quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quadrinhos

CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      ALVES
ALVES

Painel - Vera Magalhães

folha de são paulo
De Minas para o Brasil
O programa de TV do PSDB que vai ao ar hoje é uma tentativa de apresentar Aécio Neves como alguém capaz de dialogar de igual para igual'' com o eleitor mais pobre. Usando camisa para fora do jeans, o presidenciável tucano viaja de van pelo interior de Minas, conversando com artesãs, um agricultor e estudantes. O mote são programas criados por ele no governo do Estado. A crítica ao PT é focada na inflação: Aécio diz que o PSDB construiu a estabilidade, que estaria ameaçada.
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Símbolo Na roda de conversa sobre a volta da inflação, que toma 2 dos 10 minutos do programa tucano, uma eleitora diz que "o tomate chegou a dez reais o quilo''.
SP O aceno à ala paulista do PSDB fica por conta de trechos dos discursos de Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso e José Serra durante o evento em Brasília.
Não tá no gibi Do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), sobre Tereza Campelo ter viajado no auge da crise com o Bolsa Família, que coordena: "Para ver o Pateta, a ministra não precisava ir à Disney. Bastava visitar a presidência da Caixa''.
Na mira Acostumados a criticar a condução política de Ideli Salvatti (Relações Institucionais), peemedebistas agora apontam Gleisi Hoffmann como principal alvo de queixas no Planalto.
Escudo Henrique Eduardo Alves (RN) questionou a ministra da Casa Civil sobre as críticas feitas por ela ao PMDB em reunião de petistas anteontem, no Planalto. Ela se disse surpresa com a divulgação da declaração "fora de contexto'' e disse saber da importância do partido.
Opa Gleisi ainda discutiu com Renan Calheiros (PMDB-AL) devido à votação da MP da redução na conta de luz. Ao cobrá-lo por ter sido informada pela imprensa de que não haveria votação, teria ouvido de Renan que o presidente do Senado era ele.
Multiplicação Colaboradores da Rede estimam já ter recolhido cerca de 5.000 assinaturas para a criação do partido de Marina Silva em igrejas evangélicas. Foram distribuídas cerca de 60 mil fichas de apoio nos templos.
Pressão O PTB mobilizou dez prefeitos para fazer um périplo por gabinetes da Assembleia paulista, na semana que vem, defendendo a proposta que reduz o poder de promotores, de autoria do presidente estadual do partido, Campos Machado.
Pode ser A CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, solicitou estudo do Dieese e análise do seu departamento jurídico para decidir se acompanha a Força Sindical ação na Justiça pedindo a revisão do FGTS para filiados a seus sindicatos.
Álibi A Força Sindical diz que a reivindicação não é uma tentativa de desgastar o governo Dilma e usa o fato de a CUT estudar aderir à ação judicial como prova.
Sinto muito "Não tem a ver com quem apoia governo ou não. Se tivermos parecer dizendo que a questão lesa os trabalhadores, entraremos com ação", diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Veja bem A Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo diz que a proposta de revisão da Lei Orgânica não é sigilosa e pode ser consultada pelos procuradores no site do órgão.
Visita à Folha Fábio Jatene, presidente do Conselho Diretor do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Edison Tayar, diretor-executivo do Incor.
com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA
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TIROTEIO
"Este novo Pibinho' de 0,6% representa exatamente a nota que o governo medíocre da presidente Dilma Rousseff merece receber."
DO DEPUTADO RUBENS BUENO, líder do PPS na Câmara, sobre o resultado do PIB, divulgado ontem, que aponta crescimento de 0,6% no primeiro trimestre.
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CONTRAPONTO
Quem é o chefe?
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) explicava a ausência do ex-presidente Lula em evento com moradores de rua em São Paulo anteontem.
Disse que acabara de falar com ele por telefone e que ex-chefe havia lamentado não poder comparecer ao ato, no qual também estava o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), uma vez que se identificava com a causa.
--Ele me disse: Gilberto, eu até gostaria de ir, mas como já apareci ao lado do Haddad na segunda-feira, daqui a pouco vão dizer que sou subprefeito dele!' --justificou o ministro, citando as palavras do petista.

    A liberdade homoafetiva - FABIANA DAL’MAS ROCHA PAES


    O GLOBO - 30/05/2013

    Na França, protestos contra o casamento
    homoafetivo acabaram em
    prisões. Ali também, na cidade de
    Cannes, o filme vencedor do prêmio
    Palma de Ouro foi o “La vie d’Adèle”, sobre um
    casal de lésbicas. No Brasil, inédita resolução do
    Conselho Nacional de Justiça determinou que
    os cartórios de todo o País registrem os casamentos
    entre pessoas do mesmo sexo, as chamadas
    relações homoafetivas. O partido PSC
    ingressou com pedido para o reconhecimento
    da inconstitucionalidade da resolução nº 175/
    13 que tratou a questão. Em maio de 2012, o Supremo
    Tribunal Federal já havia reconhecido a
    união estável entre pessoas do mesmo sexo. Em
    que pese a existência da decisão do Supremo
    Tribunal Federal, muitos cartórios se negavam a
    celebrar o casamento, o que fazia com que os
    pretendentes tivessem que viajar de um Estado
    ao outro na busca deste direito.

    O movimento pela legalização de casamentos
    homoafetivos não é novo. Na América Latina já
    legalizaram os casamentos homoafetivos Argentina,
    Uruguai e México (em dois estados).
    África do Sul, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha,
    França, Holanda, Islândia, Noruega, Nova
    Zelândia, Portugal, Suécia, assim como seis
    estados dos EUA já aprovaram nos seus parlamentos
    o casamento homoafetivo. Portanto,
    podemos afirmar que a decisão do Conselho
    Nacional de Justiça brasileiro acompanha a tendência
    mundial, não apenas dos costumes, mas
    da evolução da jurisprudência e da legislação,
    em garantir os direitos fundamentais aos homens
    ou mulheres que desejam se casar e constituir
    família.

    A Constituição diz que o casamento é aquele
    entre o homem e a mulher (artigo 226), mas em
    nenhum momento veda o casamento entre pessoas
    do mesmo sexo, e mais do que isso, garante
    a igualdade entre todos os brasileiros, sendo vedada
    a discriminação (artigo 5º). A interpretação
    da lei não pode ser feita de forma literal,
    mas sim deve levar em conta todo o sistema jurídico,
    inclusive os tratados internacionais que
    foram ratificados pelo Brasil — e todos vedam a
    discriminação em razão do sexo.

    O relacionamento homoafetivo existe e sempre
    existiu desde as primeiras civilizações, mas
    o direito nem sempre acompanha a realidade. O
    Estado brasileiro é laico, portanto não admite
    interferências religiosas na formulação de leis.
    A palavra casamento não pode ser monopólio
    dos casais heterossexuais, como pretendem algumas
    correntes religiosas. As verdadeiras democracias
    protegem toda a população, até os
    grupos mais vulneráveis, e minorias como homossexuais,
    indígenas, pessoas com necessidades
    especiais, idosos, pessoas de distintas origens
    e etnias.

    Estamos caminhando para a modernidade e
    esta decisão deve ser celebrada pela sociedade
    brasileira. Há um largo caminho a ser percorrido.
    O próximo passo é a aprovação do Estatuto
    da Diversidade Sexual pelo Congresso Nacional
    para dispor acerca da vedação à homofobia, a
    possibilidade de casais homossexuais adotarem
    crianças e adolescentes, dentre outros direitos
    que devem ser expressamente garantidos. Ainda
    subsistem a intolerância, o preconceito, a violência
    e a homofobia. Ultrapassados estes obstáculos,
    poderemos assumir a vanguarda do sistema
    internacional de direitos humanos. 

    Fabiana Dal’mas Rocha Paes é promotora de Justiça
    e coordenadora do Núcleo de Direitos Sociais da
    região de Sorocaba (SP)

    Lei obriga prédio novo a reservar vaga para bikes

    Medida entrou em vigor ontem; reserva de vagas chega a 10% do espaço total
    Norma vale para os edifícios residenciais e comerciais, mas não se aplica para construções já existentes na cidade
    DE SÃO PAULOEstacionamentos de novos condomínios estão obrigados a ter vagas reservadas para bicicletas desde ontem.
    A lei foi regulamentada em decreto do prefeito Fernando Haddad (PT), publicado no "Diário Oficial" da Cidade.
    Na prática, os prédios novos serão obrigados a reservar para bicicletas parte das vagas que seriam destinadas aos demais veículos.
    A lei é válida também para shoppings, hospitais e outros prédios comerciais.
    As novas construções da cidade deverão reservar até 10% das vagas para as bikes, seguindo uma escala. Um estacionamento coletivo de mais de dez vagas terá que reservar uma para bicicleta. Já os com mais de cem vagas para carros terão que reservar espaço para cinco bicicletas.
    A nova regra não vale, porém, para estacionamentos e construções já existentes. Nessas situações, só será exigida a reserva em casos de reforma ou ampliação da área ou na renovação do alvará.
    O projeto, do vereador Marco Aurélio Cunha (PSD), havia sido sancionado em dezembro passado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), mas desde então não havia sido regulamentada.
    As vagas terão que ser reservadas no chão, ou seja, não valerão aqueles espaços com ganchos para pendurar as bicicletas. O projeto não estabelece espaço mínimo para elas nem como elas têm de ser armazenadas no chão. Fala apenas em número de vagas.

      O Dia do Fico da Dilma Bolada

      O Globo - 30/05/2013

      FACEBOOK PEDE DESCULPAS


      Personagem fictícia da presidente teve ‘post’ sobre Aécio apagado na rede social


      CÁSSIO BRUNO
      cassio.bruno@oglobo.com.br


      Desta vez, ela ficou bolada
      mesmo e quase cometeu
      um suicídio digital. A
      personagem fictícia Dilma
      Bolada, uma sátira à presidente
      Dilma Rousseff criada pelo estudante
      de Publicidade Jeferson
      Monteiro, de 23 anos, teve uma piada
      retirada do ar pelo Facebook no
      último sábado.

      O post ironizava o senador Aécio
      Neves (PSDB-MG), possível candidato
      à Presidência em 2014, fazendo
      referência a um processo de improbidade
      administrativa em que o
      tucano aparece como réu. O texto
      foi apagado três horas depois da publicação.

      Em nota divulgada ontem, o Facebook
      admitiu que o conteúdo foi removido
      indevidamente:

      “O conteúdo em questão foi reportado
      (denunciado) e nossos sistemas automáticos,
      elaborados para garantir a
      segurança dos usuários, removeramno
      indevidamente. Depois de termos
      sido alertados, o conteúdo foi recuperado
      e está no ar novamente. Lamentamos
      o inconveniente.”

      Com 340 mil seguidores na rede social,
      Jeferson Monteiro diz que pensou
      em acabar com o perfil depois da
      retirada do post, mas desistiu.
      — O caso foi resolvido. O Facebook
      voltou atrás. Hoje é o Dia do Fico da
      Dilma Bolada — brincou o estudante.

      Um dos trechos do texto apagado
      fazia referência ao governo de Aécio
      Neves em Minas Gerais. Nele, Dilma
      Bolada diz : “Engraçado,
      quanto será que o Sr. Never (trocadilho
      em inglês em cima do sobrenome
      de Aécio) está ganhando
      para contar piada no intervalo comercial
      no horário nobre? Falar
      de ética, se fazer de santo e inventar
      mentira contra mim é mole,
      querido. Quero ver falar do processo
      no qual você é acusado de
      desviar R$ 4 bilhões da Saúde do
      tão maravilhoso estado de Minas
      Gerais, que o senhor governou.”

      Segundo ação civil pública movida
      pelo Ministério Público em
      2010, R$ 4,3 bilhões da Saúde foram
      destinados aos cofres da
      Companhia de Saneamento de
      Minas Gerais, entre 2003 e 2008,
      quando Aécio era governador. Porém,
      conforme a ação, não há documentos
      no balanço da autarquia
      que comprovem os repasses.

      O blogueiro, morador de Mesquita,
      na Baixada Fluminense, repudiou
      o episódio:

      — Foi uma censura, uma atitude
      arbitrária.


      Pasquale Cipro Neto

      folha de são paulo
      (N)O mundo dos amados batistas
      É bom que se diga que não é preciso ser cristão para ter nojo da tortura, venha ela de onde vier
      Corriam os tristes anos 70, quase 80. Em seu memorável LP "Nos Dias de Hoje", Ivan Lins incluiu a canção "Aos Nossos Filhos" (melodia dele; letra de Vítor Martins).
      A gravação de Ivan é linda, mas a de Elis Regina é mais do que antológica. Encarnando cada palavra da pungente letra do ituveravense Vítor Martins, Elis chora e faz chorar qualquer ser humano minimamente sensível. Se você nunca ouviu a canção na voz de Elis, ouça-a. E tente saber do que tratam os versos de Vítor.
      Eis a letra: "Perdoem a cara amarrada / Perdoem a falta de abraço / Perdoem a falta de espaço / Os dias eram assim / Perdoem por tantos perigos / Perdoem a falta de abrigo / Perdoem a falta de amigos / Os dias eram assim / Perdoem a falta de folhas / Perdoem a falta de ar / Perdoem a falta de escolha / Os dias eram assim / E quando passarem a limpo / E quando cortarem os laços / E quando soltarem os cintos / Façam a festa por mim / Quando lavarem a mágoa / Quando lavarem a alma / Quando lavarem a água / Lavem os olhos por mim / Quando brotarem as flores / Quando crescerem as matas / Quando colherem os frutos / Digam o gosto pra mim".
      O tempo passou, as coisas mudaram (um pouco só, creio) etc., e, diferentemente do que ocorria naquela época, hoje o brasileiro pode dizer o que bem entender (ou quase isso).
      E aí vem um cantor e compositor popular --bem popular-- e concede uma entrevista em que declara que mereceu o "castigo" que lhe foi dado, já que ele "estava errado" e recebeu de quem representava o poder estabelecido o mesmo castigo que pais e mães podem dar a seus filhos a título de correção de comportamento, de conduta etc. O "artista" disse que seu "erro" foi ter usado de suas prerrogativas de funcionário de uma livraria para ceder a algumas pessoas livros considerados "subversivos".
      O cantor disse que foi preso e torturado, física e psicologicamente, mas não acha que seus torturadores erraram, embora ele não recuse os mil e tantos reais que recebe mensalmente por ter sido vítima dessa tortura.
      Como sempre digo neste espaço, é preciso saber ler as linhas e, sobretudo, as entrelinhas do que se diz ou se escreve. Em outras palavras, o tal "artista" disse que pais e mães podem torturar, se o objetivo é "corrigir". Enfim, quem faz coisa errada tem mesmo é que apanhar, ou, numa outra versão, menino levado tem mesmo é de ir para o pau de arara.
      É incrível como nessas horas sempre se esquece um princípio básico da Constituição, segundo o qual o Estado é responsável pela integridade dos que estão sob sua custódia. É mais do que incrível ler nas tais "redes sociais" baboseiras mil, de gente que não consegue de jeito nenhum ater-se à essência da coisa. Haja!
      Nisso tudo há uma grande ironia, que está no significado do nome e do sobrenome do autor da pérola: o termo "amado" dispensa explicações; "batista" é aquele que administra o batismo. Como se sabe, o batismo é o primeiro sacramento do cristianismo, cujos princípios dispensam explicações e teorias, mormente em pleno feriado de Corpus Christi. Definitivamente, não é nem um pouco cristão defender a tortura, seja lá qual for a razão de sua prática. E, é bom que se diga, não é preciso ser cristão para ter nojo da tortura, venha de onde vier.
      É, meu caro Vítor, o tempo passou, mas, para muita gente escura e sombria, os teus nobres versos ainda não se materializaram. Muita gente ainda não cortou os laços, ainda não soltou os cintos. A alma ainda não foi de todo lavada. A água também não foi lavada; continua suja, muito suja, talvez mais suja do que era quando lavraste os versos de "Aos Nossos Filhos". E os frutos, se é que foram colhidos, são ácidos, meu caro, e têm um gosto ruim, muito ruim. É isso.

      Janio de Freitas

      folha de são paulo
      Nem tanto enérgico
      Até a caduquice da MP, ficaram cinco dias e meio para a votação no Senado. No nosso calendário
      Mau uso de uma boa razão --assim se define a preferência do senador Renan Calheiros, presidente do Senado, por caducar a medida provisória que reduziu o custo da energia elétrica.
      Não havendo a Câmara deixado sete dias ao Senado para discutir e votar a MP, que caduca na segunda-feira, Renan optou por não a submeter ao plenário. Tal como dissera que faria, para forçar a Câmara a não remeter ao Senado medidas e projetos já nas vésperas de expirarem. Como se deu há duas semanas com o complicado projeto do novo sistema portuário.
      A palavra política do senador Renan já sofreu, dele mesmo, maus-tratos que a desacreditariam para sustentação assim firme. Mas, sobretudo, só na aparência a atitude de Renan atinge a Câmara de algum modo. O prejuízo é todo da população, ainda que, lá adiante, o governo fabrique um remendo para restabelecer a redução eliminada.
      Por trás da palavra defendida por Renan há, porém, algo de fato mais apropriado ao presidente do Senado. Entre a aprovação da MP na Câmara e sua caduquice na segunda-feira, ficaram, digamos, cinco dias e meio para a votação pelos senadores. No nosso calendário. No instituído pelos parlamentares brasileiros para o seu desfrute, seria um dia ou seria nenhum.
      A habitual chegada da turma para uma sessão a meia-bomba na terça e saída de Brasília na quinta, o mais cedo possível, alterou-se para melhor com o feriado de hoje. Então, contar com que senadores, velhos carrascos, fossem a Brasília para passar a terça e cair fora na quarta, em vez do enforcamento antes e depois do feriado, seria mais do que temeridade. Ou não seria Renan.
      Com disposição de votar a MP, em benefício da população, haveria até a possibilidade de convocar o Senado, se necessário, para sessões extraordinárias no feriado. Necessidade que só ocorreria caso os senadores se dessem ao trabalho de debater e negociar em torno da MP. Mas a quarta, sem a perspectiva do enforcamento, daria para a votação.
      À palavra de Renan não bastou ser perversa para se exibir coerente. Precisou ser, também, a conhecida cortina já de tantos encobrimentos.
      EMPREITADA
      Notabilizado como dono ou "dono" da empreiteira Delta, dada como parte do esquema operacional de Carlos Cachoeira, Fernando Cavendish foi agora condenado a quatro anos e meio por malversação de dinheiro público e superfaturamento no que seria a despoluição da lagoa de Araruama. A sentença permitirá, se confirmada, o regime semiaberto.
      Mas não esqueçamos: Cavendish é empreiteiro. Um tipo de ser que a Justiça brasileira tornou naturalmente incompatível com a reclusão, nem mesmo para apenas passar a noite.
      Está em discussão, no Judiciário, o fim do recolhimento noturno pelos condenados a regime semiaberto, por escassez de vagas. No máximo, haveria o recolhimento noturno à própria casa. Se não houver a dispensa total da pena.
      ERRO E ERRO
      A readmissão, para cargos altos, de dois exonerados na tal limpeza feita por Dilma Rousseff no Ministério da Agricultura contém um de dois erros. Ou o ministro Antonio Andrade deixou de explicar à opinião pública a readmissão por estar provada a inocência dos dois, ou os readmitiu apesar de não inocentados.
      A primeira hipótese é posta em dúvida por estarem Ricardo Pamplona e Marcos Leandro Junior ainda respondendo a inquérito. A segunda, se confirmada, não pode concluir-se na demissão só dos dois.

        O Grupo Galpão reencontra esta noite o teatro de rua num espetáculo mágico - Carolina Braga‏

        Galpão estreia Os gigantes da montanha, de Pirandello, hoje à noite, na Praça do Papa. Espetáculo marca o retorno do grupo ao teatro de rua, com direção de Gabriel Villela 


        Carolina Braga

        Estado de Minas: 30/05/2013 


        Teuda Bara, Inês Peixoto e Eduardo Moreira

        Chegou a hora de Os gigantes da montanha se encontrarem com os olhos do público de Belo Horizonte. É assim que a atriz Inês Peixoto fala da estreia da noite de hoje, marcada para 20h, na Praça do Papa. Já são 31 anos de experiência e até hoje os atores do Grupo Galpão não escondem que às vésperas da apresentação inaugural dá um frio na barriga. Afinal, são muitos os motivos que tornam a data especial.

        É o reencontro com o diretor Gabriel Villela depois de 19 anos e duas obras-primas, Romeu e Julieta e A Rua da Amargura. Também é a volta da companhia aos pés da Serra do Curral com uma montagem inédita. No ano passado, as emoções ficaram à flor da pele na reestreia de Romeu e Julieta no mesmo local, sob o olhar atento de uma plateia de mais de 5 mil pessoas. Embora os atores não arrisquem palpites sobre o número de pessoas esperadas para a noite de hoje, sabem que será em clima de celebração. Nas palavras do diretor Gabriel Villela, será “uma epifania”. O clima da peça de Luigi Pirandello favorece esse sentimento.

        Os gigantes da montanha tem detalhes que dialogam profundamente com a história do Galpão. É um espetáculo de rua. É popular. É musical. É colorido e rico em referências e significados. Claro que os elementos que marcam a escrita cênica de Gabriel Villela estarão presentes. As sombrinhas, por exemplo, estão espalhadas pelo palco, formado por 12 mesas construídas em madeira de demolição. Vale prestar atenção em todos os detalhes da cena. Há tecidos que vieram do Peru e de países longínquos, como Mianmar.

        A fábula, escrita em 1936, ficou inacabada por causa da morte do autor, vítima de pneumonia. No leito de morte, Pirandello narrou o roteiro final ao filho, mas mesmo assim a peça ainda é considerada uma obra aberta. A história gira em torno da chegada de uma trupe de atores a um lugarejo misterioso. Mais que falar sobre o teatro, o espetáculo chama a atenção dos espectadores para a importância da arte e da poesia na vida das pessoas.

        Além de ser o reencontro do Galpão com o teatro de rua depois de duas experiências em palco italiano, com textos do russo Antón Tchekov, a peça também marca a reaproximação da trupe com o tipo de espetáculo que consagrou a companhia. Ou seja, assim como em Romeu e Julieta, A Rua da Amargura, Um Molière imaginário e Till, os atores vão cantar e tocar ao vivo enquanto encenam a trama.

        No exercício de revelar a poção popular na dramaturgia do italiano Luigi Pirandello, Gabriel Villela e os companheiros de empreitada mergulharam no cancioneiro do país. Os gigantes da montanha tem a música como o ponto de conexão entre o público e o teatro. Detalhe: será uma viagem ao tempo e à terra natal do dramaturgo, mas com fortes referências a Minas Gerais, como também é tradição no trabalho da companhia. Isso sem dispensar toques espanhóis e franceses.

        Composta por 13 canções, a trilha sonora foi escolhida por Gabriel Villela. Nela estão composições de Nino Rota, como La arrabiatta, presente no filme Amor e anarquia, de Lina Wertmüller, assim como peças de Bizet (Les pêcheurs de perles), Sergio Endrigo (Io che amo solo te), Jimmy Fontana (Il mondo). Há também canções populares que marcaram a resistência italiana, como Bella ciao e Nina nana tidoletto.

        OS GIGANTES
        DA MONTANHA


        De Luigi Pirandello, com o Grupo Galpão e direção de Gabriel Villela

        Horário e local

        Hoje, amanhã e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, na Praça do Papa. Entrada franca.

        Quem foi Pirandello


        Natural de Agrigento, na região da Sicília, nascido em 1867, Luigi Pirandello foi dramaturgo, poeta, contista e romancista. Entre suas peças mais conhecidas estão Henrique IV e Seis personagens à procura de um autor. Em 1934, conquistou o Nobel de Literatura. Sua obra explora temas relacionados aos bastidores do fazer cênico. Morreu em 1936, vítima de pneumonia, antes de terminar Os gigantes da montanha.

        O enredo

        Dividido em dois atos, Os gigantes da montanha narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila isolada do mundo, governada pelo mago Cotrone. A trupe encontra-se em declínio por obsessão de sua atriz, a condessa Ilse, em montar A fábula do filho trocado. Insistindo que o grupo permaneça no lugarejo, representando apenas para si mesmos, Cotrone constrói os fantasmas dos personagens que faltam para completar o elenco. No entanto, a condessa Ilse insiste que o espetáculo deve ser visto por um grande público. A solução será chamar os Gigantes da montanha, povo vizinho que não valoriza a arte.

        Canções do espetáculo


        La arrabiatta, de Nino Rota; Il mondo, de Jimmy Fontana; Jesus bambino, de Lucio Dalla; Ciao amore ciao, de Luigi Tenco; Io che amo solo te, de Sergio Endrigo; Bella ciao e Nana, nana tidoletto, canções populares da resistência italiana; La golondrina, de Narciso Serradell Sevilla; Les pêcheurs de perles, de Georges Bizet.

        Palco e bastidores

        Elenco: Antonio Edson (Cromo), Arildo de Barros (Conde), Beto Franco (Duccio Doccia/Anjo 101), Eduardo Moreira (Cotrone), Inês Peixoto (Condessa Ilse), Júlio Maciel (Spizzi/Soldado), Luiz Rocha (Quaquèo), Lydia Del Picchia (Mara-Mara), Paulo André (Batalha), Regina Souza (Diamante/Madalena), Simone Ordones
        (A Sgriccia), Teuda Bara (Sonâmbula).

        Direção:
        Gabriel Villela. Assistência de direção: Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro. Tradução: Beti Rabetti. Antropologia da voz: Francesca Della Monica. Direção musical e arranjos: Ernani Maletta. Preparação vocal: Babaya. Iluminação: Chico Pelúcio e Wladimir Medeiros.

        Duração do espetáculo

        Uma hora e 20 minutos

        Como chegar à Praça do Papa

        Para quem vai de ônibus, a linha 4103 sai do Centro e para na Praça do Papa. Outras opções são as linhas 4108 (descer na Av. Agulhas Negras e caminhar 550 metros) ou a 4111 (descer na Av. Bandeirantes e caminhar 1.300 metros). Não há estacionamento no local.

        Dicas para o público

        • Proteja-se do frio. Leve agasalhos extras, já que nesta época do ano venta muito na Praça do Papa.

        •  Chegue cedo. Estreias do Grupo Galpão já se tornaram tradição no local. Apesar da grande capacidade de receber público, há muitos pontos cegos na praça.

        •  Respeite o momento da apresentação. Afinal, trata-se de uma peça de teatro e não um show de rock.

        Próximas apresentações

        8 e 9 de junho, às 18h. Parque Ecológico da Pampulha. Entrada franca.




        De volta à praça

        “Rezarei para que Santa Clara nos dê uma noite estrelada, livre de ventos fortes e chuva, para celebrar esse novo encontro do Grupo Galpão com a genialidade de Gabriel Villela. Através da fábula de Pirandello, poderemos sentir a vibração de nossos corações evocando poesia e sonho para nossas vidas!”
        Inês Peixoto, atriz

        “Encontrar o público de Belo Horizonte, na rua, é sempre uma festa e uma grande alegria. Espero que Os gigantes da montanha ajude de alguma maneira a despertar nas pessoas o desejo de imaginar, sonhar, buscar novos limites e dimensões. No fundo, a peça fala da capacidade que a arte tem – e precisa desenvolver – de fazer com que as pessoas busquem outros horizontes, novas perspectivas.”

        •  Eduardo Moreira, ator

        ‘‘É bom voltar para a Praça do Papa, esse cenário natural. Que nossos amigos e o público querido recebam o Galpão de braços abertos. Vai ser bonito e poético!’’
        •  Teuda Bara, atriz

        “Estar junto com o Galpão e Pirandello e celebrar essa união no teatro grego da Praça do Papa, com o público de Belo Horizonte, é a verdadeira epifania teatral.”
        •  Gabriel Villela, diretor



        Galpão busca poesia em canções italianas 


        Trilha sonora e antropologia vocal marcam preparação do novo espetáculo do grupo 


        Carolina Braga



        O diretor Gabriel Villela e a italiana Francesca Della Monica: parceria internacional

        Se de uma forma ou de outra a música sempre esteve presente nas criações do Grupo Galpão, o pulo do gato desta vez é o trabalho de antropologia da voz desenvolvido com a performer italiana Francesca Della Monica. Ela chegou até o grupo por indicação do diretor musical e arranjador Ernani Maletta, que a conheceu em 2006. “Fiquei muito encantado com as coisas que ela falou e fui para a Itália fazer o meu pós-doc. Chegando lá, me apresentou para o país inteiro e pensei: ‘Preciso espalhar a genialidade da Francesca pelo Brasil’”, conta.

        Desde 2011, Francesca Della Monica faz intercâmbio com artistas brasileiros. A metodologia dela propõe ao ator relações diferentes com o espaço e o próprio corpo. “É um trabalho de libertação vocal. Por intermédio de alguns exercícios favorece a busca de uma sonoridade”, explica Ernani. Assim que começou os treinamentos com o Galpão, Francesca iniciou um trabalho de reconhecimento da identidade vocal de cada um dos atores para, depois, adequá-los ao espetáculo.

        “Partimos do nosso desejo de cantar, de expressar alguma coisa e depois disso procuramos uma técnica que nos ajude a expressar aquele desejo”, conta Ernani, já com o Galpão há 21 anos. Para a preparadora vocal Babaya, a parceria com Francesca chega em momento de maturidade da companhia. “De renovar técnicas mesmo. É uma linguagem que traz um sopro de novidade”, avalia.

        Lúdico Há quatro anos, Francesca Della Monica participou de outra montagem de Os gigantes da montanha na Itália. Segundo ela, a cena proposta por Gabriel Villela em nada se compara à versão italiana. “É completamente diferente. As escolhas do Gabriel são lúdicas”, define.

        Como conterrânea do dramaturgo, Francesca entende a trilha sonora como outro modo de se apropriar do cancioneiro italiano, propondo maneira singular para cantá-la. Como são brasileiros interpretando em outro idioma, o sotaque é inevitável. Mas, para ela, até isso é um charme. “É um suplemento de poesia que também nos fala sobre o relacionamento da Itália com o Brasil, que é tão importante. Do mesmo modo que essas canções chegaram aqui, é importante que o sotaque se mantenha presente no modo de cantar”, frisa.

        Francesca Della Monica não poupa elogios ao profissionalismo do Galpão. A italiana se surpreendeu com a estrutura da companhia. Para se ter uma ideia, a criação de Os gigantes da montanha envolveu a transferência do ateliê de Gabriel Villela para a sede do grupo, no Horto. Junto com ele vieram Shicó do Mamulengo e Zé Rosa, responsáveis pela execução dos figurinos e todos os adereços de cena. É impossível contar quantos são.

        “Importado” do Rio Grande do Norte, Shicó modelou desde caveiras até máscaras decoradas com palha de bananeira. Zé Rosa, por sua vez, se dedicou aos bordados, trazidos pelo diretor das viagens pelo Peru e reestilizados para o espetáculo, e também as sombrinhas, desta vez rendadas, marca registrada da visualidade barroca e popular de Gabriel Villela.