quinta-feira, 10 de abril de 2014

Tereza Cruvinel - A velha novela

Uma pergunta habita corações e mentes: se a reeleição de Dilma se tornar inviável, Lula e o PT aceitarão passivamente apenas por delicadeza para com ela?

Estado de Minas: 10/04/2014


“Muda o elenco, muda o diretor de cena, mas a novela é sempre a mesma”, diz, com desalento, o deputado tucano Emanuel Fernandes. “Aqui estamos nós, de novo, às voltas com a mesma hipocrisia”, replica o petista Jorge Viana no café do Senado. Eles falam da substância que alimenta a luta política do momento entre governo e oposição em torno da instalação de CPIs. A oposição quer investigar apenas a Petrobras em busca de evidências de uso dos contratos de empresas privadas com a estatal para alimentar um esquema de financiamento de campanhas. Este é o mesmo objetivo dos governistas quando garantem, com o rolo compressor, como fizeram ontem, as condições para instalar o que o senador José Agripino chamou de “CPI gorda”: investigar os contratos da administração tucana de São Paulo com um cartel de fornecedores e os negócios do governo Eduardo Campos no Porto de Suape em buscasdas mesmas evidências.

A novela e a hipocrisia a que ambos se referem é a do financiamento de campanhas que produz o eterno retorno dos escândalos de corrupção, envolvendo partidos e políticos com fornecedores do Estado. A própria Polícia Federal já declarou, por meio de um delegado, que quase 80% dos escândalos por ela investigados guardam relação com o financiamento de campanhas. No caso da Petrobras, conforme já indicado por esta coluna e pelo Estado de Minas, há indícios de que os grandes fornecedores da empresa tornaram-se doadores legais de políticos e de partidos governistas. Se houve a “transfiguração” de propinas em doações legais, montou-se o crime perfeito. Nenhuma empresa é proibida de fazer doações num país em que elas são legais, não havendo sequer um teto para os doadores ou para os receptores.

 Os petistas, por sua vez, estão certos de que as propinas pagas pelo cartel de multinacionais que vendeu trens e vagões de metrô aos governos paulistas também alimentaram o caixa de campanhas tucanas nos últimos anos. Suspeitam que as obras no Porto de Suape, conduzidas pelo governo do candidato dissidente Eduardo Campos, serviram ao mesmo propósito. Na “CPI gorda” que os governistas devem garantir com a força da maioria, salvo contra-ordem do Supremo, a troca de tiros pode acabar em soma zero para os partidos, mas em conta negativa para a credibilidade da política, fortalecendo a ideia de que, no fundo, são todos farinha do mesmo saco. Em matéria de rolo compressor, vale recordar que os petistas, quando na oposição, muito aprenderam com os tucanos, que, aliados aos pefelistas de então, também ligavam o trator da maioria para evitar CPIs até mesmo depois de instaladas, como aconteceu com a do Proer. Até hoje, o PT não se perdoa pelo fato de, sob a vertigem das denúncias de Roberto Jefferson, não ter impedido a CPI dos Correios.

Jorge Viana não foge do assunto: “A oposição está partindo do pressuposto de que vai encontrar um barril de pólvora na Petrobras, relacionado a financiamento de campanhas, capaz de detonar a candidatura Dilma e de ajudá-la a se viabilizar como alternativa de poder, o que não tem conseguido com sua falta de propostas para o país. Isso é luta política, é do jogo, mas a democracia continua sendo a vítima principal. Volto a dizer: se não adotarmos o financiamento público, libertando as campanhas, cada vez mais caras, da dependência das empresas, estaremos depredando a democracia que nos custou tanto a construir”.

Tucanos e petistas têm acordo sobre isso, mas discordam sobre o sistema de escolha dos parlamentares na inalcançável reforma política. Os petistas querem financiamento público com voto em lista. Os tucanos, com voto distrital. Em sua entrevista aos blogueiros, o ex-presidente Lula também voltou ao assunto, dizendo: “A reforma política é a mais importante reforma que tem que acontecer neste país”. Para ele, o financiamento público de campanhas é “a forma mais barata e mais honesta de se fazer eleições no Brasil”.

A volta de Lula

Ao proscênio político, o ex-presidente Lula já voltou. O encontro a sós com Dilma foi um sinal disso. Ele tinha coisas a dizer a ela sem testemunhas. A entrevista aos blogueiros foi outro. Nela, mandou muitos recados, inclusive para Dilma, ao afirmar que ela terá de dizer claramente ao país “o que fará para melhorar a economia brasileira”. Com essa frase, vitaminou o discurso da oposição, que vem batendo na tecla da negligência do governo atual com a macroeconomia. Ele ainda defendeu Dilma e o governo dela, alfinetou a oposição e instigou o PT a reagir à tentativa de cerco. Por sua intercessão, o novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, inaugurou um novo discurso e uma nova relação entre o Palácio do Planalto e a coalizão governista. Um sinal de seu êxito foi a unidade de ontem, entre PT e PMDB, para derrotar a oposição na Comissão de Constituição e Justiça e aprovar o parecer do senador Romero Jucá, favorável ao “engordamento” da CPI da Petrobras.

Lula voltou ao ringue atendendo ao instinto de preservação do projeto político ameaçado. Qual é a distância entre esse primeiro movimento e uma eventual candidatura dele, substituindo a de Dilma, ninguém hoje pode saber. Talvez nem ele. Certo é que uma pergunta habita corações e mentes em todos os quadrantes: se a reeleição de Dilma mais adiante se mostrar inviável, Lula e o PT aceitarão passivamente, apesar do coro de “volta, Lula”? Fariam isso apenas por delicadeza para com Dilma, que, no início do ano passado, forçou o lançamento antecipado de sua recandidatura? Rimbaud tem um verso que se aplica ao dilema petista: “Par délicatesse. J’ai perdu ma vie”. Por delicadeza, perdi minha vida.

Um grande passo - Carolina Braga

Um grande passo
Carolina Braga
Estado de Minas: 10/04/2014
Estreia hoje em BH Hoje eu quero voltar sozinho, vencedor do prêmio da crítica em Berlim (Vitrine Filmes/Divulgação)
Estreia hoje em BH Hoje eu quero voltar sozinho, vencedor do prêmio da crítica em Berlim

Leo é fã da música de Bach. Não só isso: faz questão de diferenciá-lo de Vivaldi, assim como de Beethoven, entre outros compositores clássicos. Já sobre o som de Belle and Sebastian não conhece nada. Dançar, então, nem pensar. Ainda não deu o primeiro beijo e acha que nunca vai namorar alguém. Sim, Leo é diferente dos outros adolescentes da escola dele não apenas porque é cego.

A maneira menos óbvia como o diretor Daniel Ribeiro nos apresenta o que distingue o protagonista de Hoje eu quero voltar sozinho dos demais de sua geração é o que faz do filme também obra em defesa de olhares menos preconceituosos no cotidiano. Haverá sempre o igual e o diferente. Ponto. Neste caso, seja por questões de deficiência, opção sexual ou simplesmente gosto musical. A questão – e a polêmica – passaria por como lidar com isso. Mas esse é um ponto que a produção não alcança.

Concebido como um desenvolvimento do curta Eu não quero voltar sozinho (2010), o longa vencedor do prêmio da crítica da última edição do Festival de Berlim não é uma continuação. É a mesma história, contada de forma muito parecida. Assim como o curta, Hoje eu quero voltar sozinho tem como norte o autoconhecimento de Leo, em competente composição de Ghuilherme Lobo (que não é deficiente visual).

Em um momento em que o jovem entra em atrito com os pais em busca de mais independência e liberdade, é surpreendido pela chegada de Gabriel (Fábio Audi), novo colega de classe. O início de uma amizade fora do padrão o fará sentir coisas até então desconhecidas. Será obrigado a lidar com o ciúme da melhor amiga (Tess Amorim), a superproteção da família, além de experimentar algo totalmente inédito: o que é desejar alguém. E mais: do mesmo sexo que ele.

Por outro lado, curiosamente, o filme, que pretende se afastar dos clichês, escorrega em alguns diálogos. É ingênua – e desnecessária –, por exemplo, a conversa sobre o que é ser intercambista e todos os atos falhos envolvendo a cegueira. Como em nenhum momento a condição de Leo e seus amigos é dramatizada ou banalizada, torna-se de certa forma dispensável o fato de ele ser convidado para “ver” um filme e aceitar. Não é preciso forçar graça. Ela é espontânea pela empatia que Leo, Gabriel e Giovana despertam.

Hoje eu quero voltar sozinho se passa em São Paulo, mas poderia não ser. A ausência de cenário determinado para a trama é uma forma também de reafirmar o quão atemporal e ocasional ela pode ser. Não interessa ao longa problematizar, mas apresentar e aqui está seu ponto fraco. Se Leo e Gabriel ficarão juntos, se serão alvo de bulling na escola, se terão conflitos familiares quando revelarem a relação são pontos que Daniel Ribeiro deixa por conta do romantismo de cada espectador. Essa abertura faz de Hoje eu quero voltar sozinho um passo importante na cinematografia recente brasileira. Fica devendo, porém, na ousadia da discussão.

TeVê

TV paga
Estado de Minas: 10/04/2014



 (Carnival Films/Divulgação )

Novela à inglesa


Uma das mais cultuadas séries da TV na atualidade, Downton Abbey retorna hoje à programação do canal GNT, às 22h30. Nesta sua quarta temporada, a produção britânica dá sequência à saga da aristocrática família Crawley e seus empregados. O ano é 1922 e já se passaram seis meses da morte de Matthew, principal herdeiro de Downton Abbey, em um acidente de carro. Nesse momento, em que todos na propriedade começam a se recuperar da tragédia familiar, é que se inicia a nova temporada.

AXN estreia a série de
mistério Resurrection


Baseada no livro The returned, de Jason Mott, a série Resurrection estreia hoje, às 22h, no canal AXN, com os dois primeiros episódios em sequência. Na trama, um menino americano de 8 anos acorda sozinho em uma plantação de arroz em uma província rural chinesa sem saber como chegou lá. Detalhes começam a surgir quando o menino, que se chama Jacob, lembra que sua cidade natal é Arcadia, e a partir daí o mistério só aumenta, pois se passaram 30 anos desde que o garoto desapareceu da casa de seus pais.

Está de volta o Prêmio
Multishow de Humor


Sergio Mallandro, Fernando Caruso, Natalia Klein e Miá Mello estão juntos mais uma vez no júri da nova temporada do Prêmio Multishow de humor, que estreia hoje, às 21h30. Vinte e quatro participantes estão na disputa para ganhar o prêmio de R$ 25 mil, além de um especial no canal. Nas edições anteriores, os vencedores foram Gigante Léo e Paulo Vieira.

+Globosat aposta em
dois documentários


No canal +Globosat, duas novidades hoje: o documentário Entre o céu e a terra, às 17h, reconstituindo o misterioso desaparecimento de um submarino alemão na costa da Itália durante a 2ª Guerra Mundial; e Motoboys vida loca, às 22h, falando sobre comportamentos, medos e sonhos de cinco motoboys e uma motogirl que se arriscam nas ruas de São Paulo. No NatGeo, às 22h30, tem mais um episódio de Cosmos: “Escondido na luz”.

Muitas alternativas
no pacote de cinema


O Telecine Cult exibe mais dois westerns clássicos em sua sessão especial Madrugada faroeste: O parceiro do diabo (23h30) e A voz da honra (1h15). Na faixa das 22h, o assinante tem oito opções: Minha mãe é uma peça – O filme, no Telecine Premium; Quatro amigas e um casamento, no Telecine Fun; Revelação, no Telecine Action; O espetacular Homem-Aranha, na HBO Plus; Mulheres – O sexo forte, no Glitz; A chave mestra, no Studio Universal; Cores do destino, no Max; e A.I. – Inteligência artificial, na MGM. Outros destaques da programação: Como perder um homem em 10 dias, às 21h, no Comedy Central; Macunaíma, às 21h30, no Arte 1; Maluca paixão, às 22h30, no Megapix; e X-Men – Primeira classe, também às 22h30, no FX.



CARAS & BOCAS » O caos é total
Simone Castro

Marieta Severo interpreta dona Nenê em A grande família, que estreia hoje sua última temporada (Alex Carvalho/TV Globo)
Marieta Severo interpreta dona Nenê em A grande família, que estreia hoje sua última temporada

O episódio O ano em que meus pais saíram de férias marca, hoje, o início da última temporada de 
A grande família (Globo). Quando Nenê (Marieta Severo) e Lineu (Marco Nanini) retornam à casa depois do tempo em que passaram viajando em um barco construído pelo ex-fiscal, encontram o lar doce lar num verdadeiro caos. Afinal, o chefe de família, desde então, passou a ser ninguém menos que Agostinho (Pedro Cardoso). O marido de Bebel (Guta Stresser) perdeu as rédeas e não soube como lidar com alguns problemas: Bebel só pensa em aumentar a família; Tuco (Lúcio Mauro Filho) está deprimido por causa da fracassada carreira artística, e Florianinho (Vinícius Moreno) quer virar um astro da música. A arrumação e administração da casa, a cargo de Bebel, vai de mal a pior. Enfim, o que Agostinho mais deseja é que os sogros retornem logo. Mas uma notícia põe tudo a perder: o casal decide esticar a viagem. E Agostinho, bastante pressionado, acaba sofrendo um ataque cardíaco. Em tempo: a última temporada de A grande família contará com participações especiais de Zezé Motta, Grazi Massafera e Maria Clara Gueiros, que já esteve em outras temporadas. 

GUGU LIBERATO PODE
VOLTAR EM BREVE AO SBT


Longe da TV desde junho do ano passado, o apresentador Gugu Liberato pode voltar ao SBT. Nem ele nem a emissora confirmam, mas nos bastidores é dado como certo o retorno de Gugu ainda neste semestre. Especulações dão conta de novidades nos próximos dias.

SHARON STONE PASSA BEM,
DIZ ANA MARIA BRAGA


Ninguém conseguia confirmar se a atriz norte-americana Sharon Stone, que veio ao Brasil para participar do baile de gala da AmfAr, na noite de sexta-feira, foi internada no Hospital Sírio- Líbanês, em São Paulo, no domingo. No Mais você (Globo) de ontem, Ana Maria Braga, que foi apresentada a Sharon durante o evento, disse que a atriz foi internada com suspeita de gripe H1N1. “Fiquei sabendo que ela ficou 48 horas em observação, mas quero dizer aos fãs da Sharon que ela já teve alta ontem”, informou. E completou: “Quero mandar um beijo pra ela e dizer que a admiramos muito”. A direção do hospital não confirmou a internação da atriz.

SAI JOELMA, DO CALYPSO,
E ENTRA SIDNEY MAGAL


Os telespectadores devem ter se surpreendido com a mudança do tema de abertura de Tapas & beijos (Globo), que estreou, anteontem, sua quarta temporada. Saiu Joelma, da banda Calypso, e entrou Sidney Magal. Comenta-se que o motivo seria a polêmica por declarações de Joelma, no ano passado, contra a homossexualidade.

APRESENTADOR COBRE
FÉRIAS NO FANTÁSTICO


Evaristo Costa vai substituir Tadeu Schmidt durante suas férias na apresentação do Fantástico (Globo). A direção da emissora descartou que a atração dominical tenha um trio de apresentadores, como chegou a ser especulado.

CRÍTICA FERINA

Susana Vieira não poupou ninguém durante entrevista, na segunda-feira, ao programa Estúdio I, da GloboNews (TV paga). Ela elogiou a programação da emissora e falou mal da Globo, da qual é contratada há anos, com vínculos até 2018. “Perguntaram-me (na festa Vem aí) qual programa da Globo eu mais gostava. Eu disse ‘sei lá, gosto de assistir à GloboNews, um canal moderno, atual. Não é igual à Globo, onde você coloca numa novela e tem quatro ou cinco atores todos iguais. Aqui tem a Maria (Maria Beltrão, apresentadora do programa), que é a melhor de todas; o Grillo, que toda noite entrevista três mulheres jornalistas com personalidades diferentes. Por mim, a TV toda podia acabar e eu assistiria só à GloboNews”, declarou. A atriz, cujo último trabalho na telinha foi na novela Amor à vida (Globo), no papel de Pilar, disparou. “Hoje, não consigo identificar atores e atores de verdade. São todos iguais, mesmo jeito, mesmo corte de cabelo, mesmo estilo de roupa, mesmo tudo. Ninguém tem um estilo próprio, nem de atuação mesmo. Na minha época, a gente tinha que ser atriz, não para inaugurar shopping e andar de carro de marca, mas pela arte mesmo, pelo prazer de atuar”, afirmou. A Globo não comentou o assunto.

VIVA
Estreia de Dancin’days no canal Viva (TV paga). Ainda que a novela seja datada (é de 1978), nada tira o prazer de rever a era da discoteca no Brasil, a moda que saía das pistas e ganhava as ruas – meias de lurex eram um must –, além das ótimas interpretações.

VAIA
Filminhos Momentos em família, que encerravam o capítulo de Em família (Globo), desapareceram de cena sem aviso. Os clipes não acrescentavam nada à trama, mas, enfim, estavam lá desde o início. Não dar uma satisfação ao telespectador pega muito mal. 

Eduardo Almeida Reis - Saneamento‏

Saneamento
 
Tudo que a maioria dos nossos atuais homens públicos não quer é ouvir falar de saneamento, que começaria por sua eliminação


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 10/04/2014

Nos últimos 12 anos, entre os quase 200 países pesquisados no item saneamento, o Brasil ficou em 112º lugar. Explicação evidente: sanear o país não interessa ao grupo que está no poder, porque significa, entre outras coisas, “conjunto de ações para estabelecer princípios éticos rigorosos”.

O senador Lobão Filho, não faz muito tempo, retirou a palavra “ética” do novo código de conduta do Senado, argumentando: “O que é ética para você pode não ser para mim”. Portanto, o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade, no Brasil varia, di-lo o espantoso filho do inacreditável ministro Lobão.

Ética é substantivo feminino, que soa para a choldra dirigente como a bactéria EHEC, E. coli entero-hemorrágica, causadora de diarreia aquosa inicial podendo progredir para colite hemorrágica e um quadro hemolítico-urêmico em 5% das infecções. As bactérias têm fímbrias aderentes e produzem uma toxina semelhante à da shigella, podendo provocar anemia, trombocitopenia e insuficiência renal aguda potencialmente perigosa.

Tudo que a maioria dos nossos atuais homens públicos não quer é ouvir falar de saneamento, que começaria por sua eliminação.


Implicância
No brilhante jogo da seleção de Felipão contra a África do Sul, que não tem time para enfrentar o Cabofriense, os brasileiros tivemos a honra de ver adentrar o gramado o doutor Jacob Gedleyhlekisa Zuma, nascido na Zululândia em 1942, presidente sul-africano. Adentrar é verbo privativo dos espetáculos esportivos. Zuma, ao que se diz, tem mais de 20 filhos, mas adentrou o gramado em companhia de um só, menino que parece ter 10 anos, muito bem vestido.

Ainda recentemente, aos 70 anos, Zuma casou-se em Nkandla trajado com as vestes tribais zulus numa cerimônia denominada Ungcagco. A noiva, até então namorada de sua excelência, chama-se Bongi Ngema e se transformou em sua quarta esposa. Zuma já se casou seis vezes, divorciou-se de uma de suas mulheres em 1998, e outra suicidou-se em 2000.

Em 2005 foi acusado de estupro, como também tem sido acusado de estelionato e corrupção, mas os processos são arquivados depois dos embargos infringentes, que também devem existir na África do Sul. Salvo quando está metido nas vestes tribais zulus, o colarinho de Zuma é branco.

Implicante como ela só, a imprensa vem de noticiar que o presidente ainda é o favorito para as eleições de maio, apesar de ter sido acusado pelo órgão anticorrupção da África do Sul de gastar, por conta do estado, US$ 23 milhões na reforma de uma de suas casas, reforma que incluiu um curral, um galinheiro, um anfiteatro e uma piscina citada como equipamento anti-incêndio. Realmente, uma piscina cheia de água pode ajudar a combater o fogo. E a imprensa precisa acabar com a mania de criticar tudo e todos.


Administradores
Pasadena é uma cidade localizada no estado norte-americano da Califórnia, condado de Los Angeles, incorporada em 19 de junho de 1886. É o centro populacional e cultural do San Gabriel Valley e a 6ª cidade mais populosa do condado de Los Angeles. Área: 59,9 km2. População em 2012: 138.547. Desemprego em agosto de 2013: 7,8%. Além do Instituto de Tecnologia da Calfórnia, Pasadena tem diversas faculdades e universidades de música, arte, culinária e o Texas Chiropractic College ensinando que as doenças se curam pela manipulação das estruturas do corpo, especialmente da coluna vertebral.

Em certas enfermidades morais, o tratamento não é pela manipulação das vértebras, mas pela manipulação das verbas, o que explica a aquisição pela Petrobras lulista de uma refinaria em Pasadena, ladroeira em que o Brasil foi tungado em mais de um bilhão de dólares.

A exemplo dos 23 milhões de dólares gastos pelo ilustre presidente sul-africano Jacob Gedleyhlekisa Zuma na reforma do curral e do galinheiro de uma de suas casas, o bilhão de dólares da refinaria californiana, que deve andar depositado em paraísos fiscais, já entrou pelo ralo. Em 2010, a Copa foi na África do Sul, enquanto em 2014 a Copa das Copas deve ser num país grande, bobo e corrupto.


O mundo é uma bola
10 de abril de 1741: Frederico II da Prússia derrota os austríacos e conquista a Silésia, na Polônia. Em polaco Slqsk, em silesiano Slunsk, em alemão Schlesien, em checo Slezsko – a Silésia é uma região dividida entre a Polônia, a República Checa e a Alemanha, importante zona industrial da Polônia e da República Checa, que a partir de 1989 teve fechadas dezenas de minas. Slqsk e Slunsk têm uma porção de letras e sinais que não encontro aqui no computador.

Há quem diga que o nome latino Silesia é derivago de Silingi, povo vândalo que deve ter vivido ao sul do Mar Báltico, mas isso não tem a menor importância para os brasileiros, que estamos a dois meses dos vândalos da Copa das Copas e vimos, dia desses, um ladrão da Petrobras que guardava em sua casa R$ 700 mil e US$ 200 mil, larápio imbecil, pois é inadmissível que um gatuno guarde em sua própria residência tanto dinheiro em vez de distribuir os cobres pelas casas de amigos, se é que os tem. Hoje é o Dia do Engenheiro Militar.


Ruminanças
“Não há animal mais invejoso do que o literato” (Ugo Foscolo, 1778-1827).

Hábito de roer as unhas pode estar associada ao transtorno de ansiedade

Unhas sob ataque 
 
Hábito de roeção está associado ao transtorno de ansiedade e pode causar infecções de pele e problemas dentários. Psicoterapia ajuda pessoa a entender origem da compulsão e a enfrentá-la 
 
Isabela de Oliveira
Estado de Minas: 10/04/2014


A lembrança de uma prova na escola, um dia tenso no trabalho ou um filme de suspense no cinema bastam para que as mãos sejam automaticamente levadas à boca. Após a destruição das unhas, vem a difícil missão de esconder as feridas e as deformações que surgem. A situação é velha conhecida de quem sofre com onicofagia, nome dado ao comportamento crônico e descontrolado de roer e arrancar unhas e cutículas com os dentes. Um grupo cada vez maior de pesquisadores tem reservado mais atenção ao problema. Um levantamento publicado recentemente na revista especializada Acta Dermato – Venereologica indica que o hábito é um distúrbio emocional de causas variadas e ligado a problemas como ansiedade.

A onicofagia começa durante a infância ou início da adolescência e pelo menos metade dos indivíduos em idade escolar apresenta o distúrbio. Para muita gente, trata-se de uma compulsão mais difícil de superar que o tabagismo. Mesmo assim, ela costuma ser ignorada por pacientes e médicos, que ainda consideram o hábito inofensivo, com consequências meramente estéticas – o que não é correto. “É surpreendente que esse problema seja raramente relatado na literatura e não tenha sido muito estudado até agora. O prejuízo não é apenas estético. Foi claramente demonstrado que roer as unhas de maneira crônica pode causar anormalidades nos dentes, tais como recessão gengival”, argumenta o principal autor do estudo, Przemyslaw Pacan. Ele acrescenta que o hábito pode causar complicações graves, como infecções da pele ao redor das unhas, que sofrem um encurtamento irreversível.

Em seu estudo, Pacan investigou a incidência do problema em 339 jovens estudantes de medicina. Os resultados mostraram que 46% dos entrevistados tinham ou já haviam tido onicofagia. As mulheres apresentaram maior frequência no transtorno e agiam de forma mais inconsciente. Já 51,5% dos homens admitiram perceber claramente o momento em que levavam a mão à boca. Quanto aos males associados (comorbidades), boa parte dos adeptos foi diagnosticada com ansiedade (22,5%), e o transtorno obsessivo compulviso (TOC) apareceu com menos frequência (3,1%).

“A onicofagia é uma variante de compulsão e pode conduzir à destruição das unhas. Alguns indivíduos relatam prazer e relaxamento, e algumas observações sugerem comorbidades, como o TOC ou os transtornos de ansiedade”, diz. As causas ainda são desconhecidas. O que se descobriu até agora, no entanto, é que, para muita gente, o ato é automático, especialmente quando a pessoa está envolvida em uma atividade imersiva, como ver televisão ou ler um livro. Por outro lado, há indivíduos que roem as unhas de maneira intencional. Pacan aponta ainda outro motivo. “Também pode ser resultado de uma necessidade de ter unhas perfeitas. Algumas pessoas tentam morder as irregularidades, mas o comportamento traz mais prejuízos que ganhos. Curiosamente, mesmo que as unhas fiquem feias depois, elas continuam”, relata.

Qualidade de vida Ranaia Tatsukawa, dermatologista do Hospital Santa Luzia, explica que roer as unhas de forma crônica provoca microtraumas nos dedos. As lesões possibilitam a entrada de bactérias, resultando na paniculite, uma inflamação da pele na região mordida. “Com o tempo, as unhas passam a crescer com defeito e ficam permanentemente distróficas. Observamos em consultório que há muita ansiedade por trás, inclusive em crianças. Quanto mais cedo esse hábito for tratado, mais chances há de superação”, alerta a especialista.

O patologista clínico brasileiro Izidro Bendet, que não participou do estudo, destaca outra questão: muita sujeira se concentra nas mãos. Passageiros de transporte público que roem unha, por exemplo, carregam toda a sorte de bactérias encontrada nos veículos coletivos, aumentando a possibilidade de infecções. “Geralmente, esses micro-organismos não causam doenças, mas podem ocasionar problemas respiratórios e gastrointestinais, como diarreia e gripes, pois a mão contaminada com vírus tem contato direto com boca”, alerta o médico.

Ainda que haja dor, ela não parece suficiente para inibir o comportamento. Às vezes, é até estimulante. “A dor prende nossa atenção. É difícil pensar ou fazer outra coisa quando ela se faz presente. Assim, se uma pessoa está ansiosa e começa a roer as unhas, ela rapidamente se distrai da fonte de ansiedade, gerando uma situação de alívio e prazer com a estimulação do tato e do paladar”, explica o psicólogo Felipe Burle dos Anjos. Ele ressalta que a ansiedade não é espontânea e está relacionada a alguma situação. “Frequentemente, a pessoa não sabe o que a deixa ansiosa. A psicoterapia é uma prática que ajuda a descobrir a origem desse estado e a lidar com ela.”

Pacan ressalta que todas essas consequências comprometem a qualidade de vida, pois “as pessoas ficam infelizes ao tentarem parar com o comportamento sem conseguir”. O autor diz que a frustração provoca na pessoa vergonha e medo de ser considerada fraca. Felipe dos Anjos aconselha a pessoa que sofre com o problema a procurar saber mais sobre a ansiedade, as causas e as consequências. A psicoterapia é a melhor ferramenta, diz, e os remédios devem ser utilizados em último caso. “Outras coisas também podem ajudar a lidar com a ansiedade, como praticar esportes ou artes”, indica o especialista.

Classificação

A onicofagia é mencionada no item F98.8 da Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde – 10ª Revisão (CID-10). A publicação qualifica o hábito como um distúrbio emocional, ao lado de outras práticas, como masturbação excessiva, chupar o dedo e cutucar o nariz compulsivamente. No entanto, os critérios de diagnóstico não são bem descritos para esse grupo de doenças.

Maioria inofensiva

Usando técnicas de sequenciamento de genes, pesquisadores da Universidade do Colorado, nos EUA, encontraram mais de 4,7 mil espécies de bactérias distribuídas entre as mãos de 51 participantes de um estudo. Em média, uma única palma hospeda 150 cepas diferentes. As duas palmas compartilham apenas 17% de todas as estirpes, uma variação maior do que a encontrada de uma pessoa para a outra, que é de 13%. Por sorte, a grande maioria dos micro-organismos não é patogênica. Os resultados foram publicados pela revista PNAS.

Saiba mais
Um caso fatal 
Um árbitro de futebol que roía as unhas até sangrar morreu de um ataque cardíaco duas semanas após completar 40 anos. O britânico John Gardener, da cidade de Wigan,  faleceu em setembro, mas a causa da morte só foi revelada no início de março com a conclusão do inquérito médico. O hábito crônico de roer unhas resultou em septicemia, uma infecção grave e generalizada provocada por patógenos. A enfermidade, que pode ocasionar a falha de órgãos, como o coração, se instalou no corpo de Gardener a partir das feridas ao redor das unhas. Duas semanas antes, o homem deu entrada no Hospital Royal Albert Edward Infirmary, onde foi submetido a uma cirurgia para remover a ponta de um de seus dedos que, a aquela altura, já não tinha sensibilidade. Antes do procedimento, Gardener, que era diabético, foi tratado com antibióticos intravenosos. O britânico havia tentado combater o transtorno com o tratamento para ansiedade e depressão, mas não tinha sido bem-sucedido.

Duas perguntas para...
Felipe Burle dos Anjos,
doutorando em psicologia social, do trabalho e das organizações pela UnB, e Especialista em análise comportamental clínica

O hábito de roer unhas começa nos primeiros anos da infância e se instala com o passar do tempo. Como é o desenrolar do processo?
Roer unhas pode ser um comportamento normal, fruto do ato de a criança explorar e cuidar do corpo. Mas, como um hábito nervoso, a onicofagia está relacionada a um nível de ansiedade intenso e constante, podendo se tornar algo patológico. Roer unhas é um sintoma de um problema ou transtorno de ansiedade. Cada um reage de uma maneira à ansiedade: uns podem atacar a geladeira, outros perdem o apetite. Nossa sociedade estimula esse clima de estresse. Isso não é exclusividade dos adultos, a infância cada vez mais sofre com cobranças. Por serem menos maduras e terem menos recursos cognitivos e comportamentais, as crianças são mais vulneráveis ao quadro ansioso.

Por que é tão difícil parar de roer as unhas?
As unhas são acessíveis. Elas estão sempre perto da gente. Além disso, o hábito cumpre a função de alívio, por exemplo. É tão difícil parar, principalmente porque boa parte dos tratamentos é sintomática e mira o sintoma, não a causa do problema. Algumas “técnicas” incluem pimenta nas mãos, esmalte com gosto ruim, medicação e castigo. A melhor maneira de resolver o problema, no entanto, é desenvolver formas para que a pessoa lide diretamente com o problema ou busque ajuda. Assim, trabalhamos o fortalecimento em vez de focarmos apenas nos pontos fracos e vulneráveis.