segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Temos estadistas no Brasil? - Renato Janine Ribeiro


Valor Econômico 16/12/2013

Discutir se temos estadistas no Brasil é um bom modo de perguntar o que queremos do futuro presidente




Na última coluna prestei homenagem, como a maioria da humanidade, a Nelson Mandela - e defini "estadista" como o governante que vai além do comum, melhorando decisivamente o mundo. Daí, uma pergunta inevitável: tivemos ou temos, no Brasil, estadistas?

Para começo de conversa, a definição que propus de estadista é relativamente nova. No Império, e em geral antes que as massas ingressassem na política, estadistas se ocupavam do Estado, de suas instituições, da nação. Não era errado celebrar como estadistas Bismarck e Cavour, autores das unificações alemã e italiana - nem, em nosso país, o barão do Rio Branco, a quem devemos a segurança e a paz das fronteiras. Mas, de meio século para cá, essa definição se tornou insuficiente.

Talvez seja o caso de substituir a palavra "estadista", no que tem de elogiosa, por outra. O cientista político José Murilo de Carvalho, faz tempo, lamentou que no Brasil tenhamos mais "estadania" - neologismo que ele cunhou a contragosto - do que cidadania. O cidadão importa menos do que o Estado repressivo. O que sugiro vai no mesmo espírito dele: deveríamos valorizar quem melhora a vida do povo, não o poder estatal que, no fim das contas, muitas vezes só beneficia uns poucos.

Quem cumprirá nossa nova tarefa histórica?

Estas ressalvas, que submetem a avaliação de nossos homens políticos a uma concorrência internacional, podem porém ser severas demais com nossos estadistas, republicanos ou imperiais. Talvez não devamos ser tão exigentes, pelo menos com os tempos mais afastados, quando fortalecer o Estado era tarefa essencial, até mesmo para melhorar a vida dos pobres. Difícil não dar um merecido destaque a Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Getúlio efetuou a transição do Brasil rural para o urbano, incluindo na vida social e política massas de trabalhadores e pobres. Fez isso com um regime autoritário, altamente repressivo, em especial contra os comunistas. Mas é certo que promoveu mudanças necessárias, de cuja relevância e necessidade poucos tinham consciência então, e que o resultado foi mais justo e benéfico do que o contrário.

JK teve em seu ativo a industrialização. A urbanização de Vargas se completa com ele. Também sinalizou, ao transferir a capital para Brasília, que saíamos do litoral, do legado de Tordesilhas, e assumíamos o território nacional como um todo. Tudo isso teve efeitos colaterais - o automóvel nos trouxe a poluição, um trânsito horrível e cidades em frangalhos, mas isso era difícil de prever e, com sucessores mais capazes, a sequência teria sido diferente. Acrescento, como um grande feito de JK, seu espírito pacífico e democrático, coisa rara no Brasil e de que andamos ultimamente necessitados.

O problema surge mesmo na avaliação dos presidentes recentes, FHC e Lula. Foram estadistas? Em favor de FHC, seus apoiadores mencionam a vitória sobre a inflação e a definição dos rumos da economia, entre privada e estatal. Mas se pode contra-argumentar que, se foi difícil vencer a inflação, quase o mundo todo o conseguiu, na década de 1990: isso não justifica o título de estadista. O que realço em seu governo foi a paciência política, a capacidade de articular, a transmissão calma e tranquila da presidência a um sucessor que vários temiam. Não é coisa trivial.

Lula também tem pontos a promovê-lo. Comecemos pela grande inclusão social. Seguiu iniciativas de Itamar e FHC, mas ampliou sua escala e, sobretudo, tornou esse tema central em nossa agenda política. Ninguém mais no Brasil disputa o Executivo se opondo a programas, emergenciais ou estruturais, de eliminação da miséria e redução da pobreza - assim como nenhum candidato será viável se opondo à democracia instaurada em 1985 ou defendendo a volta da inflação. Pelo alcance social, este feito foi notável, alçando Lula a uma posição de respeito. Além disso, ele alcançou um notável destaque internacional. Seus projetos de combate à miséria são saudados como exemplares. É elogiado fora das fronteiras como raro brasileiro o foi. Basta isso? Não sei.

O verdadeiro problema, aqui, é que dar o apodo de estadista a um ou outro destes grandes presidentes virou tema de rixa partidária. Uns acusam FHC de ter deixado uma "herança maldita", termo injusto, que causou ressentimentos talvez insuperáveis entre os tucanos. Outros atacam Lula com ódio (FHC despertou bem menos raiva). Qualquer elogio a um é visto, por alguns partidários do outro, como detestável. Isso dificulta um juízo. Mas não nos impede de discutir o tema. Sugiro que, pelo menos, os consideremos como grandes presidentes, bem superiores à média de seus antecessores.

Porque o relevante não é a resposta (foram ou não estadistas?), mas a discussão. Desta maneira nos perguntamos o que é um grande presidente - ou melhor, o que queremos nós de um presidente.
Tanto se pergunta quem tem mais chances de se eleger em 2014... Por que não priorizar outra questão: o que desejamos, dele ou dela? Tenho sustentado que o momento histórico é de uma agenda clara e dificílima: assegurar serviços públicos (saúde, educação, transporte e segurança) de qualidade. No Brasil, nem mesmo o asfalto dos bairros ricos presta... Ter serviços básicos bons é o grande fim de que precisamos; como fazer para chegar a isso são meios, que podem ser variados. Somos um país em busca de transformações significativas. Mas, se deixarmos claro que perfil desejamos para o chefe de Estado, teremos dado um bom passo para saber - e eleger - qual candidato mais nos convém. É uma questão simples, mas que tem estado fora de nosso debate, demasiado eleitoral.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.
E-mail: rjanine@usp.br


TV

 

Estado de Minas: 16/12/2013 

Prova de fogo

 (Nat Geo/Divulgação )


Chega ao fim hoje o gameshow Os incríveis – O grande desafio, que vai dar R$ 100 mil ao vencedor. Apresentado por Cazé, o programa colocou à prova candidatos com diferentes aptidões que tiveram que demonstrar seus talentos em uma verdadeira batalha de cérebros. Cinco concorrentes continuam na disputa, entre eles o jovem Marcelo (foto), que terá que solucionar cinco equações matemáticas contendo sete operações cada uma. Tudo isso em muito pouco tempo e sem errar nenhuma delas. No ar às 22h30, no Nat Geo.



Canal +Globosat estreia  série policial holandesa

Se uma atração se despede, outra está chegando. Estreia hoje, às 22h, no canal +Globosat, a série policial Godforsaken: assassinos verdadeiros. A produção é holandesa e se baseia em histórias reais de assassinatos que ocorreram na Europa. Sob o ponto de vista do criminoso, apresenta as profundezas da mente dos assassinos, o outro lado da história, contado pelo vilão. No Arte 1, estreia a minissérie britânica Madame Bovary, que será exibida até sexta-feira na faixa das 20h.

Confira mais uma etapa  do Sesc VideoBrasil 2013

O Sesc TV dá continuidade à mostra VideoBrasil na TV, com o que foi destaque no último Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc VideoBrasil. O episódio de hoje, às 23h, é “Panoramas do Sul: Natureza e espaço, reconfigurações do olhar”, primeiro de três programas voltados para a mostra Panoramas do Sul, abordando as diferentes formas como seus artistas e trabalhos articulam a ideia de espaço e temas como a natureza, o espaço urbano, a arquitetura, o turismo mundial e a mobilidade.

Documentário invade o  universo do funk carioca

No Canal Brasil, a pedida hoje é a sessão É tudo verdade, às 22h. A atração é o documentário Favela on blast, dirigido em 2008 por Leandro HBL e o DJ norte-americano Wesley Pentz, mais conhecido como Diplo. A produção foi registrada nas comunidades de Cidade de Deus, Rocinha, Mangueira, Borel e Prazeres, mostrando a cultura do funk, com as letras que expõem a violência e a pobreza nas favelas. O filme reúne depoimentos de Mr. Catra; Deise Tigrona, Valesca Popozuda e os DJs Malboro e Sany Pitbull, entre muitos outros.

Telecine exibe a comédia  francesa Como um chef

O Megapix montou uma seleção dos filmes que estrearam este ano no canal, começando hoje com a reprise de Pânico 4, às 22h30. No TCM, o especial Grandes sucessos reserva para hoje Máquina mortífera 2, às 22h05. No Telecine Premium, às 22h, estreia a comédia Como um chef, com Jean Reno e Michaël Youn nos papéis principais. Na mesma faixa, das 22h, o assinante tem mais oito opções: Argo, no HBO 2; Colombiana – Em busca de vingança, no HBO; E aí comeu?, no Telecine Fun; A escolha perfeita, no Telecine Pipoca; 88 minutos, no ID; Confissões de uma mente perigosa, no Sony Spin; O escritor fantasma, na MGM; e Elas, no Max. Outros destaques da programação: Atividade paranormal, às 20h25, no Universal Channel; Mais estranho que a ficção, às 21h, no Comedy Central; Coq au vin, também às 21h, no Max HD; A minha canção de amor, às 21h40, no Glitz; Chernobyl – Sinta a radiação, às 22h14, na HBO HD; e Predadores, às 22h30, no FX.



CARAS & BOCAS » Mocinha vai à luta



Paloma (Paolla Oliveira) tomará as rédeas para proteger o pai, em Amor à vida   (Bob Paulino/TV Globo)
Paloma (Paolla Oliveira) tomará as rédeas para proteger o pai, em Amor à vida


Finalmente, Paloma (Paolla Oliveira) conseguirá reunir provas de que Aline (Vanessa Giácomo) é uma golpista. Nos capítulos de Amor à vida (Globo), que irão ao ar no ano que vem, a mocinha sairá em campo para tirar a máscara da vilã e livrar o seu pai, César (Antônio Fagundes), da "cegueira" que tem em relação à mulher. Aconselhada por Bruno (Malvino Salvador), que acredita que Aline tem as senhas do médico, Paloma vai ao banco e descobre que, sim, ela tem feito retiradas altas. E, claro, a médica deduz que Aline está roubando o seu pai. Ela, então, decide contar tudo a César, mas Aline vira o jogo e, mais uma vez, ele não só não acredita na filha como a expulsa de sua casa. Paloma não desiste e convoca Eron (Marcello Antony) e Rafael (Rainer Cadete), advogados do San Magno, para ajudá-la. Mas, eles dizem que ela e o gerente do banco poderiam ser acusados de crime, pois a pediatra teve acesso a informações sigilosas. Paloma, então, vai por outro caminho e pede a Bruno que verifique se a bandida também está botando as mãos nos imóveis do pai. E os dois concluem que pode ser uma chance de provar tudo o que Aline faz de errado e acabar com a vilã.

VILÃ TUMULTUARÁ  NOVELA NO NATAL

Ainda em Amor à vida, em plena semana de preparativos para o Natal, Leila, personagem de Fernanda Machado, outra vilã da história, fará a irmã autista, Linda (Bruna Linzmeyer), sofrer mais uma vez. É que ela chegará na casa dos pais no momento em que Linda e Rafael (Rainer Cadete) estão montando a árvore de Natal. E, claro, fará seus tristes comentários e, pior, quebrará a árvore. Linda terá um surto.
 
AUTOR EMPLACA MAIS  UMA TRAMA VESPERTINA

Será por pouco tempo, já que Amor à vida termina no fim de janeiro ou início de fevereiro, mas o autor Walcyr Carrasco emplacará uma segunda trama na Globo. Depois da ótima O cravo e a rosa, também dele, a escolhida para substitui-la no Vale a pena ver de novo é Caras & bocas, escrita para o horário das 19h. Entrará no ar em 20 de janeiro.

HISTÓRIA DE AMOR DE  UM CASAL DE MINEIROS

Para ver ou rever. O Chuva de arroz, hoje, às 20h, no GNT (TV paga), acompanha a história de casais que passaram por cima de todas as dificuldades para subir ao altar. Os mineiros Marcella e Henrique são um deles. Eles foram o primeiro amor um do outro. Se conheceram na faculdade e começaram a namorar. Passados alguns anos juntos, pouco depois do pedido de casamento de Henrique, Marcella foi diagnosticada com câncer de mama. Henrique ficou ao lado da amada o tempo todo e eles conseguiram passar por isso juntos. Assim que Marcella se recuperou, eles fizeram um casamento lindíssimo, em um parque ecológico de Minas. E ela mudou a tradição e entrou na cerimônia antes do noivo, para esperá-lo. Nem ele sabia da surpresa. Foi a forma que ela encontrou de mostrar todo o seu amor e gratidão.

JÚLIA LEMMERTZ FALA DE  GENÉTICA NO SUPERBONITA

Atração do GNT (TV paga), o Superbonita desta segunda-feira, às 21h30, vai falar sobre a genética e porque ela é o maior patrimônio da beleza, garantindo pele e cabelo incríveis. O programa vai mostrar como é a vida de quem precisa apenas de um toque cosmético aqui e ali, enquanto outras mulheres fazem de tudo para ficar bonitas. Para falar sobre o assunto, a convidada é a atriz Júlia Lemmertz, que tem uma genética especial: é bonita como a mãe, Lílian Lemmertz, e vê a filha, Luiza, também se tornar uma bela mulher.

PAPEL É DO JACARÉ

Aguinaldo Silva prepara nova série, Doctor Pri, prevista para estrear em abril, na Globo. Em entrevista publicada no site do autor, ele comentou que Edson Cardoso, mais conhecido como Jacaré, ex-dançarino do grupo É o Tchan, estará no elenco e que se surpreendeu com o teste do rapaz. "Eu vi o teste dele e enlouqueci. O cara é ótimo! Se saiu muito bem e acho que será boa surpresa", declarou. Jacaré será o faz-tudo Toninho Tripé, marido da empregada Valquíria (Letícia Isnard), que trabalha na casa de Priscila (Glória Pires). O personagem deverá protagonizar cenas quentes, já adiantou o autor.

VIVA
Globo repórter e o descaso com a saúde do povo brasileiro. Ótimo.

VAIA
Globo repórter ficou devendo especial sobre Nelson Mandela.

Novas sonoridades [Flávio Venturini lança disco] - Eduardo Tristão Girão


Novas sonoridades 
 
Depois de mais de um ano de trabalho, Flávio Venturini lança disco gravado em estúdio montado em casa. CD tem regravações de músicas que foram modernizadas e ele já pensa em outro projeto

Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 16/12/2013 


 (Rafael Motta/Divulgação)


Não faz tanto tempo assim que Flávio Venturini lançou disco. Ou melhor, foi um DVD, Não se apague essa noite, em 2009. Entretanto, ele foi registro de apresentação ao vivo em Belo Horizonte, ficando Canção sem fim (2006) como último apanhado de músicas inéditas. A necessidade de gravar novas composições, aliada à facilidade (e alegria) de fazê-lo em estúdio próprio, construído em sua casa, num condomínio na Grande Belo Horizonte, foram o combustível para conceber o recém-lançado CD Flávio Venturini.

“Levei um ano e meio para gravar esse disco. Foi muito prazeroso. Gravei tudo em casa e sempre nas melhores horas para mim”, conta Venturini. O artista se reveza na produção musical e nos arranjos de base com o guitarrista Torcuato Mariano (seu parceiro desde o disco Noites com sol) e, em uma música cada um, com os pianistas Keco Brandão e André Mehmari. As gravações foram realizadas em nove estúdios, envolvendo músicos não apenas em Minas, mas também no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O repertório é aberto com Sol interior, parceria de Venturini com Márcio Borges. “Há muito tempo não compunha com ele. A gente se reencontrou uns dois anos atrás e foi emocionante”, lembra Flávio. Curiosamente, a canção não é a única a recorrer ao Sol como fonte de inspiração, já que o mesmo se verifica nas faixas Tarde solar (com Alexandre Blasifera) e Beijo solar. “Isso não é intencional. Na maioria dos casos, a letra não é minha. No meu trabalho a natureza aparece sempre. Acho legal”, explica.

Aliás, é em Tarde solar que toca o pianista Ivan Lins, um dos dois convidados especiais do disco, ao lado de André Mehmari, que participa de Enquanto você não vem (assinada por Mehmari e Murilo Antunes). “Sou amigo do Ivan há muito tempo e o chamei para fazermos uma música juntos. Já o André se tornou amigo frequente. Eu o admiro muito, é um músico excepcional. Ele me disse ter pensado em mim quando escreveu essa música”, elogia Venturini.

O artista incluiu, ainda, três regravações. A primeira delas de seu sucesso Todo azul do mar (com Ronaldo Bastos). “É uma canção muito importante, muito emblemática. O som havia ficado datado, apesar de eu adorar a gravação original, do 14 Bis. Ela merecia uma modernizada”, justifica. Por outro lado, Até outro dia (com Cacá Raymundo) e Leãozinho (Caetano Veloso), na opinião dele, haviam ficado “perdidas” em discos que ele lançou décadas atrás.

As parceiras de Venturini com compositores mineiros não ficam restritas a integrantes do Clube da Esquina (Márcio Borges, Murilo Antunes e Ronaldo Bastos), como ele demonstra em Idos janeiros, que escreveu com Vander Lee (que é praticamente seu vizinho), e Me leva, momento mais roqueiro do disco, criado com Aggeu Marques. O CD é encerrado com a releitura de Hino ao amor, canção de Edith Piaf e Maragrite Monoot que ganhou versão em português de Odayr Marsano.

Fita de rolo

“Esse ainda não é um disco com sonoridade totalmente diferente”, confessa Venturini. Ele pretende experimentar mais em seus próximos trabalhos: “Gosto de atirar para todo lado e ainda quero fazer um disco totalmente livre. Tenho um pé no pop, no rock, no progressivo, no instrumental, na MPB, no Clube da Esquina. Por ter estúdio em casa, agora quero fazer mais pesquisas e gravar mais pessoas, talvez revisitando outros nichos de composição.”

Para cumprir essa promessa, talvez o artista parta até mesmo de composições antigas. “Os anos 1990, quando morei no Rio de Janeiro, foram especialmente férteis para mim. Tive o cuidado de deixar tudo registrado e guardei um baú de composições”, conta. Inclusive, daí poderá sair material inédito para o disco que ele quer gravar com a banda O Terço, que foi realizada em 2005 e com a qual tocou este mês em Belo Horizonte.

“Queremos fazer um disco do grupo O Terço em estúdio para mantê-lo ativo. Já tenho novas ideias para a banda e outro dia achei uma música interessante numa gravação em fita de rolo de um show nosso em 1974”, revela. No show na capital mineira, no Grande Teatro do Sesc Palladium (e para ser visto com óculos 3D), o público teve a oportunidade de conferir uma música inédita do grupo, Antes do Sol nascer.

Experiências marcantes

Quando Flávio diz gostar de atirar musicalmente para todos os lados, a explicação para essa preferência pode ser facilmente encontrada ao analisar sua biografia. Tendo se interessado pela música ainda na adolescência, começou pelo acordeom (dado pelo pai) e depois passou para o piano. Estudou na Fundação de Educação Artística (FEA), em Belo Horizonte, e complementou sua formação em festivais de inverno com professores como Ailton Escobar, Bruno Kiefer, Cláudia Cimbleris, Ernest Widmer, Rogério Duprat e Walter Smetak.

Nos anos 1970, já engajado em festivais, participou de shows com Beto Guedes, Tavinho Moura e Toninho Horta, entre outros. A participação no Clube da Esquina foi natural e ele tocou em várias faixas do disco Clube da Esquina 2 (1978), inclusive em Nascente, que ganhou belíssimo registro na voz de Milton Nascimento. Na mesma década, passou a integrar o grupo O Terço, um dos mais representativos do rock progressivo nacional.

Na virada para os anos 1980, ele monta o 14 Bis, que incluiu em sua formação o irmão Cláudio, integrantes do O Terço e outros músicos. Ainda ativa, a banda contabiliza cerca de 20 lançamentos (entre CDs e DVDs) e sucessos, a exemplo de Planeta sonho, Linda juventude, Todo azul do mar e Bola de meia, bola de gude. Flávio deixou o 14 Bis em 1988, tendo retomado o trabalho com o grupo só em 2011.

A carreira solo, entretanto, foi iniciada em 1982, com o álbum Nascente. Essa opção abriu portas para que o artista vivesse outras experiências marcantes, caso da participação no disco Missa dos quilombos (de Bituca) e do exercício de compor trilhas sonoras para filmes, curtas e peças teatrais. Venturini também não deixou de lado sua veia instrumental, tendo realizado shows no Brasil e exterior para evidenciá-la.

Eduardo Almeida Reis - Divertimento‏


Divertimento 

 
Eduardo Almeida Reis - eduardo.reis@uai.com.br
Estado de Minas: 16/12/2013 


Nada mais divertido do que o Livro V das ordenações filipinas – o mais duradouro código legal português – promulgadas em 1603 por Felipe I, rei de Portugal, que vigoraram plenamente no Brasil ate 1830. Vejamos alguns preceitos: 31. “Que o frade que for achado com alguma mulher logo seja entregue a seu superior.” Mandamos a todas nossas Justiças que não prendam nem mandem prender, nem tenham em nossas prisões clérigo ou frade por ter barregã, salvo sendo-lhes requerido pelo prelado ou vigário ou seus superiores.

E quanto aos frades que forem achados fora do mosteiro com alguma mulher, mandamos que os tomem e tornem logo ao mosteiro, e os entreguem aos seus superiores, sem mais irem à cadeia.”

34. “Do homem que se vestir em trajes de mulher ou mulher em trajes de homem e dos que trazem máscaras.Defendemos que nenhum homem se vista ou ande em trajes de mulher, nem mulher em trajes de homem, nem isso mesmo andem com máscaras, salvo se for para festas ou jogos que se houverem de fazer fora das igrejas e das procissões”.

E quem o contrário das ditas coisas fizer, se for peão, será açoitado publicamente, e se for escudeiro e daí para cima, será degredado dois anos para África, e sendo mulher da dita qualidade, será degredada três anos para Castro-Marim. E mais cada um a que o sobredito for provado, pagará dois mil réis para quem o acusar.”
Vejo na Wikipédia que Castro Marim, no Algarve, foi fundado em 1277 e hoje tem pouco mais de 6 mil castromarinenses. O cartunista Laerte, que não dispensa o cross dressing, ou travestismo no português europeu, curtiria dois anos em África.

Susto
A leitura das divertidíssimas ordenações filipinas – “Qualquer pessoa, assim homem como mulher, que alcovitar mulher casada ou consentir que em sua casa faça maldade de seu corpo, morra por isso e perca todos os seus bens” – suscita o tema deste suelto depois do susto que tomei dia desses, pelas nove da manhã, quando recebi os jornais.

Lida a matéria de um deles, pedi à comadre que fosse à esquina para ver se as coisas continuavam aparentemente normais ou se o mundo já tinha acabado. Sim, porque das janelas aqui do prédio não tenho vista para as ruas. Avisto alguns lagos cheios de peixes e pequena mata onde avoam pombos, jacus e muitas aves passeriformes.

Dez minutos mais tarde, trazendo as laranjas do suco diário, a comadre informou que o mundo continuava normal, se é que existe normalidade num bairro, antes pacato, que deu para ter arrastões noturnos em restaurantes e pizzarias, talqualmente na Praia de Ipanema defronte do Hotel Fazano, às quatro da tarde de um feriado nacional.

A notícia que me espantou e me fez acreditar no fim do mundo foi a seguinte: o siciliano Domenico Dolce e o milanês Stefano Gabbana romperam namoro de 20 anos, mas o carinho não acabou e continuam muito amigos e sócios na grife Dolce & Gabbana, que pretende abrir uma filial no Brasil.

Homessa! Confesso que conhecia a grife de nome, sem saber que pertencia ao casal que já não namora, mas cultiva o carinho e a empresa. O tipo do divórcio que deveria servir de exemplo para aqueles casamentos realizados no tempo de antigamente entre homem e mulher.
Paixão e ódio são sentimentos próximos, mas o casamento do siciliano com o milanês, que durou 20 anos, mostrou ao mundo que o carinho e a grife podem continuar de vento em popa mesmo depois do divórcio.

Risco

Muito admiro os jornalistas que frequentam os meios políticos e continuam isentos, considerando que certos cavalheiros e damas podem ser bandidos sem deixar de ser fascinantes. Aí é que está: muitas pessoas ganham a gente num primeiro contato. São encantadoras, sem que sejam flores que se cheirem.

Ulysses Silveira Guimarães, sendo embora um homem de bem, sempre fez política em partidos que não eram de minha predileção. Conheci-o pessoalmente num almoço rural, na fazenda de amigos, durante o governo Rosane Malta-Fernando Collor. Pois muito bem: saí do almoço amigo de infância e fã do casal Mora e Ulysses. Fosse comentarista político teria que mudar de profissão, porque o casal me deixou encantado. Sentimento que deve ter sido recíproco, porque o dr. Ulysses foi operado um ou dois meses depois e perguntou pelo Eduardo, na reportagem que Jorge Bastos Moreno fez com ele ainda no hospital.

O mundo é uma bola

16 de dezembro de 1773, Boston Tea Party, designação de uma ação de protesto executada por colonos ingleses na América contra o governo inglês, quando destruíram muitos caixotes de chá pertencentes à Companhia Britânica das Índias Orientais, atirando-os às águas do Porto de Boston.

Evento-chave no desenrolar da Revolução Americana, permanece como acontecimento ícone na história dos Estados Unidos. Compete ao leitor de Tiro & Queda apurar se os atuais republicanos do Tea Party, que vivem atenazando a administração Obama, têm relação com o episódio bostoniano de 1773.

Hoje é o Dia do Reservista.

Ruminanças
“Achamos inocente desejar e atroz que outro deseje” (Marcel Proust, 1871–1992).

Filtros fundamentais [Os rins]

Os rins são de extrema importância por limpar o sangue e produzir hormônios. Exame de medição da creatinina, que pode ser pedido junto com exame simples de sangue, dá um panorama sobre a saúde dos órgãos 


Humberto Siqueira
Estado de Minas: 16/12/2013 


O nefrologista Guilherme Raposo mostra onde ocorre o problema no órgão (Jair Amaral/EM/D.A Press )
O nefrologista Guilherme Raposo mostra onde ocorre o problema no órgão

"Você pode estar a caminho de um transplante e nem sequer saber disso". Algumas campanhas em torno da insuficiência renal crônica (IRC) buscam chocar para quebrar a inércia da população em torno do problema. Afinal, estamos falando de uma doença silenciosa que provoca uma perda de função lenta, porém progressiva e irreversível. O organismo se adapta e compensa os déficits, mas só até certo ponto. O principal marcador fisiológico da insuficiência renal crônica é a taxa de filtração glomerular (TFG), que estima a perda da função renal. O exame mede quantos mililitros de sangue o rim filtra por minuto. À medida que a insuficiência renal progride, a TFG diminui. Com esses níveis, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) classifica a doença renal crônica em cinco estágios (leia ao lado).

Somente quando o paciente entra na quarta ou quinta fase começa a sentir os sintomas. "Por isso, sempre que um adulto for fazer um checape e exames de rotina deve verificar o nível de creatinina no sangue para estimar a taxa de filtração glomerular e também avaliar o exame de urina que, se alterados, podem ser indicativos do problema", diz Guilherme Raposo, médico nefrologista do Hospital Socor e da Clínica Nefrológica de Minas Gerais (Clinemge), ambos em Belo Horizonte.

Boa parte dos diagnósticos são feitos nessa fase, quando o paciente já está à beira dos tratamentos de substituição renal como a hemodiálise, a diálise peritoneal ou transplantepital. Quanto maior o nível de creatinina no sangue, pior. Segundo Raposo, o organismo, dependendo da pessoa, consegue se adaptar a uma perda de função dos rins de até 75%. Depois disso, o problema começa a deixar rastros. "Quando os rins passam a funcionar entre 30% e 15% da capacidade é que os sintomas ficam mais proeminentes", explica.

Conforme explica José de Resende Barros Neto, coordenador do Serviço de Nefrologia do Hospital Felício Rocho, as maiores causas da IRC são diabetes e hipertensão fora de controle. “Cerca de 60% a 70% dos casos de insuficiência renal crônica estão ligados a uma das duas doenças. Em terceiro lugar estão as nefrites ou inflamações dos rins”, afirma. O histórico familiar também conta. “Olhamos se algum parente tem diabetes ou hipertensão, mas principalmente com histórico de doença renal policística, diálise ou transplante”, completa.

Os sintomas são bem específicos e podem incluir cansaço, fraqueza, náusea, vômitos, anemia, retenção de líquido, edemas, coceira generalizada, pele seca, dores de cabeça, perda de peso, diminuição do apetite, alteração na cor da urina (torna-se escura ou sanguinolenta), dor ou ardor quando estiver urinando, urinar com maior frequência, inchaço dos tornozelos e dor lombar.

Numa fase mais avançada da doença podem surgir outros sintomas, como pele anormalmente clara ou escura, dor nos ossos, mau hálito, sonolência e confusão, dificuldade de concentração e raciocínio, dormência nas mãos, pés e outras áreas do corpo, espasmos musculares ou cãibras, hematomas, hemorragia ou sangue nas fezes, sede excessiva, soluços frequentes, diminuição da libido e impotência, amenorreia, distúrbios do sono, como insônia, síndrome das pernas irrequietas e apneia noturna obstrutiva e inchaço de mãos e pernas. O estágio final da doença renal é chamado de falência renal crônica.

ALIMENTAÇÃO É importante que a pessoa com algum problema nos rins procure ter uma dieta equilibrada. “A dieta é individualizada, de acordo com as necessidades de cada pessoa. Em geral, a restrição alimentar aumenta à medida que a função renal diminui, dificultando a manutenção dos níveis aceitáveis de potássio, fósforo e ácidos e com a evolução do quadro. O usual é a diminuição no consumo de sal, restrição de água, alimentos com muito potássio, fósforo e proteínas”, esclarece Guilherme Raposo.

Além da dieta, outras medidas nefroprotetoras incluem dosagem de bebidas alcoólicas, não fumar, não se automedicar, principalmente com anti-inflamatórios, e manter as doenças causadores sob controle.

Os altos níveis de incidência da insuficiência renal crônica e de mortalidade relacionada vêm alarmando a comunidade científica internacional nas duas últimas décadas. A incidência e a prevalência da IRC em estágio terminal têm aumentado progressivamente, a cada ano, no Brasil e em todo o mundo. “A prevalência das principais doenças que causam IRC aumenta com a idade. E a população brasileira está envelhecendo. Há uma expectativa de que o país viva uma verdadeira epidemia da doença”, acrescenta o nefrologista.

No Brasil, estudo realizado com todos os pacientes incidentes registrados na Base Nacional em Terapias Renais Substitutivas que iniciaram diálise entre 2000 e 2004 aponta o aumento nas prevalências (de 354 pacientes incidentes por milhão de população em 2000 para 431 em 2004). Todos os pacientes que sofrem de doença renal crônica devem ter em dia as vacinas mais importantes, como antipneumocócica polissacarídica, gripe, H1N1, hepatite A e B, a fim de evitar mais agressões ao organismo e aos rins.

Saiba mais - Terapia de diálise ou transplante

A fase de terapia de diálise ou transplante tem início quando restam ao paciente em torno de 20% da função renal. À medida que a função renal se aproxima de 10% é fundamental preparar o paciente para o tratamento de substituição da função renal. Nessa etapa, é necessário conversar com o nefrologista sobre as possibilidades de transplante ou de diálise. A partir daí é necessário realizar os exames para o transplante renal e/ou providenciar uma via de acesso para diálise. A realização desses procedimentos permitirá que o paciente tenha menos complicações quando for iniciar a diálise ou submeter-se ao transplante de rim.

Fases da doença

Fase 1: Integra pessoas que fazem parte dos grupos de risco para o desenvolvimento da insuficiência renal: diabéticos, hipertensos, indivíduos com histórico familiar de IRC, entre outros Resultado do exame de taxa de filtração glomerular: 90 mL/min

Fase 2: Trata-se de indivíduos que têm lesão renal em estágio inicial, mas mantém níveis seguros de filtração glomerular (TFG entre 60 e 89 mL/min)

Fase 3A: Os rins ainda são capazes de manter o controle dos fluidos corporais. Entretanto, já apresentam perda de função, detectada apenas por meio de métodos eficientes de avaliação funcional (TFG entre 45 e 59 mL/min)

Fase 3B: O estado clínico do paciente é considerado bom, mas observam-se, por meio de avaliação laboratorial simples, alterações nos níveis de creatinina plasmáticos e de ureia. Nessa fase é comum os pacientes apresentarem somente sinais e sintomas ligados à causa básica: hipertensão arterial, lúpus, diabetes melitus e infecções urinárias. (TFG entre 30 e 44mL/min).

Fase 4: Paciente apresenta sinais e sintomas marcados de uremia, tais como sintomas digestivos, fraqueza, mal-estar, anemia, edema e hipertensão arterial. (TFG entre 15 e 29 mL/min)

Fase 5: O rim vem à falência, torna-se incapaz de regular o meio interno e configura-se perda significativa da função renal, incompatível com a vida. (TFG menor do que 15 mL/min).