domingo, 8 de junho de 2014

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EM DIA COM A PSICANáLISE » Orates
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 08/06/2014


Recém-lançado em Belo Horizonte pela Editora da Unifor – Universidade de Fortaleza, o livro Orates (contos clínicos), do psiquiatra e psicanalista mineiro Musso Greco, merece nossa atenção. Ele ganhou o prêmio de Literatura da Unifor em 2013.

A palavra orate significa indivíduo sem juízo, tresloucado, louco, doido. Deriva do catalão orat (1425), que, por sua vez, deriva do latim auratus, de aura: vento, sopro, alma. Como sugere o título, o livro é uma “casa de orates”, e, nela, psiquiatra e psicanalista se encontram reunindo um pouco da experiência de bom escutador e escritor para nesses contos conferir dignidade aos relatos de pacientes, quase sempre desacreditados.

É frequente dispensar as palavras dos psicóticos por carecerem de um sentido comum, lógico ou racional. Por seu conteúdo delirante, acredita-se que não merecem atenção e escuta. Um equívoco desastroso, já que é da reunião entre escuta do delírio e medicação apropriada que se alcançam melhores resultados.

A psiquiatria biológica dispensa a escuta, visando apenas o controle através de medicação, apostando na regulação das funções cerebrais. O autor, porém, aponta para a importância de uma clínica voltada para o sujeito e para uma determinação inconsciente no delírio. Greco não pretende a teorização, nem mesmo tem alguma pretensão pedagógica. Numa busca pessoal, escreve para curar-se.

O trabalho mostra grande sensibilidade do autor. Aqui a direção é outra. Como se pode ler a cada capítulo nos quais se nos oferecem estranhos delírios. Os contos clínicos demonstram que escutar os delírios é um importante recurso, que busca algum sentido ao que não tem nenhum. Delírio que dá uma forma ao que surge como um inconsciente a céu aberto, tal como é o vivido do psicótico.

O autor apresenta sua obra como uma espécie de vazadouro para a contradição. Toma as palavras e imagens que, como ele próprio diz, se ofereciam como imperativos exigentes e invocantes ordenando: escreve-nos! Tomou o imperativo para si e captura cada letra. Eu sou os outros fabricado em santidade, confessa o autor, tomando de empréstimo uma das significativas falas de um paciente.

Consultórios, centros de convivência, hospitais, livros, internet ou até das ruas, Musso colhe o alfabeto dos desarrazoados, persegue o ritmo e o esforço de estilo, o verso que subjaz na língua. Da loucura faz arte e poesia.

Nesta obra, casa de palavras, coube de tudo: célebres anônimos, pseudônimos e muitos outros orates: o messias, a santa, herodes, o príncipe, a macabéa, o poeta das coisas contrárias, a mendiga, o espião, o pichador, o suicida e ele mesmo.

Da miscelânea de narrativas faz seu projeto acompanhado de escritores que visitam sua escrita tais como Machado de Assis com O alienista, Gautier, Clarice Lispector, James Joyce, Antonin Artaud, Anais Nin, Ovídio, e toda fonte de escuta que recebe das ruas, clínica e diversas fontes atuais.

O livro prende a atenção do leitor interessado na diversidade assumida pela loucura, exposta através de fragmentos de relatos e das tantas formas como se apresentam os loucos para se fazerem minimamente entender, em sua capacidade de transmitir por onde andam em sua viagem através de um real tão raro e incomum.

Musso se apresenta: “Guardião das palavras dos outros, depositário de sonhos e delírios, uma espécie de Funes, compelido a purgar a memória, busquei, no escrito, a cura. Atrás de mim, o destino do escritor, farkóviskianamente, seguia meus passos, como um louco de navalha na mão...”.

Vale a pena conferir.

>>  reginacosta@uai.com.br

Música legal - Carolina Braga

Serviços que garantem o direito autoral conquistam cada dia mais adeptos entre público e artistas. Spotify, Deezer e Rdio permitem baixar faixas com qualidade, de graça ou pagando pouco


Carolina Braga
Estado de Minas: 08/06/2014



Sempre contestador, Lobão não sabia das novidades da tecnologia digital, mas é favorável, desde que sejam pagas       (Rui Mendes/Divulgação)
Sempre contestador, Lobão não sabia das novidades da tecnologia digital, mas é favorável, desde que sejam pagas


Para quem costumava entrar em todas as polêmicas, Lobão está até muito calmo. “Não tenho a menor ideia do que é isso”, diz sobre a chegada do Spotify ao Brasil. Não que seja exatamente uma polêmica, mas o serviço de áudio em streaming mais popular do mundo é uma força importante para a mudança da forma como consumimos música na atualidade. “Não sabia dessa novidade, se for pago eu acho legal. Se for normatizada, que dê dinheiro para o compositor ou o músico, é bacana”, opina. Vai mais ou menos por aí, Lobão.

Falar em direito autoral nos meios digitais ainda é transitar por terreno de indefinições. As transformações tecnológicas são rápidas demais para que as leis acompanhem. O fato é que, pouco a pouco, a transição do modelo de propriedade, quando você compra um CD, por exemplo, para a do acesso aparece como a luz no fim do túnel para a remuneração de quem é atacado diretamente pela pirataria. Com a indústria fonográfica interessada em fatias desse bolo, a roda tem girado mais rápido.

“O Spotify nasceu para ser melhor alternativa. Em termos de produto, a pirataria é grátis e todo mundo adora. O problema é que o modelo de negócio não fecha. Não adianta combatê-la somente do ponto de vista jurídico. É preciso criar um produto melhor”, explica Gustavo Diament, diretor-geral do Spotify para a América Latina. Surfam nessa onda não apenas o Spotify mas também o YouTube e serviços como Deezer ou Rdio, também especializados em música em streaming.

A Music Post disponibiliza o trabalho da banda Manitu em todas as plataformas   (Ricardo Adam/Divulgação)
A Music Post disponibiliza o trabalho da banda Manitu em todas as plataformas


Liderança

Consumir áudios desse jeito significa que você não precisa baixar para o seu computador, seja de forma legal ou não. Por meio de uma rede de internet você consegue ouvir de onde estiver, apenas contando com uma conexão em banda larga satisfatória. Os serviços têm em comum o fato de poderem ser acessados via computador ou dispositivos móveis como telefones celulares e tablets. As variações estão na interface dos aplicativos e preços de assinatura, já que o acervo é crescente em todos os casos.

O Deezer e o Spotify surgiram em 2006. O primeiro na França, criado por Daniel Marhely, então com 20 anos. O segundo foi lançado em Estocolmo, na Suécia, implementado por Daniel Ek. A expansão do sueco pela Europa foi rápida, mas gradual. De acordo com dados apresentados pela empresa, atualmente detém a liderança entre os concorrentes com 40 milhões de usuários cadastrados.

O francês chegou primeiro em terras brasucas, em meados de 2013. Este é o primeiro mês de operação do Spotify por aqui. De acordo com Gustavo Diamet, a demora do lançamento foi porque faz parte da filosofia da empresa se preparar para encarar mercados diferentes. “Existe uma preparação para que ele seja relevante no país de lançamento. Há todo um catálogo licenciado e um trabalho editorial de curadoria”, diz. Na estreia brasileira são 30 milhões de músicas no acervo. O diretor não consegue precisar o quanto disso é dedicado à produção nacional.

A Constantina foi surpreendida com o depósito dos royalties dos fonogramas na Europa     (Letícia Marotta/Divulgação)
A Constantina foi surpreendida com o depósito dos royalties dos fonogramas na Europa


Liberdade

É possível ouvir música de graça pelo Spotify ou pagar pelo serviço. Aqueles que optam pela assinatura de US$ 5,99 (a previsão é que logo a cobrança se converterá para reais no valor fixado em R$ 14,90) tem direito de baixar as faixas para o dispositivo e ouvir sem conexão à internet, melhor qualidade do áudio e também ausência de publicidade. O acesso ao banco de dados é exatamente o mesmo para quem paga ou não. A diferença é que vez ou outra aparecem as propagandas. É por isso que o diretor insiste em dizer que o Spotify enfrentou a pirataria de igual para igual.

A legalidade é o pulo do gato. Não são os usuários que alimentam o banco de dados. São os chamados agregadores, que podem ser as gravadoras ou editoras. Cada vez que uma música é executada em mais de 30 segundos os autores recebem um percentual. “Tudo o que o Spotify gera de receita, 70% é pago em direito autoral. Em menos de seis anos já pagamos US$ 1 bilhão sendo metade disso somente no ano passado”, informa Gustavo.

Na prática, para cada artista, o valor ainda é pouco, mas representa alguma coisa diante da pirataria. A banda mineira Constantina, por exemplo, foi recentemente surpreendida com o depósito dos royalties das execuções dos fonogramas na Europa. Como tem parceria com o selo inglês Dry Cry Records, as canções foram cadastradas no aplicativo europeu. No início deste ano, o Constantina fez uma turnê de cerca de um mês pelo velho continente e, agora, o rastro do Spotify pingou na conta: 80 libras, o que equivale a cerca de R$ 200 pelas execuções no serviço de streaming. “Acho que lá fora já existe um pensamento de consumo de música. Aqui ainda não tem essa cultura”, observa Daniel Nunes, um dos integrantes do Constantina.

De olho no futuro


Para o responsável pela área digital da gravadora Biscoito Fino, Miguel Gonzalez, a adaptação será uma questão de tempo. “O CD matou o vinil? O digital matou o vinil? Os serviços de streaming matariam o CD? Difícil responder essas questões. É certo que os serviços de streaming vão crescer muito, e a venda de CDs deve continuar na tendência de queda que vem sendo registrada nos últimos anos”, afirma. Segundo ele, o momento é mesmo de recuperação para a indústria. “Não só para a Biscoito Fino, mas para todas as gravadoras. O consumidor não vai se incomodar de pagar um valor justo para consumir música de forma legal.”

“A venda do CD ocorre apenas uma vez, no ato da compra e os royalties são passados. A pessoa ouvirá o álbum centenas de vezes e não será pagará por essas novas execuções. Já no streaming o consumidor paga mensalmente, então os pagamentos se perpetuam ao longo dos meses, de acordo com o consumo das músicas. É como se comparássemos o modelo de venda com o de aluguel. Na venda, você ganha apenas uma vez e, no aluguel, você ganha menos, porém de maneira frequente. Além dessa mudança de modelo de geração de receitas, é importante participar desses serviços pelo ganho promocional de engajamento e proximidade que trazem com os fãs do artista”, explica Cláudio Vargas, vice-presidente de marketing, digital, vendas e novos negócios da Sony Music.

Tendências


Como Miguel Gonzalez ressalta, não estar em serviços de streaming significa que o artista está ausente das novas tendências de consumo. “O futuro da música é o consumo por meio de plataformas digitais”, garante. Apesar dessa segurança, a transição entre os modelos de capitalização não é simples. “Para os provedores de conteúdo, as gravadoras que estavam acostumadas a vender CD, é uma transformação abrupta e adaptação intranquila”, aponta o consultor Felippe LLerena, diretor da Music Post. Especializado no mercado digital, ele atua como agregador, cadastra acervos musicais. É ele, por exemplo, quem disponibiliza o trabalho dos mineiros da banda Manitu em todas as plataformas.

Segundo Felippe a intranquilidade está principalmente no fato de artistas e gravadoras perderem o controle do quanto receberão no fim do mês. Se nos tempos de venda de CDs era possível acompanhar como andavam as vendas, pela lógica do acesso somente terminado o período de 30 dias é que saberão a possível receita.

Gustavo Diament, do Spotify, lembra que a lógica agora é a do acesso e não da propriedade. “Do ponto de vista do usuário não precisa ser dono de nada. Do ponto de vista do artista existe a meritocracia: se o escutarem muito, você vai ganhar”, sintetiza. A avaliação de Felippe é de que os serviços de streaming oferecem mais oportunidades para os músicos independentes. “A diferença é que no inconsciente coletivo das pessoas são menos conhecidos, mas o espaço que ocupam dentro da nuvem é igual ao do Coldplay”, diferencia.

saiba mais

NO YOUTUBE


Primeira plataforma de vídeos a alcançar a popularidade, o YouTube é hoje um importante player de música. Segundo Felippe Llerena, o site tem sido um dos grandes monetizadores dos artistas. Funciona mais ou menos assim: o dinheiro da publicidade é distribuído para os autores das músicas executadas ali. O portal tem um sistema capaz de identificar o fonograma utilizado em qualquer tipo de vídeo. Seja um registro caseiro de aniversário, casamento ou qualquer outra cena. Feito isso, o dinheiro da publicidade é usado para o pagamento dos direitos autorais.

os serviços
» Spotify
Mais famoso serviço de streaming, o Spotify tem origens suecas. Os usuários podem procurar por canção, artista ou acessar playlists previamente elaboradas pelo aplicativo. A versão gratuita tem audição ilimitada, mas vez ou outra aparecem anúncios que não podem ser excluídos. Os assinantes premium ficam livres das propagandas, podem ouvir off-line e com uma qualidade superior. O aplicativo está disponível para as plataformas Windows, Mac, web, iOS, Android, Windows Phone e BlackBerry. Preço da assinatura:
US$ 5,99 por mês.

» Deezer
Atualmente, tem mais de 12 milhões de usuários cadastrados. Tem acordos com gravadoras e sociedades de gestão de direitos autorais e hoje conta com mais de 2 mil selos independentes. Existem três planos em operação no Brasil. O Discovery garante acesso gratuito ao banco de dados; o Premium dá acesso via computador; e o Premium +, acesso ilimitado a partir de diversos suportes (computador, celular, tablet, etc.), mesmo sem conexão à internet. O valor dessa assinatura está em promoção por tempo limitado por R$ 7,49.

» Rdio
O diferencial desse aplicativo é que ele conta com rebuscado sistema para procurar conteúdo novo. Assim como os outros, conta com playlists e rádios pré-definidas. São 25 milhões de músicas. Para escutar músicas sem limite em qualquer lugar, faça a assinatura por R$14,90 por mês. Na opção de assinatura familiar, o preço cai pela metade para quem entrar no pacote.

Love story 2.0 - A culpa é das estrelas

Love story 2.0

A culpa é das estrelas chega ao cinema depois de vender mais de 1,2 milhão de livros no Brasil e consagra John Green como o autor mais lido no país em 2014


Carolina Braga
Estado de Minas: 08/06/2014
Manuella Garzon, Maria Eduarda, Luana Abreu, Laura Costa e Bruna Mendes, fãs do livro de Green, criaram um clube de leitura   (Euler Júnior/EM/D.A Press)
Manuella Garzon, Maria Eduarda, Luana Abreu, Laura Costa e Bruna Mendes, fãs do livro de Green, criaram um clube de leitura


A primeira tentativa foi pelo Twitter. Ficou nisso, mas a estudante Luana de Abreu Cavalcanti, de 11 anos, ainda não perdeu as esperanças de receber do escritor John Green uma mensagem, nem que seja um simples ok. Seria tudo para a menina que tem na mão nuvens desenhadas com os dizeres “Okay Okay”, os mesmos estampados na camiseta. Ela quer ir à Indianápolis, nos Estados Unidos, onde o autor mora com a família. Mera semelhança com Hazel Grace e Augustus Waters, os protagonistas de A culpa é das estrelas?

Foi também movido por idolatria que o casal de protagonistas do romance baixou em Amsterdã para conhecer o escritor favorito, o emburrado Peter Von Hauten. E Luana não está sozinha em seu desejo. Manuella Garzon, Maria Eduarda Gontijo, Bruna Mendes, Laura Costa e outras tantas pré-adolescentes no Brasil certamente sonham com uma ida à Holanda. “Meu pai foi e não me levou”, reclama uma delas. A adaptação cinematográfica do livro, que chegou esta semana às telas brasileiras, coloca as jovens em contato com as personagens que tanto amam e com os cenários que até então apenas imaginavam. É prenúncio de altas bilheterias. Não só porque existe o culto em torno do livro, mas porque o resultado é surpreendente.

Aos 36 anos, com seis romances no currículo e a marca de 20 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, John Green é a nova bola da vez. Um fenômeno. As meninas sabem de cor passagens de A culpa é das estrelas, conhecem detalhes da trama. Já os garotos, por pirraça, se recusam a ler. Elas não se importam com essa falta de diálogo. Algumas leram o romance mais de uma vez e têm as frases preferidas na ponta da língua. “Aparentemente, o mundo não é uma fábrica de realização de desejos”; ou: “Alguns infinitos são maiores do que outros”, são algumas delas.

O que chama atenção é que a história não tem nada das fantasias criadas por J. K. Rowlling, autora da série Harry Potter, e muito menos do clima gótico da saga Crepúsculo, outros sucessos dedicados ao público jovem. Em A culpa é das estrelas, Hazel e Gus são adolescentes que enfrentam o câncer. Por insistência dos pais, a garota, prestes a completar 17 anos e desde os 13 diagnosticada com a doença, passa a frequentar um grupo de apoio. É onde conhece Augustus Waters, de 18 anos, que perdeu uma das pernas no tratamento de osteorsarcoma. Ficam amigos, se apaixonam tendo sempre por perto o que Hazel chama de efeito colateral do câncer: a possibilidade da morte.

Ou seja, embora tenha passagens cômicas e românticas, A culpa é das estrelas é um drama. O que faz uma adolescente a ler mais de uma vez – e chorar em todas – uma história dessas? “Ao mesmo tempo que é triste é bonito”, diz Manuella Garzon, de 12 anos. “Comecei a ler e logo fui recomendando para outras colegas. Apesar de ter muitas partes tristes, tem outras felizes e engraçadas. Fala que apesar de todos os problemas você pode, sim, curtir a vida”, completa Luana Cavalcanti. “Há um equívoco em achar que felicidade está ligada à alegria. Existe felicidade na tristeza. Ela está ligada à vida interior”, defende a psicanalista Inez Lemos, que vê no livro uma prova de que os jovens não se satisfazem apenas com consumo e superficialidade. “Isso é uma mentira”, protesta.

A identificação das jovens leitoras não fica restrita ao livro A culpa é das estrelas. Luana, Laura, Manuella, Bruna e Maria Eduarda montaram uma espécie de clube de leitura. Fazem revezamento dos seis romances do autor. “John Green escreve com respeito e franqueza, sem subestimar a capacidade de um adolescente de pesar e pensar sobre as grandes questões da vida. E também sobre as pequenas, sobre livros, música, internet, games. E ainda sobre amor, amigos, atitudes e engajamento. O mais importante é que é uma comunicação que vem naturalmente”, afirma Danielle Machado, editora de livros jovens da Intrínseca, responsável pela publicação das obras do autor no Brasil.

Redes sociais

Os direitos cinematográficos de A culpa é das estrelas foram adquiridos antes mesmo de o livro chegar ao mercado americano, dada a expectativa gerada pelo sucesso do autor. “Acho que o viés do reconhecimento de todos romances de John Green é esse poder imenso que ele tem de se comunicar francamente com os jovens, como eles próprios se comunicam. Não só pela literatura, mas nas redes sociais, pelo YouTube. Para os leitores, ele poderia ser o vizinho de porta que puxa papo no elevador”, comenta a editora.

Esperar por uma mensagem de John Green, então, não é uma fantasia. Pelo que ele demonstra nas redes sociais que mantém ou mesmo no canal no YouTube que divide com o irmão, o comportamento do americano defensor dos nerds não tem nada a ver com o alter-ego que ele criou em A culpa é das estrelas, o carrancudo escritor Peter Von Hauten. Green é aberto, engraçado e brincalhão.

Em uma rápida passagem pela timeline do escritor no Twitter tem gozação com Bill Gates, que compartilhou um vídeo dele (“agora posso me aposentar”) além de inúmeras críticas internacionais ao filme, combinadas com mensagens aos fãs: “O USA Today chama o filme de ‘quase perfeito’. Claro que o que principalmente me importa é o que você pensa”, publica. Ele sabe mesmo como a coisa funciona.

Atualmente, John Green tem três livros entre os 10 mais vendidos no Brasil em 2014. A culpa é das estrelas é o primeiro da lista, seguido por Cidades de papel (que também vai virar filme em 2015) e O teorema de Katherine. O livro de estreia, Quem é você, Alaska?, que chegou por aqui no rastro do maior sucesso de Green, também caiu nas graças dos leitores e frequenta a lista dos mais vendidos nas últimas semanas. Se ficar assim, até o fim do ano, Green, sozinho pode ser responsável por quatro dos 10 livros de ficção mais vendidos no país.

“Quanto mais John Green se torna próximo de seu público, mais o público também se aproxima dele. Junte a isso o carisma e o poder de comunicação incríveis do autor e pronto. Acho que só podemos esperar coisas ainda mais grandiosas”, aposta Danielle Machado. John, no entanto, ainda não assumiu estar escrevendo nada de novo. É hora de aproveitar e, como um nerd já maduro, zombar do glamour hollyoodiano.

7 milhões de exemplares de
7 milhões de exemplares de "A culpa..." foram vendidos nos Estados Unidos


John Green em milhões

1,25
milhão de exemplares de A culpa é das estrelas vendidos no Brasil

7 milhões
de exemplares vendidos nos Estados Unidos

2,5 milhões
de seguidores no Twitter

1,5 milhão
de fãs no Facebook

2,1 milhões
de inscritos no YouTube

Obra completa

Quem é você Alaska (2005)
O teorema de Katherine (2006)
Deixe a neve cair (2008)
Cidades de papel (2008)
Will e Will, um nome, um destino (2010)
A culpa é das estrelas (2012)

* Todos já lançados no Brasil


Receita do sucesso Mesmo com história previsível, A culpa é das estrelas mantém o interesse do espectador com roteiro bem amarrado e interpretações sensíveis de Shailene Woodley e Ansel Elgort


Carolina Braga

Shailene e Ansel, que já foram vistos juntos em Divergente, têm tudo para se tornar o casal jovem da vez em Hollywood     (Fox/Divulgação)
Shailene e Ansel, que já foram vistos juntos em Divergente, têm tudo para se tornar o casal jovem da vez em Hollywood


Ainda bem que a adaptação de A culpa é das estrelas não cai na armadilha do final feliz e nem da pieguice que costuma empacotar as produções hollywoodianas. A literatura de John Green não é assim. É por isso que por mais que a trama seja de tristeza notória, há muito espaço para humor, romantismo e reflexão.

Todos os envolvidos na produção têm experiências no cinema indie americano. A dupla de roteiristas Scott Neustadter e Michael H. Weber, por exemplo, é a mesma de 500 dias com ela, uma comédia romântica sem final feliz. Inclusive os dois filmes até começam de forma parecida. Desta vez, porém, é Hazel (Shailene Woodley), deitada em um gramado, quem de cara avisa ao espectador que as coisas não duram para sempre. Ela se refere ao romance com Augustus, o Gus (Ansel Elgort).

Em sua segunda incursão cinematográfica, o diretor Josh Boone nem tenta reinventar a roda. Conta a história de forma convencional, como numa novela ou num seriado. O que prende é mesmo a força dos personagens e o modo como encaram a situação-limite. Assim como no livro, os personagens do filme não se posam de vítimas. Até debocham da doença. Os méritos, no caso, se dividem entre um roteiro bem amarrado e um elenco em sintonia.

Ao encarar com lucidez o câncer e seus efeitos colaterais, a dupla de protagonistas cativa o espectador. Na órbita deles estão coadjuvantes divertidos, como o amigo Isaac (Nat Wolff ), ou o atormentado escritor Peter Van Houten (Willem Dafoe), que garante o contraponto. É a representação da imaturidade, da derrota, da desilusão. O oposto de Hazel, Gus e mesmo de Isaac.

Shailene Woodley e Ansel Elgort estiveram juntos na ficção científica Divergente (2014). Mesmo que esse filme tenha aparecido por aqui com vocação para grandes plateias, os atores ainda não figuram no primeiro escalão das estrelas teen. Por enquanto. Como Hazel e Gus, Shailene e Ansel demonstram talento e potencial para muito mais.

A culpa é das estrelas, o livro, ganhou notoriedade entre os adolescentes, mas não é uma história restrita a essa faixa etária. É sobre como aprender a lidar com expectativas, com amadurecimento, com perdas, com sentimento, com decepção, com desejo, com descoberta. Isso não tem idade.


Palavra de especialista

Inez Lemos Psicanalista

Contato com a falta

Nosso mundo está frágil e superficial. A sedução do livro A culpa é das estrelas vai um pouco por aí. O romance ensina o contato com a falta, com a incompletude da vida. Os personagens estão aprendendo a lidar com o sofrimento, a não ter tudo. A emoção está muito ligada a tocar as entranhas para a transcendência. O livro transcende essa vida idiota convencional; transcende os shoppings e a estupidez do consumo. Muita gente diz que os adolescentes gostam de superficialidade. É mentira. O que buscam é a verdade, estão cansados de propagandas. Nosso mundo está muito desidratado, sem graça e superficial. O livro é um mergulho em uma situação existencial extrema. O jovem casal é colocado diante de uma relação sem fantasia. Não há espaço para fugas ou jogatinas estratégias. Como na vida real.

TeVê

TV paga 

 
Estado de Minas: 08/06/2014


 (Paulo Valle/Divulgação  )

Música O pianista Fabiano de Castro (foto) é o artista da vez, hoje, em Passagem de som, às 21h; e Instrumental Sesc Brasil, às 21h30, no SescTV. Na Cultura, a banda Bicho de Pé participa do Ensaio, às 23h. E à meia-noite, no canal Bis, tem show de Grace Jones, no Avo session Basel.

Bola fora Os Simpsons entram no clima da Copa do Mundo, em um especial com três episódios relacionados ao Brasil, hoje, a partir das 20h30, na Fox. No primeiro, a turma se aventura no Rio de Janeiro. No segundo, Ronaldo faz uma participação especial. E no terceiro, inédito, Homer vira árbitro e vem ao Brasil para participar do Mundial.

Traição O Discovery Home & Health reservou para hoje, às 21h30, o documentário Troca de casais. A produção mostra que monogamia é característica básica de uma união estável, mas a realidade revela que 50% dos casamentos dos Estados Unidos terminam em divórcio e mais de um terço dos casais se envolve em casos extraconjugais.

Enlatados - Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br


Estreias em meio a fins de temporada

O horário é ingrato, mas é uma opção nessa época de ressaca de séries. Estreia hoje, às 10h, no FX, Graceland. Inspirada em fatos reais, a história reúne um grupo diversificado de agentes secretos. O título da série, nome da mítica residência de Elvis Presley em Memphis, se refere a um lugar à beira-mar que, para quem vê de fora, é o local onde vive um grupo de jovens. Na verdade eles são agentes federais que trabalham em diferentes agências de segurança. A primeira temporada tem 12 episódios; a segunda estreia quarta-feira nos Estados Unidos.

Suspense – Outra novidade, só que na sexta-feira, às 22h, na HBO, é o suspense Penny dreadful, que reúne personagens como Drácula, Frankenstein e Dorian Grey na Londres de 1891. Protagonizada por Timothy Dalton e Eva Green, a produção conta a história de Sir Malcolm Murray, um pai desesperado em busca da filha desaparecida, que ele acredita ter sido sequestrada por vampiros, e de Vanessa Ives, médium que tem visões possivelmente ligadas a um terrível segredo. Nessa busca, eles se deparam com os personagens clássicos. A série estreou em abril nos EUA e já confirmou seu segundo ano.

Confronto – Amanhã, às 23h, vai ao ar, no AXN, o episódio final do segundo ano de Hannibal. A trama retorna ao ponto de partida da temporada, quando Hannibal está pronto para enfrentar o agente Jack. Will Graham quer que a justiça seja feita, porém seu plano de capturar o psiquiatra canibal é arriscado demais.

Ponto final
– O Universal encerra várias séries ao longo da semana. Amanhã, às 23h, será exibido o último de Grimm, inspirado na comédia Muito barulho por nada, de Shakespeare. Antes, a partir das 17h30, haverá uma maratona com os três episódios anteriores. Quinta-feira, às 22h, vai ao ar o último capítulo de Chicago Fire, também antecedida da reprise dos três anteriores, a partir das 17h. Na sequência, às 23h, será apresentado o encerramento de Elementary.


Caras & Bocas  Simone Castro

simone.castro@uai.com.br

Dois tempos



Nanda Costa já mostrou que dá conta do recado. Em Salve Jorge, foi a protagonista Morena. E, claro, não agradou a todos, mas soube defender até o fim sua mocinha, tão guerreira quanto chata e marrenta. O retorno à telinha foi há alguns dias, na série O caçador (Globo), em que conseguiu mais uma vez se destacar como Marinalva (foto), ex-stripper que se tornou evangélica. Com a cara limpa – e a coragem – planejou cuidadosamente a personagem, que não usou maquiagem. “Quando soube que ia interpretá-la parei de fazer hidratação no cabelo, de aparar as pontas. A caracterização me ajuda muito. Quando colocava a roupa fechada da Marinalva, fazia a trança no cabelo... Isso já ia me dando uma postura diferente”, disse ao site Glamurama. Em breve, Nanda Costa poderá provar mais uma vez que encara todo tipo de papel. Em Império, trama de Aguinaldo Silva que substituirá Em família, ela será a emergente Teani, que para subir na vida não pensou duas vezes em abandonar o filho que teve com um camelô. Rica e casada com um homem ciumento, fará de tudo para recuperar a criança. A atriz já sabe que Teani é vaidosa. E contou ao site o que tem feito para se preparar e ficar com tudo em cima. “Comecei um treino com um japonês chamado Jun três vezes por semana, que mistura pilates com ginástica funcional. Pulo corda, faço barra, corro. Não me peso, então não sei quantos quilos perdi. Vejo só pelas medidas, que diminuíram”, garante.

VIDA MUDA RADICALMENTE PARA DESESPERO DE JULIANA

Juliana (Vanessa Verbelli) verá sua vida se transformar radicalmente quando tiver que deixar o apartamento no Leblon para morar na comunidade em que Jairo (Marcello Melo Jr.) vivia, antes de se casarem, na passagem de tempo de Em família (Globo). O maridão não só se mudará para a periferia, como levará a filha Bia (Bruna Faria) e deixará o emprego na casa de leilão da família da mulher. A essa altura, Juliana já estará no sexto mês de gravidez e exibirá um barrigão. A mudança não será tão tranquila e, antes de ceder, Juliana cometerá o ato insano de sequestrar a menina e tentar fugir com ela.

MATEUS SOLANO JÁ PREPARA  A VOLTA À TELINHA EM SÉRIE

Depois do sucesso como Félix, em Amor a vida (Globo), Mateus Solano se dedica ao teatro, à frente do espetáculo Do tamanho do mundo, em cartaz em São Paulo, aproveitando para descansar a imagem do vídeo. Mas não será por muito tempo. No início do ano que vem, já está agendado o retorno do ator que será um dos nomes principais de uma série que também contará com Débora Falabella. A direção é de Guel Arraes.

FOX CONFIRMA O SEGUNDO  ANO DE SE EU FOSSE VOCÊ

Se eu fosse você, série estrelada por Paloma Duarte e Heitor Martinez, terá uma segunda temporada. A primeira, baseada no sucesso do cinema, com Glória Pires e Tony Ramos, fez sucesso no canal Fox (TV paga). Paloma e Heitor devem começar as gravações em breve.

PROGRAMA DE VARIEDADES É UMA OPÇÃO PARA BACCI

Recém-contratado da Bandeirantes, Luiz Bacci ainda não tem definido o programa que vai comandar na nova casa. Duas atrações já conhecidas na emissora podem ser repaginadas. Uma seria Intrusos, espécie de “telebarraco” que faz sucesso na Argentina, enquanto a outra é um programa de variedades, o Boa noite, Brasil, que já foi apresentado por Gilberto Barros.

CIRCUITO DO OURO ENTRA NA ROTA DO VIAÇÃO CIPÓ
O Viação Cipó vai levar o telespectador a um dos mais famosos roteiros de Minas Gerais: o Circuito do Ouro, com seus encantos e tradições. As paradas serão em Ouro Preto, Caeté, Piranga, Ouro Branco, Itabirito e Mariana, entre outros. E ainda dá uma deliciosa receita. Hoje, às 9h, na Alterosa.

GABI ENTREVISTA O  MÚSICO IVO MOZART 



O cantor e compositor Ivo Mozart é o convidado de Marília Gabriela (foto), no De frente com Gabi deste domingo, à meia-noite, no SBT/Alterosa. Famoso por ter escrito a música Vagalumes, Ivo tem 27 anos e se formou em publicidade, abriu e fechou uma agência de comunicação e morou durante um ano na Europa. Na entrevista, ele fala sobre sua trajetória, seu modo de compor e revela detalhes da vida pessoal. “Virais começam rápido e terminam rápido, mas Vagalumes continuou crescendo depois de um ano”, comenta, acrescentando: “Sou um artista independente. Fiz todo esse trabalho com amigos e pessoas que acreditavam em mim”. O cantor revela que ganhou um violão aos 12 anos “e escrevi quatro músicas horríveis”. Ivo Mozart relembra o tempo que passou na Europa: “Fui para Amsterdã, queria tocar na rua… Vendia caipirinhas por três euros na Espanha. Gastava três para fazer e ganhava 20 ao final da noite”. Sobre seu trabalho, diz que “é uma ideia com a intenção de despertar valores nas pessoas”. E avisa: “Ainda vou para as ruas fazer meu show e vender meu CD cara a cara com as pessoas”.


De olho na telinha

Simone Castro

O futuro da novelinha


Ben (Gabriel Falcão) e Anita (Bianca Salgueiro): bom par romântico (Cynthia Salles/Globo)
Ben (Gabriel Falcão) e Anita (Bianca Salgueiro): bom par romântico

Mais uma temporada de Malhação (Globo) se despede. Esta semana, terminam as aventuras dos namorados Ben (Gabriel Falcão) e Anita (Bianca Salgueiro), que passaram boa parte da trama driblando tudo e todos para ficarem juntos. É mais um final feliz tão comum ao encerramento de novelas. Quando termina uma temporada, logo se discute se a novelinha tem fôlego para mais uma.

O fato é que a próxima, edição 2014, vem aí, depois da Copa do Mundo. Mas qual o balanço da que chega ao fim? Com roteiro recheado de temas batidos, teve altos e baixos. Não que o casal de protagonistas não tenha cumprido como se deve a tarefa dos mocinhos que sofrem, sofrem, até serem felizes no final. Ben e Anita formaram um bom par romântico.

Como sempre, os coadjuvantes se deram melhor. Caso de Sofia (Hanna Romanazzi), que começou como uma aprendiz de vilã e termina a história como uma mocinha que amadureceu. Inclusive, ao aceitar o amor de Sidney, vivido por Vítor Thiré, também um destaque no elenco. O tempero do romance do casal de protagonistas deve-se ao vilão Antônio, ótima estreia de Gabriel Leone na TV. Antônio tocou fogo nos momentos em que a trama andava devagar quase parando, embora em outros tenha exagerado um bocado nas vilanias. O que não se pode negar é que Malhação ainda continua como celeiro de descoberta de novos – e bons – atores.

No entanto, nenhum tema especial foi tratado na edição 2013. Já foi o tempo em que a novelinha discutia assuntos que mobilizavam os jovens, muitos deles polêmicos, como drogas, aborto, aids. Pode-se dizer, inclusive, que se apostou no modelo novelão, com idas e vindas entre os personagens, traição, troca de casais, triângulo amoroso entre irmãs, etc. Por outro lado, é sempre bom incentivar a prática de atividades paralelas nas escolas, como música e dança. E isso a atração teve de sobra, além da questão da adoção, que é sempre um bom tema.

Ao contrário do que se esperava, os veteranos não marcaram tanta presença assim. Isabela Garcia (Vera), Tuca Andrada (Ronaldo), Paulo Betti (Caetano), entre outros, foram apenas corretos. Alexandra Richter (Maura) promoveu boas cenas de humor, assim como Fernanda Souza (Bernadete), mas nada que entre para a história da novelinha.

Enfim, vem aí a próxima temporada. A questão é: Malhação ainda tem público cativo? Os telespectadores estão satisfeitos com os temas que vão ao ar? Os autores têm poder de renovar? Qual o futuro da atração? É esperar para ver.

PLATEIA VIVA
Reynaldo Gianecchini amadureceu como ator. O Cadu, de Em família (Globo), é a prova disso e um dos grandes destaques da novela.

VAIA
Excesso de núcleos nas novelas, o que acaba em falta de tramas para todos. Vítima da vez é parte do elenco de Geração Brasil (Globo).

Pressão intraocular merece atenção‏

Pressão intraocular merece atenção 
 
Quando ela se eleva, compromete estruturas muito importantes dos olhos. A doença chama-se glaucoma, é silenciosa e leva à cegueira irreversível 
 
Augusto Pio
Estado de Minas: 08/06/2014


Assintomático, o glaucoma – uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo – afeta 2,2 milhões de pessoas nos Estados Unidos. No Brasil, as estimativas apontam para mais de 1 milhão de portadores, em seus vários tipos. Caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular, que compromete os vasos sanguíneos que nutrem as estruturas do fundo do olho. Na falta de irrigação sanguínea adequada, as células do nervo óptico se comprometem e se, o problema persistir, elas podem morrer, provocando a perda da visão.

De acordo com Ricardo Guimarães, diretor do Hospital de Olhos, em Belo Horizonte, o glaucoma é uma doença no nervo óptico, normalmente associada ao aumento da pressão intraocular. “Este aumento ocorre devido a um bloqueio no canal que drena o chamado humor aquoso, líquido responsável por nutrir algumas estruturas do interior do olho. Com a obstrução, há o aumento desse líquido no olho, pressionando o nervo óptico, que é o elemento condutor dos estímulos visuais ao cérebro. Isto causa sérios prejuízos às fibras desse nervo, gerando uma gradativa perda de visão e podendo, inclusive, se não diagnosticado e tratado, causar cegueira.”

A pressão interna do olho pode aumentar de forma imperceptível, e é esse fator que preocupa os especialistas da área. “Em outros casos, à medida que a doença se desenvolve, os pacientes podem sentir sensibilidade aguçada à luz, lacrimejamento excessivo, surtos de visão borrada, forte dor ocular, halos coloridos ao redor das luzes e até náuseas e vômitos. O ideal é que todas as pessoas, tendo ou não casos de glaucoma na família, se preocupem com a prevenção e o diagnóstico visual precoce. Pois, o quanto antes essa ou outras doenças forem detectadas, maiores as chances de garantir ao paciente uma visão saudável e maior qualidade de vida”, acrescenta.
O especialista ressalta que, por se tratar de uma doença silenciosa, o glaucoma exige um exame especial para ser detectado, e a grande parte dos pacientes só chega aos consultórios oftalmológicos quando percebe a chamada “visão tubular”. Nesse estágio, a perda visual ocorrida já é irreversível. “O glaucoma não é contagioso, mas a doença é mais comum do que se imagina, sendo uma das principais causas de cegueira irreversível no Brasil e no mundo. Os principais sintomas são olhos vermelhos, desconforto e embaçamento.”

O oftalmologista Renato Brasil, da Clínica Biovisão, esclarece que a prevalência do glaucoma varia enormemente entre os grupos raciais, etários e étnicos. “Apesar de poder ocorrer em todas as idades, o glaucoma é uma patologia incomum antes de 40 anos de idade (média de 0,6%). Em indivíduos de 80 anos ou mais, esses números chegam a 7% ou 8 % (um aumento de mais de 10 vezes). A prevalência em negros é cerca de três vezes maior do que em brancos, em todas as faixas etárias. Em pessoas que têm parentes próximos (pais, irmãos e filhos) com a doença, as chances aumentam para 15%.”

Renato diz que, apesar do avanço das novas tecnologias, que ajudam no diagnóstico precoce do glaucoma, nada substitui um exame clínico oftalmológico de qualidade. “É por meio de um exame cuidadoso que conseguimos identificar fatores clínicos que sugerem o glaucoma e fatores associados à história clínica (história familiar, idade e raça). Os pacientes que podem ter alguma chance de ter o problema são submetidos a exames específicos (clínicos e complementares) que comprovem a perda da camada de fibras nervosas e alterações funcionais e estruturais na visão. O ideal é identificar uma alteração estrutural antes que ela se torne funcional, ou seja, antes que cerca de 30% das fibras nervosas sejam perdidas.”

“NÃO SENTIA NADA” A funcionária pública aposentada Nísia Fonseca de Oliveira, de 77 anos, diz que costumava ir regularmente ao oftalmologista, acompanhando a mãe que sofria de catarata e glaucoma, até que resolveu fazer uma consulta. Foi quando descobriu que estava com catarata, tendo feito, inclusive, a cirurgia corretiva. “Eu não sentia nada. Logo depois da catarata, meu médico diagnosticou o glaucoma. Agora, com o acompanhamento, a pressão está controlada”, diz.

Eduardo Almeida Reis - Informática‏

Os barbeiros, que somam 95%, continuam dirigindo mal, talvez mais devagar, porque os idosos deixam de se considerar imortais

 

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/06/2014





Não raras vezes, o Windows 7 Ultimate toma providências com as quais não concordo e faz alterações que não autorizei. Presumo que a correção dessas mudanças seja facílima para crianças de 8 anos, mas é impossível para cavalheiros de certa idade. Tento, mexo aqui e acolá, os resultados pioram e me dou por muito feliz quando consigo desmanchar as alterações que fiz.

Tenho um arquivo chamado TUDO. Tiro que reúne o que foi publicado nesta coluna de agosto do ano passado até hoje. Dia 7 de maio estava com 443.962 mil palavras. Começou com a formatação que uso, fonte Tahoma 12, margens, distância entre linhas etc. e mudou de repente para formatação diferente. Das 966 páginas, a metade está do jeito que gosto e o resto do jeito que me desgosta.

Hoje cedo, só de curiosidade fui à calculadora chinesa de nove reais para saber quantas horas/ano passo às voltas com o computador. Por baixo são 2.200 horas/ano, mas posso jurar que passo mais tempo e não entendo nada, absolutamente nada de informática.

Lembrei-me de um amigo, muito mais velho, companheiro de caçadas no Pantanal do MS. O patrício chefiou, durante anos, os serviços de mecânica dos aviões de uma empresa norte-americana, que pousavam no aeroporto de Puerto Suárez, cidade boliviana próxima de Corumbá (MS). Chefiava e não entendia nada de mecânica aviatória.

Sempre que os pilotos ianques resolviam passar a noite na farra em Corumbá, deixando o DC-3 bem amarrado ao solo, o chefe dos mecânicos pegava uma bandeirinha vermelha e “interditava” o aparelho. Manhã seguinte, com os pilotos de ressaca, retirava a bandeirinha e o DC-3 saía voando que era uma beleza.

Reflexos


Anda a ciência empenhada, com razão, em avaliar a perda dos reflexos dos motoristas idosos. Por enquanto, os testes foram feitos com voluntários, mas é possível que se tornem obrigatórios. É verdade que a renovação da carteira nacional de habilitação envolve exame de vista e outros exames simples, enquanto a análise dos reflexos exige simulador de direção para submeter o condutor a diversas situações de risco.

Se me permitem palpitar depois de séculos dirigindo centenas de milhares de quilômetros sem um arranhão, o negócio é muito simples: aqueles que sempre dirigiram bem, que não chegam a 5% dos habilitados, vão continuar dirigindo bem com menos reflexos; os barbeiros, que somam 95%, continuam dirigindo mal, talvez mais devagar, porque os idosos deixam de se considerar imortais.
Uma coisa puxa outra, como disse aquele pastor pilhado quando se preparava para fazer um filho na vizinha, gorda senhora mãe de quatro filhos, porque leu na Bíblia adultera onde havia adúltera. A intervenção do repórter mostrando ao piedoso pastor o acento agudo foi dos vídeos mais engraçados que vi na internet.

Tive notícia de um amigo, jornalista famoso, que passou a circular em carro blindado. Faz muito bem. Perde a velocidade em que gostava de andar com sua BMW-turbo – passou dos 260 km/h na BR-040, numa noite em que me deu carona para casa – mas agora circula em relativa segurança numa Belo Horizonte parecidíssima com o Rio e com São Paulo.

Supimpa 

Só agora tomei conhecimento da existência do senhor Luiz Horta, comentarista de vinhos do Globo. Não escreve bem, escreve muitíssimo bem, seu texto é da melhor supimpitude. A imprensa brasileira teve, durante muitos anos, o texto admirável do médico paulista Sérgio de Paula Santos, autor de uma porção de livros sobre vinhos. É o tipo do assunto que permite, aos que têm talento, misturar história e cultura geral nos seus textos. Sérgio de Paula Santos e Luiz Horta não dispensam outro ingrediente importantíssimo: humor. Sem humor todos os assuntos são de difícil digestão.
 
O mundo é uma bola


8 de junho de 68: Galba é declarado imperador pelo Senado Romano. Lucius Livius Ocella Servius Sulpicius Galba, nascido em dezembro do ano 3 a.C., foi imperador até janeiro de 69, o primeiro dos quatro imperadores de 69, conhecido como o Ano dos Quatro Imperadores.
Galba casou-se com Emília, teve dois filhos, mulher e filhos morreram. Estatura mediana, careca, olhos azuis, os pés e as mãos desfigurados pela gota. Sua paixão o impulsionava para os varões vigorosos e maduros.

Em 452, Átila invade a Itália. Conhecido como Praga de Deus ou Flagelo de Deus, foi o último e o mais poderoso rei dos hunos. Governou o maior império europeu daquele tempo desde 434 até morrer em 453. Foi lembrado como paradigma da crueldade e da rapina, mas alguns historiadores sustentam que foi um rei grande e nobre.

Os hunos europeus devem ter sido um ramo ocidental dos Xiongnu, grupo proto-mongol ou proto-túrquico de tribos nômades do nordeste da China e da Ásia Central, que conseguiu superar militarmente os rivais por sua predisposição bélica, assombrosa mobilidade e armas tais como o arco huno. O Google tem fotos dos arcos hunos.

Hoje é o Dia do Citricultor e o Dia Nacional dos Oceanólogos e dos Oceanógrafos.
 
Ruminanças

“Enquanto se delibera, muitas vezes a ocasião se perde” (Publílio Siro, séc. I a.C.).

Desejo e menopausa‏ - Tania Mara Giarolla de Matos

Desejo e menopausa 
 
Tania Mara Giarolla de Matos - Ginecologista, obstetra e vice-presidente da Região Sul da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig)
Estado de Minas: 08/06/2014


Haja imaginação quando o assunto é menopausa. O desejo sexual encabeça a lista dos temas mais comentados em meio a tantos mitos que cercam esse período da vida feminina. Os medos de não atender sexualmente o parceiro, perder a libido e não ser mais desejada está na cabeça de grande parte das mulheres maduras. Ainda que essa fase careça de cuidados, não há motivos para sofrimento. Entender as mudanças que acontecem com o corpo e a mente é fundamental para encarar esse momento com mais leveza e aproveitar o que ele tem a oferecer de melhor. A menopausa é o período em que a mulher tem seu último ciclo menstrual, representando uma diminuição na produção de hormônios, com a geração de mudanças físicas e psicológicas.

A diminuição do hormônio estradiol, que, junto à progesterona, é responsável pelo desenvolvimento de características sexuais e pela menstruação, resulta no aparecimento dos já conhecidos sintomas da menopausa: ondas de calor, variações de humor, ansiedade e mudanças na textura de pele, cabelos e unhas. A diminuição da lubrificação vaginal é, frequentemente, apontada como inimiga da libido. Apesar das raízes físicas, a manifestação está relacionada com as mudanças psicológicas. O medo de envelhecer e encarar as transformações corporais da pós-menopausa são pontos desfavoráveis no jogo sexual. Entretanto, um bom relacionamento entre os parceiros colabora para a evolução dessa fase. O período da menopausa requer atenção especial à citologia oncótica do colo uterino e exame criterioso das mamas. Vários tumores e doenças sistêmicas aparecem com mais frequência nessa fase, devendo ser rastreados e acompanhados com visitas recorrentes ao ginecologista. A ausência completa da menstruação não deve ser encarada como causadora de restrição sexual, mas, sim, como o fim da fase reprodutiva feminina. Há relatos de mulheres que apresentam até melhoria no desempenho sexual ao entrarem nesse período. O uso de complementos hormonais é um grande aliado. A reposição do estradiol colabora com a melhora dos desagradáveis sintomas, e a reposição de testosterona, cálcio e vitaminas é benéfica para a libido.

Cada mulher deve ser estudada individualmente. O tratamento é único e pode incluir terapia hormonal, exercícios, dietas e até medicamentos homeopáticos. Pesquisas recentes da Universidade de São Paulo apontaram que o citrato de sildenafila (princípio ativo de medicamentos como o Viagra) pode ajudar, na pós-menopausa, com a melhoria da vida sexual. Apesar de animadora, a droga só deve ser usada quando prescrita por um médico.

Conhecer o próprio corpo, desejos e necessidades são pontos fundamentais para quem quer manter uma vida sexual sadia. E, independentemente do tratamento adotado, ninguém discorda de que o melhor afrodisíaco sempre foi, e continua sendo, um bom parceiro.