quarta-feira, 16 de abril de 2014

MARTHA MEDEIROS - Certinha, mas nem tanto

Zero Hora 16/04/2014

A moça me escreveu do Rio de Janeiro, onde recentemente havia prestado concurso para um banco. Estava indignada, pois uma das questões da prova era de interpretação de texto – um texto meu – e ela não se conformava de ter errado. Havia marcado alternativa A, e o gabarito acusava que a resposta correta era a D. Ela me enviou a questão e perguntou: estou tão louca assim?

Nada louca. Eu teria marcado a questão A também, mas interpretação de texto é das coisas mais subjetivas que existe, não entendo como ainda consta de provas. Que em sala de aula se discuta o assunto, está certo, mas provas são eliminatórias, e a chance de se promover uma injustiça é grande. A moça que me escreveu foi injustiçada, assim como vários colegas dela que também não marcaram a resposta que a banca elegeu como a correta.

Lamento esses transtornos, mas ao mesmo tempo vibro quando me vejo inserida na sociedade por vias assim pitorescas. Inúmeras ocasiões profissionais me trouxeram orgulho – sessões de autógrafos, adaptações de teatro, palestras – mas é completamente diferente quando você se depara, por exemplo, com seu nome numa revista de palavras cruzadas, o que também já aconteceu. Virar desafio de palavras cruzadas, assim como motivar questões de provas, me faz sentir a própria Valesca Popozuda. É sinal de que você caiu na boca do povo. No melhor sentido.

Se já vivi essas duas experiências, digamos, mais populares, agora cheguei lá: meu nome está na letra de um hit da banda Bochincho. Você não conhece a banda Bochincho? Somos dois alienados, eu também não conhecia. Bochincho é um grupo de fandango que acaba de lançar a música Tá Querendo eu Dou. Narra a história de uma menina que se faz de grande coisa, mas está longe disso. Diz a letra: “Eu chamo no bate-papo/ Ela paga de santinha/ Frase de Martha Medeiros/Fazendo o tipo certinho/ Mas no fundo é bandida/ E não rola nada sério”.

Não é um poema?

Ok, sem gozação. Uma ouvinte de rádio escutou a música e logo me comunicou por e-mail, não sem antes alertar de que talvez eu me chateasse. Ora, por que iria me chatear? Achei divertido. Pouco importa que não seja o tipo de som que eu costume ouvir, o que vale é a farra, o inusitado, a graça da coisa. O fato de a personagem da música querer se passar por certinha e me citar para conseguir isso é um caso a ser levado para a terapia.

Para a minha terapia. Ando mesmo sem assunto no divã, então esse viria a calhar: quanto me vale essa imagem de “certinha”? Não seria um cárcere privado? Acho bem saudável possuir um lado fandangueiro também, já que no céu só o que se ouve são violinos e harpas, e ninguém quer pegar no sono tão cedo. Um arrasta-pé no inferno, vez que outra, não há de manchar severamente meu currículo.

Frei Betto - O discurso e a mentira‏

O discurso e a mentira 
 
É abundante a documentação de como o golpe de 1964 foi operado sob o comando do governo dos EUA

Frei Betto
Estado de Minas: 16/04/2014


Bandidos, corruptos e tiranos têm em comum o fato de não carregarem a mínima culpa por seus delitos. Só não esperam que sejam revelados à luz do dia.

 A história dos EUA contém páginas gloriosas que, no entanto, são maculadas pelas inúmeras invasões, pilhagens, saques, explorações e opressões. Quase metade do México foi abocanhada pelo Tio Sam no século 19. Os territórios dos estados de Texas, Califórnia, Arizona, Colorado, Nevada, Novo México e Utah foram anexados aos EUA. E Porto Rico, apropriada em 1898, ainda hoje padece o jugo colonial.

 Neste ano o Brasil comemora (= faz memória) 50 anos do golpe militar de 1964. É abundante a documentação de como ele foi operado sob o comando do governo dos EUA.

 Nas últimas décadas, os crimes perpetrados pela Casa Branca se multiplicaram: prisão em Miami dos cinco cubanos que tentavam evitar ações terroristas contra Cuba; sequestros, em vários pontos do planeta, de supostos terroristas, agora trancafiados, ao arrepio da lei, na base naval de Guantánamo; a invasão do Iraque sob o pretexto de que havia ali armas de destruição em massa; os voos assassinos dos drones sobre o Afeganistão e o Paquistão, ceifando a vida de camponeses inocentes etc.

 Graças ao avanço tecnológico e à globalização, fica cada vez mais difícil o rei esconder sua nudez. Em anos recentes, vários funcionários do governo estadunidense, culminando com Edward Snowden, vêm revelando as atrocidades arquitetadas sob ordens da Casa Branca.

 A notícia mais grave é a de que toda a população mundial é vulnerável ao controle da Agência Nacional de Segurança (NSA). Os olhos e ouvidos dessa agência captam conversas da presidente Dilma e da chanceler Merkel; segredos da Petrobras e da Siemens alemã; conversas telefônicas; e qualquer dado embutido em um computador ou smartphone. Os programas e aplicativos não são quase todos “made in USA”?

A internet, antes de ser uma rede ao alcance do cidadão comum, na década de 1990, era uma ferramenta militar operada há tempos. Conheci no México, em 2013, um ex-espião soviético que atuou nos EUA na década de 1970. Os russos haviam lhe dado uma velha máquina de escrever na qual ele “datilografava” sem necessidade de envolver o rolo com papel. Óbvio que a mensagem se transmitia por satélite.

Agora, quando em sua primeira entrevista na Rússia à TV alemã, Edward Snowden revela que a NSA promove espionagem industrial, o site BuzzFeed divulga artigos em que agentes da espionagem dos EUA declaram sem escrúpulos a respeito de Snowden: “Adoraria meter uma bala na sua cabeça.”

Eis a lógica. Nada de ética. Nada de respeitar a soberania do Brasil e da Alemanha. Suas chefes de Estado devem ser espionadas. Porém, ninguém deveria saber, pois cabe aos EUA passar ao mundo a falsa imagem de um país democrático, respeitoso às liberdades civis, onde todos têm iguais oportunidades de prosperar.

Mentira erguida sobre milhões de cadáveres espalhados mundo afora, de Hiroshima a Bagdá, do Vietnã à Nicarágua sandinista, como resultado do intervencionismo ianque.

Eduardo Almeida Reis - Aleluia!‏

Aleluia!
 
Donde se conclui que é melhor não concluir nada, porque o negócio já passou dos limites

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 16/04/2014

Hoje temos quarta-feira santa, que vai emendar com o feriado de 21 de abril, segunda-feira próxima. E depois se diz que o brasileiro normal não tem notícias boas. Contando com o dia de hoje são seis dias de pernas para o ar. Escrevi “brasileiro normal” porque existem os incomuns, que adoram trabalhar e odeiam os períodos de férias, caso de um philosopho amigo nosso.

Depois de uns dias viajando pelo mundo, a excelente Cora Rónai voltou ao Brasil e interrompeu, em sua crônica de 27 de março, a narrativa das coisas que tinha visto nas férias para esculhambar a chegada ao Rio. Educada e culta, fluente em informática e vários idiomas, escreveu sobre “o país de merda” que encontrou no Galeão, o pior aeroporto do planeta. Banheiros imundos, privadas em cabines nas quais o passageiro não pode entrar com as suas malas, que ficam do lado de fora e são roubadas, ar-refrigerado enguiçado, três fileiras de táxis com os motoristas trabalhando no tiro, isto é, sem respeitar os taxímetros, faltando poucos dias para a Copa.

Merda é o de menos no atual jornalismo brasileiro. No caderno em que Cora Rónai escreve, o senhor Caetano Velloso botou no título de uma de suas crônicas, em duas letras, o orifício através do qual os excrementos são expelidos. Feito repetido dias mais tarde por outro colaborador do mesmo jornal.

Liberou geral. Nelson Motta, rapaz de família, terminou uma de suas ótimas crônicas com um palavrão que seu pai e seu avô não escreveriam. Donde se conclui que é melhor não concluir nada, porque o negócio já passou dos limites.


Cabelos
Obrou muitíssimo bem o admirável presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ao determinar que todos os universitários homens do seu país sejam obrigados a cortar os cabelos como ele. Deificado, porque filho e neto de deuses, Jong-un mantém cabelos divididos ao meio no alto da cabeça e corta o resto com máquina zero. As mulheres norte-coreanas têm o direito de escolher entre 18 cortes diferentes.

A TV estatal faz campanha contra os cabelos compridos e diz que os cidadãos norte-coreanos, mesmo não sendo universitários, devem aparar suas cabeleiras “de acordo com o estilo de vida socialista”. Realmente, todos vimos as consequências da onda cabeluda que assolou o planeta no século passado.

Piolhos à parte, analisemos o comunismo. Estou convencido de que, depois dos 18 anos, o comunismo é genético. Maurício Caldeira Brant, meu primo, sujeito supimpa, morreu comunista. Joaquim Ignácio Cardoso, ótimo sujeito, tio deste menino Fernando Henrique Cardoso, morreu comunista. Seriam os primeiros nas filas dos pelotões de fuzilamento.


Libido
Já comentei o fenômeno, que não me custa repetir: continuo sem entender como teria sido possível a existência de tantos filósofos antes da invenção do banho de chuveiro, mas a Wikipédia diz que o equipamento é muito antigo. Pinturas e vasos retratam sua existência no Egito e na Grécia, e o seu uso nas casas de banho da Roma Antiga era comum. Portanto, o melhor filosofar da humanidade, só inferior ao philosophar do philosopho, está explicado.

Na chuveirada matinal de hoje philosophei: não é justo que o homem jovem seja criticado ou penalizado pelas estripulias sexuais que apronta durante a juventude, isto é, da puberdade até depois dos 50, pouco mais ou menos. O “desejo” pode ser forte e incontrolável. Desejo normal, bem entendido, porque há desejos patológicos, como a pedofilia, que pedem condenação a todas as penas do inferno.

Eduardo, o Confessor, rei da Inglaterra de 1042 a 1066, casou-se com Edite de Wessex e não transaram, porque ele era muito religioso e ficaram muito amigos. Filho de Ethelred II e de Ema da Normandia, Eduardo nasceu em Islip, Reino Unido, em 1003, e foi santificado. Henrique VIII, também rei da Inglaterra de 1509 a 1547, tão religioso que fundou a Igreja Anglicana, transava adoidado, foi chifrado um sem conto de vezes e mandou matar várias de suas mulheres.


O mundo é uma bola
16 de abril de 1209: fundação da Ordem dos Frades Menores, os Franciscanos, por Francisco de Assis. Séculos antes, no dia 16 de abril de 556, foi eleito o papa Pelágio I, nascido em Roma por volta do ano 500, filho do governador de um distrito romano. Tanto quanto se possa acreditar na Wikipédia, Pelágio foi um papa supimpa. Em 1917, Vladimir Ilitch Lenin regressa do exílio na Finlândia. Morreria aos 53 anos no dia 24 de janeiro de 1924, depois de ter sido Presidente do Conselho de Comissários do Povo da República Socialista Federativa Soviética Russa.

Em 1943, o cientista suíço Albert Hofmann descobre a dietilamida do ácido lisérgico, pelo que foi considerado o pai do LSD. Hofmann nasceu em janeiro de 1906 e bateu as canelas em abril de 2008, com 102 aninhos feitos.

Em 1889 nasceu Charlie Chaplin, Sir Charles Spencer Chaplin, KBE, o Carlitos. Hoje é o Dia Mundial da Voz, que nos faz lembrar de ilustre deputado federal, dois ilustres senadores da República e ilustre ministro do STF, cujas vozes deveriam ser proibidas por lei.


Ruminanças
“A vida se vive e se escreve” (Pirandello, 1867-1936).

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 16/04/2014



 (Riama Film/Divulgação)

Noite de clássico


O canal Curta! é o responsável hoje pelo que há de mais interessante na programação de filmes da TV por assinatura. Começa às 20h com dois curtas-metragens: Como dantes, de Marise Frias e com Nildo Parente no elenco; e Elogio da graça, de Joel Pizzini. Às 21h, é a vez do longa Juventude, de Domingos Oliveira, com Paulo José e Aderbal Freire. E às 23h, o grande destaque: A doce vida, de Federico Fellini, com a famosa sequência de Marcello Mastroianni e Anita Ekberg na Fontana di Trevi (foto), em Roma.

Muitas alternativas  no pacote de filmes


Mais cinema. O craque da comédia Rowan Atkinson aparece em sessão dupla hoje no Universal Channel em Mister Bean – O filme (21h30) e O retorno de Johnny English (23h10). No Telecine Touch, quem faz hora extra é Hilary Swank em Menina de ouro (19h30) , Mary e Martha: unidas pela esperança (22h) e Meninos não choram (23h50). Na faixa das 22h, o assinante tem outras oito opções: Oz – Mágico e poderoso, no Telecine Pipoca; Priscilla, a rainha do deserto, no Telecine Cult; O ataque, na HBO; Amostras grátis, na HBO HD; Adaptação, no Sony Spin; O amor não tem regras, no Studio Universal; Michael Collins – O preço da liberdade, no TCM; e Direito de amar, na MGM. E mais: As loucuras de Dick e Jane, às 21h, no Comedy Central; Mamute, às 21h50, no Arte 1; e Capitão América – O primeiro vingador, às 22h30, na Fox.

Uma série retorna  e outra se despede


O canal +Globosat estreia hoje, às 21h, a segunda temporada de Puberty blues, que acompanha um grupo de adolescentes e seus conturbados relacionamentos com os pais em meio às descobertas da vida sexual. Na MTV, vai ao ar às 21h45 o último episódio de Geração in vitro, sobre uma garota, filha de um casal gay e gerada a partir de uma fertilização in vitro, que
tem o desejo de conhecer seu pai biológico.

A estranha mente  de Leandro Hassum


Leandro Hassum é o convidado especial do segundo episódio da temporada de Estranha mente, às 22h, no Multishow. Ele interpreta Oswaldo, morador de Vila Valqueire que entra de penetra em uma reunião de santos no céu. Em outra esquete, Mateus Solano faz um teste de novela bizarro. E Fernando Caruso ainda estreia o quadro “O psicólogo grosso”.

Silvio Tendler narra  a saga de Tancredo


No segmento dos documentários, um dos destaques é Tancredo – A travessia, de Silvio Tendler, em reprise às 19h, no Canal Brasil, mostrando a trajetória de Tancredo Neves (1910–1985) na campanha pela transição à democracia com o fim da ditadura militar. No Arte 1, às 20h30, a atração é São Paulo Companhia de Dança, dirigido por Evaldo Mocarzel, contando a história do grupo de dança a partir da montagem do espetáculo Polígono pelo italiano Alessio Silvestrin, em 2008.


CARAS & BOCAS » Ao gosto do marido
Simone Castro
Estado de Minas: 16/04/2014


Adriane Galisteu vai apresentar na TV paga novo programa de moda com participação de casais (Discovery Home & Health/Divulgação )
Adriane Galisteu vai apresentar na TV paga novo programa de moda com participação de casais

Dormindo com meu estilista é o nome da próxima atração que Adriane Galisteu, recém-contratada pelo canal, vai apresentar no Discovery Home & Health (TV paga). A série está em fase de gravação e contará com oito episódios. Em cada um deles, Adriane receberá um casal com uma missão específica: o marido será responsável por transformar o estilo da esposa, seja com um look mais sensual ou com uma roupa escolhida para uma ocasião específica. Adriane vai acompanhá-lo às compras e o ajudará com dicas e conselhos. Dormindo com meu estilista, versão brasileira, é a segunda produção da Discovery Networks com a participação de Adriane Galisteu. No ano passado, ela apresentou e narrou a série Paixões perigosas, no canal Investigação Discovery (TV paga). Agora, além do novo programa, Adriane será embaixadora das Quartas de beleza, também no Discovery Home & Health, protagonizando chamadas que irão ao ar e convidarão os espectadores a assistir aos diversos programas da noite.

WILLIAM CONSEGUE FUGIR DA COMUNIDADE DO MAL


Em Além do horizonte (Globo), William (Thiago Rodrigues), finalmente, conseguirá fugir da Comunidade, que, já se viu, está mais para o mal do que para a tal “felicidade eterna”. De acordo com o site oficial da novela, com a ajuda de Lili (Juliana Paiva) e Marlon (Rodrigo Simas), o jovem inventará que não está se sentindo bem. Ao ser levado para o centro médico a ação começa. William pula da maca e domina o médico. Ele consegue fugir e sai de uma vez do lugar. Mas assim que se prepara para cruzar a mata escuta o alarme tocar: “Não! Descobriram que fugi!”, desespera-se o rapaz, que sabe que mais do que nunca sua vida está em perigo.

ALICE VAI CAÇAR HOMEM  QUE ESTUPROU SUA MÃE

Na trama de Em família (Globo), Alice (Erika Januza) ficará sabendo que é fruto de um estupro. Ela ouvirá, escondida, sua mãe, Neidinha (Elina de Souza), e Virgílio (Humberto Martins) falarem sobre o assunto. Desesperada, a estudante correrá para uma praia e mergulhará no mar de roupa, como se quisesse se limpar, e quase morrerá afogada. Depois, contará tudo para Luiza (Bruna Marquezine) e decidirá investigar quem cometeu o crime contra sua mãe. A conversa entre Alice e sua mãe promete. “Já sei de quem sou filha. De ninguém! Mais claramente: de um estupro que você sofreu e que não denunciou.” Neidinha tentará negar, mas depois contará tudo para a filha, que inicialmente a recriminará, mas depois, solidária, abraçará e consolará sua mãe. Alice vai partir para uma verdadeira caçada para encontrar o homem. Ela quer justiça. Uma ONG que apoia mulheres que sofreram violência sexual é o ponto de partida da jovem. “Meu nome é Alice e... eu sou fruto de um estupro. Eu vim aqui em busca de alguma ajuda, algum caminho para tentar fazer justiça”, dirá ela ao lado da mãe. Alice decide investigar o pai e começa a visitar vários presídios para descobrir onde ele está.

AMOR LEVA BOMBA


O primeiro beijo entre Luiza (Bruna Marquezine) e Laerte (Gabriel Braga Nunes), trocado, anteontem, no capítulo de Em família, motivou opiniões de desagrado nas redes sociais. Dentro do carro do flautista, na porta do prédio em que mora, a jovem oferece os lábios para que ele a beije. O músico não perde tempo e, finalmente, com tanta tensão sexual no ar desde que se conheceram, o casal troca um beijaço. Ou melhor, vários. Via Twitter, internautas criticaram o romance. Luiza foi chamada de “fura-olho” e “pistoleira”. Alguns lembraram que a mãe de Luiza, Helena (Júlia Lemmertz), ainda é apaixonada pelo primo. Outros destacaram que a estudante estava se entregando para o homem que quase matou seu pai, Virgílio (Humberto Martins), que carrega uma cicatriz na cara desde a juventude. Internautas ainda citaram exemplo de outras tramas do autor. Caso de Melodrama Queen @itselfprofessed: “Em Laços de família, a menina ficou com câncer por roubar o boy da mãe. Qual será o castigo da Luiza?”, se referindo à personagem Camila, de Carolina Dieckmann, que roubou o namorado da mãe, Helena (Vera Fischer). No transcorrer da trama, ela descobre que tem leucemia. Já o internauta Fernando Arazão @byFNDO decretou: “Luíza merecia uma surra de cinta padrão Dóris”, destacando outra personagem de Maneco, a Dóris de Mulheres apaixonadas, que maltratava os avós e apanhou de cinto do pai. O capítulo também mostrou cenas que comprovam que Helena perdeu o filho que esperava de Laerte, descartando um envolvimento incestuoso entre o músico e Luiza.

VIVA
Cena do beijo entre Luiza (Bruna Marquezine) e Laerte (Gabriel Braga Nunes) no capítulo de anteontem de Em família. Os atores mostraram uma química tremenda na explosão da paixão que liga os personagens. A novela, a passos lentos, começa, finalmente, a registrar um pouco de ação.

VAIA
Chamadas de Bruna Marquezine e Giovanna Antonelli, respectivamente, Luiza e Clara, falando de seus dramas na novela Em família e pedindo o apoio do telespectador para a solução. Uma forma de convocar a audiência, já que no Ibope está capengando. É preciso chacoalhar a trama, isso sim. 

Técnicas de imagem cerebral especificam o nível de consciência em um coma

Coma detalhado 
 
Técnicas de imagem cerebral especificam o nível de consciência de um paciente desacordado e quais as chances de melhora


Bruna Sensêve
Estado de Minas: 16/04/2014



O grande ídolo das pistas de fórmula 1 Michael Schumacher está internado, há quatro meses, no Hospital de Grenoble, na França, após sofrer um grave acidente ao esquiar pelos Alpes. Mesmo sem despertar totalmente do coma induzido, a agente dele informou, no início desta semana, que o heptacampeão já apresenta “sinais de consciência”. No entanto, a equipe médica é muito reticente em declarar que isso possa representar algum tipo de melhora e em fazer qualquer menção ao prognóstico do piloto alemão. O cuidado é resultado da grande dificuldade em determinar em qual nível de consciência se encontra uma pessoa desacordada. Pesquisadores da Bélgica acreditam estar mais próximos dessa definição, conforme trabalho publicado hoje na revista especializada Lancet.

O cientista Johan Stender e colegas do Hospital da Universidade de Liège relatam o uso de duas técnicas de imagem cerebral para melhorar a precisão do diagnóstico e do prognóstico em 126 pacientes com lesão cerebral grave, sendo 81 em estado minimamente consciente, 41 com síndrome de vigília sem resposta, conhecida como estado vegetativo, e quatro com a síndrome de encarceramento ou de locked-in. Os pesquisadores utilizaram avaliações clínicas padronizadas durante tarefas de imagens mentais. A ativação detectada pelos exames usados é indireta, uma vez que foram escolhidas a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a ressonância magnética funcional (fMRI).

A primeira tem relação com a atividade metabólica e usa um marcador específico para isso, a glicose. Onde houver uma maior concentração de glicose, pode-se atribuir ao local uma maior atividade metabólica relacionada, consequentemente, mais atividade cerebral. Já a ressonância magnética é feita por meio de um marcador de oxigênio, ou seja, ligada à oxigenação da área analisada. É atribuída à de maior incidência do elemento químico um maior fluxo sanguíneo e, por consequência, maior atividade. “Nossos resultados sugerem que a imagem PET pode revelar os processos cognitivos que não são visíveis por meio de testes de cabeceira tradicionais e poderia complementar substancialmente avaliações comportamentais padrão para identificar os pacientes que não respondem, ou aqueles ‘vegetativos’ que têm potencial para a recuperação a longo prazo”, diz Steven Laureys, um dos autores do estudo.

No geral, o PET foi melhor do que a fMRI na distinção de pacientes consciente e inconscientes, com cerca de 74% de precisão na previsão do grau de recuperação no ano seguinte, contra 56%. Segundo a neurologista Sônia Brucki, membro da Academia Brasileira de Neurologia, um dos pontos mais importantes do trabalho é a capacidade de mostrar um prognóstico do paciente com maior detalhamento. “Na verdade, sabe-se, com o acompanhamento de casos ao longo dos anos, que quem está em estado minimamente consciente está mais próximo de uma melhor recuperação do nível de consciência.” Um problema, no entanto, é a dificuldade do diagnóstico clínico, proporcionando inúmeras situações em que a classificação do nível de consciência do paciente pode estar equivocada. “Na prática, vamos lidar com o paciente com a consciência diminuída, seja qual for a causa, do mesmo modo: aguardando e acompanhando a evolução dele”, complementa Sônia Brucki.

Ao conseguir estabelecer o nível de consciência – do mais leve ao que teve maior prejuízo –, é comum que os estados de maior dano também tenham uma evolução menos favorável. “Há maior mortalidade, menor chance de recuperar o nível de consciência. Isso sabemos por meio da clínica e do acompanhamento.” Porém, a neurologista brasileira lembra que algumas medidas são usadas para prever o potencial de recuperação do indivíduo, como o potencial evocado somato-sensitivo. Ele pode dar uma ideia de quanto da comunicação entre o tronco e o córtex está destruída. “Se não há mais essa comunicação, é mais difícil que a pessoa se recupere”, frisa.
Sônia explica que, acima de três meses, o estado é considerado mais persistente. A partir disso, quanto maior for o tempo para a recuperação, mais difícil será ela. Testar novos métodos para diagnóstico e prognóstico, segundo a neurologista, é importante não só para o cuidado com o paciente, mas para poder estabelecer as notícias que serão repassadas à família dele. “Então, quanto maior for o número de métodos que possam afirmar com mais segurança o que se está falando, melhor.”

Índice de conectividade Alguns dos autores do trabalho divulgado hoje na Lancet também compuseram a equipe que trabalhou com a pesquisadora brasileira Karina Casali (veja Saiba mais) em um experimento de estratégias que possam determinar com maior precisão o diagnóstico e prognóstico de pacientes em coma. Karina, professora do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conta que sua pesquisa consiste no estudo de um índice para medidas de consciência ou conectividade cerebral. “A conectividade que a gente mediu estava relacionada não só à área específica sendo ativada, mas também a como elas estavam conectadas.” Foi dado um estímulo eletromagnético e a resposta a ele foi analisada temporal e espacialmente no cérebro dos pacientes. “Podemos ver como as áreas eram acionadas e como estavam interligadas. A partir daí, tirávamos o índice que permite medir essa conectividade”, explica.

Segundo ela, a diferença para os exames de imagem propostos pelo trabalho de Stender é que não há cálculo para medir a conectividade entre as áreas, mas quanto delas é ativada a partir de um estímulo. “A pesquisa belga tem enfoque clínico. Eles, inclusive, falam que a proposta seria uma tentativa de complementar as medidas já existentes, tanto para o diagnóstico como para o prognóstico.” A brasileira considera a estratégia indireta e complementar e, por esse fator, não permite dizer exatamente se há perda ou aumento da atividade cerebral de fato. “Trata-se de uma aproximação. A questão da aquisição das imagens está limitada a uma frequência de amostragem que pode ser muito baixa, ligada à cognição. Difícil dizer, se não for detectado nada com a imagem, que não existe nenhum processo de ativação. Não podemos extrapolar.”

Saiba mais

Promessa brasileira

O protocolo usado para medir o nível de consciência de um paciente tem estimativa de erro próxima a 40%, e a solução para esse drama desafiador pode estar nas mãos de brasileiros. Em artigo publicado, em agosto de 2013, na revista Science Translational Medicine, a equipe internacional de pesquisadores liderada por Adenauer Casali, hoje ligado ao Instituto do Coração da Universidade de São Paulo, e pela mulher dele, Karina Casali, da Universidade Federal de São Paulo, relata uma técnica promissora para essa análise. A ideia é que o estado de consciência sempre carrega consigo muita informação: cores, formas, sons, temperatura, memória, emoção, etc. Tudo isso preenche ou forma uma experiência consciente. A técnica permite detectar a conectividade do cérebro dos pacientes e, então, estimar se há um processamento cerebral ou não. Os testes foram feitos com 32 pessoas saudáveis e 20 indivíduos divididos em grupos com diagnóstico de estado vegetativo, minimamente conscientes e com síndrome de encarceramento.