinhas, com raras exceções, costumam ser da melhor palatabilidade.

Em 1154, Henrique II de Inglaterra é coroado na Abadia de Westminster. Nascido em Le Mans no ano de 1133, esticou as canelas em 1189. Também conhecido como Henrique Curtmantle, Henrique FitzEmpress ou Henrique Plantageneta, governou a Inglaterra até morrer. Casou-se com Leonor da Aquitânia e teve um monte de filhos, entre os quais Ricardo I, de Inglaterra, que conhecemos como Ricardo Coração de Leão, morto aos 41 anos em 1199, que havia tomado como esposa Berengária de Navarra. Bons tempos aqueles das Berengárias.

Em 1843, Charles Dickens publica A Christmas Carol, que ainda não li nem vou ler, mas deve ser ótimo. Em 1865, Araxá (MG) é elevada à categoria de cidade. Teve como prefeito durante muitos anos o Dr. Fausto Alvim, meu saudoso amigo, e hoje tem como juiz o Dr. Renato Z. Zupo, romancista e bom amigo. Em 1941, Hitler se torna o Supremo Comandante do Exército Alemão. Em 1971, o Clube Atlético Mineiro conquista o Campeonato Brasileiro de Futebol. Em 1990 morreu Rubem Braga, o Sabiá da Crônica. Hoje é o Dia do Orgulho Ateu.

Ruminanças

“Meteorologia: mentirologia” (Ramón Gómez de La Serna, 1888-1963).