terça-feira, 26 de agosto de 2014

TeVê

TV paga

Publicação: 26/08/2014



 (André Pessoa/Divulgação)

Na natureza selvagem


Léo Rocha e Coronel Leite (foto) estão de volta ao Discovery com a segunda temporada de Desafio em dose dupla Brasil, que estreia hoje, às 20h30. Eles continuam mostrando técnicas de sobrevivência na natureza, mas agora em novas regiões do país, começando esta noite na Amazônia. Nos próximos episódios eles vão do Raso da Catarina, no coração da caatinga, ao arquipélago do Marajó, passando ainda pelo Delta do Parnaíba e Vale do Ribeira.

Viva resgata episódio
especial de Sai de baixo


O canal Viva reprisa hoje, às 20h30, “Quem casa quer Caco”, um dos quatro episódios produzidos para a temporada especial do humorístico Sai de baixo, gravada no ano passado. No programa, Ingrid Guimarães faz uma participação especial como a fazendeira Henriqueta do Rego Amado, alvo de um golpe milionário que Caco planeja aplicar.

Samba, fado e jazz na
programação musical


Serjão Loroza e os grupos Bom Gosto e Travessos são os convidados de hoje de Thiaguinho no Música boa ao vivo, às 20h30, no Multishow. Já às 22h30, o canal Arte 1 reprisa o documentário Fados, dirigido pelo espanhol Carlos Saura, que encerra a trilogia iniciada com Flamenco (1995) e Tango (1998). E à meia-noite, no Film&Arts, vai ao ar um especial dedicado à música do pianista e compositor norte-americano Thelonious Monk, um dos gigantes do jazz, morto em 1982, aos 64 anos.

Muitas alternativas
no pacotão de curtas


O bailarino Antonio Carlos Cardoso, que trabalhou com o Corpo de Baile Municipal e o Balé da Cidade, do Rio de Janeiro, e o Balé Teatro Castro Alves, é o personagem de hoje da série Figuras da dança, às 21h, no canal Curta!. A mesma emissora exibe o documentário Paranã-puca – Onde o mar se arrebenta, de Jura Capela, às 22h35, e outro sobre o fotógrafo Robert Doisneau (1912–1994) , dirigido por Sylvain Roumette, na série Contatos fotográficos, às 23h43. No SescTV, às 21h, a série Curtadoc emenda os filmes Tem gringo no morro, de Bruno Graziano e Marjorie Niele; e Periferias inferiores, de Sérgio Garcia Locatelli.

Telecine Cult reprisa
O pequeno Nicolau


Sem grandes novidades, a programação de filmes destaca algumas oportunas reprises, como a da comédia O pequeno Nicolau, do francês Laurent Tirard, às 22h, no Telecine Cult. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: Sombras da noite, na HBO; Oito minutos parados, no Max HD; Crimes cruzados, no Max Prime; Starsky & Hutch – Justiça em dobro, no Studio Universal; Tempos de violência, no MGM; Minha mãe é uma peça, no Telecine Pipoca; Valente, no Telecine Premium; e Quase famosos, no TCM. Outras dicas do pacote de cinema: Vampiras, às 20h15, no Telecine Fun; As duas faces da lei, às 22h10, no Glitz; Matrix reloaded, às 22h30, no FX; e Os olhos de Júlia, também às 22h30, no Space.

CARAS & BOCAS » Uma rasteira daquelas
Simone Castro

Juliane (Cris Vianna) vai descobrir que vivia com o inimigo (Alex Carvalho/TV Globo)
Juliane (Cris Vianna) vai descobrir que vivia com o inimigo

Orville (Paulo Rocha) vai deixar a cadeia em breve, em Império (Globo). E crente que vai retomar a vidinha de casada, Juliane (Cris Vianna) nem imagina o que a espera. A ex-rainha de bateria, que até pediu um empréstimo para pagar a advogada Carmem (Ana Carolina Dias), para tirar o marido da prisão, descobrirá que eles se tornaram amantes. Juju Popular, como é conhecida na comunidade do samba, sequer será avisada pelo falsificador do dia da saída da cadeia. Quando aparece por acaso, Juliane avista Carmem à espera de Orville. Ao se encontrar, o casal troca beijos. Em estado de choque, Juju vai embora aos prantos. A advogada avisa ao cliente que, se quiser ficar com ela, terá que abandonar a mulher. E é o que ele faz. Mas o pior ainda está por vir. Juju e o filho que tem com Orville serão expulsos por ele da casa em que moram. Antes de tomar a atitude, o pilantra será orientado pela amante. “Não cai no chororô da Juliane”, alerta a advogada. “Ela vai fazer ceninha, bancar a traída, a abandonada... Seja firme, prático! Informe a ela que a partir de hoje vocês não estão mais juntos e que aquela casa tem dono. Dê um prazo não muito longo para ela desocupar o imóvel.” Xana (Aílton Graça) acolhe a amiga e o filho. Enquanto isso, Carmem e Orville preparam novo golpe: lançar as obras de Salvador (Paulo Vilhena), sem revelar o verdadeiro autor.

SAIBA COMO PROTEGER
SEU CARRO DOS ASSALTOS


Confira hoje, no Jornal da Alterosa – 1ª edição, uma reportagem que mostra como se prevenir de ter o carro furtado ou tomado de assalto. Em Minas, este tipo de crime só vem crescendo. Na capital, a média é de 40 veículos roubados por dia – ou seja, um a cada 36 minutos. A equipe do jornalístico entrevistou pessoas na rua e encontrou uma que foi baleada por ladrões de carro e outra que teve o veículo levado dias atrás.

CANAL BRASIL TRANSMITE
GRANDE PRÊMIO DO CINEMA


O Canal Brasil (TV paga) vai transmitir o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, ao vivo, hoje, às 20h45. Serão premiados profissionais e as melhores produções nacionais e estrangeiras de 2014.

ASTRO DE MONK DARÁ O AR
DA GRAÇA EM NURSE JACKIE


O ator Tony Shalhoub, protagonista da série Monk, vai participar da sétima temporada de Nurse Jackie, de acordo com o site TV Line. Ele fará o papel do dr. Bernard Prince, novo médico de plantão que tem um jeito especial de se relacionar com Gloria Akalitus (Anna Deavere Smith), chefe do hospital. Entra Tony Shalhoub e sai Peter Facinelli, que vive o dr. Fitch Cooper. A série, estrelada por Edie Falco, como a enfermeira viciada em analgésicos, estreia a sétima temporada em abril de 2015 nos Estados Unidos. No Brasil, é exibida pelo Studio Universal (TV paga).

VAI QUE COLA ABRE O NOVO
ANO COM EPISÓDIO AO VIVO


Estreia em 1º de setembro a nova temporada do Vai que cola, do Multishow (TV paga). E será ao vivo, diretamente de um teatro no Rio de Janeiro. A segunda edição contará com um convidado internacional em um dos episódios: Bruce Buffer, o famoso narrador do UFC, dono do jargão “It’s time!”. Ao todo serão 70 episódios. A primeira teve 40. Vai que cola será exibido de segunda a sexta-feira, às 22h30.

OS MAIS BEM PAGOS

Ashton Kutcher, protagonista do seriado Two and a half men, exibido no Brasil por Warner (TV paga) e SBT/Alterosa, é novamente o ator mais bem pago da televisão, segundo lista da revista Forbes, divulgada ontem. Ele embolsou US$ 26 milhões entre 2013 e 2014. Além do trabalho no seriado, o ator tem contratos com gigantes da tecnologia e está no topo do ranking desde 2012. Em segundo lugar vem Jon Cryer, colega de Ashton na série: há 12 anos na pele de Alan Harper, o artista ganhou US$ 19 milhões. Empatado com Cryer aparece Mark Harmon, de NCIS. Neil Patrick Harris, que fez sucesso como o Barney de How I met your mother, ficou com o terceiro, com US$ 18 milhões – ele ganhou prestígio também ao interpretar com vigor o protagonista do musical Hedwig and the angry inch, pelo qual ganhou o Tony de melhor ator este ano. O quarto lugar ficou com Kevin Spacey, protagonista de House of cards, com US$ 16 milhões. Jim Parsons, de Big Bang theory, está em sétimo, com US$ 12 milhões. E Bryan Cranston, de Breaking bad, fecha o top 10 com US$ 8 milhões.

VIVA
A reprise dos melhores momentos do Sr. Brasil, de Rolando Boldrin, aos domingos, na TV Cultura e Rede Minas.

VAIA
Fantástico (Globo). O programa é cada vez mais dispensável. Matérias batidas e quadros de humor idem. 

Viagem íntima

Mais de 120 mil pessoas experimentam em Londres a imersão em performance da artista sérvia Marina Abramovic, que instalará seu instituto no Brasil por dois meses em 2015


Daniela Paiva/Especial para o EM
Estado de Minas: 26/08/2014



Marina Abramovic (Marco Anelli/Divulgação)
Marina Abramovic
Londres – Ao encarar a fila para a exposição e performance Marina Abramovic: 512 horas, que começou em 11 de junho em Londres, o visitante é logo contemplado com um manual de instruções. “Você terá de deixar bolsa, casaco e equipamentos eletrônicos no armário (incluindo câmeras, gravadores e telefones celulares)”, alerta o folheto, frustrando ataques de selfies com a artista e performer sérvia.

Não é essa a regrinha capaz de instigar o público a uma experiência que toca extremos. “Você está convidado a permanecer o quanto quiser na exposição. Pode sair quando preferir”, diz o guia. Depois de um tempo de observação da proposta da artista, nascida em Belgrado, nota-se que parte do público opta por ficar horas – e até o dia inteiro – revezando-se entre movimentos e posições, como de pé ou sentado, de olhos fechados e de frente para a parede. Ou simplesmente tirando uma soneca.

Em 64 dias, seis vezes por semana, Marina Abramovic: 512 horas atraiu mais de 120 mil pessoas à Galeria Serpentine. Situada no berço do luxo e da beleza britânica, o Hyde Park, a Serpentine é uma das referências entre as grandes casas de arte contemporânea espalhadas pelo mundo, com entrada franca.

Há uma certa curiosidade mítica em torno desta romaria de pouco mais de dois meses à Galeria Serpentine. A artista que levou milhares de visitantes às lágrimas na performance A artista está presente de 2010, no Museu de Arte Moderna (MoMA). Afinal, trata-se da artista que permitiu ao público cutucar seu corpo com objetos como facas, comida e penas em 1974. Da performer que ficou 12 dias confinada e sem ingerir comida aos olhos dos espectadores em 2002. Agora, aos 67 anos, Marina Abramovic tornou-se sinônimo de submissão a duros testes artísticos de limite físico e mentais.

No Brasil, ela ganhou maior visibilidade com a exibição em circuito nacional do documentário A artista está presente em 2012, sobre a obra mostrada no MoMA, reprisada exaustivamente na TV por assinatura. Um preparativo para o que vem por aí. Além de um filme em 2015, que deverá contar com o registro de uma de suas visitas recentes ao Brasil, Marina lança um projeto ambicioso entre março e abril no Sesc Pompeia, em São Paulo.

Lynsey Peisinger, 35 anos, coreógrafa e colaboradora de Marina há quatro anos e meio, conta que a ideia é estrear a primeira versão do Instituto Marina Abramovic, dedicado ao desenvolvimento projetos de performance de longa duração – o que significa mais de seis horas non-stop. Será um trabalho que envolverá estudantes e artistas locais.


Onde está Marina?

Os primeiros momentos de Marina Abramovic: 512 horas são tensos para os viciados em tecnologia: nem relógio analógico é permitido. Digitalmente despido, o visitante recebe um fone que tapa completamente os ouvidos. Não, não haverá trilha sonora para aplacar a solidão cúmplice das paredes brancas nuas das três salas da mostra – exceto o eco dos passos alheios.

A sala central apresenta um tablado quadrado e cadeiras à volta, outro retangular próximo a uma parede e na outra ponta, cadeiras viradas para o concreto. Tudo branco, sendo os móveis em madeira clara.

As reações são similares. Inicialmente, procura-se a artista, imersa nas dezenas de pessoas e invisível entre os cerca de 10 assistentes – todos vestidos de preto, inclusive ela.

Então, acontece o choque: o que fazer? Aonde ir? O que é permitido? Até que um dos seres vestidos de preto, em gesto de simpatia, oferece a mão. Se você topar, sobe no tablado ou senta na cadeira. O ser de preto silenciosamente aponta para que feche os olhos. Suavemente larga a sua mão. E tudo começa.

Essas são as boas-vindas ao universo desta mostra. É preciso se deixar submergir no clima etéreo e introspectivo que passeia pelas salas.

Na da esquerda, vazio. Nenhum objeto. As pessoas caminham em linha reta, de uma ponta a outra, em diferentes ritmos, mas sempre lentamente.

À direita, o cômodo que provoca expectativa no público, amontoado na porta como se estivesse diante da Monalisa: carteiras escolares nos cantos com um montinho misturado de arroz e microlentilhas, papel e lápis para desenhar; e camas montáveis com travesseiro e lençóis coloridos.

Você pode deitar e dormir, separar grão a grão de lentilha do arroz, escrever tratados, desenhar impropérios. A única voz de comando é o silêncio. O resto, vale tudo. São vivências que parecem brincar com a consciência do corpo, com a liberdade restrita imposta por uma determinada estrutura organizacional, com a solidão, com o ritmo, com a paciência.

Marina aparece e desaparece, sussurra no ouvido de uns, sorri para outros, abraça, compartilha a meditação com mais alguns. Em dado ponto, a presença da artista perde importância e a performance torna-se uma experiência individual, o que parece óbvio, mas pode levar a uma espécie de ato de devoção.

“A minha performance começou há meia hora”, comentou a diretora de teatro Fiore Cesca, de Milão, uma senhora de 60 e poucos anos que não quis revelar a idade. Na fila para a abertura da última quinta-feira, ela ocupava o segundo lugar – foi driblada apenas por uma estudante de 21 anos da França, Camille Beck. “Acho que vou ficar até o final do dia”, cogitava a garota.

Dificilmente Camille superaria a impressionante resistência de Fiore. A italiana anotava naquele dia, com orgulho, a 29a visita à performance. Foram duas sequências de viagens a Londres – uma de 4 a 13 de julho, e a segunda a partir de 20 de julho.

Fiore costuma chegar à Serpentine por volta das 9h. Às 10h é recebida, assim como todos da primeira leva, com o aperto de mão de Marina – movimento rígido, mas acompanhado por um sorriso afetuoso.

A diretora de teatro diz que não sai para almoçar e evita beber água para não ter de ir ao banheiro. E apenas vai embora no horário de encerramento, às 18h, quando Marina surge à porta novamente para se despedir.

“Todo dia é diferente. A energia cresce e fica mais profundo. Estou triste porque vai acabar”, conta, lembrando que essa foi a sua primeira experiência em uma performance da artista.

Marina também fez registros diários em vídeo de cerca de dois minutos. No depoimento de 15 de agosto, ela conta: “Hoje eu não tenho nada a dizer. Por quê? Meu cérebro parou de pensar. Estou tão dentro desse trabalho que eu não penso... nada vem à minha cabeça.”

O comentário confere sentido a uma de suas explicações no material da exposição: “Levei 25 anos para ter a coragem, a concentração e o conhecimento para chegar até aqui.”

Esta parece ser a primeira tentativa da artista praticamente invisível em cena, atuando apenas como um fio de condutor para 

Instituições democráticas‏

Instituições democráticas
A inércia de nossa geração é um desrespeito aos que lutaram pela liberdade. A indiferença cívica é a semente da derrota da democracia

Sebastião Ventura Pereira da Paixão Jr.
Advogado
Estado de MInas: 26/08/2014

A partir dos pioneiros estudos de Douglass North, foi demonstrado que, além das tradicionais variáveis de produtividade, juros, inflação e taxa de câmbio, o sucesso econômico das nações depende essencialmente do grau qualitativo das instituições nacionais. Recentemente, os professores Daron Acemoglu e James Robinson, em seu belo livro Why nations fail, bem realçaram a relação existente entre crescimento econômico e instituições eficazes. Ainda, merece destaque o excelente The great degeneration, escrito pelo prestigiado professor de Harvard Niall Ferguson, que igualmente analisou o declínio americano sob uma ótica de retrocesso institucional. De tudo, fica a clara certeza de que as instituições pesam para o bem ou para o mal dos povos.
Estamos em ano eleitoral, sendo absolutamente obrigatório o debate sobre o nível das instituições brasileiras. Quanto ao ponto, é importante frisar que a existência de um ambiente institucional favorável depende tanto de condições políticas como de iniciativas cívicas positivas. É justamente a comunhão de perspectivas saudáveis que garante as necessárias condições de desenvolvimento humano, político, econômico e social. A política pode e deve ajudar; no entanto, quando faltar, deve ser imediatamente remediada pelas organizações da vida civil e, assim, retomar o prumo, voltando a honrar os altos interesses políticos dos cidadãos.

Indubitavelmente, a existência de altas lideranças e de partidos autênticos estimula e compele a formação de uma política mais decente. Acontece que, infelizmente, vivemos um tempo de líderes sem brio e de partidos tíbios. Nesse ocaso da política, temos que resgatar a força transformadora da sociedade civil que, pela ação conjugada de seus membros e organizações, deve compensar o temporário vácuo político com práticas coletivas de elevação moral, correção de condutas e firmeza de caráter. Em outras palavras, quando a política falha, engana ou se omite, são as instituições democráticas que devem se impor. Afinal, se os políticos passam, as instituições permanecem.
O Brasil tem jeito. Para tanto, temos que trabalhar por nosso país. Quando a cidadania faz a sua parte, a política se regenera por osmose. Todavia, quando o cidadão se ausenta, a política degenera e as instituições definham. A decadência da vida pública nacional é um palpável sintoma da falta de sentimento republicano. Na verdade, existe um hiato de participação política responsável no Brasil. Nós, os mais jovens, estamos alheios ao processo democrático, deixando que velhos hábitos corroam novas esperanças e justas expectativas de futuro. Eventuais novos candidatos de fôlego são, geralmente, celebridades de rasa formação política, mas de grande potencial eleitoral. Prestigia-se, com isso, apenas a roda fútil do poder, prejudicando, ato contínuo, a fundamental qualidade da representação.

Por circunstâncias especiais do meu viver, tive a sorte de conhecer uma teoria política que vislumbrava o desempenho na vida pública como um dever, e não como uma profissão. Eram cidadãos plenamente conscientes de que um futuro melhor estava intimamente ligado ao exercício sério e responsável da atividade política. Objetivamente, hoje, a maioria dos mais capazes abdicou do dever da vida pública. E, quando o bom cidadão se ausenta da política, a democracia se transforma em um precário governo de medíocres.

Alguns irão dizer que as altas personalidades do passado ou mesmo do passado recente fazem parte de um tempo político que se foi e nunca mais irá voltar. Ora, esse tipo de pensamento é justamente o que os tacanhos querem para, com isso, manter a estratégia de diariamente banalizar a política, afastando aqueles que poderiam fazer a diferença. Sem cortinas, a inércia de nossa geração é um desrespeito a todos que lutaram pela liberdade no Brasil. Não podemos mais nos omitir. A indiferença cívica é a semente da derrota da democracia.

Outubro é logo ali. E você, meu caro leitor, de que lado está? Quer um Brasil melhor ou apenas deseja ser um fantoche da democracia? Quer participar de verdade ou simplesmente se contenta em ser massa de manobra? Enfim, quer ser autenticamente um cidadão ou está confortável em ser um simples nada político? 

Fados. As pessoas sucedem-se - Xica Antunes

Fados. As pessoas sucedem-se
Xica Antunes
Filósofa
Estado de Minas: 26/08/2014


Vida constrói-se e desconstrói-se pela arte do homem e pela força do que a ele escapa. Estamos fadados nós, humanos, ao tino da vida e ao desatino da morte. As moiras não são apenas figuras distantes da mitologia: sua simbologia atravessa, sem pedir licença, os umbrais da porta de casa. O fio da vida é tecido e a sua extensão tem no instinto o zelo e o apego do ser vivente, mas a terceira parca corta sua linha e esconde o novelo.

Não há explicação completa da vida. Há explicações, muitas, mosaicadas. Não há explicação qualquer da morte. Há palavras tantas sobre a vida. Silêncio é o que impõe a morte.

A morte desavisada — aquela que se dá no repente, sem aviso ao corpo e ao entorno humano, transformado pela mão de parca — põe o homem no inexorável confronto de sua ilusão de imorribilidade (há formas de ser imortal, sem jeito achado de ser imorrível) com a dor de saber-se finito.

Vida que se estende para além do vivente, aquele que viveu por si e por outros — caso de políticos, artistas, pensadores e aqueles todos que fazem diferença para o conjunto humano — tem traçado de morte diversa. O velório figura um pouco o funeral de cada um dos que um dia também passarão. 

O acabado mas não terminado — e a morte nunca deixa que tudo se tenha terminado, por ser a vida um sempre a fazer — escancara-se mais bruto quando trágica a passagem. Explode-se o sonho, queima-se o planejado, desfaz-se o previsto. 

A morte não pede passagem. Nem perde sua passagem. Atravessa o passo humano como quem dá um calço no andante: fim de linha, esgotamento do caminho.

Vai-se o construtor de uma obra humana. Fica a construção por continuar. Na criação das catedrais, sabiam os mestres construtores medievais que seu fazer era etapa iniciada por outro e a ser sempre seguida por outros. 

Catedral é obra que nunca se dá por terminada. Como a fé, que nela se expõe, um construir permanente, um sentir e fazer inacabados. Como a vida experimentada no e para o público. A obra na pólis não tem etapa vencida, mas projetos a vencer.

Planos, valores e até coisas perduram mais que as gentes. Alguns deles se acabam. As pessoas sucedem-se, para que planos, valores e coisas se realizem.

A vida pode ser uma glória ou um insucesso. A morte é sempre o fracasso da ilusão de imortalidade que teimamos em deter. Até para que os nossos limites tenham tempo de se estender e nossa felicidade possa ser alcançada. Enganos que precisam ser sonhados. Afinal, os sonhos nunca são enganos. Já a morte é por si o grande desengano.

Stent protege coração de diabéticos‏

A prótese metálica libera substâncias que impedem a obstrução de vasos sanguíneos muito finos, comum em pacientes com a doença metabólica. O dispositivo será usado no SUS a partir do próximo ano


Paloma Oliveto
Estado de Minas: 26/08/2014



Desde a década de 1990, um procedimento pouco invasivo é utilizado em todo o mundo para prevenir infartos em pacientes de doença arterial coronariana. O stent, uma pequena prótese metálica, “desentope” os vasos responsáveis por levar oxigênio e nutrientes ao músculo do coração e evita que eles sejam novamente obstruídos pelas placas de gordura. Contudo, estudos mostram que, para 30% da população, a técnica não é eficaz. Pessoas com diabetes, vasos muito finos e lesões extensas estão impossibilitadas de receber o implante pois, nesses casos, a chance de o problema voltar em seis meses é alta.

Para elas, a opção é o stent farmacológico, que se difere do tradicional por liberar continuamente um medicamento capaz de contornar esse risco. “A principal diferença e vantagem dos stents farmacológicos é que eles são significativamente mais eficazes que os convencionais em diminuir a reestenose (retorno da obstrução) em uma grande quantidade de situações clínicas e anatômicas”, afirma o cardiologista Paulo Motta, do Incor Taguatinga.

No Brasil, esse implante foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2002 e, desde então, está disponível apenas na rede privada. Agora, ele foi incluído no Sistema Único de Saúde (SUS) e a previsão é de que comece a ser ofertado nos hospitais públicos no início do ano que vem. De acordo com Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, a expectativa é beneficiar cerca de 40 mil pessoas ao ano. A média anual de implantes convencionais pelo SUS é de 160 mil.

Paulo Motta explica que as obstruções nas artérias coronárias são consequência de depósitos de gordura que surgem devido principalmente a fatores ambientais. “As placas se formam quando a pessoa não cuida dos hábitos alimentares, não cessa o tabagismo e é sedentária, além da associação com outras doenças, por exemplo, o diabetes mellitus”, diz. Quando o exame coronariografia, um cateterismo feito por meio de punção arterial, indica que mais de 70% do vaso sanguíneo está ocupado pela gordura, é necessário implantar o stent.

O médico José Eduardo Fogolin, coordenador nacional de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, conta que essa é uma das estratégias de prevenção do infarto, um problema que afeta 300 mil brasileiros ao ano e que causou mais de 84 mil óbitos em 2012. No país e no restante do mundo, doenças cardiovasculares são a principal causa de morte. “Para evitar que a artéria fique obstruída, o tratamento se dá ou pela cirurgia, popularmente conhecida como ponte de safena, ou pela angioplastia, também chamada de cateterismo”, diz Fogolin. Durante o procedimento, o cirurgião insere um balão no vaso lesionado através do cateter. Esse balão é inflado, alargando a obstrução. “Então, coloca-se um dispositivo metálico, o stent, que evita que a artéria volte a se fechar. Ele pode ser o convencional ou farmacológico”, conta.

O segundo é indicado para pacientes com vasos sanguíneos muito finos (calibre menor que 2,75mm) e lesões extensas (maiores que 20mm), características presentes em diabéticos. As artérias desses pacientes costumam ser mais estreitas e calcificadas, o que exige um tratamento diferenciado. “O stent farmacológico tem a capacidade de liberar um remédio e essa medicação faz com que não aconteça a cicatrização de forma excessiva; portanto, diminuindo de forma significativa a reestenose”, diz Paulo Motta. Já para quem tem vasos calibrosos, estudos indicam que esse stent é contraindicado, pois ele pode estimular a formação de trombos.

O SUS vai ofertar a prótese farmacológica para diabéticos com vasos finos e lesões extensas. Os demais continuarão recebendo o implante convencional. “A literatura recente indica que são esses casos que justificam o stent farmacológico, pois é quando se reduz a taxa de reinserção”, afirma Carlos Gadelha. Ele comemora a negociação do ministério, que permitiu a inclusão do stent farmacológico a R$ 2.034, mesmo preço que o convencional. A redução foi de 20%.

Críticas A demanda pela inclusão do stent farmacológico no SUS foi da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, que, desde 2005, pleiteia a ampliação do acesso a esse procedimento. Em março passado, o Ministério da Saúde abriu a consulta pública para avaliar a proposta enviada à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec). A inclusão do stent, contudo, não agradou completamente à SBHCI, de acordo com cardiologista Marcelo Queiroga, diretor de Avaliação de Tecnologias em Saúde da entidade médica. “O governo vem protelando essa incorporação. No fim de 2012, a sociedade fez o pleito e, agora, o pedido foi parcialmente acatado”, lamenta.

Segundo Queiroga, estudos  demonstram que o procedimento é eficaz e seguro para os demais portadores de doença arterial crônica. “As evidências de maiores benefícios não é para diabéticos. Não é a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista que diz isso, são as sociedades médicas europeias, americanas e do Canadá que fizeram essa avaliação. Por que no Brasil é diferente?”, questiona.

Na proposta enviada à Conitec, a entidade apresentou uma revisão e uma meta-análise de estudos científicos randomizados que indicaram que pacientes diabéticos e não diabéticos têm menor taxa de reintervenção com o stent farmacológico. A avaliação da comissão, contudo, é que os dados sobre benefícios para pessoas que não têm vasos de menor calibre nem lesões extensas são insuficientes. “Lamento que, depois de mais de uma década, quando a incorporação do stent farmacológico é aprovada, aprova-se pela metade”, diz  Queiroga.

Aspirina evita coágulo sanguíneo

Baixas doses de aspirina podem reduzir o risco de recorrência de coágulos sanguíneos, representando uma opção de tratamento para pacientes que não podem tomar drogas anticoagulantes durante muito tempo. A afirmação é de cientistas que publicaram um artigo na edição de ontem da revista Circulation, da Academia Americana do Coração. Há duas semanas, outra pesquisa apontou um potencial terapêutico do ácido acetilsalicílico para além de sua vocação analgésica original: segundo pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, tomar um comprimido por dia reduz os riscos de desenvolver câncer.

 “O estudo fornece evidências claras e consistentes de que o remédio, em baixa dosagem, pode ajudar a prevenir eventos cardiovasculares em pacientes que estão em risco por ter sofrido de coágulos anteriormente”, disse John Simes, da Universidade de Sydney. 

Simes ressaltou que medicamentos anticoagulantes tradicionais ou inibidores de trombina de última geração têm mais eficácia na redução de problemas circulatórios e cardiopulmonares. “Mas a aspirina representa uma opção de tratamento útil para pacientes que não são candidatos a essas drogas devido ao uso ou ao risco aumentado de sangramento associado aos anticoagulantes.”

O artigo científico baseia-se na análise combinada de dois estudos independentes similares que envolveram 1.224 pacientes. Ao longo de dois anos, aqueles que receberam 100mg de aspirina por dia tiveram risco reduzido em até 42%. Houve diminuição de tromboembolismo (obstrução de um vaso por um coágulo ), da trombose de veia profunda (formação do coágulo em veias profundas, predominantemente da perna), embolismo pulmonar (coágulo afetando as artérias que fornecem sangue para os pulmões), infarto do miocárdio, derrame e morte por causas cardiovasculares.

A maior parte das pessoas que teve um coágulo de veia profunda ou já sofreu embolismo têm de fazer um tratamento à base de anticoagulantes por pelo menos seis meses. Contudo, tomar esses medicamentos por longo prazo é caro e inconveniente, sendo necessários exames de sangue regulares para ajuste de dosagem. Além disso, há um risco elevado de hemorragia. 

Para evitar o suicídio

Para evitar o suicídio 
 
Apesar de delicado, o assunto precisa ser tratado com atenção

Rafael Ribeiro Santos
Médico psiquiatra do corpo clínico do Biocor Instituto, mestre em neurociências pela UFMG
Estado de Minas: 26/08/2014




Suicídio é definido pela Organização Mundial de Saúde como ato realizado por uma pessoa com ciência e expectativa de resultados fatais. Trata-se de tema que nos afeta profundamente. A perplexidade e a incompreensão acerca de atos tão extremos tentados ou cometidos por familiares, amigos ou, mesmo, celebridades é inevitável. Torna-se patente o quão desafiador é abordar e prevenir o suicídio. Apesar do tabu que circunda o assunto, mortes por suicídio não são infrequentes, tornando a questão bastante relevante em saúde pública. Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas cometem suicídio anualmente no mundo, sendo a décima causa de morte e responsável por 1,5% de todas as mortes. Taxas de suicídio variam de acordo com a idade, raça, sexo, religião, cultura ou país. No Brasil, estima-se que aproximadamente 24 pessoas cometem suicídio diariamente, segundo o Ministério da Saúde. Fatores de risco sociodemográficos associados são: sexo masculino, idade entre 14-40 anos ou acima dos 65, ser separado, solteiro ou viúvo, extremos socioeconômicos, áreas urbanas, desemprego ou aposentadoria e isolamento social. Outros fatores relevantes são características de personalidade (impulsividade, labilidade afetiva, rigidez); predisposição genética, eventos pré e perinatais; história familiar de suicídio; transtornos do humor ou alcoolismo; instabilidade familiar; abuso sexual ou outros eventos traumáticos na infância. Aproximadamente 90% dos êxitos letais são perpetrados por pacientes com transtornos mentais. Depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência química são as patologias psiquiátricas com as maiores taxas de incidências de autoextermínio, sendo comum a presença de comorbidades psiquiátricas. É relevante ainda a presença de doenças crônicas incapacitantes ou terminais, crises psicossociais em curso, disponibilidade de meios, exposição prévia a modelos, suporte sociofamiliar precário, desesperança e principalmente, histórico de tentativas prévias. É desejável delinear epidemiologicamente tal agravo para estratégias populacionais de prevenção, mas abordar diretamente o indivíduo em risco de autoextermínio revela-se igualmente importante. Alterações comportamentais podem sinalizar sofrimento psíquico, principalmente se há relatos de ideias de morte ou até claramente suicidas. Conversar abertamente, perguntando sobre ideias suicidas e oferecendo apoio emocional de forma confortante e sem julgamentos, permite avaliação inicial sobre a necessidade de atenção psicossocial imediata e reais intenções de suicídio. 

Atendimentos psicológicos e psiquiátricos de urgência permitem quantificar os riscos e orientar pacientes e acompanhantes sobre a conduta e tratamento adequados (necessidade de internação, uso de psicofármacos, psicoterapia etc.). Diagnóstico e tratamento psiquiátrico precoce minimizam a ocorrência de tais atos e mortes. O preconceito que envolve pensamentos e tentativas suicidas deve ser combatido para que os indivíduos em sofrimento possam ser tratados de forma humanizada, retomando qualidade e apreço à vida. Se observadas as alterações comportamentais acima expostas é essencial buscar ajuda profissional, mantendo vigilância preventiva.

O OUTRO LADO DO FUTEBOL MINEIRO » Sina da chuteira apertada‏

Enquanto Cruzeiro e Atlético brilham, clubes tradicionais de outras cidades mineiras enfrentam oito meses sem jogos, crise financeira e dificuldade para revelar jogadores


Renan Damasceno
Enviado especial
Estado de Minas: 26/08/2014

Maurício Goncalves e Felipe Ítalo Ribeiro, torcedores e voluntários do Guarani, cujo estádio, o Farião, vai a leilão hoje por causa de dívida (MARCOS MICHELIN/EM/D.A PRESS)
Maurício Goncalves e Felipe Ítalo Ribeiro, torcedores e voluntários do Guarani, cujo estádio, o Farião, vai a leilão hoje por causa de dívida

Divinópolis – Há duas temporadas, o futebol mineiro vive um dos períodos mais vitoriosos e férteis da história. Campeão brasileiro do ano passado, o Cruzeiro lidera a disputa atual, e o Atlético, vencedor da Libertadores’2013, levantou, há um mês, o segundo troféu continental em menos de um ano, o da Recopa Sul-Americana. Além disso, os clubes do estado foram os que mais cederam atletas para a primeira convocação da Seleção Brasileira pós-Copa do Mundo – com o alvinegro Diego Tardelli e os celestes Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart.

Mas a realidade vitoriosa se resume aos dois maiores de Minas Gerais, se estendendo, no máximo, a América e Boa, respectivamente, líder e 12º colocado da Série B do Brasileiro. Uma das sínteses dessa crise é o leilão na manhã de hoje do Estádio Farião, em Divinópolis, do octogenário Guarani, um dos integrantes da Primeira Divisão estadual. Essa dupla face do esporte no estado abre a série de reportagens “O outro lado do futebol mineiro”. O Estado de Minas mostra novos e tradicionais clubes que mudam de sede em busca de investimentos, e o endividamento de outros quase centenários. Além disso, torcedores órfãos por nove meses, equipes que nascem e morrem em pouco tempo e os desafios dos atletas da base às vésperas da aposentadoria para viver o sonho e a aventura da muitas vezes ingrata carreira de jogador.


No drama do Guarani, a motivação é reveladora do tamanho da crise: uma dívida de R$ 4 mil, contraída em 2002 por causa da construção de um módulo de arquibancada, que saltou para R$ 30 mil com a incidência de juros. Sem jogos no segundo semestre e, consequentemente, sem renda, o Bugre sustenta não ter dinheiro para quitar todos os débitos. O clube recebe cerca de R$ 300 mil de cotas de TV e, com patrocinadores e bilheteria, tem orçamento anual em torno de R$ 700 mil. O dinheiro é usado para pagar a folha salarial (R$ 115 mil mensais) por quatro meses, manutenção do estádio e funcionários.

Não é a primeira vez – nem deve ser a última –, que o estádio vai a leilão. “A chance de perder o Farião é remota. O que teríamos a oferecer é permuta, mas como não há atividade, não temos renda”, alega o vice-presidente do clube, Vinícius Morais. O último jogo oficial do Guarani foi em 9 de março, pelo Mineiro, e o próximo apenas em fevereiro do ano que vem, quando estreia no Estadual de 2015.

O calendário e a falta de competições consideradas atraentes no segundo semestre geram um ciclo de problemas. Assim, os clubes não têm caixa com bilheteria, cotas de televisão e patrocínio nem lançam jovens talentos. “Em um campeonato curto como o Mineiro, com 11 jogos, não dá para queimar um menino em jogo com concorrente direto. Por isso que todos apostam em veteranos. Há quanto tempo o Mineiro não revela um jogador?”, questiona o dirigente do Guarani.
DESEMPREGO O Guarani, como os demais clubes do interior, assina contratos curtos, que vão de novembro (início da preparação) até março (término do Estadual). Com o fim dos Módulos I e II do Mineiro em abril, nada menos que 15 equipes – quatro da Primeira Divisão e 11 da Segunda –, ficaram sem atividades nos oito meses seguintes. Calculando que cada agremiação trabalha, em média, com grupo de 30 jogadores, quase 500 atletas precisam buscar, todo ano, empregos em outro estado ou são aproveitados por times menores da Terceira Divisão do Estadual, que começa em 7 de setembro.

Em resumo...
R$ 700 mil
é a receita total do clube,
sendo R$ 300 mil de cotas de TV

R$ 460 mil
é a folha salarial do time,
por quatro meses, durante o Mineiro

R$ 30 mil
é a dívida do Guarani que motivou
o leilão do estádio

 Torcedor já foi até maqueiro


Não é só o clube que sofre com a falta de jogos no segundo semestre. Prestes a completar 84 anos, o Guarani conta com torcedores apaixonados – não muitos, mas fiéis. “A gente faz de tudo para torcer. Viaja, dorme no carro, tira dinheiro do próprio bolso”, conta o empresário Maurício Gonçalves, de 37 anos, um dos fundadores da torcida Red Bugre.

Como o time fica, em média, oito meses sem atividade, Maurício, assim como muitos outros, passa o restante do ano torcendo pelas equipes da capital. No caso dele, o Cruzeiro. “A gente torce para time de fora, mas eles não precisam da gente. O Guarani precisa. Se tivesse jogo todo fim de semana, muitos torcedores estariam aqui para ajudar”, afirma.

A paixão é tanta que, às vezes, alguns extrapolam a condição de fã. O estudante Felipe Ítalo Ribeiro, de 27, torcedor e sócio do Bugre, já fez o papel até de carregador de maca para auxiliar o clube. “Uma vez, o Farião recebeu jogo da Copa do Brasil Sub-20 e faltou ajudante. Um diretor perguntou se eu podia ajudar a carregar a maca. Eu desci da arquibancada e fui para o campo”, revelou Felipe, que sente falta de ver o Guarani em campo. “São só cinco ou seis jogos aqui por ano. É pouco. A gente sente saudade de vir para o estádio e torcer”. (RD)