segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A discussao pública no Brasil está ruim - Renato Janine Ribeiro

Fonte  
Renato Janine Ribeiro
Esta imagem mostra como está ruim a discussao pública no Brasil. Exprime como postagens a favor (azuis) ou contra (vermelhas) o Mais Médicos repercutem. Simples: quem é a favor só repercute em quem é a favor, e o mesmo vale para quem é contra. Não se chega a discutir. Cada lado é reconfortado em suas posições e não toma conhecimento das opostas.
Era melhor estar tudo de preto: de luto pela inexistência de um espaço público de discussão, de uma ágora, que permitisse que as pessoas dialogassem, alterassem suas posições,negociassem propostas intermediárias.
Porque esse retrato está valendo para tudo, hj, que seja discutido publicamente no Brasil...

O Museu do Filho - LETICIA WIERZCHOWSKI

Zero Hora - 16/09/2013

Marina Silva disse, em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, que, se a internet mudou nossa concepção de viajar, de estudar, de nos comunicarmos e fazermos compras, inevitavelmente ela também mudaria a nossa concepção de fazer política (Marina falava das manifestações de rua no país). Pois é neste espírito – a internet está aí pra revolucionar a vida, e para melhor – que a Tetê Pacheco, publicitária gaúcha radicada em São Paulo, teve uma ideia genial: o Museu do Filho.

Tudo começou dentro de casa, com Bento e Otto, os filhos da Tetê. Mas esse espaço digital, seguro e e organizado, logo ganhou a participação dos filhos dos amigos e amigos dos amigos, em uma corrente que se multiplica com a velocidade que só a internet – aliada a uma boa ideia – é capaz de gerar.

Afinal, quem é pai sabe que não existe gaveta no mundo que possa abarcar os trabalhos artísticos que nossos filhotes fazem ao longo da vida. As cores, os traços, a ousadia, as marcas pessoais que as nossas crianças, amadurecendo e desbravando este mundo maluco e incrível, deixam no papel podem ser maravilhosas para além de qualquer corujice.

É por isso que vale a pena conferir o Museu do Filho – tudo que é postado passa pela Tetê Pacheco: são obras de pequenos artistas, selecionadas com critério de curadora e carinho de mãe.

O Museu do Filho é uma gaveta digital. Uma gaveta, sim, mas também uma vitrine do mundo que palpita dentro das cabeças dos nossos filhotes. Tetê criou o museu para guardar e para mostrar, mas também para valorizar a arte dentro de casa, no convívio entre pais e filhos.

A gente fica louco de orgulho quando uma obra entra para o acervo e pode ser vista e compartilhada por um monte de gente. Resultado? Tem filho aí saindo das gavetas para o mundo (como bem disse a Tetê, os pais são gavetas de lembranças das suas crianças).

Vale a pena conhecer, mesmo se você não é o orgulhoso papai de um Picasso de fraldas. O Museu do Filho tem uma fanpage na qual, além das obras, a Tetê dá dicas de exposições, arte e cultura pelo mundo afora. Há também uma conexão entre artistas, que participam contando dos seus começos, tropeços e experiências.

O Museu do Filho está no Facebook, no Instagram e no Pinterest, cumprindo a sua missão de aproximar a arte dos adultos do olhar infantil e a arte infantil do olhar adulto. É lindo de ver. É emocionante de participar.

A dama do perfume - Liberato Vieira da Cunha

Zero Hora - 16/092013


Vês estes campos em cujo horizonte já avança a cidade que outrora foi pequena? Vês estas colinas em cujo topo se erguem duas ou três chaminés e onde antes só havia a voz do vento compondo sua música ancestral? Vês aquele último trecho de mata, que em outra época foi uma grande floresta habitada por pássaros sem nome? Pois foi aqui que aconteceu.

Aconteceu nesse tempo muito anterior de que te falo, com um homem que não conheci. Tudo aqui era diverso, exceto por esta grande casa, que então se erguia solitária, num mudo desafio à paisagem. Tudo era diverso, descontando as figueiras que têm dois séculos e que já então se elevavam sobre uma vasta extensão de sombra.

O homem se havia refugiado nesta casa tão logo finda uma ida guerra e seus sonhos se povoavam ainda de batalhas e por vezes despertava em meio à treva como se as vozes dos mortos o chamassem.

Foi numa dessas insônias que sentiu o perfume que vinha de nenhuma parte e, com um castiçal, foi percorrendo cada lance da grande casa, o salão deserto, os quartos vazios, a escadaria em que se viam as marcas de um fogo desde sempre contido, a peça ao alto, sobranceira a tudo, onde numa parte esquecida de sua existência havia composto seu único poema. E então o perfume desapareceu.

Aquilo se reprisou por outras noites e outras insônias e novas guerras e batalhas povoadas das vozes dos mortos e o homem já não dormia, inquieto, perguntando se não era ela que então lhe voltava, mas não ousava crer que, há tanto tão perdida em seu passado, lhe pudesse retornar, já que não havia mais esperança habitando seu mundo e sua alma.

– Como será ela agora? – pensava, e tornava a andar pela casa deserta como um náufrago em fero mar, perdido o lenho, e buscava lenimento em reinventá-la, nua e sua, no quarto da cama com dossel de idas idades.

Teria olhos azuis, ou garços, ou mel, a senhora de todos os seus desejos, a que agora lhe roubava as noites com seu perfume e o sono com suas lembranças? E o homem não encontrava respostas para esse claro enigma e a chama do castiçal se desvanecia em suas mãos com a alba.

E, uma noite, mais forte lhe veio o perfume e ele abriu a porta do quarto da cama com dossel e lá estava ela, enovelada em sua pele alva e em seus cabelos dourados, e um ao outro se deram, e assim os acharam, muitos anos depois, extintos, abraçados em desejos antes interditos, em infinitos jogos de entrega e posse, que foi quando esta lenda verdadeira principiou.

Julgamento sem pedagogia - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 16/09/2013

O julgamento do mensalão não mudou a opinião de quase ninguém sobre o caso. Falhou em seu papel pedagógico. Por quê?


Esta semana saberemos se terminou o processo do mensalão ou se ele comportará uma espécie de instância recursal. Ao contrário do que quase todos sustentam, creio que o melhor cenário para, pelo menos um dos acusados, é não ter apreciado seu recurso. Exporei por que e direi qual acusado.

O julgamento, embora longo, não mudou a opinião das pessoas. Teria sido um sucesso pedagógico se os favoráveis aos acusados ou em dúvida sobre sua culpa ficassem convencidos de que eles mereciam ser condenados. Alguém pode ser petista e continuar sendo, mas se persuadir, por provas e argumentos, de que líderes de seu partido agiram mal.

Só que isso não sucedeu. Fui atrás. Conversei, usei o Facebook, indaguei. Você mudou de opinião em função do julgamento? Entender a pergunta já era difícil. A maior parte reclamava dos crimes dos corruptos petistas ou do caráter tendencioso do julgamento. Quando eu refazia a pergunta, descendo à terra, à banal questão: mudou de ideia graças ao que ouviu?, verificava que não tinham mudado. Disso fica a constatação de que o julgamento falhou numa função básica da Justiça, e sobretudo da TV Justiça, que é convencer, especialmente os neutros ou os reticentes, de que justiça foi feita. Por quê?

Julgar os embargos dará mais peso à sentença final

Um intervalo sobre a divergência na democracia. Sabemos que na democracia deve prevalecer a vontade do povo e que a melhor forma de apurá-la é identificá-la à voz da maioria. Mas um elemento sutil da democracia, nem óbvio nem trivial, é: quem legitima a vitória do candidato vitorioso são os partidários dos derrotados. Não basta ganhar com a maior parte dos sufrágios. É preciso que o eleitor derrotado concorde, ainda que de má ou péssima vontade, que perdeu. Não há democracia que funcione sem esse acordo, que no fundo significa: primeiro, as regras do jogo foram respeitadas; segundo, essas regras são justas; terceiro, um dia eu posso ganhar.

Por isso o Brasil vai melhor que a Venezuela. Desde a vitória de Hugo Chávez em 1998, a cada pleito a oposição venezuelana denuncia fraude e nega legitimidade ao vencedor. Isso é um desastre institucional. Daí à desobediência civil, daí mesmo à rebelião, é um passo. Não importa quem tenha razão ou não: com isso o governo precisa das baionetas, para se manter, mais do que o desejável. Um apagão, em vez de falha técnica ou falta de investimento, vira crime, ato de traição - como estamos vendo.

No Brasil, não temos isso. Lula aceitou duas vitórias tucanas, o PSDB reconheceu três petistas. E isso depois de Collor se eleger, em 1989, deslegitimado pela oposição. O fato de recorrer a um golpe sujo no final da campanha, acusando Lula de tentativa de aborto, deu-lhe a vitória, mas lhe custou a reputação. Os escândalos que derrubaram Collor da Presidência, três anos depois, só completaram essa falha de legitimidade inicial.

Volto ao julgamento do mensalão, e retomo o ponto: na hora em que um julgamento tem forte impacto político - porque entre os réus estão o ex-primeiro-ministro (de fato) e o ex-presidente do partido do governo - é fundamental se ter a sensação de que foi feita justiça. Vencer no voto não basta. É necessário mostrar que o réu teve todas as oportunidades de se defender. Não se pode dizer que é do réu o ônus da prova, como afirmou um dos juízes. Nem ofender quem vota diferentemente do relator.

Recomendo um episódio da série "Law and Order", de nome "Jihad americana", em que é julgado um muçulmano fanático. Ele ofende a juíza e difama os judeus - mas a própria magistrada lhe garante o direito de falar, afirmando que a defesa deve ter liberdade de expressão maior que a acusação. Isso fará uma condenação final ser mais convincente, mais reconhecida. Ou, aqui, o julgamento dos Nardoni, acusados de matar a filha do réu. Foi horrível a defesa pedir que a mãe da menina assassinada fosse retirada do plenário e mantida incomunicável. Mas o juiz deferiu o pedido, para cortar pela raiz qualquer ulterior alegação de cerceamento da defesa. É isso o que convence os não convencidos.

Como os próprios defensores da punição presta e severa dizem que o julgamento é político, eu afirmo: político é dar a máxima chance de defesa aos réus, não só porque individualmente têm esse direito, mas porque apenas assim a sociedade se convence de sua culpa. Não sendo assim, a sociedade sai do julgamento como entrou: uns os acham inocentes vítimas, outros detestáveis culpados, e outros, ainda, discordam do que acham ter sido um teatro. Não ganha a Justiça.

E quem talvez mais ganhe seja José Dirceu. Ele, mesmo condenado, tem planos. A seu modo, repetirá o discurso de Fidel Castro em 1953, diante dos tribunais do ditador Batista, "A História me absolverá". Não importa que lá fosse uma ditadura e, aqui, uma democracia. É que, justamente porque o julgamento foi convertido em acusação ao PT como um todo, em projeto de criminalizar o partido inteiro do governo, ele falhou. Dirceu nunca será presidente da República, mas lhe deram de presente a politização do julgamento. Ou seja, a conversão do processo do mensalão em processo político. Neste campo, ele tem condições de refazer sua biografia. Certamente, isso é o que seus inimigos menos queriam. Mas eles lhe ofereceram isso ao fazer, de um julgamento que devia ter um foco preciso, uma guerra.

Contudo, se os embargos infringentes forem admitidos, se a defesa for apreciada, ficará mais difícil alegar-se que o processo foi político ou injusto. Dar aos réus o direito de contestar as sentenças, quer sejam as penas mantidas ou reduzidas, protegerá a sentença final da acusação de ter sido política e não jurídica.


Tv Paga

Estado de Minas: 16/09/2013 


 (Ratão Diniz/Divulgação)


Estreia hoje, às 21h30, no Canal Futura, a série Revelando os Brasis, que vai apresentar 40 curtas-metragens escritos, produzidos e dirigidos por moradores de municípios brasileiros de até 20 mil habitantes. Os diretores são escolhidos por um concurso e participam de oficinas para realizar os filmes. No primeiro programa, a apresentadora Lísia Palombini entrevista a professora Gilda Brasileiro de Moraes (foto), que dirigiu o curta Rota Dória, sobre uma estrada desativada em 1843 que serviu de trajeto para fuga de escravos na região de Salesópolis (SP). Em tempo: no Afinando a língua, que vai ao ar às 22h30, os convidados são o poeta Ferreira Gullar e o músico Zeca Baleiro.

GNT dá uma geral no  mundinho fashion

Esta noite, no GNT fashion, Lilian Pacce vai mostrar a nova loja da estilista Gilda Midani, conhecida pelo trabalho com algodão e seda e tingimentos artesanais como o batik, do qual ela fez sua marca registrada. Já o repórter Caio Braz vai às ruas para descobrir se está pegando a tendência dos “grillz”: as joias dentárias que surgiram nos anos 1980 com a turma do hip hop e hoje são hit entre astros da música pop como Madonna, Lady Gaga, Rihanna, Beyoncé e Justin Bieber. No ar às 22h, no canal GNT.

No SescTV, o teatro  é que está em alta
No SescTV, às 20h, tem continuidade o especial Mirada, com documentários realizados durante duas edições do Festival Ibero-americano de Artes Cênicas de Santos, focalizando o teatro contemporâneo. A atração de hoje é Teatro do eu profundo, que registra a pesquisa e produção teatral uruguaia e portenha, com cenas de peças e a opinião de artistas da primeira edição do festival, em 2010.

Yamandu Costa dá  canja no Canal Brasil
O maior nome da história do reggae e um dos mais importantes da música mundial, o jamaicano Bob Marley é tema de um especial que vai ao ar hoje, às 17h, no canal Bio, revelando curiosidades sobre sua carreira e o legado que o artista deixou. No Canal Brasil, o destaque musical de hoje é a presença de Yamandu Costa na série Estúdio 66, às 18h45, interpretando, ao lado do apresentador Zé Nogueira, clássicos como Oblivion, Conversa de botequim e Peguei a reta. No Arte 1, às 21h30, vai ao ar o especial Melodias do cinema e da Broadway, com a Orquestra Sinfônica de Viena, conduzida por Pinchas Steinberg em 1995.

Documentário traça  o perfil de Antonioni

Na Cultura, a maior novidade de hoje é Michelangelo Antonioni, o olhar que mudou o cinema, à meia-noite. O documentarista Sandro Lai traça o perfil do mestre do cinema italiano, cuja obra é comparada à Divina comédia de Dante e aos poemas de Leopardi, “pois tocam partes fascinantes e misteriosas de nós mesmos”. Antonioni (1912–2007) dirigiu filmes como A noite, O eclipse e Blow up – Depois daquele beijo.

Conspiração Xangai  estreia no Telecine

Por falar em cinema, estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o drama Conspiração Xangai, de Mikael Håfström, com John Cusack, Gong Li e Chow Yun-Fat. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Querido companheiro, na HBO HD; O noivo da minha melhor amiga, na HBO 2; Bala na cabeça, no Max Prime; O lenhador, no ID; Scott Pilgrim contra o mundo, no Universal; Perfume – A história de um assassino, na MGM; Os garotos perdidos, no TCM; e A árvore da vida, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: A vida secreta das abelhas, às 22h30, no Megapix; e Um Natal muito louco, às 23h, no Comedy Central.

Eduardo Almeida Reis - Eleições‏

Eduardo Almeida Reis - eduardo.reis@uai.com.br


Estado de Minas: 16/09/2013 



Se o governante brasileiro é sempre um produto de marketing nos níveis municipais e estaduais, como também no federal, podemos votar nas Pílulas de Erva-de-Bicho. Evitemos a importação de médicos que vão exercer a profissão, que dizem ter aprendido, em postos de saúde sem leitos, lençóis, remédios, macas, ambulância, oxigênio, água, esgotos – sem nada de coisa alguma. Não falar português é o de menos: temos advogados, jornalistas e político que não falam.

Erva-de-bicho é suposta de ser muito útil no tratamento das hemorroidas. Talvez por isso a taxonomia tenha resolvido classificá-la como planta do gênero Cuphea. Vejo agora que ela e suas primas do gênero Polygonum têm uso medicinal como estimulantes, diuréticas, anti-helmínticas e também no tratamento de úlceras, da blenorragia e da erisipela.

Cultureba
A mais longa cadeia de montanhas da Terra, com extensão de 16.090 quilômetros, raramente é vista. Vai da Islândia até à Antártica e sua maior parte está sob o mar: é a cadeia do Atlântico Central. Seu pico mais alto mede mais de 8 mil metros e o ponto mais elevado acima da água é na Ilha de Pico, Açores, com mais de 1.500 metros.

Se essas informações não nos deixam mais ricos, também não nos fazem mal de espécie alguma. Tirei-as do Livro dos Fatos, de Isaac Asimov, que tem coisas interessantíssimas. E vejo que o Google tem mais que 71 mil resultados para cultureba, contra 172 mil para natureba e seus chatíssimos praticantes.

Vejamos os ratos
A imprensa deu para descrever cerimônias de casamentos sem citar os nomes dos noivos. Ora, no casamento de João e Maria, as figuras mais importantes são Maria e João, ainda que um deles seja filho do Collor, do Eike, do Dirceu. Outro exemplo do destrambelho é dizer que as mudanças climáticas “provocarão aumento de até 50% no número de conflitos sociais”. É, bebé? E lição dos ratos?

Claro que não me refiro aos de duas pernas, que evitam conflitos sociais compondo as chamadas bases aliadas, eufemismo para formação de quadrilha. Cuido somente dos roedores da família dos murídeos, especialmente os do gênero Rattus. Quando publicou seu livro Explosão Biológica, G. Rattray Taylor contou-nos fato impressionante, que ainda uma vez cito de memória porque meus livros estão difíceis de encontrar nas estantes do novo apê.

Se você, caro e preclaro leitor, tomar um espaço em que determinada população de ratos viva bem, com água e comida abundantes, que acontecerá quando a população aumentar, mesmo contando com água e comida abundantes?

Elementar, meu caro Watson: explode o homossexualismo murídeo, formam-se grupos de ratos jovens que perseguem e atacam os ratos menos jovens, a violência é total. Esqueçamos as mudanças climáticas, que, de resto, sempre existiram no planeta, desde quando a espécie H. sapiens sapiens não existia ou não tinha expressão numérica para influir no clima.

Que aconteceu com a população humana neste planeta nos últimos dois séculos, com ênfase para o século 20? Sem abundância de água e de comida, é bom que se diga, nossa espécie vai a caminho das 9 bilhões de almas em pouquíssimas décadas – e as responsáveis pelo aumento de até 50% no número de conflitos sociais, dizem os tolos, serão as mudanças climáticas.

Vejamos o crescimento da população mundial. Em 1802, 1 bilhão; em 1928, 2 bilhões (portanto, há 85 anos); em 1961, 3 bilhões; em 1974, 4 bilhões; em 1987, 5 bilhões; em 1999, 6 bilhões; em 2011, 7 bilhões – e os conflitos sociais vão aumentar por culpa das mudanças climáticas...

A espécie humana sempre foi brigona, mesmo quando os grupos não se avistavam porque uns viviam longe dos outros. Que dizer dos tempos recentes, em que todos se empilham por cima dos outros e pelo menos 2,5 bilhões passam fome?

O mundo é uma bola
16 de setembro de 1629: o barco Mayflower, com escassos 26 metros de comprimento, parte de Plymouth, Inglaterra, levando 102 peregrinos (pilgrims) para dar início à colonização de Nova Inglaterra na América do Norte. Passageiros alegres e dispostos a tudo, como vimos nos peregrinos que foram ao encontro do papa Francisco no Rio e em Aparecida.

Em 1765 criam-se em Portugal as fábricas de serralharia, oficinas onde se executam obras em ferro a frio, especialmente as construções metálicas de obras civis, ou se consertam objetos de ferro.

Em 1760, o rei José I, de Portugal, concede a Sebastião José de Carvalho e Melo o título de marquês de Pombal. Em 1908, William Durant funda a General Motors fabricante do Chevrolet, um dos dez mandamentos do fazendeiro feliz, isto é, do fazendeiro que escolhe criaturas e objetos que nunca dão problemas: casar com mulher feia, fazer horta do lado de baixo do rego, cavalo capão, relógio Omega ferradura, carabina Winchester, automóvel Chevrolet etc.

Em 1947, Oswaldo Aranha é eleito presidente da Assembleia Geral da ONU. Em 1955, golpe militar na Argentina depõe o presidente Juan Perón. Para sorte do Brasil, os militares argentinos não acabaram com a raça do peronismo. Em 1955 nasceu o senador Renan Calheiros.

Hoje é o Dia da Emancipação Política de Alagoas (em 1817), estado que teve a subida honra de dar ao Brasil o senador citado acima.

Ruminanças
“Quem vence não precisa dar satisfações.” (Gracián, 1601-1658) 

IMUNODEFICIÊNCIA » Vírus é erradicado em macacos‏

Bruna Sensêve


Estado de Minas: 16/09/2013 


Macacos rhesus vacinados contra o vírus da imunodeficiência símia (SIV, em inglês), o equivalente símio do vírus da imunodeficiência humana (HIV), apresentaram uma erradicação aparente do patógeno após a infecção. As descobertas foram reveladas pelo pesquisador Louis Picker e por cientistas do Instituto de Terapia Genética e Vacina e do Centro Nacional de Oregon de Pesquisa em Primatas, ambos da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos Estados Unidos. Segundo a equipe, os resultados indicam que as respostas imunitárias provocadas pela vacina podem possivelmente erradicar a infecção por SIV e ainda ser úteis para estratégias de vacinação para combater o HIV.

Nos últimos cinco anos, os estudos de vacinas contra o HIV sinalizam que uma vacina profilática para a doença deve evitar ou eliminar a infecção pelo micro-organismo, visto que a clínica médica já observou que qualquer infecção residual pode levar ao risco grande de uma eventual manifestação progressiva, característica que torna o tratamento do HIV e SIV tão complexo. Os esforços atuais podem apenas controlar, em vez de erradicar, essas infecções. Os pesquisadores da Universidade de Oregon relataram, na edição de quinta-feira da revista científica Nature, uma nova estratégia que pode solucionar essa questão.

A equipe de Louis Picker apresentou evidências para apoiar o uso de vacinas entregues por vetores de citomegalovírus (CMV). Os vetores são estruturas que possibilitam a entrada do imunizante na célula ou mesmo no organismo que será vacinado. Picker explica que o citomegalovírus – sem as propriedades patogênicas e carregado com a fórmula anti-SIV – pode explorar uma janela de vulnerabilidade do SIV durante o início da infecção. Os dados finais dos experimentos mostram que a replicação do SIV em macacos rhesus pode ser controlada pelas respostas imunitárias liberadas pela vacina.

Alguns dos animais vacinados passaram por uma replicação viral controlada de um a três anos sem evidência de vírus residual demonstrável, levantando a possibilidade de que as respostas imunitárias provocadas pela vacina podem, de fato, afastar a infecção inicial. A capacidade desses vetores de CMV de implementar uma vigilância imunitária antipatogênica contínua e potente os torna candidatos promissores para as estratégias de vacinas contra o HIV, bem como outras infecções persistentes, acreditam os autores.

Coração equilibrado‏ - Bruno Freitas

Tecnologia criada em centro de inovação paulista propõe harmonia entre emoções que atingem o órgão humano por meio de medidor de frequência cardíaca e jogos interativos


Bruno Freitas


Estado de Minas: 16/09/2013 

 
Se você sofre de estresse ou males associados como ansiedade, colesterol e depressão, um pequeno medidor de frequência cardíaca plugado no computador pessoal – com sensor instalado no dedo ou na orelha –, a um custo aproximado de R$ 700, pode servir como alívio. Denominada cardioEmotion, a tecnologia de biofeedback cardiovascular (aparelho de estimulação de baixa frequência) desenvolvido pela Neuropsicotronics (NPT), empresa incubada do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da Universidade de São Paulo (USP), é pioneira no Brasil e mede as respostas fisiológicas do coração por meio da variabilidade da frequência cardíaca. A medida representa o intervalo entre duas pulsações consecutivas, o chamado intervalo RR. Com o aparelho, propõe jogos interativos para auxílio na redução das doenças.


Da idealização à fase de comercialização, o desenvolvimento do cardioEmotion demandou seis anos, tempo que incluiu teste piloto, registro do pedido de patente e direitos autorais. Desde o lançamento, em março de 2012, o aparelho tem apresentado resultados comprovados no reequílibrio das emoções por meio da coerência cardíaca, estado fisiológico em que isso ocorre.


“A ideia de criar o cardioEmotion partiu da observação da baixa qualidade de vida e bem-estar que a população brasileira tem apresentado. O estresse atinge cerca de 85% dos brasileiros. A síndrome de Burnout (estresse, ansiedade e depressão relacionados ao trabalho) degrada a vida de mais de 30% dos trabalhadores, principalmente das mulheres. A depressão atinge níveis epidêmicos, sendo que se estima que um entre cinco brasileiros vai padecer desse mal nos próximos anos. E isso é mundial”, diz o professor da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) Marco Fabio Coghi. 


O especialista explica que o estresse crônico tem como característica liberar quantidades prejudiciais de cortisol, considerado o hormônio do estresse. “Também se sabe que a elevação dos níveis de cortisol prejudica o sistema imunológico, inibindo sua funcionalidade normal. Assim, pessoas estressadas apresentam elevação do nível de cortisol e têm como consequência gripes e resfriados de repetição, aparecimento de herpes labial, para citar apenas algumas doenças mais comuns”.
Principal idealizador do aparelho, ao lado de um time de 11 profissionais, Coghi afirma que, pelo fato de a coerência cardíaca representar o equilíbrio do sistema nervoso autônomo, ela pode ser perfeitamente medida por meio do intervalo RR. “Estudos mostram que, quando o intervalo RR é sinusal, em forma de uma onda, entra-se em coerência cardíaca, estado em que respiração, frequência cardíaca e pressão arterial estão em sincronia, aumentando a imunidade e regulando alguns hormônios, como o cortisol, conhecido como o hormônio do stress”.


Para ser usado, é preciso antes de tudo que a pessoa desenvolva uma respiração correta. Nem todo fôlego, aponta o especialista, é coerente, entretanto. “A respiração coerente é medida em Hertz (Hz). Qualquer outra frequência não leva a pessoa ao estado desejado. Você aprende por observação”, explica. Em seguida é necessária uma espécie de concentração, “quase um estado de meditação”, nas palavras de Coghi, para manter o foco e evitar distrações. A terceira exigência é desenvolver emoções positivas. “No início pode ser o mais desafiador, mas logo a pessoa consegue se equilibrar e pode ficar no estado de coerência cardíaca por minutos ou horas. Uma vez conseguido e mantido esse estado, ele começa a ser interiorizado, na forma de aprendizagem. Há, nesse momento, formação de novas sinapses neurais que se fortalecem com a repetição dos treinamentos. Mas é tudo muito simples e interativo”.

Estimulação em temas  Nove jogos interativos, protagonizados por Mestre Zenn (um monge virtual que aparece como tutor do programa), propõem um equilíbrio emocional e o consequente estado de coerência cardíaca com os temas criatividade, amor, bons sonhos, imaginação, paz, autocontrole, renovação e aconchego. A diversidade de temas, aponta Coghi, foi elaborada para estimular a prática de biofeedback, de acordo com a afinidade de cada pessoa com os jogos. “São temas relacionados às emoções positivas, base de nosso produto. Não fomentamos ações de destruição, matança, sangue ou competição exacerbada, pois estimulam o sistema nervoso simpático, favorecendo o desequilíbrio emocional com reflexos na saúde física. Acreditamos no antigo ditado: ‘Mente sã, corpo são’, pois as doenças psicossomáticas se produzem por meio desse desequilíbrio”, avalia. Por fim, o professor sustenta a tese de que onde houver estresse e ansiedade há espaço para desequilíbrio físico-emocional. “Aí o biofeedback cardiovascular pode ser de grande valia. O aparelho ensina você a entrar em coerência cardíaca e o sistema emocional começa a entender que não há ameaça. O coração entra em harmonia e equilíbrio. A normatização do uso da variabilidade cardíaca existe desde 1996 e nosso produto foi certificado a partir dessa norma”, explica o professor da Unicid.

SERVIÇO
 
O cardioEmotion está a venda por meio do site cardioemotion.com.br por R$ 600, somente o aparelho, mais R$ 52, para o sensor de dedo. O frete para todo o país sai por R$ 25. O aparelho não é considerado produto médico.

Entenda a tecnologia

O que é e quando foi criado?
O biofeedback é um aparelho de eletroestimulação de baixa frequência usado há mais de 15 anos em várias áreas da medicina e da psicologia. A tecnologia desenvolvida em São Paulo é o biofeedback cardiovascular, que mede as respostas fisiológicas do coração por meio da variabilidade da frequência cardíaca. Além disso, ele está associado a jogos interativos para o paciente ter melhores resultados.

Quais são os resultados obtidos com a coerência cardíaca?

Melhora da atenção, reduzindo o colesterol e a glicemia, melhora do sono e de socialização foram alguns dos benefícios notados com o uso do biofeedbak e do jogo interativo cardioMotion. “A performance das pessoas melhora como um todo. Tudo está relacionado à ansiedade. Publicamos em julho um trabalho no congresso da Isma (Internacional Stress Manegement Association), em Porto Alegre, que aponta uma redução do estresse em 96% numa empresa especializada na produção e venda de adesivos. O resultado se refletiu no desempenho profissional: a empresa bateu recorde de vendas”, diz Marcos Coghi.

Outros tratamentos que podem se valer da tecnologia

O biofeedback cardiovascular é uma ferramenta complementar que pode ser usada em psicologia, psicopedagogia, medicina, desportos de alto desempenho, fisioterapia, enfermagem e recursos humanos. Pode ser útil em consultórios, hospitais, empresas, Forças Armadas, escolas. Cada uma das especialidades pode ser de uma forma ou outra beneficiada com a prática de exercícios de biofeedback. “Na psicopedagogia, por exemplo, ajuda a criança a obter foco, melhorar a aprendizagem, reduzir o estresse e ansiedade nas provas. No esporte é usado para evitar o ‘amarelar’ na competição, aumentar a resistência cardiovascular e a saturação de oxigênio no sangue”, acrescenta o professor Coghi. Mesmo o dentista pode reduzir o estresse do paciente em seu consultório antes ou durante uma intervenção odontológica.

Configurações do computador


O cardioEmotion funciona com sistemas operacionais Windows, em computadores com processador a partir
de 1,5GHz, memória de 2GB, disco de 10GB e placa de
vídeo que suporte Shader Model 1.1 e DirectX 9.0.
 
Restrição de uso
O aparelho não é indicado
para portadores de
problemas cardíacos, marca-passo e arritmias cardíacas. 

Câncer de pele, problema público‏

Ellias Magalhães - Médico oncologista


Estado de Minas: 16/09/2013 




O câncer de pele é considerado hoje um grande problema de saúde pública no mundo. Apesar de sua baixa letalidade em relação a outros tipos de tumores malignos, é o câncer mais prevalente na população humana. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que em 2012 foi a neoplasia mais diagnosticada no Brasil, com mais de 120 mil casos, ainda que seja uma doença subnotificada e subdiagnosticada. Está diretamente relacionada à exposição solar exagerada, câmaras de bronzeamento artificial, à tonalidade da pele, ao envelhecimento da população e apresenta um padrão de distribuição geográfica. 

O câncer de pele é dividido em dois grandes grupos: melanoma e não melanoma. O primeiro é considerado uma entidade à parte, tem uma baixa incidência (cerca de três casos por 100 mil pessoas/ano) e história natural bastante diferente, sendo mais agressivo, de crescimento rápido e com maior potencial de disseminação para outros órgãos. Os tumores de pele não melanomas são doenças muito mais comuns (cerca de 70 casos por 100 mil habitantes/ano), possuem um curso clínico mais indolente, lento crescimento e raramente se disseminam para órgãos a distância (2% a 5% dos casos). Apesar de muito prevalente, apresenta baixa taxa de mortalidade e menos de 4% dos pacientes vão a óbito devido à doença. 

Todos esses tumores de pele citados estão relacionados à exposição solar. Os raios UVA e UVB, emitidos pelo Sol, induzem mutações nas células da pele, podendo levar à sua malignização, desencadeando um processo de proliferação celular desordenado que resultará, anos depois, em um tumor de pele. A melanina, pigmento humano que dá coloração à pele, age como um bloqueador natural dos raios UVA e UVB. Assim sendo, indivíduos com tonalidade de pele mais clara (olhos claros, ruivos), que têm pouca melanina, estão mais propensos a desenvolver câncer de pele. A doença raramente acomete negros. Sua distribuição também sofre influência geográfica, sendo mais comum em regiões próximas à linha do Equador, onde a intensidade dos raios solares é maior e mais duradoura.

Estudos sugerem que as reações negativas da radiação solar têm efeito cumulativo. Isso explica por que a doença é mais comum em áreas do corpo constantemente expostas ao sol, como o rosto e a parte superior do tronco (70% dos casos), assim como por que a maior incidência ocorre em idosos. Raramente observa-se câncer de pele antes dos 40 anos. Estudos também indicam que a radiação solar sofrida na infância e até os 18 anos tem impacto mais expressivo no desenvolvimento do câncer do que a mesma exposição em idades mais avançadas.

O paciente deve sempre procurar auxílio médico para avaliação de pintas e manchas de crescimento progressivo. Tumores de pele podem causar dor, manifestar-se como uma ferida que não cicatriza, sangrante ou alterações da coloração da pele. Na suspeição, uma biópsia deve ser realizada. O tratamento depende de uma série de fatores, como idade, localização e profundidade da lesão, questões estéticas e econômicas. Normalmente é feita a retirada cirúrgica da lesão, mas a crioterapia (congelação) ou eletrocauterização (queimadura) podem sem indicadas em casos selecionados. A radioterapia deve ser indicada em casos mais avançados, em áreas não passíveis de cirurgia. As taxas de cura dessas modalidades terapêuticas superam os 90%.

A melhor maneira de prevenir o câncer de pele é evitando a exposição solar, especialmente das 10h às 16h, quando a intensidade dos raios é maior. Atenção especial deve ser dada à proteção da pele das crianças. O filtro solar deve ser aplicado nas áreas expostas ao sol e a reaplicação a cada duas horas é recomendada. O fator de proteção depende da tonalidade da pele, mas deve ser pelo menos 30%, sendo que peles mais claras necessitam de um fator de proteção maior. O uso de utensílios como chapéus, bonés, óculos escuros e roupas mais longas ajuda na prevenção das lesões causadas pelo sol. 

Teses em debate - DENISE ROTHENBURG

O Brasil vive um período de alta ansiedade e é preciso avaliar os caminhos num momento em que o Judiciário e o Legislativo estarão com a maioria dos holofotes


DENISE ROTHENBURG

Estado de Minas: 16/09/2013 



Vetos, embargos infringentes, MPs, as novelas de criação do Solidariedade e da Rede... A semana promete. O Brasil vive um momento de alta ansiedade e é preciso avaliar os caminhos num momento em que o Judiciário e o Legislativo estarão com a maioria dos holofotes. No caso do Judiciário, há quem considere que é hora de repensar essa geração espontânea de partidos provocada pela garantia de acesso a tempo de tevê e fundo partidário. O mesmo vale para os tais embargos infringentes. Quanto ao Legislativo, a lição da semana passada é a de que o país precisa com urgência criar mecanismos mais eficazes em relação às MPs. E aqui vale incluir o Poder Executivo.
Os juristas estão boquiabertos com o que veem nos poderes. Quanto aos embargos, o assunto em discussão, sem dúvida será fartamente analisado depois do voto do ministro Celso de Mello na quarta-feira. Portanto, que se vença esse período de comoção em relação aos mensaleiros para, de cabeça fria, estudar a tese.

Enquanto o STF faz a sua parte, seria de bom-tom os demais poderes fazer a deles. A forma como os congressistas e o próprio governo abusam das medidas provisórias está constrangendo muitos parlamentares e servindo para colocar mais piche na combalida imagem do Legislativo. Se antes o problema era o fato de o relatório ser feito em plenário, às pressas, agora, com um pouco mais de tempo para avaliar os textos, os congressistas transformam essas MPs em verdadeiros monstrengos.

O caso mais emblemático foi o da MP 615, aprovada na semana passada pelo Senado. A medida chegou ao Congresso com 16 artigos, incluindo o “esta MP entra em vigor na data da sua publicação” e o “revogam-se todas as disposições em contrário”. Saiu de lá com 47, sem contar esses dois artigos de praxe. De três assuntos, pulou para 21, incluindo oito solicitações do próprio governo e 10 dos parlamentares, sendo quatro do relator, o senador Gim Argello (PTB-DF).

Não vamos entrar no mérito dos pedidos, porque há algumas causas que podem ser justas. Mas a forma incomoda a muitos congressistas. Não é possível o país conviver mais com esses “trens” ou “jumbões” que abrigam tudo. A 615 tratou de subvenção aos canaviais do Nordeste a porte de armas, hereditariedade da concessão de táxis e atendimento a mulheres vítimas de violência.

A própria Casa Civil da Presidência da Republica foi quem pediu que se incluísse nessa MP a digitalização de documentos e o financiamento do Banco do Brasil para as instituições que vão abrigar o atendimento integral a mulheres vítimas de violência. A tese é válida, mas isso numa MP sobre subvenção de cana-de-açúcar e arranjos de pagamentos a cargo do Banco Central? Depois, nós, brasileiros, reclamamos quando os estrangeiros nos dizem que o Brasil é o país do jeitinho. Hoje, a impressão que se tem é a de que os poderes constituídos, encarregados de zelar pelo fim do jeitinho, entraram nessa foto. Para sair dela, é preciso atitude. E rápido. Esta semana há mais três MPs na pauta. Pode ser um começo.

Enquanto isso, na Câmara...

Os partidos se mobilizam para mandar um recado à presidente Dilma Rousseff e derrubar o veto à Lei Anticorrupção, aprovada pelo Congresso como uma resposta aos protestos de junho. Quando da votação no Parlamento, houve acordo para que as penalidades legais somente fossem aplicadas se houvesse comprovação de que a empresa teve a intenção de fraudar ou corromper. Dilma vetou esse dispositivo.
A intenção dos deputados, além de, obviamente, restabelecer o texto que eles acordaram com o setor empresarial e o próprio governo, é deixar claro ao Planalto que acordo, depois de fechado, é para ser mantido. Ou seja, os líderes do governo não podem fechar um acordo no Congresso e, depois, no Planalto, a presidente vetar o que foi defendido pela equipe dela no Parlamento.

Esse recado só será possível graças ao novo rito dos vetos. Até aqui, quando eles não entravam na pauta do Legislativo em 30 dias, rompiam-se acordos sem grandes consequências. O governo corria o risco de vetar um dispositivo acordado numa legislatura, porque sabia que o veto seria analisado muitos anos depois, quando o acordo estava esquecido. Agora, com a memória dos acordos fresquinha, o Poder Executivo terá que ser mais zeloso com o que aceita do Parlamento, sob pena de surpresas desagradáveis.

Por falar em surpresas...

Veremos o que a vida reserva a Paulinho da Força esta semana no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). É bem provável que ele consiga sair com a criação do Solidariedade e levar, pelo menos, uns 20 parlamentares. Falta a Rede de Marina, cada vez mais frágil por conta dos prazos. Faltam 20 dias e, enquanto isso, Lula observa e diz à presidente Dilma que se segure firme, mantenha o diálogo direto com o eleitor nas ruas e nas solenidades palacianas, e não provoque ninguém, nem mesmo o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Mas essa, certamente, é outra história.