terça-feira, 26 de novembro de 2013

MARIA ESTHER MACIEL » Escrever a mão‏

MARIA ESTHER MACIEL » Escrever a mão 
 
Sei que, a muito curto prazo, a caligrafia será apenas uma arte antiga. Se é que já não é 
 

Estado de Minas: 26/11/2013


>> memaciel.em@gmail.com

Recebi, há poucos dias, um envelope manuscrito vindo da Itália. Meu nome e endereço estavam em tinta azul, com letra elegante, mas sem rebuscamento. Curiosa, virei-o para identificar o remetente. Era de minha amiga Élida, que em viagem a Veneza tinha se lembrado de mim e enviado um cartão-postal. Ao abri-lo, deparei-me com uma foto da cidade acompanhada de palavras de carinho. E senti, nesse momento, como é bom receber cartões e cartas manuscritas, pelo correio.

Escrever a mão, nestes tempos digitais, é atividade em plena extinção. Uma pena, pois a caligrafia carrega nos traços toda a energia do corpo de quem escreve, somada às modulações da alma, do desejo e da memória. Ao manuscrever um texto, nele deixamos um pouco de nossa intimidade. E ao ler um texto manuscrito sentimos a força vital da mão que o escreveu. O jeito de traçar uma vogal, a forma pessoal de acentuar os “is”, de cortar um t, inclinar um l, puxar a “perninha” de um f ou um p, inserir uma vírgula ou um ponto de interrogação, tudo isso evidencia um ritmo particular. Cada escrita ganha, assim, uma personalidade própria.

Vários escritores, ainda hoje, não abrem mão de um lápis ou uma caneta. O brasileiro Milton Hatoum é um deles. A portuguesa Lídia Jorge também gosta de escrever a mão em cadernos, de preferência vermelhos. Já o americano Paul Auster prefere os cadernos de capa azul.

Tenho um amigo de longa data que às vezes me manda notícias em folhas quadriculadas de papel. Ele não gosta de computador e tem um certo fetiche por blocos e canetas-tinteiro. Uma vez cheguei a comprar, também, um kit de caligrafia em Londres. Ele vem com uma pena, quatro pontas (ou “bicos”) de diferentes tamanhos, um tinteiro e um bloco de cartas com envelopes. Mas quando tentei usá-lo, lambuzei-me toda, e a letra ficou um desastre. Acho que não peguei a técnica certa. E ele ficou apenas como relíquia na gaveta.

Em geral, quando escrevo uma carta a mão, uso caneta-tinteiro convencional ou uma boa caneta esferográfica. Meu único fetiche é o papel. No dia a dia, sempre faço anotações em cadernos e cadernetas. Gosto dos de uma marca japonesa, Muji, que são simples e baratos. As páginas, macias, têm boa densidade e linhas estreitas. Nelas, o lápis ou a caneta desliza com desenvoltura. Já em horas especiais, nada como um papel de linho ou seda. Já nas horas informais, quando não se acha um papel para escrever, serve até um guardanapo ou pedaço de papel de embrulho. Esses papeis improvisados também têm lá o seu encanto e mostram que o mais importante é, mesmo, o que se escreve neles.

Sei que, a muito curto prazo, a caligrafia será apenas uma arte antiga. Se é que já não é. Vejo que, agora, caligrafia virou sinônimo de letra enfeitada que se usa nos envelopes de convites de casamento e de formatura.

Apesar de não viver mais sem computador, creio que nunca deixarei de prezar a escrita a mão. Talvez esse fascínio venha da infância, por influência de uma de minhas tias, que sempre teve uma letra linda e inconfundível. Por muito tempo, quando garota, tentei imitá-la. E isso levou-me a desenvolver o gosto pela letra caligrafada.
Já me arrependo de não ter escrito esta crônica a mão. 

Tv Paga

Estado de Minas: 26/11/2013 



 (+Globosat/Divulgação )

Arte, esporte e mistérios


O canal +Globosat vem cheio de novidades hoje. Para começar, um passeio pelo Museu Guggenheim de Bilbao (foto), em mais uma edição do programa Mundo museu, às 21h. Às 21h30 estreia a segunda temporada de Em família com Isabel, em que a ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado mostra como é a rotina diária de um grande nome do esporte nacional, os treinamentos, a convivência com a família e a vida social com amigos e fãs. Já à meia-noite estreia a terceira temporada de Mistérios do detetive Murdoch.

Futura ressalta papel de canal do conhecimento


Em parceria com a instituição colombiana Corporación Canal Universitario de Antioquia, o Futura lança o GPS – Rota da investigação, hoje, às 19h30. A série conta histórias de pessoas que trabalham em prol do desenvolvimento científico na América Latina. O primeiro documentário mostra pesquisas relacionadas à piscicultura de trutas, que gera centenas de empregos na Colômbia.

Discovery mostra o que é corrida de demolição


Novidade também no Discovery Turbo com a estreia, às 23h45, de Os reis da destruição, mostrando toda a preparação para um evento em que a única regra é destruir o veículo do oponente. Isso mesmo, os carros entram numa arena e começa a sessão de pancadaria, na chamada corrida de demolição, até que sobre apenas um veículo rodando, sabe-se lá em que condições.

Detetives da história vai  encerrar mais um ciclo


No canal History não tem estreia, mas o final da segunda temporada de Detetives da história, às 23h. Na atração, a dupla de atores e investigadores Renata Imbriani e André Guerreiro Lopes vai ao encontro de objetos herdados por pessoas comuns, achados e informações curiosas sobre locais que podem ter uma história esquecida ou ainda não revelada. Neste último episódio, Renata e André enfrentam muita poeira em um galpão lotado de objetos cênicos.

Tadeu Jungle enfrenta  o provocador Abujamra


O artista multimídia Tadeu Jungle, que é apresentador de TV, publicitário, cineasta, artista visual e poeta, vai encarar esta noite Antônio Abujamra no programa Provocações, às 23h30, na Cultura. Mais cedo, às 21h30, no Canal Brasil, José Wilker recebe Renata Sorrah no Palco e plateia.

Documentário destaca  o novo cinema argelino


Dirigido por Mounia Meddour em 2011, o documentário O novo cinema da Argélia registra o renascimento da sétima arte naquele país, praticamente dizimado por uma guerra civil em 1988. O longa vai ao ar às 21h30 no canal Arte 1, que ainda exibe a produção brasileira Espelho d’água – Uma viagem no Rio São Francisco, às 22h30. Na faixa das 22h, o assinante tem mais 10 opções: Corações sujos, no Canal Brasil; As vantagens de ser invisível, no Telecine Pipoca; Mamute, no Telecine Cult; Lanterna Verde, na HBO 2; A trilha, no ID; A isca, no Max Prime; Jogo de espiões, na MGM; Café da manhã em Plutão, no Sony Spin; Chicago, no Studio Universal; e A testemunha, no TCM. Outros destaques da programação: À procura da felicidade, às 19h50, no Universal; Percy Jackson e o ladrão de raios, às 22h30, no Megapix; e Encontro de amor, às 23h, no Comedy Central.

Tereza Cruvinel - Erosão de capital‏

Tereza Cruvinel - Erosão de capital
 
Com suas ações monocráticas na execução das penas dos condenados do mensalão, o ministro Barbosa coloca em risco a elevada credibilidade que amealhou no julgamento


Estado de Minas: 26/11/2013


Do primeiro ato, o julgamento do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa saiu com a aura de grande justiceiro, de implacável cavaleiro da lei que liderou o Supremo na condenação de ex-dirigentes do partido no poder, banqueiros e empresários. Mas, no segundo ato, a prisão dos primeiros condenados e a execução das penas, com seus procedimentos monocráticos e, para boa parte do meio jurídico, heterodoxos, Barbosa corre o risco de dilapidar seu elevado capital em prestígio, que já lhe valeu a lembrança de seu nome como candidato a presidente da República.

Na sequência de decisões que tomou a partir do dia 14, quando decretou a prisão de 11 dos 25 condenados, Barbosa alijou o juiz da Vara de Execuções Penas, Ademar Vasconcelos, substituindo-o pelo auxiliar Bruno André Silva Ribeiro, que seria mais dócil e menos resistente ao cumprimento de suas decisões. Pelo inusitado, a iniciativa ontem lhe rendeu críticas da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que acionará o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As duas instituições podem ter arestas com Barbosa, mas são insuspeitas de viés partidário. A medida foi criticada por juízes diversos, que vão do “progressista” Celso Bandeira de Mello ao “conservador” Claudio Lembo, filiado ao DEM. Com a mesma disposição para a polêmica que afirmou existir no Brasil uma “elite branca”, Lembo afirmou, no programa É notícia, veiculado à meia-noite de domingo pela Rede TV, que há “bases legais” para o impeachment de Barbosa. “O poder judiciário não pode ser instrumento de vendeta”, disse ele. No plano da realidade, obviamente, não existe ambiente para tal hipótese mas, ao dispensar o concurso de seus pares na execução penal e assumir sozinho atitudes tão polêmicas, confiando em seu elevado prestígio, Barbosa pode estar seguindo uma estratégia de autoerosão.

A troca do “juiz natural” pelo de sua preferência elevou o tom das críticas, mas elas alcançam outros atos, como o fato de ter escolhido apenas 11, que incluem os três ex-dirigentes do PT, para a prisão imediata, embora existam condenados sem direito a recursos que seguem soltos; a escolha do 15 de Novembro para executar as prisões, com a espetaculosa transferência de avião para Brasília, quando a lei faculta o cumprimento de penas nas proximidades do domicílio; o encaminhamento irregular dos presos ao regime fechado, nos primeiros três dias, sem a devida cópia da sentença e da guia de encaminhamento dos presos, motivo de sua primeira divergência com o juiz Ademar; e a demora na concessão do regime hospitalar/domiciliar provisório a José Genoino, pela qual responsabilizou também Ademar, que não lhe teria dado informações precisas.

A escolha do juiz substituto Bruno Ribeiro, ainda que buscando apenas maior sintonia na execução, gerou críticas estridentes nas redes sociais pelo fato de ele ser filho de um dirigente do PSDB-DF, Raimundo Ribeiro. Sua mãe, Luci Rosane Ribeiro, também é ativista do PSDB local . Em sua página no Facebook, exibe manifestos contra o PT e o governador Agnelo Queiroz e convocações aos militantes tucanos para acompanhar o julgamento. Um post exibe uma foto de Joaquim Barbosa e uma frase que, naturalmente, ele nunca disse: “eu me matando para julgar o mensalão e você vota no PT? Francamente!”. Um outro pergunta quando seria o “mês da consciência branca”, em aparente crítica ao Dia Nacional da Consciência Negra.

Enquanto isso, os demais ministros continuam em obsequioso silêncio. Mas alguns estariam incomodados, receando que a impulsividade de Barbosa seja danosa ao próprio e também a todo o esforço realizado para levar a termo o julgamento da mais complexa ação criminal que já aportou na mais alta Corte.

Trilha do dinheiro

São abundantes na internet os comentários de cidadãos indignados dizendo que, além das prisões dos réus do mensalão, querem a recuperação do dinheiro desviado. O Banco do Brasil deu o primeiro passo na busca dos R$ 73,4 milhões que, segundo o STF, foram desviados por Henrique Pizzolato, da fatia do banco no Fundo Visanet para o valerioduto. Foram utilizados, concluiu o ministro Barbosa, para comprar o voto de parlamentares, usando como biombo empréstimos fictícios junto ao Banco Rural. O trabalho que o Banco do Brasil fará agora , em busca dos recursos, acabará por dirimir a dúvida suscitada categoricamente pelos réus, especialmente pelos publicitários Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, condenados a penas altíssimas. Garantem eles que a campanha do cartão Ourocard Visa, correspondente aos recursos, foi executada, com peças veiculadas nas maiores emissoras de tevê do país, em outdoors, mobiliário urbano e patrocínios. Apontam uma contradição no fato de terem sido condenados por peculato, por ter a agência DNA, da qual eram sócios, ficado com os bônus de volume da campanha, um desconto dado pelas emissoras às agências. Se houve bônus, houve veiculação, dizem. Notas e comprovantes estariam nos autos. A perícia técnica do BB, como cliente, revisitará tudo isso para propor as ações de recuperação do dinheiro, oriundo da Visa Internacional.

Grandeza das coisas miúdas - Carlos Herculano Lopes

Grandeza das coisas miúdas 

 
O escritor Luiz Vilela lança hoje em Belo Horizonte a coletânea de contos Você verá, em que retrata com estilo direto momentos aparentemente banais da vida de gente comum 
 
Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 26/11/2013


Romancista e contista, Luiz Vilela leva para suas histórias a dimensão nem sempre percebida da realidade (Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Romancista e contista, Luiz Vilela leva para suas histórias a dimensão nem sempre percebida da realidade

Em 1967, aos 24 anos, Luiz Vilela sacudiu a literatura brasileira com o lançamento do livro de contos Tremor de terra, com o qual venceu o Prêmio Nacional de Ficção. De lá para cá, já publicou cerca de 30 livros, entre coletâneas de contos e romances, ganhou prêmios importantes e foi traduzido para várias línguas.

Nascido em Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, onde voltou a viver há alguns anos, depois de ter morado em Belo Horizonte,  São Paulo, Estados Unidos e Espanha, ele lança hoje livro de contos, Você verá, na Livraria Mineiriana.

Já na primeira história, “Zoiuda”, a solidão de um homem que vive sozinho é preenchida pela presença de uma lagartixa “esbranquiçada, um pouco mais cabeçudinha que o comum”, que todas as noites lhe faz companhia quando volta para casa. Até o dia em que o bichinho sumiu e o homem teve de admitir, mesmo relutando, que sem a presença dela “aquele apartamento ficara um pouco mais vazio”.

No conto seguinte, “Era aqui”, outro homem, deixando-se levar pelas lembranças, mostra à namorada o lugar onde, na sua terra, existia um campinho de futebol no qual ele e os amigos, quando eram meninos, jogavam bola, até o dia em que a prefeitura acabou com tudo.

Num dos melhores contos do livro, “O Bem”, Luiz Vilela, de forma primorosa, fala da estreita relação que aos poucos vai sendo formada entre um homem e um encanador chamado Bem, que um amigo indicou para desentupir o sanitário do seu escritório.

Com estilo enxuto, mas carregado de emoção, as 11 histórias que Luiz Vilela oferece ao leitor em Você verá são para ser lidas sem pressa. Temas corriqueiramente humanos, como a solidão, as lembranças, a vontade de mudar as coisas ou mandar tudo às favas, são recorrentes na obra.

É a vida de gente comum, que nas mãos de um mestre como Vilela acaba ganhando outra dimensão, pela capacidade, já testada em tantos outros livros, de dar grandeza às coisas aparentemente banais.

Você Verá
Lançamento do livro de Luiz Vilela. Hoje, a partir das 19h, na Livraria Mineiriana, Rua Paraíba, 1.419, Savassi. Entrada franca. Informações: (31) 3223-8092

Entre letras e memórias - Carlos Herculano Lopes

Entre letras e memórias - Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 26/11/2013


Benito Barreto comemora 50 anos de literatura e relança romance (Laura Barreto/Divulgação)
Benito Barreto comemora 50 anos de literatura e relança romance

Dando sequência à série A nova literatura brasileira, que tem trazido a Belo Horizonte nomes de relevância das letras contemporâneas, a convidada de hoje do Sempre um papo é escritora e crítica literária Noemi Jaffe. Além de conversar com o público sobre sua obra, ela lança seus dois livros mais recentes, o volume de contos A verdadeira história do alfabeto e alguns verbetes de um dicionário, e o volume de memórias O que os cegos estão sonhando?.

Este livro, do qual participou sua filha, Leda Cartum, nasceu a partir de um diário que a sua mãe, Lili Jaffe, cujo nome de solteira era Lili Stern, escreveu sobre sua experiência de prisioneira nos campos de concentração de Bergen-Belsen e Auschwitz, para onde foi enviada em abril de 1945. Sua prisão ocorreu quando ainda vivia na sua cidade natal, Szenta, no interior da atual Sérvia.

Hoje guardado no Museu do Holocausto, em Jerusalém, no diário ela conta como era a vida naquele inferno: os trabalhos que era obrigada a realizar, o medo da morte, a insegurança frente ao horror, até quando foi libertada e levada pela Cruz Vermelha para a Suécia. Naquele país, tentando recomeçar a vida, enquanto estava de querentena junto com três primas, Lili começou a registrar as suas memórias. Em 2009, quando a ideia de fazer o livro já havia tomado corpo, Noemi e sua filha estiveram em Auschwitz.

Já em A verdadeira história do alfabeto e alguns verbetes de um dicionário, Noemi Jaffe teve como ponto de partida a releitura ficcional das letras do alfabeto, e de algumas palavras da língua portuguesa. Nos verbetes, referências a Guimarães Rosa e Jorge Luis Borges. Autora de outros livros como Todas as coisas pequenas e Quando nada está acontecendo, Noemi organizou ainda o volume dos melhores poemas de Arnaldo Antunes. Atualmente, a escritora está envolvida com novo romance, que tem o nome provisório de Não tem nenhum lugar. “A história se passa em 1959 e tem a ver com a revolução húngara de 1956”, adianta a escritora.

Noemi Jaffe

A escritora conversa com o público e lança os livros A verdadeira história do alfabeto e alguns verbetes de um dicionário e O que os cegos estão sonhando?, com o Diário de Lili Jaffe (1944-1945). Hoje, a partir das 19h30, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Entrada franca. Informações: (31) 3261-1501.