quinta-feira, 11 de julho de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LARTE
LARTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

Brasil sabe desde 2001 que os EUA espionam internet - RUBENS VALENTE

folha de são paulo
O governo brasileiro já reconheceu por duas vezes, em 2001 e em 2008, que os EUA comandavam um sistema de coleta de informações que tinha a capacidade de "intromissão em comunicações eletrônicas" em todo o mundo.
Em depoimento prestado em 2001 à Câmara dos Deputados, o então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência no governo FHC (1995-2002), general Alberto Cardoso, disse aos parlamentares que os EUA desenvolveram um projeto, com o nome código de Echelon, em associação com Reino Unido, Irlanda, Austrália, Canadá e Alemanha.
O projeto tinha a capacidade de interceptar comunicações por e-mail, voz e fac-símile, segundo um relatório do Parlamento Europeu daquele mesmo ano. Segundo o general, além do Echelon, também tinham capacidade invasiva os governos de França, Itália e Rússia.
Editoria de Arte/Folhapress
O sistema Echelon também era controlado pela NSA (Agência de Segurança Nacional), hoje foco de novas denúncias a partir de vazamentos feitos pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
Em depoimento prestado ao Congresso em 2008, no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o engenheiro eletrônico Otávio Carlos Cunha da Silva, diretor do Cepesc (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Informações) da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), confirmou aos parlamentares: "O Echelon intercepta todas as comunicações. [...] E não há só um Echelon, há o Echelon americano, o Echelon europeu".
Indagado por um deputado sobre que tipo de informação poderia ser captada pelo sistema, Silva explicou que era toda comunicação "que está no ar", em "satélites, links de micro-ondas, torres".
Silva indicou que o GSI havia estudado o Echelon: "Esse equipamento envolve seis países, é uma rede de países. A gente até poderia fazer uma apresentação depois sobre isso. Mas é uma rede de países envolvidos, com uma rede de supercomputadores envolvidos, com um volume de recursos absurdamente envolvidos para esse processo".
RELATÓRIO EUROPEU
O Echelon foi, em 2001, alvo de uma ampla investigação no Parlamento Europeu, aberta após reportagens publicadas pela imprensa europeia ao longo da segunda metade da década de 90. A apuração acabou por comprovar a existência do sistema.
No relatório final de 198 páginas, há vários depoimentos de antigos funcionários do governo americano que confirmam a atuação do sistema desde os anos 70 pelo menos.
Há, porém, indicações de que ele foi criado em 1948, quando da assinatura do acordo de cooperação de inteligência "UKUSA", do tipo "Sigint", sigla que indica espionagem de 'sinais inteligentes', de comunicações e eletrônicos, assinado por Reino Unido, EUA, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
Segundo o relatório, o Echelon foi usado pelos EUA para colaborar com a empresa americana Raytheon por ocasião da disputa, lançada pelo governo brasileiro, por serviços e equipamentos para o sistema de vigilância da Amazônia, o Sivam. Os americanos venceram a disputa.

Vinicius Torres Freire

folha de são paulo

Dilma sem folga no dia do trabalho



É impossível imaginar que as manifestações de hoje tenham efeito neutro sobre a imagem do governo Dilma ou não piorem o clima de mal-estar político e social no país.
Mais ou menos bem-sucedidas em termos de aglomerações ou tumulto, as manifestações trabalhistas tendem a:
1) tornar mais visíveis ou ruidosas reivindicações que não serão atendidas por governo e/ou Congresso;
2) elevar a tensão entre empresas e governos (empregadores), por um lado, e centrais e sindicatos;
3) piorar o mal-estar na economia. Não importa o juízo que se faça das reivindicações e das reações a tais demandas, empresas e seus representantes vão se irritar com a conturbação extra (já começaram os protestos contra a "desordem que prejudica a produção");
4) deixar gente com dinheiro grosso (a finança) ainda mais arisca, pois mais variáveis políticas e econômicas ficarão turvadas pela incerteza (Dilma vai perder de vez o Congresso? Quem vai ganhar a eleição? O que será do resto da política econômica? O que o Congresso pode aprovar neste ambiente tumultuado?).
A lista de reivindicações das centrais e sindicatos é antiga, mas as negociações a respeito delas, quando havia, estavam circunscritas a parte do Congresso que ainda mantem relações com o sindicalismo e a uma ou outra secretaria de governo que enrolava o assunto. Não era um debate entre o público em geral.
Mas a coisa muda quando há reivindicações na rua, publicidade, acompanhadas de conturbação, em meio a um clima de revolta geral e com um Congresso que ameaça entregar os dedos (dos outros) a fim de manter seus anéis.
As centrais querem redução da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário -mesmo acuado, dificilmente o Congresso entraria em conflito com seus financiadores, para nem discutir as implicações econômicas de tal decisão. Talvez evitem aprovar a lei que facilita a terceirização etc. Se tanto.
As centrais querem ainda o fim do fator previdenciário e outros aumentos para aposentados -o governo não tem como pagar. Querem o fim de privatizações, como a da exploração do petróleo, além de reivindicações igualmente específicas (não colam, portanto) ou genéricas demais ("serviços públicos de qualidade").
A CUT queria ainda levar para a rua a regulamentação dos meios de comunicação (mais dor de cabeça para o governo) e a defesa do plebiscito da reforma política (mais controvérsia com o Congresso).
Nada disso deve ir para a frente, a não ser em caso de convulsão maior ou de um Congresso decididamente desembestado e disposto a dar uma facada em Dilma Rousseff.
Quem vai ficar contente com tal resultado?
Não serão as centrais ou os trabalhadores e passantes que simpatizarem com as reivindicações.
Não serão empresários, grandes, pequenos ou micro, que terão prejuízos diretos, vão reclamar da deterioração do ambiente econômico ou se irritar ainda mais com um governo que (dizem) tem grande responsabilidade pela presente confusão.
Congressistas ligados a movimentos sociais e de trabalhadores, muitos do velho núcleo do PT, serão ignorados por um governo sem margem de manobra financeira ou política para dar alguma satisfação às revoltas várias.
Grande ou pequeno, haverá prejuízo para o governo de Dilma.
Vinicius Torres Freire
Vinicius Torres Freire está na Folha desde 1991. Foi Secretário de Redação, editor de 'Dinheiro', 'Opinião', 'Ciência', 'Educação' e correspondente em Paris. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve às terças, quintas e domingos, no caderno 'Mercado'.

Pasquale Cipro Neto

folha de são paulo
'Mais velha do que boa'
Quem gosta de seguir cegamente os burros 'corretores' ortográficos pode se dar muito mal
Na semana passada, um telejornal exibiu uma matéria sobre a "morte" das lâmpadas incandescentes. O (ótimo) texto do repórter começava assim: "A velha e boa lâmpada incandescente, mais velha do que boa...".
Hábil com as palavras, o repórter desfez a igualdade que a conjunção aditiva "e" estabelece entre "velha" e "boa" e instituiu entre esses dois adjetivos uma relação de comparação de superioridade, que não se dá da forma costumeira, isto é, entre dois elementos ("A rua X é mais velha do que a Y", por exemplo), mas entre duas qualidades ("velha" e "boa") de um mesmo elemento (a lâmpada incandescente).
Ao dizer "mais velha do que boa", o repórter quis dizer que a tal lâmpada já não é tão boa assim. Agora suponhamos que a relação entre "velha" e "boa" se invertesse. Como diria o repórter: "A velha e boa lâmpada incandescente, mais boa do que velha..." ou "A velha lâmpada incandescente, melhor do que velha..."?
Quem gosta de seguir os burros "corretores" ortográficos dos computadores pode se dar mal. O meu "corretor", por exemplo, condena a forma "mais boa do que velha" (o "mestre" grifa o par "mais boa"). Quando escrevo "melhor do que boa", o iluminado me deixa em paz. E por que ele age assim? Por que, para ele, não existe "mais bom", "mais boa"; só existe "melhor".
Bem, quando se diz algo como "O Juventus é melhor do que o Corinthians" (rarará!), emprega-se "melhor" (e não "mais bom") porque se compara uma qualidade em relação a dois elementos, mas, quando a comparação se dá entre duas qualidades do mesmo elemento, a coisa muda: em vez de "melhor", o que se usa é mesmo "mais bom/a".
Moral da história: se o julgamento do repórter sobre as qualidades da lâmpada incandescente sofresse uma inversão, a construção adequada seria "A velha e boa lâmpada incandescente, mais boa do que velha...". Sim, "mais boa do que velha", o que também vale para o masculino, é óbvio: "Esse velho e bom livro de receitas, mais bom do que velho...".
O raciocínio se aplica a "mais mau/má" e "pior". Suponha que se fale da má e burra sinalização de solo de São Paulo. Algum motorista paulistano duvida de que, no todo, a sinalização de solo da cidade é burra e de má qualidade (desgastada, apagada)? O senso pode variar: uns acham que a sinalização é mais burra do que má; outros, o contrário.
Percebeu, caro leitor? Pode-se dizer que a sinalização de solo de São Paulo é pior (e não "mais má") e mais burra do que a de Curitiba, por exemplo, mas não se vai dizer "A má e burra sinalização de solo de São Paulo, pior do que burra...".
O mesmo se dá com "maior" e "menor", em relação a "mais grande" e "mais pequeno", respectivamente. Uma casa, por exemplo, pode ser grande e confortável, mas não tão confortável quanto o seu tamanho permitiria que fosse. Nesse caso, é mais do que possível dizer que "A casa de Fulano é grande e confortável, mais grande do que confortável..." (e não "maior do que confortável").
No caso de "menor" e "mais pequeno", convém lembrar que, em Portugal, é muito comum a forma "mais pequeno" na comparação entre dois seres ("Esta casa é mais pequena do que aquela"), seja na língua oral, seja nos escritos, literários ou não. No português do Brasil, esse uso foi comum até a primeira metade do século passado, na oralidade e na escrita. Hoje em dia, predomina o emprego de "menor" ("Esta casa é menor do que aquela").
Na comparação entre duas qualidades do mesmo ser, vale o que foi dito ao longo desta coluna ("Um carro pequeno e charmoso, talvez mais pequeno do que charmoso..."). É isso.

Painel Vera Magalhães

folha de são paulo
Mais poder ao PMDB
Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva discutiram anteontem a relação com o PMDB e definiram que uma forma de tentar resolver a crise com o Congresso é dar mais poderes a Michel Temer. O ex-presidente, que nunca foi próximo a Temer, fez elogios a ele. Uma ideia é que o vice "apadrinhe'' o substituto de Ideli Salvatti em eventual troca nas Relações Institucionais para mostrar coesão perante a bancada peemedebista da Câmara, principal foco de resistência à presidente.
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Última palavra Lula e Dilma deverão conversar novamente ainda neste mês, antes da visita do papa Francisco ao Brasil. Auxiliares da presidente afirmam que ela usará o recesso para fazer trocas na equipe ministerial.
007 Na reunião para discutir indícios de espionagem norte-americana no Brasil, Dilma perguntou duas vezes a José Eduardo Cardozo (Justiça) e ao general José Elito (GSI) se tinham "absoluta certeza'' de que a Polícia Federal e a Abin não sabiam de operações dos EUA no país.
De volta à... Aprovado ontem sem alarde na CCJ do Senado, o projeto de lei que estabelece nova definição para organização criminosa passou com uma emenda que reduz a pena mínima para os condenados por esse crime.
... vaca fria O texto original previa pena de 3 a 10 anos de reclusão. Emenda aprovada pela Câmara e ratificada pelo Senado baixou o intervalo para de 3 a 8 anos. O texto foi defendido pelo relator Eduardo Braga (AM), líder do governo no Senado.
Pausa Do senador e presidenciável tucano Aécio Neves (MG) diante do número de projetos que ampliam gastos públicos votados no esforço concentrado do Congresso: Ou o Senado entra logo em recesso ou quebra o Brasil''.
Alô A cúpula do PPS terá nova conversa com José Serra daqui a duas semanas, quando o tucano voltar do exterior. Apesar do contratempo na fusão com o PMN, o partido acredita que Serra ainda está disposto a discutir uma candidatura presidencial.
Sem sinal Já Eduardo Campos (PSB) procurou Roberto Freire (PPS) para retomar as conversas sobre 2014, mas não obteve resposta.
Para tudo As centrais sindicais farão uma reunião na sexta-feira para avaliar a manifestação nacional de hoje. Dirigentes já ameaçam convocar greve geral em meados de agosto caso as reivindicações dos trabalhadores não sejam atendidas.
Média Em reunião com sindicalistas anteontem, Renan Calheiros (PMDB) defendeu a redução do número de ministérios e disse que o Planalto poderia fazer cortes na Esplanada para bancar as pautas trabalhistas que foram vetadas por Dilma, como o fim do fator previdenciário.
Largada Apesar de dizer que está em "ano sabático", Gilberto Kassab (PSD) cumpriu agenda de autoridade no último fim de semana, em visita à etapa paulista da Fórmula Truck. Passeou pelos boxes e deu entrevista destacando a importância do esporte para São Paulo.
Na mira Eduardo Campos recebeu esta semana o juiz aposentado João Gandini, que presidiu um processo de improbidade contra Antonio Palocci em Ribeirão Preto. Ele foi candidato a prefeito pelo PT e está de malas prontas para entrar no PSB.
Gospel A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), relatora da lei do Ecad na Câmara, ajudou a derrubar no Senado emenda defendida pela bancada evangélica e aprovada pela Câmara que isentava entidades filantrópicas de pagar direitos autorais pelo uso de músicas.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
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TIROTEIO
"É um tiro no pé a invasão do PT no protesto das centrais sindicais. O partido é governo e é este governo que será questionado nas ruas."
DE JOÃO CARLOS GONÇALVES, secretário-geral da Força Sindical, sobre a participação do PT na mobilização de trabalhadores marcada para hoje.
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CONTRAPONTO
Aliado em transe
Senadores do Centro-Oeste se reuniram na terça-feira com o ministro Guido Mantega para reivindicar recursos para financiamentos na região. Na sala de reuniões da Fazenda, posicionaram-se de um lado Waldemir Moka (PMDB-MS) e Delcídio Amaral (PT-MS). Do outro, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Blairo Maggi (PR-MT), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Ruben Figueiró (PSDB-MS).
Diante da disposição das cadeiras, o ex-governador do Mato Grosso, da base aliada, arriscou uma explicação:
--Aí, do outro lado, ficam os governistas. Aqui, os de oposição e os que estão de mudança!

    Janio de Freitas

    folha de são paulo
    De galinhas e medicina
    O que deve ir primeiro para o interior do país, o tão invocado equipamento básico ou o médico?
    O ovo ou a galinha.
    O ovo já é colega íntimo dos médicos em serviços à vida, no seu papel de receptáculo de contaminações nele injetadas para a produção de vacinas. A galinha tem séculos de contribuição aos pacientes, sob a forma daquela santa canja que reanima muito doente, para maior prestígio da medicina. É natural que se juntem para mais um esforço de contribuição ao mais importante dos saberes humanos.
    Faz sentido a ponderação dos contrários à contratação de médicos estrangeiros para o interior, por falta, lá, até dos mais simples recursos para atendimento (a ponderação das associações médicas exala odores de motivação real muito diferente). É diante desse argumento que o ovo e a galinha comparecem com a velha indagação de qual deles veio primeiro. Muito sugestiva no caso atual.
    O que deve ir primeiro para o interior, o tão invocado equipamento básico ou o médico? Se for o equipamento, além de ficar inútil, não tem, por si só, poder de atrair quem lhe dê uso proveitoso. Jornais e TV têm noticiado casos exemplares de municípios com instalações à espera de médicos, mesmo com remuneração melhor que a ofertada nas capitais.
    O médico que é médico quase sempre tem alguma coisa a fazer para atenuar o sofrimento mesmo sem a instrumentação e o remédio adequados. Vemos isso, com frequência, nos acidentes. Eu mesmo já ansiei, na beira de uma estrada, por um médico que parasse ao menos para me dizer como estancar a hemorragia perigosa.
    Se primeiro a chegar, o médico, além do efeito de sua simples chegada, e das imediatas orientações sanitárias que pode proporcionar, tem meios de requerer, reclamar, denunciar e acusar publicamente as responsabilidades pelo descaso com os recursos de que precisa. E pode romper, até com apoio judicial, o contrato não cumprido pelo contratante.
    O que não faz sentido é estabelecer a priori que no interior não haverá sequer os recursos minimamente necessários. Isto é sacar sobre o futuro. Especialidade de economistas e jornalistas, não de médicos. Por que não experimentar com mil ou dois mil médicos? Se a experiência com metade deles der certo, ou que seja um terço, um quarto, já se terá aprendido muito, mas, sobretudo, quanto alívio terá sido dado, quantas crianças terão deixado de sofrer, se não de morrer?
    E, se a carência impeditiva está no interior, os grandes centros urbanos estão equipados para o atendimento à população, mínimo embora? Há três dias noticiava-se que o Hospital do Andaraí, pronto-socorro e referência em queimados no Rio, estava com as cirurgias suspensas por falta até do material mais simplório, como cateter. A desgraçada periferia de São Paulo inclui serviços médicos com o equipamento necessário? As cenas recentes em TV não foram tomadas no Projac.
    Essa discussão não é sobre médicos, hospitais, postos de saúde, equipamentos. É sobre doença, sofrimento, partos, mortes, crianças.

      Tv Paga


      Estado de Minas: 11/07/2013 


      Vida de estrela
      O Telecine Premium exibe hoje, às 20h10, o documentário Katty Perry: part of me. A produção relata a trajetória pessoal e profissional da cantora americana, desde sua criação numa família religiosa, passando pelo conturbado relacionamento com o então marido Russell Brand.

      Anote aí uma receita
      de dar água na boca


      O prato principal do Brasil no prato é o Cuscuz, e Carla Pernambuco irá preparar receitas que podem ser feitas com diferentes ingredientes, como por exemplo o cuscuz de milho, o cuscuz com frutos do mar e um cuscuz de tapioca. A atração vai ao ar, às 22h45, no Bem Simples.

      Série do +Globosat
      vai tirar o seu sono


      Quem gosta de uma boa adrenalina dos contos de terror deve ficar ligado na série Fear Itself – Contos de terror, exibida à meia-noite, no +Globosat. Histórias clássicas que envolvem lobisomens, vampiros, zumbis, demônios, possessões e casas mal-assombradas são contadas na atração. Com uma hora de duração, cada episódio traz uma história diferente e independente, escritas e dirigidas por grandes nomes do horror.

      Guerreiros encaram
      as forças da maldade


      Will Stanton descobre ser o último herdeiro de uma linhagem de guerreiros imortais que dedicam suas vidas a lutar contra as forças do mal. Will se depara com forças inimagináveis e percebe que a escuridão está crescendo. Ele terá de lutar e salvar
      o mundo desses poderes malignos no Megaweek superaventuras: Os seis signos da luz, às 22h30, na Fox.

      Não é nada fácil
      achar a casa ideal


      Em Property virgins, às 20h45, no Fox Life, cansados da vida corrida de Nova York, Adam e Yimara se mudaram para Boston. Agora, eles têm esperança de comprar uma casa própria para formar uma família. Sua atenção está no famoso Coolidge Corner, a minutos do Centro. Com um orçamento apertado e expectativas tão altas, encontrarão a casa ideal?

      Alguém duvida que
      Hitler era doente?


      Os registros médicos de Hitler finalmente foram encontrados: raios-x, avaliações médicas, e um relatório sobre seu uso de cocaína. A partir de 1936, seu médico pessoal, dr. Theodor Morell, permanece ao lado de Hitler, sempre disposto a empregar tratamentos duvidosos – até oito medicamentos diferentes por dia, incluindo um contendo estricnina. Será que Morell tentou envenenar seu empregador? O psicólogo americano Nassir Ghaemi tem dúvidas: ele acredita que Hitler tinha transtorno bipolar e usava medicamentos em excesso. Vai ao ar às 20h30, no Nat Geo.

      Marina Colasanti-O escuro lado escuro‏


      Estado de Minas: 11/07/2013 


      Primeiro foram os drones. Que coisa mais feia essa espionagem celeste, pensamos. Mas os donos do artefato rebateram usando o argumento dos fins, tudo era para o bem geral, a segurança, e em vez da palavra espionagem deveríamos usar sua prima distante, vigilância. Como sempre, a conversa dos fins embaralhou a dos princípios. Por sorte, as aves nefandas voavam em céu alheio, largariam seus ovos em ninho que não o nosso. Podíamos ficar só mediamente indignados.

      Que sei eu da vida?, me perguntei naquela ocasião, sentindo que olhava o mundo como se olhasse a Lua, vendo apenas um lado e tendo a ilusão do todo.

      Quando Snowden apareceu com suas denúncias, o tranco foi maior. A mancha de óleo a que ele deu vazão colava na pele da modernidade o clima 007 deslocava-se da tela do cinema e da televisão para a dos computadores. Países inteiros estavam sendo escutados, espionados, monitorados pelos Estados Unidos. Primeiro soubemos dos países inimigos e pareceu ter alguma lógica. Mais tarde, fomos informados de que também países amigos, colaboradores de comércio e política, haviam sido postos na escuta.

      Tive a impressão de ver uma nesga do lado escuro. Enquanto enchíamos a boca falando de individualidade, enquanto continuávamos acreditando na possibilidade do privado, havia espiões atentos dentro dos travesseiros, cidadãos andavam com bugs secretamente instalados nos ouvidos, redes pescavam palavras diante das bocas.

      Agora nos é dito que há uma década nós também somos espionados. E não só isso, nos tornamos o segundo alvo mais importante para os USA, depois deles mesmos. Escrevo no meu computador pouco mais espesso que um caderno escolar e já o vejo como o espelho mágico da madrasta de Branca de Neve, contendo um rosto malévolo, que não fala comigo, mas me escuta e analisa o que escrevo. É como se tivéssemos voltado aos tempos primeiros da telefonia, quando, nas pequenas cidades, os operadores por intermédio dos quais se faziam as chamadas se apossavam dos segredos dos cidadãos.

      Mas nem isso basta. Deslizando verde sobre as folhas, com ar aparentemente gentil, nos chega a Helicoverpa armigera. Uma mariposa, não como as outras, uma praga. Está devorando as plantações de algodão no Oeste da Bahia, banqueteia-se no cultivo de milho, soja, sorgo, feijão, tomate. Já causou prejuízos incalculáveis em 12 estados brasileiros. E está fora de controle.

      Pragas na lavoura sempre existiram, esta porém é nova, importada e suspeita-se de que não involuntariamente. Ao que tudo indica, segue o modelo dos espiões da privacidade, foi introduzida. É o que diz a Agência Brasileira de Inteligência, convocada para investigar-lhe a origem.

      Como nos livros policiais, a pergunta é: a quem interessa o crime?. Às empresas internacionais de transgênicos, que já trabalhavam com genes resistentes à Helicoverpa armigera, antes de pedir cidadania brasileira. Mas, como nos livros policiais, o interesse não constitui prova de culpa.

      A mariposa voraz põe 1,5 mil ovos a cada 40 dias. Quantos drones, exatamente, percorrem os céus, de dia e de noite? Quantos aparelhos, quantos funcionários escutam e peneiram vozes e dados privados do mundo inteiro, noite e dia? Quantos e quais fatos sinistros se abrigam ainda no lado escuro do nosso próprio planeta?

      Aquelas canções (Toninho Horta) - Eduardo Tristão Girão‏

      Aquelas canções Toninho Horta reúne herdeiros da sonoridade do Clube da Esquina com artistas de sua geração para show que recupera arranjos do disco dos anos 1970. Hoje tem ensaio aberto em Santa Tereza 


      Eduardo Tristão Girão

      Estado de Minas: 11/07/2013 04:00


      Como de costume, Toninho Horta continua às voltas com seus projetos. Antes de embarcar para shows nos Estados Unidos e Itália, na semana que vem, o guitarrista e compositor mineiro faz hoje à tarde, em Belo Horizonte, o segundo ensaio aberto em preparação ao show As cores do Clube, programado para setembro, com o qual vai recuperar arranjos e sonoridade originais do Clube da Esquina com a nova geração dos Guedes, Borges e Tiso. Paralelamente, concentra-se na finalização do Songbook Toninho Horta, a ser lançado no mesmo mês, incluindo textos, fotos e 120 partituras de composições suas. Fora os discos que estão saindo na Itália e no Japão.

      Na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, perto do famoso cruzamento (das ruas Paraisópolis com Divinópolis) onde tudo começou, Toninho se reunirá, a partir das 16h, para repassar o valioso repertório setentista com Gabriel e Ian Guedes, Telo e Rodrigo Borges, e Tutuca Tiso (que é filho do guitarrista Fredera), além de Paulinho Carvalho, Beto Lopes, Tattá Spalla e, talvez, Neném. “As comemorações em torno do Clube da Esquina, ano passado, não foram suficientes. Houve panelinhas e até participei de algumas delas”, afirma ele.

      A iniciativa que capitaneia, acredita o artista, tem como diferencial a valorização dos arranjos originais e a abertura do repertório para canções das carreiras solo de membros do Clube. “Queremos shows de, pelo menos, duas horas, para tocar tudo o que a gente gosta. Os anos 1970 foram o auge do movimento. Todo mundo era muito criativo, cada um no seu contexto. Tocávamos mais de ouvido que usando partitura. As bandas do Lô Borges e do Beto Guedes são muito boas, mas trabalham com som atual. Vamos resgatar o som daquela época”, explica Toninho.

      Inclusive, ele se revezará entre vários instrumentos, repetindo o que ocorreu nas gravações do disco Clube da Esquina e em trabalhos solo de que participou na mesma época – baixo em Maria Maria e Nada será como antes, e teclado em A Via-Láctea e Beijo partido, por exemplo. “Na época da gravação do primeiro Clube da Esquina, quem acordava mais cedo ia chegando para gravar. Uns desciam para a lanchonete que ficava embaixo do estúdio da EMI, no Rio de Janeiro, e ficavam por lá. Outros iam tomar um chope. Por isso, conseguimos todas aquelas cores no disco”, conta.

      Toninho acredita que, ainda que os “herdeiros” do Clube venham tocando essas músicas em suas versões originais, isso não tira a graça do projeto. “Só o fato de serem jovens e ter  tesão por tocar já vale.” Os ensaios (seis, no total) serão realizados não apenas na Praça Duque de Caxias, mas também em locais como o Colégio Arnaldo (onde o guitarrista estudou). A entrada, quando cobrada, terá preço simbólico. Previsto para setembro, o show As cores do Clube terá estreia no Teatro Bradesco, na capital mineira, incluindo pequena orquestra. A expectativa é que o espetáculo seja levado a outras capitais.


      TEORIA E PRÁTICA

      Além do show As cores do Clube e do Songbook Toninho Horta, o guitarrista pretende reativar seu projeto de shows Aqui ó jazz, incluindo também oficinas, workshops e, talvez, publicação do material didático do 1º Seminário Brasileiro da Música Instrumental, realizado por ele em Ouro Preto, em 1986. O artista revela que pretende criar o Instituto Maestro João Horta (homenagem ao avô) para pesquisar música mineira, formar orquestra jovem e manter na internet portal sobre música. Também está a caminho o DVD Nos tempos do Paulinho, que retratará o irmão Paulo e sua turma de músicos dos anos 1960 em 52 minutos. Pelo visto, seu aguardado Livrão da Música Brasileira (com R$ 1,1 milhão aprovado em leis de incentivo, mas sem R$ 1 captado) ainda vai demorar a sair.



      Songbook terá músicas inéditas

      Eduardo Tristão Girão

      Não é só. Os músicos Maurício Ribeiro, Cristiano Viana e Rafael Martinez trabalham desde o ano passado na transcrição de 120 músicas de Toninho para livro bilíngue de partituras do artista, o Songbook Toninho Horta, que terá também textos e fotos. “Com sorte, sai no fim do mês que vem”, anuncia. Ele conta que a ideia surgiu durante negociação com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo para reimprimir sua biografia, Harmonia compartilhada (2010). Como resultado, fez acordo com a instituição para ficar com metade da primeira tiragem, que será de 2 mil exemplares.

      O guitarrista adianta que seis das 120 músicas do songbook são inéditas, compostas ainda na adolescência, como Barquinho vem, a primeira que escreveu, aos 13 anos, inspirado em Corcovado (Tom Jobim). Além dela, estão nessa mesma leva Ciúme da areia e Momento bom – Você que não vem e Flor que cheira saudade (sua primeira composição gravada, por Aécio Flávio). Também antigas e lançadas no disco ao vivo Solo (2007) foram incluídas. A parte de texto, completa ele, será uma biografia musical, especificando o que fez em cada década.

      Frequentemente lembrado como mestre da harmonia, o guitarrista acredita que sua maior contribuição musical está em suas composições. “Acho que sou mais inovador em composições audaciosas. Os mineiros, em geral, são bons nisso, saem daquela linha berkleeniana. A harmonia vem a reboque. Minha canção Beijo partido é importante, é um marco da harmonização diferente, mas pegou porque a letra é cativante também. Melodicamente é inovadora, mas se não tivesse letra não teria ficado tão famosa. Isso duplica a importância”, justifica.

      SAINDO DO FORNO

       Minas-Tokyo
      Lançado só no Japão, é disco solo, com Toninho tocando guitarra e violão. Entre as 12 faixas, Beijo partido, Quadros modernos e Giant steps (John Coltrane).

      Shinkansen
      Gravado por Toninho com Jacques Morelenbaum (violoncelo), Liminha (baixo) e Marcos Suzano (pandeiro), tem músicas escritas por eles especialmente para essa formação.

      Mais que bons amigos
      Cantora carioca que gravou com Me deixa em paz com Milton Nascimento, Alaíde Costa faz dueto com Toninho  interpretando só Clube da Esquina.

      Two guitars – Dal Brasile a Napoli

       Registro instrumental da colaboração entre Toninho e o guitarrista Antonio Onorato, que é influenciado pela música napolitana.

      Belo Horizonte
      Disco duplo com Toninho e Orquestra Fantasma. O primeiro tem clássicos do guitarrista e o segundo reúne temas instrumentais de Yuri Popoff e André Dequech.


      MUTIRÃO NACIONAL » Aprenda a tocar

      O Dia Nacional do Ensino da Música será comemorado em 20 estados, com extensa programação agendada para amanhã e sábado. Em BH, o Studio Sol, por meio do site Cifra Club, oferecerá aulas gratuitas na Escola Minueto (Avenida do Contorno, 7.449, Lourdes). As vagas são limitadas e inscrições já podem ser feitas em www.cifraclub.com.br/workshops.

      A boa ideia se inspirou no evento National Learn to Play Day, realizado no Reino Unido. A edição brasileira mobiliza lojas, comunidade artística, professores e instrumentistas.


      Tendências/Debates

      folha de são paulo
      aRNALDO NISKIER
      TENDÊNCIAS/DEBATES
      Paixão pela leitura
      A vida e a obra de Guimarães Rosa foram ambas muito ricas. Daí o acerto da lembrança nas bem-sucedidas maratonas escolares
      Um fato em educação não admite sofisma: os alunos que, desafiando as dificuldades, escrevem melhor são os que mais leem.
      Não se conhece uma pesquisa nacional confiável sobre essa verdade, mas se considerarmos os resultados das maratonas escolares, promovidas por secretarias de Educação, isso pode ser revelado, com uma indisfarçável ponta de otimismo. Quanto mais, melhor. É o começo da paixão pela leitura.
      No Rio de Janeiro, a Secretaria municipal de Educação realiza pela quinta vez consecutiva a sua maratona escolar. Depois de Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz, Erico Verissimo e Ariano Suassuna, chegou a vez de trabalhar a vida e a obra de Guimarães Rosa.
      A secretária Claudia Costin, na Academia Brasileira de Letras (parceira do empreendimento), recordou que, ao dirigir o Círculo de Leitores em São Paulo, trouxe jovens alunos de favelas de São Bernardo do Campo para a capital, para que pudessem melhor se inteirar da obra do autor de "Grande Sertão: Veredas".
      Concluiu que os resultados, em termos de motivação para a leitura, foram verdadeiramente excepcionais. Confia na repetição desse êxito, agora em outra capital.
      Essa preocupação oficial, em termos culturais, integra o programa Uma Cidade de Leitores, voltado para alunos de oitavo e nono anos do ensino fundamental e da educação de jovens e adultos (EJA).
      Os estudantes ouvem palestras de acadêmicos sobre Guimarães Rosa, podendo com eles tirar dúvidas porventura existentes. Depois, farão redações sobre qualquer obra do escritor de Cordisburgo (MG), nascido em 1908 e que viveu uma dramática experiência com a Academia Brasileira de Letras.
      Não queria se candidatar. Temia pela emoção que isso poderia representar. Vencido pela insistência de amigos, entre os quais se incluía Pedro Bloch, cedeu e aceitou o pleito. Venceu, mas adiou a posse por quatro anos, fato inédito, até que em 1967 resolveu assumir a sua cadeira. Fez um bonito discurso, muito aplaudido. Morreu quatro dias depois, confirmando a sua premonição.
      Os contos e romances de Rosa, como era conhecido, ambientaram-se quase todos no sertão brasileiro, que ele conhecia pessoalmente de diversas visitas, empunhando o seu caderninho de notas. Registrava expressões próprias, que se tornaram o hit das suas obras. Elas ultrapassaram o regionalismo tradicional, para se tornar universais.
      Daí a existência de inúmeras traduções para diversos idiomas, tarefa que aparentemente parecia impossível de ser executada. As suas veredas ganharam o mundo.
      Guimarães Rosa foi também médico e um diplomata aplicado. Em companhia de sua mulher, Aracy, na Segunda Guerra Mundial, ajudou a salvar a vida de inúmeros judeus perseguidos pelo nazismo. Era cônsul-adjunto em Hamburgo. Teve uma vida e uma obra muito ricas, daí o acerto da lembrança nas bem-sucedidas maratonas escolares.
        EDUARDO DE CARVALHO ANDRADE
        TENDÊNCIAS/DEBATES
        Oportunidade desperdiçada?
        Manter efetivamente o centro da meta em 4,5% e reduzir o intervalo já sinalizaria uma menor leniência com a inflação
        O governo decidiu manter, para 2015, a meta de inflação de 4,5% com um intervalo de 2 pp (pontos percentuais) para cima ou para baixo, que vigora desde 2006. Mas ele poderia ter aproveitado essa oportunidade para realizar ajustes graduais de forma a recuperar sua credibilidade e ancorar as expectativas futuras de inflação.
        O governo luta para evitar que a inflação ultrapasse o limite superior de 6,5% do regime de meta de inflação. A oposição utiliza o surto inflacionário para enfraquecer politicamente a presidenta. O fato é que a credibilidade do governo para enfrentar a subida dos preços está abalada e ele deveria implementar mudanças no atual regime de metas para tentar recuperá-la.
        A primeira mudança seria reduzir o intervalo da meta de inflação, de 2 pp para 1 pp. Dessa forma, mantido o centro da meta de 4,5%, a inflação em 2015 deveria ficar entre 3,5% e 5,5%.
        No passado, o argumento para defender a utilização de intervalos tão elásticos estava no fato de o Brasil ser um país em desenvolvimento e, portanto, estar sujeito a choques externos fora do seu controle. Nesse sentido, seria importante permitir maior flexibilidade.
        Esse argumento hoje é pouco convincente. Todos os outros cincos países da América Latina que utilizam o regime de metas de inflação utilizam um intervalo de somente 1 pp para cima ou para baixo. Isso inclui países com um grau de abertura comercial maior que o Brasil, como o Chile e o México. Nenhum país desenvolvido que utiliza o regime de metas de inflação tem um intervalo superior a 1 pp.
        Outra justificativa para a mudança é que o Brasil já opera com um intervalo menor. Na prática, o centro da meta não é 4,5% e o governo tenta impedir que a inflação ultrapasse o limite máximo de 6,5%. O objetivo parece ser uma inflação em torno de 5,5% com uma banda de 1 pp para cima ou para baixo.
        Manter o centro da meta de 4,5% e reduzir o intervalo já seria sinalizar uma menor leniência e contribuiria para diminuir a expectativa de inflação para 2015, facilitando o trabalho do governo.
        A segunda mudança seria inovar e antecipar as metas para todos os anos do próximo governo, mantendo os 4,5% em 2015 e terminando com 3% em 2018. Ou seja, com uma redução de 0,5 pp em cada ano, com o intervalo de 1 pp para cima ou para baixo. É uma estratégia gradual, que consolida o regime de metas e o coloca mais próximo ao utilizado pelos demais países que o adotam.
        Assim, o Brasil passaria a ter o mesmo regime atualmente usado por seus vizinhos Chile, México e Colômbia que, a propósito, reduziu a sua meta mesmo depois da crise de 2008. Além disso, se aproximaria dos países desenvolvidos, que utilizam um centro da meta de 2%.
        Como valem para depois de 2014, as mudanças afetariam o espaço de manobra da política econômica do futuro presidente. As combinações possíveis de políticas monetária e fiscal são diferentes com uma meta de inflação menor.
        A presidenta Dilma poderia adotar uma posição de estadista e convidar os principais partidos de oposição a se comprometerem com essas mudanças, aos moldes do que Fernando Henrique Cardoso fez quando assinou o acordo com o FMI em 2002. Ao propor essas medidas e contar com o aval da oposição, a atual presidenta tiraria a pecha de ser leniente com a inflação.
        Como os ajustes propostos são graduais, eles não exigiriam políticas monetárias extremamente ortodoxas. Levar a inflação para 4,5% em 2015 não é uma tarefa muito demandante e não foge do tom do atual discurso do Banco Central. O mais importante, no entanto, é que o ganho de credibilidade com essas mudanças tornaria mais fácil e menos penoso qualquer ajuste para reduzir a inflação.
        Não é de todo impossível que, como resultado desse ganho de credibilidade, a taxa de juros necessária para trazer a inflação gradualmente para 3% em 2018 seja menor do que aquela necessária para mantê-la ao redor de 4,5% sem o proposto choque de credibilidade.
        Caso o governo não queira, cabe à oposição assumir a liderança e propor as mudanças.

          Eduardo Almeida Reis - Explicação‏

          Rússia, Austrália, Estados Unidos, Canadá, China e Índia têm um total de 145 escolas ensinando medicina veterinária, contra 197 de um só país grande e bobo


          Eduardo Almeida Reis

          Estado de Minas: 11/07/2013 

          Já escrevi sobre o assunto para o Correio Braziliense, mas o leitor do Estado de Minas precisa tomar conhecimento de um número assustador. Cronista rural há quase meio século, nunca entendi a implicância de alguns veterinários com os meus escritos. Tive pela imprensa, com alguns deles, discussões memoráveis, sem entender os motivos que os levavam a odiar o cronista, que sempre defendeu a contratação de assistência veterinária permanente para nossas empresas rurais. Com uma só condição: contratar bons profissionais.

          Agora, lendo texto que me chegou de veterinário da velha guarda, meu colega na criação da ABIR, Associação Brasileira de Informação Rural, entendi a implicância dos tais idiotas. Vejamos.

          A África do Sul tem 1 escola de medicina veterinária, a Alemanha 5, a Argélia 5, a Argentina 13, a Austrália 7, o Canadá 5, o Chile 7, a China 23, a Coreia do Sul 10, a Espanha 11, os Estados Unidos 29, a França 4, a Holanda 1, a Índia 40, a Itália 13, o Japão 16, o México 18, a Nova Zelândia 1, Portugal 9, o Reino Unido (UK) 7, a Rússia 41.

          Sabe o leitor quantas escolas de veterinária tem o Brasil? Se não sabia, fique sabendo: 197, das quais 70% particulares. Isso mesmo que o caro e preclaro amigo entendeu: cento e noventa e sete! Rússia, Austrália, Estados Unidos, Canadá, China e Índia, países de territórios imensos, têm um total de 145 escolas ensinando medicina veterinária, contra 197 de um só país grande e bobo.

          Não é de espantar que as cento e noventa e sete, de vez em quando, soltem na praça uns imbecis como aqueles que não entendem os meus escritos.


          Dez para as seis
          Aos 10 minutos para as seis horas da manhã: que diabo pensará da vida um Bufo marinus? É pergunta que faço em voz alta, esquecido de que o sapo-cururu não deve pensar na vida; coaxa, grasna, grasne, rala e rela à procura de uma fêmea, que o ajude a multiplicar a espécie dos aguás, cururus, sapos-gigantes, sapos-jururus, xuês-açus, xuês-guaçus – a Bufo marinus, que pode alcançar até 25 cm, o maior membro da família dos bufonídeos.

          Tenho com os anfíbios anuros do gênero Bufo uma incompatibilidade basilar, desde quando resolvi aprender a tocar violão. Pais amantíssimos, os meus compraram violão razoável e contrataram professora gorda e feia, figura incompatível com as fantasias de um adolescente que começava a pensar bobagens e continua pensando até hoje.

          Uma das músicas que a pavorosa senhora me ensinou dizia qualquer coisa do tipo: “Sapo-cururu na beira do rio/ Quando o sapo grita, ó Maninha, diz que está com frio”. Por aí dá para sentir a imbecilidade da música, se considerarmos que o sapo não grita, mas coaxa, grasna, grasne, rala e rela à procura da fêmea que não deve ser sua Maninha, salvo se é cururu incestuoso, como tive na roça o filho de um empregado, menino de 14 anos, que transava com sua irmã de 12, compartindo os favores da maninha com um empregado solteiro, que morava com a família.

          Ninguém pode imaginar o que rola, em termos sexuais, em diversas residências do nosso interior e, suponho, das nossas cidades. Suponho? Esquece. Todos temos notícias de casos escabrosos rolando até em casas do mais alto coturno em nossas cidades, como também nas mais altas esferas de nossa administração pública. Donde se conclui que é melhor não concluir nada e continuar perguntando, ao dealbar da aurora invernal, que diabo pensará da vida um sapo-cururu.


          O mundo é uma bola
          11 de julho de 1533: o papa Clemente VII excomunga Henrique VIII, rei da Inglaterra. Clemente VII (1478-1534), nascido Giulio di Giuliano de Médici, era filho bastardo de Giuliano de Médici e sobrinho do ilustre e famoso Lorenzo de Médici, Il Magnifico. Era, portanto, primo do papa Leão X.

          Governou Florença de 1519 a 1523, foi arcebispo de Embrun, cardeal e arcebispo de Florença nomeado por seu primo Leão X, de quem se tornara o principal confidente e ministro. Morto Leão X, teve papel decisivo na inesperada eleição do papa Adriano VI, a quem sucederia no conclave de 1523. Foi o papa Clemente VII até morrer em 1534. Ambicioso, perturbou o panorama político e religioso da época, com reflexos até hoje, pois a Igreja Anglicana resultou da excomunhão de Henrique VIII.

          Mecenas de artistas como Rafael e Michelangelo, Clemente VII morreu envenenado depois de uma refeição “temperada” com Amanita phalloides, um cogumelo altamente tóxico, conhecido em português como “cicuta verde”. Espécie originária da Europa, é encontrada nas Américas, Austrália e Ásia. O único tratamento conhecido para a maioria dos casos é o transplante de fígado. Dizem que 50 gramas de Amanita phalloides matam um homem adulto. A espécie é responsável por 90% dos envenenamentos com cogumelos.

          Vou parando por aqui, porque hoje me espera na geladeira um prato de rosbife com cogumelos. Fio que sejam fungos basidiomicetos não venenosos.

          Hoje é o Dia Mundial da População.

          Ruminanças
          “No que diz respeito ao islã, o que ainda nos salva é que xiitas, sunitas, alauitas e outros se matam num entusiasmo de fazer inveja aos piores bandidos” (R. Manso Neto).