quinta-feira, 7 de agosto de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 07/08/2014



 (Discovery/Divulgação)

Tudo em casa


“Bonitões com conteúdo reforçam as Quintas em casa do Discovery Home & Health.” Assim a emissora anuncia suas duas novas atrações que estreiam hoje: Sua casa em boas mãos (foto), às 21h30, e Irmãos à obra – Compra e venda, às 22h20. Além dos tais bonitões, as produções têm em comum o objetivo de dar dicas práticas sobre reforma e decoração e mercado imobiliário.

Garoto entra de penetra
em show e grava o vídeo


Novidade também na MTV, com a estreia de No cameras allowed – É proibido filmar, às 22h. O personagem central é James Marcus Haney, um garoto apaixonado por música que vive mil aventuras ao tentar entrar de penetra nos maiores festivais de música do mundo. No canal Bis, hoje tem Soundcheck, com uma apresentação de Mark Knopfler na série Live at the Atrium. Em tempo: outro músico, o vocalista do AC/DC Brian Johnson, apresenta o programa Carros alucinantes, que estreia às 21h, no Discovery Turbo.

Que tal pegar onda com
o campeão Kai Lenny?


No canal Off, a novidade é Kai Lenny, série de sete episódios sobre a vida do hexacampeão mundial de stand up paddle, mostrando aspectos da cultura havaiana e a interação dele com os principais atletas do mundo que residem e praticam esportes de ação na região de Mauí e Oahu, no Havaí. No ar às 21h30.

Ler ou não ler o manual?
Eis aí uma boa questão


Manuais de instruções despertam diferentes sentimentos nos consumidores. Há os que devoram todos a cada compra e, por outro lado, muitas pessoas nem sequer os abre quando desembrulham seus equipamentos. Esse é o assunto de Desafiando o manual, série que o canal History estreia hoje, às 22h. A cada episódio, os apresentadores Ed Sanders e Marcus Hunt vão operar aparelhos avançados e perigosos, um seguindo e o outro ignorando seu guia de funcionamento.

Telecine faz festa para
a bela Charlize Theron


O Telecine Action preparou um especial para comemorar hoje os 39 anos de Charlize Theron, exibindo em sequência os filmes Aeon Flux, às 20h15, e Prometheus , às 22h. O Megpiax também montou uma sessão dupla com Tudo mundo em pânico 2 e 3, a partir das 22h35. Na faixa das 22h, o assinante tem seis boas opções: Vai que dá certo, no Telecine Fun; A teoria do amor, no Telecine Touch; Bom-dia, Vietnã, no Telecine Cult; O incrível mágico Burt Wonderstone, na HBO 2; Chicago, no Studio Universal; e Entre a loura e a morena, na Cultura. Outras atrações da programação: O banheiro do papa, às 21h30, no Arte 1, e Separados pelo casamento, às 22h30, na TNT.



CARAS & BOCAS » Vilã incansável
Simone Castro

Drica Moraes interpreta a esperta Cora na novela Império (Juliana Torres/Divulgação )
Drica Moraes interpreta a esperta Cora na novela Império
No primeiro encontro, ela prometeu dar trabalho ao Comendador. Em Império (Globo), Cora, que foi decisiva para que José Alfredo saísse da vida de sua irmã, Eliane, prepara uma ofensiva implacável para que sua sobrinha, Cristina, ponha a mão na fortuna de seu desafeto. No capítulo de ontem, Cora, interpretada por Drica Moraes, mais uma vez deu mostras de que é capaz de tudo. Ao perceber que José Alfredo está em frente à sua casa e que vai se afastando ao vê-la, a vilã simplesmente se joga na frente do carro dele, a fim de forçá-lo a ouvi-la. E não apenas José Alfredo ficará preocupado com as atitudes de Cora. Maria Marta já foi a campo com seus próprios métodos para tentar barrar Cristina e os herdeiros do milionário estão na maior expectativa sobre o futuro. Aflitos, os filhos José Pedro e Maria Clara querem saber a opinião do advogado da família sobre a questão da paternidade de Cristina, depois que Cora invadiu a empresa do pai. “Acho que essa história já está durando demais para não ser verdadeira”, opina. Mas ele adianta: “Seu pai deve tomar providências imediatas a respeito, mas é ele quem decide quais e quando”. Será que José Alfredo terá como se livrar do cerco de Cora?

ALTEROSA NO ATAQUE E
O MELHOR DO ESPORTE


Fique por dentro do que é notícia no esporte em Minas Gerais, no Brasil e no mundo com o Alterosa no ataque. De segunda a sexta-feira, às 19h10, com apresentação de Jaeci Carvalho.

ENCONTRO COM PAIS DE
ATORES MIRINS NO SBT


Foi realizada quinta-feira, no auditório da sede do SBT, em Osasco (SP), a primeira de uma série de quatro palestras com os pais dos atores mirins da novela Chiquititas e da série Patrulha salvadora. Sempre preocupada com o desenvolvimento do elenco de suas tramas, a autora Iris Abravanel convidou a palestrante Mônica Splendore para participar do projeto, que visa ajudar os pais a lidar melhor com o desenvolvimento das relações familiares, de trabalho e emocionais para a construção de um futuro saudável de seus filhos. Na pauta, temas como autoridade, disciplina, valores sociais e até questões ligadas à sexualidade.

VIVA REPRISA ESPECIAL
COM PAULO COELHO


“Sibéria, a missão de um mago”, série de reportagens feitas por Glória Maria, que acompanhou o escritor Paulo Coelho numa viagem pela Ferrovia Transiberiana e que foi exibida em 2006, no Fantástico (Globo), será reprisada no canal Viva (TV paga), a partir do dia 18.

PAOLLA OLIVEIRA VAI
ESTRELAR MINISSÉRIE


Depois da Paloma em Amor à vida (Globo), Paolla Oliveira já foi escalada para novo trabalho. Ela vai protagonizar a minissérie Felizes para sempre, que deve ir ao ar em janeiro do ano que vem na emissora. Trata-se de uma adaptação de Quem ama não mata, que foi ao ar no mesmo canal em 1982. Na trama, um assassinato desfaz um casamento até então tido como um dos mais felizes. As gravações começam ainda neste mês.

ESTREIA AO VIVO

Marcada para estrear em setembro nos Estados Unidos, parte da terceira temporada da série Nashville será transmitida ao vivo, de acordo com o Entertainment tonight. Assim, os telespectadores poderão acompanhar shows dos personagens Will Lexington (Chris Carmack) e Deacon Claybourne (Charles Esten), diretamente do Bluebird Café. À exceção das duas apresentações musicais, o restante do episódio será gravado. Na atração, que no Brasil é exibida pelo canal Sony (TV paga), a trama tem como personagem central a  decadente Rainha do Country Rayna James (Connie Britton), que se vê ameaçada pela jovem cantora Juliette Barnes (Hayden Panettiere).

VIVA
José Alfredo, protagonista de Alexandre Nero em Império. O personagem mistura drama e humor na dose certa. Nero e Lília Cabral (Maria Marta) batem um bolão.

VAIA
Jonas Marra (Murilo Benício) não transmite um pingo de verdade quando diz a Verônica (Taís Araújo) que a ama, em cena de Geração Brasil (Globo). Casal sem química.

Clássico para todos

Clássico para todos 

Turíbio Santos abre hoje à noite o projeto Viva os mestres, que vai até sábado com recitais em torno das obras de Heitor Villa-Lobos, Frédéric Chopin e Richard Strauss

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 07/08/2014


Turíbio Santos, violonista     (Paulo Araújo/CB/D.A Press)
Turíbio Santos, violonista


Com tempo livre como qualquer garoto de 15 anos, Turíbio Santos foi o escolhido para, numa tarde quente do Rio de Janeiro de 1958, assistir a uma conferência de Heitor Villa-Lobos, na Urca. Já colaborador de Hermínio Bello de Carvalho no programa Violão de ontem e de hoje, da Rádio MEC, o então adolescente ouviu dele: “Leve seu caderninho e anote tudo o que ele falar”. Só três pessoas foram ao encontro. Sem pestanejar, Villa-Lobos convidou o trio para sentar-se com ele à mesa. Falou por três horas. Turíbio anotou absolutamente tudo. O tal caderninho resultou, muitos anos mais tarde, no livro Villa-Lobos e o violão, que Turíbio publicou pelo Museu Villa-Lobos, instituição que dirigiu por 24 anos. Depois daquela tarde, o violonista nunca mais viu Villa-Lobos, que morreu em novembro de 1959, aos 72 anos.

“Ele é tocado no mundo inteiro. Eu diria que a coluna vertebral dos royalties que recebo vem do violão. Villa-Lobos é uma espécie de Chopin do violão”, afirma Turíbio, o mais conhecido dos intérpretes da obra para violão de Villa-Lobos – e também um dos mais antigos em atividade, já que desde os 12 anos o hoje senhor de 71 se dedica a executar seus choros, prelúdios e estudos. É com Turíbio ao violão, homenageando Villa-Lobos pelos seus 55 anos de morte, que tem início hoje, no Teatro Bradesco, o projeto Viva os mestres. A programação se estende até sábado. Amanhã, Frédéric Chopin ganha homenagem pelos s

Turíbio não vai se apresentar sozinho nesta noite. Terá como companhia os também violonistas Fernando Araújo, Celso Faria e Gilvan de Oliveira, além do flautista Mauro Rodrigues. Celso Faria, por sinal, realizou há dois anos dissertação pela UFMG em torno da obra de Turíbio. A pesquisa foi sobre a chamada Coleção Turíbio Santos, projeto realizado ao longo de 1970 e 1980, em que o violonista busca criar um novo repertório para o instrumento, por meio de temas encomendados a sete compositores brasileiros. No concerto de hoje, além das obras de Villa-Lobos, serão apresentadas ainda peças de Francisco Mignone e Radamés Gnattalli.

Depois da morte de Villa-Lobos, tudo ocorreu muito rápido na trajetória de Turíbio. A viúva do compositor das Bachianas brasileiras, Arminda Neves d’Almeida, criou em 1960, no Palácio Gustavo Capanema, o Museu Villa-Lobos – desde 1982, a instituição funciona num casarão em Botafogo. Turíbio fez em 1961 um recital com peças de Villa-Lobos. Assistido por Arminda na ocasião, foi convidado por ela, já em 1962, para tocar a primeira versão integral dos 12 estudos do maestro. E isso foi apenas o começo de uma relação que se estreitou ao longo das décadas. “Ela foi como uma mãe para mim”, recorda.

Ainda na década de 1960, começando sua carreira internacional, Turíbio venceu o Concurso Internacional de Violão promovido pela Rádio e Televisão Francesa, o que fez com que estreitasse laços com o país onde viveu por 20 anos. Com uma versão popular para o Concerto de Aranjuez, Aranjuez, mon amour, virou um best-seller, vendendo muito mais do que o esperado. Maior gravadora francesa de música clássica, a Erato Records fez a ele um convite: registrar em novo álbum um autor latino. A ideia era continuar com a música espanhola. Turíbio bateu o pé e disse que tinha uma coisa muito melhor: os 12 estudos de Villa-Lobos. “Argumentaram que eu era muito jovem para fazer exigência, que ele estava fora de catálogo. Mas acabaram aceitando. E vendeu feito batatinha”, relembra. Agora com poder de fogo, gravou também Villa-Lobos com orquestra. “Fizeram um contrato de exclusividade comigo. Fora 18 discos em 18 anos”, diz.

Para Turíbio, a obra em violão de Villa-Lobos tem um grau de dificuldade mediana. “Não posso dizer que é fácil, mas também não é dificílima. É uma expressão muito contundente.” Turíbio não vê precedentes no Brasil para a extensão do que Villa-Lobos fez. “Entre 1930 e 1945, ele assumiu um programa de educação musical que nunca havia sido feito no país. Enchia estádios do Fluminense, do Vasco, formou uma quantidade enorme de professores de música, além de uma geração de músicos. Tom Jobim, Egberto Gismont, Edu Lobo e por aí vai.” Já na lembrança daquele garoto de 15 anos, o que Turíbio guarda do maestro foi uma personalidade fantástica. “Ele era bonito, parecia com o Artur da Távola, com o entusiasmo do Darcy Ribeiro.”


Vida de concertista

Nascido em 1943 em São Luís, Maranhão, e radicado desde a primeira infância no Rio de Janeiro, Turíbio Santos tem pelo menos um disco para cada ano de vida. Professor – criou o curso de violão da UFRJ e da Uni-Rio –  e gestor – dirigiu a Sala Cecília Meirelles e o Museu Villa-Lobos –, em meio à sua franca produção ainda encontrou tempo para escrever alguns livros. O mais novo, que ele traz a Belo Horizonte, é sua autobiografia, Caminhos, encruzilhadas, mistérios (editora ArtViva).

“Já tinha uma biografia feita pela revista Chronos, da Uni-Rio, e outra pela Zahar, Mentiras ou não, mas faltavam algumas informações, já que produzi muita coisa.” O texto de próprio punho, escrito em ordem cronológica – “escrevo razoavelmente bem, sem falsa modéstia” – e bastante ilustrado, busca ligar todos os fatos que marcaram a trajetória de Turíbio.

“Viver fora do país (foram 10 anos em Paris e outros 10 divididos entre o Rio e a capital francesa) provocou um movimento de solidão em mim. E o violão clássico é um instrumento muito solitário. O que a gente faz é muito difícil, pois tudo é microscópico, tem muitas minúcias. Além do mais, é um instrumento com um repertório relativamente pequeno.”


Programação

» Hoje
Recital de violão em homenagem a Heitor Villa-Lobos com Turíbio Santos e convidados (Fernando Araújo, Celso Faria e Gilvan de Oliveira nos violões e Mauro Rodrigues na flauta)

» Amanhã
Recital de piano em homenagem a Frédéric Chopin, com Giulio Draghi e Luiz Gustavo Carvalho

» Sábado
Recital de cordas e canto em homenagem a Richard Strauss com Baptiste Rodrigues (violino), Eliseu Barros (viola), Svetlana Tovstukha (cello), Luiz Gustavo Carvalho (piano) e Eliane Coelho (soprano)


VIVA OS MESTRES
De hoje a sábado, às 20h30, no Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia).

Desespero por ajuda

Profissionais imploram solução urgente para conter epidemia de ebola que já matou quase 4 mil africanos. OMS se reúne para definir se doença atingiu emergência mundial
Estado de Minas: 07/08/2014


Liberianos rezam pelo fim do martírio em seu país, onde o vírus avança mais rapidamente    (Zoom Dosso/AFP  )
Liberianos rezam pelo fim do martírio em seu país, onde o vírus avança mais rapidamente


Funcionários da saúde no Oeste da África fizeram um apelo ontem por ajuda urgente para controlar o pior surto de ebola em quase quatro décadas de história da doença. O saldo de mortos chegou a 932, segundo último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). A Libéria fechou um hospital onde vários agentes foram infectados. A epidemia de febre hemorrágica sobrecarregou os rudimentares sistemas de saúde pública e levou ao destacamento de tropas para impor quarentenas nas áreas mais atingidas, na região remota das fronteiras entre Guiné, Libéria e Serra Leoa.

Enquanto isso, o Comitê de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), que se reúne desde ontem em Genebra, dirá na sexta de manhã se a epidemia de febre hemorrágica representa uma emergência de saúde pública de alcance mundial. Tal status é definido como um evento extraordinário suscetível de representar um risco de saúde pública para outros Estados, com a expansão da doença a nível internacional e que requer, potencialmente, uma resposta coordenada neste âmbito. O alarme global com a propagação da doença aumentou quando o norte-americano Patrick Sawyer morreu na Nigéria no mês passado depois de passar pela Libéria.

No país, onde o saldo de mortos cresce mais rápido (são 282 mortes), moradores em pânico abandonam corpos de familiares nas ruas de Monróvia para evitar quarentenas. O hospital católico St. Joseph foi fechado depois que o diretor morreu de ebola, disseram autoridades, e seis funcionários testaram positivo, incluindo duas freiras e o padre espanhol Miguel Pajares, de 75 anos.

Muitos hospitais e clínicas convencionais foram forçados a fechar no país, muitas vezes porque os próprios funcionários temem contrair o vírus ou por causa de episódios de violência de locais que acreditam que a doença é uma conspiração governamental. O país mobilizou o Exército para implementar controles e isolar as comunidades atingidas com maior gravidade, a chamada operação “Escudo Branco”. A vizinha Serra Leoa afirmou ter implementado novas restrições no aeroporto e estar pedindo aos passageiros que preencham formulários e meçam a temperatura. No Leste, militares criaram bloqueios nas estradas para limitar o acesso às áreas infectadas.

 Na Nigéria, quarto país a ser afetado, o número de casos suspeitos subiu de quatro para nove. "Todos os nigerianos diagnosticados foram contatos primários de Patrick Sawyer, que trabalhava para o ministério das Finanças da Libéria e foi contagiado por sua irmã", explicou o ministro de Saúde, Onyebuch Chukwu. Sawyer viajou à Nigéria, país mais populoso do continente africano e morreu em quarentena no dia 25 de julho. Os números da OMS não fazem menção à Arábia Saudita, onde um homem morreu quarta-feira depois de voltar de uma viagem de negócios em Serra Leoa.

Droga experimental é expectativa 

Criticada por pesquisadores e especialistas da área de saúde por dar uma resposta tímida à epidemia, a OMS considera as implicações éticas da liberação de drogas que ainda não foram testadas em humanos. A OMS disse que deverá promover um encontro de especialistas em ética médica na próxima semana. “Estamos numa situação incomum neste surto. Temos uma doença com alta taxa de mortalidade, sem nenhum tratamento ou vacina comprovados”, disse a diretora-geral-assistente da OMS, Marie-Paule Kieny, em comunicado. “Precisamos pedir aos especialistas em ética orientação sobre qual é a coisa responsável a se fazer agora.”

O comunicado da OMS diz que o padrão “ouro” para avaliação de novos medicamentos envolve uma série de testes em humanos, começando em pequena escala para garantir que o medicamento é seguro, e que o princípio orientador é o de não fazer mal. Não há vacina ou remédio registrado contra o vírus, mas há várias opções experimentais em desenvolvimento. O tratamento dado a dois trabalhadores norte-americanos da área médica consiste em proteínas chamadas anticorpos monoclonais, que se amarram ao vírus e o desativam. Esse tratamento só havia sido testado em animais de laboratório. A OMS é criticada por pesquisadores e especialistas da área de saúde por dar uma resposta tímida à epidemia.

Eduardo Almeida Reis-Cambistas‏

No Brasil, cambista é aquele que adquire ingressos para espetáculos públicos com a finalidade de revendê-los, fora das bilheterias, por preço maior do que o oficial


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 07/08/2014




Comparado com o mensaleiro, o homicida, o estuprador, o latrocida e mesmo com o batedor de carteiras, o cambista só comete ato infracional. No Brasil, cambista é aquele que adquire ingressos para espetáculos públicos com a finalidade de revendê-los, fora das bilheterias, por preço maior do que o oficial. Se adquire os ingressos, portanto,I paga por eles e corre o risco de não encontrar compradores por preço maior do que pagou, bem como de ficar com os ingressos encalhados. Não consigo ver crime em sua atividade.

Vejo no Google em cambista crime uma análise que combina com o meu philosophar: “Na esteira da criminalização da pobreza brasileira, o legislador federal presenteou os brasileiros recentemente com mais uma figura criminal: o cambista”.

Mais adiante: “Claro, cambista é coisa de gente pobre. Atividade de quem necessita fazer dinheiro até no momento do lazer alheio, produzindo lucro com algum esforço, tempo e risco. Típico de quem não consegue possuir renda satisfatória pelos meios socialmente mais desejados. Sim, gera renda informal. Trabalho informal para pessoas informais. Pobreza que se alimenta da impaciência dos mais abastados do capitalismo”.

Todavia, desde 27 de julho de 2010, o legislador do Brasil trata o cambista da seguinte forma: “Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao estampado no bilhete: Pena – Reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa”.

E o besteirol legal vai por aí, para terminar com a observação do jurista Juarez Cirino dos Santos, in Direito Penal, da Conceito Editorial, 2010, pág. 450: “Como diria Wacquant, é o Direito Penal que visa recolher e armazenar os (sub) proletários tidos como inúteis, indesejáveis ou perigosos”.

Agora, ouçamos o philosopho: é claro, como também é lógico e evidente, que a quadrilha dos cambistas da Copa das Copas, mancomunada com a organização criminosa chamada Fifa, é diferente e merece reclusão espichada. Como também deve ser preso e condenado a remar nas galés o imbecil que paga R$ 50 mil (cinquenta mil reais!) por um ingresso para a final da Copa. Com esse dinheiro, que só pode ter sido roubado, assiste ao jogo pela tevê em tela imensa, muito melhor do que no estádio, comendo caviar iraniano, bebendo hectolitros de champanhe Dom Pérignon, cercado de senhoritas desnudas.

Nota de um philosopho que acaba de ler o Estatuto do Torcedor: o Art. 41-G comina pena de reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.

Eleições

Terminada a Copa das Copas teremos eleições em outubro. Funkeiros, pagodeiros e celebridades de variado coturno são candidatos em todos os estados da federação. Cavalheiro ou dama com um mínimo de competência funkeira ou pagodeira ganha, por show, muito mais que por mês os deputados federais ou os senadores. Celebridade do quinto escalão recebe para aparecer numa festa, só aparecer ou, como há quem diga, prestigiar, três ou quatro vezes mais do que um ministro ganha por mês.

Donde se conclui que funkeiros, pagodeiros e celebridades se dividem em dois grupos: os que pensam fazer algo pelo Brasil e os que pretendem, roubando, ganhar muito mais do que nas atividades em que se destacam. Qual seria a saída? Confesso que não sei e faço minhas as palavras do Tiririca, palhaço profissional, quando se candidatou a deputado federal como puxador de votos: “Pior do que está não pode ficar”. Parece que ajudou a eleger com os seus votos o inacreditável Valdemar da Costa Neto, que revoluciona a gastronomia mundial gerenciando durante o dia um restaurante no Planalto Central e dorme na cadeia.

Mesmo sem funkeiros, pagodeiros e celebridades, nossos políticos são isto que se vê. Se a generalização é injusta e descabida, retifico: 90% dos políticos são de lascar. Há quem defenda a anarquia, teoria política e social segundo a qual o indivíduo deveria desenvolver-se livremente, emancipado de toda tutela governamental.

Com as andorinhas e as sardinhas deve funcionar, ou será que as aves passeriformes da família dos hirundinídeos e os vários peixes teleósteos clupeiformes da família dos clupeídeos têm tutela governamental? Na espécie humana, qualquer iniciativa na esperança de melhorar as coisas passa pela educação ampla, geral, irrestrita, obrigatória, eficiente. Do jeito que está, sei não.

O mundo é uma bola

7 de agosto de 1767: alvará que concede privilégios aos diretores da Real Fábrica de Chapéus de Pombal para aquisição de matérias-primas. Pombal é uma cidade portuguesa pertencente ao distrito de Leiria, região Centro e sub-região do Pinhal Litoral. Só em agosto de 1991 foi oficialmente elevada a cidade e tem hoje cerca de 11 mil habitantes.

Em 1794 tem lugar em Lisboa o último auto de fé, que, como sabe o leitor, era a cerimônia em que eram proclamadas e executadas as sentenças do Tribunal de Inquisição. Em 1879 é registrada a maior precipitação de neve no Brasil, quando a cidade gaúcha de Vacaria ficou coberta por dois metros de cristais de gelo agrupados em flocos e formados pelo congelamento do vapor de água que se encontra suspenso na atmosfera.

Ruminanças

“O natural é aborrecido”. (Paul Valéry, 1871-1945)

AVIAçãO » De olho nos voos futuros‏

AVIAçãO » De olho nos voos futuros
Associação Brasileira de Empresas Aéreas encaminha carta à candidatos á Presidência que visa minimizar problemas

Pedro Rocha Franco* e Rodolfo Costa

Estado de Minas: 07/08/2014


Rio de Janeiro – Depois de uma década de crescimento vertiginoso do número de passageiros, o que acarretou em uma expansão desordenada em uma infraestrutura muito aquém da ideal, o setor aéreo pede ajudar para planejar a expansão prevista para os próximos anos. Um documento elaborado pela Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), que reúne as quatro principais companhias nacionais (TAM, GOL, Avianca e Azul), endereçado aos candidatos à Presidência da República aponta os principais pleitos conjuntos para que o setor suporte a demanda prevista.

A carta intitulada Agenda 2020 será entregue aos presidênciais com seis tópicos principais que representam a principal demanda do setor. Ontem, o ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Moreira Franco, recebeu o documento do presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, acompanhado dos dirigentes das companhias aéreas – José Efromovich, da Avianca; Antonoaldo Neves, da Azul; Paulo Sérgio Kakinoff, da GOL; e Claudia Sender, da Tam –, em um evento realizado no Rio de Janeiro em parceria com a Coppe-UFRJ. A lista inclui a revisão da precificação do combustível aeronáutico; melhoria da infraestrutura de aeroportos e do espaço aéreo e a necessidade de fomentar a formação e especialização da mão de obra.

O principal pleito, no entanto, refere-se ao custo do querosene de aviação, que, segundo as empresas, é o principal responsável pelo custo elevado das operações em todo o país. Nas operações, em alguns estados, o combustível representa até 44% do custo operacional, segundo a Abear. Fato é que a questão extrapola o panorama federal, sendo necessário repensar a política de ICMS, tendo em vista que o imposto estadual é um dos problemas relacionados ao querosene.

Hoje, a alíquota varia de 4% a 25%, sendo considerado ideal 6% para todos os estados. E a associação citou o exemplo do Distrito Federal, que, ao reduzir a alíquota do ICMS, conseguiu manter a arrecadação com o tributo tendo atraído 126 novos voos. A desoneração de PIS-Cofins é outro pedido. “Na medida que a aviação atendia mais passageiros na última década foi cortando todos os custos. Hoje não há mais itens para serem cortados”, argumenta Sanovicz, ressaltando que na última década o preço do bilhete caiu pela metade.

Em concordância com a carta apresentada pelas companhias, o ministro Moreira Franco admitiu que a questão do combustível é um problema a ser enfrentado pelo governo federal, mas disse que deverá ser tratado pelo próximo presidente. “É preciso discutir a composição de preços do combustível de aviação adotada pela Petrobras para que tenha como referência os valores adotados no mercado internacional”, afirma.

NO LIMITE A questão da infraestrutura aeroportuária (pista de pouso, pátio de aeronaves e terminal de passageiros) é outro fator a ser considerado, segundo a Abear. Números do setor indicam que 35% dos aeroportos da América Latina funcionam acima do limite operacional. É o caso de Confins, que, sem a conclusão da reforma, já atingiu o patamar máximo, impedindo acréscimo de novas operações.

A Abear defende a radicalização das concessões dos aeroportos, extrapolando a concessão de Confins, Galeão, Guarulhos, Brasília e Viracopos. Na avaliação de Sanovicz, a saída para a entrada da iniciativa privada em terminais urbanos, onde é restrito o investimento para ampliação dos aeroportos (Pampulha, Congonhas, Santos Dumont, Recife etc), seria a adoção da menor tarifa como quesito para a concessão, em vez de maior outorga, como se deu com os demais.

Os estudos da associação projetam que, até 2020, 211 milhões de passageiros serão transportados anualmente por 167 cidades. Com isso, mais 100 milhões de passageiros serão incorporadas ao fluxo nacional, quase dobrando o número de usuários. O avanço força as empresas a dobrar a frota de aeronaves, de 500 para 1 mil aviões, além de criar 660 mil empregos diretos e indiretos.

* O jornalista viajou à convite da Abear

Terceirizados deixam passageiros no chão

Brasília –O atual momento dos maiores aeroportos do país, com grande movimento e alvo de pesados investimentos públicos e privados, não tem impedido graves falhas administrativas. Ontem, por exemplo, os terminais de Brasília e Curitiba foram palco de transtornos gerados por terceirizados. Na capital do país, um grupo de caminhoneiros, responsável por retirar entulhos das obras, ameaçou obstruir o abastecimento de aeronaves. No Paraná, por sua vez, faltaram funcionários terceirizados nas esteiras e no raio-X, o que atrasou em 40 minutos a saída dos passageiros.

Após o protesto por falta de pagamento, a RM Transporte, prestadora de serviços do Aeroporto Juscelino Kubitschek, frustrou os empregados e as empresas parceiras, sumindo com os R$ 100 mil que recebeu da concessionária Inframérica. Situações como essa, envolvendo terceirizadas e serviços públicos, têm sido comuns, sobretudo na Esplanada dos Ministérios. O protesto organizado por cerca de 20 pessoas, donos de caminhões e motoristas, fechou com 12 veículos as duas vias de acesso à Base Aérea por volta das 8h. A obstrução total durou 15 minutos, mas o ato se estendeu até as 10h.

Para limpar o canteiro de obras no JK, a Helvix, empresa contratada pela Inframérica para cuidar da reforma e ampliação do terminal, recorreu à RM Transporte, que, por sua vez, mobilizou 35 caminhões de terceiros. Um dos responsáveis pelas operações, o empresário Elioni Menezes da Silva, não escondeu a insatisfação com o descaso. Dono de três veículos, atendeu a terceirizada de 20 de março a 13 de maio, mas só recebeu até abril. O valor devido de maio, R$ 30 mil, está pendente. A Helvix esclareceu que está em contato direto com a contratada para sanar todas pendências nos próximos dias. A Inframérica comunicou que acompanha a negociação entre o consórcio construtor e a transportadora de materiais, ressaltando não ter havido problemas nas operações no terminal em virtude do protesto.

EMPREGADA DOMÉSTICA » Porta fechada para o fiscal‏

EMPREGADA DOMÉSTICA » Porta fechada para o fiscal
Lei que determina punição para quem não assinar a carteira do funcionário entra em vigor e encontra obstáculos: Ministério do Trabalho não pode entrar nos lares e depende de denúncia
Marta Vieira e Francelle Marzano

Estado de Minas: 07/08/2014


A imposição de multa aos patrões que não assinarem a carteira de trabalho do empregado doméstico entra em vigor sem expectativa sobre seu efetivo cumprimento, já que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não tem data definida para baixar as normas relativas à fiscalização do cumprimento da Lei 12.964, sancionada em abril. A medida não faz parte da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das domésticas, aprovada há um ano e já parcialmente em vigor.

Os técnicos do ministério estão trabalhando na instrução normativa que vai definir a atuação dos fiscais e como será aplicada a penalidade, informou, ontem, a pasta, por meio de sua assessoria de imprensa. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos a 2012, há 6,355 milhões de empregados domésticos no Brasil, dos quais 4,455 milhões não têm registro formal. Especialistas estimam que desse último contingente, 2,5 milhões são domésticos sem carteira e o restante, diaristas.

O direito constitucional de inviolabilidade do lar cria obstáculo à ação fiscal, que já enfrenta dificuldades para atender toda a demanda para coibir a ausência de registro em outras categorias profissionais nas próprias empresas, avalia a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad). “Se a fiscalização já é deficiente em outras categorias nas empresas, imagine como será na casa das pessoas, onde os fiscais nem podem entrar”, disse o presidente interino da Fenatrad, Francisco Xavier de Santana.

Para a instituição, o direito só será garantido se os trabalhadores domésticos denunciarem a infração nas superintendências do  trabalho e procurarem a justiça. Ainda assim, a Fenatrad admite que será preciso vencer o medo da demissão e adquirir a consciência de que o trabalho doméstico é uma profissão como qualquer outra, para que mais uma lei brasileira não fique só no papel .

À Justiça do Trabalho cabe agir se acionada pelo empregado, determinando que o patrão assine a carteira, como também cumpra os demais direitos previstos na legislação, sob pena de multa diária determinada na sentença em prol do trabalhador. O primeiro vice-presidente do Tribunal do Trabalho da 3ª Região, em Minas Gerais, José Murilo de Morais, observa que baixada a sentença o juiz, então, terá de comunicar o caso ao Ministério do Trabalho para que a pasta aplique a multa determinada na nova lei. O ministério é que tem as competências de fiscalizar o cumprimento do direito trabalhista e de aplicar uma multa administrativa, cuja destinação fica a cargo do governo federal.

“Não acredito que a nova lei terá algum impacto, a menos que o empregado venha à Justiça e denuncie”, afirma Murilo de Morais. As denúncias mais recorrentes envolvem, hoje, o gozo de férias e a licença maternidade. Ele entende que a aplicação de multa pela ausência de registro só terá efeito significativo nos tribunais quando outros direitos que aguardam regulamentação, como o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), entrarem em vigência.

POUCO MUDA O registro dos domésticos não é novo. Consta em redação original na Lei 5.859, de 1972. Agora, o novo texto define a elevação em 100% da multa prevista em caso de falta de registro, mas não especifica como será aplicada. A penalidade poderá ser reduzida se o patrão reconhecer voluntariamente o tempo de serviço, fizer a devida anotação e recolher as contribuições previdenciárias. Há estimativas de que a multa poderá variar de R$ 805,06 a R$ 2 mil.

A professora Solange Medeiros duvida que a fiscalização funcione. “Se o próprio empregado aceita trabalhar na informalidade, ele já está desrespeitando a lei. Se um deles agir de má fé, não terá como comprovar”, afirma. Ela adotou o caderno de ponto, onde são registrados os horários de entrada e saída da funcionária. A empresária Filomena Generoso também não acredita que haverá fiscalização. “A lei é falha e vai continuar dependendo de denúncias dos próprios empregados, que não falam nada com medo de perder a colocação.”

Punição pode gerar formalização

Diante do risco de o patrão arcar com uma dívida de grande proporção na Justiça do Trabalho, a instituição da multa pelo descumprimento do registro do trabalhador doméstico deverá levar à formalização de 10% a 15% dos empregados domésticos no país, nas estimativas de Mário Avelino, especialista e consultor da empresa prestadora de serviços Doméstica Legal. “Não vale a pena querer driblar a lei. É fundamental assinar a carteira do trabalhador”, afirma. Ele recomenda que os patrões aguardem regulamentação da Lei 12.964 para acertar débitos retroativos.

Segundo Mário Avelino, existe perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff assine projeto de lei que reduz o INSS e de que seja aprovado um programa de refinanciamento das contribuições previdenciárias. Ao mesmo tempo, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) trabalha para reforçar campanhas de orientação e conscientização dos empregados domésticos sobre os seus direitos. (MV) 

Um novo eleitor

O brasileiro que emerge neste começo de século sabe a força que o seu voto tem para assegurar transformações inadiáveis


Olavo Machado
Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)
Estado de Minas: 07/08/2014



Quanto mais se aproximam as eleições de outubro, mais cresce a expectativa dos eleitores em relação ao discurso dos candidatos. Pela primeira vez em muito tempo, a sensação é a de que a atuação da classe política nos últimos anos acabou por criar um eleitor com um novo perfil – certamente mais exigente e menos paciente com os continuados equívocos cometidos no Executivo e no Legislativo sob o guarda-chuva do corporativismo, do fisiologismo e da demagogia.

Esse eleitor que emerge neste começo de século 21 sabe muito bem a força que o seu voto tem para assegurar transformações inadiáveis para a construção de um país forte em sua economia e justo na distribuição dos frutos do crescimento. É, portanto, um eleitor mais alinhado com as manifestações populares iniciadas em junho do ano passado – as manifestações legítimas e pacíficas, não a baderna e a violência. É fundamental, assim, que os candidatos estejam atentos.

O que esse novo eleitor exige dos candidatos é que olhem para o futuro e apresentem propostas que permitam vislumbrar um futuro de estabilidade e de tranquilidade para trabalhar, produzir e gerar empregos de qualidade. O passado passou – os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva não são candidatos em outubro próximo. No exercício de seus mandatos, realizaram obras importantes nos campos econômico e social. Merecem o respeito dos brasileiros, mas agora a conversa é com os candidatos que, no voto, disputam a Presidência da República em outubro. É com eles que o eleitor quer conversar nos dois meses que nos separam das urnas.

No noticiário jornalístico do dia a dia e especialmente no horário eleitoral que começa dia 19, o eleitor buscará identificar as melhores propostas para recolocar o país no rumo do crescimento econômico em taxas compatíveis com a posição do Brasil no contexto mundial. Esse crescimento, que hoje não existe, é fundamental na geração de recursos necessários para financiar políticas sociais destinadas a atender os segmentos mais carentes da população.

No objetivo de participar e oferecer sua contribuição, a Confederação Nacional da Indústria, presidida pelo conterrâneo Robson Braga de Andrade, acaba de realizar o “Diálogo da Indústria com candidatos à Presidência da República”, durante o qual entregou a cada um deles um conjunto de 42 sugestões em setores estratégicos para resgatar e ampliar a competitividade do setor no mercado interno, vítima da crescente invasão de produtos importados, e também nos grandes mercados mundiais.

As 42 sugestões eleitas como prioritárias pela indústria nacional foram definidas a partir do Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 e estão divididas em 10 fatores-chave: educação; ambiente macroeconômico; eficiência do Estado; segurança jurídica e burocracia; desenvolvimento de mercados; relações de trabalho; financiamento; infraestrutura; tributação; e inovação e produtividade.

Alguns números que listo a seguir, como exemplo, explicam a crescente corrosão da competitividade da economia nacional, especialmente no setor industrial: os impostos cobrados no Brasil, os maiores do mundo, oneram em 10,6% o valor dos investimentos realizados no país; o custo com mão de obra elevou-se em 58% desde 1996, sem a necessária correspondência do aumento da produtividade; o Brasil gasta, com a Previdência Social, o mesmo percentual do Produto Interno Bruto (PIB) que os Estados Unidos, país onde a população idosa é 2,5 vezes superior à brasileira. São, todos, fatores que reduzem a competitividade da economia brasileira frente aos concorrentes internacionais.

A baixa competitividade da economia brasileira é consequência, igualmente, de reformas estruturais postergadas ao longo de décadas e que – espera-se – o presidente eleito em outubro próximo venha a realizar: a reforma política; a reforma tributária, com a redução dos impostos e simplificação do sistema tributário nacional; e a reforma das relações trabalhistas. Do presidente eleito, também se esperam ações efetivas no campo da infraestrutura – estradas, ferrovias, portos e aeroportos –, bem como ações destinadas a corrigir desigualdades regionais; medidas de redução da burocracia e ações efetivas no campo da educação de forma a sustentar o processo de inovação e desenvolvimento de tecnologia.

Temos no Brasil de hoje, felizmente, esse novo eleitor que tem consciência da importância do seu voto para acelerar as transformações que a sociedade brasileira exige de suas lideranças políticas e de seus governantes. Isso, em essência, é o que os candidatos às eleições de outubro próximo precisam entender, em todas as instâncias: assembleias legislativas, Câmara dos Deputados, Senado Federal, governos estaduais e Presidência da República.

A vantagem da honestidade emocional - Klênia Carvalho

A vantagem da honestidade emocional 
 
Klênia Carvalho
Pedagoga e diretora de curso de educação emocional
Estado de Minas: 07/08/2014


Há uma frase que diz que “a pior mentira é a que contamos para nós mesmos”. Contudo, poucos de nós temos a dimensão do prejuízo que nos causamos sendo desonestos. Somos demandados por eventos imprevisíveis nas situações cotidianas a todo o momento. Como quando somos fechados por outro motorista no trânsito, quando uma pessoa passa na nossa frente na fila do supermercado, quando o carteiro troca nossas correspondências ou quando o chefe nos cobra uma tarefa que não havia pedido. Enfim, todos esses acontecimentos nos provocam emoções. Como reagimos? Geralmente, culpando o outro por nossos descompassos e descontroles.

Alguns alegam não ter “sangue de barata” e afirmam, portanto, que o sangue “ferve nas veias”. O fato é que uma pessoa pacífica não reage da mesma maneira que uma raivosa. A grande maioria das pessoas atribui o “bom gênio” à natureza, acreditando que as pessoas já nascem assim. O fato é que ignoramos que podemos mudar esses comportamentos. O primeiro passo para isso acontecer é admitir que temos um lado obscuro, ou seja, uma parte que não é má, mas, sim, desconhecida. Assim, urge que nos coloquemos em uma posição de observação e escuta. Observação para registrar as nossas reações diante das situações e escuta para verificar o nosso diálogo mental após o fato.

A grande questão é que não estamos acostumados a registrar nossas reações e muito menos a escutar os nossos diálogos mentais. Rubem Alves dizia no texto Escutatório que, para ver a beleza, deveríamos “não ter filosofia alguma. Filosofia é um monte de ideias dentro da cabeça sobre como são as coisas”, afirmou. Já em relação à escuta, avaliava que a “incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos”.

Enquanto conjecturamos como as coisas acontecem segundo a nossa perspectiva, perdemos as oportunidades de nos conhecer. Uma demonstração de como distorcemos a realidade acontece quando repetimos frases como: “Eu sou assim porque meu pai...” ou “Eu sou assim porque não tive...”. Enfim, criamos um álibi para justificar nossos jeitos de ser e não entrarmos em contato com as nossas emoções.

Se a percepção de nós mesmos já é ruim, a nossa habilidade de escuta não fica atrás. Artur da Távola afirma no texto O difícil facilitário do verbo ouvir que as pessoas não ouvem o que o outro fala, ouvem o que querem ouvir, o que imaginam que o outro ia falar, o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento, etc. Declarando que “há pessoas que se defendem de ouvir o que as outras estão dizendo, por verdadeiro pavor inconsciente de se perderem a si mesmas. Elas precisam não ouvir, porque não ouvindo livram-se da retificação dos próprios pontos de vista, da aceitação de realidades diferentes das próprias”.

Portanto, escutar não é um processo simples, requer abertura interior do receptor e um esforço para não mascarar as reações emocionais com argumentos mentais falsos. A princípio, ser honestos conosco pode gerar desconforto, pois a sensação de vergonha ou de orgulho ferido poderá se manifestar, principalmente, ao visualizamos cenas em que agimos de forma arrogante, vaidosa, invejosa ou preconceituosa, para não dizer ridícula. Porém, honestidade e aceitação andam juntas. Ao sermos honestos conosco, teremos a oportunidade de entrar em comunhão. Isso acontece quando reunimos o que há de melhor em nós e nos outros em um contraponto equilibrado.