quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Histórias verdadeiras - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 04/12/2013

Quando me convidaram para assistir a uma nova modalidade de stand-up que está sendo implantada no Brasil (e que já funciona com sucesso nos Estados Unidos), fiquei curiosa. A ideia é levar pessoas comuns para compartilharem, no palco de um bar, a sua trajetória de vida. Em 12 minutos, a pessoa, sem ajuda de anotações, espontaneamente, conta sua história real, que pode ter a ver com superação, sorte, risco ou qualquer coisa que não seja trivial. Cômica ou trágica, pouco importa.

Na noite do projeto-piloto, eu estava na plateia. Foram cinco convidados a falar. Um diretor de teatro contou o que ele e seu companheiro passaram para adotar duas crianças. Um músico contou sobre o momento em que descobriu que tinha um câncer no estômago e do acidente de carro que sofreu um dia antes da cirurgia. Uma garota contou sua experiência vivendo num país estrangeiro, quando fez uma besteira e acabou presa. Um personal trainer contou sobre como deixou de ser um adolescente obeso, perdendo cerca de 40 quilos e tornando-se um amante dos esportes. E, por fim, uma mulher viciada em limpeza e arrumação contou como controla o TOC – transtorno obsessivo-compulsivo.

Nós cruzamos por eles todos os dias nas ruas. São exatamente como você e eu. Comem pizza, vão ao cinema, namoram, correm no parque. Olhando assim, nem diríamos que já viveram um roteiro pronto para um filme. A questão é: quem, com pelo menos uns 30 anos de idade, não teria algo significativo para contar? Todos, ou quase todos nós, já passamos por um turning point, uma perda, uma dificuldade, uma experiência surreal. Não há vida que seja irrelevante.

Em 12 minutos, uma pessoa comum, ao vivo, pode oferecer um reality show muito mais interessante do que três meses de episódios diários de Big Brother, pois ela está ali, na frente de estranhos, meio nervosa, constrangida, relembrando algo muito particular, como se estivesse numa sessão de terapia em grupo. Não há figurino, nem texto decorado, nem direção de cena. É simplesmente alguém falando algo que nunca postará no Facebook.

Para que serve isso?

Para quem fala, sinceramente, não sei. Se quiser, você pode se inscrever (www.historiasverdadeiras.com.br) e descobrir como é a sensação, caso seja escolhido – haverá uma apresentação por mês em Porto Alegre, a partir de janeiro.

Para quem ouve, é uma oportunidade de cair na real neste mundo onde tudo nos é apresentado com alguma maquiagem. É a chance de dar uma colher de chá ao que é estritamente humano. É uma possibilidade de se emocionar sem uma tela separando você de quem conta a história. É ser plateia de um striptease inusitado: ver alguém despindo a alma. É perceber que nem sempre a arte e o talento são necessários para uma narrativa – a realidade crua também tem seus encantos. É sentir-se lisonjeado pela confiança de quem não teme ser julgado. É testemunhar o humor, o jogo de cintura, a capacidade de relativizar e as saídas encontradas por desconhecidos.

Numa época em que muitos se exibem, mas poucos se revelam, está aí uma novidade. 

FERNANDO BRANT » Presença humana‏

FERNANDO BRANT » Presença humana 

 
Estado de Minas: 04/12/2013




Meus pais me olham através do retrato. Sinto a presença deles. É para isso que pomos as fotografias das pessoas que gostamos na parede. Para que em dado momento do dia, em hora que estamos à procura de algo, nos deparemos com olhares que sempre nos acompanharam e que não estão mais ao nosso alcance.

Mas a memória fortalece a visão das imagens de amigos e parentes que passaram por nossa existência. Aquelas conversas e as peladas com o Gonzaguinha, cada um de nós mostrando a sua mais nova canção. Os almoços festivos com o Veveco, cozinheiro maior do nosso mundo particular, a voz da Elis ao telefone.

O amigo me fala dos diálogos com sua mulher, física, que sugere que a medicina está se modificando, seus conceitos cada vez mais influenciados pela física e pela química. A ciência não para de fazer perguntas e buscar respostas para o universo e a vida. São estudos e pesquisas que visam a nos explicar e conhecer essa máquina maravilhosa que somos, os humanos.

Os cientistas não param de avançar e foi assim sempre. A cada descoberta, no entanto, correm o risco de se sentirem deuses, donos da verdade absoluta. Mas se trata aqui de algo muito complexo que, sozinhas, nem a crença nem a ciência conseguem solucionar. Somos todos de barro e o nosso andor também.

O corpo humano está aí à disposição para ser desvendado pelas novas tecnologias. Exames clínicos e aparelhagem moderna enxergam como os nossos órgãos e esqueleto funcionam e os profissionais da medicina, sem deixar de lado a experiência e o saber empírico, estão em melhores condições, hoje, de avaliar a nossa saúde.

Mas daí a concluir que somente fenômenos físicos e químicos são capazes de nos compreender em nossa totalidade vai uma boa distância e aqui eu me armo de desconfianças, pois somos mais complicados do que fórmulas científicas.

Poesia, amor, música, criação, pensamento, sentimentos e afetos são uma enormidade de beleza que não cabem em manuais. O que ocorre com a humanidade enquanto fazemos, enquanto estamos e ainda não somos, é um mistério que filosofia, religião e ciência tentam revelar, mas a tarefa é gigantesca. Cada conhecimento é um buraco novo de ignorância que a vida nos impõe.

A presença dos vivos e dos que se foram é muito forte e o simples parar de respirar, o sopro que se vai não faz com que desapareçam. Na memória eles permanecem.

Minha Clara fez um desenho com uma casa, uma outra, pequena, um cachorro e um coração. Dedicou-nos com as seguintes palavras: “Para o vovô e a vovó se lembrarem do Miró”. Isso vale um milhão de tratados.

Frei Betto - Meu celular, minha vida‏

Meu celular, minha vida 

Por ser um equipamento dotado de múltiplos recursos, ele me traz a sensação de que sou um Pequeno Príncipe

Frei Betto

Estado de Minas: 04/12/2013


Há uma nova doença nos anais da medicina: a nomofobia, o medo de ficar sem celular. O termo foi cunhado no Reino Unido e deriva de “no mobile phobia”. O fato é óbvio: para qualquer lugar que se olhe, as pessoas estão atentas ao celular – rua, restaurante, local de trabalho, ônibus, metrô, escola e até igreja.

Não sem razão, a revista Forbes considerou o mexicano Carlos Slim, em 2013, pela quarta vez consecutiva, o homem mais rico do mundo, com uma fortuna calculada em US$ 73 bilhões. Com negócios na área de comunicação em vários países, no Brasil ele controla a Globopar (Net), a Claro e a Embratel.

O Brasil é o 60º país do mundo mais conectado por celular, e o 4º a dar mais lucros às empresas de telefonia. O brasileiro gasta, em média, 7,3% de sua renda mensal com o uso do telefone móvel. Em julho, nosso país dispunha de 267 milhões de aparelhos. Essa fissura de manter o celular ligado o tempo todo – e manter-se ligado ao celular todo o tempo (até na hora de dormir) – se explica pela hipnose coletiva gerada pelas redes sociais.

Uma das anomalias de nossa época pós-moderna é o esgarçamento das relações pessoais e comunitárias. A família tradicional, que se reunia à mesa de refeições ou na sala para conversar, é hoje um bem escasso. As relações matrimoniais mal resistem à primeira crise. Segundo o IBGE, as uniões conjugais duram, em média, cerca de sete anos!

Na opinião de Aristóteles, amizades são imprescindíveis à nossa felicidade. No entanto, neste mundo competitivo, muitas andam contaminadas por inveja, ciúme, cobranças, ou prejudicadas pela falta de tempo. Resta então, nesse mar revolto no qual naufragam antigos e saudáveis costumes, a ilha salvadora do celular! O aparelho corresponde muito bem às contradições da pós-modernidade: por ele me comunico, sem conversar; opino, sem me comprometer; me expresso, sem me envolver; troco mensagens e torpedos, sem me doar a ninguém e a nenhuma causa.

O fascínio do celular consiste em amenizar minha solidão sem exigir solidarizar-me. Estou na rede, interajo com inúmeras pessoas e, no entanto, fico na minha, olhando o meu umbigo, indiferente ao fato de algumas dessas pessoas estarem sofrendo ou, pelo menos, necessitando de minha presença física consoladora ou incentivadora.

O celular faz de mim, Clark Kent, um Super-Homem. Eu, a quem quase ninguém presta atenção, agora gozo de um público multimídia ligado no que expresso. Em contrapartida, o celular me rouba tempo: de leituras, de trabalho, de convivência familiar e com amigos. Com ele ligado no bolso ou ao meu lado, fica cada vez mais difícil a concentração.

O celular é um espelho mágico. Repare como as pessoas o fitam. É como se se vissem na tela. Por ser um equipamento eletrônico dotado de múltiplos recursos, ele me traz a sensação de que sou um Pequeno Príncipe capaz de visitar sucessivamente diferentes planetas.

No celular, eu me enxergo como gostaria que as pessoas me vissem. Com a vantagem de que ele dissimula minha verdadeira identidade, meu modo de ser, permitindo que eu me esconda atrás dele. Ele faz de mim um ser onipresente. O que transmito é captado por uma rede infinita de pessoas, que, por sua vez, podem reproduzi-lo para inúmeras outras.

Hoje em dia, os consultórios médicos já lidam com crianças, jovens e adultos que padecem de nomofobia. Gente que não consegue se desconectar do aparelho. Vive as 24horas do dia ligada a ele. Ah, como é saudável estar bem consigo mesmo e manter o celular desligado por um bom tempo, sobretudo à noite! Mas isso exige o que parece cada vez mais raro nos dias atuais: boa autoestima, falta de ansiedade, consistência subjetiva, gosto pelo silêncio e uma vida ancorada em um sentido altruísta.

Tv paga & CARAS & BOCAS

Estado de Minas: 04/12/2013


 (Luis Mário Fontoura/Divulgação)

Tempo contado


O curta-metragem Bastidores, de Luis Mário Fontoura e Tatiana Nequete, abre hoje a seleção Histórias curtas, do Canal Brasil, às 18h45. O filme é protagonizado por Arthur Quadros e Fernanda Mônego (foto), que interpretam dois atores mirins escalados para fazer o comercial de um novo tênis infantil. Com a demora nas gravações, os dois garotos viajam na imaginação e passam a questionar aquilo que estão vivendo. A mostra segue até 22 de janeiro, com mais sete produções, todas gaúchas.

Programas de entrevistas  se multiplicam na telinha


Ainda no Canal Brasil, o jornalista argentino Horacio Verbitsky comenta as consequências da ditadura vivida por seu país e a influência da Igreja Católica na afirmação do regime de exceção, em mais uma edição de Sangue latino, às 21h30. Já à meia-noite, em Com frescura, Rogéria recebe o músico Arnaldo Brandão para falar de um amigo em comum: o “maluco beleza” Raul Seixas. No SescTV, às 21h30, a mineira Iole de Freitas é a personalidade da vez de Artes visuais, que destaca sua exposição na Casa Daros (RJ). Na Cultura, às 23h30, a escritora carioca Adriana Falcão é a entrevistada do programa Entrelinhas.

Série do Nat Geo destaca as boas ações mundo afora


“Por amor ao que é nosso” é o episódio de hoje da série Vivendo positivamente, às 19h,. no Nat Geo. No Peru, Marino Morikawa, um cientista peruano-japonês de 36 anos, luta para recuperar o lugar onde seu pai o levou para pescar durante sua infância. Em Guanajuato, no México, Tío Lole e seus vizinhos contam com a ajuda de um projeto financiado pela iniciativa privada para reflorestar milhares de hectares com cactos e aproveitar seu fruto para fazer doces. Por último, nas montanhas da Cordilheira Central da Colômbia, pequenos grupos de ludotecários, como Walter e Diana, percorrem o país contribuindo para mudar a forma como pais e filhos se relacionam.

Esquadrão da moda vai encarar missões especiais


O Discovery Home & Health vai apresentar três episódios especiais e inéditos de Esquadrão da moda, começando hoje, às 23h. A dupla de consultores Stacy London e Clinton Kelly vai compartilhar seus conselhos valiosos para melhorar a imagem das pessoas. O primeiro programa vai tratar de roupa íntima. Depois de analisar centenas de inscrições, a dupla selecionou três professoras e amigas de Seattle para ir a Nova York participar do desafio.

Muitas alternativas na  programação de cinema


No pacotão de filmes, nenhuma grande estreia, mas tem a reprise de Duro de matar: um bom dia para morrer, às 22h, no Telecine Pipoca. No mesmo horário, outras seis produções para diferentes públicos: Chernobyl – Sinta a radiação, na HBO; Sobrenatural, na HBO 2; Um plano brilhante, no ID; Erin Brockovich – Uma mulher de talento, no Studio Universal; Vanilla sky, na MGM; e Círculo de fogo, no Sony Spin. E mais: Pandorum, às 19h40, no Megapix; Melhor é impossível, às 21h, no Comedy Central; 30 minutos ou menos, às 22h05, no Max Prime; O show de Truman: o show da vida, às 22h05, no TCM; e O exterminador do futuro: a salvação, às 22h35, no Universal Channel.

CARAS & BOCAS » Desta para melhor  Simone Castro

Publicação: 04/12/2013 04:00


Glauce (Leona Cavalli) escreve carta em que confessa seus crimes, em Amor à vida   (João Miguel Júnior/TV Globo-18/6/13)
Glauce (Leona Cavalli) escreve carta em que confessa seus crimes, em Amor à vida

Uma morte vai agitar os próximos capítulos de Amor à vida (Globo). Não, não é de César (Antônio Fagundes), que é vítima de envenenamento pela mulher, Aline (Vanessa Giácomo). Mas da médica Glauce, personagem de Leona Cavalli. No dia 18, todos se surpreenderão com a notícia, ainda mais que Glauce deixará uma carta confessando seus crimes, ou seja, a morte de Luana (Gabriela Duarte), primeira mulher de Bruno (Malvino Salvador), e da enfermeira Elenice (Nathalia Rodrigues). Tudo começa quando Lutero (Ary Fontoura) toma conhecimento do prontuário de Luana. Ele descobre que Glauce não solicitou o acompanhamento de um cardiologista, já que a mulher era hipertensa, durante o parto. O médico avisa a Glauce que ela poderá perder seu registro por causa do ocorrido. Lutero conta a Paloma (Paolla Oliveira), que avisa a Bruno. Transtornado, ele confronta Glauce, que afirma ter feito o que fez por amor. Ele a ataca e quase a mata estrangulada. Ela, então, decide fugir do país e escreve uma carta em que confessa tudo. Para falar sobre o assunto, ela convida Félix (Mateus Solano) para um último jantar e pede que ele entregue a correspondência. E a médica bebe muito e insiste em dirigir. É o bastante para um acidente fatal.

DIRETOR DE TV CRITICA O NOVO PADRÃO DA GLOBO


Luciano Callegari, diretor de TV, criticou, via Facebook, as mudanças ocorridas na Globo, afirmando que ela perdeu o “padrão de qualidade”. Segundo Luciano, “se é para criticar vamos criticar a Globo. Vocês já perceberam? A Globo está mudando. Abandonou seu padrão chamado de qualidade e partiu para, digamos, a popularização? Projeto novo? Desleixo?”. E acrescentou: “Chamadas não padronizadas, aberturas de programas sem alguns padrões que eram adotados. Agora cada um por si. Trilha sonora da novela Joia rara, não tem nada com nada. Novela de época com músicas atuais... Na novela Amor proibido (provavelmente, se referindo a Amor à vida), se você prestar atenção tem mais tempo de comerciais do que de novela. Trocou Video show por programas de auditório. A mensagem de Natal é a pior dos últimos 30 anos. Mal dá para perceber quais artistas estão nela. Fantástico virou uma resenha da semana. Só casos que todos já viram. Quando muito acertam um escândalo que é copiado do Estado de São Paulo ou da Veja. Eles não se comprometem.” O diretor ainda citou programas e especiais que a Globo tem estreado: “Deixa o telespectador confuso. E aí, começam os fracassos. Ex: Mulher do prefeito.” E encerrou: “Resumindo: estão ‘testando’ os programas no ar. Balões de ensaios. Estou errado?”. A emissora ainda não se pronunciou sobre o comentário de Callegari.

AVENIDA BRASIL VAI SER  EXIBIDA NA ARGENTINA

A novela mais exportada da história do Brasil, Avenida Brasil, de João Emanoel Carneiro, será exibida na Argentina. Bastaram as primeiras chamadas para levar a trama, adquirida pela Telefe, a ocupar a lista dos dez assuntos mais comentados do Twitter. Ainda sem data para estrear, uma mudança foi confirmada. Como é de praxe na emissora do país vizinho, houve alteração na trilha sonora. Daí, sai o ‘‘Oi, oi, oi’’ da música Vem dançar com tudo, que embalou a trama no Brasil, substituída pela canção Llorar, da dupla mexicana Jesse & Joy. A novela deverá ir ao ar às 14h.

ATRIZ FALA DA CARREIRA  EM SÉRIE DO CANAL VIVA


De família circense, Ana Rosa iniciou sua carreira recém-nascida, num picadeiro. Ela participava de um número com seus pais, em que um bebê era abandonado na porta de uma igreja. Hoje, está no Guinness book of records como a atriz que mais atuou em telenovelas no mundo. É o que destaca o programa Damas da TV, hoje, às 21h, no canal Viva (TV paga). Uma das primeiras telenovelas das quais participou foi Beto Rockfeller (1968/1969), um marco na história da teledramaturgia, já que a novela mudou a linguagem da televisão na época.

UIVOS DO LOBISOMEM


Longa-metragem de 2010, O lobisomem vai migrar para a TV. Segundo o site Deadline, a Universal Pictures e a rede NBC vão produzir uma série adaptada do filme estrelado por Benicio del Toro e Anthony Hopkins, narrando a história de Lawrence Talbot, que em 1891 foi mordido e acabou amaldiçoado, transformando-se em um lobisomem em toda noite de lua cheia. Enquanto lida com essa maldição, Lawrence tenta manter sua humanidade. A primeira temporada, que deve estrear no ano que vem, contará com 13 episódios.

VIVA
Série Scandal, no Sony (TV paga), mais um acerto de Shonda Rhimes, de Grey’s anatomy. Olivia Pope (Kerry Washington), ex-consultora da Presidência dos Estados Unidos, é especialista em acabar com crises.

VAIA
Para o horário em que foi exibido, anteontem, o especial Doce de mãe, com Fernanda Montenegro, que ganhou o Emmy pelo trabalho. Não tinha melhor espaço na grade do que na Sessão da tarde (Globo)?

Literatura em família - Carlos Herculano Lopes

Literatura em família
Luiz Fernando Emediato volta a publicar e lança livro ao lado dos filhos Fernanda e Antônio. Escritor e editor avalia o mercado e anuncia a adaptação de seus romances para o cinema
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 04/12/2013


Fernanda, Antônio Anselmo Emediato e Luiz Fernando Emeditato: unidos pelo amor aos livros (André Stefano/Divulgação )
Fernanda, Antônio Anselmo Emediato e Luiz Fernando Emeditato: unidos pelo amor aos livros

 (Geração/reprodução)

De uma geração de escritores que começou a fazer literatura em Belo Horizonte no início da década de 1970, à qual pertenciam, entre outros, Antônio Barreto, Jeferson de Andrade e Paulinho Assunção, Luiz Fernando Emediato, ao contrário dos seus colegas, parou de escrever aos 30 anos. Achava que não valia a pena continuar na luta. A partir daí, sempre vivendo em São Paulo, trabalhou em jornais, foi diretor de televisão, coordenou campanhas políticas e, em 1990, resolveu mudar mais uma vez: deixou o jornalismo e criou uma editora, a Geração Editorial, que está no mercado desde então, e atualmente tem seu foco voltado para a literatura de ficção, livros de reportagens e literatura infantojuvenil.

Só agora, aos 62 anos, Luiz Fernando Emediato resolveu voltar à ativa como escritor. Mas não veio sozinho. Chega acompanhado dos filhos Fernanda, de 30 anos, e Antônio Anselmo, de 8. Recentemente, eles lançaram em dose tripla, durante festa realizada em São Paulo, os livros Não passarás o Jordão – Tortura e morte na ditadura militar, que sai em nova edição revisada, e os infantis A menina perdida e Minha família, de autoria dos filhos. “Foi uma alegria grande. A Fernanda começou a escrever para se aproximar de mim e o Antônio vive no meio de livros desde que nasceu. O livro da Fernanda foi escrito quando ela era ainda adolescente e estava desaparecido. O do Antônio, ditado para mim quando ele tinha 6 anos , é um primor de bom humor e ironia. Esse menino vai longe”, brinca Emediato.

Se a família escreve unida, também trabalha unida. Na Geração Editorial desde os 14 anos, quando começou atuando como recepcionista, atualmente Fernanda Emediato é a diretora da empresa, em que ainda coordena o departamento voltado para a literatura infantojuvenil. “Quase tudo o que aprendi na editora foi com meu pai. Fui passando por quase todos os setores, o que me deu um grande know-how de como as coisas funcionam num universo como este. Sou muito grata a meu pai quando ele viu que eu estava preparada me deu parte da sociedade. Hoje, a Geração faz parte da minha vida”, diz.

Com a experiência adquirida ao longo dos anos, Fernanda diz que o lado mais difícil de trabalhar com livros não é tanto a parte editorial, mas a distribuição, principalmente em um país das dimensões do Brasil. No caso dos infantis e infantojuvenis, é mais problemático ainda. “Os espaços nas livrarias destinados ao segmento é muito pequeno. E o que possuímos temos que dividir e vamos perdendo feio para os livros de brinquedo, que têm pelúcia, bonecas, imagens 3D, todos impressos na China ou na Índia, o que permite que sejam vendidos aqui a preços mais baixos que os nossos. Se não fossem as compras feitas pelo governo, seria muito difícil continuar nesta área”, conta Fernanda.

Quanto ao fato de trabalhar com o pai, o que nem sempre é tarefa das mais fáceis, ela diz que, em certos assuntos, ele lhe dá bastante autonomia. Em outros, nem tanto. “Como somos de gerações diferentes, às vezes temos ideias opostas e nos confrontamos em alguns casos. Acabamos discutindo o assunto e, se eu não conseguir convencê-lo de que estou certa, a palavra final é dele. Mas nem por isso deixo de respeitá-lo, pois ele tem uma experiência muito grande”, diz Fernanda. 

 (Geração/reprodução)

Multifuncional Luiz Fernando, por uma série de compromissos, ultimamente tem aparecido pouco na editora, da qual hoje é uma espécie de consultor especial. Ele diz que acompanha tudo no dia a dia, via e-mail e Skype, além de telefonemas dados para a filha. “Hoje em dia, você pode fazer tudo sem sair de casa. Estou plugado 24 horas por dia, mas sou feliz assim. Meu cérebro é multifuncional, posso estar falando com alguma pessoa e lendo e-mails ao mesmo tempo”, conta Emediato. Sua palavra continua pesando na hora de decidir se um livro adulto será publicado.

A propósito, ele adianta que no início do ano que vem a editora vai lançar uma “obra monumental”, Os vencedores, do escritor gaúcho Ayrton Caetano. “São biografias que se cruzam, de uns 30 lutadores que foram esmagados pela repressão nos anos 1960/70 e hoje estão vitoriosos, no governo ou simplesmente na vida. Vamos lançar ainda uma reportagem-denúncia sobre um grande banqueiro e um bom pacote de livros mais variados. Tenho sentido falta de literatura brasileira. Gostaria muito de lançar mais autores jovens. Mas parece que essa turma prefere escrever em blogs”, diz.

Conseguir colocar livros de autores jovens nas livrarias e vendê-los é uma luta. “Vejo jovens promissores surgindo, como Daniel Galera, Luísa Gleiser, Michel Laub e Ana Martins Marques. Por outro lado, tem uma moçada nova tentando escrever romances policiais como Rubem Fonseca ou imitando autores de entretenimento estrangeiros, com histórias de vampiros, fadas, duendes, uma salada monstruosa, um conúbio de Tolkien com J. K. Rowling. Nada disso vai ficar”, acredita.
 (Geração/reprodução)

Tetralogia Quanto à volta para a literatura 32 anos depois, Emediato é pura animação. Retomou com toda a força um romance existencial e político que estava parado, no qual traz um personagem dos 1960 para nossos dias, tendo como pano de fundo meio século de história do Brasil. Tem se dedicado também ao cinema e para abril do ano que vem está prevista a estreia de O outro lado do paraíso, longa baseado na sua autobiografia. O filme, que terá como diretor André Ristum, que foi assistente de Bernardo Bertolucci em Beleza roubada, está orçado em R$10 milhões. “Pretendo que seja o primeiro de uma tetralogia que terá, na sequência Verdes anos, sobre a juventude alienada dos anos de 1970; Não passarás o Jordão, sobre os jovens que foram para a luta armada; e, finalmente, Perdição, que pegará os mesmos personagens já nos dias de hoje, na maturidade”, antecipa o escritor.

Sobre a oportunidade que teve de lançar um livro com os filhos, coisa que não é fácil de acontecer, Luiz Fernando Emediato, que atualmente, além da retomada literária, trabalha com consultoria para políticos e organizações sindicais, diz que valeu a pena. Mas faz uma ressalva: “No caso do Antônio, espero que ele não siga a carreira literária e procure outra coisa para fazer. É sofrimento demais”, conclui.

Não passarás o Jordão
De Luiz Fernando Emediato, contos,
224 páginas, R$ 34

A menina perdida
De Fernanda
Emediato, infantil,
24 páginas, R$ 29,90

Minha família
De Antônio Anselmo Emediato, infantil,
64 páginas, R$ 39,90

• Todos da Geração
Editorial. Informações: www.geracaoeditorial.com.br


Três perguntas para...

Luiz Fernando Emediato
escritor e editor

Como foi sua relação com Belo Horizonte?
Cheguei à cidade com 21 anos, trabalhei em um banco e estudei jornalismo na UFMG. Em BH escrevi e publiquei meus primeiros contos e aprendi a combater a ditadura com os escritores Benito Barreto, Roberto Drummond e outros, enquanto Murilo Rubião, nosso amigo e protetor, dava conselhos a que não obedecíamos.

Como você avalia o futuro da literatura em um mundo cada vez mais virtual?

A literatura sobreviverá, escrita por poucos e para poucos. Refiro-me à literatura de verdade. Quando aos livros de entretenimento, autoajuda, religião e misticismo, histórias românticas e eróticas, fantasias, distopias, policiais e coisas do gênero, esses também sempre existirão, seja no formato impresso, seja em e-book.

Por falar em e-books, eles deram certo? Estão vendendo bem?
No Brasil, ainda não. Nossa editora está entre as 10 que mais vendem e-books, mas isso significa 4% do faturamento. O problema aqui é o preço do aparelho leitor, o e-reader, e o do livro digital, que ainda é alto.

Radiação contra o vírus da Aids - Bruna Sensêve

Cientistas dos EUA sugerem que terapia semelhante à usada em pacientes com câncer seja administrada em soropositivos


Bruna Sensêve

Estado de Minas: 04/12/2013





Um dos maiores desafios atuais na busca pela eliminação do HIV do organismo de pessoas sob tratamento está nos chamados reservatórios do vírus. Eles são compostos por células infectadas afastadas da corrente sanguínea e com o micro-organismo em estado latente. Juntas, as duas condições fazem com que essas células não sejam atingidas pelos antirretrovirais, contribuindo para a permanência da infecção. Diversas estratégias para atingir esses “santuários” são formuladas e testadas em todo o mundo. Entre os grupos de cientistas empenhados nessa busca estão os pesquisadores da Escola de Medicina Albert Einstein, em Nova York (EUA). Em apresentação no Encontro Anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA, em inglês), ontem, eles mostraram experimentos iniciais bem-sucedidos de erradicação do vírus com a radioimunoterapia, atualmente usada no tratamento contra o câncer.

Com as terapias antirretrovirais existentes, é possível reduzir a carga viral na corrente sanguínea de pacientes a níveis indetectáveis, inclusive com o bloqueio da replicação do HIV. Mas apenas essa ação não é suficiente para alcançar a cura total do indivíduo. Se a medicação for interrompida, reservatórios do vírus em estado latente localizados principalmente no intestino, no cérebro e no sistema imunológico tendem a se replicar e “reativar” a infecção. “Num paciente com HIV em tratamento, as drogas suprimem a replicação viral, o que significa que o número de partículas virais na corrente sanguínea de um paciente se mantém muito baixo. Entretanto, antirretrovirais não podem matar as células infectadas pelo HIV”, esclarece a principal autora do estudo, Ekaterina Dadachova, professora de radiologia, microbiologia e imunologia.

Ela acrescenta que qualquer estratégia que busque a cura da infecção deve abarcar uma forma de eliminar totalmente o vírus. Isso inclui as células infectadas por ele, além de apenas o vírus, como fazem os antirretrovirais. “Na radioimunoterapia, os anticorpos se ligam às células infectadas e as matam por radiação. Quando a terapia com antirretrovirais e a radioimunoterapia são usadas juntas, elas matam o vírus e as células infectadas, respectivamente.” Nessa direção, Ekaterina e a equipe de cientistas liderada por ela usaram a radioimunoterapia em amostras de sangue de 15 pacientes infectados pelo vírus da Aids.

Para isso, foram produzidas em laboratório moléculas com um anticorpo monoclonal projetado especificamente para destruir uma proteína expressa na superfície das células infectadas e um radionucleotídeo chamado bismuto-213. Segundo Ekaterina, a estratégia possibilitou que a radioimunoterapia eliminasse as células infectadas de forma profunda e específica. “O radionucleotídeo que nós usamos entregou radiação apenas para as células infectadas pelo HIV, sem danificar as células vizinhas.”

Resistência cerebral Esse, porém, não é o único desafio a ser ultrapassado para a erradicação do vírus. O sistema nervoso central (SNC) é um dos locais mais atingidos por esses reservatórios e o único que tem uma barreira física natural que o separa do restante do organismo, chamada barreira hematoencefálica. Ela existe para proteger o órgão de substâncias tóxicas ou micro-organismos que podem estar em circulação no meio sanguíneo.

“O tratamento antirretroviral penetra apenas parcialmente na barreira hematoencefálica, o que significa que, mesmo se um paciente está livre de HIV de forma sistêmica, o vírus ainda é capaz de atingir o cérebro.”
Ao mesmo tempo em que protege, a barreira hematoencefálica impede que alguns medicamentos penetrem no tecido cerebral e medular, dificultando o tratamento de tumores, por exemplo. No caso da radioimunoterapia proposta por Ekaterina Dadachova, ela pode dificultar que o anticorpo radiomarcado atinja as células infectadas.

A situação foi investigada pela pesquisadora utilizando um modelo in vitro da barreira humana. O experimento feito em laboratório mostrou a eficiência da molécula radiomarcada em atingir os tecidos do SNC, matar as células infectadas e não causar qualquer dano evidente para a barreira. “Além disso, muitos pacientes em terapia antirretroviral sofrem de transtornos neurocognitivos associados ao HIV, como o cérebro se torna um reservatório para a infecção. Assim, as drogas que podem entrar no SNC e erradicar a infecção são necessárias”, justifica.


Linfócito clonado
Esse tipo de anticorpo é muito conhecido na área de pesquisa de combate aos cânceres. Isso porque ele é capaz de se ligar às células de defesa T, "destravando" o sistema imunológico humano para que ele passe a reconhecer e atacar as células tumorais. Anticorpos monoclonais, ou mAb, surgem a partir de um único linfócito, que é clonado e imortalizado, produzindo sempre os mesmos anticorpos em resposta a um agente patogênico. Esses anticorpos são iguais em estrutura, especificidade e afinidade, o que os torna mais eficientes.

palavra de especialista

Ricardo dias, integrande da
Sociedade Brasileira de Infectologia

Possibilidades de cura

“Existem dois grandes desafios modernos com relação à infecção por HIV que estão mais ou menos restritos ao mundo desenvolvido. Um é eliminar totalmente o vírus das pessoas e o outro é diminuir o processo de envelhecimento acelerado provocado por ele. Os obstáculos para isso são, primeiro, a multiplicação contínua e acelerada do vírus; e, segundo, que o remédio não atinge algumas células. No segundo caso, temos duas opções: ou fazer o vírus sair dessa célula, como uma das abordagens para curar as pessoas, ou matar essas células. O que me parece é que esse estudo traz uma nova alternativa para eliminar essas células. Acho que essa abordagem pode ser interessante. Definitivamente, é uma estratégia que passa pela possibilidade de cura da infecção.”

Risco às células saudáveis



O infectologista Alberto Chebabo, do Laboratório Exame e do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade do Rio de Janeiro, conta que a radioterapia já foi proposta para outras doenças infecciosas, mas é a primeira vez que é utilizada contra o HIV, como propõe o estudo divulgado hoje no Encontro Anual da Sociedade Radiológica da América do Norte. Ele aponta  o que considera o principal possível prejuízo da técnica aos pacientes: “O efeito inesperado mais importante seria o de eliminar uma grande número de células, danificando, por exemplo, o sistema nervoso central ou as células linfáticas e levando a disfunções graves”.

Chebabo lembra que outras técnicas para erradicação dos reservatórios são estudadas, como utilização de medicações para obrigar essas células a “saírem” para a corrente sanguínea e, dessa forma, ficarem expostas às medicações antirretrovirais. Segundo ele, apesar do esforço científico, ainda não há uma solução viável. “Acredito que estamos no caminho para descoberta de uma ou mais técnicas que viabilizem a cura num futuro próximo, pelo menos para alguns tipos de pacientes.”
 O infectologista Artur Timerman, do Hospital Israelita Albert Einstein, também reforça que outras estratégias estão sendo traçadas, algumas, inclusive, em estágio mais avançado que a proposta de Dadachova. “A ideia é bastante interessante e, com certeza, deve ser acompanhada de perto, mas é preciso que seja feito um estudo de toxicidade e segurança”, ressalta. Os primeiros experimentos também deverão sair do nível molecular para, inicialmente, serem testados animais de pequeno e médio porte.


Segundo Ekaterina Dadachova, principal autora do estudo, os próximos passos a serem trabalhados por eles inclui ensaios clínicos em pacientes soropositivos. “HIV/Aids continua a ser uma doença incurável. Nosso objetivo é desenvolver estratégias baseadas em radioimunoterapia para o tratamento de HIV sistêmico e SNC com o uso de outras estratégias de antirretrovirais para alcançar a erradicação completa do HIV.” (BS)

EDUARDO ALMEIDA REIS - Muy cáustico‏

Ensinaram-me a produzir azeite doméstico razoável, que consistia na mistura de óleo de cozinha com azeitonas verdes daquelas graúdas


Estado de Minas: 04/12/2013





Houve tempo, não muito antigamente, em que os azeites europeus custavam uma fortuna. Ali por volta de 1980 ensinaram-me a produzir azeite doméstico razoável, que consistia na mistura de óleo de cozinha com azeitonas verdes daquelas graúdas. Não posso jurar, mas acho que era óleo de arroz: meio quilo de azeitonas verdes graúdas em um litro de óleo de arroz. Depois de alguns dias, você tinha azeitonas excelentíssimas para cervejar e um “azeite” perfeitamente utilizável nas saladas e frituras. Ensinei a fórmula a um hoteleiro do Sul de Minas, que a adotou na cozinha e no bar do seu hotel. Depois, os azeites europeus baratearam, surgiram lojas de azeites, provadores de azeites e me esqueci da mistura que enganava muitíssimo bem, produzindo, repito, azeitonas excelentíssimas como tira-gostos cervejeiros.

Temos agora as análises da Proteste, uma associação de consumidores, que testaram 19 marcas de azeite extravirgem para descobrir que 58% delas não são o que dizem ser. As marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real são de azeites lampantes, palavra que ninguém conhece, mas o Google nos ajuda: “Se denomina aceite de oliva lampante al aceite virgen que se presenta defectuoso por distintos motivos, puede ser un aceite resultante de haber utilizado aceitunas degradadas, problemas o defectos en los procesos de elaboración etc.”. Mais adiante, continua: “El aceite de oliva lampante no es apto para consumo, pero para aprovecharlo los productores lo refinan para reducir la acidez ya sea mediante una decoloración, utilizando sosa o sometiéndolo a altas temperaturas entre otros procesos”.

Aí, você vai ao dicionário da Real Academia Española para descobrir que lampante, adjetivo, “se dice del queroseno purificado que se emplea para el alumbrado” e, ainda, “se dice del aceite de oliva más puro”. O mesmo dicionário que tem sosa, palavra catalã, NaOH, “hidróxido sódico, muy cáustico”. Sai dessa, caro e preclaro leitor: muy cáustico e a gente comprando como azeite extravirgem. O hidróxido de sódio é substância usada na fabricação de detergentes, refino de petróleo, como reagente analítico etc., que você talvez conheça como soda cáustica. Azeites não virgens, com 0,8% a 2% de acidez, ainda de acordo com a Proteste, são: Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata. Os extravirgens, com até 0,8% de acidez, são: Olivas do Sul, Carrefour, Cardeal, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor e Qualitá.

Sky Maria da Penha

Pessoas há que usam a cabeça para experimentar novos penteados, novos xampus e tinturas, e toda sorte de maneiras de furtar, roubar, receptar, malversar dinheiros públicos etc. A grande virtude de um philosopho, que realmente philosopha, é amar a sabedoria, é pensar as coisas como devem ser pensadas. Dou-lhes um exemplo do alto philosophar com as mulheres que apanham dos seus companheiros e não se queixam, adiando sempre a ida a uma delegacia da Mulher onde contam com a Lei Maria da Penha.

Como explicar esse comportamento de centenas de milhares, talvez milhões de mulheres brasileiras? É fácil: basta comparar com a Sky, tevê a cabo em Juiz de Fora, cidade-polo da Zona da Mata de Minas. Por qualquer motivo e até sem motivo algum aquela porcaria enguiça. O “assinante” sente vontade de espancar a antena-marido, xingar a telefonista-marido, ligar para o Procon/Delegacia da Mulher, mudar de operadora-marido (mas tem contrato por um ano...), talqualmente nas desavenças matrimoniais. De repente, a porcaria volta a funcionar e o assinante fica satisfeito de não ter ligado para o Procon, xingado a telefonista, espancado a antena parabólica. Deve ser o sentimento da mulher que apanha: a esperança de não voltar a apanhar, assim como o assinante sonha com uma Sky que não volte a enguiçar. Segunda das três virtudes teologais, ao lado da fé e da caridade, a esperança pode funcionar na teologia, mas nos casamentos e nas tevês a cabo infelizmente não funciona.

O mundo é uma bola

4 de dezembro de 771: Carlos Magno se torna o rei de todo o Império Franco. Filho do rei Pepino, o Breve, e de Berta de Laon, rainha franca, sucedeu ao pai em 768. Em latim Carolus Magnus, foi rei dos francos e imperador do Ocidente (Imperatur Romanorum) entre 800 até esticar as botas em 814. Conquistou o Reino da Itália e foi coroado Imperatur Augustus pelo papa Leão III no dia 25 de dezembro de 800. Seu reinado está associado à chamada Renascença Carolíngia, renascimento das artes, religião e cultura por meio da Igreja Católica. Carlos Magno ajudou a definir a Europa Ocidental e a Idade Média na Europa, motivo pelo qual é chamado de Carlos I nas listas reais da Alemanha, da França e do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1496, anunciada em Muge a expulsão de judeus e muçulmanos residentes em Portugal. Claro que ninguém sabe onde fica Muge, motivo pelo qual fui ao Google para descobrir que é uma freguesia portuguesa do concelho de Salvaterra de Magos. Em 2011, Muge tinha 1.270 mugenses. É famosa pelos seus concheiros pré-históricos, o maior complexo mesolítico da Europa. Hoje é o Dia do Perito Criminal e do Orientador Educacional.

Ruminanças
“O brasileiro quando não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

Marcos Cintra - Burocracia trava a competitividade‏

Estado de Minas: 04/12/2013



Todo ano o Banco Mundial divulga o relatório Doing Business, contendo um ranking,atualmente com 189 países, mostrando onde há mais facilidade para fazer negócios. O levantamento contempla itens como tempo para abertura de empresas, cumprimento de contratos, registro de propriedade, pagamento de impostos etc. O último relatório mostra que o Brasil avançou 14 posições. Saiu da 130ª posição no ano passado para o 116º lugar este ano. Alguém mais desavisado pode se surpreender com tal fato, sobretudo porque o país teria melhorado seu ambiente de negócios sem ter feito nenhuma reforma abrangente. A explicação é que isso ocorreu por conta de mudanças metodológicas. A colocação do Brasil continua vexatória. Entre os 10 itens considerados para a classificação de cada país, a melhor posição brasileira refere-se à obtenção de energia (14ª). Depois aparecem proteção aos investidores (80ª), registro de propriedade (107ª), obtenção de crédito (109ª), execução de contrato (121ª), abertura de empresas (123ª), comércio entre fronteiras (124ª), obtenção de alvarás de construção (130ª), resolução de insolvência (135ª) e pagamento de impostos (159ª).

O maior problema brasileiro continua sendo a complexidade dos impostos. Segundo o relatório, uma empresa no Brasil gasta em média 2,6 mil horas no ano para ficar em dia com suas obrigações tributárias. Na América Latina e Caribe o tempo médio anual é de 369 horas e nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) o empreendedor despende em média 175 horas por ano para atender as exigências do fisco. A burocracia tributária brasileira exige um sacrifício descomunal do empreendedor e inibe investimentos. É um entrave que gera custos elevados e que compromete a competitividade da produção interna. Muitas vezes a sonegação acaba sendo a saída para uma empresa sobreviver em meio a tanta insanidade fiscal. O Brasil não consegue racionalizar seu sistema tributário. Alguns avanços isolados foram realizados nos últimos anos, como o Simples e a CPMF, mas em seguida o vício burocrático se impôs e a estrutura retrocedeu. O Simples foi um passo importante para facilitar a vida do empreendedor quando ele foi implantado, em 1997, mas anos depois essa forma simplificada de tributação foi significativamente alterada. Foram criadas várias tabelas, novas alíquotas e outros penduricalhos que fizeram o imposto único das micro e pequenas empresas se tornar confuso e de custo mais elevado quando comparado ao sistema original.

A CPMF foi outro caso que expôs o poder da burocracia fiscal no país. O “imposto do cheque”, o mais simples e mais barato tributo que o Brasil já teve nos últimos anos, foi alvo de repugnante campanha política e acabou sendo extinto em 2007. Mesmo com as qualidades desse tributo sendo evidenciadas, como sua simplicidade e seu baixo custo, ele foi colocado para a sociedade como um vilão a ser combatido. É um caso emblemático para mostrar que a complexidade na área dos impostos predomina frente a medidas simplificadoras. A estrutura de impostos segue prejudicando a produção brasileira e a reforma tributária segue engavetada. Enquanto isso, a burocracia agradece, o trabalhador vai pagando a conta e o Brasil vai perdendo oportunidades.

Marcos Cintra
Doutor em economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular de economia na Fundação Getulio Vargas, subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo