quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fatos - Eduardo Almeida Reis

Presumo que seja algo diferente do meditar que levou a bela Luciana Gimenez aos jardins da casa do empresário Olavo Monteiro de Carvalho, na noite em que foi apresentada a Mick Jagger


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 18/12/2014




A resolução dos desembargadores do TJ-RJ mandando soltar o senhor Orelha, chefe do tráfico no Complexo do Alemão, lembrou-me história contada por um engenheiro vizinho de fazenda, professor de mecânica dos solos da PUC-Rio, seguramente uma das três melhores escolas de engenharia do Brasil. Naquele tempo, mecânica dos solos era matéria do quarto ano, com os estudantes quase formados.

Estranhando as atitudes de alguns alunos, o professor pediu aos colegas professores de medicina e psicologia que submetessem sua turma a um teste da área psi. Resultado: 3% dos engenheiros quase diplomados eram débeis mentais! Presumo que nas escolas de direito a percentagem seja de 30%, o que explica alguns muitos juízes e desembargadores que vemos por aí.

Meu vizinho de fazenda, dono de uma empresa que empregava 360 engenheiros, acabou largando tudo para se dedicar à meditação transcendental, técnica de meditação introduzida em 1958 por Maharishi Mahesch Yogi, que envolve o uso mental de sons específicos chamados mantras, supostos de ter propriedades psicoativas. Negócio que me parecia meio maluco, mas há profissionais sérios da área psi que veem aspectos positivos na meditação. Presumo que seja algo diferente do meditar que levou a bela Luciana Gimenez aos jardins da casa do empresário Olavo Monteiro de Carvalho, na noite em que foi apresentada ao roqueiro inglês Sir Mick Jagger. Do tanto que meditaram, nasceu o menino Lucas Jagger, hoje com 15 anos.

Ao contrário do que se possa imaginar, meditação pode custar bom dinheiro e a maldosa imprensa noticiou que Sir Jagger pagou à meditabunda 5 milhões de dólares, fora pensão alimentícia de 25 mil dólares mensais. Meditemos, caro e preclaro leitor.

Modernidades
Automóveis modernos são muito bons, muito bonitos e confiáveis, mas não proporcionam aos seus donos e passageiros situações divertidas como os carros de antanho. Saudoso amigo, advogado brilhante, circulava a bordo de um jipinho com janelas de lona, habitáculo gélido nos meses de inverno. Certa feita deu carona de Petrópolis para o Rio a uma professora de inglês, senhora séria de certa idade, que passou a viagem inteira recitando poesias inglesas do século 19. Sobreviveu à aventura com o lado direito do rosto cuspido, sem ter entendido absolutamente nada, porque não falava o idioma dos Pitts e dos Chaucers.

Outro saudoso amigo, português nascido nos Açores, comprou um jipinho Gurgel e me recebeu em sua fazenda numa tarde em que havia caído um temporal. Foi logo dizendo: “Este jipe é virtualmente inatolável”. Tudo para ele era virtualmente qualquer coisa. Embarquei de carona para conhecer as terras recém-aradas e gradeadas. Meia hora depois estávamos irremediavelmente atolados. Voltamos tarde da noite a reboque de um trator.

Um pouco mais antigo, o Ford Modelo-T não tinha bomba de gasolina, o que pode ser confirmado ou desmentido pelos meninos aqui do Vrum. Sem bomba, a gasolina descia por gravidade do tanque para o motor, obrigando o veículo a subir ladeiras íngremes em marcha a ré.

Portugal

Apesar do sobrenome, só devo ter cerca de 25% de sangue português, daí a dificuldade para explicar o carinho que tenho por aquele país. Claro que me divertem as anedotas de português, que repasso quando boas, mas tenho pelo jardim da Europa à beira-mar plantado um apreço difícil de entender.

Só a literatura e a música justificam esse carinho. O Eça e a turma da pesada, Herculano, Camilo, Camões, sem esquecer o historiador Oliveira Martins; os fados que acompanharam meus jantares dos 18 aos 28 anos, a amizade fraterna com o fadista Tristão, Manuel Augusto Martins Tristão da Silva, o Miúdo do Alto do Pina, que cantava de graça em minha casa depois de preparar o jantar: “Bacalhau tem-se que o surrar”.

Tristão prometia me mostrar a Lisboa que os turistas não conhecem, mas nunca lá estive. Em todas as oportunidades havidas, preferi mandar as meninas, que conhecem o mundo inteiro, de Moscou 35 graus abaixo de zero ao Japão e ao Havaí. Acho que nunca estiveram na Índia, falha grave porque é nação que deve ser visitada para entender este planeta.

O mundo é uma bola


18 de dezembro de 1822: chegada de João José da Cunha Fidié a Parnaíba com as tropas vindas de Oeiras, então capital do Piauí. Sei que o assunto não nos interessa, mas estou precisando encher linguiça, sem trema, sinal diacrítico (¨) que, em algumas línguas, se sobrepõe a uma vogal para indicar que esta é pronunciada em sílaba separada (como no francês naïve) ou para alterar o som de determinada vogal (como no alemão Führer). No português, com o Acordo Ortográfico de 1990, o trema passou a ser empregado apenas em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros (p.ex., hübnerita, a partir de Adolf Hübner).

Em 18 de dezembro de 1906: Aquidauana, então no Mato Grosso, hoje no Mato Grosso do Sul, foi elevada a distrito. Morei lá perto (uma hora de voo em teco-teco) e atribuo àquela temporada o meu afastamento do cinema. Fartei-me de ir ao cinema aquidauanense quando só exibia dois rolos de um filme de três. Em língua guaicuru Aquidauana significa “rio estreito”. Hoje é o Dia do Museólogo.

Ruminanças

“Não mexer no que está sossegado” (Salústio, 86-35 a.C.).