quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O verdadeiro valor do dinheiro - Carlos Orsi

Dinheiro é o que permite que pessoas que não se conhecem cooperem entre si dentro de grupos humanos muito grandes, diz artigo publicado no periódico PNAS. Assinado por pesquisadores dos Estados Unidos, Suíça e Itália, o trabalho tem como título Money and trust among strangers (“Dinheiro e confiança entre desconhecidos”).
Os autores especulam que, se a cooperação nas sociedades humanas evoluiu com base na interação de pessoas que viviam em pequenos grupos e se encontravam cara a cara, “há uma questão aberta sobre o quê permitiu que os humanos obtivessem sucesso em tarefas de cooperação envolvendo milhões de indivíduos”.
Para explorar o problema, os autores criaram um experimento no qual alguns participantes eram “produtores” e outros “consumidores”. A cada rodada, o produtor poderia optar por dar um presente ao consumidor, ou não fazer nada. Os papéis eram trocados aleatoriamente a cada nova interação, o que em tese deveria estimular doações, já que os papéis de produtor e consumidor poderiam inverter-se a qualquer momento.
Num dado momento do experimento, os pesquisadores incluíram uma “pedrinha”, que o consumidor poderia usar para “comprar” o presente. O resultado encontrado foi de que a troca espontânea de presentes tendia a diminuir à medida que o tamanho do grupo de voluntários aumentava – o máximo testado foi de 32 – mas que a opção de “comércio” era estável mesmo em grupos grandes. “Nossa pesquisa sugere que regras de cooperação voluntária são difíceis de usar numa sociedade de desconhecidos, a menos que mediadas por uma instituição”, escrevem os autores. “No experimento, a troca monetária (...) deu sustentação a um nível de cooperação estável em grupos grandes e pequenos. Pedrinhas sem valor intrínseco agiram como catalisadores de cooperação”.

LUCIANO ALABARSE - Haja arruda

Zero Hora 04/09/2013

Lendo A Morte do Pai, tocante e surpreendente autobiografia do escritor Karl Ove Knausgard, esbarrei em uma frase antológica em que o norueguês diz que “escrever é retirar da sombra a essência do que sabemos”. Tentei encontrar alguma definição igualmente epifânica sobre a arte teatral, ofício que me mobiliza há quase quatro décadas. Sem a maestria do mestre original, rabisquei parágrafos “saramagoianos” longuíssimos, rebuscados e barrocos, sem objetividade ou clareza. Do nada, lembrei de Ferreira Gullar e sua afirmação de que “por ser a vida insuficiente, o homem inventou a arte”.

Como não consegui inventar minha frase original e definitiva, joguei a toalha. O teatro, milhares de teorias e dezenas de espetáculos depois, ainda é um mistério que me escapa e talvez por isso exerça tal fascínio sobre mim. Pergunta permanentemente sem resposta, o teatro é o grande desafio da minha vida e constato que ainda o respiro 24 horas por dia, com o mesmo entusiasmo do início, de quando preenchi mal o formulário do vestibular e passei no curso errado, constatação apropriada ao ano em que o Porto Alegre Em Cena comemora sua 20ª edição.

Lembro sempre de uma conversa com Cláudia Laitano, quando ela disse uma coisa que nunca esqueci, que “o festival tinha crescido mais que a cidade”.

A frase da Cláudia, delicada como ela, me surpreendeu porque, com as devidas exceções e as ressalvas de sempre, gaúcho não perdoa o sucesso dos gaúchos que dão certo. O cara que se sobressai, qualquer que seja sua área de atuação, deve estar preparado para pedradas de tamanhos e intensidades diferentes. Elis Regina está aí e não me deixa mentir. O Rio Grande parece viver das glórias do seu passado de glórias e da mediocridade assustadora de seu presente endividado.

Minha tese é de que há aqui, vívido, um indisfarçável ressentimento que prefere o Estado estagnado a reconhecer méritos nos adversários. Muitos se apresentam como liberais de esquerda, mesmo quando conservadores e reacionários. E nada me parece mais reacionário do que um discurso conservador disfarçado. Dia desses, durante um compromisso público, atendi o chamado de um parente necessitado de internação hospitalar e prontamente acompanhei-o ao hospital. Entre o dever legal e o chamamento do sangue escolhi, como Antígona, o laço sagrado do parentesco.

Xerifes ideológicos da conduta alheia, sem noção, registraram minha saída com fúria xiita. Com o festival é a mesma coisa. Sempre tem alguém pra apontar falhas, insinuar improbidades, puxar pra baixo. Mas a história do Em Cena fala por si, exemplar. Haja arruda, sal grosso e paciência com esse velho Rio Grande marrento de sempre! 

Um pacto com a verdade - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 04/09/2013

Pode-se dizer que, na infância, fui uma menina fechada. Não excessivamente introvertida, mas na minha. Não falava muito sobre o que sentia e pensava. Ficava matutando com meus botões apenas, ou colocava tudo num diário que era protegido por um cadeado. Dá para acreditar, nos dias que correm, que já existiu quem trancafiasse sua intimidade a chave? Os diários eram nossos cintos de castidade mental.

Não estou exaltando os velhos tempos: ser tão ensimesmada não me rendeu grande coisa na época. O.k., desenvolveu minha introspecção, que é importante para quem escreve, mas retardou meu encontro com os outros – um encontro que só se dá plenamente quando somos menos defensivos.

O que fica secreto não chega a ser uma mentira, mas é algo que não ventila, não dialoga, não evolui, mantém-se estático na sua inutilidade, mofando, criando teias e envelhecendo sem nunca ter sido confrontado. Não acho que tenhamos que nos expor indiscriminadamente, isso é uma ansiedade quase doentia. Mas nem por isso defendo uma sociedade de caramujos.

A transparência dos nossos pensamentos e sentimentos é o único meio de estabelecermos conexões fortes e de avançarmos, tanto pessoal quanto socialmente. É muito difícil se relacionar com quem não se entrega, não assume suas fragilidades, não deixa cair a máscara. Não só difícil, como perigoso.

E chego ao voto secreto, essa aberração política que impede que conheçamos de fato nossos representantes e que permite indecências cujo maior colaborador é o silêncio. O silêncio é o principal aliado do mais grave problema do Brasil, a impunidade. Não só o silêncio que mantém os direitos políticos de um ladrão sentenciado, mas o silêncio de mulheres que mantêm a impunidade dos familiares que as violentam, o silêncio de cidadãos que testemunham crimes e não os denunciam, o silêncio que sustenta farsas, pessoas de duas caras, relações de fachada.

Transparência não é um comportamento fácil de adotar. Muitos se sentem incomodados diante da exposição de seus erros, constrangidos por falhar, humilhados por não ter acertado. Só que nada disso nos desonra, ao contrário. A transparência nos humaniza, nos refina e nos torna melhores – vale para pessoas, para cidades, para nações. Até uma árvore que cai num parque tem a ver com esse assunto, nem que seja como metáfora – a deterioração que se mantém escondida cedo ou tarde se manifesta da pior forma.

Há quem evite a transparência porque ela pode causar vergonha. Ora, é justamente de mais vergonha que precisamos. A vergonha nos civiliza e nos estimula a agir de forma correta. Sejamos francos, verdadeiros, mesmo que isso nos cause algum desconforto. É mais digno do que morrer abraçado ao lado secreto da vida, esse que costuma cair de podre.


Frei Betto - Contrapoder popular‏

A classe política, do alto de seu elitismo, acreditava que só devia dar atenção ao povo de dois em dois anos, nos períodos eleitorais 


Frei Betto 


Estado de Minas: 04/09/2013 


Reduzidas as manifestações de rua, cujo auge se atingiu em junho, temos agora, em vários pontos do país, ocupações de espaços públicos: câmaras municipais, assembleias legislativas, calçadas da casa de políticos etc. Nossas autoridades estão surpresas e assustadas. Antes, contavam com o concurso da grande mídia, que não dava importância a manifestações pontuais ou criminalizava-as, e a polícia agia contra elas com ação preventiva e repressiva.

Agora, novos atores, difíceis de serem controlados, entraram em cena. É o caso das mobilizações convocadas através de redes sociais. Fura-se o bloqueio da grande mídia por meio de iniciativas como a rede Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação).

O que há de novo é a inversão do poder político. O contrapoder popular. Até junho, autoridades e partidos ditavam a pauta política na qual a população devia ser enquadrada. A classe política, do alto de seu elitismo, acreditava que só devia dar atenção ao povo de dois em dois anos, nos períodos eleitorais. Considerava a política uma roda gigante movida pelo mecanismo de alianças e pactos partidários e cujos ocupantes miravam de cima a plebe ignara.

Súbito, movimentos sociais decidiram recorrer à democracia direta e ocupar espaços que, de direito, são “casas do povo”, frequentemente usurpados por aqueles que deveriam nos representar, como no caso da CPI das empresas de ônibus no Rio, na qual a maioria dos vereadores que a integram foi contra a sua instalação. É a raposa investigando quem ataca o galinheiro.

Eis o incômodo: o movimento social escapa do controle governamental. O poder público o ignorava ou, quando muito, o cooptava. Os raros representantes desses movimentos nas esferas legislativas e executivas não tinham vez nem voz. Basta conferir a paralisação dos projetos de reforma agrária no Congresso Nacional e no governo federal.

Os movimentos sociais buscaram, então, uma alternativa: a pacífica insurreição popular. Por vezes violada por vândalos que são policiais infiltrados ou fazem o jogo da direita, e cujas máscaras deveriam ser arrancadas por quem prefere a não violência ativa. Minha geração foi para as ruas, de cara limpa, se manifestar contra a ditadura.

O risco político desse processo (e protesto) popular é confundir o saudável suprapartidarismo com o nefasto antipartidarismo. Partidos políticos são, como o Estado, um mal necessário. Se é fato que muitos traem suas origens e discursos, chafurdam na corrupção, estabelecem alianças promíscuas, fazem na vida pública o que fazem na privada, a saída não é virar-lhes as costas e torcer o nariz, erguendo a bandeira do voto nulo.

Quem tem nojo de política é governado por quem não tem. E tudo que desejam os maus políticos é que haja bastante nojo, para que eles fiquem à vontade com a rapadura nas mãos. O que temem é a interferência de novos atores na esfera política e, nas eleições, a dança das cadeiras.

A alternativa é a reforma política. Eis uma demanda urgente. Não apenas para decidir se o voto será distrital ou misto e se as campanhas poderão ou não ser financiadas por recursos privados. A reforma precisa abranger também exigências como o fim do voto secreto no Legislativo, do sigilo dos cartões de crédito dos poderes da República, das parcerias público-privadas, dos empréstimos de recursos públicos na boca do caixa e na calada da noite, da privatização de bens estatais e públicos etc.

A reforma política, se não for profunda, permitirá que continuemos a ter eleições viciadas pelo poder econômico, pelo toma lá dá cá, pelos conchavos de cúpula, pelo percentual de votos dados ao candidato honesto que acabam contabilizados para eleger o corrupto. A reforma política terá ainda que incluir mecanismos de transparência no exercício da atividade política, de modo que a soberania popular possa exercer controle sobre o desempenho dos políticos e das instituições públicas.

Pior do que aquele presidente-ditador que não gostava do cheiro de povo é o político que se diz democrata e detesta a proximidade do povo, preferindo que ele seja mantido à distância pelas forças policiais.

Tv Paga


Estado de Minas: 04/09/2013 


 (GNT/Divulgação)

O que os músicos estão curtindo?

Estreia hoje, às 23h30, no canal GNT, o documentário Na trilha da canção, dividido em duas partes, a segunda reservada para quarta que vem, no mesmo horário. Nele, Sarah Oliveira entrevista artistas sobre as canções que marcaram suas vidas e o que eles têm a dizer sobre seus colegas de palco. No primeiro episódio, ela conversa com Arnaldo Antunes, Ney Matogrosso, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee e Tom Zé (foto).


Canal Brasil abre a sua enciclopédia do samba

Em uma quarta-feira pra lá de musical, o assinante confere os números apresentados na festa de premiação do Multishow, às 22h. Já às 23h, na Globo News, o Arquivo N presta homenagem especial à cantora Beth Carvalho, que está para voltar aos palcos depois de um ano internada com problemas de saúde. E no Canal Brasil, às 18h45, estreia a série Enciclopédia do samba, com Délcio Carvalho, parceiro de Noca da Portela, Wilson das Neves e Nei Lopes.

Rogéria entrevista hoje o diretor Neville d’Almeida

Por falar em Canal Brasil, hoje, em Sangue latino, às 21h30, o jornalista Eric Nepomuceno recebe o escritor angolano Ondjaki, vencedor de diversos prêmios, entre eles o Jabuti, em 2010. À meia-noite, em Com frescura, Rogéria entrevista o diretor de cinema Neville d’Almeida.

Fernanda Montenegro vai lembrar seu começo na TV
No segundo episódio da série Damas da TV, às 21h, no canal Viva, Fernanda Montenegro vai lembrar os melhores momentos de sua vida e trajetória profissional. Indicada ao Oscar pela atuação no filme Central do Brasil (1998), de Walter Salles, e intérprete de mais de 500 papéis no teatro, Fernanda – cujo nome verdadeiro é Arlette Pinheiro Esteves da Silva – tem uma carreira brilhante também na televisão. Atualmente, ela está em Saramandaia, na Globo, como dona Candinha.

Comediante confessa que  tem medo de fantasmas

O canal Bio estreia hoje, às 20h, mais uma temporada da série Famosos e fantasmas. Na atração, celebridades compartilham suas experiências pessoais de contato com “outros mundos”. No primeiro episódio, o comediante Lewis Black relata um assustador contato com fantasmas que o atormentaram por várias noites durante um trabalho nas florestas de Michigan (EUA).

Telecine Cult abre espaço  para o polêmico Spike Lee

O diretor, ator e roteirista Spike Lee será homenageado pelo Telecine Cult com alguns de seus filmes na sessão Drive-in, toda quarta-feira, começando hoje, às 20h20, como Ela quer tudo. Também hoje é dia da Mostra internacional de cinema da Cultura, com o drama histórico Katyn, do polonês Andrzej Wajda, às 22h. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: A assassina, no ID; Piranha, no Space; Anaconda, no Syfy; Abraham Lincoln – Caçador de vampiros, no Telecne Premium; Busca implacável 2, no Telecine Pipoca; Apenas uma noite, no Telecine Touch; A garota da capa vermelha, no Max HD; e O resgate, na HBO. Outras atrações do pacotão de filmes: O livro de Eli, às 21h25, no Universal; 13º Distrito – Ultimato, às 21h45, no Megapix; Psicopata americano, às 22h15, na MGM HD; e Tootsie, às 23h, no Comedy Central. 

Harry Louis é o convidado de Marília Gabriela, no Gabi quase proibida‏


CARAS E BOCAS » Vida a dois 

Estado de Minas: 04/09/2013 


Harry Louis é o convidado de Marília Gabriela, no Gabi quase proibida, do SBT/Alterosa   (Carol Soares/SBT)
Harry Louis é o convidado de Marília Gabriela, no Gabi quase proibida, do SBT/Alterosa
 
Namorado do estilista americano Marc Jacobs, Harry Louis fala sobre a relação e sua carreira no Gabi quase proibida, hoje, à meia-noite, no SBT/Alterosa. Antes do romance, Harry, que é mineiro e na verdade se chama Edgar Xavier, protagonizou mais de 30 produções do cinema pornô. Com o namoro, trocou Londres por Nova York e os filmes para se dedicar a uma grife de chocolates que leva seu nome. “Minha avó fazia chocolates para o Natal, então aprendi a cozinhar com ela aos 10 anos”, conta. Ele revela que passou momentos difíceis fora do Brasil. “Fiz programas na Espanha por necessidade. Passei fome, cheguei a ficar três dias sem comer nada”. Harry afirma que “minha mãe nunca me julgou. A gente se fala 24horas, ela é tudo para mim”. Ele conta como foi o encontro com o estilista. “Na noite em que nos conhecemos, fomos para o hotel e ficamos conversando por três horas, depois rolou.” Sobre a vida a dois, Harry entrega: “Quando estamos juntos, adoramos ir ao teatro, musicais e churrascos com amigos. Ele me chama de ‘Ed’. Quando a gente se conheceu ele não sabia quem eu era.” E comenta em relação ao companheiro: “O Marc não tem contato com a família dele. Ele foi criado pela avó e venceu sozinho, digamos assim.”

CODINOME PARA ENTRAR
EM FESTIVAL DE MÚSICA


Em Malhação (Globo), Giovana (Bruna Griphao) não desiste do sonho da carreira musical. E aproveita o Festival de Música da escola para alunos do ensino médio e se inscreve. Como não tem idade para participar do concurso, ela se inscreve com o codinome de Vânia Gil. Antes, porém, Giovana terá que convencer Micaela (Laís Pinho) e Paulino (Eduardo Melo) a formarem a sua banda de rock para a esperada apresentação. O maior empecilho será enfrentar a promissora candidata Kamillah (Laura Seripieri) e manter secreta a nova identidade.

AGENDA HOMENAGEIA
O MESTRE PIXINGUINHA


O Agenda recebe hoje, às 22h, na Rede Minas, para uma entrevista, o bandolinista Hamilton de Holanda. Ele fala sobre o show de lançamento do disco Mundo de Pixinguinha, uma abordagem inédita e original da obra daquele que foi um dos maiores nomes da música brasileira. O músico fará apresentação no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e convida os pianistas Stéfano Bollani, Omar Sosa e o acordeonista francês Richard Galliano, com os quais interpretará obras de Pixinguinha em duo.

MILEY CYRUS FALA SOBRE
A OUSADA PERFORMANCE


Miley Cyrus falou sobre a polêmica performance no Video Music Awards, onde, numa coreografia ousada, se apresentou ao lado do cantor Robin Thicke. Na primeira entrevista depois do evento, a cantora, de 20 anos, disse que não presta atenção aos comentários negativos que recebe. “Eu e Robin, a gente dizia o tempo todo: ‘Você sabe que vamos fazer história agora’”, declarou. “O que é incrível é que três dias depois e as pessoas continuavam falando sobre. Vocês estão pensando sobre isso mais do que eu pensei quando eu fiz. Porque eu nem precisei pensar, porque aquilo era quem eu sou”, disse. Ela comparou sua apresentação com as realizadas por Madonna e Britney Spears, em que as estrelas também não deixaram pedra sobre pedra. “Quantas vezes vocês não viram isso?”, perguntou. “Cada performance no VMA é sobre isso, você quer fazer história”, disse. Justin Timberlake, Selena Gomez e Donald Trump aprovaram a apresentação de Miley. Na turma do contra, entre outros, está Cyndi Lauper, que detonou: “Aquilo nem arte era”.



ESTRELA NATURAL

A cantora e atriz Taylor Swift vai estrelar o filme The secret service, que terá no elenco Samuel L. Jackson, Colin Firth, vencedor de um Oscar, e o ex-jogador de futebol David Beckham. No roteiro do casal Jonathan Ross e Jane Goldman, com direção de Matthew Vaughn, Taylor vai interpretar uma personagem que escapa de um sequestro armado por um dos vilões da história. Por conta das cenas de ação, Taylor terá que fazer artes marciais. De acordo com o Mirror UK, ela foi escolhida para o filme porque o diretor acredita que ela parece ser “natural na tela” e, apesar do sucesso na música, ela ainda é “um rosto novo em Hollywood”. The secret service é baseado na história em quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons. 



VIVA

CQC, na Band, bem amarradinho esta semana. 


VAIA

Dublagem da série Revenge, na Globo. É de doer! 

Hamilton de Holanda lança álbum com de temas de Pixinguinha‏


Chorinho universal 

O bandolinista Hamilton de Holanda lança álbum com de temas de Pixinguinha, hoje, no Palácio das Artes, com as participações de Omar Sosa, Stefano Bollani e Richard Galliano 


Eduardo Tristão Girão

Estado de Minas: 04/09/2013 


Wynton Marsalis e Hamilton de Holanda registraram o clássico Um a zero: encontro do choro com o jazz (Marcos Portinari)
Wynton Marsalis e Hamilton de Holanda registraram o clássico Um a zero: encontro do choro com o jazz


Para gravar o disco Mundo de Pixinguinha, o bandolinista carioca Hamilton de Holanda cercou-se de convidados especiais – cada um morando num país – ao interpretar composições do mestre do choro. Em vez de optar pela comodidade de trocar arquivos pela internet, o artista trilhou o caminho mais trabalhoso (e compensador): visitou cada um, conseguindo boas atuações em músicas como Um a zero e Lamento. O resultado será apresentado ao vivo hoje à noite, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

Marcaram presença no projeto o trompetista norte-americano Wynton Marsalis, os pianistas cubanos Chucho Valdés e Omar Sosa, o pianista italiano Stefano Bollani, o acordeonista francês Richard Galliano e o pianista português Mario Laginha, além dos brasileiros André Mehmari (piano), Carlos Malta (sax tenor) e Odette Ernest Dias (flauta). No show de hoje, o bandolinista contará com a companhia de Galliano, Bollani e Sosa.


“Essa ideia começou numa exposição sobre Pixinguinha em Brasília. Toquei na abertura com outros artistas e fiquei pensando em fazer um trabalho com choro. Metade das músicas com as quais comecei a aprender a tocar são dele”, lembra Hamilton. O disco, que conta com 12 faixas, começou a ser gravado em janeiro, quando o bandolinista foi para Paris, registrar o duo com Galliano no choro Ingênuo e na valsa Agradecendo.


Na sequência, foi até a Málaga, na Espanha, onde mora Chucho Valdés. Lá gravaram Benguelê e Lamentos e o brasileiro sentiu que, definitivamente, havia tomado a decisão correta por ter resolvido visitar cada músico em seu habitat: “Na metade da primeira música, ele chorou. Esse tipo de experiência só se tem na intimidade de cada um”. Na Europa, os encontros prosseguiram na Itália (com Bollani em Seu Lourenço no vinho e Canção da odalisca) e em Portugal (com Laginha em Rosa).

Articulação Marsalis era o único convidado que Hamilton não conhecia pessoalmente. Na sessão de gravação com ele, em Nova York, encararam a clássica Um a zero. “Foi muito divertido, muito bom. Ele já conhecia o Pixinguinha. Como é uma pessoa dedicada a educação, ele conhece mesmo e não está de bobeira. A articulação das notas demonstrada por ele é muito parecida com a nossa. Gostei do resultado”, conta o bandolinista.


De volta ao Brasil, ele finalizou o disco com as participações de André Mehmari (piano), Carlos Malta (sax tenor) e Odette Ernest Dias (flauta), além de outro pianista cubano, Omar Sosa, que estava no Rio de Janeiro e gravou com Hamilton Yaô. Com Mehmari, ele gravou Capricho de Pixinguinha, peça integrante de série de estudos para o Bandolim 10 cordas com a qual homenageia o mestre. Malta e Odette marcaram presença na conhecida Carinhoso, que encerra o álbum.



O mundo de Pixinguinha

Show de lançamento do disco de Hamilton de Holanda, com participação de Omar Sosa (Cuba), Stefano Bollani (Itália) e Richard Galliano (França). Hoje, às 21h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: plateia 1, R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada); plateia 2,
R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada); e balcão, R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada). Informações: (31) 3236-7400.

Eduardo Almeida Reis-Fatos‏

Os aeroportos (e as rodoviárias) não foram feitos para os que vivem preocupados com as altas cousas do espírito 


Eduardo Almeida Reis


Estado de Minas: 04/09/2013 


Piloto adora ser chamado de comandante. Na fazenda em que trabalhei, fronteira com o Paraguai, contava-se o caso de um major-aviador boliviano, fugido de uma revolução, que se empregou como piloto da empresa. Muito cuidadoso, muito educado, ótimo piloto, foi levar ao aeroporto de Campo Grande um grupo de hóspedes e contratar outro avião para uma nova viagem de hóspedes, que eram muitos.

Contratado o táxi-aéreo, o major explicou: “Comandante, vou voar a mil e quinhentos pés”. Seu Stinson era muito mais lento do que o Cessna alugado. Quando o boliviano decolou, o comandante do táxi-aéreo avisou aos colegas de hangar: “Vou dar um susto neste gringo”. Susto tão caprichado que morreram os dois. O major deixou viúva e cinco filhos pequenos.

No final do século e do milênio passados fiz aquele que espero tenha sido o meu último voo internacional. Nada tenho contra o aeroplano como meio de transporte, mas os aeroportos (e as rodoviárias) não foram feitos para os que vivem preocupados com as altas cousas do espírito. Millôr diria que aeroporto é coisa de gentinha.

No citado voo fui de executiva Confins-Brasília-Miami, voltando 10 dias mais tarde. A empresa aérea estava falindo e vendia passagens na executiva a preços razoáveis: faliu poucos meses depois. Decolando de Brasília à noite, observei que saíam comandantes da cabine.
Quando saiu o sexto rumo ao rabo do imenso aeroplano, e não voltou nenhum, interpelei o ilustre aeronauta: “Comandante, ainda que mal pergunte, ficou alguém na cabine?”. O rapaz entendeu minha preocupação e explicou que naquele voo viajavam três tripulações, duas que apanhariam seus equipamentos nos Estados Unidos. Pois é: comandante não conduz aviões, pilota equipamentos.

Na recente derrocada do grupo Eike Batista aconteceu algo parecido com os pilotos que não paravam de sair da cabine. Eike tinha uma espécie de conselho de administração, equivalente à cabine de comando, com uma porção de nomes de peso. De repente, os notáveis começaram a deixar a cabine de aconselhamento, primeiro um, semana seguinte outro e mais dois ou três. Pelo que se viu, não sobrou tripulação para conduzir o equipamento.

Arte


Enquanto não chega o livro de Vargas Llosa sobre certa “arte” que é feita, exposta e vendida por aí, presente prometido por um amigo são-joanense que trabalha em Belo Horizonte, fico vendo e ouvindo o que é mostrado e comentado pelos jornalistas impressos e televisivos.

Amigo são-joanense obviamente del-Rei, que existem 21 são-joanenses no Houaiss: da Barra (RJ), do Cariri (PB), Nepomuceno (MG), do Rio do Peixe (PB), do Piauí (PI), dos Patos (MA), de São João (PE), do Araguaia (PA), do Jaguaribe (CE), do Sabuji (RN), do Tigre (PB), da Boa Vista (SP), do Oriente (MG), Batista (MA), do Pau-d’Alho (SP), das Duas Pontes (SP), da Paraúna (GO) e mais três que não entendi, como São João da Madeira BEI.LIT.

Que diabo será BEI.LIT? Quem souber que me explique. Procurei no Google, que me remeteu para o Houaiss. Há bei à beça no Google em alemão. Acho que significa “perto”. LIT na lista de reduções do Houaiss é literatura. Acabei descobrindo que significa Beira Litoral. Resta saber onde? Vou ficando por aqui, depois de constatar que tem são-joanense à ufa e que neste ano escapei do foguetório das festas juninas.

Falávamos de “arte”, não é? Pois fique o leitor sabendo que no dia 10 de agosto apareceu na tevê um cavalheiro com as credenciais de “critico de arte” comentando certa exposição de maluquices num museu de Buenos Aires. Deve ser o último dos críticos de arte. Atualmente, a arte deve ser analisada pelos mestres e doutores em psiquiatria, ramo da medicina que se ocupa do diagnóstico, da terapia medicamentosa e da psicoterapia de pacientes que apresentam problemas mentais.

Entre outras tolices, o crítico de arte censurou o fato de até 1967, numa das escolas de artes de Paris, os alunos se levantarem à entrada de um professor na sala de aula. Homessa! Desde quando é crime respeitar professores? Nossa turma na faculdade carioca, antes de 1967, sempre se levantava à entrada de um professor. Melhor que isso: até hoje, um ótimo colégio de Belo Horizonte exige que os meninos e meninas se levantem não somente quando entra um professor, como também qualquer pessoa que esteja visitando a escola.

O mundo é uma bola


4 de setembro de 1842: dom Pedro II se casa com a jovem Teresa Cristina Maria Giuseppa Gasparre Baltassarre Melchiore Gennara Rosalia Lucia Francesca d’Assisti Elisabetta Francesca di Padova Donata Bonosa Andrea d’Avelino Rita Liutgarda Geltruda Venancia Taddea Spiridione Ricca Matilde, princesa de Duas-Sicílias, que puxava de uma perna, o que dizem ser ótimo para fortalecer a musculatura das partes que interessam.


Montaigne, ninguém menos que Michel Eyquem de Montaigne (1533 – 1592), em Os ensaios perguntou se seria mais prazeroso fazer sexo com mulheres mancas. E Aristóteles (384 – 322 a.C.) afirmou que as vaginas de quem manca são mais musculosas por receberem a nutrição de que as pernas são privadas. Aleluia!

Em busca da cura - Augusto Pio

Consideradas doenças negligenciadas em todo o mundo, as hepatites já atingem 2,3 milhões de brasileiros. Expectativa é de que as drogas em estudo alcancem 100% de eficácia] 


Augusto Pio

Estado de Minas: 04/09/2013 


Professora de medicina da UFMG, Rosângela Teixeira alerta para a transmissão do vírus C, que ocorre por meio de contato com o sangue (Arquivo pessoal)
Professora de medicina da UFMG, Rosângela Teixeira alerta para a transmissão do vírus C, que ocorre por meio de contato com o sangue

Milhares de pessoas em todo o mundo têm algum tipo de hepatite e não sabem, por ser uma doença silenciosa e negligenciada. Cerca de 325 milhões de pessoas são portadoras crônicas da hepatite B e 170 milhões da hepatite C, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que 2,3 milhões de brasileiros sejam portadores de hepatites dos tipos B e C. Em Minas Gerais, há 245 mil indivíduos infectados com a hepatite C. No geral, 75% deles não têm o diagnóstico e, dos 25% que sobram, em torno de 75% não fazem tratamento.
De acordo com a professora de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa do Hospital das Clínicas, Rosângela Teixeira, há também uma tendência de aumento de cirrose, atingindo boa parcela dos jovens que abusam do consumo do álcool. A boa notícia é que há diversas classes de drogas em estudo avançado e, num prazo de cinco a sete anos, espera-se que tenham 100% de eficácia na cura. “A hepatite C crônica é, atualmente, considerada a única infecção viral crônica que tem cura. Mas isso ainda não é a nossa realidade. É possível que seja nos próximos cinco anos”, afirma a especialista.


A infecção pelo vírus C se adquire por meio do contato do sangue de uma pessoa que tem a doença com outra pessoa que não tem. Assim, o sangue é o principal meio de transmissão do vírus C. “As hepatites agudas têm sintomas inespecíficos e passageiros. Cerca de 75% das pessoas que adquirem a hepatite C aguda têm a doença evoluída para a hepatite C crônica sem sentirem nada por anos e até décadas”, diz Rosângela. Ela explica que a infecção crônica do fígado leva progressiva e lentamente à inflamação e à fibrose, que é a cicatrização. “Em fases avançadas de cirrose há perversão da arquitetura do fígado, que fica endurecido e passa a trabalhar mal, ou seja, ocorre disfunção hepática. É o que ocorre na cirrose.”


Para discutir tratamento, prevenção e novidades em relação à cura da doença, serão realizados, amanhã e depois, no Hotel San Diego, em Belo Horizonte, o 4º Simpósio de Hepatites Virais de MG e o 2º Fórum de Carcinoma Hepatocelular, que reunirá médicos, pesquisadores hapetologistas e infectologistas de várias partes do país. Segundo o médico Eric Bassetti Soares, subcoordenador do Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), “durante o simpósio, vamos discutir a experiência do nosso centro de referência no novo tratamento da hepatite C crônica, além de políticas públicas em saúde, tratamento da hepatite B e do carcinoma hepatocelular, complicações e manejo de pacientes com cirrose hepática e, apesar de o simpósio ser de hepatites virais, não poderíamos deixar de discutir a doença hepática gordurosa não alcoólica e a esteatoepatite não alcoólica, que é a principal causa de doença hepática, suplantando inclusive as causadas pelos vírus B e C.”


Hepatite significa inflamação do fígado, que se caracteriza, laboratorialmente, por elevação das enzimas hepáticas, podendo resultar em disfunção das células do fígado e, clinicamente, por sintomas inespecíficos, como mal-estar, febre baixa, falta de apetite, dor vaga no abdome. Contudo, é um nome genérico, pois as hepatites têm diversas causas, como as viróticas, que afetam predominantemente o fígado, e as consequentes do abuso do álcool, medicamentos e doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. “As hepatites podem ser agudas e crônicas. Entre as crônicas, as causadas pelos vírus B e C têm assumido maior importância, pois, juntamente com a hepatite por álcool, constituem hoje, em todo o mundo, as principais causas de transplante hepático e câncer do fígado. Em geral, as crônicas são silenciosas por anos ou décadas e só são descobertas nas fases mais avançadas quando, por exemplo, a cirrose e suas complicações se instalam.”


A especialista ressalta que há pelo menos cinco tipos de vírus que causam hepatites por vírus. “As A e E são agudas, autolimitadas e, na maioria dos casos, não causam problemas sérios. As B e C têm potencial de evolução para as crônicas e constituem hoje um sério problema de saúde pública em todo o mundo, devido à sua alta prevalência e por serem silenciosas. A hepatite C é causada pelo vírus C, ou HCV. Trata-se de doença também silenciosa que evolui assim por décadas. Há vários estágios, ou seja, diversos graus de inflamação e de fibrose do fígado, ou cicatriz, causados por, pelo menos, seis subtipos de vírus C, sendo que o subtipo 1 é o mais prevalente em todo o mundo, seguido pelos subtipos 2 e 3. O subtipo 1 é mais frequente e difícil de tratar.”

Medicamentos O governo federal publicou, no início deste ano, uma atualização do protocolo de tratamento da hepatite C crônica para pacientes infectados pelo genótipo 1, que é o mais comum e responsável por aproximadamente 70% dos casos de hepatite C. “Os novos medicamentos, boceprevir e telaprevir, somente têm ação no vírus do tipo 1. Iniciamos os primeiros tratamentos no fim de 2012, mas apenas no mês passado é que iniciamos a utilização dessas novas drogas no ambulatório, em um número maior de pacientes.

 Inicialmente, seguindo o protocolo, estamos tratando pacientes com fibrose mais avançada, isto é, em evolução para cirrose ou com cirrose já instalada, tanto os que já haviam feito tratamento anterior, sem sucesso, quanto aqueles que nunca haviam sido tratados. Pacientes com doença mais inicial não foram contemplados nesse protocolo”, explica Bassetti.

“Esses medicamentos são a primeira geração do que denominamos DAAs – sigla em inglês para agentes antivirais diretos –, já que os medicamentos anteriormente disponíveis atuam no sistema de defesa do organismo para combater a infecção. Com uma ação direta contra o vírus foi possível aumentar a chance de curar o paciente, que era de aproximadamente 40%, para 65% a 75%. O tratamento novo é uma adição de um desses novos medicamentos ao tratamento já disponível desde 2001, isto é, durante parte do tratamento usaremos três medicamentos. Os dois novos têm eficácias semelhantes, mas diferentes formas de utilizar. O principal benefício dessas novas opções de tratamento é a maior probabilidade de ficar curado da hepatite C, o que denominamos de end point primário. Mas há outros benefícios que podem ser alcançados com o tratamento, como a melhora na inflamação e na fibrose do fígado, além da melhora da função hepática.”

A energia que vem do milho‏

Pesquisadores americanos desenvolvem técnica que utiliza os talos e as cascas da planta para produzir biocombustível de forma mais barata 


Vilhena Soares

Estado de Minas: 04/09/2013



Plantação de milho: técnica desenvolvida pode ser aplicada também em outras culturas, como a da cana (Heinz-Peter Bader/Reuters - 7/8/13 )
Plantação de milho: técnica desenvolvida pode ser aplicada também em outras culturas, como a da cana

Alimento nutritivo e saboroso, presente na culinária de todo o mundo, o milho acaba de ter sua lista de benefícios à humanidade ampliada. Especialistas americanos utilizaram cascas e talos da planta para desenvolver um método mais barato de produzir biocombustível, mais especificamente o isobutanol. A conquista se soma aos esforços para encontrar fontes de energia que sirvam de alternativa ao petróleo e, ao mesmo tempo, não retirem recursos da alimentação.


Realizado por um grupo de pesquisadores das universidades da Califórnia e de Michigan, o estudo foi divulgado recentemente na revista científica Proceedings of the National Academy of Science (Pnas). Como em outras iniciativas do gênero, os cientistas buscavam uma forma de transformar a chamada biomassa lignocelulósica em um combustível pouco poluente. “A biomassa lignocelulósica é a parte não alimentar de plantas, como caules, folhas etc. Ela deverá ser a matéria-prima mais sustentável de combustíveis, porque é muito abundante, barata e pode ser adquirida sem competir com a produção de alimentos, por ser coletada”, afirma o bioengenheiro Jeremy Minty, um dos autores do artigo. 


O especialista está convencido do potencial desse tipo de material. “Só nos Estados Unidos, poderíamos produzir até 1 bilhão de toneladas de biomassa por ano. Isso seria suficiente para fabricar uma quantidade de biocombustível que reduziria em 30% ou mais nosso uso de petróleo atual”, destaca. Ele afirma que o uso do milho no estudo se deveu ao fato de os Estados Unidos serem um dos maiores produtores do grão no mundo, mas há possibilidade de utilizar outras espécies vegetais. “A nossa tecnologia poderia ser usada para produzir biocombustíveis a partir de vários tipos de biomassa lignocelulósica, incluindo o bagaço da cana-de-açúcar”, garante.


Redução de custos A grande novidade da pesquisa é a redução de etapas do processo de produção para tornar a fabricação mais barata. “A conversão de biomassa lignocelulósica em biocombustíveis requer vários passos biológicos, como produção de enzimas que promovem a degradação da biomassa em açúcares solúveis e a fermentação desses açúcares no produto desejado”, explica Minty. “A abordagem tradicional realiza esses passos em sequência, em biorreatores diferentes. Nossa metodologia consolida essas fases em um único biorreator”, completa.
Silvia Belém, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), concorda que a união de etapas é o progresso mais importante alcançado pelo estudo. “Realizar essa quebra de açúcar é algo complicado. Os organismos que quebram a celulose são os fungos e as bactérias, mas eles precisam ficar em temperaturas diferentes. Os autores do estudo realizam esse processo com essas substâncias no mesmo recipiente, um processo muito complexo”, aponta.


Para unir os dois tipos de micro-organismos, os cientistas norte-americanos lançaram mão da engenharia genética. Eles modificaram a bactéria Escherichia coli para torná-la capaz de sobreviver no mesmo ambiente dos fungos e ajudar na quebra do açúcar. “Isso pode levar a uma substancial redução de custos em um processo em escala comercial”, avalia Minty. 


Aperfeiçoamentos Na opinião de Edmar das Mercês Penha, professor do ciclo profissional das engenharias da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a pesquisa pode gerar impacto na indústria. “Num futuro próximo, um processo com tais conceitos pode ser viabilizado comercialmente, embora esse trabalho ainda não apresente um estudo de viabilidade técnico-econômica, e seria fundamental um parecer mais conclusivo”, diz.


O professor ressalta, contudo, que, para se tornar realidade, a técnica precisará passar por aperfeiçoamentos. Isso porque, apesar de ter reduzido a quantidade de etapas necessárias, a equipe norte-americana ainda não conseguiu obter uma boa quantidade de combustível. “Mesmo nesse sistema, a quantidade de isobutanol gerada no processo ainda pode ser considerada um pouco baixa (1,88g/L), frente ao que já foi obtido por outros modelos (3,5g/L). Ou seja, praticamente metade. Isso implica um elevado custo de produção face ao grande volume que seria necessário processar para satisfazer uma possível demanda”, analisa Penha. 


O objetivo dos autores do estudo é justamente aperfeiçoar o método, diz Minty: “Estamos buscando parceiros de comercialização para nos ajudar a trazer essa tecnologia para o mercado. Nosso trabalho fornece ferramentas e uma base útil para a compreensão e consórcios de engenharia em estudos futuros”. 

ASTRONOMIA » Brasileiros descobrem estrela gêmea do Sol‏


ASTRONOMIA » Brasileiros descobrem estrela gêmea do Sol 

Isabela de Oliveira


Estado de Minas: 04/09/2013 

Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram a descoberta de uma estrela que pode conter planetas rochosos parecidos com a Terra em sua órbita. Mais parecida com o Sol do que qualquer outro astro já conhecido, a HIP 102152 está localizada a 250 anos-luz, na Constelação de Capricórnio. Isso a fez ganhar o título de estrela gêmea idêntica do Astro-Rei, apesar de ser quase 4 bilhões de anos mais velha. 

Os especialistas acreditam que a estrela identificada trará pistas sobre como será o envelhecimento do Sistema Solar. Além disso, o estudo, publicado na revista especializada Astrophysical Journal Letters, sugere um novo modelo que pode ajudar a compreender melhor a composição química do Sol. 

Embora não possa ser vista a olho nu, a HIP 102152 pode ser observada com a ajuda de pequenos telescópios. No entanto, o estudo contou com as lentes superpotentes do Very Large Telescope (VLT), que possui 8m de diâmetro e fica no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Segundo TalaWanda Monroe, coautora do trabalho, estrelas gêmeas são raríssimas. Poucas foram descobertas desde 1997, quando os telescópios se depararam com a jovem 18 Scorpii, que tem cerca de 2,9 bilhões de anos. 

Outra suspeita dos pesquisadores é que a HIP 102152 possua planetas rochosos e terrestres ao redor. Isso porque ela tem um padrão de composição química semelhante ao Sol. “Estrelas assim (gêmeas solares) são muito raras. Elas têm temperatura parecida à do Sol, além da gravidade e da composição química. Acreditamos que os planetas podem ter imprimido uma assinatura na composição solar, e, justamente por isso, há a possibilidade de ela abrigar planetas parecidos com os nossos”, conta Monroe.

Lítio Segundo Jorge Melendez, líder da equipe, um dos objetivos do estudo era saber se o Sol tem uma composição química típica. A baixa quantidade de lítio (cerca de 1% apenas) era uma questão que intrigava os cientistas particularmente. A questão é: se o lítio foi criado com o hidrogênio e o hélio durante o big bang, por que se encontra em menor concentração no Sol? A confusão aumentava quando estudos sobre estrelas gêmeas mais jovens indicavam uma quantidade significativamente maior do gás. 

Nesse estudo, a equipe conseguiu encontrar uma correlação entre a idade da estrela e a quantidade do elemento com confiabilidade superior a 99%. “Dessa forma, a idade da estrela vai definir a quantidade de lítio. Quando o Sol nasceu, ele tinha 160 vezes mais esse elemento, mas, conforme envelheceu, o valor diminuiu. Isso é decorrente de processos físicos que ocorrem no interior do astro, e tudo é definido pela idade”, explica Melendez. O pesquisador acredita que a correlação poderá ser muito útil nas próximas tentativas de estimar a idade de uma estrela. 

Câmara abre o voto para limpar imagem‏

Após o vexame na votação que manteve o mandato de Donadon, deputados aprovam PEC que acaba com o sigilo em todas as decisões do Poder Legislativo. Proposta agora vai para o Senado



Adriana Caitano, Karla Correia e Juliana Braga


Estado de Minas: 04/09/2013 


Deputados fizeram campanha ontem em defesa da proposta que extingue o voto secreto e tramitava desde 2001 na Casa. A PEC terminou aprovada por unanimidade dos 452 parlamentares presentes     (Laycer Tomaz/Agência Câmara)
Deputados fizeram campanha ontem em defesa da proposta que extingue o voto secreto e tramitava desde 2001 na Casa. A PEC terminou aprovada por unanimidade dos 452 parlamentares presentes

Brasília – Na ânsia de dar uma satisfação imediata à sociedade após manter o mandato do deputado presidiário Natan Donadon (sem partido-RO), o plenário da Câmara aprovou ontem, em votação aberta, por unanimidade dos 452 presentes, o fim do sigilo em todo tipo de votação no Congresso, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 349/2001, que agora segue para o Senado, acumulava poeira na Casa desde 2006, quando tinha sido aprovada em primeiro turno, e enfrentava resistências de todos os lados. De repente, acabou ressuscitada e aplaudida por todos os parlamentares, fazendo com que a outra proposta que acabaria com o voto secreto apenas para a cassação de mandatos, já aprovada no Senado, perdesse força. Com a ação, a Câmara completa o jogo de empurra sobre o tema, em que uma Casa vota uma versão do assunto e envia a conclusão do problema para a outra. O resultado, por enquanto, é que o voto aberto continua sendo somente uma promessa.

A PEC 349 havia sido aprovada em primeiro turno exatos sete anos atrás (setembro de 2006), às vésperas das eleições e sob pressão popular após o réu do mensalão João Paulo Cunha (PT-SP) ter sido absolvido em sessão com voto secreto. Na época, temia-se que os parlamentares envolvidos no chamado escândalo dos sanguessugas também escapassem sob o manto do sigilo. Todos os acusados acabaram se livrando antes de serem julgados em plenário. Mas, desde então, a falta de transparência no voto já beneficiou, além de Donadon, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), que manteve o mandato, apesar de ser flagrada em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM em Brasília. Entre a primeira votação e ontem, foram apresentados 23 requerimentos para que o tema voltasse à pauta – todos em vão.

Cobrado pela sociedade durante as manifestações de junho, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), exigiu que a PEC 196/2012, que acaba com o voto secreto apenas em caso de cassações de mandato, caminhasse na Casa. Ela havia sido aprovada no Senado em julho de 2012 e só saiu da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em junho deste ano. Henrique tentou convocar a comissão especial que tratava do tema, mas PT e PMDB demoraram dois meses para indicar os integrantes. Ontem, ao colocar a PEC mais abrangente em pauta, ele garantiu que a 196 continuará tramitando.

Vontade política A virada para aprovação da PEC mais abrangente veio principalmente com uma declaração do líder do PT, José Guimarães (CE), na noite de segunda-feira. Irritado com os comentários de que o partido foi um dos responsáveis pela absolvição de Donadon, ele declarou que iria “radicalizar”, defendendo o voto aberto para todas as votações do Congresso. Mesmo sabendo que a PEC 196 poderia ser aprovada com maior rapidez, caso houvesse vontade política, Guimarães sugeriu que as atividades da comissão especial fossem encerradas para que os esforços se concentrassem na 549. “Prefiro o caminho mais longo e abrangente ao faz de conta”, afirmou, repetindo o discurso ontem na reunião de líderes. O petista teve o apoio do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que também demorou a indicar nomes para o colegiado.

O temor de boa parte dos parlamentares que já defendiam o voto aberto antes era de que o fim da novela seria adiado ao se aprovar primeiro a PEC que extingue todo tipo de voto secreto, que ainda terá tramitação no Senado. “Esse tema é sério e não pode se transformar em manobra protelatória”, preocupou-se o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto, Ivan Valente (PSOL-SP). “O vaso já se quebrou, não adianta tentar colar os pedacinhos agora”, comentou Júlio Delgado (PSB-MG).

Alguns senadores também entenderam o ato de Henrique como forma de empurrar o problema para o Senado. “Quem está em dívida com a sociedade é a Câmara”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O próprio presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), aproveitou para cobrar da Câmara a aprovação dos temas da pauta positiva já enviados a ela. “Seria mais racional que a Câmara tivesse apreciado em primeiro lugar a proposta que o Senado aprovou há um ano, como um primeiro passo”, ponderou. (Colaborou Leandro Kleber)

DELIBERAÇÕES

Como é hoje

Situações em que a votação é secreta (e que a PEC aprovada ontem extingue):
» Eleição da Mesa Diretora
» Suspensão das imunidades
» Escolha de autoridades (magistrados, ministros, procurador-geral da República, diretores de agências reguladoras, diretores do Banco Central, chefes de missão diplomática)
» Exoneração do procurador-geral da República
» Perda de mandato parlamentar
» Vetos presidenciais

Em tramitação

PEC 349/2001
» Extingue a votação secreta em todo o poder Legislativo, incluindo Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras municipais
Autor: deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP)
Situação: aprovada ontem na Câmara, segue agora para o Senado, onde deve passar pela CCJ, por uma comissão especial e pelo plenário em dois turnos

PEC 196/2012
» Acaba com o voto secreto em caso de cassação de mandato
Autor: senador Alvaro Dias (PSDB-PR)
Situação: já passou pelo Senado e aguarda prazo de emendas na comissão especial da Câmara. Precisa ainda ser aprovada em dois turnos no plenário

PEC 20/2013
» Prevê a adoção de voto aberto em todas as decisões do Congresso Nacional
Autor: senador Paulo Paim (PT-RS)
Situação: aprovada na CCJ do Senado, ainda aguarda votação no plenário para depois seguir para a Câmara

PEC 4/2007
» Inclui a infidelidade partidária como causa de perda de mandato e extingue o voto secreto no processo de cassação de deputados e senadores
Autor: ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA)
Situação: passou pela CCJ da Câmara e aguarda criação de comissão especial




Análise acelerada no Supremo


 (Fellipe Sampaio/SCO/STF)

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reuniu-se ontem com o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (foto) para pedir uma decisão célere do plenário da Corte sobre a situação do deputado presidiário Natan Donadon. Segundo Alves, o presidente da Corte disse que tentará colocar em pauta já na próxima semana a apreciação da liminar do ministro Luís Roberto Barroso suspendendo a sessão que manteve o mandato do deputado. Ainda ontem, o ministro do STF Gilmar Mendes avaliou que a solução encontrada por Barroso para o caso abre espaço para distorções ao permitir que políticos cumprindo pena em regime semiaberto exerçam o mandato. O entendimento fixado na decisão tem potencial para beneficiar três dos quatro deputados condenados no caso do mensalão: José Genoino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).