quarta-feira, 18 de junho de 2014

Em Fortaleza, nordestinos condenam ofensas a Dilma


Por Letícia Casado | De Fortaleza
Torcedores nordestinos que vieram à Arena Castelão, em Fortaleza, para ver o jogo entre Brasil e México disseram ser contra as ofensas gritadas à presidente Dilma Rousseff (PT) durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, em São Paulo, na semana passada. Segundo eles, a presidente poderia ter sido vaiada lá ou em outro lugar, mas não deveria ter sido xingada, e a situação passou uma imagem ruim do país no exterior.
A reportagem conversou com 20 torcedores de Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí. Ouviu também dois paraenses e dois paulistas. Com exceção dos paulistas, todos criticaram a atitude da torcida em São Paulo, mesmo aqueles que disseram não aprovar a administração da presidente. Questionados se o xingamento aconteceria se a abertura tivesse sido em um estádio do Nordeste, os nordestinos e os paraenses disseram que Dilma poderia ser vaiada, mas não xingada.
"Não concordo com ofensas e acho que no Ceará não teria acontecido dessa forma", disse a fisioterapeuta de Fortaleza Geisa Monteiro, 30, depois de criticar os "altos gastos públicos na Copa".
"Talvez a gente [nordestino] tenha mais educação", disse o professor Elksandro Muniz, 38. "Independentemente dos problemas sociais, o governo promoveu uma festa linda", afirmou Igor Borges, 23, empreendedor autônomo. Para o auxiliar de cartório Helio Arruda, 45, "as pessoas que fizeram isso não deveriam apoiar a Copa e nem ir ao estádio". Os três amigos, paraibanos, não abriram seus votos, mas disseram que entre eles "tem gente que não votou nela [Dilma]".
Para o casal pernambucano Herbert Carlos, 43, e Letícia Carlos, 42, os xingamentos foram "pesados". Eles criticaram a administração de Dilma e as "suspeitas de corrupção" sobre o governo federal. "Roupa suja se lava em casa", disse o casal, que levou os filhos de 5 e 11 anos ao estádio.
Frase semelhante foi dita pelo comerciante cearense Daniel Cordeiro, 45. "A gente tem que tratar nossos assuntos dentro do país, nas urnas, e não nas câmeras diante do mundo."
Funcionários públicos, Derick Oliveira, 25, e Edivaldo Almeida, ambos do Pará, disseram que "a abertura não era o momento", que "em qualquer canto a presidente pode ser alvo de vaias", mas que "aquilo [xingamentos] foi pesado".
Carregando uma bandeira do Corinthians, os paulistas Márcio Lousão, 35, e Giovanni Massarotti, 27, disseram que aprovam os xingamentos porque foram "manifestação do público".
Os paulistas afirmaram que não são eleitores da Dilma, que o brasileiro não deve ficar preocupado com a imagem no exterior e que isso não acontece só no Brasil, pois já viram jogos em outros países com pessoas "xingando quando odeiam o governo". Lousão trabalha na área comercial de uma empresa, e Massarotti é administrador.
Mas, se Dilma tivesse ido a um jogo do Corinthians no Itaquerão, a reação da torcida teria sido diferente, afirmaram, quando questionados sobre se a torcida corintiana xingaria a presidente. Ela não teria sido ofendida, pois o torcedor do Corinthians é "o público que vota na Dilma".



Leia mais em:
http://www.valor.com.br/politica/3587458/em-fortaleza-nordestinos-condenam-ofensas-dilma#ixzz34zrBorpM

MARTHA MEDEIROS - Cangurus e tamancos

Zero Hora 18/06/2014

Nesta quarta-feira foi preciso decidir entre acordar holandesa ou australiana – não concebo presença num estádio sem torcer para alguém. Estarei às 13h no Beira-Rio, e mesmo não sendo meu time que entrará em campo, torcerei. Mas para quem? Holanda ou Austrália? Com que roupa eu vou?

Eu tinha pouca idade – quatro, cinco anos? – e já sentia fascínio pela Holanda, um país do qual eu nada sabia, a não ser que tinha nome de mulher e sobrenome de Chico Buarque. Assim iniciou minha simpatia. Holanda, 1 x 0.

Aí ganhei de uma tia um par de tamancos de madeira. Ela havia retornado de uma viagem por aquele país que parecia tão feminino na minha imaginação, enquanto que da Austrália eu ainda não tinha notícias. Holanda, 2 x 0.

Então, virei adolescente e comecei a trocar cartas (cartas!) com uma neozelandesa que, por ser vizinha dos australianos, poderia ser considerada como tal. Foi por causa dela, da Michelle, minha primeira amiga além-mar, que comecei a simpatizar com cangurus também. 2 x 1.

Mas a Holanda tinha tulipas, e desde muito cedo desenvolvi o apego por flores, por todas elas – um apego que se mantém até hoje – e a Holanda marcou de novo: 3 x 1.

A Austrália tinha praias, era um país jovem, a longa distância me induzia a pensar que era um destino para quem não tinha outro objetivo a não ser a boa vida. Mas, afora esse saudável oba-oba, me fazia falta alguma informação mais consistente. Eu seria capaz de citar um pintor australiano? Àquela altura, já havia aprendido a gostar de arte e uma reprodução caprichada de Van Gogh inspirava a família na parede de casa. Holanda, 4 x 1.

E chegou o dia de viajar para o Exterior pela primeira vez. Europa, meu foco. Quando desembarquei em Amsterdã, aluguei uma bicicleta, tomei algumas Heineken e me entortei a fim de homenagear a bebedeira arquitetônica das casas que margeiam seus canais, umas escoradas nas outras, como quem volta de uma noitada forte. Pirei com (e em) Amsterdã. Já era uma goleada: 5 x 1.

Quando a Austrália parecia irremediavelmente humilhada, eis que assisto a um filme com um ator australiano que eu nunca vira antes. Ele se chamava Hugh Jackman e me causou boa impressão. A Austrália descontou com categoria: 5 x 2.

Eis a lógica matemática da Copa. Ao menos a lógica de uma fan (farrona) do esporte, que não entrou em nenhum bolão, não entende profundamente de futebol nem de nada, que não sabe muito bem para quem torcer quando não é a seleção do seu país que está em campo, mas que faz questão de acompanhar o entusiasmo da festa com a irreverência permitida pela ocasião. Para quem torcer, Van Gogh ou Wolverine? E para qual resultado?

5 x 2. É justo. Afinal, o que se quer é gol para tudo que é lado. E Van Gogh gostava de girassóis.

Frei Betto - Sinfonia de corpos‏

Na festa do Corpo de Cristo, deixarei o meu flutuar em alturas abissais. Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões



Frei Betto
Escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de Mística e espiritualidade (Vozes), entre outros livros
Estado de Minas: 18/06/2014



Na festa do Corpo de Cristo, deixarei o meu flutuar em alturas abissais. Acariciarei uma por uma de minhas rugas, desvelarei histórias em meus cabelos brancos, apreenderei, na ponta dos dedos, meu perfil interior. Não recorrerei ao bisturi das falsas impressões. Nem ao espectro da magreza anoréxica. O tempo prosseguirá massageando meus músculos até torná-los flácidos como as delicadezas do espírito.

Suspenderei todas as flexões, exceto as que aprendo na academia dos místicos. Beberei do próprio poço e abrirei o coração para o anjo da faxina atirar, pela janela da compaixão, iras, invejas e amarguras. Pisarei sem sapatos o calor da terra viva. Bailarino ambiental, dançarei abraçado à Gaia ao som ardente de canções primevas. Dela receberei o pão; a ela darei a paz.

Acesas as estrelas, contemplarei na penumbra do mistério esse corpo glorioso que nos funde, eu e Gaia, em um único sacramento divino. Seu trigo brotará como alimento para todas as bocas, e suas uvas farão correr rios inebriantes de saciedade. Na mesa cósmica, ofertarei as primícias de meus sonhos. De mãos vazias, acolherei o corpo do Senhor no cálice de minhas carências.

Dobrarei os joelhos ao mistério da vida e contemplarei o rosto divino na face daqueles que nunca souberam que cosmo e cosmético são gregas palavras, e deitam raízes na mesma beleza. Despirei os meus olhos de todos os preconceitos e rogarei pela fé acima de todos os preceitos. Como Ezequiel, contemplarei o campo dos mortos até ver a poeira consolidar-se em ossos, os ossos se juntarem em esqueletos, os esqueletos se recobrirem de carne, e a carne inflar-se de vida no Espírito de Deus.

Proclamarei o silêncio como ato de profunda subversão. Desconectado do mundo, banirei da alma todos os ruídos que me inquietam e, vazio de mim mesmo, serei plenificado por Aquele que me envolve por dentro e por fora, por cima e por baixo. Suspenderei da mente a profusão de imagens e represarei no olvido o turbilhão de ideias. Privarei de sentido as palavras. Absorvido pelo silêncio, apurarei os ouvidos para escutar a brisa de Elias e, os olhos, para admirar o que tanto extasiou Simeão.

Não mais farei de meu corpo mero adereço estranho ao espírito. Serei uma só unidade, onda e partícula, verso e reverso, anima e animus. Recolherei pelas esquinas todos os corpos indesejados para lavá-los no sangue de Cristo, antes que se soltem de seus casulos para alçar o voo salvífico das borboletas. Curarei da cegueira os que se miram no olhar alheio e besuntarei de cremes bíblicos o rosto de todos que se julgam feios, até que neles transpareça o esplendor da semelhança divina.

Arrancarei do chão de ferro os pés congelados da dessolidariedade e farei vir vento forte aos que temem o peso das próprias asas. Ao alçar o topo do mundo, verão que todos somos um só corpo e um só espírito. Farei do meu corpo hóstia viva; do sangue, vinho de alegria. Ébrio de efusões e graças, enlaçarei num amplexo cósmico todos os corpos e, no salão dourado da Via Láctea, valsaremos até que a música sideral tenha esgotado a sinfonia escatológica.

Na concretude da fé cristã, anunciarei aos quatro ventos a certeza de ressurreição da carne e de todo o universo redimido pelo corpo místico de Cristo. Então, quando a morte transvivenciar-me, o que é terno tornar-se-á eterno.

Primeiro capítulo‏ - Carlos Herculano Lopes

Nova geração de escritores mineiros fala da importância dos concursos literários e da dificuldade em publicar o livro de estreia. Diversidade é a marca dos trabalhos


Carlos Herculano Lopes
Publicação: 18/06/2014

Rafael Guimarães Abras, André Oliveira Zambaldi e Gustavo Fechus foram vencedores do Prêmio Jovem Escritor    (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press  )
Rafael Guimarães Abras, André Oliveira Zambaldi e Gustavo Fechus foram vencedores do Prêmio Jovem Escritor

Ganhar um prêmio literário, principalmente quando o autor está tentando começar a carreira, não significa passaporte para a glória nem acesso imediato às grandes editoras, mas pode fazer uma diferença e tanto. Além de aumentar a autoestima do contemplado, dá a ele certa visibilidade e chance real de ver algumas portas se abrirem. Em Minas, há seis anos, essa oportunidade vem sendo oferecida aos candidatos a escritor por meio do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, na categoria Jovem escritor mineiro. Os candidatos apresentam o projeto e concorrem a uma bolsa de R$ 42 mil para poder, com tranquilidade, num período de seis meses, escrever o livro. Para concorrer ao prêmio, o postulante deve ter entre 18 e 25 anos, ser nascido no estado ou residir em Minas há cinco anos.

Um dos que souberam aproveitar a chance e há algum tempo vem colhendo os frutos do trabalho foi o escritor e psicanalista Carlos de Brito e Mello, vencedor da primeira edição do prêmio, em 2008, com o projeto do romance A passagem tensa dos corpos. Mineiro de Belo Horizonte, ele teve o livro lançado no ano seguinte pela Editora Companhia das Letras, com ótima recepção de público e crítica, além de ser finalista dos prêmios São Paulo de Literatura, Portugal Telecom e Jabuti. Não teve dificuldades para lançar o romance seguinte, A cidade, o inquisidor e os ordinários, que saiu pela mesma editora no ano passado. Brito e Mello estreou na literatura em 2007 com o volume de contos O cadáver ri dos seus despojos, publicado pela Editora Scriptum.

Quem também está em fase de finalização do primeiro romance, mas ainda não tem editora, é o mineiro de Pouso Alegre Gustavo Fechus Monteiro, vencedor da mais recente edição do Jovem escritor, no ano passado, com o projeto O narrador, nome mudado para Óleo sobre tela – Edição comemorativa. Graduado em letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), o escritor de 24 anos diz que o melhor prêmio é a aposta feita em um texto futuro. “Além de ser uma possibilidade, como é o meu caso, de poder sair do anonimato e talvez conseguir lançar o livro”, diz.

Ainda de acordo com Fechus, que estreou em 2010 com o livro Primeira pessoa, escrito em parceria com sua mãe, a escritora Gislaine Buosi, sua preocupação imediata é terminar de escrever Óleo sobre tela, ao qual vem dedicando boa parte do seu tempo. “O processo de publicação é um outro capítulo, talvez tão difícil quanto escrever, ainda mais para quem não tem experiência em lidar com o mercado editorial, como é o meu caso”, diz. Leitor assumido de autores como os argentinos Jorge Luis Borges e Macedônio Fernandez, Gustavo Fechus adianta, sobre o livro, que se trata de história comprometida com a narrativa de ficção e com a reflexão conceitual sobre os elementos que constituem o gênero.

Artista eclético e vivendo há sete anos em Mariana, o escritor, em paralelo à literatura, investe com sucesso na carreira musical, como violinista. No ano passado, foi vencedor do Prêmio Jovem músico BDMG, de música erudita, e este ano ficou com o Prêmio Jovem instrumentista BDMG de MPB. E já promete, para dezembro, fazer uma apresentação em Belo Horizonte. Quem sabe não lança o livro junto?

Um sonho


Quem também começa a ver realizado o sonho de publicar seu primeiro romance, O sonho de Morfeu, projeto com o qual venceu o Jovem escritor em 2011, é André Zambaldi. Nascido em Belo Horizonte, seu livro será publicado pela Editora Asadepapel, com lançamento previsto para o início do segundo semestre, com projeto gráfico de Marcelo Xavier. Formado em história pela Ufop, onde ficou amigo de Gustavo Fechus, Zambaldi conta que ganhar o prêmio significou uma mudança de perspectiva, um alento para algo que até então não passava de um sonho. “Só consegui a bolsa na terceira tentativa, já no limite da idade para concorrer, e tratei de aproveitar”, conta.

Especialista em história medieval, leitor de García Márquez, Umberto Eco, Dostoiévski e Saramago, André Zambaldi diz que começou a se interessar pela literatura jogando RPG com os colegas de faculdade. “Essa modalidade de jogo foi fundamental para que eu pudesse tentar desenvolver uma mentalidade criativa e crítica, além de me fazer interessar mais pela leitura”, revela o escritor.

Sobre O sonho de Morfeu, ele diz tratar-se de história que começou a ganhar corpo nos “conturbados tempos vividos em Mariana”. “O protagonista, estudante de um curso de humanas na cidade, sofre com os tormentos do excesso de conhecimento, materializados a ponto de se tornarem reais. Tentei, como Virgílio fez com Dante, levar o leitor a algumas regiões do inferno, vistas de maneira lúcida pelo personagem, que luta pelo controle da própria alma”, adianta André.

No caminho

Publicação: 18/06/2014 04:00
Outro autor que está com o primeiro romance pronto, O frágil toque dos mutilados, com o qual faturou o prêmio em 2012, é Alex Sens Fuziy. O livro deve sair no ano que vem pela Editora Autêntica, com prefácio de Márcia Tiburi. Nascido em Florianópolis, Santa Catarina, em 1988, e há alguns anos vivendo num sítio em Delfim Moreira, no Sul de Minas, o rapaz conta que vencer o Jovem escritor deu a ele a certeza de que estava no caminho certo. “O prêmio me deu uma visibilidade interessante e necessária, consegui matérias em jornais e TVs, além do respeito de algumas pessoas envolvidas com o meio literário. Também me ajudou a conseguir a editora”, revela Alex.

Dizendo-se “escritor desde sempre”, pois começou a esboçar suas primeiras histórias aos 13 anos – na época adorava ler livros de mistério, suspense e terror – Sens Fuziy, antes de começar a escrever O frágil toque dos mutilados, lançou dois livros de contos, segundo ele de humor negro e realismo mágico: Esdrúxulas e Trincada. Teve também poemas publicados em coletâneas e revistas literárias virtuais.

Sobre o primeiro romance, que reescreveu várias vezes, o autor diz tratar-se de drama familiar, que envolve um conturbado reencontro entre irmãos que não se veem há três anos. “Um deles tem um transtorno de personalidade e o outro é um alcoólatra em recuperação. Somei a isso uma trágica morte por afogamento em torno da qual gira boa parte das crises vividas pela maioria dos personagens. Não é um romance fácil, tem um ritmo de diário, porque a história é narrada durante 28 dias numa casa em frente ao mar, e carrega muitas das falhas e das dores humanas”, conta o autor.

Na companhia de Carlos de Brito e Mello, Marcelo Fechus, André Zambaldi e Alex Sens Fuziy estão ainda Maria Zilda Santos Freitas, que foi contemplada em 2009 com o projeto de romance Insetos, e Rafael Abras, que levou o Prêmio Jovem escritor em 2010. Nascido em Divinópolis, 26 anos, formado em filosofia pela PUC Minas, e atualmente terminando a faculdade de direito na UFMG, Abras conta que seu romance, O último escritor, está pronto desde 2011, mas ainda não conseguiu editora para publicá-lo. “Cheguei a enviar o livro para várias, mas não tive resposta de nenhuma. Acho que nem leram”, suspeita.

De bom astral, logo interagindo com os colegas presentes ao encontro na Livraria Scriptum, em BH, Rafael Abras diz ainda que tem muita vontade de lançar o livro. Mas não queria fazê-lo só por vaidade e aguarda que algum editor se interesse em publicá-lo. Sobre a premiação, disse que ficou muito feliz, pois não esperava sair vencedor. “Para mim, que uma vez ganhei zero numa prova no colégio por ter respondido a uma questão em versos, foi uma vitória e tanto”, conclui.

Eduardo Almeida Reis-Deletei‏

Só um supino idiota pode escrever 277 palavras mais que lúcidas e justificadas, para deletar o texto dias depois

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 18/06/2014





Prudência ou idade? Acho que as duas. O fato é que escrevo esta coluna  por volta das nove da manhã, primeiro charuto acabando, depois de deletar um texto de 277 palavras que estava pronto e revisto para ser enviado. Nele, desci o cacete numa empresa de tevê a cabo citando o nome da arapuca e o desserviço que presta aos seus assinantes. Antes de assinantes, são vítimas. Recorro ao verbo deletar, rubrica informática, só para chatear meu amigo Roldão Simas Filho, o maior ombudsman do Brasil, químico aposentado pela Petrobras no tempo em que a petrolífera tinha acento agudo e diretores honestos. Vale notar que o verbo vem do inglês (to) delete “apagar, remover, suprimir”, derivado do radical latino deletum, supino do verbo delére “destruir, apagar, suprimir”.

Supino, além dos significados que tem nas rubricas gramática e linguística, e do substantivo masculino usado nas academias de ginástica, é o tipo do adjetivo supimpa, puro latim “deitado de costas, voltado para cima”, com uma porção de significados no português moderno, como demasiado, excessivo. Portanto, só um supino idiota pode escrever 277 palavras mais que lúcidas e justificadas, para deletar o texto dias depois. Mas é a tal coisa: a empresa é multinacional, tem um monte de advogados e já entrei numa faixa etária que dispensa processos judiciais. Em off, digo o nome da josta e recomendo aos amigos que fujam dela. Enquanto ao mais, o dia de hoje é uma delícia: véspera de mais um feriadão.

Pisteiro


No programa Pelo Mundo, da Globonews, um vídeo sobre caçadas em Botswana, capital Gabarone, moeda pula, idiomas oficiais inglês e tswana, república parlamentarista independente desde 1966. Desliguei o som porque recebia visita loquaz, que não se interessa pelas caçadas botsuanas, no que faz muitíssimo bem. Até o Jaeci, que conhece mais de 130 países, é capaz de não conhecer Botswana, mais ou menos do tamanho de Minas e com escassos 2 milhões de habitantes.

Conversando com a visita loquaz, observei, com o canto do olho, que um pisteiro mostrava aos caçadores as pegadas de um elefante africano. De espantar seria mostrar pegadas de elefantes indianos, considerando que Botswana fica na África, sem saída para o mar, vizinha do Zimbábue, da Namíbia e da África do Sul. Boa parte do seu território é ocupada pelo Deserto de Kalahari, onde Valesca Popozuda seria muito cobiçada. Glúteos imensos fazem por lá o maior sucesso. Motivo: são reservas de gorduras para que as mães possam sobreviver e aleitar nos períodos de escassez de alimentos. Bechuanos mirins, coitados, beberiam silicone se alimentados pelas senhoras que têm as nádegas siliconadas.

O pisteiro africano recordou-me as caçadas que fiz no Pantanal com o bugre Celestino, puro sangue cadivéu, índio que tinha o curso científico e voltou para o mato. Diagnosticado com cardiomegalia, doença que aumenta o coração, por um cardiologista paulista que esteve caçando por lá, o cadivéu passou dos 90. Era nosso pisteiro nas caçadas em mil novecentos e antigamente, quando o philosopho ainda cursava o científico. Adiantando-se ao grupo de caçadores, normalmente três ou quatro, descia do cavalo, examinava o chão e apontava numa direção murmurando qualquer coisa que a gente não entendia. Ao passar por aquele ponto, fartei-me de examinar o chão sem ver absolutamente nada. Depois de várias horas de caçada, desforrei-me do excelente cadivéu. Adiantei meu cavalo, desmontei, fingi ver uma pegada no chão, apontei numa direção, tornei a montar e tomei rumo. Minutos depois, olhei para trás e lá estava o Celestino afastando o capim daquele ponto para tentar localizar as pegadas que o jovem carioca teria visto.

O mundo é uma bola

18 de junho de 1538: pelo Tratado de Nice, Carlos I da Espanha e Francisco I da França estabelecem uma trégua de 10 anos nas guerras que vinham sustentando entre os seus reinados. Pensando bem, o tratado deve ter sido uma delícia do tipo “vamos parar de brigar durante 10 anos”. Em 1812, os Estados Unidos declaram guerra ao Canadá, Irlanda e Inglaterra, quando os norte-americanos anexam o território da Louisiana e ocupam a Flórida. Sem a Flórida, o que seria dos mineiros ricos? Não existe um que não tenha por lá apartamentos de alto luxo e iates ancorados nas marinas. Tentei ver na Wikipédia como foi a “guerra”, mas não encontrei. Já que o assunto é guerra – e a história da humanidade é uma sucessão delas –, no dia 18 de junho, mas em 1815, a derrota em Waterloo leva Napoleão a abdicar do trono da França pela segunda vez. Em 1908, aporta em Santos o Kasato-Maru, trazendo para o Brasil a primeira leva de imigrantes japoneses. Salvo pela culinária, que detesto e muita gente adora, os nipônicos, seus filhos, netos e bisnetos têm prestado ótimos serviços a este país grande e bobo. Em 1911, fundação da maior denominação evangélica do Brasil, a Assembleia de Deus. É o que diz a Wikipédia, mas prefiro outra, fundada em Juiz de Fora há 25 anos, que não permite crentes depiladas e recomenda o sexo ateravés de um buraquinho nos lençóis. Hoje é o Dia do Químico e da Imigração Japonesa.

Ruminanças


“Nunca houve guerra boa nem paz ruim.” (Franklin, 1706-1790).

DE OUTRO âNGULO » Eita saudade!‏

DE OUTRO âNGULO » Eita saudade!


 2º JOGO, BRASIL 0 X 0 MÉXICO CASA DO ANCIÃO
JEFfERSON DA FONSECA COUTINHO
Estado de Minas: 18/06/2014


Maria Luzia, de 92 anos, conta das alegrias que teve com Pelé   (jefferson da fonseca  coutinho/em/d.a press  )
Maria Luzia, de 92 anos, conta das alegrias que teve com Pelé



Maria Helena, Maria Lisbela e Terezinha de Jesus: irmãs para toda a vida
Maria Helena, Maria Lisbela e Terezinha de Jesus: irmãs para toda a vida




Os gols ficaram em algum lugar do passado. Nos nomes mais lembrados do pedaço. Enquanto a trupe de Neymar e companhia era barrada pelo paredão mexicano em Fortaleza, o assunto na Casa do Ancião, em Belo Horizonte, era Nilton Santos, Pelé, Rivelino, Tostão, Garrincha, Gerson, Zagalo e Telê Santana – nomes que nem o “problema de esquecimento” da grande maioria na plateia deu conta de apagar. “Ê saudade!”. O telão de dois metros foi instalado no refeitório especialmente para o Mundial.

No abrigo, 87 torcedores entre 65 e 104 anos. Muitos deles com arquinhos, antenados com duas bandeiras do Brasil na cabeça. Dia de festa para quebrar a rotina de poucas alegrias. Mesmo com o empenho dos funcionários da Cidade Ozanam para fazer do lar dos idosos um ambiente para grande família, a solidão e a tristeza no casarão tocam profundezas. Haja coração para tarde de tantas amizades.

É notável o carinho de Marília, Doralice, Valéria e Simone na lida com os internos. São quatro dos quase 100 soldados do bem do pequeno exército da Sociedade de São Vicente de Paulo, no Bairro Ipiranga. Tanto carinho que Terezinha Cândido, de 85, está no endereço por conta própria. “Tenho família: dois filhos e cinco netos. Mas gosto muito de ficar aqui”, sorri, de olho no lance. Ela gosta muito do Neymar. Entretanto, considera que os jogadores de hoje não tem mais o mesmo “amor à camisa”. Na TV, tome bola fora.

As três irmãs Moura – Maria Helena, de 76, Maria Lisbela, de 80, e Terezinha, de 78 – acompanham a partida do fundo do salão. Esboçam um sorriso, balançam a bandeirinha e batem palmas amiúde. As três na casa dos 80, sem filhos, jamais se separaram. Procuraram juntas o abrigo. São o melhor sentido da palavra “irmão”. “Nossa mãe nasceu em Diamantina. Está no céu agora, olhando pra nós”, sorri Maria Helena.

A vista ruim não atrapalha uma das torcedoras mais empolgadas do refeitório. Maria Luzia diz acompanhar com paixão o futebol desde os 17 anos. “Você dá conta de acertar quantos anos eu tenho?” Hum… 65? “92!”, gargalha. Maria Luiza diz que a “cabeça está fraca”, mas que não esquece das muitas alegrias que teve com Pelé.

Com a torcida pra lá de desanimada com o jogo, a assistente social Simone tenta motivar a galera: “Não desiste não, gente! O Brasil vai ganhar!”. A moça é só sorriso. É a mais animada do grupo. Marília, a presidente da Cidade Ozanam, fala em trabalhar para mais lazer e oportunidades de programas diferentes para os idosos. Sonha um espaço multiuso construído no quintal. “Eles precisam. E gostam, né!?”, diz.

No campo da boa vontade, nem as melhores vibrações dos mais velhos dão jeito na Seleção Brasileira. “Já vai, Naná?”, alguém quer saber. Naná vai para o quarto. A senhorinha não deu conta de ver o jogo até o final. “Entra aí, amarelinho! Entra! Entra!”, torceu Terezinha. Não deu. Neymar foi derrubado por Vasquez. Amarelinho é o Neymar. Entendi.

Perto da porta, a senhora simpatia. Hercea Evangelista, de 88, gosta mesmo é de fazer caça-palavra. Mas não resiste aos jogos do Brasil. Contudo, não deixa para trás o livrinho de desafios “Sabe Tudo”. De caneta na mão, levou-o ao refeitório para o intervalo e para os momentos de pouco entusiasmo durante a partida. Contra o México, Hercea deu conta de preencher duas páginas de entretenimento.

A cada jogo do Brasil, uma visita a um lugar da cidade. No primeiro jogo, Brasil 3, Croácia 1, o EM esteve no
Hospital Sofia Feldman

TeVê

TV Paga

Estado de Minas: 18/06/2014



 (Aline Fournier/ La Fouinographe)
Programa de classe
A pianista suíça Beatrice Berrut, a violoncelista francesa Camille Thomas e o violinista belga Lorenzo Gatto, que formam o Trio Saint-Exupéry (foto), estão em um especial da série Os salões da música, que vai ao ar hoje, às 20h, no canal Film&Arts. Além de falar o mesmo idioma (o francês), eles têm em comum a paixão pela música, a extrema sensibilidade e um grande sentido de técnica e expressão. Pelo menos é o que a imprensa internacional afirma sobre eles.

Cultura mostra como
funciona uma gráfica

Da música para a literatura, o programa Entrelinhas, às 23h30, na Cultura, vai apresentar hoje uma reportagem que mostra os bastidores e as etapas do processo de impressão. O passeio começa pela oficina tipográfica do Senai (que preserva antigas máquinas de linotipia) e se estende a modernas gráficas, para ver como a produção do livro evoluiu desde a invenção dos tipos móveis, por Gutenberg, no século 15, chegando às sofisticadas e gigantescas impressoras off set. Quem conduz este giro é o poeta e editor Guilherme Mansur, que imprime seus livros usando os recursos artesanais da tipografia.

Índio atravessa a selva
pela paixão por futebol


A série Cores do futebol, do Futura, continua hoje, às 20h, com o documentário Futebol indígena, produção colombiana que acompanha um jovem índio kanquano que percorre um enorme trajeto para poder treinar e realizar o sonho de ser um grande jogador de futebol e fazer parte da primeira seleção indígena nacional de seu país. No canal Off, a programação especial do mês da Copa do Mundo continua meio torta, hoje com um especial sobre Jeb Corliss, piloto de wingsuit que sofreu um grave acidente na África do Sul e ganhou uma segunda chance  que poucos praticantes conseguem ter e voltou a voar. Vai ao ar às 23h30.

Curta! exibe premiado
filme sobre Canudos

No canal Curta!, são três curtas-metragens em sequência, a partir das 20h, destacando atores e atrizes brasileiros. No caso, Ary França como Hilário Pestana em Um homem sério, de Dainara Toffoli e Diego de Godoy; Denise Fraga em Felicidade é... sonho, de José Pedro Goulart; e Pedro Cardoso no premiado A matadeira, de Jorge Furtado, que fala do massacre de Canudos a partir de um canhão inglês, que ganhou o apelido que dá nome à produção.

Telecine continua sua
Mostra Sidney Lumet

No pacotão de filmes, o destaque é a mostra que o Telecine Cult montou com trabalhos dirigidos por Sidney Lumet, hoje com O grupo (19h15) e Vidas em fuga (22h), este último com Marlon Brando, Joanne Woodward e Anna Magnani no elenco. Na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Mato sem cachorro, no Telecine Pipoca; A balada do provisório, no Canal Brasil; Sherlock Hiolmes – O jogo de sombras, no Max HD; Dinheiro fácil – Vida de luxo, no Max Prime; O despertar de uma paixão, na MGM; Homens em fúria, no Space; Quiz show – A verdade dos bastidores, no TCM; e Poesia, no Arte 1. Outras atrações: O procurado, às 19h40, no Megapix; Minha mãe é uma peça, às 20h30, no Telecine Pipoca; Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, às 21h, no Cinemax; No limite da loucura, às 21h30, no Bio; Catch 44 – Tiro certeiro, às 22h30, na TNT; e Embargo, também às 22h30, no Cine Brasil.


Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br

Florianinho (Vinícius Moreno) sente as delícias do primeiro amor em A grande família (Ellen Soares/TV Globo)
Florianinho (Vinícius Moreno) sente as delícias do primeiro amor em A grande família

À FLOR DA PELE

No episódio O doador de A grande família (Globo), que vai ao ar amanhã, Florianinho (Vinícius Moreno), o caçula da turma, revela que está apaixonado. A eleita é a colega de escola Carol (Roberta Piragibe). Os arroubos românticos do adolescente viram um momento de descoberta para toda a família, que precisa aprender a lidar com os hormônios à flor da pele do estudante. Preocupados, Lineu (Marco Nanini) e Tuco (Lúcio Mauro Filho) tomam a iniciativa de dar alguns conselhos sobre o universo masculino para Florianinho. Agostinho (Pedro Cardoso) e Bebel (Guta Stresser) ficam atentos aos passos do menino, ao mesmo tempo em que se dedicam com afinco ao projeto “aumentar a prole”. Como o taxista não pode ter mais filhos, eles decidem fazer inseminação artificial e partem em busca do doador ideal. Entre os interessados aparece Mano Braga (Álamo Facó). O chef se anima com a chance de poder deixar um herdeiro e prepara uma degustação às cegas na Adega do Braga para se aproximar do casal. Nenê (Marieta Severo), que não aprova as segundas intenções do patrão, também está presente no encontro regado a vinho. Confusão à vista.

ALTEROSA ESPORTE MOSTRA
O QUE ROLOU NA CAPITAL


O Alterosa esporte desta quarta-feira mostra o clima de Copa do Mundo que tomou conta de Belo Horizonte, em ritmo do jogo de Brasil e México, e, no Mineirão, as seleções da Bélgica e Argélia, que fizeram o Gigante da Pampulha tremer. Confira com Leopoldo Siqueira e a bancada mais animada do país.

SUPERPODEROSAS NA LUTA,
MAS SEM PERDER A DOÇURA


O Cartoon Network (TV paga) vai reeditar a série As meninas superpoderosas, nada menos do que das de maior sucesso do canal. Daqui a dois anos, entrará em cena nova rodada de episódios. “A série continua a inspirar as pessoas de todas as idades e há uma enorme excitação em torno de Florzinha, Lindinha e Docinho para uma nova geração”, afirmou, em nota, Pete Yoder, vice-presidente de produtos de consumo da América do Norte do Cartoon. Lançada em 1998, a animação faturou dois prêmios Emmy em cinco indicações ao longo
de seus 78 episódios.

REDE GLOBO LANÇA NOVA
TEMPORADA DE MALHAÇÃO


Estreia, em 14 de julho, a nova temporada de Malhação, batizada “Sonhos”, lançada anteontem, no Rio de Janeiro. De autoria de Rosane Svartman e Paulo Halm, a trama girará em torno das variadas lutas para se realizar um sonho, como conquistar o estrelato e receber aplausos do público ou realizar aquele nocaute e receber a consagração na carreira. O elenco, totalmente renovado, fez uma apresentação para mostrar o clima da novelinha e os diversos ambientes dos principais cenários, como a Escola de Artes Ribalta e a Academia de Lutas do Gael. Entre outros, participam Emanuelle Araújo, Eriberto Leão, Mário Frias e Patrícia França, além de muitos atores novatos. Por falar em cenários, o ator José Wilker, que morreu recentemente, será homenageado. Uma placa que leva o nome do artista estará em uma das ruas por onde transitarão os personagens.

FINAL DE GAME OF THRONES
CHEGOU PERTO DO RECORDE


O último episódio da quarta temporada de Game of Thrones, que foi ao ar no domingo, pelo canal HBO (TV paga), contou com 7,1 milhões de espectadores nos Estados Unidos, segundo a revista Variety. A atração disputou o interesse da audiência com a final da NBA, o campeonato americano de basquete, exibido pela emissora de TV aberta ABC para todo o país. O número, entretanto, não foi um recorde, mas superou o registrado no penúltimo episódio, que teve 6,9 milhões de espectadores. O episódio de maior audiência da quarta temporada, que alcançou 7,2 milhões de pessoas, foi ao ar em 18 de maio. A HBO já divulgou que a série superou Família Soprano e se tornou a mais vista da emissora.

PRIMEIRO PROTAGONISTA
 (Alex Carvalho/Globo)

Alexandre Nero chegou lá. Depois de papéis de destaque, especialmente em tramas do horário nobre, como A favorita e Salve Jorge, o ator vai protagonizar Império, novela de Aguinaldo Silva que vai substituir Em família (Globo) a partir de julho. O último trabalho do ator foi como o vilão Hermes, em Além do horizonte. Mas José Alfredo, o personagem, ao que parece, não mostrará se é mocinho ou vilão, pois será um homem de caráter duvidoso. Ele é dono do império no ramo da mineração e prepara a filha Maria Clara (Andréia Horta) para substituí-lo. José Alfredo ainda será pai de João Lucas (Daniel Rocha) e José Pedro (Caio Blat). Pode ser que Cristina (Leandra Leal) seja também filha do milionário. A vilã da nova história de Aguinaldo é Lília Cabral, que viverá Maria Marta.

PLATEIA

VIVA
- Humberto Martins, que encontrou o tom e colocou o pacato Virgílio nos trilhos na trama de Em família.

VAIA - Ainda na novela, lances mirabolantes na trama de Juliana (Vanessa Gerbelli) fazem com que a boa história perca o rumo. 

Começa a invasão argentina‏

Começa a invasão argentina
Torcedores chegam a BH para assistir ao jogo com o Irã e prometem 'dominar' a cidade 

 
Sandra Kiefer e Pedro Ferreira
Estado de Minas: 18/06/2014


Irmãos Jorge e Cristian Bermudez elogiaram a hospitalidade mineira (Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press  )
Irmãos Jorge e Cristian Bermudez elogiaram a hospitalidade mineira

Leonardo Gori está encantado com a cidade e deu nota 10 para a Fan Fest  (túlio santos/EM/D.A Press)
Leonardo Gori está encantado com a cidade e deu nota 10 para a Fan Fest


A invasão colombiana cede espaço para los hermanos argentinos, que prometem chegar em número três vezes maior à capital mineira para o jogo entre Argentina e Irã no sábado, no Mineirão. Os jogadores da Seleção Argentina estão concentrados na Cidade do Galo, em Vespasiano, na Grande BH.

No Pizza Sur, ponto de encontro de argentinos em Belo Horizonte, nas imediações da Praça da Liberdade, ontem, já começaram a aparecer os primeiros representantes da torcida movida a tango e chorizo. Os irmãos Cristian e Jorge Mendonza, de 36 e 26 anos, vivem na Austrália há 20 anos, mas nasceram com sangue azul e branco. Estão de férias para curtir o Mundial e já estiveram no Rio de Janeiro e em São Paulo. Há quatro dias, chegaram a BH. Após o jogo contra o Irã, seguem para Porto Alegre (RS).

Antes do tour pelo Brasil, os endinheirados irmãos argentinos estiveram por uma semana em Miami, sozinhos, sem as mulheres. “O Brasil tem um time de qualidade. O problema é a onda de negatividade que os jogadores estão enfrentando no seu próprio país”, diz Cristian, que prefere o Rio de Janeiro, onde as pessoas andam com pouca roupa e são mais receptivas. Já Jorge conta que é uma pessoa mais tranquila, que prefere uma cidade menor, onde se pode conversar com as pessoas que vivem nela.

O argentino Leonardo Gori, de 36, está encantado com BH. Desde o dia 7 na capital mineira com dois amigos, hospedados na casa de um compatriota, em Contagem, ele escolheu como lugar mais bonito a Praça do Papa, e o mais divertido a Região da Savassi. Deu nota 10 para a Fan Fest, onde disse ter se divertido muito no jogo de domingo, em que sua seleção ganhou da Bósnia por 2 a 1. “Brasileiro trata muito bem a gente. A rivalidade é só no futebol”, disse. O atendente de telemarketing elogiou o BRT/MOVE e disse não ter nada a reclamar de BH. “Tudo muito bárbaro. Só tenho elogios à mulher mineira. São impressionantes. As argentinas não têm bumbum”, disse. A comida mineira também é muito gostosa segundo ele . “Feijão tropeiro, feijoada e chuchu. Muito bom”, comentou.

E em campo? Na avaliação de Gori Brasil e Argentina ainda têm muito a melhorar no futebol. Para ele o melhor desempenho até agora foi da Seleção da Holanda. No entanto, ele disse que não está nem um pouco preocupado com o Irã e a Nigéria, que vão disputar uma vaga na próxima fase com a Argentina. A caipirinha também caiu no gosto do argentino, assim como catuaba selvagem. Outro lugar que o turista quer conhecer é a Lagoa da Pampulha, cartão-postal de BH, que só viu em fotos e na tevê.

Esculpidos pelo calor

Esculpidos pelo calor
Pesquisadores norte-americanos desenvolvem polímeros capazes de assumir formas predeterminadas quando aquecidos

Estado de Minas: 18/06/2014




A ideia de que uma chapa lisa de plástico pode assumir uma forma tridimensional complexa a partir de, somente, uma mudança de temperatura parece cena de filme. Se essa peça bruta tiver saído de uma impressora 3D, então, é com certeza ficção científica. Certo? Não – pelo menos no que depender de um grupo de professores de engenharia elétrica e ciência da computação do Massachusetts Institute of Technology (MIT) coordenado pela professora Daniela Rus. Em um estudo apresentado este mês na Conferência Internacional de Automação e Robótica do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos americano, a pesquisadora e colegas conseguiram sintetizar um polímero que, quando aquecido até determinada temperatura, assume uma forma predefinida.

O que difere a pesquisa das outras que já foram feitas sobre os materiais com memória de forma é justamente a precisão que a equipe conseguiu. A peça produzida no MIT se dobra nos ângulos certos para se tornar a figura planejada à medida que a temperatura sobe (veja infografia). “Temos que produzir as peças em camadas com densidades e características específicas. O objetivo é que cada parte reaja de determinada forma a partir do estímulo de calor e, com isso, assuma o aspecto predeterminado”, explica Daniela. A pesquisadora compara o processo de impressão do material à montagem de um bolo, cujas camadas também precisam ser cuidadosamente sobrepostas para que se atinja o objetivo. “A diferença está no fato de que, com esse polímero, conseguimos encontrar a temperatura ideal para que se ele deforme como o esperado”, lembra.

O grupo conseguiu distribuir as propriedades do material usado como matéria-prima de forma que, na região das dobras, o polímero se comporte mais como um líquido do que como sólido. “Quando a peça é aquecida até a temperatura certa, aqueles locais que deveriam ser arestas ficam menos rígidos e deformam-se”, esclarece a cientista. Esse estímulo é dado por somente frações de segundo e, quando a temperatura do objeto volta ao normal, as arestas formadas se resfriam e endurecem novamente. “Temos o grande sonho de construir pequenas fábricas de utilidades usando somente impressoras 3D e projetos que poderão ser comercializados pela internet. Você compra o material, coloca como se fosse a tinta da impressora, pega o projeto na internet e poderá construir o que quiser”, planeja Daniela Rus.

O uso da impressora 3D, inclusive, foi fator determinante para o sucesso do projeto. Essas máquinas constroem objetos a partir de camadas muito finas e detalhadas, o que é ideal para a diferença específica entre as densidades e as propriedades de cada uma das camadas. O processo, no entanto, só ocorreria uma vez.

Utilidade e limitações “Quando desestimulado, diferentemente dos conhecidos metais de memória, esse polímero não retorna ao estado inicial”, lembra o coordenador do Laboratório de Robótica e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC Rio, Marco Antônio Meggiolaro. Ele explica que esses materiais com memória de forma são usados há várias décadas, mas, na grande maioria das pesquisas, eram estudadas as características das ligas metálicas. Isso porque esses objetos são projetados para ser transportados de forma mais fácil e assuma a forma final apenas na hora e no local certos, geralmente de difícil acesso. Usos possíveis vão de próteses médicas – como stents que podem ser inseridos na artéria na forma plana e, depois de posicionados no lugar certo, ser expandidos – até estruturas maiores, como abrigos.

Para Meggiolaro, o fato de o material utilizado ser um polímero impõe algumas limitações ao projeto. “É claro que apresenta vantagens, como o peso menor, que poderia ajudar a diminuir custos com transporte, por exemplo, mas a baixa resistência do plástico restringe o uso”, alerta o professor, que não participou do estudo. Ele lembra que essas técnicas de estimular deformações em materiais a partir do conhecimento de suas características físicas já são utilizadas há anos, sendo a corrente elétrica uma alternativa ao estímulo de temperatura.

O material estudado e utilizado pela professora Daniela Rus e seus colegas do MIT acaba, de fato, restringindo o uso. Os metais de memória podem ser utilizados para se construir satélites, que são lançados fechados e, só depois de entrar em órbita, ganham o formato final. Se fosse de polímero, no entanto, o satélite não conseguiria nem chegar ao espaço.


Compostos químicos

Polímeros são compostos químicos de elevada massa molecular, resultantes de reações químicas de polimerização. A grosso modo, são todos os tipos de plásticos, que podem ser divididos entre termoplásticos (PVC), termorrígidos (poliéster) e elastômeros (borrachas).


Nitinol

Materiais com memória de forma são conhecidos desde 1962, quando foi descoberta uma liga metálica composta de níquel e titânio em porcentagens atômicas praticamente iguais, denominada nitinol. O material apresentava um efeito térmico de memória que conferia a capacidade de sofrer deformação em certa temperatura e, então, recuperar a forma original.

Como estamos na economia digital? - Rodrigo Oliveira Cantelli

Diretor de TI do Banco Bonsucesso
Estado de Minas: 18/06/2014 



A economia digital vem crescendo 8% ao ano nos países do G20 e vai atingir 5,3% do PIB desses países em 2016, de acordo com o Boston Consulting Group (BCG). Mas o Brasil está crescendo mais lentamente que os seus pares e a perspectiva é chegar a 2016 com apenas 2,4% do PIB. Teremos, no final de 2015, quase 3 bilhões de pessoas conectadas, o que mostra que estamos vivendo em um mundo cada vez mais digitalizado. Já ultrapassamos, em muito, o momento em que bastava que as empresas tivessem um site. Hoje os negócios têm os seus processos centrais cada vez mais alicerçados em tecnologia, transacionam pela Web, redes socais e/ou por dispositivos móveis.

Para medir quanto o ambiente é propicio para a economia digital, o BCG criou um índice chamado de “e-Intensity”, composto de três categorias: 1– disponibilidade da infraestrutura de internet, 2 – gastos on-line (incluindo compras, publicidade) e 3 – engajamento (o grau que os governos, empresas e consumidores estão envolvidos com a internet).

Mas, o que podemos fazer para potencializar esse crescimento e o Brasil não ficar para trás na economia digital? Essa discussão envolve boa parte do mesmo debate feito na economia física, mas com algumas particularidades. Claro que o Brasil precisa dispor de um infraestrutura de acesso à internet mais robusta, confiável e acessível a toda a população economicamente ativa. É impressionante a diferença da velocidade de acesso no Brasil e em países do Primeiro Mundo. Não podemos deixar que a nossa infra-estrutura digital fique sucateada ou defasada como a física (estradas, ferrovias, etc).

O mundo digital é ágil por natureza; por consequência, devem existir regulações e procedimentos para as empresas puramente digitais. Por exemplo, o que dois estudantes universitários com uma boa ideia na cabeça (sobre um Mobile App) têm que fazer para formalizar uma empresa? Quanto tempo eles levariam para viabilizar esse negócio? Ou seja, é necessário pensarmos um arcabouço legal, fiscal e burocrático que suporte adequadamente a economia digital. O último ponto mostra que não basta à população ter acesso à internet, ela precisa ter acesso aos meios de pagamento eletrônicos. Ela precisa ter meios para comprar on-line. Isso faz toda a diferença na economia digital.

Por exemplo, em 2000, eu era diretor da empresa de transportes rodoviário de passageiros que lançou o primeiro site de venda de passagens pela Web do mercado brasileiro. Na época, aceitávamos apenas cartão de crédito e era visível a relação direta entre as bandeiras aceitas e o faturamento do site. O site vendia, hipoteticamente, 500 passagens por dia e aceitava somente uma bandeira de cartão de crédito. Quando passamos a aceitar mais uma bandeira, o volume de passagens literalmente dobrou. Já nessa época, percebíamos claramente que a disponibilidade de meios eletrônicos para pagamento era fundamental para incrementar a receita de e-commerce.

É crível extrapolar esse exemplo para a economia digital e dizer que o seu crescimento robusto depende da disponibilidade de “dinheiro eletrônico”. Temos milhões de pessoas excluídas da economia digital, pois de acordo com o IBGE, 47% dos brasileiros com renda familiar entre um e dois salários mínimos não têm acesso aos serviços bancários no país. O mesmo ocorre com os autônomos, microempresários individuais e com mais da metade da população, que ainda recebe salário em dinheiro. Provavelmente, essa é uma das razões para o baixo desempenho brasileiro de acordo com o quadro do BCG.

O cartão de crédito tradicional vem prioritariamente desempenhando o papel de meio eletrônico de pagamento, mas a sua democratização esbarra em alguns pontos envolvendo o seu custo e o fato de haver uma concessão de crédito implícita. A questão então é: como incluir essa parcela da população na economia digital? São necessários novos métodos de pagamento eletrônicos, complementares e substitutos aos cartões de crédito. Esse é um movimento que já ocorre no Brasil com o lançamento de cartões pré-pagos e alguns modelos inovadores de cartões de crédito para suportar as pequenas empresas.

Temos também o fator Mobile Payments, onde o Gartner Group prevê que o mercado mundial deve crescer 35% ao ano entre 2012 e 2017, indo de US$ 163 bilhões a US$ 721 bilhões nesses cinco anos. No Brasil, o governo publicou em 30/10/2013 a Lei 12.875, que regula o setor de pagamentos. Porém, mesmo antes dessa lei, empresas da cadeia de valor de pagamentos, que inclui bancos, operadoras de cartões, operadoras de telefonia e outras instituições financeiras, já se mobilizavam, criando parcerias para lançar soluções a fim de explorar oportunidades no mercado.

Mas é suficiente? O que mais pode ser feito? Ficam as perguntas para reflexão, mas podemos concluir que algumas sementes foram plantadas e estão germinando. São necessárias novas ações com “mindset” digital voltadas para impulsionar ainda mais a nossa economia digital e, por consequência, o nosso PIB. 

ZONA MISTA‏

ZONA MISTA

Kelen Cristina
Estado de Minas: 18/06/2014


El paredón
O goleiro Guilhermo Ochoa viveu ontem seu dia de herói mexicano. Considerado responsável pelo empate sem gols entre Brasil e México, no Castelão, o arqueiro foi enaltecido mundo afora. Na terra natal, especialmente, dominou as manchetes da imprensa com um trocadilho merecido: Memorable (Memorável). A explicação? Em seu país, Ochoa é chamado carinhosamente de “Memo”. Daí a inspiração para a descrição da grande atuação em Fortaleza.

 (Lucas Landau/Reuters)
 Estrelas da NBA nas arquibancadas
Steve Nash não é o único astro do badalado Los Angeles Lakers, da NBA, em solo brasileiro durante a Copa do Mundo. O ala-armador Kobe Bryant (foto), outro admirador de futebol, aproveita as férias para ver as partidas do torneio de perto. Ontem, ele estava no Castelão acompanhando o confronto entre a Seleção Brasileira e o México. Kobe também assistiu às goleadas de Holanda e Alemanha sobre Espanha e Portugal, respectivamente, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Em sua passagem pelo Brasil, ele até já mostrou certa intimidade com a bola durante evento promocional no Rio.


Em defesa do ídolo
O atacante da Seleção Inglesa Sturridge não gostou nada de ver entre os trending topics (assuntos mais comentados) do Twitter, ontem, a hashtag “fatronaldo” (Ronaldo gordo). Fã confesso do jogador brasileiro, ele saiu em defesa do craque, conclamando os internautas a esquecer os pesos a mais do ex-atacante e reconhecer os serviços prestados por ele em campo. “Não há o menor motivo para #fatronaldo ser trending. Melhor comentar #omelhornúmero9, #fenômeno e #lenda. #fãprotetor, #meuídolo”, postou Stu.


Minuto de silêncio
A comunidade judaica latino-americana enviou carta à Fifa pedindo um minuto de silêncio antes do jogo entre Argentina e Irã, sábado, no Mineirão. O ato simbólico tem o objetivo de homenagear as vítimas do atentado terrorista ocorrido em julho de 1994 contra a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos – investigações apontaram que a explosão foi causada por um carro-bomba iraniano. Caso a Fifa não atenda ao pedido, a organização do movimento pretende fazer eventos paralelos à partida para relembrar a tragédia.


FALOU E DISSE
"Alguns jogadores fizeram a diferença pela frescura”
Assim a intérprete da Fifa traduziu a afirmação do técnico argelino Vahid Halilhodzic (foto) de que o “frescor” dos belgas Fellaini e Mertens (que entraram durante a partida e marcaram os gols da virada da equipe europeia sobre a africana por 2 a 1) foi fundamental para a mudança do panorama do jogo.


Sem o apito
Árbitro do quadro da CBF, o enfermeiro Igor Benevenuto Júnio, de 33 anos, aproveita a paralisação no Campeonato Brasileiro para estar na Copa do Mundo, ainda que fora das quatro linhas. Lotado no Mineirão, ele atua como voluntário, na orientação aos torcedores. “É uma oportunidade única, já que é um privilégio enorme estar assistindo aos jogos e participando da festa. Não sei quando poderei presenciar outro evento tão importante como este”, comemora.

 (Kelen Cristina/EM/D.A Press )

Mochileiras
As argentinas Florência Trujillo, de 30 anos, e Jennifer di Camilo (foto), de 27, decidiram colocar a mochila nas costas e vir ao Brasil para a Copa – não para assistir aos jogos do torneio. Em busca de diversão, mas com pouco dinheiro, elas arrumaram uma maneira de estar perto da festa e ainda tornar a viagem autossustentável. Nos dias de partidas, a dupla segue para o estádio com lápis de maquiagem de variadas cores, para pintar os rostos dos torcedores, em troca de alguns reais. “Uns pagam R$ 3, outros R$ 5”, conta Florência. Segundo ela, já foi possível arrecadar dinheiro suficiente para se manter até o fim do Mundial. Ontem, elas estavam no jogo Bélgica x Argélia, em BH, e planejavam ir para o Rio.

COLUNA DO JAECI » Sono no Mineirão, pesadelo no Castelão‏

COLUNA DO JAECI » Sono no Mineirão, pesadelo no Castelão


"É claro que depois do jogo o discurso estava ensaiado. Jogadores e técnico disseram que já sabiam que o adversário era forte e a vitória seria difícil. Quem quiser que engula"


Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 18/06/2014

Fui ao Mineirão assistir a Bélgica 2 x 1 Argélia, de virada, num dos piores jogos da Copa. Saí no intervalo e corri para a redação da TV, onde acompanhei Brasil 0 x 0 México, apresentando depois o Alterosa no ataque. É muito legal ver o patriotismo da torcida brasileira, cantando o hino mesmo depois que a música parou. Mas achei exagerada a forma de cantar dos jogadores, alguns até chorando. Mundial se ganha com bom futebol, não com jogo de cena. Pior foi ver um dos assistentes correr para o meio-campo quando Fred, impedido, chutou na rede pelo lado de fora. O árbitro corrigiu. Sinceramente, nunca havia visto isso.

Alguém pode me explicar o que fazem Luiz Gustavo e Paulinho no meio-campo? Reservas nos clubes, têm sido um fracasso na Seleção. É difícil se empolgar com um time que não cria, não chega à área adversária, não convence. Os cruzamentos são a única opção. A segunda bola era sempre mexicana.

O Brasil deixa a desejar em todos os aspectos. Oscar foi um zero à esquerda. Neymar deu uma arrancada e uma cabeçada, nada mais. Pouco para quem é nosso melhor jogador e de quem se espera mais. Que tipo de treinamento a equipe anda fazendo, que ninguém questiona? Já disse que há muito oba-oba e pouca produtividade. Cabelos pintados, hino a plenos pulmões, mas bola que é bom, nada.

Outro dia, em longo papo com um comentarista de TV, amigo e ex-jogador, afirmei que era a pior Seleção que já vi em Copas. Ele concordou, mas disse que não pode falar no ar, porque a ordem da emissora é jogar para cima, senão a audiência cai. Como não tenho esse problema, ponho o dedo na ferida há muito tempo. Nossa Seleção parece biscoito de polvilho: muito barulho, pouco conteúdo. Quem vê Alemanha, Holanda e até Itália jogando percebe a diferença. Equipes criativas, velozes, bem treinadas e ordenadas, com jogadores titulares em clubes.

Então, volto a perguntar: como acreditar em título com time tão fraco e limitado? Parreira e Felipão vendem produto que não existe. Mas não nos esqueçamos da sorte. No primeiro tempo, ela não esteve conosco. Quem sabe no segundo? Felipão parece ter percebido que a equipe estava mal e pôs Bernard no lugar de Ramires, que tinha cartão amarelo. A torcida, até então morna, voltou a incentivar. E com Bernard jogadas pelas extremas começaram a aparecer.

Os volantes brasileiros são extremamente burocráticos: marcam, mas não criam. E o México cresceu, dominou, chutou a gol sempre com perigo. O Brasil era uma equipe entregue, sem imaginação. Felipão só sabia reclamar da arbitragem. O torcedor perdeu a paciência e começou a vaiar. Por falar em paciência, o técnico perdeu a dele e pôs Jô em campo. Coitado do Fred. Se a bola não chega, fica difícil.

É inadmissível termos um lateral como Daniel Alves, uma avenida, que os mexicanos souberam explorar. A 10 minutos do fim, Felipão lançou mão de Willian. A esperança estava nos pés de um desconhecido, que entrou na vaga de um fraco Oscar. Com pouco tempo, ele não poderia mesmo fazer muito. O Brasil continua um bando, desorganizado, sem objetividade e emoção. Nunca vi uma Seleção vender imagem tão positiva e ser o contrário. Pior é perceber que ninguém questiona, ninguém cobra. Parece absolutamente normal empatar com o México numa Copa em casa. Para quem não se lembra, os mexicanos se classificaram para o Mundial na bacia das almas, com péssimo futebol.

É claro que depois do jogo o discurso estava ensaiado. Jogadores e técnico disseram que já sabiam que o adversário era forte e a vitória seria difícil. Quem quiser que engula. Como a vitória sobre a Croácia mascarou muita coisa, havia quem acreditasse na classificação antecipada. Esse Brasil não me convence. A eliminação é questão de tempo. Bastará pegarmos adversário forte e bem armado. E isso poderá ocorrer já na próxima fase. Para quem viu Alemanha, Itália e Holanda dando show, é bom pôr as barbas de molho.

Tolerância a ofensa prejudica candidatos - Renato Janine Ribeiro


Por Renato Janine Ribeiro
Aécio Neves e Eduardo Campos quiseram explorar politicamente os xingamentos a Dilma Rousseff na abertura da Copa. Podem ter começado aí a perder a eleição. Algum imprevisto pode ainda beneficiá-los. Mas eles foram tolerantes com os insultos, e nisso expuseram uma dificuldade cognitiva de ambos. Mostraram-se em descompasso com os avanços nos costumes ocorridos nas últimas décadas, e que incluem o repúdio ao machismo, aos preconceitos e mesmo à falta de educação.
A primeira exigência para quem quer governar o Brasil é identificar os sinais do novo. O maior deles, no período recente, esteve nas manifestações de 2013, rompendo com a política tradicional. Dentre os presidenciáveis, Marina Silva é a mais apta a decifrá-los, mas está limitada por seu conservadorismo em matéria sexual - aborto, casamento gay. Já Aécio e Eduardo ignoraram as ruas, a não ser para tirar proveito delas com os prejuízos que causaram a Dilma e ao PT. Nenhum deles abriu diálogo com os manifestantes. Eles querem ganhar com o descontentamento, mas têm pouco a lhe propor. Dilma continua sendo, dos três candidatos, o mais capaz de conversar com o novo, ainda que ela própria não faça parte dele.
O episódio revela a pouca sensibilidade dos candidatos homens à renovação dos costumes. Essa nova sensibilidade não se confunde com a direita ou esquerda tradicionais. Aparece no 'El País', no 'New York Times', no 'Guardian', na revista 'Trip'. Repudia o preconceito contra negros, mulheres e homossexuais. Detesta a opressão e a corrupção. Ora, quando os dois candidatos se comprazem com a má educação de um público com dinheiro, eles se opõem a essa nova sensibilidade. Essa dissonância com o novo poderá aparecer em outras questões, fragilizará os dois e fará a festa do PT, que não podia ganhar presente melhor.
Como a macheza perdeu prestígio e virou machismo
Assim, quando Eduardo Campos diz que os xingamentos 'talvez' não fossem a 'melhor' forma de expressar o mau humor e a discordância com o governo, ele está indicando que 'talvez' fossem, pelo menos, uma forma aceitável; perde a chance de ouro de repudiar a forma, ainda que para elogiar o conteúdo. Aécio não se saiu tão mal, mas na manhã do dia 13 aprovou implicitamente os insultos, somente se distanciando deles à tarde, quando se corrigiu de sua gafe, mas sem pedir desculpas.
Temos duas agendas distintas na dimensão política da vida social. Uma é centralmente política, enfeixando metas sociais e em meios econômicos. Sobre esta, nossos três candidatos têm muito a dizer. Outra é dos costumes, agenda essa forte especialmente no Brasil: combate preconceitos, opressão e corrupção. É esta agenda que dá o tom do novo, dos jovens - embora não agrade a nenhum dos três candidatos, afeiçoados a uma visão tradicional da política. Mas aqui Dilma se sai melhor, mesmo que só porque não disse, e dificilmente dirá, algo análogo aos dois rivais. Dilma não é a candidata da agenda da vida, como a chamei há algumas semanas, mas não entra em conflito com ela. Será por razões de gênero? Será porque, mulher, não cai na tentação do machismo, que ronda muitos homens, mesmo bem intencionados? Não sei.
Outro erro, esse propriamente político: o Brasil está rachado entre duas interpretações da sociedade. Uma, majoritária na mídia e nas classes endinheiradas, detesta o governo petista. Outra, que venceu as três últimas eleições presidenciais, o apoia. Entre as duas, não há diálogo, nem mesmo sobre fatos básicos. Ora, qualquer político com pretensão de governar sabe que chefiará um país dividido. O vitorioso será legítimo, mas precisará ser respeitado pelos derrotados. Só que o respeito é uma via de mão dupla. A falta dele está desgraçando a Venezuela. E, quando se passa ao palavrão, o desrespeito ao candidato insultado ofende seus eleitores. Uma coisa é criticar, outra é desrespeitar. Alckmin exemplificou isso quando foi grosseiro com Lula, no debate de 2006: o presidente o chamava de "senhor", ele respondia com "Lula, você mente". Ofendeu os simpatizantes de Lula. Deu-lhe votos. Assim Alckmin perdeu sufrágios entre o primeiro e o segundo turnos. Não se ganha eleição, aqui, com a falta de educação. Ela deixou de ser sinônimo de macheza. Tornou-se igual a machismo.
Pior, os dois candidatos fazem a festa do PT! Vestem o figurino conservador em que o PT tenta prendê-los. Pois o que quer o PT, se não mostrar que Aécio e Eduardo não entendem o que a maioria da sociedade deseja? Quando avalizam a falta de educação da "elite branca" (lembro Claudio Lembo e Juca Kfouri), ajudam o PT a ter os votos, não só do seu "terço gordo" de eleitores seguros, mas também entre o terço de eleitores que, por estarem indecisos, decidirão a eleição. Muitos deles não admiram o PT, mas repudiam ainda mais o conservadorismo dos sem educação. O grave, agora, não são tanto os insultos: é que dois candidatos presidenciais não percebam que a minoria de ofensores representa o atraso. Deste, nada sairá. É grave que, nas muitas horas entre o episódio e suas declarações, nem Aécio e Eduardo, nem ninguém de seu círculo próximo, tenha percebido o lado negativo das ofensas.
Para terminar, esta não é uma questão que possa ser brifada por um assessor. Um candidato pode ter gurus sobre a economia, a energia, transportes, saúde, até mesmo educação - mas precisa entender de política, de sociedade, do movimento do mundo. Gurus são para matérias técnicas, os valores são com o líder. Se ele não capta o espirito do tempo, dará problema. Por isso, se os dois erraram na postura sobre esse lamentável episódio, é provável que errem, de novo, quando estiverem em jogo valores.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
E-mail: rjanine@usp.br


Leia mais em:
http://www.valor.com.br/politica/3584734/tolerancia-ofensa-prejudica-candidatos#ixzz34zXKmEnq

Frustração vira piada nas redes‏

Frustração vira piada nas redes 
 
Após empate contra o México, Seleção Brasileira e jogadores se tornam alvo de brincadeiras

Carolina Mansur
Estado de Minas: 18/06/2014


O empate frustrante e sem gols do Brasil no jogo contra o México foi responsável por uma avalanche de piadas nas redes sociais. E sobrou para todo mundo. Os sites de humor criticaram a atuação de Fred, mas também de Jô e Neymar. Para o camisa 9, sobraram montagens fazendo referência ao episódio em que o Fluminense, time em que atua, recorreu à Justiça para não cair para a Segunda Divisão. “STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), help me (me ajude)”, dizia uma delas. Em outra, Neymar se pergunta o porquê da convocação de Fred.

O destaque, no entanto, foi o goleiro Guillermo Ochoa, do México, que foi comparado a uma “muralha” em diversas montagens. Bastante citado no Twitter e encabeçando os trending topics mundiais, o arqueiro mexicano apareceu em postagens, com hastags #manofthematch (homem da partida), #porterazo (goleiraço) e #brickwall (parede de tijolos), por não deixar nenhuma bola passar durante a partida. Ochoa fez boas defesas, complicando a vida da Seleção Brasileira, e foi eleito o nome da partida pela Fifa.

Embora no início os torcedores tenham pedido a entrada de Jô, com hastags #VoltaJô, a participação do atacante alvinegro parece ter decepcionado e também virou alvo das piadas. Um dos sites de humor publicou uma montagem com a frase: “Você sabe que a fase está ruim quando comemora a entrada de Jô em campo”. Sobrou também para o juiz japonês Yuichi Nishimura, que apitou o primeiro jogo do Brasil contra a Croácia e marcou um pênalti polêmico contra Fred: “Sem a minha ajuda, ficou difícil, né, Brasil?”, dizia uma das postagens.

CHAVES Antes da partida, porém, as brincadeiras envolviam os personagens dos seriados mexicanos Chaves e Chapolin. Em várias montagens, as pessoas brincavam com a escalação da Seleção Mexicana se referindo aos personagens Chiquinha, Seu Madruga, Chaves e outros. No fim da partida, com o empate, uma montagem de Chaves e Chiquinha no cinema dizia: “Era melhor ter ido ver o filme do Pelé”.


Disputa por seguidores
A rivalidade entre as seleções de Brasil e México começou na segunda-feira, antes do jogo, com o pedido de Neymar, em seu Twitter oficial (@neymarjr), para que os torcedores seguissem o perfil da CBF: “Galera!! Vamos seguir @cbf_futebol e ajudar a superar a Seleção Mexicana no Twitter! Quem tiver mais seguidores no dia do jogo, ganha!!!” O perfil da Seleção Mexicana (@miseleccionmx) topou o desafio e iniciou uma campanha para também angariar mais seguidores. Quem levou a melhor foram os mexicanos. Antes do jogo, a Seleção Mexicana postou um banner com a mensagem: “Juntos, vencemos o primeiro desafio! @miseleccionmx 1.838.818 milhões de seguidores e @ CBF_Futebol 1.638.368. Nós temos os melhores fãs do mundo!”.

Brasucas

BRASUCAS » Dúvida na Colômbia
Estado de Minas: 18/06/2014

O atacante Carlos Bacca foi diagnosticado com uma contratura muscular
no quadríceps da perna direita e terá uma recuperação de ao menos
sete dias, o que o deixará fora da partida contra a Costa do Marfim,
amanhã, pelo Grupo C do Mundial. O jogador da Colômbia sofreu a
contusão domingo, durante um treino da equipe, que na estreia venceu a Grécia por 3 a 0.

Tiroteio assusta hondurenhos



Um tiroteio entre bandidos e policiais em frente ao hotel onde a Seleção de Honduras está hospedada, em Porto Feliz (SP), assustou jogadores e membros da comissão técnica na madrugada de ontem. Segundo informações do jornal hondurenho Diez, ladrões que haviam roubado um caixa eletrônico trocaram tiros com policiais. “Claro que nos assustamos”, disse Saúl Bueso Mazariegos, chefe de segurança da delegação.

Antidopings negativos


A Fifa anunciou ontem que os primeiros 800 exames antidoping da Copa do Mundo deram negativo. Os testes foram feitos no período de pré-temporada da Copa com 91,5% dos atletas convocados. Pela primeira vez, a Fifa está analisando amostras não apenas de urina, mas também de sangue. O último caso positivo de doping em Mundiais ocorreu há 20 anos, em 1994, quando Maradona foi punido pelo uso de efedrina.