quarta-feira, 22 de maio de 2013

Vamos começar de novo - Nina Horta

folha de são paulo

Pois não é que alguns leitores me dizem que ando brava? Um pouquinho. É que a vida corre, mas tudo anda tão devagar! Quando você passa por duas gerações e vê que as coisas se repetem sem remorso…
Imagino que, de 15 em 15 anos, mais ou menos, retomamos os mesmos assuntos. Por exemplo: comida fresca, horta, couves ainda com gotas de orvalho esperando o almoço. Comida de rua que precisa ser revitalizada. Vamos comer jambu e mangarito e priprioca. Tradição versus modernidade. A luta entre a agricultura do pequeno produtor e o complexo agroindustrial. A formação do chef, as novas técnicas usadas na culinária. A apresentação da comida. Comida e saúde.
Tá, vamos começar tudo de novo. Acredito que, a cada subida e descida de Sísifo, as coisas mudem um bocadinho. Tínhamos somente um restaurante de comida bem brasileira em São Paulo, hoje temos mais. Os chefs se aperfeiçoaram. Surgiram escolas. Os que mais orgulhosamente lutavam para que comêssemos o nosso arroz com feijão eram franceses e belgas com restaurantes aqui no Brasil. Hoje, nós mesmos entramos na onda.
A comida que antes era servida ao lado da mesa, primeiro achatou-se nos pratos. Depois, amontoou-se em castelinhos e hoje anda abaixando outra vez. Mitos são revistos, o ovo vai e o ovo vem, o óleo de coco não tem melhor, sustentabilidade virou chavão, a doença da vaca louca terá mesmo existido? E as galinhas gripadas? E as infelizes das abelhas que se botaram a correr ninguém sabe o porquê, morrendo de enjoo das flores com um gosto danado de pesticida? Pesticida, sim, pesticida, não? “Orgânica” é a palavra mais usada em todos os vocabulários como se não fosse a mãe de todas as palavras.
“Relações de comida, integradas pelos circuitos de ‘commodities’ que dia a dia aumentam as restrições do nosso relacionamento possível com a comida de um modo que não seja o da lógica da coprodução camponesa. Desse modo, o sistema econômico da comida representa uma vez mais um claro exemplo de expansionismo do sistema, enquanto o entorno, dentro do qual são sustentadas as relações econômicas, está cada vez mais ligado à lógica da própria economia, perdendo a capacidade de se regenerar e sustentar o sistema econômico a longo prazo” (Luigi Russi, em “Hungry Capital”, capital da fome). Que límpida clareza! Uau.
Pois é leitores, a poesia anda perdendo o pé, afundada na economia e no mercado.
Mas, ontem veio alguém fotografar a casa da cozinheira com a cozinheira dentro e pediu que eu segurasse uma galinha no colo. Ela era pequenina, toda xadrez de preto e branco e se aninhou no meu braço com o coração batendo forte.
Tive tempo de reparar bem de perto na sua crista que eu acreditava dura, mas era delicada como a orelha de um bebê, translúcida, muito bem formada e pink. Uma galinha Barbie, “docezita”. Quis mudar a sua posição e acho que a desestabilizei e, no susto, fez um cocô na minha calça de cashmere que eu lavara e passara para ficar bonita na foto. As galinhas não entendem nada de marketing nem de finanças, essas ridículas.

Quadrinhos

folha de são paulo

CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      TOLLES
TOLLES

Sem aspas na língua - Antonio Prata

folha de são paulo

Sem aspas na língua
Vejo nas aspas uma pontinha de xenofobia, como se palavra estrangeira precisasse andar com o passaporte aberto
Toda terça, lá pelas quatro da tarde, envio a crônica para a Andressa Taffarel, a Lívia Scatena e a Daniela Mercier, redatoras aqui do "Cotidiano". Duas horas depois, mais ou menos, uma delas me devolve o texto com todos os meus descalabros diligentemente corrigidos e grifados de amarelo. São erros de ortografia e de digitação, vírgulas e mais vírgulas que vão pro beleléu, um ou outro ajuste ao padrão Folha --séculos "XXI" que se adequam aos ditames do 21, "cowboys" que aprendem a falar sem a afetação do sotaque, como bons caubóis, "quinze pras seis" que trocam a imprecisão das letras pela pontualidade dos números: 17h45.
Sou imensamente grato a essas mulheres, sem as quais, provavelmente, eu já teria sido desmascarado pela Ombudsman, num domingo, ou mandado embora do jornal, numa quarta-feira bem sedinho. Quero dizer: cedinho (Valeu, Andressa!). Há, contudo, um amarelo do qual sempre tento convencê-las a desistir: as aspas sobre os termos estrangeiros.
De início, o que me incomodava era o peso desproporcional que as aspas dão à palavra. Se escrevo mouse pad, por exemplo, suscito em seu pensamento apenas o quadradinho discreto que vive ao lado do teclado, objeto não mais notável na economia do cotidiano do que as dobradiças da janela ou o porta-escova de dentes. Já "mouse pad" parece grafado em neon, brilha diante de seus olhos como o luminoso de uma lanchonete americana. Desequilibra.
Tá legal, eu aceito o argumento: não se pode exigir do leitor que saiba outra língua além do português. Se encasqueto em ornar meu texto com "dramblys" ou "haveloos" --termos em lituano e holandês para elefante e mulambento, respectivamente, segundo o Google Translator--, as aspas surgem para acalmar quem me lê, como se dissessem: "Queridão, os termos discriminados são coisa doutras terras e doutra gente, nada que você devesse conhecer".
Pois é essa discriminação o que, agora sei, mais me incomoda. Vejo por trás das aspas uma pontinha de xenofobia, como se para circular entre nós a palavra estrangeira precisasse andar com o passaporte aberto, mostrando o carimbo na entrada e na saída.
Ora, por quê? Será que "blackberries" rolando livremente por nossa terra poderiam frutificar e, como ervas daninhas, roubar os nutrientes da graviola, da mangaba e do cajá? "Samplers", sem as barrinhas duplas de proteção, acabariam poluindo o português com "beats" exógenos, condenando-o a uma versão "remix"? Caso recebêssemos "blowjobs" sem o supracitado preservativo gráfico, doenças venéreas se espalhariam por nosso exposto vernáculo?
Entendam, minhas caras Lívia, Andressa e Daniela, não estou reclamando de vocês --nem é esta uma questão puramente jornalística, mas algo inerente à burocracia da língua, de todas as línguas; resolução de alguma antiquíssima OMC lexical, datada, talvez, da queda de Babel, destinada a garantir a pureza dos idiomas contra as invasões bárbaras.
Bobagem, pessoal. Livremos as nossas frases desses arames farpados, desses cacos de vidro. A língua é viva: quanto mais línguas tocar, mais sabores irá provar e experiências poderá acumular. Let it be, let it bleed --e dessa geleia geral, whatever will be, will be.

Marcas da tortura - MARIA HELENA GOMES DE SOUZA

O Globo - 22/05/2013

De esposa de torturador passei a
viúva de torturador: sou apontada,
evitada, porque não abandonei
meu falecido marido, o médico
Amílcar Lobo. Permaneço
acuada, aviltada pela esquerda e
pelos militares. Minha esperança
agora é a Comissão da Verdade


Esta é uma tentativa de expor a tortura que vivo desde que meu falecido marido Amílcar Lobo fez sua denúncia sobre a morte do deputado federal Rubens Paiva (PTB-SP), cassado pelo regime militar em 1964, preso em sua casa no Rio em 20 de janeiro de 1971 e desde então desaparecido.

Meu marido cumpriu o serviço militar obrigatório na Polícia do Exército, no quartel da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Lá ouviu falar, escutou e presenciou o lamento de jovens contrários à ditadura então estabelecida no país, enquanto eram barbaramente torturados. Esse fato que marcou a vida do jovem tenente-médico Amílcar Lobo de forma extremamente negativa.

Durante a ditadura (1964-1985) calou-se com medo das possíveis represálias - afinal, conhecia de perto os métodos aplicados àqueles que não compartilhavam do mesmo pensamento. Foi omisso, por medo. Medo pela sua vida e de seus familiares, mas carregou consigo a memória do som insuportável dos gemidos, das cenas de violação dos direitos humanos ao grau máximo.

Meu marido não queria guardar consigo estes desmandos - escreveu um livro com episódios, como o encontro com Rubens Paiva torturado na prisão. Não buscava punir ninguém. Desejou até os últimos dias expiar sua culpa, mas a sociedade não queria ouvi-lo. Havia uma ardente necessidade de punir, de dar o exemplo, mostrar que nós, sociedade brasileira, éramos capazes de fazer justiça. E assim o condenaram, o acusaram de forma vil.

Hoje, ainda vivo na expectativa de que novamente irão nos acusar. Mudei o status de esposa de torturador para viúva de torturador. Sou apontada, evitada por muitos como tal, porque não o abandonei e abracei sua causa como minha, de acordo com os ensinamentos cristãos que recebi. Fomos casados na alegria e na dor e assim permaneço, acuada, subjugada, aviltada pela esquerda por dar o caso como concluído, vangloriando-se da vitória, e pelos militares por sermos "traidores da pátria".

Por vezes já ouvi que devo me conformar, mas minha consciência diz que devo lutar para elucidar a atuação do meu falecido marido, pagando, sim, pelos seus erros e pondo um ponto final neste triste episódio.
Não é possível quebrar paradigmas sem discuti-los à exaustão. E é com essa certeza que venho lutando, batendo em várias portas sem encontrar nenhum acolhimento. Só o que recebo é repúdio ou silêncio. Ninguém quer meter o dedo na ferida, avaliar os fatos com imparcialidade, verificar o que poderia ser feito no contexto da época.

Minha esperança agora é que a Comissão da Verdade abra realmente um amplo debate nacional sobre a questão da tortura.

A tortura me persegue até hoje e precisa ter um fim. Não posso ignorá-la, pois permanece, pairando, clamando por justiça a partir de uma investigação a fundo. É preciso essa investigação. Não só para que eu tenha paz e deixe de ser apontada como a viúva de torturador, mas para que a sociedade passe efetivamente a repudiar a tortura no cotidiano, não permitindo que se repita.

Evitar falar no assunto, negar ou defendê-la não nos levará a mudanças. É preciso conscientizar, apontar erros e acertos de ambos os lados, sair deste dualismo entre o bem e o mal e ir em frente buscando uma sociedade mais humana e fraterna.

Costumava contar uma história aos meus alunos sobre um incêndio na floresta. Enquanto o incêndio tomava conta de grande parte da mata, os animais corriam para se abrigar no rio e dali ficavam olhando o fogo destruir tudo. Ao contrário, um passarinho voava desesperadamente de um lado para o outro carregando no bico algumas gotinhas de água. Um leão que observava a situação disse ao passarinho que deixasse de ser bobo, que ele não conseguiria apagar o incêndio com apenas poucas gotinhas. O passarinho, sem parar com sua batalha, respondeu: "Não importa. Mesmo que eu não consiga, quero ter a certeza de que fiz o que pude."

Quero fazer a minha parte, expor minha opinião e ouvir versões diferentes para, juntos, chegarmos a uma conclusão. Quero ter a certeza do dever cumprido. Aí, sim, poder reconstruir minha vida.

Entrevista Rafael Lucchesi

folha de são paulo

Dá para exigir mais do nosso sistema educacional
Economista sugere mudanças no ensino como forma de tirar indústria da crise; solução é mais rápida do que se pensa, diz
MARIANA CARNEIRODE SÃO PAULOUm trabalhador brasileiro produz, em média, um quarto do que produz um alemão, operando máquinas de mesmo padrão tecnológico.
A constatação, do economista Rafael Lucchesi, 48, diretor de Educação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), mostra que devolver competitividade à indústria envolve mais esforços do que cortar impostos e aumentar o crédito para a compra de máquinas.
Para ele, é preciso modificar o sistema de ensino e abrir espaço para a formação profissional. Agenda que, na sua avaliação, se tornou tão relevante quanto os programas sociais nos últimos anos.
Folha - Economistas atribuem a crise da indústria à menor capacidade de concorrer com importados, resultado da perda de produtividade [medida de eficiência]. Quais são os motivos da baixa eficiência?
Rafael Lucchesi - O diagnóstico está correto. Vários fatores interferem na produtividade, mas o principal deles é o capital humano. Nossa baixa produtividade é resultado direto do padrão educacional do país. Sondagens feitas pela CNI com empresários mostram que grande parte dos problemas é resultado de deficiências [dos funcionários] em raciocínio abstrato, matemática e domínio de línguas.
Como isso se traduz em menor produtividade?
Em uma indústria que trabalha em três turnos, por exemplo, o trabalhador não sabe redigir um relatório de turno. Não sabe ler o manual de operações e não interpreta corretamente um gráfico.
Atualmente, com os processos digitais, se o trabalhador não tem capacidade de interpretação abstrata, ele tem problemas que vão se traduzir no seguinte: uma mesma máquina, com o mesmo padrão tecnológico, é muito mais bem operada por um sul-coreano.
A produtividade do brasileiro é um terço da produtividade de um coreano, um quarto da de um alemão e um quinto da de um americano.
Outra questão diz respeito à nossa matriz educacional. Cerca de 80% dos alunos não vão para a universidade. E o que o sistema educacional dá a esse indivíduo para ir ao mercado de trabalho? Uma má formação em português, em matemática e em ciência. Dá para exigir mais do nosso sistema educacional.
O que seria exigir mais?
Hoje no Brasil só 6,6% dos jovens de 15 a 19 anos fazem educação regular junto com educação profissional. Esse número na Alemanha está acima de 50%, a média da OCDE [grupo de países mais ricos] está acima de 40%.
Ensino técnico é bom para a indústria...
Para o país, você dá mais competitividade para a indústria. Para a juventude, você dá uma oportunidade de ingressar mais cedo no mercado de trabalho e ter uma profissão estável e que pode, inclusive, permitir uma ascensão profissional e a continuidade dos estudos.
Dessa forma, a gente cria um modelo diferente do atual, em que temos uma pedagogia formada como se todo mundo fosse para a universidade. E não vai.
Precisamos que a estrutura educacional se ajuste às necessidades da sociedade.
O Brasil está experimentando uma transformação demográfica acelerada, a taxa de natalidade está caindo rapidamente. Parte dos nossos ganhos de produtividade estava associada ao ingresso de jovens no mercado de trabalho. Nosso sistema educacional perdia muita gente, mas em um país de jovens não era problema.
Isso não vai voltar a acontecer com a mesma intensidade. Com a fila se escasseando, não podemos nos dar ao luxo de perder tanto. Então é importante que preparemos melhor quem vai ingressar no mercado de trabalho.
Pode resolver o futuro. Mas a crise da indústria é presente.
A velocidade [de mudança] é um pouco mais rápida do que se imagina. A diferença dos sistemas educacionais é como dois prédios. Na educação regular, você entra no primeiro andar, no ensino fundamental, e só tem uma profissão quando concluir a graduação, 17 andares acima.
Na educação profissional, é diferente. Se você faz um curso de formação inicial, de 200 horas, pode ter resultado de melhor produtividade desde o primeiro curso, ou do primeiro andar desse prédio. Então, os resultados são mais rápidos e efetivos.
Mas qual a proposta prática?
Aumentar os cursos técnicos é um passo. O outro é destravar a educação regular.
Nos últimos anos, o governo teve uma agenda importante dos programas sociais. A educação profissional cria uma agenda de cidadania, de formação de indivíduos e aumenta a produtividade da indústria. É a continuidade de uma agenda promotora do capital humano. Sobretudo para a juventude, pois permite a inserção produtiva e atende à necessidade de dar perspectiva para quem não vai para a universidade.
Grande parte do abandono do estudo ocorre porque os jovens do ensino médio não veem relação entre o que estão aprendendo e a vida. Estão aprendendo física, química e o pai dando esporro porque é improdutivo em casa. Ele não vai para a universidade porque não tem grana para entrar em uma particular e não tem estudo para entrar numa pública. Então, o que ele vai fazer? Vai trabalhar de balconista, no lava-jato...
A falta de inovação é outra lacuna da indústria e o esforço do governo e da CNI foi criar a Embrapii [Empresa de Pesquisa e Inovação Industrial]. Por que criar uma estatal?
A Embrapii não é uma estatal, é um fundo que vai certificar instituições de pesquisa com pessoal qualificado, equipamentos e um plano de atendimento a empresas.
Colocar recursos em pesquisa na universidade, acreditando que vai virar inovação... Toda a literatura diz que isso é ineficiente. Você melhora se o centro se desloca para o que a empresa precisa. Ela vai aportar recursos e não joga dinheiro fora.
Se pegarmos os principais fatores para impulsionar a competitividade, não vamos ver grandes mudanças na orientação macroeconômica, nas relações do trabalho, no marco legal e jurídico.
Em inovação e em educação é onde podemos responder a essa questão.

    RAIO-X - RAFAEL LUCCHESI
    Idade
    48 anos
    Formação
    Graduado em economia pela UFBA
    Atuação
    É diretor de Educação e Tecnologia da CNI. Antes, foi diretor de Operações da CNI e secretário de Ciência e Tecnologia da Bahia

      Universidade Federal de São Carlos (SP) cria nova variedade de alface

      folha de são paulo

      REINALDO JOSÉ LOPES
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SÃO CARLOS

      Um tipo híbrido de alface, desenvolvido por pesquisadores da UFSCar (Universidade Federal 

      de São Carlos) para combinar os atrativos das variedades crespa e americana, será lançado 

      oficialmente ao público nesta quarta-feira (22).

      A ambição dos criadores da Brunela, que ganhou o nome em homenagem a uma confeitaria histórica de São Paulo famosa pelos doces sofisticados, é que a nova variedade conquiste fama de alface "gourmet", adequada para paladares sofisticados.
      "Ela é excelente para a confecção de lanches, por exemplo, porque as folhas dela não queimam em contato com o hambúrguer, ao contrário do que ocorre com as alfaces que estão no mercado", explica o engenheiro agrônomo Fernando Cesar Sala, professor de horticultura no campus da UFSCar em Araras (168 km de São Paulo).
      Divulgação
      Nova variedade híbrida de alface desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos
      Nova variedade híbrida de alface desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos
      Sala e seus colegas chegaram à Brunela depois de cruzar duas variedades de alface, uma australiana, conhecida como "green frizzly", e outra nacional, conhecida como crocante.
      Nesse tipo de trabalho, o pólen das flores de uma das variedades (sim, a alface produz flores) é lavado com água e colocado nas flores da outra variedade, produzindo, então, o híbrido.
      CROCÂNCIA
      O resultado é uma planta cujas folhas lembram mais as da alface crespa, hoje preferida pelo consumidor brasileiro, mas crocantes como as da alface americana, o que, para os pesquisadores, aumenta o valor gastronômico da verdura.
      O segredo "é a espessura foliar [das folhas], mais grossa", explica Sala.
      A variedade do vegetal também foi "projetada" para facilitar o processo de lavagem industrial das folhas, já que a tendência é as pessoas preferirem a alface pré-higienizada, de acordo com o engenheiro agrônomo.
      "Mas, para que isso seja feito, é preciso uma folha grossa, porque são máquinas que fazem a lavagem e a centrifugação. Se a folha for fina, acaba murchando e quebrando", afirma Sala.
      Antes do lançamento oficial, a Brunela já passou por um ano de testes comerciais em seis Estados do país, sendo vendida por parceiros da universidade.
      SEMENTES
      Segundo o pesquisador, a aceitação da variedade pelos consumidores tem sido boa.
      Produtores rurais interessados no cultivo do novo tipo de alface podem obter as sementes sem custos no campus da UFSCar.
      A produção de novas sementes será feita por empresas credenciadas, que pagarão royalties à universidade.
      "A gente sugere que a comercialização seja feita com o nome da variedade, porque a ideia é termos uma marca forte de alface genuinamente brasileira", diz Sala.

      Teste de esqueleto biônico para paraplégicos deve começar em junho

      folha de são paulo

      MARCO AURÉLIO CANÔNICO
      DO RIO

      O ambicioso projeto do grupo de cientistas comandado pelo paulistano Miguel Nicolelis, 52, que pretende fazer um paraplégico dar o pontapé inicial da Copa de 2014, no Brasil, usando um esqueleto biônico controlado pelos pensamentos, deve entrar na fase de testes com humanos no mês que vem.
      A revelação foi feita por Nicolelis durante palestra ontem na Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a agência pública brasileira que financia o projeto, chamado Andar de Novo e orçado em R$ 33 milhões.
      Daniel Marenco/Folhapress
      O neurocientista Miguel Nicolelis, durante a palestra no auditório da Finep, no Rio
      O neurocientista Miguel Nicolelis, durante a palestra no auditório da Finep, no Rio
      "As primeiras simulações do exoesqueleto já foram feitas e, para minha satisfação, ele funciona como planejado", disse Nicolelis, que está à frente do IINN (Instituto Internacional de Neurociências de Natal) e é professor da Universidade Duke (EUA).
      Segundo ele, até o momento, já houve uma simulação com macacos usando um protótipo. "Conseguimos realizar padrões de marcha usando simuladores e, daqui a alguns meses, a gente espera que esse macaco ande com o exoesqueleto tanto lá na Duke quanto no nosso laboratório aqui em Natal."
      Para os testes com humanos, os voluntários serão selecionados pela AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) , em São Paulo, segundo Neiva Paraschiva, diretora-executiva da associação que gerencia o IINN. Ela afirmou também que os primeiros testes "não serão invasivos", ou seja, não haverá a conexão de eletrodos ao cérebro do paciente para que eles possam emitir os comandos que controlarão o exoesqueleto. O equipamento deve incluir ainda um revestimento que dará um feedback tátil ao cérebro do usuário, permitindo que ele "sinta" o chão onde pisa.
      Segundo a AACD, serão selecionados para o teste dez pacientes com lesão medular incompleta, isto é, ainda com algum grau de movimento.
      O superintendente-geral da instituição, João Octaviano Machado Neto, diz que a aprovação do estudo pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) deve sair ainda neste mês.
      A parceria da AACD com os cientistas, financiada pela Finep, ampliará o laboratório da entidade, criando "o mais avançado laboratório de reabilitação neurorrobótica do planeta", segundo Nicolelis.
      O cientista disse também que o primeiro simulador de locomoção completo do mundo será testado na AACD "nas próximas semanas".
      "O paciente vai olhar para um avatar de si mesmo andando e vai treinar o cérebro, usando a informação visual, para gerar os sinais que precisamos pegar para controlar o exoesqueleto no futuro."
      Nicolelis se emocionou ao citar a meta de demonstrar o projeto na abertura da Copa.
      "Se tudo der certo, um brasileiro ou uma brasileira, jovem adulto, de até 1,70 m, com até 70 kg, vai levantar de uma cadeira de rodas, realizar 25 passos da linha lateral até o centro do gramado e abrir a Copa com um chute da ciência brasileira para toda a humanidade", disse o cientista, indo às lágrimas.
      Para Machado Neto, da AACD, o prazo curto, de um ano, até a abertura da Copa não é um problema. "É um desafio, mas os desafios produzem grandes resultados."
      Ainda que o exoesqueleto não seja uma solução para todos os paraplégicos, diz ele, é uma vertente importante de pesquisa. "Temos toda sorte de paciente, o importante é melhorar a qualidade de vida deles."

      Por uma aproximação Brasil-EUA - Julia Sweig

      folha de são paulo

      Por uma aproximação Brasil-EUA
      Agora ou em outubro, chega a hora de Obama apoiar Dilma por um assento no Conselho de Segurança
      O vice-presidente americano, Joe Biden, fará visitas ao Brasil, à Colômbia e a Trinidad e Tobago na próxima semana.
      Não pense que Biden tenha um papel meramente cerimonial: ele cuida de pautas domésticas importantes como imigração, armas e Orçamento. Essas visitas também não são para angariar patrocínio ou apoio a empreendimentos americanos no exterior.
      Ao que tudo indica, o governo Obama decidiu tentar aproveitar enormes oportunidades, até agora em grande parte perdidas, nas áreas de emprego, energia e prosperidade na América Latina.
      E por que agora? A reforma da imigração, que é a prioridade legislativa do presidente neste ano, alertou a Casa Branca para o potencial benefício à política externa na América Latina.
      A disposição da Casa Branca e do público americano em lidar com questões domésticas tabus, como imigração, armas, energia, legalização da maconha e talvez até Cuba, abre as portas para uma potencial convergência com a América Latina e para a derrubada de frequentes barreiras ideológicas que muitas vezes esgotam a paciência e o ânimo diplomáticos.
      Biden chegará ao Brasil cinco meses antes da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos e dez anos após George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva terem reunido seus gabinetes para discutir o potencial estratégico das duas democracias e suas economias. Desde então, houve dezenas, se não centenas, de reuniões ministeriais ou subministeriais, além de diálogos, iniciativas e intercâmbios governamentais nas áreas de defesa, negócios, ciência e educação.
      Ainda assim, falta algo entre as duas potências --algo que podemos chamar de ausência de ambição.
      Então deixe-me ressuscitar duas boas ideias que os vices Biden e Michel Temer e os presidentes Obama e Dilma talvez finalmente abracem.
      A primeira será mais difícil para Brasília. Tanto o Brasil quanto os EUA precisam de empregos para a classe média, de crescimento econômico e de uma estratégia em relação à China. O benefício de uma cooperação econômica que vá além de investimentos e tratados de bitributação é claro: é hora de um comércio (mais) livre, sem esperar que Roberto Azevêdo e a OMC o façam.
      Talvez seja politicamente incorreto pensar tão grande, mas o Brasil tem proteções sociais suficientes para se tornar mais aberto.
      A segunda ideia será mais difícil para Washington. Na semana que vem ou em outubro, chegará a hora de deixar de lado as advertências verbais e inequivocamente apoiar o Brasil (assim como a Índia) para que o país consiga um assento no Conselho de Segurança da ONU.
      O Brasil é um país pacifista, não nuclear, democrático e expressa o ponto de vista amplamente aceito de que respostas militares a ameaças de segurança --vide a Síria, o Irã e o Iraque-- não precisam se tornar padrão universal.
      As duas ideias requerem superação das crenças das respectivas classes burocráticas e políticas, mas podem abrir as portas a um potencial perene e até agora inexplorado. Quem sabe a visita de Biden construa o palco.

        Bolsa Família - Eduardo Scolese

        folha de são paulo

        ANÁLISE
        Episódio realça importância do programa na cultura dos pobres
        COM ECONOMIA EM MARCHA LENTA, FICA INVIÁVEL POLITICAMENTE REDUZIR OS REPASSES DO BOLSA-FAMÍLIA NO CURTO OU NO MÉDIO PRAZO
        EDUARDO SCOLESECOORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHAA onda de saques, filas e tumultos que se sucederam aos boatos sobre o fim do Bolsa Família ajudaram a consolidar fatos, ligar sinais de alerta no governo e, quem sabe, dar ideias a marqueteiros de campanhas eleitorais.
        Para quem duvidava ou desconhecia, as imagens do fim de semana não deixam margem a dúvidas sobre a importância do programa hoje.
        Com R$ 24 bilhões de orçamento anual e um cartão na mão de 13 milhões de famílias, o Bolsa Família está enraizado na cultura dos pobres do país. Se é assistencialismo, isso é outra discussão.
        O fato é que não há no curto ou no médio prazo a possibilidade de reduzi-lo ou encerrá-lo, enquanto a economia anda a passos lentos, e a geração de empregos no interior e nas periferias parece uma realidade distante para que essas famílias possam abrir mão dos repasses.
        O valor mínimo mensal de R$ 70 faz toda a diferença para o dia a dia de um miserável. Não fosse assim, ninguém ficaria assustado com boatos, a ponto de sair correndo de casa e ficar horas num empurra-empurra na fila de um banco.
        Sobre a origem dos boatos, a Polícia Federal investiga. Se mostrar que houve uma tentativa de uso político, não terá sido a primeira vez.
        Há anos --e sem a reação dos gabinetes de Brasília-- o programa tem sido usado nas eleições municipais para sustentar um novo estilo de voto de cabresto no interior.
        Funciona assim --como a base de dados do programa fica nas mãos dos municípios (o chamado Cadastro Único), candidatos a prefeito e a vereador usam o Bolsa Família como uma ameaça: se votar em mim, benefício mantido; caso contrário, exclusão do cadastro e fim dos repasses.
        Essas ameaças podem voltar nas eleições municipais de 2016, mas antes disso há a disputa presidencial em 2014.
        Chance para marqueteiros e coordenadores de campanha lançarem propostas para a criação de empregos e de geração de renda, e não mais uma vez simplificarem a disputa com promessas de ampliar o Bolsa Família e sobre a paternidade dos programas de transferência de renda.

          MARTHA MEDEIROS - Bom de briga

          Zero Hora - 22/01/2013

          Quarta passada escrevi sobre as vantagens de se ter o hábito da leitura e, para minha surpresa, recebi um e-mail engraçado, ainda que a graça fosse involuntária: um senhor de 60 anos defendeu furiosamente a ideia de que ler é uma perda de tempo, válvula de escape de preguiçosos que preferem o ócio à realidade – muito melhor seria viver, praticar esportes. Não explicou como uma coisa impede a outra, mas seu ataque contra os livros foi tão veemente, que quase acreditei que os verdadeiros alienados são os que se dedicam às “histórias dos outros”, como ele disse.

          Eu estava a ponto de incinerar minha biblioteca e comprar uma passagem para a Austrália quando um livro me caiu em mãos e resolvi lê-lo – uma despedida antes de começar a viver de fato. Quem mandou? Decidi que continuarei criando mofo, tudo por causa de Bom de Briga, do australiano Markus Zusak, livro que dá prosseguimento a O Azarão, lançado meses atrás.

          Se no primeiro livro os personagens Cameron e Ruben, dois irmãos desajustados de uma família modesta, gastam suas tardes planejando uns crimezinhos mequetrefes pela vizinhança, agora, no segundo livro, eles cresceram um pouco, mas só em tamanho: continuam sem saber o que fazer para se tornar alguém. Até que, por causa de uma briga de rua, os irmãos recebem um convite para lutar às ganhas, valendo dinheiro. É o mais próximo de um emprego que eles já chegaram. A família está na pindaíba, almoça e janta sopa de ervilhas. Os garotos topam.

          Os dois livros são excelentes. Uma prosa seca e poética ao mesmo tempo. Está ali, sem pieguice, o processo de iniciação à vida (pois é, os personagens vivem, ao contrário de nós, leitores barrigudos). Em poucas páginas, o significado de vitória e derrota. Dois guris que batem, esmurram, até que o perdedor saia de dentro deles. Que descobrem que a vida é um ringue onde, não importa quanto apanhemos, o importante é levantar do chão.

          Não pretendo me inscrever no Ultimate Fighters para levar uns sopapos de verdade. A literatura me aproxima dos efeitos. Emociona, estimula, dá a impressão de que também vivo aquilo tudo, ainda que, segundo o senhor que se orgulha de nunca ter lido um livro, leitura seja um subterfúgio para não frequentar nem ringues nem parques, nem quadras de esporte, nem aeroportos, nem bares, enfim, aquilo que os amantes dos livros ignoram que exista.

          Markus Zusak se tornou mais conhecido por A Menina que Roubava Livros, mas esses dois romances que escreveu antes de seu best seller trazem um experimentalismo salutar à criatividade. A crítica, positiva, rotula como “livros para jovens”. Obrigada pela parte que me toca, mas discordo. São universais e uma aula para quem deseja aprender a escrever, já que escrever, ao menos, está atrelado à vida, a julgar pelo próprio autor, Markus Zusak, que a despeito de passar algumas horas em frente ao computador fazendo seu ofício, não esconde de ninguém que o que gosta mesmo é de surfar.

          Crítica: "Amor à Vida" tem texto cafona e vilão vivido magistralmente

          folha de são paulo

          VERA MAGALHÃES
          EDITORA DO PAINEL

          A estreia de Walcyr Carrasco no horário nobre das 21h era cercada de expectativas: cabe a ele reconquistar um telespectador que fugiu da antecessora "Salve Jorge" e cativar um público saudoso de "Avenida Brasil", de 2012.
          No primeiro capítulo de "Amor à Vida", o autor procurou resgatar a direção ágil e o clima noir que marcaram a primeira fase da trama de João Emanuel Carneiro.
          Se os cortes rápidos, um vilão de língua afiada vivido de forma magistral por Mateus Solano e a sucessão de acontecimentos na largada foram pontos positivos, o texto cafona e recheado de clichês e uma dose excessiva de "licença poética" estragaram a festa.
          Divulgação
          Mateus Solano e Paolla Oliveira vivem irmãos em novela "Amor à Vida", de Walcyr Carrasco
          Mateus Solano e Paolla Oliveira vivem irmãos em novela "Amor à Vida", de Walcyr Carrasco
          É difícil engolir que um hospital de ponta faça um parto normal em uma paciente com risco de eclampsia (convulsões) diagnosticado no pré-natal. Da mesma forma, o desenvolvimento da gravidez e do parto de Paloma foi inverossímil.
          Para a estreia na faixa das 21h, Carrasco escolheu uma trama que parece um patchwork de histórias já vistas: seja a semelhança com tramas de Manoel Carlos, como "Por Amor", seja com a já citada "Avenida Brasil''.
          Resta saber se vai corrigir os flagrantes problemas detectados pelos fãs do gênero no Twitter, já que é usuário ativo da rede social, ou se vai adotar o estilo Gloria Perez de ver teoria da conspiração em tudo e manter o bonde correndo fora do trilho.
          Se optar por inovar, já pode limar a irritante música de abertura entoada por Daniel, abortar a interpretação mexicana da obstetra vivida por Leona Cavalli e dar um energético para a heroína.
          AMOR À VIDA - ESTREIA
          AVALIAÇÃO regular

          Painel - Vera Magalhães

          folha de são paulo

          Sem maquiagem
          O contingenciamento do Orçamento, que será anunciado hoje, deve ficar entre R$ 27 bilhões e R$ 28 bilhões, bem abaixo dos R$ 55 bilhões de 2012 e dos R$ 35 bilhões que foram aventados. A estratégia é apresentar um corte menor, porém "mais realista'', segundo auxiliares de Dilma Rousseff. A área econômica também vai anunciar que o superavit primário será de 3,1%, mas terá descontados investimentos do PAC. Ou seja: na prática, o valor da economia será menor.
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          Limites 1 Auxiliares da presidente relatam que Dilma gostou, a princípio, da ideia de Guido Mantega de que o futuro número dois da Fazenda seja do mercado.
          Limites 2 No entanto, a divisão de tarefas na pasta terá de ser refeita, de forma que o novo assessor não tenha ascendência sobre a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, como ocorre hoje.
          Sinais Em artigo, o "Financial Times" diz que a saída de Barbosa do governo preocupa investidores internacionais. "A saída dele será apenas mais uma desculpa para que investidores evitem um Brasil que já acreditam ser intervencionista."
          Dança das cadeiras Para a vaga de Alessandro Teixeira, Fernando Pimentel (Desenvolvimento) indicou Mauro Borges, presidente da ABDI, a agência de desenvolvimento industrial. Ele deverá assumir o ministério quando Pimentel sair para disputar o governo de Minas.
          Biombo A nomeação do ex-deputado Eliseu Padilha para assessor de Michel Temer teve aval do Planalto para criar outro canal de interlocução entre a bancada do PMDB e o governo, que rejeita o líder Eduardo Cunha (RJ).
          Boi na linha Causou irritação a visita de Cunha a Iris Rezende após a filiação de José Batista Júnior ao PMDB. Parlamentares afirmam que o líder "desautorizou'' Temer ao negar que Júnior tenha sido definido como candidato ao governo de Goiás.
          Vaivém Joaquim Barbosa mandou novamente à Procuradoria-Geral da República o pedido de desbloqueio de bens de Duda Mendonça. Roberto Gurgel dará prioridade ao publicitário, absolvido no julgamento do mensalão.
          Na estrada O PSDB faz na semana que vem reunião da nova Executiva nacional. Tucanos esperam sair de lá com o primeiro cronograma de viagens do senador Aécio Neves pelo país.
          Figurino Aliados de Luiz Fernando Pezão, candidato de Sérgio Cabral ao governo do Rio, comparam o vice-governador ao personagem Shrek. Dizem que, apesar de ser grande e à primeira vista carrancudo, o peemedebista mostrará, como o ogro do desenho, que "tem carisma".
          Um a um A Associação Paulista do Ministério Público vai procurar os 94 deputados da Assembleia paulista em campanha contra a aprovação da proposta que reduz poder de promotores, que teve parecer favorável ontem.
          Suspense Apesar de o Palácio dos Bandeirantes ser contra o projeto, a bancada do PSDB ainda não fechou posição sobre a votação.
          Tô fora Ao contrário da Executiva da capital, o PSDB paulista não vai se posicionar sobre o acúmulo de cargos do vice-governador e ministro Guilherme Afif (PSD). Vai deixar o tema para a bancada na Assembleia, onde corre processo de perda de mandato.
          Visita à Folha Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Adele Nabhan e Rubens Linhares, assessores de imprensa do Metrô.
          com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA
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          TIROTEIO
          "Como Roberto Freire voltou para o PSDB, chegou a hora de Eduardo Campos voltar ao campo político de onde nunca devia ter saído."
          DO DEPUTADO ANDRÉ VARGAS (PT-PR), relacionando a fala do presidente do MD ao desembarque de aliados do projeto presidencial do governador de PE.
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          CONTRAPONTO
          Novas fronteiras
          O fundador da Amil, Edson Godoy Bueno, foi um dos palestrantes do fórum sobre saúde promovido pelo grupo Lide, na semana passada, em Campinas. Bueno teceu fartos elogios ao governador Geraldo Alckmin e ao ministro Alexandre Padilha (Saúde), convidados do evento.
          --Do Alckmin já gosto há muito tempo. O Padilha eu comecei a namorar agora. Estou apaixonado!
          Como o tucano e o petista podem se enfrentar na eleição para o governo em 2014, o empresário sugeriu:
          --Vamos dividir o Estado de São Paulo em dois e cada um governa uma parte, em esquema de rodízio!

            Galpão retoma parceria com Gabriel Villela em Os gigantes da montanha, de Pirandello


            Estado de Minas: 22/05/2013 


            Surrealismo lírico na rua 
            Galpão retoma parceria com Gabriel Villela em Os gigantes da montanha, de Pirandello. Estreia será quinta-feira, na Praça do Papa, cenário que marca a história do grupo em BH
             



            Novo espetáculo do Grupo Galpão, Os gigantes da montanha aposta na mistura de referências culturais para criar figurino, cenário e trilha musical que envolvem o público
            Mais uma vez a Praça do Papa é o palco escolhido para uma estreia de espetáculo do Grupo Galpão. Os gigantes da montanha, obra do italiano Luigi Pirandello, com direção de Gabriel Villela, chega ao público dia 30, às 20h, no cenário que há tempos se tornou clássico para a companhia. “Gosto de pensar nos meus devaneios que tem essa coisa bonita de estrear no topo da montanha, onde corre o vento puro. É um lugar muito especial e abençoado para o grupo”, confirma o diretor. 


            Obra inacabada de Pirandello, escrita em 1936, Os gigantes da montanha convida o espectador a entrar em um universo de sonhos. A trama gira em torno da chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila misteriosa. De maneira muito colorida e musical, o Galpão pega no braço do italiano para falar sobre o valor do teatro, da poesia e da arte no mundo atual. “Não é uma peça realista, muito menos naturalista. É um surrealismo lírico do Pirandello. Ele obriga o espectador a dar uma fugida”, comenta Villela.

            Responsável pela concepção de Romeu e Julieta, espetáculo que projetou os mineiros para o mundo, Gabriel Villela retoma a parceria com o Galpão depois de intervalo de 15 anos. A escolha do texto foi feita a partir de uma pré-seleção de cinco peças. O requisito era reencontrar o teatro popular na rua, depois de experiências verticais com a obra do russo Antón Tchekov. “A gente queria repetir determinados procedimentos estéticos que deixamos lá no passado, especialmente com Romeu e Julieta e A Rua da Amargura. Além disso, tinha um desejo muito grande de saber como o Galpão estava neste momento e deles também em saber como eu andava”, comenta Gabriel.

            A menos de 10 dias da estreia, percebe-se o alívio dos atores. No Galpão, não há aquele corre-corre de última hora. O cenário, composto por 12 mesas de madeira de demolição, está pronto, montado e testado. O mesmo vale para os figurinos e adereços, todos elaborados por Gabriel e carregados de referências que vão de Minas Gerais, passam pelo Peru até o longínquo país de Mianmar, de onde vieram alguns tecidos. A iluminação, assinada por Chico Pelúcio e Wladimir Medeiros, também já foi ajustada.

            POPULAR 


            No elenco, para juntar-se a Antônio Edson, Arildo de Barros, Beto Franco, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André, Simone Ordones e Teuda Bara, foram convidados os cantores-atores Regina Souza e Luiz Rocha, este conhecido pelo trabalho como músico no grupo Todos os Caetanos do Mundo. “Eles trabalham incansavelmente, têm uma dedicação pelo teatro e a todo o entorno. É uma estrutura realmente muito profissional”, diz Regina.

            A montagem de Os gigantes da montanha começou em outubro do ano passado. Desde então, era desejo tanto do diretor quanto dos atores minimizar o aspecto sisudo que a obra de Pirandello poderia carregar, já que se trata de um autor amplamente estudado pela academia e até vencedor de Prêmio Nobel de literatura. Nesse caminho para a popularização, a música surgiu – e se consolidou – como ponto-chave.

            “É um elemento muito forte e visceral de comunicação, porque toca diretamente na sensibilidade que passa pelo intelecto e está além dele”, observa o ator Eduardo Moreira. A trilha sonora, também com seleção de Gabriel Villela, mescla canções italianas e brasileiras. Outro aspecto que tornou o processo de Os gigantes da montanha diferente foi a parceria com a musicista italiana Francesca Dell Monica. Junto com Ernani Maletta e Babaya, antigos colaboradores do grupo, ela colocou em prática pesquisa sobre antropologia da voz.

            Segundo a atriz Teuda Bara, o método mudou substancialmente o modo como eles dizem o texto em cena. “Nem acreditava. Eu, que tenho uma voz grave e canto com os tenores, com a Francesca estou quase cantando com as meninas”, diz. “Nessa mistura do trabalho musical e vocal há uma alquimia com o teatro que o Gabriel propõe. Tudo é muito instigante artisticamente”, completa Eduardo Moreira.

            OS GIGANTES DA MONTANHA
            Espetáculo do Grupo Galpão, texto de Luigi Pirandello e direção de Gabriel Villela. Dias 30 e 31 de maio, 1º e 2 de junho. Quinta a sábado às 20h e domingo às 19h. Praça do Papa. Dias 8 e 9 de junho, 18h, Parque Ecológico da Pampulha. Entrada franca.

            Obra inacabada


            Os gigantes da montanha foi a última peça escrita por Luigi Pirandello. O texto ficou inacabado, já que o autor foi vítima de uma pneumonia fatal em 1936. Consta que, no leito de morte, Pirandello teria relatado ao filho Stefano o fim do roteiro. A versão que será apresentada pelo Grupo Galpão foi traduzida por Beti Rabetti, com dramaturgia de Eduardo Moreira e Gabriel Villela. Como se trata de uma obra aberta, eles partiram das sugestões registradas por Pirandello e condensaram na versão à la Galpão.