segunda-feira, 5 de maio de 2014

PT dirá a empresários que oposição adotará políticas recessivas

Valor Econômico - 05/05/2014
Por Claudia Safatle e Raymundo Costa

Confirmada a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, o próximo passo da campanha será conversar com os empresários que estão lotando as plateias dos candidatos de oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), para mostrar a eles o que vai significar a saída do PT do poder.

Emissários serão enviados para iniciar essas conversas e aos empresários será dito que se a oposição for vitoriosa nas eleições de outubro será o fim do crédito subsidiado do BNDES, o fim das desonerações da folha de salários, haverá um realinhamento instantâneo dos preços da gasolina e da energia e o programa Minha Casa Minha Vida, que alimenta a indústria da construção civil, também vai acabar.

"Ou seja, eles (Campos ou Aécio) vão dar um cavalo de pau na economia que será recessivo", disse um assessor de Dilma.

Quando usou a rede nacional de rádio e televisão para um pronunciamento em comemoração ao 1º de maio, a presidente Dilma Rousseff falou como candidata. Vestiu tailleur azul, dispensando o vermelho do Partido dos Trabalhadores; definiu de que lado está - "dos mais pobres e da classe média" -; e entrou na disputa com a segurança de que terá o apoio do PT.

O movimento "Volta Lula" já havia sido equacionado em uma conversa dela com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há exatamente um mês, no dia 4 de abril, em São Paulo. Ali, o martelo foi batido: a candidata é Dilma Rousseff. Espera-se, assim, que o crescente apelo para o retorno do ex-presidente esteja estancado.

No Palácio do Planalto o diagnóstico é de que Dilma perdeu um pedaço importante da base de eleitores do governo do PT, que desde Lula tem girado em torno de 42% dos votos, por causa da inflação. Foram os aumentos de preços, sobretudo dos alimentos, que a fez cair para a casa dos 36% a 37% das intenções de voto.

O pronunciamento do 1ºde maio foi destinado a reconquistar esses eleitores. A ideia que Dilma pretendeu deixar clara no discurso foi de que "eu tenho lado e o meu lado é o dos trabalhadores", explicou uma fonte oficial.

Com esse mesmo objetivo, ela anunciou as medidas de correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda, em 2015 (índice abaixo da inflação de mais de 6%); e o reajuste do Bolsa Família.

Assessores da presidente recomendam não buscar no texto do pronunciamento sinalizações para um eventual segundo mandato. Mesmo o compromisso com a valorização do salário mínimo, assumido no discurso, não deve ser lido necessariamente como a manutenção da atual fórmula de reajuste cuja vigência se encerra em dezembro de 2015.

A partir da certeza de que Dilma é a candidata do PT, seu governo começou a mudar de comportamento, disse uma fonte oficial. Por exemplo, reagiu de imediato à tentativa da Cemig, distribuidora de energia de Minas Gerais, Estado governado pelo PSDB de Aécio Neves, de responsabilizar o governo federal pelo aumento de 14,3% da tarifa de energia. Coube à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) responder que, ao contrário, a Cemig queria um reajuste bem mais salgado, de 29,74%, e que à agência reguladora cabe apenas estabelecer um teto para os aumentos de preços.

De agora até as eleições de outubro, a presidente estará voltada para a campanha. Não será encontrado nos seus discursos o que o PT tem chamado de "sincericídio" dos candidatos de oposição, ou seja, a antecipação de medidas duras que terão que ser tomadas na área econômica para recolocar o país na trilha do crescimento.

Não haverá, assim, clareza do que será um eventual segundo mandato de Dilma, embora se saiba que ela também terá que promover ajustes se quiser colher melhores resultados do que os do primeiro mandato. Nesse período o país conviveu com inflação alta e crescimento baixo como produto das escolhas do governo.

Campanha, como lembrou uma fonte próxima à presidente, é para ganhar a eleição. Governar é outra coisa.

"Imprensa é partido de oposição"

Por André Guilherme Vieira | De São Paulo
O texto guia de tática eleitoral elaborado pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirma que a disputa eleitoral de 2014 será marcada "por um pesado ataque" ao projeto político do partido. Elaborado em formato brochura e nominado "Caderno de Teses", o documento foi distribuído durante o 14º Encontro Nacional do PT, que aconteceu em São Paulo na sexta-feira e no sábado, e faz crítica à imprensa, a quem se refere como "mídia monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposição", afirma o texto.

O documento também chama a atenção dos filiados sobre a consequência das manifestações populares de junho de 2013 e assinala haver "um sentimento de urgência por mudanças mais profundas e rápidas".

A reeleição da presidente Dilma Rousseff é apontada como prioritária, "a ser conquistada com amplo apoio nos movimentos sociais", diz o texto. O primeiro desafio político elencado é a articulação da defesa das "grandes conquistas" obtidas durante os governos Lula e Dilma. A necessidade de "responder às novas demandas da sociedade" também é destacada.

A continuidade do projeto de poder petista é vinculada à "capacidade de fortalecer um bloco de esquerda e progressista, amparado nos movimentos sociais", assinala um dos tópicos.

O último parágrafo exorta à defesa do partido: " Por fim, relembramos à militância a necessidade de preservar e defender o PT ", afirma. "Os setores conservadores e o conjunto da classe dominante encara o PT como um pesadelo", diz o documento. E conclui: "Porque está destruindo o sonho acalentado por eles durante séculos: o sonho de uma 'democracia' sem povo", encerra o texto de autoria de Falcão.

Mudou o cenário político - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 05/05/2014

Esta semana Dilma afastou Lula e Aécio superou Eduardo: a campanha presidencial se polariza




Tudo mudou esta semana, na campanha presidencial. Tínhamos quatro pretendentes ao Planalto, agora são dois. O quadro pode até se alterar de novo, mais tarde, mas Dilma Rousseff afastou Lula e Aécio Neves passou bem à frente de Eduardo Campos. A disputa se polarizou. O PT geralmente conta com o que eu chamo o "terço gordo" do eleitorado, isto é, fica alguns pontos acima dos 33%, mas segundo a pesquisa mais recente Dilma estaria batendo no limite inferior desse piso, com 35%. Já o antipetismo, que normalmente conta com um "terço magro" garantido, estaria superando o terço aritmético, ao somar os 23,7% de Aécio e os 11% de Eduardo. Teríamos um segundo turno no horizonte e, embora a mesma pesquisa dê vitória nele a Dilma, sua tendência de queda poderia continuar.

O primeiro sinal de mudança, esta semana, foi que Dilma decidiu lutar pela reeleição. Jornalistas bem informados asseguravam que Lula se dispunha a ser candidato. A presidenta fez então uma declaração sem precedentes em sua história: disse que confiava na "lealdade" de Lula a ela. Ora, a palavra "lealdade" tem uma cor hierárquica. É mais comum eu me dizer leal a meu superior, do que ele se considerar leal a mim, seu subordinado. O que Dilma disse foi, em outras palavras: "Eu sou a presidenta". E quero continuar sendo. Não desisto fácil - nem mesmo em favor de Lula.

Ao mesmo tempo, Aécio adquiria uma vantagem sobre Eduardo, que perdia votos ao demonstrar excessiva timidez em suas tomadas de posição. O ex-governador de Pernambuco tenta, faz tempo, caracterizar-se como uma oposição "light", que procuraria ser o pós-PT mais que o anti-PT.

Lula e Eduardo cedem a cena a Dilma e Aécio

Esse, aliás, parece ser o segredo do negócio: quem bater pesado demais no PT corre o risco de assustar os que admiram a inclusão social que esse partido promoveu. Assim, desde José Serra, em 2010, os candidatos da oposição procuram falar em "pós-PT" ou pós-Bolsa Família, em vez de baterem de frente no que o Partido dos Trabalhadores fez no governo. Quem conseguir que os eleitores acreditem nisso terá fortes chances de ser eleito.

Mas Eduardo também procurou ser o tucano leve. Quis ser aceitável para os que se cansaram de um lado ou outro, mas sem com isso irem do PSDB ao PT ou vice-versa. O problema, com isso, é que o candidato ficou sem identidade ou público próprio.

Marina Silva não deve gostar do resultado. Ela pode muito bem ter um projeto econômico que em muitos pontos converge com o dos tucanos, mas seu diferencial está na origem ecológica, que é o que dá cor ética à proposta dos sustentáveis. Porém, quando vemos Eduardo Campos parecendo fazer o segundo de Aécio, no encontro empresarial de Comandatuba ou no comício da Força Sindical em S. Paulo, ou quando lemos nos jornais cálculos de como seria um governo de coligação entre os dois partidos de oposição, a mensagem específica da terceira via se perde. Com isso perde a Rede, que não esperava isso ao se incorporar ao PSB, mas também perde o Partido Socialista, que fica parecendo mais um segundo PSDB do que uma agremiação com proposta e convicções identificáveis.

Some-se, a esse redesenho dos candidatos, uma mudança na postura interna ou na atitude pública dos empresários. Faz dois meses, ainda parecia dominante, nesse importante segmento da opinião, a preferência por Lula, o pragmático. Mas, ou porque Lula não será candidato, ou porque a ideologia da oposição sorri mais ao capital, esta semana viu definições claras de líderes patronais contra o PT.

Tal panorama favorece, em primeiro lugar, os dois partidos que ocuparam o Palácio do Planalto desde a eleição de 1994. O PT está tendo êxito em colar nos dois ex-ministros de Lula que devem formar a chapa do PSB, Eduardo e Marina, a marca de candidatos de oposição. A proposta de promover uma conciliação entre os dois lados, um meio termo (Eduardo), ou uma terceira via com uma alteração sensível no conceito de desenvolvimento (Marina), ficará seriamente prejudicada se o PT conseguir apresentá-los como defensores do arrocho salarial ou, ainda, como vertente auxiliar do PSDB. Essa estratégia, por sinal, acabará favorecendo também os tucanos, porque se no País tivermos só duas forças políticas principais, por que votar no PSB em vez do PSDB, por que preferir o incerto ao conhecido?

Em segundo lugar, o PT também está alcançando um certo êxito em pregar nos candidatos de oposição a imagem de opositores das políticas sociais. A declaração de Aécio Neves, prometendo aos empresários "medidas impopulares", pode ter sido positiva para o candidato tucano granjear apoios substanciais nesse setor, inclusive reduzindo o espaço de Eduardo - mas sinaliza, para o restante da sociedade, o risco de uma opção preferencial pelos ricos, com um arrocho salarial.

Para o PT, esse é um bom cenário de disputa, que fica entre ricos e pobres ou, para ser mais preciso, entre os vulneráveis a qualquer soluço da economia e aqueles cuja renda ou fortuna superior protege melhor de recessões e depressões. É claro que, do lado antipetista, este confronto será chamado de anacrônico, ou será debitado na conta do PT, como se o conflito pela apropriação dos recursos fosse uma invenção retórica, esquerdista, sem base na realidade. Mas há uma disputa real, entre os que consideram que deve prosseguir a agenda petista de inclusão social e os que a criticam porque a economia, se continuar no rumo petista, estaria em sério risco. O aspecto bom disso tudo é que é melhor debater a economia na campanha eleitoral, do que desviar a atenção destas questões, cruciais, apelando à agenda moralista do ataque a aborto, casamento homossexual e ateísmo.

LITERATURA » Acerto de contas com o passado - Carlos Herculano Lopes

LITERATURA » Acerto de contas com o passado

Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 05/05/2014


O escritor Cristóvão Tezza lança hoje em BH o romance O professor (Guilherme Pupo/Divulgação)
O escritor Cristóvão Tezza lança hoje em BH o romance O professor


O romancista Cristóvão Tezza, catarinense de Lages radicado em Curitiba, lança hoje em Belo Horizonte o romance O professor. “O primeiro nome que pensei para o livro foi A homenagem, mas à medida que a história foi sendo desenvolvida resolvi mudá-lo. Durante esses quatro anos de dedicação ao romance, escrevi, disciplinadamente, uma página por dia”, conta o autor. Tezza se tornou um dos escritores mais celebrados da literatura brasileira contemporânea em 2007, quando lançou O filho eterno, livro que venceu o Jabuti, o Portugal Telecom e o Prêmio São Paulo de Literatura, e que já foi traduzido para 10 idiomas

Em O professor – o autor jura que não há nada de autobiográfico no romance, mesmo tendo sido professor de linguística na Universidade Federal do Paraná – é contada a história de Heliseu, um homem de 70 anos. Depois de dedicar quase toda sua vida à atividade acadêmica, ele está prestes a receber uma homenagem da universidade na qual trabalhou. Tudo parece indicar que será grande festa, na qual colegas de profissão e alunos estarão presentes.

Poucas horas antes da cerimônia, ainda em casa, enquanto escreve seu discurso de agradecimento, Heliseu é tomado por um turbilhão de memórias, das quais não consegue fugir. É um momento de passar a vida a limpo: lembra-se da infância, dos pais, do seminário onde estudou e da rigidez da sua criação. Voltam também imagens da sua mulher, já morta, e do filho, que se mudou para os Estados Unidos. Além da recordações de uma ex-aluna, que foi sua amante, entre outras lembranças.

Como pano de fundo, dando sustentação à trama, a história recente do Brasil: a ditadura militar, o povo nas ruas se mobilizando pela redemocratização e os eternos problemas econômicos e sociais do país. Mas, em O professor, o leitor vai se deparar sobretudo com o encontro de Heliseu consigo mesmo e com seus fantasmas. Uma experiência humana e literária.

O professor
Lançamento do livro de Cristovão Tezza, hoje, às 19h30, na Sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. Projeto Sempre um papo, informações: www.sempreumpapo.com.br
e (31) 3261-1501.

TeVê

TV Paga
Estado de Minas: 05/05/2014
 (Multishow/Divulgação)

Teje preso!

O canal Multishow estreia hoje, às 23h, a quarta temporada de Papo de polícia. São sete episódios inéditos que vão mostrar o trabalho dos agentes federais Marcio Bouzas e Rafael Saraiva (foto), do Núcleo Especial de Polícia Marítima, na tríplice fronteira –  Brasil, Argentina e Paraguai. A exibição é de segunda a domingo.

Futura também entra no
clima da Copa do Mundo


No Futura, a novidade é a série de documentários Cores do futebol, às 20h, e mais seis interprogramas (vídeos de curta duração que vão ao ar nos intervalos), que tratam de esporte, cultura e língua portuguesa. As peças, disponíveis também na internet, vão mostrar aos educadores recortes interessantes sobre a Copa do Mundo que podem ser trabalhados em sala de aula. Já no Sala de notícias, às 14h35, será exibido o documentário Abya Yala, de Fernanda Bigaton e Clara Facuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que investiga uma identidade cultural entre os povos da América Latina.

O fino da moda está na
passarela do canal GNT


Mudando o foco para algo mais leve, o GNT fashion vai mostrar, às 21h30, o desfile feminino de Alexandre Herchcovitch para a temporada de primavera-verão 2014/15, inspirado em Marilyn Monroe. A editora Lilian Pacce ainda conversa com Li Edelkoort, uma espécie de guru das tendências; com as modelos Isabeli Fontana e Shirley Mallmann, a jornalista Glória Maria e as estilistas Patricia Motta, Raquel Davidowicz e Jacqueline di Biase para saber qual foi a maior surpresa que elas receberam dos filhos. Para fechar, Caio Braz entrevista Charlie Le Mindu, francês por trás das perucas mais excêntricas de Lady Gaga, M.I.A e Peaches.

Você achava que estava
livres deles? Enganou-se


E diretamente do universo casca-grossa, os barbudos de Os reis dos patos estão de volta ao canal A&E, na faixa das 21h30. No episódio de estreia da nova temporada, os Robertson vão fazer uma representação de Natal ao vivo para sua igreja, por isso as mulheres organizam ensaios para garantir que seja um grande evento. E obviamente nada sai como se esperava.

Telecine Touch reprisa
bom filme de Spike Lee


Num dia sem grandes surpresas no pacotão de cinema, as melhores dicas são as reprises de algumas produções de qualidade reconhecida. É o caso, por exemplo, de Jogada decisiva, de Spike Lee, com Denzel Washington à frente do elenco, às 22h, no Telecine Touch. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem oito opções: Sete psicopatas e um shih tzu, na HBO 2; O vigarista do ano, na MGM; A época da inocência, no Sony Spin; Ladrões, na Fox; Reféns, na TNT; Uma secretária de futuro, no TCM; Coisas belas e sujas, no Studio Universal; e Trapaceiros, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: Filha do mal, às 20h30, no Universal; e Latitude zero, às 22h30, no Cine Brasil.

Caras & Bocas

Simone Castro - simone.castro@uai.com.bra


Novo personagem, Neco, de Kaik Francisco, estreia em Chiquititas (Lourival Ribeiro/SBT)
Novo personagem, Neco, de Kaik Francisco, estreia em Chiquititas

Garoto valente
O pequeno Neco vai movimentar ainda mais a trama de Chiquititas, do SBT/Alterosa. Ele estreia no capítulo de hoje, às 20h30, interpretado pelo ator mirim Kaik Francisco. Na primeira cena, o menino, que está no chão morto de cansaço de tanto trabalhar, é ajudado por Júnior (Guilherme Boury). O rapaz, que estava à procura da irmã desaparecida, Gabriela (Naiumi Goldoni), caiu numa emboscada nos capítulos anteriores e se tornou escravo de um grupo revolucionário em plena floresta amazônica. Neco tenta trabalhar sem chamar a atenção dos seguranças do local, que são muito severos, enquanto Júnior planeja a fuga, que só acontece numa segunda tentativa. Depois de uma intensa perseguição e de Neco ser picado por uma cobra, a dupla conseguirá escapar. Kaik Francisco é também cantor e ficou conhecido por suas participações em quadros musicais no Programa Raul Gil, também do SBT.

INSTINTOS MATERNOS
AFLORAM EM SERIADO


O Dia das Mães se aproxima e, mesmo sem ter filhos, Sueli (Andréa Beltrão) e Fátima (Fernanda Torres) serão obrigadas a testar seus instintos maternos no episódio de Tapas & beijos (Globo) de amanhã. Enquanto Jorge (Fábio Assunção) tenta aproximar Sueli e Bia (Malu Rodrigues), Fátima se vê na obrigação de cuidar dos filhos de Armane (Vladimir Brichta). Jorge programa até um almoço especial em família. Fátima não terá a mesma sorte: é que Armane, estressado com a trabalheira toda com sua prole, acaba internado no hospital, em leito bem ao lado do que está sua mulher. Fátima passará a data entretendo os “enteados”.

ANTÔNIO CALLONI JÁ
ARRUMOU TRABALHO


Mal se despediu de Além do horizonte (Globo)  e Antônio Calloni já tem novo trabalho em andamento. Ele será um senador em Dupla identidade, série policial que Glória Perez prepara para a emissora. Com a autora, ele já trabalhou em três novelas: O clone (2001), Caminho das Índias (2009) e Salve Jorge (2012).

MUITO SHOW É O NOVO
PROGRAMA DA REDETV!

Morning show troca de nome e de horário. Estreia hoje o Muito show, que vai ao ar às 18h45, na RedeTV!. O programa contará com novos apresentadores. Zé Luiz e Thiago Rocha continuam na bancada. Vinicius Vieira, Babi Rossi e Andressa Urach foram confirmados na nova formação.

PREMIAÇÃO DA MTV DE
VOLTA A LOS ANGELES

Depois de uma edição em Nova York, o MTV Video Music Awards voltará a ser realizado em Los Angeles, com transmissão ao vivo em 24 de agosto, diretamente do lendário The Forum.

MILÊNIO RECEBE
ESCRITOR CUBANO


O escritor cubano Leonardo Padura, que esteve recentemente no Brasil para lançar o livro O homem que amava os cachorros, é o entrevistado de hoje do programa Milênio, às 23h30, na GloboNews (TV paga). Elogiado por críticos de vários países e de todas as matizes ideológicas, o livro é considerado sua grande obra. Admirador de Garcia Marquez, Dashiel Hammet, Raymond Chandler e do brasileiro Rubem Fonseca, Padura sempre viveu em Cuba, onde hoje consegue trabalhar com independência, conquistada, segundo ele, depois de muita luta. Ao lado da mulher Lucia, Padura fala ao Milênio sobre a importância do jornalismo na sua formação como escritor, a relação entre Brasil e Cuba e o futuro que espera para seu país. O escritor admite que mudanças em Cuba estão em curso, mas “sem perder o que já foi conquistado até hoje”.

Eduardo Almeida Reis - Heureca!‏


Reza a lenda que o sábio sículo saiu correndo nu pelas ruas de Siracusa gritando 'Heureca! Heureca!', após formular a Lei do Empuxo num banho de banheira 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 05/05/2014

Do grego heúreka ‘achei’, heureca é interjeição usada como expressão de triunfo ao encontrar-se a solução de problema difícil e foi atribuída ao matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.). Um dos principais cientistas da Antiguidade Clássica, Arquimedes foi matemático, físico, engenheiro, inventor e astrônomo nascido e assassinado em Siracusa.

A Lei do Empuxo e a Lei da Alavanca são algumas das contribuições do gênio considerado o maior matemático da Antiguidade e um dos maiores de todos os tempos. Durante o cerco a Siracusa, Arquimedes foi morto por um soldado romano, mesmo tendo sido as tropas avisadas de que deveriam poupá-lo sem ferimentos, tamanha a admiração que os líderes romanos tinham por ele.

Pouco se sabe de sua vida, se foi casado, se teve filhos, mas é provável que tenha morrido solteiro porque a soma das descobertas de sua genialidade era e continua sendo incompatível com a notícia de que o gás acabou, o condomínio está atrasado, é preciso trocar e alinhar os pneus do carro, o chico atrasou 15 dias.

Siracusa, na Sicília, era naquele tempo uma colônia (ou cidade-estado?) da Magna Grécia. Hoje é italiana e tem cerca de 123 mil habitantes, que você tanto pode chamar de sículos, como de siciliotas, sicilienses ou sicilianos. Sículo só aprendi agora, o que diz bem da vastidão de minha ignorância.

O empuxo arquimediano, como aprendemos no colégio, sobre um corpo parcial ou totalmente imerso em um fluido, é a força que age no sentido oposto ao da gravidade e cuja magnitude é igual ao peso do volume do fluido deslocado pelo corpo. Reza a lenda que o sábio sículo saiu correndo nu pelas ruas de Siracusa gritando “Heureca! Heureca!”, após formular a Lei do Empuxo num banho de banheira.

E todo esse nariz de cera, que passou das 290 palavras, vem a propósito de uma descoberta que fiz há dois dias e deve ser do interesse de muitos leitores. Nunca tive maiores problemas para dormir, tanto assim que só muito raramente tomei soníferos. Dormia mal pela maldita apneia do sono e ronquei durante séculos.

Há coisa de uns 14 anos investi na dentadura de silicone da dra. Regina e fiquei livre da maldita apneia. Meses atrás, contudo, às voltas com a notícia de uma cirurgia complexa, passei a dormir porcamente, mesmo com a dentadura de silicone, porque pensava na cirurgia, nos riscos, nos custos – e aí já viu, né?

Foi quando me receitaram um tarja preta fraquinho, Rivotril 0,25, que funcionou à maravilha porque me impedia de “pensar” durante a noite. Não leio bulas. O comprimido funcionou, fui operado, voltei a tomar um comprimidinho toda noite e as coisas caminhavam mais ou menos, quando notei que, mesmo dormindo bem, cerca de oito horas por noite, acordava sonolento e passava o dia inteiro desanimado. Idade? Talvez...

Então, num acesso raríssimo de inteligência, philosophei: se o 0,25 me derruba à noite pode ser que continue a fazer efeito durante o dia. Consultei uma amiga, que me disse já ter tomado o mesmo comprimido, sob receita médica, para ansiedade e problemas do gênero, e que o remédio funciona assim mesmo, o dia inteiro.

Num segundo acesso de inteligência – heureca! – parei com o comprimido há várias noites, durmo admiravelmente e, pasme o leitor, acabei com a sonolência e o desânimo durante os dias.

Filosóficas

Ensinar filosofia numa escola pública de Taguatinga (DF), mesmo com um professor chamado Antônio Kubitschek, não podia dar boa coisa. Numa prova de múltipla escolha, o mestre citou a funkeira Valesca Popozuda como “grande pensadora contemporânea”.

O enunciado da questão dizia: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente...”. Os alunos deviam escolher a primeira das quatro respostas propostas: “é só tiro, porrada e bomba”, prova aplicada a 400 alunos do ensino médio. Marcelo Aguiar, secretário de Educação do Distrito Federal, louvou a questão elaborada pelo professor, como também louvo: Antônio Kubitschek, que lindo nome tens tu, se todos gostam de cheque, nem todos gostam de ti.

Outrossim, louvo a grande pensadora Popuzuda. Consta que tem 1.100ml de silicone em cada nádega. Se pensa com o sesso (ê), “par de nádegas, traseiro”, pensa bem, porque o tem dos mais expressivos. E vem sendo considerada líder feminista pelas mestrandas e doutorandas da UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, maior concentração de mestres e doutores do Brasil, a dois passos do Complexo da Maré, conjunto de favelas com 130 mil habitantes supostamente vigiados pelas Forças Armadas por causa da Copa das Copas.

O mundo é uma bola


5 de maio de 1769: decreto autorizando o estabelecimento na Lousã, em Portugal, de uma fabrica de papel de escrever. Deve datar daí o drama dos que se queixam do papel em branco. Em 1920, o papa Bento XV canoniza Santa Joana D’Arc. Em 1968, estudantes franceses invadem a Sorbonne: cerca de 600 foram presos. Em 1984, entra em funcionamento a primeira unidade de energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, assunto atual pela possibilidade provável de racionamento em 2014. Hoje é o Dia Nacional do Agito, do Líder Comunitário, das Comunicações e da Luta dos Estudantes de Farmácia.

Ruminanças

“Ventre faminto não tem ouvidos” (La Fontaine, 1621-1695).

A moda agora é criar cobras

É crescente a venda de animais exóticos no país. Em um criatório da Grande BH, negócios aumentam 200% ao ano



Carolina Mansur e Marinella Castro
Estado de minas: 05/05/2014

Ricardo Bruce tem três jiboias de estimação, que custaram de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil: do susto à empolgação     (Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A Press  )
Ricardo Bruce tem três jiboias de estimação, que custaram de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil: do susto à empolgação



Tiago Lima conta que há uma extensa fila de espera para a compra dos répteis
Tiago Lima conta que há uma extensa fila de espera para a compra dos répteis




Assim como boa parte dos brasileiros, o comerciante Ricardo Bruce de Vasconcelos Vilela, de 36 anos, também tem um animal de estimação. Um não, três. O curioso é que ele não tem um cachorro ou um gato, como a maioria. Ricardo convive diariamente com três jiboias, que custaram de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil cada. O gosto excêntrico, segundo ele, assusta no primeiro momento. “Perguntam se sou doido”, brinca. “Mas depois vêm as outras perguntas: onde comprei? Por quê? O que elas comem? E as reações seguintes são de empolgação e êxtase, principalmente entre os homens”, garante.

A opção por serpentes veio pelos baixos custos de manejo, além da docilidade do animal e do fato de não soltar pêlos nem fazer barulhos. “É fácil cuidar e se precisar ficar fora uns dias o bicho fica bem sozinho”, argumenta Ricardo Bruce. Os gastos mensais com as serpentes são praticamente zero, garante. “Crio camundongos para alimentação em casa e os únicos custos são com a ração própria para roedores, em média R$ 15 por mês, e a serragem para forrar os biotérios, mais R$ 12 mensais”, diz. Já quem opta por adquirir alimentos para as cobras na época da alimentação, ou congelados, pode ter leve aumento de custos.

A rotina com o animal, que tem terrário próprio (uma espécie de aquário feito em madeira para cobras), é outra diferença. “Não dá para levar comigo onde vou porque assusta um pouco, mas em casa ela toma sol, participa dos bate-papos e quando chegam amigos que já a conhecem pedem para vê-la. Mas outros ainda assustam”, lembra. Os benefícios da convivência, para Ricardo, são maiores. “Como é um animal de movimentos leves, me acalma em dias de estresse. Como todo hobby, é uma distração, ajuda a descarregar”, lembra.

No criatório Vale Verde, em Betim, na Grande BH, 400 pessoas de todos os estados do Sudeste, aguardam em uma longa fila de espera pelo seu animal de estimação: uma jiboia que vão buscar no aeroporto assim que receberem o aviso do criador. A espécie reproduzida em cativeiro – que pode vir da mata atlântica, do cerrado, da caatinga ou da Amazônia – ganha fãs pelo Brasil. A produção do criatório, que é o maior do país na venda do réptil, não consegue atender à demanda de seus clientes. A produção do bichinho de estimação, que ainda provoca temor e arrepios em muitos, cresceu 200% no último ano embalada pela procura que avança ligeira e silenciosa, como um bote certeiro.

Criadas em terrários, as cobras custam entre R$ 1,3 mil e R$ 3 mil e não chegam na proporção esperada pelo mercado. “Nosso criatório de jiboias é recente. A Vale Verde o comprou em 2012”, explica Tiago Lima, coordenador do zoológico e criatório da Vale Verde. A produção começou no ano passado e lá já nasceram 250 filhotes, sendo que todos os répteis já têm dono. “São despachados para o país, via aérea.” Segundo ele, a manutenção do animal, que pode viver até 40 anos, é de R$ 30 ao mês com alimentação, basicamente feita a partir de roedores. Os camundongos são vendidos congelados, já para o propósito de servir de presa.

E quem são os consumidores dos adoráveis bichinhos de estimação? “Nosso público é variado, temos de adolescentes a pessoas acima de 60 anos.” O mercado brasileiro legalizado de animais de estimação movimenta mundo afora perto de  R$ 10 bilhões anuais. No país, só a venda dentro do território nacional fatura perto de R$ 600 milhões ao ano, mas a cadeia que abrange segmentos como pet shops, equipamentos e rações faz circular R$ 3,3 bilhões no mesmo período. “A demanda brasileira cresce perto de 30% ao ano, mas é contida pela limitação do Ibama, que restringe a criação de espécies”, diz Luiz Paulo do Amaral, presidente da Associação Brasileira de Criadores e Comerciantes de Animais Silvestres e Exóticos (Abrase).

ILEGAIS PREDOMINAM Tiago Lima defende que no país a regulamentação para animais seja revista e cita como exemplo o caso da jiboia. “Hoje, 99% do comércio de répteis em território nacional é ilegal. Os anúncios podem ser flagrados até pela internet, redes sociais”, aponta. O Vale Verde comercializa mais de 100 espécies silvestres e exóticas, como o papagaio-verdadeiro, conhecido por ser falador e vendido por  R$ 2,3 mil, líder na preferência nacional. Espécies como a arara-canindé, de cor azul e peito amarelo (R$ 2,7 mil), também são ícones do mercado e agora ganham, quem diria, as jiboias como parceiras do reinado. E a jiboia pica? Tiago Lima explica que essas cobras são solitárias e devem ser mantidas em cativeiro para que não se escondam ou fujam, mas não são agressivas.

Procurado pelo Estado de Minas, o Ibama se restringiu a informar em nota que “a partir de 2011, conforme estabelecido pela Lei Complementar 140, a competência para autorização de criadouros de animais silvestres é do governo estadual”. Além disso, informou que em 2013 eram 497 criadouros autorizados pelo Ibama e que uma lista oficial com os animais que podem ser criados como estimação está em processo de elaboração. Mas, para o presidente da Abrase, o posicionamento significa dizer que “o segmento está à deriva”, já que o ambiente atual é de ausência de um código de fauna e pautado por normas administrativas defasadas que causam uma insegurança jurídica grande para o setor. “Se o país não teve capacidade de se organizar em tantos anos, imagina os estados. Vai levar anos para que isso se organize e o segmento possa crescer conforme o seu potencial ”, adianta. 

VÍRUS » Funed preparada para o Chikungunya‏

VÍRUS » Funed preparada para o Chikungunya

Estado de Minas: 05/05/2014


Perigo para o Brasil: vírus pode ser transmitido pelo Aedes aegypti (na foto, mosquito e larvas), que causa dengue  (Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Perigo para o Brasil: vírus pode ser transmitido pelo Aedes aegypti (na foto, mosquito e larvas), que causa dengue


A Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, que é o laboratório central de saúde pública de Minas Gerais, já tem estrutura laboratorial condizente e profissionais capacitados para diagnosticar casos de contaminação pelo vírus Chikungunya. Conforme o Estado de Minas mostrou em 5 de março, o vírus é originário da Tanzânia, tendo sido identificado em 1952, mas sua transmissão pelo Aedes albopictus e também pelo Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, já passou pela África, Estados Unidos, e chegou também à América Central. No momento, causa uma epidemia no Caribe.

Com a proximidade da Copa do Mundo no Brasil, que vai atrair milhares de pessoas de diferentes regiões do planeta, o Ministério da Saúde admite a possibilidade iminente da chegada da febre Chikungunya ao país. Por isso, tem trabalhado com os laboratórios centrais de saúde pública (Lacens) no sentido de prepará-los e capacitar os profissionais para o diagnóstico e controle da doença.

Segundo a funcionária do Laboratório de Dengue e Febre Amarela da Funed, Eliza de Souza Lopes, o Instituto Evandro Chagas, laboratório referência nacional para esse exame, já está produzindo reagentes para que, em breve, possam ser feitos os diagnósticos em todos os Lacens do país. Além disso, em parceria com o Ministério da Saúde, vai promover, a partir de hoje, em Belém (PA), uma reciclagem para os profissionais de todo o Brasil.

A técnica utilizada para o diagnóstico do vírus e a que será aplicada na Funed será a do teste Elisa e também a do PCR em tempo real, assim como são feitos os diagnósticos do vírus da dengue e da febre amarela. “Enquanto laboratório central de saúde pública, a Funed cumpre seu papel de atender, com eficiência e qualidade, a todas as demandas de vigilância do país. Há vários meses temos trabalhado na preparação para atuação em eventos de massa, como a Copa do Mundo, num esforço conjunto entre Funed, governo de Minas, Exército, Ministério da Saúde e tantos outros agentes públicos”, diz o presidente da fundação, Francisco Tavares Junior.

TRANSMISSÃO O vírus Chikungunya é transmitido pelo mesmo vetor transmissor da dengue, o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, mas trata-se de um vírus diferente e não um novo tipo de dengue. A pessoa doente tem os mesmos sintomas de dengue, mas com a diferença de muitas dores nas articulações de forma aguda e que podem durar semanas. Até o momento, o Brasil registrou apenas casos importados, ou seja, pessoas que chegaram ao país já infectadas.

Pesquisa identifica proteínas que ajudam a combater a leishmaniose

Parasita "engana" sistema imunológico Sequenciamento de um dos causadores da leishmaniose revela como o protozoário produz proteínas que impedem reação de proteção do organismo. Pesquisa é coordenada pela UFMG, com colaboração de outros laboratórios


Carolina Cotta
Estado de Minas: 05/05/2014


Vacúolos parasitóforos desenvolvidos pelo protozoário Leishmania amazonensis (em vermelho) em macrófago de camundongo (cinza). Imagem obtida em microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo a partir de amostra fraturada por fita adesiva. Dezenas de parasitas estão alojados em espaçosos compartimentos intracelulares do macrófago hospedeiro. Nesses vacúolos espaçosos o parasita se refugia do sistema imune do hospedeiro. Produzida por Fernando Real, um dos autores da pesquisa, a imagem ficou em segundo lugar na categoria Dimensão micro da edição 2012 do Prêmio Fotografia/CNPq (Fernando Real/Divulgação)


Vacúolos parasitóforos desenvolvidos pelo protozoário Leishmania amazonensis (em vermelho) em macrófago de camundongo (cinza). Imagem obtida em microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo a partir de amostra fraturada por fita adesiva. Dezenas de parasitas estão alojados em espaçosos compartimentos intracelulares do macrófago hospedeiro. Nesses vacúolos espaçosos o parasita se refugia do sistema imune do hospedeiro. Produzida por Fernando Real, um dos autores da pesquisa, a imagem ficou em segundo lugar na categoria Dimensão micro da edição 2012 do Prêmio Fotografia/CNPq

A identificação de duas proteínas produzida pelo parasita Leishmania amazonensis pode explicar por que ele consegue conviver harmoniosamente com células que deveriam matá-lo. O sequenciamento do genoma do Leishmania amazonensis, um dos causadores da leishmaniose cutânea e difusa, demorou quatro anos para ser concluído, mas viabilizou a identificação de proteínas que poderiam subverter as defesas do organismo hospedeiro, participando da evasão do seu sistema imunológico. O sequenciamento em si foi realizado de maneira automatizada em um equipamento de última geração nos Estados Unidos, mas todo o processamento e a análise dos genes envolvidos são mérito de pesquisadores brasileiros.

Coordenado pela doutora em bioquímica e biologia molecular Diana Bahia, do Departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo é uma colaboração com o Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia (DMIP) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de grupos do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), de Campinas, e do Laboratório de Genômica e Expressão da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No artigo “The genome sequence of Leishmania(L.) amazonensis: functional annotation and extended analysis of gene models”, publicado na revista científica DNA Research, eles mostram como duas proteínas sintetizadas e secretadas pelo protozoário imitam a do hospedeiro.

Segundo Diana Bahia, essa imitação permite a ligação dessas proteínas a componentes do arsenal imunológico do indivíduo infectado, bloqueando sua ativação e silenciando a resposta inflamatória. O estudo também avançou na investigação dos genes relacionados à formação de um vacúolo (chamado vacúolo parasitóforo), bolsa que abriga o parasita no interior dos macrófagos, células de defesa que os englobam e tentam destruí-los (foto). Nela, o parasita se multiplica e resiste a eventuais ataques do sistema imunológico.

Segundo o doutor em Microbiologia e Imunologia Fernando Real, do DMIP, um dos pesquisadores e autores principais, no caso de Leishmania amazonensis e da sua espécie-irmã Leishmania mexicana, essa bolsa é bem mais espaçosa do que as formadas por outras espécies de protozoários causadores da leishmaniose. “Essa pode ser uma das maneiras de o parasita subverter e enganar o sistema imunológico do hospedeiro”, acredita. A motivação para o estudo, inclusive, veio do fato de a Leishmania amazonensis residir nesse vacúolo mais espaçoso dentro dos macrófagos, ao contrário da Leishmania major e da Leishmania braziliensis, que residem em vacúolos mais apertados, justapostos ao corpo do parasita.

“O vacúolo criado pelo parasita, quando está em sua forma amastigota, ou seja, intracelular, parece ser um mecanismo elaborado, usado para sua multiplicação e proteção contra o ataque do sistema imune do hospedeiro. Esse vacúolo largo é uma característica ainda pouco estudada, até o momento descrita apenas para as espécies do complexo mexicana”, explica Diana. Daí a importância do genoma, que proveu os pesquisadores de informações sobre proteínas expostas ou secretadas pelo parasita, principalmente na forma amastigota, que auxiliassem na formação desse vacúolo. Dessa maneira, seria possível entender o possível mecanismo biológico por trás de sua sobrevivência dentro do macrófago e, consequentemente, encontrar meios de neutralizar seu ciclo intracelular.

O genoma de um organismo funciona como um manual de instruções do seu funcionamento. Ele provê indicações de que genes estariam relacionados com problemas científicos e médicos na investigação desses parasitas. É preciso tomar toda a informação decorrente do sequenciamento e, pontualmente, investigar a participação efetiva dos genes preditos (aqueles anotados como tendo características de genes) na manifestação clínica da doença, por exemplo, ou na formação do vacúolo parasitóforo, para aqueles mais interessados na pesquisa básica. “O genoma ‘abre mais portas do que fecha’. Temos mais perguntas a investigar do que respostas”, acrescenta Diana.

No estudo, os pesquisadores buscaram identificar genes espécie-específicos em Leishmania amazonensis e Leishmania mexicana que poderiam estar relacionados à leishmaniose cutânea difusa. Segundo Diana, são pouquíssimos os genes encontrados apenas nessas duas espécies. Independentemente da manifestação da doença, as espécies de Leishmania são muitíssimo parecidas: mais de 90% dos genes fazem parte de um repertório comum ao gênero. Mas o que aparentemente faz a diferença é a quantidade de cópias de cada gene. “Encontramos muitos genes expandidos (aqueles que se apresentam em maior numero de cópias em dado organismo) em número de cópias nas duas espécies. Talvez esses genes estejam envolvidos nas peculiares manifestações clínicas provocadas por esses parasitas e na homeostase (condição de relativa estabilidade que o organismo necessita para realizar suas funções adequadamente) entre parasita e hospedeiro”, explica

VIDA EM SILÊNCIO Esses parasitas estão adaptados para viver silenciosamente no hospedeiro, até que alguma deficiência do sistema imune permita que ele saia de sua forma latente e desenvolva as lesões no mesmo. Umas espécies, contudo, parecem mais adaptadas do que outras – mais agressivas – a viver silenciosamente em determinados hospedeiros, fenômeno ainda pouco estudado. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), boa parte dos mamíferos reservatórios e de humanos infectados pela Leishmania amazonensis não apresentam lesões. “Por isso acreditamos que esse protozoário seja uma dessas espécies que evoluíram de modo a adquirir vantagens em uma vida intracelular e a se adaptar a viver silenciosamente no hospedeiro”, explica a pesquisadora da UFMG.

Do ponto de vista médico, o sequenciamento genômico possibilita a identificação de genes importantes para o estabelecimento do parasita e para sua disseminação pelo organismo. Alguns produtos desses genes preditos podem ser potenciais alvos de vacinação (profilática ou terapêutica) ou para desenho de drogas que impeçam a continuidade da doença. Do ponto de vista biológico, o genoma pode revelar fatores para a biogênese do vacúolo largo, no qual esses parasitas vivem, permitindo a investigação do estado de latência que esses parasitas podem atingir em infecções crônicas, e também para a investigação do tropismo (movimentação) do parasita do sítio da picada do inseto até outras regiões na doença disseminada.

A pesquisa foi realizada com financiamento do projeto Jovem Pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e por meio de bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Causador de graves lesões


Leishmania é um gênero de protozoários que inclui os parasitas causadores das leishmanioses. As espécies são transmitidas por mosquitos do gênero Phlebotomus, no Velho Mundo, e do gênero Lutzomyia, no Novo Mundo, e seus hospedeiros primários são mamíferos como cães e camundongos, além de répteis. Leishmania amazonensis faz parte do chamado “complexo mexicana”, também composto pela espécie Leishmania mexicana. A Leishmania mexicana foi classificada, em 1953, por Francisco Biagi, como agente causador da úlcera dos chicleros, lesão cutânea comum entre trabalhadores rurais da América Central. A Leishmania amazonensis foi descoberta pelos professores Jeffrey Shaw (da Universidade Federal de São Paulo) e Ralph Lainson (do Instituto Evandro Chagas), em 1972.

Das mais de 20 espécies descritas, as do complexo mexicana provocam lesões crônicas, nodulares e muitas vezes disseminadas em humanos. Já Leishmania amazonensis encontra-se predominante no Brasil, na Bacia Amazônica, e está envolvida em manifestações cutâneas que abrangem formas simples (nódulo ou lesão simples), difusas (vários nódulos na região infectada) e disseminadas (vários nódulos espalhados por outras regiões do corpo). Essa tem maior envolvimento em uma forma mais grave e de difícil tratamento dessas manifestações cutâneas disseminadas. A forma anérgica difusa leva a sérias lesões desfigurantes no indivíduo que se assemelham à lepra e é praticamente impossível de serem curadas.


DAQUI PARA O FUTURO » Melhor entendimento da comunicação celular


Com o genoma do parasita Leishmania amazonensis sequenciado, surgem mais possibilidades para a investigação da biologia dessa espécie, que pode ser feita, inclusive, em comparação com os genomas de outras espécies de Leishmania. A apresentação do genoma deve ser o início, e não o fim, de uma série de experimentações a fim de se checar a relevância médica e biológica dos genes preditos. Um dos próximos passos, segundo Diana Bahia, é, a partir do isolamento dos largos vacúolos parasitóforos formados por essa espécie, mapear que componentes do hospedeiro e que estruturas do parasita fazem parte dessa estrutura. Além disso, torna-se viável a identificação de proteínas do parasita que participam da sinalização celular, ou seja, fosforilam e ativam substratos, em uma cascata de eventos de comunicação celular. Essas proteínas têm sido amplamente estudadas como alvo de drogas para doenças proliferativas, como o câncer. Para os pesquisadores, a interferência em algumas dessas vias de sinalização, por meio de desenho de drogas específicas, poderá ser um futuro promissor para o controle da manifestação da doença causada pelo parasita.