domingo, 6 de julho de 2014

FABRÍCIO CARPINEJAR A última bolacha recheada do pacote

Zero Hora 06/07/2014

A vingança é um efeito colateral da vaidade. É um sinal da arrogância que existia desde o começo da relação.

Ninguém se torna vingativo, as pessoas já são vingativas e demonstram a predisposição de destruir logo no primeiro encontro.

A vingança não é uma novidade do fim, mas uma notícia velha do início.

Não venha dizer que só conheceremos com quem a gente se casou quando nos separamos. A gente conhece de quem a gente vai se separar quando casamos.

Quem se acha demais acaba se vingando. Porque pensa que, ao namorar, realiza um favor. Porque pensa que, ao namorar, concede o bilhete premiado de sua companhia. Porque pensa que, ao namorar, está garantindo a simpatia de sua conversa, a gentileza de sua personalidade, a dádiva de sua alegria, o luxo de seu humor, atributos raros e impossíveis de se jogar fora.

Quem se acha demais não namora, na verdade dá uma chance.

O tipo narcisista se coloca na posição de provedor da verdade. É afetado, unilateral e autoritário – tornou-se assim pela beleza, pelo dinheiro ou pela projeção social.

A questão é que se enxerga perfeito e intocável e confunde sua presença amorosa com filantropia.

O narcisista não admitirá qualquer crítica, e a separação é a maior delas, discordância evidente de seu modo de vida.

Jamais aceitará que errou, jamais pedirá desculpa, jamais arcará com a responsabilidade de seus atos, jamais carregará culpa pelo distanciamento. Não tem humildade da autocrítica para acolher suas falhas, muito menos sente o remorso que vem da saudade. Não tem aquela pontada natural após uma ruptura, aquela tristeza baldia e consciência aguda de que foi desatento e que poderia ter sido diferente.

Não atravessa o luto, parte direto para a represália. Uma vez rejeitado, fará de tudo para mostrar que a pessoa nada é sem ele. Diante de uma ruptura, pode deflagrar perseguição, boicote e uma série de constrangimentos sociais. Procura humilhar quem antes adorava, procura rebaixar quem antes endeusava. Troca de lado: odeia com todo o ânimo quem amava.

Sua generosidade é investimento ou um modo de manter o controle da situação. O que oferece ao longo da convivência cobrará no final.

É tão centralizador que usa a dor para aumentar seu poder e castigará qualquer um que renunciou o prazer de seu reflexo.

O narcisista é vingativo por perceber o amor como uma monarquia. Sem ele, o outro não é nada, não tem história, não tem passado, não tem futuro. Distanciado de seu domínio, perde o direito à coroa e converte-se, de novo, em reles súdito.

A vingança é vaidade, mas não tema, não se acovarde.

A última bolacha recheada do pacote ficará para as formigas.

MARTHA MEDEIROS 90 minutos

Zero Hora 06/07/2014

A primeira Copa que recordo com clareza foi a de 1970, eu tinha oito anos. Assisti a todos os jogos do Brasil sentada no chão, lugar de criança. O sofá era reservado aos mais velhos (pai e mãe entrando na casa dos 30, uns fósseis), então a mim restava o parquet, que era bem limpinho.

Lembro que eu torcia, vibrava, não parava quieta, e esse não parar quieta incluía levantar e ir até o banheiro, depois ao quarto para escrever alguma coisa no diário, passar na cozinha para pegar um suco e uma bolacha Maria, voltar à sala, ver mais um pouco do jogo, e então dar uma descidinha até ali na rua para ver se tinha alguém com quem brincar, não tinha, voltar, assistir ao jogo mais um pouco, de novo ir ao quarto para ver se tinha tema para entregar na segunda-feira e, se tivesse, fazê-lo, e então voltar à sala a tempo de ver o Carlos Alberto fechando a goleada de 4 a 1 contra a Itália e o Brasil levantando a taça Jules Rimet.

Hiperativa? Não, isso nem existia. E também não era por causa do desconforto do chão que eu me levantava de tempos em tempos para me distrair com outras coisas. É que jogo de futebol, naquela época, demorava uma eternidade. Jogo de futebol durava umas quatro horas e meia no tempo regulamentar. Pensando bem, acho que cinco horas. Ou seis. Jogo de futebol engolia todo o domingo.

Quando o pai saía para o estádio com meu irmão, eu e minha mãe íamos a uma sessão dupla de cinema, depois dávamos uma passadinha na casa da vó, tomávamos um lanche no Joe´s e, quando voltávamos para casa, ligávamos o radinho e o jogo deles ainda estava no primeiro tempo.

Quando o pai dizia “hoje tem jogo”, eu ia para o sítio dos primos em São Sebastião do Caí, brincava, brincava, brincava e, quando voltava para casa, o juiz ainda não tinha apitado o fim da partida.

Jogo de futebol era algo tão longo, tão extenso que parecia iniciar-se na quarta e terminar na quinta, dava tempo de o edifício em obras ao lado do nosso ficar pronto, alguém podia se submeter a uma cirurgia no cérebro durante uma semifinal que receberia alta antes da decisão por pênaltis.

Dizem que jogo de futebol sempre durou 90 minutos. Imagina se caio nessa.

É só comparar com os jogos de hoje. O time dá o pontapé inicial, eu vou rapidinho até o micro-ondas para ver se a pipoca ficou pronta e quando volto para a frente da tevê os jogadores já estão trocando de camisetas com os adversários e cumprimentando o juiz. O jogo começa às 13h, eu tiro a mesa, vou escovar os dentes e, quando retorno para a sala, o Galvão Bueno e a Patrícia Poeta já estão dentro da noite escura mostrando a reprise dos gols.

Tudo anda muito ligeiro, antes nada terminava. Noventa minutos durava uma vida. Mas agora, pelo visto, quem está durando uma vida sou eu.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 06/07/2014



 (Andreas Harvik/Nasjonalmuseet)


História O canal +Globosat exibe hoje, às 22h, o documentário Doce Brasil holandês, que investiga os mitos sobre a invasão holandesa a Pernambuco, durante o século 17. A historiadora alemã Sabrina van der Ley (foto), descendente de holandeses, relata o que descobriu sobre as influências de seus antepassados na formação cultural brasileira.

Numa fria Quatro equipes formadas por lenhadores, montanhistas, veteranos do Exército e atletas de resistência se enfrentam em uma competição épica que o NatGeo promove a partir de hoje, às 17h, com a estreia da segunda temporada de Desafio Alasca. Os participantes vão percorrer 11 etapas, num percurso total de 2.400 quilômetros de área intocada no Alasca.

Misticismo Novidade também no canal Bio, com a estreia hoje, às 21h, de O universo: mistérios revelados, que vai levar o assinante aos locais sagrados da Terra e das religiões criadas pelo homem e que moldaram o universo como é conhecido atualmente. A produção é derivada da série O universo e começa em um lugar mágico: Stonehenge, no Sul da Inglaterra.

Enlatados

Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br
Publicação: 06/07/2014 04:00

Padre detetive
Entre missas e assassinatos, essa é a rotina de Padre Brown, protagonista da série inglesa homônima que estreia hoje, às 21h,  no Film&Arts. A história se passa na fictícia vila de Cotswold, e tem como protagonista um sacerdote católico com talento especial para resolver crimes, interpretado por Mark Williams (de Doctor Who      e Harry Potter). Por aqui pouco conhecida, a série da BBC é bem popular em seu país de origem. Inspirada em personagem criado pelo escritor G.K. Chesterton, já teve uma versão televisiva nos   anos 1970, quadrinhos, rádio e filmes.
Fim de linha –Também hoje, às 13h30, na Fox, chega ao fim o primeiro ano da comédia The crazy ones, que reuniu Robin Williams e Sarah Michelle Gellar como pai e filha. É para dizer adeus mesmo, já que a produção foi cancelada.

Na rede –Já na internet, a novidade da semana é o lançamento do segundo ano da série teen/suspense Hemlock Grove. Os 10 novos episódios serão disponibilizados a partir de sexta-feira no site de streaming Netflix. A segunda temporada continua com a cidade lidando com o massacre causado por uma de suas criaturas mais mortais. Roman e Peter agora estão diante de novas responsabilidades e da realidade da fase adulta.

Pizza –O canal TLC estreia terça-feira, às 20h40, Os Capones, reality show em torno de uma família que descende do lendário gângster Al Capone. Longe do crime que marcou a trajetória do clã na Chicago do início do século 20, os Capones atuais administram uma pizzaria.

De volta? –Better call Saul, a série derivada de Breaking bad que terá como protagonista o advogado picareta Saul Goodman (Bob Odenkirk), vai dando o que falar muito antes da estreia. A produção só entra em cartaz no canal americano AMC no início do ano que vem. E já garantiu uma segunda temporada. Fala-se ainda que, como o spin-off vai mostrar diferentes períodos temporais, pode ser que Walter White (Bryan Cranston) apareça em cenas da série original.


De olho na telinha
Simone Castro

Grande virada
 (Alex Carvalho/TV Globo)

Ele estreou na TV como o galã Edu em Laços de família (Globo), novela de Manoel Carlos que foi ao ar em 2000. Em cena, apesar de uma beleza estonteante, percebia-se um ator em começo de carreira, um tanto reticente, até cru, que precisaria de tempo – estudo e dedicação – para se firmar na profissão. Na trama, Edu passou da mãe, Helena (Vera Fischer), para a filha, Camila (Carolina Dieckmann). Todo mundo achou normal, embora a ninfeta tenha cobiçado desde sempre o namorado da bela protagonista. Reynaldo Gianecchini e sua plástica de deus grego foi uma verdadeira explosão visual. Frisson total. Naquele tempo, embora não tivesse como ator uma performance exatamente sofrível, é inegável que, de certa forma, apenas sua beleza bastava. A audiência respondeu a isso, levando ainda em consideração que a trama de Maneco era infinitamente melhor do que a atual, Em família.

Na novela, que já pode ser considerada um fracasso do autor, mais uma vez a beleza de Gianecchini ditou a simpatia ou antipatia de personagens. Ou vão dizer que o casal gay formado por Marina (Tainá Müller) e Clara (Giovanna Antonelli), esta última então casada com Cadu, vivido pelo ator, não sofreu rejeição porque o chef, de Reynaldo Gianecchini, era trocado por uma mulher? Se fosse por outro homem, a reação seria a mesma. A não ser, talvez, que o eleito de Clara fosse páreo para ele. Ocorre que Cadu, além de lindo, maravilhoso, é também ótimo pai e um maridão quase perfeito. Não é à toa que se tornou logo objeto de desejo de duas mulheres. E, em sã consciência, quem é que não quer um Cadu/Gianecchini na vida? Como sempre, o telespectador confunde – e muito! – ficção e vida real.

O que chama a atenção, no entanto, é a maturidade do ator. Como Reynaldo, muito além dos cabelos grisalhos e que lhe conferem um charme extra, consegue transmitir em cena a verdade daquele personagem, que também encarou um grave problema de saúde, passou por um transplante de coração, e vem dando a volta por cima na decepção amorosa.  Cadu é um dos grandes destaques da fraca trama de Manoel Carlos.

De Laços de família para cá, Gianecchini deu tratos à bola. Ele foi o Tony, protagonista em Esperança (Globo, 2002), de Benedito Ruy Barbosa; os gêmeos Paco e Apolo em Da cor do pecado (Globo, 2004), de João Emanuel Carneiro, da qual também foi protagonista. Com o mecânico bronco Pascoal em Belíssima (Globo, 2005), de Sílvio de Abreu, mostrou sua veia cômica, e em Passione (Globo, 2010), também de Abreu, como Fred, viveu seu primeiro vilão. Nos últimos trabalhos já dava mostras de que conseguia ir em cena muito além da beleza. Na vida pessoal, enfrentou e venceu um câncer. A volta à telinha ficou marcada com o Nando do remake de Guerra dos sexos (Globo, 2012), também de Sílvio de Abreu: um verdadeiro show do ator!

Vale dizer que Cadu vem coroar a maturidade de Reynaldo Gianecchini na TV, que buscou se aprimorar na escola que muitos elegem como a principal para o ator: o teatro. Dirigido por grandes nomes, como José Celso Martinez (Boca de ouro); Gerald Thomas (O príncipe de Copacabana); Marília Pêra (Doce deleite); Elias Andreato (Cruel) e Dan Stulbach (A toca do coelho), soube se aprimorar, estudar e sair da zona de conforto que, muitas vezes, a TV, apenas pela beleza, aprisiona a maioria. Um exemplo a ser seguido pelos novos talentos.

PLATEIA

VIVA
- Tatá Werneck e seu tempo de humor afiado como repórter do Caldeirão do Huck (Globo). Show!

VAIA - Sílvia (Bianca Rinaldi) e Verônica (Helena Ranaldi): duas personagens sem carisma de Em família.


Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br

Tempo de ninfeta
 (Renato Rocha Miranda/TV Globo )

A atriz Marina Ruy Barbosa (foto) cresceu e vai aparecer mais mulher em cenas quentes da novela Império, que vai substituir Em família (Globo) a partir do dia 21. A ruivinha, que acaba de completar 19 anos, falou no lançamento da novela, terça-feira, no Rio de Janeiro, sobre a ninfeta Maria Ísis, que vai interpretar na trama de Aguinaldo Silva. “
A personagem é diferente de tudo o que eu já fiz, é um desafio, muito intrigante. As cenas mais ousadas são um detalhe. É consequência da personagem. Eu fui crescendo e é normal que as histórias fiquem mais intensas, mais densas”, explica. Maria Ísis será amante do milionário José Alfredo, interpretado por Alexandre Nero. A mando dos pais, a jovem tentará dar o golpe da barriga, apesar de amá-lo e ser uma menina do bem. O último trabalho da atriz na telinha foi como a Nicole, que sofria de câncer em Amor à vida (Globo). A personagem morreu no meio da novela, depois de um imbróglio entre o autor e a atriz, por Marina supostamente ter se recusado a raspar os belos cabelos. Quanto à comemoração do aniversário, a atriz conta que foi em família: “Passei o fim de semana em São Paulo com a minha família e curtindo a natureza. Foi bom para recarregar as energias!”. A atriz namora o ator Klebber Toledo, que também está em Império, no papel do gay Leonardo.

VIAÇÃO CIPÓ DESTACA AS
BELEZAS DE DUAS CIDADES

Neste domingo, às 10h, na Alterosa, o Viação Cipó vai visitar duas cidades de Minas. Em Delfinópolis, a atração mostra a beleza de uma
queda d’água que fica transparente mesmo na chuva. Já em Conceição do Rio Acima, chamam a atenção o rio, as cachoeiras e uma igreja antiga com um cemitério dentro, onde as pessoas ainda podem ser enterradas. O apresentador Otávio di Toledo traz ainda os preparativos para o Julifest de Itabirito.

MUITAS NOVIDADES VIRÃO
DEPOIS DA COPA DO MUNDO


Com o final da Copa do Mundo, emissoras centrarão fogo em novos lançamentos. A Band e o SBT vão estrear duas atrações. No primeiro canal, vem aí o MasterChef, com Ana Paula Padrão de volta à telinha e à frente do reality culinário. Já no SBT, o Cozinha sob pressão, ainda título provisório, é a versão nacional do programa Hell’s kitchen, em que um chef famoso avalia habilidades dos participantes.

SÉRIE COM EDSON CELULARI
ESTREIA EM AGOSTO NO GNT


Animal, nova série do GNT (TV paga), estreia em 6 de agosto. Na produção, cujas gravações terminaram há um mês, Gil, personagem de Edson Celulari, busca a cura para uma doença rara. No elenco, entre outros, Cristiana Oliveira, Fernanda Moro, Clemente Viscaíno, Nelson Diniz e Leonardo Machado.

JOVENS MÚSICOS GANHAM
ESPAÇO PARA CRIAR NO SONY


Até dia 20, interessados em participar do programa Breakout Brasil do canal Sony podem se inscrever no site www breakoutbrasil.com. A atração vai acompanhar como jovens artistas expressam sua criatividade: do início da composição, passando pelo arranjo e finalizando com a
gravação de uma canção. A data da estreia ainda não foi divulgada.

CAUÃ REYMOND É CERTO EM
NOVELA DE JOÃO EMANUEL


João Emanuel Carneiro, autor de Avenida Brasil e A favorita, ambas da Globo, conseguiu contar com a participação do ator Cauã Reymond em sua próxima trama, que tem estreia prevista para o segundo semestre de 2015. Eles já trabalharam juntos nas duas novelas e, antes delas, também em Da cor do pecado, trama que foi ao ar às 19h na emissora. Outros nomes certos são de Dira Paes e Regina Duarte.

LUCINHA ARAÚJO BATE PAPO HOJE COM MARíLIA GABRIELA
 (Carol Soares/SBT)

Mãe do cantor Cazuza, Lucinha Araújo, em entrevista a Marília Gabriela (foto), no De frente com Gabi deste domingo, à meia-noite, no SBT/Alterosa, exalta a vida. “Minha vida nunca foi de tons pastéis, foram sempre cores vibrantes”, afirma. Esposa de João Araújo, famoso empresário e produtor musical brasileiro, também já falecido, ela é responsável pela Fundação Viva Cazuza. Sobre o marido, dispara: “Fiquei casada 57 anos em altos e baixos e não me arrependo de ter perdoado (traições), porque eu era feliz, o amava”. Em relação ao filho, admite: “Não quero superar. Quero sofrer, falar dele. Quando sinto muito a falta dele vou até a Viva Cazuza”. E lembra do artista. “Até os 14, 15 anos, ele era de ficar em casa lendo livros. Depois, mudou radicalmente”, conta. “Eu perguntei na lata e ele me respondeu: ‘Sou bissexual, estou à procura da minha sexualidade’.” Em relação à sua quase carreira de cantora, Lucinha comenta: “Sou afinada, cantava bem. Gravei dois discos, mas tinha vergonha de me apresentar em público”. A entrevistada ainda fala sobre o musical Pro dia nascer feliz, dedicado ao filho e, apesar de tudo o que passou, conclui: “Não me queixo. Acho que tive uma vida muito rica”.

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Vergonha Nacional

Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 06/07/2014 


O comportamento dos brasileiros nos estádios tem sido duramente criticado. E quem concorda com excessos de falta de civilidade, polidez e educação quando temos o mundo inteiro de olhos e atenção voltados para a Copa no Brasil? Ainda teremos pela frente outra aparição pública da presidente Dilma Rousseff na entrega da taça aos vencedores, e esperamos, se houver manifestos democráticos, e eu creio que haverá, que sejam pelo menos pouco grotescos e mais cívicos.

Como disse Leonardo Boff, em recente artigo intitulado “Quem envergonhou o Brasil?”: “Pertence à cultura popular do futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e, eventualmente, a alguma autoridade presente”. Insultos e xingamentos com linguagem de baixo calão que nem sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil. Foram dirigidos à mais alta autoridade do pais, a presidente Dilma Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial. Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que ainda tem visibilidade, gente branquíssima e de classe A, com falta de educação e sexista, como comentou a socióloga do Centro Feminista de Estudos, Ana Thurler.

Depois disso, outra grosseria imperdoável foi a vaia ao Hino nacional do Chile. Ora, faltou senso de civilidade e respeito aos visitantes que prestigiam nosso país com sua presença, com seu bonito futebol e muita garra. Não mereciam ser tratados com tanta falta de polidez.

E como ressaltou Thurler, não é o povão da geral que tem se comportado assim. A própria presidente respondeu: “O povo não reage assim; é civilizado e extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar, mas não insulta. “Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo.” Referia-se, comenta Boff, às torturas sofridas dos agentes do Estado de terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1964. O pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do rumo nem a abala, porque vive de outros valores e pretende estar à altura da grandeza de nosso país.

Enquanto torcedores japoneses recolhiam o lixo nos estádios, alguns brasileiros, anfitriões da copa, comportaram-se de maneira pouco civilizada. Estes nos envergonham. Outro comentarista, xará de frei Boff, Leonardo Sakamoto, jornalista e doutor em ciência política, professor de jornalismo na PUC-SP,  postou em rede social, no dia 28, algo muito apropriado.

Questiona o que leva uma pessoa a vaiar o hino de outro país enquanto ele é executado em um jogo de Copa do Mundo. Entende ele que, em bando, os seres humanos não raro modificam suas condutas – como, por exemplo, algumas torcidas organizadas que compensam suas frustrações cotidianas e reafirmam identidades de forma tosca, por meio da violência.

Contudo, comenta o jornalista, não são as torcidas organizadas que preenchem as arquibancadas dos estádios de futebol, mas grupos com maior poder aquisitivo, dado o preço de boa parte dos ingressos. A renda pode até estar diretamente relacionada à obtenção de escolaridade de melhor qualidade. Mas a escolaridade definitivamente não está relacionada com educação. Ou respeito. Ou bom senso. Ou caráter.

E conclui: “Aos vizinhos chilenos, portanto, peço que nos perdoem. Parte de nossos conterrâneos não sabe o que faz”. Acredito que muitos brasileiros concordam com o professor e esperam que, no fechamento da Copa, quando a presidente entregar a taça ao vencedor, seja quem for, possamos ser generosos e educados, evitando palavras de baixo calão e vaias ao vencedor. Afinal, para entrar no jogo, se faz uma aposta, e esta é sempre sem garantias.

Podemos ganhar ou perder. Se não se pode perder, tampouco se pode jogar. O importante é o espírito esportivo e a comunicação entre as nações. Que vença o melhor e que seja respeitado.

O mesmo vale para a nossa presidente: manifestar é preciso, mas baixar o nível é um excesso desnecessário. Duvido muito que as famílias no estádio desejem que seus filhos aprendam e pratiquem esse comportamento grotesco e desrespeitoso dentro de casa.

CINEMA » Mercado paralelo

Longe de descobrir a fórmula do sucesso, distribuidores apostam em filmes de países de fora do eixo e emplacam obras de Bósnia, República Tcheca, Croácia e Paraguai, entre outros


Mariana Peixoto
Estado de Minas: 06/07/2014



O longa croata Os filhos do padre, já exibido em BH, teve o cartaz original modificado no Brasil     (Pandora Filmes/Divulgação)
O longa croata Os filhos do padre, já exibido em BH, teve o cartaz original modificado no Brasil


Há um ano, durante o Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary, na República Tcheca, Bárbara Sturm, diretora da distribuidora Pandora Filmes, ficou impressionada com a produção croata Os filhos do padre. Ao comprar o longa-metragem do diretor Vinko Bresan para exibi-lo no Brasil, ela resolveu fazer diferente. Em seu país natal, o filme – que em tom de tragicomédia conta a história de um jovem pároco que decide furar preservativos ainda embalados para aumentar a taxa de natalidade na ilha onde vive – tinha como pôster o personagem no meio de um monte de bebês. “Você tem que saber qual é o seu público, como pode chamar a atenção dele”, afirma Bárbara. No Brasil, o cartaz de Os filhos do padre traz uma imagem totalmente diferente daquela que foi difundida na Croácia. Aqui, o padre aparece furando as camisinhas.

Lançado em março, uma das raras produções croatas exibidas no circuito comercial brasileiro, Os filhos do padre, já mostrado em BH, fez, com apenas cinco cópias, 33 mil espectadores. E continua em cartaz no Rio de Janeiro, depois de 13 semanas. É um caso de um bom filme que funcionou no boca a boca. “A gente gasta uma energia imensa para o lançamento de um filme como Os filhos do padre para conseguir um resultado xis. Pois gastamos a mesma energia com um diretor famoso e o resultado é cinco xis”, explica Bárbara.

Uma coisa é lançar um filme francês, outra é um croata. Ou até mesmo paraguaio. Diretora da Tucumán Filmes, Priscila Miranda do Rosário comenta que, durante a recente edição do Festival Varilux de Cinema Francês, dois dos filmes da distribuidora, Uma relação delicada e Um amor em Paris, ambos estrelados por Isabelle Huppert, venderam 10 mil ingressos. E isso somente durante a mostra – Um amor em Paris só vai entrar no circuito comercial na próxima semana. “O Brasil é um dos principais mercados para o cinema francês”, comenta ela. Ou seja, o público está muito mais aberto a um longa da França do que do Paraguai.

Mesmo assim, a Tucumán vem colhendo números consideráveis da produção 7 caixas, primeiro filme paraguaio que distribui. Em cartaz desde o fim de abril, a história de um adolescente que trabalha num mercado e recebe uma nota de US$ 100 para transportar sete caixas cujo conteúdo desconhece é uma espécie de Cidade de Deus do país vizinho. Somente no Paraguai, levou 350 mil espectadores aos cinemas – no Brasil, foram 12 mil. “Neste caso, a nacionalidade ficou como uma coisa curiosa. Mas não encontramos qualquer dificuldade com ele, é um filmaço, passou em 70 festivais no mundo e vendeu direitos para remake para os Estados Unidos. Ou seja, é um case de sucesso”, Priscila comenta.

O filme paraguaio 7 caixas, em cartaz desde abril no Brasil, é uma espécie de Cidade de Deus do país vizinho (Vortex/Divulgação)
O filme paraguaio 7 caixas, em cartaz desde abril no Brasil, é uma espécie de Cidade de Deus do país vizinho
Produção bósnia, Um episódio na vida de um catador de ferro-velho tinha credenciais, mas não vingou (Zeta Filmes/Divulgação)
Produção bósnia, Um episódio na vida de um catador de ferro-velho tinha credenciais, mas não vingou


LATINOS EM ALTA


Um sucesso comercial vindo de um país que não tem qualquer tradição cinematográfica acaba chamando a atenção para a sua cinematografia. Países latinos que vêm sendo cotados no meio do cinema autoral são o Equador e a Colômbia, na opinião de Priscila. A distribuidora maranhense Lume Filmes está apostando numa produção venezuelana, o drama Hermano – sobre garotos pobres que jogam futebol numa favela de Caracas e têm a chance de mudar de vida quando são vistos por um olheiro de um grande time –, que estreou esta semana no Rio de Janeiro. “É um filme que ganhou vários prêmios de público em diferentes continentes”, comenta o diretor de produção Mauricio Escobar. Recebendo prêmios em festivais de Moscou e São Paulo, a produção dá provas de que consegue atingir um público universal.

“O trabalho da Lume é mostrar para o público que existe outra visão de cinema”, continua Escobar. No catálogo da distribuidora, que já foge do senso comum ao atuar fora do eixo Rio/São Paulo, há boa parte de produções nacionais independentes e de países distantes, como Sérvia e Croácia. “E a diferença principal é que um filme brasileiro pode ser lançado com apoio da Ancine. Ou seja, você conta com um orçamento maior para a distribuição. Além disso, como existe a cota da produção nacional, você encontra mais salas para exibir”, acrescenta ele.


FRANÇA É EXEMPLO


Isso também vale para outros países. Francesca Azzi, da Zeta Filmes, produtora que entrou há poucos anos no mercado da distribuição, cita a França como o melhor exemplo. “É um dos países mais organizados para a distribuição de cinema. Quando você compra um filme francês, ele já conta com algum incentivo para a distribuição. Tanto a embaixada quanto os consulados são muito articulados.” Ou seja, a política de estímulo do audiovisual faz com que o número de produções que chegam aqui seja maior, isso sem falar na tradição cinematográfica do próprio país. Se não existe o incentivo – o que ocorre com a maior parte dos filmes independentes de diferentes países –, o trabalho tem que ser de formiguinha. Poucas cópias e lançamentos em poucas cidades, uma de cada vez.

Mas cada caso é um caso. Francesca cita como exemplo Um episódio na vida de um catador de ferro-velho, produção bósnia. O filme ganhou três prêmios no Festival de Cinema Berlim em 2013 e é de um diretor conhecido do meio, Danis Tanovic, vencedor do Oscar de filme estrangeiro por Terra de ninguém (2001). Mesmo com tais credenciais, o drama não foi bem nas salas. “Quando um filme ganha prêmio em diversos festivais, a gente acredita que ele seja viável de ser lançado nos cinemas. Mas, às vezes, o mercado diz que não. Não há uma correspondência de audiência para determinados filmes. No entanto, não acho que seja porque ele seja bósnio, húngaro ou francês. É o atrativo do próprio filme.”

 E já que ninguém sabe a fórmula do pote de ouro, Francesca comenta que um dos longas mais vistos do catálogo da Zeta é o húngaro Apenas o vento, de Benedek Fliegauf. “Por que, eu não sei. É um filme sobre ciganos, violência contra crianças, que são temas difíceis. Mas, mesmo com todas as dificuldades, conseguimos alavancar um filme complexo. Ou seja, acho que em qualquer lugar se pode ou fazer uma boa bilheteria ou fracassar. Há filmes que atraem e outros que não atraem as pessoas.” Independentemente da nacionalidade.

Pelo malo, da Venezuela, conta a história de um menino de 9 anos que sonha alisar o cabelo para se parecer com um cantor (Vitrine Filmes/Divulgação)
Pelo malo, da Venezuela, conta a história de um menino de 9 anos que sonha alisar o cabelo para se parecer com um cantor


Fora do eixo

Filmes que chegaram ao circuito comercial (até esta semana)

  América Latina

. Crônica do fim do mundo (Colômbia, de Mauricio Cuervo Rincón)
. O fantástico mundo de Juan Orol (México, de Sebastian del Amo)
. Heli (México, de Amat Escalante)
. Hermano (Venezuela, de Marcel Rasquin)
. Não aceitamos devoluções (México, de Eugenio Derbez)
. Pelo malo (Venezuela, de Mariana Rondón)
. 7 Caixas (Paraguai, de Juan Carlos Maneglia)

  Ásia

. A imagem que falta (Camboja, de Rithy Panh)

  Europa

. Um episódio na vida de um catador de ferro-velho
(Bósnia-Herzegovina/França/Eslovênia/Itália, de Danis Tanovic)
. Os filhos do padre (Croácia, de Vinko Bresan)
. Instinto materno (Romênia, de Calin Peter Netzer)
. Oslo, 31 de agosto (Noruega, de Joachim Trier)
. Walesa (Polônia, de Andrzej Wajda)

Filmes que ainda vão estrear no circuito comercial (até o fim do ano)

. Eco planet (Tailândia, de Kompin Kemgumnird)
. Paraíso (México, de Mariana Chenillo)
. A pedra da paciência (Afeganistão, de Atiq Rahimi)
. Sobrevivente (Islândia, de Baltasar Kormákur)

Batuta globalizada

Profissionais da regência analisam o novo cenário da música de concerto no mundo

Ailton Magioli
Estado de Minas: 06/07/2014



Fabio Mechetti, maestro (André Fossati/Divulgação)
Fabio Mechetti, maestro

O embarque do maestro Fabio Mechetti para a Malásia, na semana que vem, onde vai reger a Malaysian Philharmonic Orchestra, paralelamente à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG), da qual é titular, traz à tona uma constatação: a expansão do mercado da música sinfônica, com destaque para os países em desenvolvimento. Na Europa e nos Estados Unidos, há uma contração no setor, com o fim das atividades de vários teatros e até de orquestras.

É verdade que a presença estrangeira em grupos do gênero sempre foi uma realidade no país. “São incontáveis os músicos europeus que se refugiaram no Brasil no pós-guerra. Deles, se originou uma geração valiosa para a música e, mais especificamente, para a atividade sinfônica no país. O Brasil é um país aberto à imigração e à inclusão de profissionais de qualidade”, constata o maestro Isaac Karabtchevsky, que estreou no Madrigal Renascentista, na BH da década de 1950.

Como o regente faz questão de lembrar, os músicos circulam desde o Renascimento. “Quando compositores de porte, impregnando escolas; quando instrumentistas ou cantores, subsidiando a formação de novas técnicas e estilos interpretativos. Não há como, nem por que, traçar barreiras nacionais nesse perpétuo movimento de troca”, avalia Karabtchevsky, que, depois de passar por orquestras do mundo inteiro, atualmente dirige e rege a Petrobras Sinfônica, do Rio, e a Sinfônica de Heliópolis, de São Paulo.

Como as temporadas asiáticas seguem o calendário europeu, o maestro Fabio Mechetti admite que será fácil administrar a carreira na Malásia, onde vai reger a Malaysian Philharmonic por 12 semanas no ano, entre 2014 e 2015, mantendo seu vínculo com a Filarmônica de Minas Gerais, em Belo Horizonte. “A oportunidade mostra, na verdade, que a música tem a função de transitar entre várias culturas. É gratificante dividir este repertório com a Ásia e a Europa”, diz Mechetti.

O diretor artístico e maestro da OFMG acaba de concluir 15 anos de trabalho à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, dos Estados Unidos, onde hoje é regente emérito. “Esta é a grande vantagem de ser músico: aplicar ideias em diferentes culturas e conseguir ser entendido”, comemora Mechetti, que saiu pela primeira vez do Brasil há 33 anos, quando foi cursar o mestrado em Nova York, nos Estados Unidos.

Posteriormente, o maestro regeu orquestras em Escandinávia, Japão e alguns países da América Latina. “Com a facilidade promovida pelos meios de transporte e, mais recentemente, com a internet, esse intercâmbio só aumentou”, conclui o maestro. Ele lembra que já no século 19 não só os maestros, mas os solistas também viajavam pelo mundo. “O próprio Wagner (compositor alemão Richard Wagner) fez isso no século 19, além de Toscanini (Arturo Toscanini, regente italiano) e outros, já no século 20.”

Avesso a tal prática, o maestro João Carlos Martins diz que a orquestra é como a família para o regente. “Por isso a Orquestra do Estado de São Paulo (Osesp) deu certo com John Neschling, que a tratava como um filho”, elogia João Carlos, lembrando os 12 anos de trabalho do regente à frente da principal orquestra paulista. Adepto do que classifica de “velho estilo”, João Carlos, criador há cerca de uma década da Bachiana Filarmônica, garante que reger uma orquestra no exterior e outra no Brasil só funciona “em termos”.

 “Claro que convidar maestros para reger a sua orquestra acontece. Agora, ser maestro de duas orquestras ao mesmo tempo, francamente. A identidade desaparece do grupo, porque a relação desaparece”, critica João Carlos Martins. Primeira orquestra da iniciativa privada que, na opinião do maestro, acabou vingando, a Bachiana Filarmônica é, de acordo com ele, “a terceira via” de São Paulo, depois da Osesp e da Orquestra do Teatro Municipal.

“Em 12 meses, tivemos 11 estreias de jovens compositores brasileiros”, comemora João Carlos, salientando que o grupo que ele comanda tem feito uma média de 100 concertos por ano, com temporadas em três salas, fora os 40 concertos no interior de São Paulo e de cinco a 10 concertos na temporada nacional. “Só ao Lincoln Center e Carnegie Hall, dos Estados Unidos, já fomos cinco, seis vezes”, contabiliza o maestro, criticando a situação de algumas orquestras brasileiras. A Osesp, por exemplo, só piorou, em sua opinião, depois da saída de John Neschling. “Hoje, a maestrina americana Marin Alsop acaba um concerto aqui e sai correndo para reger lá nos EUA”, critica.

 João Carlos Martins, maestro (Fernando Mucci/Divulgação   )
João Carlos Martins, maestro


Excelência artística Diretor musical da Osesp, Arthur Nestrovski lembra que a orquestra paulistana não contrata regentes ou solistas de um ou outro país apenas por serem de alguma nacionalidade específica. “Invariavelmente, todos os artistas são convidados pela sua excelência artística”, diz ele, salientando que “a Osesp é, hoje, uma orquestra plenamente inserida no mercado internacional da música clássica, conquistando reconhecimento a ponto de nos permitir o privilégio de receber, regularmente, diversos regentes e solistas de grande destaque – tanto brasileiros, como estrangeiros”.

Os benefícios de tal prática, segundo Nestrovski, são óbvios: “Trabalhamos com os melhores músicos possíveis, para temporadas com plateia lotada, três vezes por semana, cerca de 40 semanas por ano”. Já na terceira temporada regular como regente-titular na Osesp, além do trabalho que desenvolve diretamente com a orquestra – são até 15 semanas por temporada em São Paulo –, Marin Alsop, de acordo com o diretor musical da orquestra, tem sido muito importante no processo de expansão internacional da Osesp.

“Por exemplo: nossas gravações para o Selo Naxos, lançadas no Brasil e em todo o mundo; apresentações no Concertgbouw, em Amsterdã, e no Festival BBC Proms, Londres, em 2012; uma muito bem-sucedida turnê europeia em 2013, que nos levou a algumas das mais importantes salas de concerto do mundo (Salle Pleyel, em Paris; Royal Festival Hall, em Londres; Philharmonie, em Berlim; Grosses Festspielhaus, em Salzburg, entre outros)”, lista Arthur Nestrovski.

 “Além disso, ela também nos ajuda a atrair grandes solistas e colabora ativamente na elaboração e no desenvolvimento de novas empreitadas digitais”, afirma. Recentemente, conta o diretor musical da orquestra, Marin foi descrita pela CNN como uma das sete mulheres de maior destaque no mundo em 2013. “E ela divide conosco não só uma incontestável qualidade musical, como também muito de sua experiência cultural e institucional”, acrescenta Nestrovski.


Três perguntas para...


Isaac Karabtchevsky
maestro

A experiência no exterior levou o senhor a alguma avaliação sobre o mercado para regentes de orquestras no Brasil?
As possibilidades, no que tange ao exercício da profissão e desenvolvimento profissional, aumentaram enormemente. Esta realidade está intrinsecamente ligada ao maior número de orquestras existentes, a um impulso que parte espontaneamente de alguns governos ao transformá-las numa espécie de cartão de visitas. Quando bem-sucedidas, as orquestras passam a representar um fator de propaganda inestimável para a política cultural de um governo.

Alguma vez o senhor regeu, na mesma temporada, uma orquestra no Brasil e outra no exterior?
Sempre, jamais deixei o Brasil. De 1988 a 1994, como diretor musical da Tonkuenstlerorchester, em Viena; de 1994 a 2001, como diretor musical e artístico do Teatro La Fenice, em Veneza; de 2004 a 2010, como diretor musical da Orchestre National des Pays de la Loire, na França. Como as temporadas não eram coincidentes, em nenhuma dessas ocasiões me afastei da titularidade das orquestras ou teatros brasileiros, seja na Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), no Teatro Municipal do Rio e São Paulo, da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e, mais recentemente, da Orquestra Petrobras Sinfônica (OPS) e da Orquestra Sinfônica de Heliópolis (OSH).

Qual é a principal contribuição de um regente estrangeiro para uma orquestra nativa?
Quando se trata de música, não há espaço para nacionalismo ou qualquer tipo de preconceito. Os maestros devem ser escolhidos por capacidade, carisma e dedicação, não importa de onde venham. Se fosse diferente, eu mesmo jamais teria sido escolhido como diretor artístico e maestro-titular em países da mais alta tradição como Áustria, Itália e França. Um maestro tende a se constituir em um fator de unidade em relação aos conjuntos que dirige, um polo de eficiência e liderança.

Brejeiro como ele só - Grupo Maogani

Grupo Maogani lança o álbum Pairando, dedicado às composições de Ernesto Nazareth. Disco reúne tangos, polcas e choros feitos para piano, com arranjos para quatro violões

Ailton Magioli
Estado de Minas: 06/07/2014



Quarteto Maogani, composto por diferentes tipos de violão, tem trabalhos instrumentais e ligados à canção popular       (Silvana Marques/Divulgação)
Quarteto Maogani, composto por diferentes tipos de violão, tem trabalhos instrumentais e ligados à canção popular


Anterior ao maxixe e ao próprio choro, que o compositor Ernesto Nazareth (1863-1934) tão bem representou, o tango brasileiro é o destaque de Pairando, novo disco do quarteto carioca de violões Maogani. “Ernesto Nazareth até chegou a compor duas ou três músicas que ele mesmo chamou de choro, mas em sua música há sempre o intercâmbio de gêneros, com muitos tangos sendo tocados como choros”, observa o violonista Paulo Aragão, que lidera o grupo.

Como explica o músico, o tango brasileiro foi o gênero que o pianista carioca mais compôs, apesar de também ter feito valsas e foxtrotes, como prova o repertório de Pairando. Como sempre gostou e tocou algo do autor, o quarteto de violões acredita que a gravação do disco da Biscoito Fino foi muito natural para eles. “Eu, particularmente, comecei a trabalhar a obra de Ernesto Nazareth no ano passado, por meio do projeto dos 150 anos de nascimento do compositor, que resultou no site www.ernestonazareth150anos.com.br, o mais completo de um artista que se tem notícia no país”, revela, orgulhoso, Aragão, que durante um ano recolheu tudo a que teve acesso da obra de Nazareth.

“Foi quando me dei conta de que, mesmo sendo um artista fundamental – ele foi um dos pilares da MPB –, muitas músicas de Ernesto Nazareth eram ignoradas, quase obscuras mesmo”, diz o violonista. Paulo Aragão integra o Maogani ao lado dos amigos e parceiros Carlos Chaves (violão requinto), Sergio Valdeos (violão de sete cordas) e Marcos Alves (violão de seis cordas). Responsável pelo oito cordas do quarteto, Aragão diz que o compositor carioca fechou um ciclo com o piano. “Apesar de trazer uma influência da música europeia, Nazareth se deixava abrir pela questão rítmica. Ele tinha uma escrita muito rica”, elogia. O violonista salienta ainda a presença do clássico e do popular na obra do compositor carioca.

“Trata-se de coisas muito próximas da gente”, garante Paulo Aragão, lembrando do empenho do quarteto em fazer a música popular soar no formato camerístico. “Fazer o disco com a obra de Nazareth, portanto, foi muito natural”, reforça. Pairando – Maogani interpreta Nazareth é o quinto disco do quarteto, formado em 1995, no Rio, que já colaborou com artistas como Guinga, Leila Pinheiro, Jane Duboc, Joyce, Wagner Tiso, Celia Vaz e Hamilton de Holanda, entre outros.

O repertório reúne 12 temas: os tangos brasileiros Arreliado, Pairando, Espalhafatoso, Jangadeiro, Plangente, Quebra-cabeças e Furinga; a polca Cruz, perigo!; o tango de salão O alvorecer; o foxtrote Nove de maio; o tango mediativo Por que sofrer?; e a valsa Resignação.

Autor de 210 músicas, Nazareth emplacou pelo menos três grandes sucessos (Odeon, Apanhei-te cavaquinho e Brejeiro), além de ter outras 35 bastante tocadas, de acordo com Paulo Aragão. A pequena obra-prima que batiza o CD (Pairando), conforme lembra o encarte, foi publicada em 1921 e passou despercebida, sendo incompreensivelmente pouco gravada e raramente tocada até hoje.

História na rede

No ano passado, para marcar o 150º aniversário de nascimento de Ernesto Nazareth, o Instituto Moreira Salles publicou, em formato digital, a pesquisa de Luiz Antonio de Almeida sobre a vida e obra do compositor carioca. Produto de 38 anos de trabalho ininterrupto, reúne informações sobre o compositor, com dezenas de entrevistas de pessoas que o conheceram e conviveram com ele. Herdeiro do acervo de Nazareth, Luiz Antonio passou o mesmo para o IMS, em 2005. A pesquisa, que contabiliza 400 páginas, está integralmente disponível no site www.ernestonazareth150anos.com.br, organizada em 750 tópicos, em ordem cronológica, com mecanismo próprio de busca.

Lágrimas essenciais - Síndrome do olho seco

Síndrome do olho seco é marcada por irritação, coceira intensa e baixo nível de lubrificação, principalmente com o clima desta época do ano e uso cada vez mais intenso de computadores



Lilian Monteiro
Estado de Minas: 06/07/2014



O inverno está aí e a maioria se preocupa com as doenças respiratórias, bem comuns nesta época do ano. Baixa umidade do ar, concentração de poluentes e clima seco levam a quadros de gripe, resfriado, amigdalite, etc. Todos ficam atentos a tais enfermidades e muitos se esquecem dos olhos, que também sofrem com a temperatura em queda. Na quinta-feira, 10, é comemorado o Dia da Saúde Ocular, data que ajuda a reforçar a importância dos cuidados com os olhos. Entre os inúmeros problemas e preocupações que afetam a visão está a síndrome do olho seco – patologia da superfície ocular causada por diferentes formas de desequilíbrio na fisiologia e defesas externas do olho, produzindo um filme lacrimal instável quando o olho está aberto –, que pode piorar nesse período do ano.

“Há uma mudança na alteração da superfície ocular e o paciente começa a ter desconforto”, destaca a médica, especialista e doutora em oftalmologia Márcia Reis Guimarães, mestre em biologia molecular pela Universidade de Paris VI e chefe do Departamento da Qualidade de Visão e Visão de Cores do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães. Ela explica que os casos de síndrome do olho seco estão aumentando por causa do uso de computadores, já que as pessoas piscam menos por estarem mais concentradas e mantendo uma fixação prolongada. No olho normal, “um filme lacrimal ‘dura’ cerca de sete segundos e depois disso começa a haver a evaporação, formando ilhas de quebra na lágrima que devem ser recobertas pela renovação do filme lacrimal”.

A médica conta que nós piscamos 15 vezes por minuto, em média e no computador essa relação cai para cinco piscadas por minuto, o que é muito pouco. Antes, lembra a oftalmologista, a síndrome acometia 40% dos homens e 60% das mulheres, “mas os casos só têm aumentado na população masculina. Aliás, de 15% a 18% da população mundial tem olho seco, e a menor incidência (10% a 12%) está nos países nórdicos pelo alto consumo de peixe, por causa do ômega 3”. “O olho resseca, pisca e busca a lágrima para recobri-lo e refazer esse filme. Se não houver um piscar adequado, a lágrima, responsável pela manutenção do filme lacrimal, não se espalha pela superfície ocular e o olho fica seco”, acrescenta Márcia.

A síndrome do olho seco é mais frequente na população a partir de 50 anos, tendo seu auge nas pessoas que têm entre 65 e 75 anos. Além da idade, a doença ocorre pela poluição ambiental crescente e medicamentos que interferem na produção e qualidade da lágrima, como é o caso da isotretinoína, prescrita para casos de acne severa em adolescentes. “O efeito colateral desse remédio é o olho seco, observado também com o uso de alguns antidepressivos e mesmo em casos de pós-operatório da cirurgia refrativa, que causam alteração temporária na qualidade do filme lacrimal.”

Mulheres depois da menopausa, por questão hormonal (principalmente pela queda do estrógeno), são mais suscetíveis. A lista não para por aí. A médica alerta ainda sobre a conjuntivite crônica alérgica: 36% dos pacientes poderão apresentar olho seco. Casos de doenças reumáticas, artrite reumatoide, tireoidite e tabagismo também acarretam alterações na glândula lacrimal. “A blefarite (inflamação das pálpebras) também pode causar olho seco por causa da alteração das glândulas que participam da formação do filme lacrimal”, informa.


Problema interfere na qualidade de vida 

Pessoas diagnosticadas com a síndrome do olho seco sofrem. Imagina lidar diariamente com coceira, olho vermelho, sensação de areia ou corpo estranho nos olhos, lacrimejamento excessivo e intolerância a lente de contato. “É muito desconfortável. Como o filme lacrimal não é de boa qualidade, a lágrima não é sadia. A pessoa começa a piscar mais, há interferência no filme lacrimal, mais muco e secreção no olho.” A médica alerta que “nosso olho tem 300 vezes mais sensibilidade do que a pele e com o olho seco tudo dói e incomoda. E num ambiente com ar-condicionado, então, ao longo do dia, o quadro só piora”, explica Márcia Guimarães.

A síndrome do olho seco altera ainda outros aspectos da qualidade de vida. “Nada menos que 32% das pessoas vão ter dificuldade de dirigir à noite, a visão fica embaçada para leitura e 18% não conseguem ver TV por muito tempo (fotofobia). E o quadro só piora ao longo do dia”. O tratamento, destaca Márcia Guimarães, começa depois de uma avaliação da quantidade e qualidade do filme lacrimal e de testes como Rosa Bengala, Schirmer, quando é observado se o olho tem alguma alteração e a quantidade de secreção da lágrima, e o Break-up Time, que é o tempo que o filme fica intacto antes de começar a evaporar (de seis a oito segundos) ou se quebra perdendo a integridade superficial. “O hábito do paciente tem de ser observado. É possível compensar o desconforto com melhora da alimentação, com mais ômega 3 (óleo de linhaça), por exemplo, e a reposição da lágrima com lubrificantes oculares (mais aquoso no início e denso na fase aguda). Cuidar da umidade do ambiente, usar óculos escuros mais fechados nas laterais (com lentes de qualidade) e, se preciso, preservar as lágrimas existentes, colocando um oclusor no ponto lacrimal para que ela não seja drenada tão rapidamente”, descreve a médica.

A lágrima é fundamental para os olhos, sendo produzida e drenada o tempo todo. É sugada para dentro do ponto lacrimal e escoa para o fundo da garganta (laringe). “Se chorar demais, ela escorre, mas é renovada o dia inteiro. A lágrima tem várias características que a tornam bactericida. Até brinco com meus pacientes que, se estiver com um machucado e não puder fazer nada, vale chorar em cima dele, já que lágrima têm enzimas, imunoglobulinas e antissépticos”, acrescenta a oftalmologista. 

Estudo: bactéria entra em estado de latência para escapar de antibiótico

Pesquisa mostra que micro-organismo entra em estado de latência durante a ação da droga e volta a se multiplicar depois que o remédio não está mais no organismo. Dessa maneira, o invasor desenvolve tolerância ao tratamento e se torna mais perigoso


Flávia Franco
Estado de Minas: 27/06/2014 06:00



O maior problema enfrentado por médicos em relação ao tratamento de doenças causadas por infecções bacterianas é a crescente capacidade desses microrganismos de sobreviverem à ação de antibióticos. Algumas espécies são responsáveis por epidemias globais, como a Escherichia coli, que causa desde intoxicação alimentar até meningite e septicemia, problema com alta taxa de mortalidade. Um novo estudo, publicado na edição desta semana da revista Nature, traz uma importante informação sobre como a E. coli se comporta na presença dos remédios que buscam matá-la, o que deve ajudar a desenvolver novas estratégias de combate.

No estudo, os autores fizeram experimentos em culturas de bactéria para observar como esses seres se comportavam durante uma aplicação de antibióticos. De acordo com Nathalie Balaban, líder do trabalho e pesquisadora da Universidade Hebraica (Israel), o objetivo era adquirir mais conhecimento sobre de que maneira a E. coli evolui sob essas circunstâncias.



Os resultados obtidos apontam para uma tolerância maior dos micro-organismos aos medicamentos, mas não a uma maior resistência. Em outras palavras, a bactéria não se torna propriamente imune à ação dos medicamentos, mas encontra uma maneira de suportar sua ação até que ele saia do organismo e ela possa voltar a se multiplicar. “O estudo permite o desenvolvimento de tratamentos e protocolos diferenciados que podem ajudar na prevenção dessa evolução da tolerância”, acredita Balaban.

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Mutações
O método seguido pelos pesquisadores foi executado da seguinte forma: em laboratório, as culturas de E. coli eram expostas a concentrações altas de ampicilina e tinham seu comportamento monitorado. A droga era inserida no sistema por um tempo e depois retirada, simulando assim um tratamento no corpo humano, quando a droga circula no organismo por um tempo até ser eliminada e, então, uma nova dose é aplicada.

Os cientistas notaram que a droga interrompia a atividade das bactérias momentaneamente, mas, assim que ela era retirada da cultura, a E. coli voltava a suas atividades normais. “Depois de 10 ciclos (de aplicação), os micro-organismos apresentaram uma tolerância maior por meio de mutações que permitiram a eles adotar um estado de dormência durante o período de ação do antibiótico. Desde que continuassem nesse estado, o remédio se mostrava ineficaz em eliminá-los”, afirma Nathalie.

Essa dormência descoberta foi categorizada pelos pesquisadores como a primeira mudança evolutiva das bactérias. A tolerância surgiu por meio de um ajuste do tempo de latência do micro-organismo. Balaban e sua equipe observaram que esse estágio ocorre entre a introdução de um novo ambiente e o momento em que a bactéria começa a se reproduzir, sem apresentar nenhuma mudança de resistência. E cada nova evolução prolongou ainda mais o estágio de dormência. “Nosso próximo passo é entender a frequência com que essa evolução ocorre em pacientes que estão tomando antibióticos em doses diárias ou duas vezes por dia. Essa descoberta pode contribuir para uma nova linha de medicamentos específicos”, espera a pesquisadora.


Prevenção De acordo com especialistas que não participaram do trabalho, o estudo não chega a ser propriamente inovador, pois há outros feitos em linhas semelhantes de investigação. No entanto, é mais um alerta sobre a importância do uso correto dos antibióticos. “O trabalho diz que, se o paciente toma antibiótico e não mata totalmente as bactérias, elas têm mais chances de ter resistências”, aponta Renato Grinbaum, coordenador do Comitê de Antimicrobianos da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Segundo ele, o mais importante é a prevenção, para evitar que os microrganismos mais resistentes se espalhem. “Esse processo da bactéria é um mecanismo natural, não existe um antibiótico que seja isento”, afirma. “À medida que se usa um determinado antibiótico em uma comunidade, a tendência é que a bactéria se adapte para sobreviver, é uma seleção natural daqueles microrganismos que não respondem mais ao antibiótico”, reforça.

A infectologista Eliana Bicudo explica que qualquer bactéria pode sofrer alterações genéticas que aumentem a resistência e a tolerância aos medicamentos. “O antibiótico elimina apenas as bactérias que são mais sensíveis a ele, mas uma colônia sempre vai ter micro-organismos mais resistentes. Se o paciente estiver mais debilitado ou interromper o período do tratamento, por exemplo, essas bactérias podem invadir a corrente sanguínea e causar infecções mais fortes”, afirma.

Para evitar a disseminação e a contaminação por essas bactérias, as principais recomendações de Grinbaum são o uso com cautela de antibióticos e a atenção em relação à higiene básica. “As pessoas têm o hábito de tomar antibióticos para tudo, e isso não deve ser feito. É necessário também cuidado ao lavar as mãos, para não passar adiante ou contrair doenças provenientes dessas bactérias”, conclui.

Eduardo Almeida Reis - Fatos‏

Fatos
Eduardo Almeida Reis - eduardo.reis@uai.com.br
Estado de Minas: 06/07/2014



A vulgarização e os preços baixíssimos das lavadoras de roupas fizeram que as mulheres realmente sérias, para não perder o hábito, passassem a desejar namorados e maridos com barrigas de tanquinho. O craque madeirense Cristiano Ronaldo tem barriga de tanquinho e namora modelo russa de notável beleza. Anos atrás, pulou a cerca à lusitana e obteve um filhinho pardo. Depois do teste de DNA, comprou o guri de uma senhora que ninguém sabe quem é, menino que está a criar por uma tia na Ilha da Madeira.

Lavadoras de roupas são recentes no Brasil. Ainda me lembro da primeira que comprei, já adulto, em prestações mensais, para dar de presente a velhas parentas que só conheciam os tanques. De aço inox, era um tanquinho e custava bom dinheiro. Depois disso, perdi a conta das máquinas que comprei até chegar à LG atual, lavadora e secadora, vidro redondo na frente, que só falta falar: é o tipo do trem danado de chique.

Assunto que veio à baila hoje cedo, diante do espelho, quando me preparava para tomar banho. Macérrimo pelos meus padrões, resta a barriguinha cultivada pelos chopes diários durante séculos. Fosse tanquinho, não adiantaria nada, porque a voltagem, que já foi 220V na dependência da tomada, hoje... deixa isso pra lá.

Duas das maiores emoções estéticas que tive no tempo de antigamente envolveram moças de vestidos transparentes, colantes, sem sutiãs e calcinhas, lavando roupas nas pedras de rios. Uma delas entre Montes Claros e Janaúba, Norte de Minas; outra em Coronel Pacheco, Zona da Mata. Deve ter sido uma tara como outra qualquer. Chego às 264 palavras e acho prudente parar por aqui. Certa memorialística pode ser perigosa.

Perfídia
Numa coluna muito badalada leio notícia que, em matéria de perfídia, de má-fé, deve ser o recorde mundial. Vejamos a nota em itálico: A VÍTIMA É NEGRA. O próximo número do Relatório das Desigualdades Raciais, editado pelo Laeser e coordenado pelo economista Marcelo Paixão, trará uma série de números que mostram, mais uma vez, o grave quadro de desigualdade racial. Veja só. Em 2012, vitimadas por agressão, morreram 56.337 pessoas em todo o Brasil. Em relação ao ano anterior, ocorreu um aumento médio no número total de homicídios de 8%. Do total de vítimas em 2012, 68% eram negros e pardos.

Década perdida...
Segue: no ano de 2002, isso é, dez anos antes, esse mesmo peso relativo foi de 53%. Ou seja, no intervalo, o percentual relativo dos afrodescendentes junto à população vítima de homicídio cresceu 15 pontos.

Analisemos a má-fé do colunista. Se em 2012, do total de vítimas de homicídios, 68% foram de pessoas negras e pardas, é sinal de que estão matando proporcionalmente mais brancos, pois a população negra e parda no Brasil é muito maior do que 68%. O “aumento” de 53% para 68% entre 2002 e 2012 é fácil de explicar: nesses dez anos, o fato de a pessoa declarar-se negra ou parda só faz aumentar, e muito, a possibilidade de entrar nas universidades e no funcionalismo público. É aquela conversa das cotas raciais. Hoje, portanto, até um norueguês nacionalizado brasileiro, que pretenda entrar para o serviço público, vai jurar que é pardo. E não será barrado pela cor da pele, porque sou muito mais branco do que a maioria dos noruegueses e tenho sangue angolano.

Bizu

Na flor dos seus 85 aninhos, famosa socialite brasileira mereceu perfil de página inteira, com foto colorida, num jornal de circulação nacional. Almoçando no restaurante da Maison de France, no Rio, quando a ilustre senhora andaria pelos 45 aninhos, sentei-me próximo de sua mesa e pude constatar que ela tinha mesmo um bizu, um brilho, espargia magnetismo pessoal capaz de derrubar gregos, troianos e cariocas, como este que lhes fala.

Os pormenores de sua vida amorosa, como o filho que teve com o irmão de seu marido, não cabem numa coluna séria escrita por um sujeito seriíssimo. Só posso dizer que foi aluna do Colégio de Sion, no Rio, casou-se com um industrial rico e um dos seus filhos foi providenciado pelo irmão do industrial, fato explicável pela atração cunhadia.

O mundo é uma bola
6 de julho de 1483: Ricardo III é coroado rei da Inglaterra. Reinou até morrer, em 1485. Foi o último rei da Casa de Iorque e o último da Dinastia Plantageneta, derrotado na batalha de Bosworth Field, confronto decisivo da Guerra das Rosas, data que tem sido considerada o fim da Idade Média na Inglaterra.

Em 1560, assinado o Tratado de Edimburgo entre a Escócia e a Inglaterra. Em 1785, o dólar é escolhido para moeda oficial dos Estados Unidos.

Em 1885, Louis Pasteur testa com sucesso sua vacina antirrábica em Joseph Meister, menino mordido por um cão raivoso.

Em 1891, fundação da cidade de Teresópolis, na região serrana do RJ, onde fica a insuportável Granja Comary, muito em evidência desde o dia 26 de maio de 2014.

Ruminanças
“No futebol, a cabeça é o terceiro pé” (Sérgio Porto, 1923-1968). 

Torcida alemã prepara invasão‏

Torcida alemã prepara invasão
Simpáticos e comunicativos, os primeiros torcedores do time adversário do Brasil começam a chegar à capital
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 06/07/2014


Não tem um jeitinho de arrumar ingresso para terça? - Mario Goralski, estudante, que adorou o fígado com jiló do Mercado central (FOTOS: TÚLIO SANTOS/EM/D.APRESS)
Não tem um jeitinho de arrumar ingresso para terça? - Mario Goralski, estudante, que adorou o fígado com jiló do Mercado central


Pesquisa do Ministério do Esporte estima que 11,3% dos ingressos vendidos para a semifinal desta terça-feira seja para alemães. É só fazer uma conta rápida, bem por alto, para ver que o Mineirão deve receber, por baixo, seis mil torcedores que esperam por mais gols do atacante Thomas Müller. Seja como for, a invasão tricolor só deve se intensificar a partir de hoje. Ainda que em pequeno número, sua presença já começa a ser notada em Belo Horizonte.

Passar despercebido, por sinal, é tarefa difícil para Mario Goralski, de 28 anos. Alto e loiro como boa parte da população de seu país, ele vai bem além dos estereótipos. No Mercado Central, em meio a um fígado acebolado e bate-papo entre alemães e brasileiros, houve quem perguntasse se era modelo. Não, apenas um estudante de Bochum (região da Renânia do Norte) que, recém-saído de um mestrado em administração e economia, se permitiu um período sabático de três meses.

Já ficou ao menos um – sua passagem de volta está marcada para 24 de agosto – onde conheceu boa parte do Ceará. Surfou nas ondas de lá e não temeu os tubarões do Recife. Em Caruaru, não perdeu o São João. Chegou a Belo Horizonte justamente um dia antes de ver sua Alemanha virar semifinalista após bater a França. Assistiu ao gol de Mats Hummels na Savassi ao lado do amigo brasileiro Lucas Barbosa, que o hospeda na cidade. Comemorou até as cinco da manhã em festa no Mercado das Borboletas. Ainda que em Fortaleza ele tenha surfado – até conseguiu virar garoto-propaganda da marca Sakapraia, surfwear de Pernambuco – em BH teve contato com um calor humano que ainda não tinha sentido.

Mario fica aqui por uma semana. Daqui a uns dias vai até Ouro Preto para ver o Festival de Inverno. Na temporada brasileira, conseguiu assistir no estádio somente ao embate de Alemanha e Gana no Castelão, em Fortaleza. “Não tem um jeitinho de arrumar ingresso para terça?”, pergunta o alemão surfista com sua brasilidade recém-adquirida e seu português mais do que admirável para alguém que estudou por somente seis meses. “Já falava espanhol, é muito parecido.”

Imersão cultural O alemão vai tentar ir ao Mineirão de qualquer maneira. Vai também tentar adiar a partida brasileira. Depois de Minas Gerais, viaja até o Rio, São Paulo, Salvador. E, quem sabe, arrumará um estágio numa empresa. Seu sonho já foi realizado pela conterrânea Sabine Koch Menezes. O último sobrenome vem do marido brasileiro Diego. Conheceram-se há três anos, falando em inglês, num ônibus turístico na Patagônia chilena. Com o casamento e a mudança para BH, Sabine estudou muito o português, que fala e escreve com fluência.

Já o alemão natal virou meio de vida. Atua como professora de alemão, além de ter criado o Liebe & Lebe Deustch (Amar & viver alemão), que reúne grupo de alemães e brasileiros que viveram naquele país. A ideia é uma imersão na cultura e gastronomia do país europeu, para matar as saudades e não perder as raízes. São encontros semanais, sempre às quartas-feiras, que só viram crescer seus integrantes por causa do Mundial. Sabine quer reunir um grupo maior na noite de amanhã como uma preparação para o jogo. Na terça, admite, ela e o marido vão ter que se dividir. Na hora de torcer, cada um fica com seu próprio país.

Sabine Koch e o marido brasileiro, Daniel, promovem integração
Sabine Koch e o marido brasileiro, Daniel, promovem integração

EMBAIXADA AMBULANTE

Projeto de assistência ao torcedor alemão que está no Brasil para acompanhar o Mundial, a chamada Embaixada dos Torcedores conta com duas vans que vão a todas as cidades onde a seleção de seu país joga. O serviço prestado por diplomatas que atuam na Embaixada em Brasília e no Consulado-Geral no Rio inclui informações turísticas de cada cidade como também apoio em casos de documentos perdidos. Em BH, as vans começam a trabalhar na segunda-feira, a partir das 12h. Ficam disponíveis para o turista até o meio-dia da quarta. Uma ficará na Praça da Savassi e a outra ao lado da Igreja da Pampulha. Informações: (31) 8240-2851. Para o jogo de terça, a Alemanha será representada por parte de seu corpo diplomático. Em licença médica, o embaixador da Alemanha, Wiefrid Grolig ainda não confirmou se poderá vir. Mas estão confirmadas as presenças do cônsul-geral do Rio de Janeiro, Harald Klain e o cônsul honorário em Minas Gerais, Victor Sterzik.
Jogo com os tricolores

Haus
Rua Juiz de Fora, 1.257, Santo Agostinho, (31) 3291-6900. O tradicional restaurante oferece cardápio tanto em português quanto em alemão. Além do cardápio convencional, há ainda um especial para ser harmonizado com cervejas alemãs. Na terça vai abrir às 15h. O prato do dia será a linguiça HB.

Krug Bier
Rua Major Lopes, 172, São Pedro, (31) 2535-1122. Para quem quer festa além de jogo. A cervejaria vai abrir seu estacionamento para uma festa com show de samba tanto antes quanto depois da partida. Na sexta, houve um público de 400 pessoas. Na terça, é esperado até mesmo o triplo. A casa vai abrir a partir das 14h.

Neckartal
Rua Leopoldina, 73 , Santo Antônio, (31) 3296-8750. Ponto de encontro da colônia alemã em BH, o restaurante recebe até 80 pessoas, que podem assistir à partida em duas TVs. Não há reserva. De especial para terça-feira, será servido o biscoito brezel. Feito na hora, ele vem recheado de manteiga ou patê de fígado.

Stadt Jever
Avenida do Contorno, 5.771, Funcionários, (31) 3223-5056. O tradicional pub alemão, que soma quase 30 anos em BH, não exibe as partidas. Na terça, vai funcionar normalmente a partir das 18h. Mesmo sem televisão, reúne um bom time de alemães, seja de moradores ou visitantes.

Com a cara e a coragem Mundial não atrai só turistas com dinheiro: sem recursos ou hospedagem, 16 estrangeiros já pediram ajuda em plantão para migrantes em BH. Argentino foi mandado para albergue

Sandra Kiefer



"Não posso escolher serviço. Se precisar pintar uma casa, faço" - Matías Luengo, turista argentino que foi encaminhado para albergue especializado em acolher migrantes em BH

Nem só de turistas endinheirados vive a Copa do Mundo. No terminal rodoviário de Belo Horizonte, o plantão do Serviço Social de Atendimento ao Migrante registrou 16 ocorrências desde o início do Mundial. Estrangeiros que não sabem se expressar corretamente em português alegam ter sido roubados e pedem ajuda ao governo para voltar ao país de origem. Entre eles, há chilenos, colombianos, mexicanos, haitianos e argentinos. Dois foram encaminhados ao Consulado da Argentina em BH e os outros para a Pousadinha Mineira, albergue especializado em acolher migrantes, na Região Central da cidade.

“Atraídos pela Copa, muitos estrangeiros vêm na sorte. Depois é que vão tentar saber como arranjar dinheiro para voltar. O número de turistas desamparados deve ser muito maior, porque a maioria desconhece o nosso serviço”, alerta Desirê Mourão, coordenadora do Plantão Social de Atendimento ao Migrante. Com sede na rodoviária de BH, o serviço atende apenas à demanda emergencial.

“Não tenho morada (casa), trabalho e nem dinheiro. Minha moneda (moeda) vale muito menos aqui”, compara o mochileiro Matías Luengas, de 34 anos, natural de Córdoba, na Argentina. Ele e um colega chegaram ao país há cerca de 45 dias. Pegando carona, a dupla cruzou estradas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo até desembarcar em BH – a cidade-base da seleção hermana. Embora não tenham ingressos para os jogos, os dois querem experimentar o clima da Copa.

Os estrangeiros já chegam diante dos assistentes sociais com palavras ensaiadas. Ninguém admite que está no Brasil por causa do Mundial. “O discurso do turista muda de acordo com a necessidade. Ele sabe do que precisa dizer para conseguir lugar nos abrigos mantidos pela prefeitura”, explica uma das técnicas do plantão, que pede para não ser identificada.

África Há cerca de 15 dias, um grupo de torcedores da Tanzânia, na África, apareceu pedindo ajuda no terminal rodoviário da capital. Apesar de ter em mãos as passagens aéreas de volta para a África, o grupo insistia em seguir de ônibus até Fortaleza (CE). Independentemente dos argumentos para tentar convencer os assistentes sociais, pesou o fato de que haveria partidas na capital cearense disputadas pelas seleções de Gana e da Costa do Marfim. Os times acabaram desclassificados.

“Não houve como atender os jovens africanos. Eles diziam ter sido roubados, mas não queriam ir embora. Não dava para encaminhá-los ao abrigo, pois havia menores de idade no grupo”, explica a coordenadora do Serviço Social de Atendimento ao Migrante.

O argentino Matías Luengas pretende se estabelecer em Belo Horizonte. Formado em linguagem audiovisual, ele aguarda os trâmites burocráticos para obter a carteira de trabalho. O rapaz aceita qualquer emprego. “Estou no Brasil pela natureza e para aprender um idioma estrangeiro. Não posso escolher serviço. Se precisar pintar uma casa, faço, mas prefiro trabalhar na área da gastronomia”, explica, enquanto ajuda a carregar engradados de refrigerante no albergue. Cansado, bebe três copos de água seguidos. Para ganhar uns trocados, aprendeu a fazer malabarismo nos semáforos, o que lhe rendia de R$ 20 a R$ 40 por dia.

“Não conheci ainda a comida mineira, pois vim com pouco dinheiro. Do pouco que pude provar, fui bem servido. As montanhas de BH lembram Córdoba, e a cidade não me pareceu tão grande como São Paulo. Além disso, fica no meio do caminho entre o Rio e a Bahia. Gostei de morar aqui”, elogia.

Destaques só nos gramados reais

Destaques só nos gramados reais
Revelações do Mundial no Brasil não são tão valorizadas em simuladores de futebol 
 
Túlio Kaizer e Arthur Minoves
Estado de Minas: 06/07/2014


James Rodríguez tem um dos casos mais curiosos: antes da Copa custava no máximo 8 mil moedas, agora vale até 600 mil moedas (FABRICE COFFRINI/Afp)
James Rodríguez tem um dos casos mais curiosos: antes da Copa custava no máximo 8 mil moedas, agora vale até 600 mil moedas

O holandês Daley Blind, o belga Romelu Lukaku, o colombiano James Rodríguez, o costa-riquenho Joel Campbell e os franceses Antonie Griezmann e Paul Pogba têm algo em comum. Estreantes na Copa, eles foram apresentados ao mundo no torneio como grandes revelações e conseguiram se destacar, ajudando suas seleções a avançar à fase final. Em tempos de jogos digitais, entretanto, eles ainda não são tão valorizados. Pouco conhecidos antes do Mundial no Brasil, esses jogadores têm valor de mercado baixo nos games em relação a outras estrelas do futebol internacional.

O Superesportes escolheu quatro destaques de cada uma das seleções que chegaram às quartas de final da Copa do Mundo e analisou o valor de mercado de cada um deles nos seguintes simuladores de futebol: Football Manager 2014 (FM) e Fifa 2014, no modo Ultimate Team. Como os games foram lançados antes da Copa, a tendência de que os jovens sejam menos valorizados foi confirmada.

O mais caro em ambos os games é Lionel Messi. Quatro vezes melhor do mundo, o argentino tem valor de 75 milhões de euros no Football Manager e custa entre 4 milhões e 14 milhões de moedas no modo Ultimate do Fifa.

Entre as novas revelações do futebol mundial, destaque para Romelu Lukaku. No simulador Football Manager, que aproxima os valores da realidade, o atacante belga custa 14,25 milhões de euros. O jogador é seguido por Pogba (14 milhões euros), Griezmann (12 milhões), Blind (7,5 milhões) e Campbell (4,7 milhões).

O caso mais curioso é o de James Rodríguez. O colombiano vale 7,5 milhões de euros no Football Manager, que ainda não considera o desempenho dele na Copa. Já no modo Ultimate Team do Fifa 2014, que tem sido atualizado no decorrer do Mundial, James custava entre mil e 8 mil moedas, e agora tem valor entre 350 mil e 600 mil moedas. O jogador também evoluiu nesse game. Sua pontuação média era de 83 e saltou para 91 com as atuações recentes.

BRASILEIROS Neymar, que agora está fora da Copa por conta da fratura na vértebra lombar, é o mais caro jogador da Seleção Brasileira. No simulador Football Manager, o atacante do Barcelona custa 42,5 milhões de euros, fruto da valorização após a transferência para o clube espanhol.

O goleiro Júlio César, destaque da Seleção no Mundial, tem um valor de mercado muito baixo. O goleiro do Toronto custa apenas 550 mil euros. Já David Luiz, um dos grandes nomes do Brasil na Copa, com dois gols, chama atenção no Fifa 2014 pela sua baixa pontuação: apenas 82. 

Brasucas

BRASUCAS
Estado de Minas: 06/07/2014


 (ADRIAN DENNIS/AFP)

Recorde permanece
A Fifa revisou sua estatísticas oficiais e diminuiu para 15 o número de defesas de Tim Howard (foto), dos Estados Unidos, no jogo contra a Bélgica, na última terça-feira. A redução, contudo, não interfere no recorde estabelecido pelo goleiro, com a maior quantidade de intervenções na história das Copas. A dúvida ocorreu aos 22min da partida, em chute do belga Toby Alderweireld, que, na verdade, foi para fora.

Di Stéfano hospitalizado
Alfredo Di Stéfano, ex-jogador argentino e presidente de honra do Real Madrid, foi internado em estado grave, ontem, um dia após completar 88 anos, vítima de uma parada cardíaca, em Madri. Segundo a agência Efe, Di Stéfano foi entubado e permanece em coma induzido no Hospital Gregorio Marañón. Ídolo da torcida, ele atuou no Real entre 1953 e 1964, após passagens por River Plate, Huracán (do México) e Millonarios (da Colômbia). O ex-jogador defendeu as seleções de Argentina, Colômbia e Espanha, mas nunca disputou
uma Copa do Mundo.

Polêmica
Com língua mais afiada que nunca, Anara Atanes, mulher do jogador francês Nasri, tripudiou em cima da eliminação da equipe para a Alemanha. No Twitter, ela criticou a qualidade do time comandado pelo técnico Didider Deschamps – que, vale lembrar, deixou Nasri de fora da lista da Seleção. “Ooooppsiiiie! E esse é o motivo de você precisar dos seus jogadores de nível mundial”, postou ela, que é espanhola.

Barrados no baile
Olin Batista, filho do empresário Eike Batista, foi barrado e impedido de assistir ao segundo tempo da partida entre Brasil e Colômbia em um evento promovido por um hotel em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Devido à superlotação dos elevadores, ele e uma amiga tiveram que companhar a vitória canarinho em uma TV do lobby, ao lado de “anônimos.” Olin estava sem a credencial dos VIPs.

ZONA MISTA » Em família‏

ZONA MISTA » Em família

Kelen Cristina
Estado de Minas: 06/07/2014

 (DYLAN MARTINEZ/Reuters)

O dia de ontem foi de lamentação e mensagens de apoio de toda parte do mundo para o atacante Neymar, cortado da Copa do Mundo depois de fraturar uma vértebra na vitória do Brasil sobre a Colômbia por 2 a 1 – resultado que garantiu a equipe canarinho no semifinal.  Os depoimentos mais emocionados foram de pessoas próximas ao jogador. O pai, que acompanhou o camisa 10 da saída da Granja Comary até o Guarujá, expôs sua tristeza no Instagram: “Eu poderia falar da dor e revolta de um pai ou de um choro inexplicável. Chorei sim, filho, e te peço perdão por não proteger em todos momentos e ser forte por você (…) Estou hoje, em uma rede social, falando com você porque vi uma nação e o mundo te devolvendo o carinho e apoio, e orando para que seu sorriso e alegria voltem o mais rápido possível. (…) Bora pra final!! Te amo!”. A irmã do jogador, Rafaella, disse sentir uma dor “inexplicável”. Amigo desde as categorias de base do Santos, Ganso também publicou mensagem comovente: “Difícil acreditar em tudo o que está acontecendo. Vamos estar sempre com você, meu irmãozinho. Nunca perca esse sorriso”. No início da noite, foi a vez da atriz Bruna Marquezine, namorada de Neymar: “A ficha ainda não caiu! Mas não quero falar de sofrimento, nem da nossa dor, nem dessa injustiça toda! Quero só dizer que você é amado demais! (…) Você ajudou muito a Seleção a chegar onde está hoje e se Ele (Deus) quiser vamos ser campeões! Amo você, meu ‘preto’, e estou com você até o fim! Beijos, sua Bru”.


Latin lover
Messi pode ser o jogador argentino mais elogiado pelos críticos de futebol, mas o preferido das torcedoras da alviceleste é o atacante Ezequiel Lavezzi. O tatuado atleta do Monaco parece gostar e até reforçar o rótulo de sex symbol, tamanha a quantidade de fotos sem camisa que posta em suas redes sociais. Lavezzi tem até fã-clube oficial, Las Pochas de Lavezzi (inspirado no apelido do jogador, Pocho), e chama as seguidoras de “Pochas fãs”. A fama do atacante, no entanto, não se limita à ala feminina. Três cantores lançaram na semana passada uma música em homenagem ao jogador, a Cumbia del Pocho, no popular ritmo argentino. O lado galanteador do atacante, claro, não ficou de fora na letra, com destaque para “Ele faz as mulheres vibrarem”, “Arranca a camisa molhada e segue mostrando o corpo” e “Algum suspiro deve ter roubado de alguma garota no Maracanã”.


Lembranças na bagagem
A delegação da França deixou Ribeirão Preto ontem à tarde sem conseguir esconder o abatimento pela eliminação na Copa. A triste recordação da queda nas quartas de final não é, no entanto, a única lembrança que levarão na bagagem. Muitos deles chegaram ao aeroporto da cidade paulista carregando um exemplar da brazuca, bola oficial do Mundial. O lateral Sagna (foto) levou para casa um suvenir mais especial: um quadro estilizado da seleção, com a assinatura dos jogadores que participaram da campanha dos Bleus no Brasil.


Cena de cinema
A imagem do técnico argentino Alejandro Sabella simulando uma queda, depois de Higuaín acertar a trave no dramático jogo contra a Bélgica, foi prato cheio para os criadores de memes na internet. Sabella virou parceiro de Michael Jackson no vídeo da música Smooth Criminal, fez companhia a golfinhos em apresentação numa piscina, apareceu saltando de bungee jump e até numa cena do filme Matrix, ao lado de Keanu Reeves. No campo futebolístico, foi chutado pelo holandês Huntelaar e amparado pelo goleiro norte-americano Tim Howard, que pegou quase tudo na Copa.


BOMBANDO

“Li sobre sua volta para casa, Neymar.   A Copa perde uma estrela. Melhore rápido e retorne aos campos”
Joseph Blatter (@SeppBlatter), presidente da Fifa, lamentando a lesão do astro brasileiro

“Estou tentando entrar, pessoal.  Estou realmente tentando!”
Brazuca (@brazuca), bola oficial da Copa, diante do persistente empate entre Holanda e Costa Rica

“É difícil aceitar, mas preciso ficar orgulhoso deste jovem time. Demos   o máximo e é o que importa”

Vincent Kompany (@VincentKompany), zagueiro da Bélgica, buscando um lado positivo na eliminação

COLUNA DO JAECI » Chegaram os favoritos‏

"Estar nas semifinais nos deixa em condições de igualdade com os concorrentes. E jogar em casa tem peso"


Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 06/07/2014



 (Yves Herman/Reuters)
Brasil, Alemanha, Argentina e Holanda são os semifinalistas da Copa do Mundo. Errei só uma aposta, ao apontar a Espanha em lugar do Brasil. Todos temos o direito de dar palpites, mas para alguns isso significa torcer contra. Que pobreza! O país está consternado pela ausência de Neymar, com fratura na terceira vértebra lombar. Não achei que Zúñiga entrou para quebrá-lo. Acho que foi excesso de força, mas não a maldade que muitos estão vendo. E, cá pra nós, Neymar é o nosso principal jogador, mas não fez grande Copa. No jogo de sexta-feira, bem marcado, mais uma vez não conseguiu jogar. Felipão, porém, já tem a desculpa para o caso de eliminação: vai dizer que o desfalque foi decisivo. Nós, brasileiros, não sabemos perder. Até hoje tem gente achando que a convulsão de Ronaldo antes da final de 1998 foi responsável pela derrota. Outros pensam que a Copa foi comprada. Bobagem!
Estar nas semifinais nos deixa em condições de igualdade com os concorrentes. E jogar em casa tem peso. Analisando friamente, contudo, a Alemanha tem mais time, o que não quer dizer muito neste Mundial. O Brasil pode vencer com a força da torcida mineira, da camisa e se jogar futebol convincente. Acredito que Felipão vá usar três volantes – Luiz Gustavo, Fernandinho e Paulinho. Dante (foto) conhece bem os alemães, cuja maioria joga com ele no Bayern. Nesse aspecto, a suspensão de Thiago Silva pode até ser benéfica, pois o substituto é excepcional zagueiro.

Como todo o Brasil, eu gostaria de ver Fred fora do time. Ele anda mal e seu único ponto a favor é que a bola não chega. É um jogo para Oscar dizer a que veio. Até aqui, não jogou nada. Se em dezembro, no sorteio, alguém dissesse que o Brasil pegaria Croácia, México, Camarões, Chile e Colômbia, todos diríamos: é campeão. Demos sorte incrível ao pegar nos mata-matas antigos fregueses. Não tivemos grande teste. Terça-feira, porém, a história é outra. Os alemães estão secos pelo título há 24 anos. O time verde-amarelo terá de jogar o que não jogou até agora para ir à final. Sempre apostei em Alemanha x Argentina, mas gostaria muito que fôssemos à decisão.

A Copa é aqui, gastamos uma fortuna e merecemos pelo menos disputar a taça. Fico imaginando como seria legal Brasil x Argentina no Maracanã. A decisão sonhada por todos que amam o futebol. Infelizmente, temos a pior safra de nossa história, mas esses jovens estarão maduros para chegar a 2018 com a experiência de 2014. Na Rússia, Neymar será nosso grande jogador, consciente de seu papel. A Copa dele será a próxima, assim como agora é a de Messi, maior esperança dos hermanos, aos 27 anos.

A competição tem surpreendido quem esperava jogos ruins e poucos gols. Times medianos se mostraram competentes e deram trabalho aos grandes. A própria Costa Rica deu calor ontem na Holanda e foi prejudicada com a não marcação de duas penalidades. A preparação física encurtou a distância entre os grandes e os demais. Como craque é artigo em extinção, fica tudo nivelado por baixo. Mas não podemos reclamar. Estamos nas semifinais, mesmo com time combalido e aos trancos e barrancos. E podemos sim chegar além. Já não me arrisco a dizer mais nada, embora tenha acertado três dos quatro semifinalistas.

Que o Mineirão e a torcida mineira levem bons fluidos à Seleção. Mesmo sem Neymar, ela tem de se superar para bater a forte Alemanha. Só espero que Klose não faça gol, para não se isolar de Ronaldo como o maior artilheiro dos Mundiais, com 16. Que tal 1 a 0 com gol de Fred no fim, de cabeça? Seria a consagração dele, que estaria perdoado pelas atuações ruins e por ter passado em branco em alguns jogos. O destino é quem vai dizer, pois o futebol é imprevisível.