sábado, 4 de outubro de 2014

Rosto de um candidato num cartaz de rua - Charles Bukowski

E versos... 

Charles Bukowski

Rosto de um candidato num cartaz de rua

lá está ele:
umas poucas ressacas
umas poucas brigas com mulheres
uns poucos pneus  furados
nunca um pensamento suicida
não mais que três dores de dente
nunca perdeu uma refeição
nunca uma cadeia
nunca um amor
7 pares de sapatos
um filho na faculdade
um carro com um ano de uso
apólices de seguro
um gramado verdejante
latas de lixo com tampas
perfeitas
na certa será eleito.
Charles Bukowski, em Textos autobiográficos, L&PM Editores

Radiofônicas - Eduardo Almeida Reis

 Mesas de debates são interessantíssimas, com a condição de contar com debatedores inteligentes, divertidos e de fácil digestão


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 04/10/2014



Comunicadores de nomeada, os senhores José Luiz Datena, que nasceu em Ribeirão Preto, SP, e Milton Neves, natural de Muzambinho, MG, município que vem de proibir a criação de penosas nos quintais urbanos, desentenderam-se numa rádio com direito a palavrões e murros, que teriam terminado no IML, dizem os fofoqueiros. O doutor Datena faz sucesso num programa televisivo voltado para os crimes e as desgraças do dia, enquanto o doutor Neves, tendo nascido no tempo em que sua cidade não proibia penosas nos quintais, aprendeu que as galinhas cantam quando botam ovos. Deve ter sido a causa do merchandising escandaloso que recheia os seus comentários esportivos. Não nos cabe, a mim e ao leitor, entrar no mérito da briga entre os ilustres comunicadores, porque só cuidamos de coisas sérias como homens de bem e de tino.

Rádio é veículo útil e divertido. Pena que 95% das emissoras estejam em mãos religiosas, que as usam para faturar tudo que os crentes têm, além daquilo que sonham ter. Tive algumas experiências radiofônicas e os resultados foram surpreendentes, porque você toma um táxi, tarde da noite, manda tocar para sua casa e o motorista pergunta: “O senhor não tem um programa com o Lery e o Cid?”. Quer dizer: o motorista radiouvinte conhece o passageiro pela voz. Realmente, durante um ano tivemos Mesa de Debates numa rádio juiz-forana: José Carlos de Lery Guimarães, Wilson Cid e o esforçado philosopho. Os dois primeiros inteligentíssimos, cultíssimos, vozes privilegiadas; o terceiro nunca passou de um bobo que fuma charutos.

Mesas de debates são programas interessantíssimos, com a só condição de contar com debatedores inteligentes, divertidos, de fácil digestão. Não dá para catar a laço funcionários da própria emissora: o programa fica uma porcaria. O nosso tinha os dois craques e sempre um convidado, geralmente brilhante, além do tal charuteiro. Ao fim de um ano, realizamos o lucro líquido: um litro de uísque, que bebemos numa noite. Para não estourar o espaço, amanhã conto dos programas que tive na capital de todos os mineiros.

Alimentos

Anda a Nestlé empenhada na adoção de uma política de bem-estar animal, que deve complicar as vidas de mais de 7 mil dos seus fornecedores. A multinacional de alimentos diz que vai parar de comprar produtos provenientes de porcos criados em baias de gestação (?), galinhas em gaiolas em bateria (?) e gado descornado ou cujas caudas tenham sido arrancadas sem anestesia (?). O sinal (?) corre por minha conta, porque a notícia publicada num jornal ficou meio confusa.

Preciso ver nas prateleiras do supermercado se a Nestlé produz margarinas. Se produz, desmoraliza sua anunciada preocupação com o bem-estar animal, a partir do momento em que não se preocupa com o bem-estar humano. A manteiga existe há séculos e a margarina tem cerca de 100 anos. É um veneno criminosamente divulgado pelas multinacionais através dos meios de comunicação, em comerciais produzidos pelas melhores agências para ilaquear os bobos em sua boa-fé através de vídeos cheios de corações sob a forma de almofadinhas. Enganados, os bobos compram e comem aquela porcaria.

De ciência própria, atesto que a Nestlé sabe recompensar os funcionários que nela fazem carreira. Testemunhei o casamento de um amigo, que teve como outro padrinho um açoriano aposentado na direção comercial da Nestlé, depois de entrar na empresa como vendedor de pastinha. Progredindo, teve a educação dos filhos na Europa custeada pela empresa e estava aposentado com US$ 7.000 por mês, naquele tempo uma fortuna.

No capítulo dos ovos, o bom senso nos diz que produzidos pelas aves, que vivem soltas em parques gramados, devem ser mais naturais e saudáveis que os produzidos pelas galinhas debicadas amontoadas em gaiolas mínimas. Nos parques gramados não me refiro aos ovos e às galinhas caipiras: caipirismo é um pavor, que deveria ser proibido por lei. Roupa caipira, festa junina e música sertaneja só a pau. Ressalve-se a caipirinha, bebida preparada com rodelas ou pedaços de limão com casca, geralmente macerados, misturados e batidos com açúcar, gelo e cachaça ou outra aguardente como vodca ou rum. Se preparada com lima-da-pérsia ainda fica melhor.

O mundo é uma bola


4 de outubro de 1910: início da revolução republicana em Portugal depõe o rei dom Manuel II. Conheci no Rio um português chamado Emílio, que lá esteve em Lisboa no dia 4 de outubro, chegou ao Brasil para ser motorista particular e melhorou de vida como corretor de imóveis. Contava episódios da revolução que depôs o rei – correria, fogo de metralha, cadáveres espalhados pelas ruas – e terminava com esta delícia: “A confusão foi tão grande, mas tão grande, que às quatro horas da tarde muita gente ainda não tinha ido almoçar”.

Em 1942, Getúlio Vargas inventa o cruzeiro para moeda oficial de um país grande e bobo. Em 1970, na flor dos seus 27 aninhos, a cantora Janis Joplin morre de uma overdose de heroína. Dizem os especialistas que a heroína é a “melhor” das drogas, pois vicia na primeira picada. Hoje é o Dia Mundial dos Animais e o Dia Mundial da Natureza.

Ruminanças

“Glutoneria é vício solitário; gastronomia, requinte de civilização” (Guilherme Figueiredo, 1915-1997).

EM ARAXÁ » Livro aberto

Fliaraxá investe nas conexões da literatura com as artes cênicas e a fotografia, entre outras linguagens. Terceira edição do evento se inspirou no aclamado Hay Festival


Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 04/10/2014



O escritor mineiro Luiz Vilela será homenageado na terceira edição do Festival Literário de Araxá (Marcos Michelin/EM/D.A Press)
O escritor mineiro Luiz Vilela será homenageado na terceira edição do Festival Literário de Araxá


De quinta-feira a domingo, será realizado o 3º Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), que vai homenagear o escritor mineiro Luiz Vilela. O tema desta edição é “Leitura por um mundo melhor”. O contista e jornalista Wander Piroli (1931-2006) é o patrono da festa.

Nascido no Bairro da Lagoinha, em Belo Horizonte, e autor de O menino e o pinto do menino e A mãe e o filho da mãe, Piroli teve sua obra completa lançada pela Editora Cosac Naify – inclusive livros inéditos. Ela estará disponível na livraria do festival.
O produtor Afonso Borges e os escritores Humberto Werneck e Leo Cunha são os curadores do Fliaraxá. De acordo com Borges, o evento recebeu investimento de R$ 1 milhão, captado por meio da Lei Rouanet. O Ministério da Cultura e a CBMM apoiam o festival.

Afonso Borges explica que a disseminação de feiras literárias pelo país exige a renovação de eventos literários. “É preciso oferecer conteúdo, substância e excelente programação voltada para diversas áreas. Foi isso o que fizemos. A terceira edição do Fliaraxá se pautou no Hay Festival, o maior do mundo, com o qual fizemos uma parceria – a primeira, de fato, no Brasil”, informa o curador.

Fotografia Um dos frutos da parceria com o Hay é a exposição Quartos de escrita – Retratos de escritores em hotéis, do fotógrafo Daniel Mordzinski, que será aberta na quinta-feira, no Tauá Grande Hotel Araxá. A mostra reúne imagens surpreendentes de Gabriel García Márquez, Nadine Gordimer, Luis Fernando Verissimo, Jorge Luis Borges, Mario Vargas Llosa e José Saramago, entre outros. Portenho radicado em Paris há 40 anos, Mordzinski trabalhou em jornais como o Le Monde e El País.
Outro evento programado para o Fliaraxá é o laboratório de escrita, projeto desenvolvido em São Paulo pelos escritores Marcia Tiburi e Evandro Affonso Ferreira, que é de Araxá.

A abertura do Fliaraxá, na Fundação Calmon Barreto, contará com a presença do premiado Luiz Ruffato, mineiro de Cataguases, que vai abordar o tema “Leitura para um mundo melhor”. Trinta e cinco autores passarão por Araxá, entre eles, Martha Medeiros, Mary Del Priore, Zuenir Ventura, Santiago Nazarian, Affonso Romano de Sant’Anna, Kledir Ramil, Leila Ferreira, Marcelino Freire, Eliane Brum e Paula Pimenta.

3º FLIARAXÁ
De quinta-feira a domingo.
Fundação Cultural Calmon Barreto,
Praça Arthur Bernardes, 10, Centro de Araxá. Informações:
(34) 3691-7133 e www.fliaraxá.com.br. 

ARNALDO VIANA » Eles sabiam... (2)

ARNALDO VIANA
Estado de Minas: 04/10/2014 



…e como sabiam. Ninguém jamais soube por que, mas sabiam. Não era comum o homem chegar do roçado antes das seis horas. Era certo que o trabalho findava às quatro da tarde, mas ele ficava por lá um pouco mais. Cuidava de limpar, amolar e guardar as ferramentas. Deixar tudo pronto para o outro dia. Era época de enterrar as manivas, de semear o milho. A mulher estava lavando roupa no terreiro, quando o homem passou. Ela olhou o céu e calculou que as cinco horas ainda estavam por chegar. Ele não quis janta. Reclamava de “tonteza”, dor na boca do estômago e na cabeça. Uma vontade de vomitar que não vingava. Deitou-se na cama de varas, coberta pela manta de couro do boi, com as mãos fechadas sobre a têmpora. A mulher nunca o vira doente daquele jeito, amuado, de deitar. Foi à horta, colheu folhas de erva-cidreira e preparou um chá. O homem engoliu a beberagem e nada de melhora. A mulher pensou em mandar o filho mais velho, moleque de 12 para 13 anos, arrear uma mula e ir ao comércio chamar o doutor. Mas eram duas léguas e meia debaixo de mata e já estava escuro. Sabia que é à noite que as onças saem para comer.

A mulher deu mais uma olhada no homem. Ele estava ficando roxo. Ela sabia o que era e nada lhe vinha à cabeça para curar congestão. Zanzava entre cozinha e quarto. Não podia perder o companheiro naquele fim de mundo, com cinco bocas para alimentar. Tirou o rosário do dependuro na parede de adobe e apegou-se a Nossa Senhora. Caminhou para o terreiro e mal ultrapassou a porta viu a planta em um canto do chão. Arrancou-a pela raiz e a macerou no pilão de pilar alho e ervas de tempero. Espremeu a massa, botou o caldo grosso na caneca esmaltada e o levou ao homem. Ele bebeu, sentado, com o penico ao lado da cama. Não demorou e expulsou do estômago uma bola preta, rajada de sangue. E foi mudando de cor, de roxo para amarelo. Uma hora depois sentiu-se aliviado. O sono chegou. O sossego também. No dia seguinte, o sol ainda se aprumava atrás do morro e o menino já cavalgava a mula para chamar o doutor. Duas léguas e meia debaixo de mata. “Diga a ele filho que é congestão.”

Quando o médico chegou o tempo avançava pelo meio-dia. Tirou a maleta da cabeça da sela do cavalo magro e velho, deu bom-dia à mulher, pediu licença e caminhou para o quarto. O homem o esperava, sentado na cama. Examinou, conversou. Conversou, examinou. Recomendou uns três dias de repouso. Em caso de fraqueza, mais descanso. O doutor saiu do quarto. A mulher o esperava do lado de fora. Ele tirou da bolsa um punhado de pílulas. Era para o homem tomar duas por dia, depois do almoço e do jantar. E não deixou de perguntar o que a mulher dera ao marido. Ela pediu para esperar, foi até o terreiro e pegou a rama em cima do jirau. Mostrou a planta ao doutor. “É erva-de-santa-maria, foi Nossa Senhora quem a mostrou.” O médico examinou a planta e disse: “A senhora salvou a vida dele”. Recomendou comida leve. Canja de galinha sem gordura e com pouco sal. Sopa de inhame, cará, coisa assim.

Levado pela mulher, o doutor almoçou na mesa da cozinha. Feijão batido, arroz, costela de porco e mamão verde refogado. Levantou-se, agradeceu e disse que precisava pegar a estrada. Subiu no cavalo e na cabeça da sela, além da maleta, levava uma galinha amarrada pelos pés. Não que tivesse pedido paga. Foi por insistência da mulher e naquelas bandas era até pecado enjeitar uma oferenda. Amarrada na sela uma cabaça cheia de água fresca da bica. Passava das duas horas da tarde. Pouco mais de uma légua depois parou sob frondosa gameleira. Passou um lenço na testa, bebeu um gole da cabaça e pensou naquela mulher, olhos serenos, cor de índia, vestido sujo de cinzas do fogão, com as folhas nas mãos calejadas. Não foi propriamente a santa, pensou o doutor. Ela sabia do poder da erva. Mas o conhecimento só veio na hora da precisão. Prometeu sob a árvore generosa nunca abandonar aquela gente. E já se encaminhava para a montaria quando se lembrou de frase dita por um mestre no longínquo tempo da escola de medicina: “Cuidado com as emoções, elas podem fazer de você um mentiroso”. Voltou à árvore e retirou a promessa. “Se não sabemos o que nos espera no dia de hoje, quisera amanhã.” Montou, açoitou e o cavalo magro e velho seguiu viagem.

Lembrete do Negão: Amanhã, é dia da coerência. Da escolha certa e segura. Da razão.

Um novo e promissor tratamento

Um novo e promissor tratamento Pesquisa conduzida por professoras da Fumec há 14 meses identificou alterações metabólicas em células cancerígenas tratadas com fitoterápicos


Bruno Freitas
Estado de Minas: 04/10/2014



Com a estudante Gabriella Pires, as pesquisadoras Luciene Tafure e Mariana Gontijo propõem novas formas de combater o câncer de mama (Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com a estudante Gabriella Pires, as pesquisadoras Luciene Tafure e Mariana Gontijo propõem novas formas de combater o câncer de mama

Segundo tipo mais comum, principalmente entre as mulheres – 22%, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) –, o câncer de mama tem na fitoterapia – a cura por meio das plantas – um novo e promissor meio de tratamento, que pode, a longo prazo, elevar a sobrevida média de 61% dos pacientes, depois dos cinco primeiros anos de diagnóstico. Pesquisa iniciada pela Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH) da Universidade Fumec há 14 meses, e cujos primeiros resultados foram apresentados na 29ª Reunião Anual da Federação das Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), em agosto, em Caxambu (Região Sul de Minas Gerais), identificou alterações metabólicas em células doentes tratadas com fitoterápicos, com indicativos de morte celular.

A observação foi realizada por alunos de Biomedicina, com a coordenação das professoras nas áreas de bioquímica, imunologia e patologia geral Mariana Gontijo Ramos e Luciene Simões de Assis Tafuri, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – que forneceram as substâncias das plantas utilizadas. A expectativa agora, com a continuidade dos estudos, é identificar alternativas de curva e prevenção, além do tratamento convencional já adotado.

Duas previsões de dados do Inca para este ano ressaltam a importância do desenvolvimento de pesquisas como esta no combate ao mal, que é relativamente raro abaixo dos 35 anos: 5 mil mortes devem ocorrer por câncer de mama até o fim do ano, além de 57 mil novos casos em todo o mundo.

“A pesquisa surgiu do interesse de professores e da universidade em desenvolver atividades científicas. Em colaboração com grupo de pesquisas da UFMG, surgiu a ideia de se trabalhar com células de câncer de mama e produtos naturais. Na universidade, existia uma série de substâncias a serem testadas. Quando surgiu a ideia, pegamos as substâncias disponíveis e não sabíamos quais teriam atividade biológica. Realizamos testes para saber quais eram ativas e, dessas, quais as mais ativas. A melhor ação foi a com a warifteína”, conta a professora Luciene.
A pesquisa durou cerca de um ano na fase inicial, com os resultados preliminares divulgados, e vai continuar por pelo menos mais um ano em busca de respostas mais completas. Quatro alunos em iniciação científica – todos bolsistas (CNPq, e dois do Pro-PIC) – participaram da observação microscópica. Um deles integra hoje o Ciências Sem Fronteiras, do governo federal, realizando pesquisas nos Estados Unidos. Substância extraída de plantas frequentes na Região Nordeste do Brasil, como a abuteira, a milona, a jarrinha ou a orelha-de-onça, a warifteína é muito utilizada na medicina popular, por exemplo, como chá antidepressivo e no trato respiratório. A substância foi isolada em laboratório, aplicada nas células com câncer e apresentou o melhor efeito. Além da UFMG, a Universidade Federal da Paraíba forneceu a substância. “São plantas comuns na natureza, encontradas entre o Ceará e a Bahia. As quantidades são pequenas, menos de 1ml, colocando em contato com células com tumores mantidas em cultura”, explica a professora da Fumec.

EXPOSIÇÃO Durante o procedimento de pesquisa, na medida em que as células foram crescendo, em intervalos de observação de 24 horas, 48 horas e 72 horas, doses de warifteína eram acrescentadas para medir esse crescimento. As pesquisadoras identificaram, então, que, quanto maior o tempo de exposição da substância à cultura, maior era o número de células mortas. “Além de matar a célula, a warifteína alterava o seu formato. O principal resultado foi a morte da célula. Queríamos ver se era possível matar a célula cancerígena com o menor efeito colateral, o que foi demonstrado pelos estudos. Na segunda fase, queremos entender quais os mecanismos de morte, como essa substância mata as células, testando o efeito citotóxico da substância na célula cancerosa. Também vamos fazer testes nas células sadias”, adianta a pesquisadora.
O tratamento conseguiu reduzir a viabilidade da célula cancerígena em 70%, em 72 horas de exposição. Morte considerada expressiva pelas pesquisadoras.

A metodologia, ressalta Luciene, venceu pela simplicidade, por se valer de técnicas usadas corriqueiramente em laboratórios de pesquisa, com recursos relativamente pequenos, sem aparelhos sofisticados. Essa é também a primeira e, até então, única experiência da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Fumec no uso de fitoterápicos em células cancerosas.
Mariana e Luciene sustentam que, com os resultados já obtidos, podem-se identificar substâncias a serem usadas no tratamento do câncer de mama com o mínimo de efeitos colaterais aos pacientes, principalmente mulheres. “Esperamos que a pesquisa contribua com mais uma substância a ser usada no tratamento. Ainda há muitos estudos a serem feitos. Temos um caminho bem longo pela frente, mas todas as pesquisas começam com esse tipo de estudo, que serve de base para estudos mais avançados, até chegar aos testes em humanos. Esperamos contribuir para um achado importante. É preciso valorizar a pesquisa básica, para a qual não se dá tanta importância, porque não tem muita visibilidade”, conclui Mariana.

Saiba mais
O que é fitoterapia?
É a cura por meio das plantas. As ervas medicinais hoje têm papel valioso como recurso terapêutico oferecido pela natureza. A fitoterapia consiste no conjunto das técnicas de utilização dos vegetais no tratamento das doenças e na recuperação da saúde.