quarta-feira, 30 de julho de 2014

MARTHA MEDEIROS - Uma pequena joia

Zero Hora - 30/07/2014

Não sei se é de família ou hábito apenas da minha mãe, só sei que, entre nós, qualquer preciosidade é chamada de joia. Pergunto para minha mãe sobre um filme ou sobre um lugar que ela conheceu, e se ela responde que é bonito é porque é bonito, se responde que é interessante é porque é interessante, mas quando ela diz “é uma joia”, logo me sento e me disponho a ouvir os detalhes. E ela não diz joia referindo-se àquela gíria que não se usa mais. Se ela diz que é uma joia, é algo especial, em que se deve prestar atenção. E se ela diz: “É uma pequena joia”, aí é porque a coisa é grandiosa mesmo. Em casa sempre rezamos pela cartilha do “menos é mais”, preferindo as pequenas joias em detrimento das ostentosas. Um discreto ponto de luz, um brilhante comedido, algo que reina sem pompa, o clássico que não se pavoneia, a elegância que não é extravagante: isso.

Quem já leu o italiano Alessandro Baricco sabe que ele se adapta bem à descrição de valor que fiz acima. Já havia lido dois ótimos livros dele e recentemente estive com o terceiro em mãos, que se chama Mr. Gwin. Um livro com um nome próprio como título é sempre um enigma. Quem seria Mr. Gwin? O que faz? Qual o seu conflito? Para que time torce? Por que devo parar minha vida rotineira e apressada para dedicar algumas horas a esse fulano?

Mr. Gwin é realmente um fulano até que se abra a primeira página, mas Alessandro Baricco é autor respeitado. Então, mais em consideração ao prestígio do autor do que àquele ilustre Mr. Gwin desconhecido, abri o livro.

Quando terminei, pensei nela. Já sabia como recomendá-lo: mãe, é uma pequena joia.

Autêntico, poético, magistralmente bem escrito. Curto, sintético, nenhuma palavra falta, nenhuma palavra sobra. Original sem ser exibicionista, contido sem ser humilde.

Uma história meio estranha, mas daquelas estranhezas que se infiltram na alma, que fazem a gente perder a insistência de buscar realidades comprovadas: a troco de quê devemos acreditar apenas naquilo que já vimos antes? Qualquer história é uma história, e é a ela que o livro presta reverência, mais do que aos personagens, ainda que eles brilhem também.

É uma pequena joia porque é pequena no tamanho, mas comove por sua literatura tão bem lapidada. Porque não é um livro como tantos, tem uma singularidade que o destaca. Ou talvez seja uma pequena joia apenas porque gostei dele, mesmo que ninguém mais goste – aquilo de que gostamos é sempre significativo a despeito do que pensem os outros.

Pode ser que você não encontre nada de relevante em Mr. Gwin, caso aventure-se a lê-lo. O que para mim foi percebido como uma pequena joia talvez lhe pareça uma grande porcaria. Assim é a vida, povoada por opiniões diversas. Mas que ao menos essa conversa toda tenha feito você questionar o que significa uma pequena joia em seu próprio conceito. Porque, entre tantas bugigangas que nos cercam, temos o dever de eleger algumas raridades.

TeVê

tv paga
Estado de Minas: 30/07/2014


 (Comedy Central/Divulgação )

Comédia em pé

Em uma quarta-feira repleta de boas novidades, um dos destaques de hoje é a estreia da segunda temporada de República do stand-up, às 23h, no Comedy Central. Comandado por Murilo Gun (foto), o programa reúne humoristas de todos as regiões do Brasil em breves apresentações em um palco. Entre os convidados, Fábio Rabin, Leo Lins, Patrick Maia, Diogo Portugal, Marco Zenni e Fabiano Cambota.

Canal Brasil homenageia
mestre Ariano Suassuna

O Canal Brasil presta homenagem hoje ao escritor e poeta Ariano Suassuna, morto na última quarta-feira, aos 87 anos, exibindo, às 21h, a palestra “A mulher do piolho”, na qual ele fala sobre a valorização da cultura brasileira. Às 21h35, vai ao ar a entrevista que Suassuna concedeu ao programa Sangue latino, e às 22h é a vez de O auto da compadecida, filme baseado em sua obra homônima. No Arte 1, às 20h30, outro grande nome da cultura popular, o compositor Paulo Vanzolini (1924–2013), é o personagem do documentário Um homem de moral, dirigido por Ricardo Dias. Na Cultura, às 23h30, o Entrelinhas lembra o escritor e dramaturgo Manoel Carlos Karam, morto em 2007.

Documentário investiga
a possível fuga de Hitler

O marco do centenário do início da 1ª Guerra Mundial justifica a produção de documentários dos canais History e Bio. Na primeira emissora serão exibidos os dois últimos episódios da série Guerras mundiais, às 22h. No mesmo horário, o Bio apresenta A fuga de Hitler, que aponta a Argentina como refúgio de Adolf Hitler depois de simular seu suicídio ao fim da 2ª Guerra.

NGC seleciona episódios
das séries mais populares

Ainda no segmento dos documentários, às 20h45, no National Geographic Channel, o tema varia um pouco no bloco Top NatGeo, que emenda episódios das séries documentais Helicópteros de guerra (“Operação Talibã”), Serviço Secreto (“Dólares falsos” e “A segurança da ONU”), Trabalho sujo e Férias na prisão (“Refém no Iraque”). Por f alar em série, o Film&Arts exibe hoje, às 20h, o episódio final da minissérie Collision.

O amor é tema recorrente
em três atrações do Curta!

A faixa A vida é Curta! reúne mais três curtas que falam de um mesmo tema, no caso os relacionamentos amorosos e suas possibilidades. O primeiro é Julie, agosto, setembro, de Jarleo Barbosa, seguido de O pulso, de José Pedro Goulart, e Na sua companhia, de Marcelo Caetano. No canal Curta!, às 20h.

Arte 1 exibe filme palestino
vencedor do Globo de Ouro

Em mais um dia sem grandes estreias, a programação de filmes continua se salvando com algumas oportunas reprises, como a do ganhador do Globo de Ouro Paradise now, do palestino Hany Abu-Assad às 22h, no Arte 1. No mesmo horário, o assinante tem mais seis opções: O grande Gatsby, na HBO; Percy Jackson e o Mar de Monstros, no Telecine Pipoca; Intocáveis, no Telecine Touch; Meu pior pesadelo, no Max HD; O amor custa caro, no MGM; e A coisa, no Space. Outras atrações do pacote de cinema: Cabra-cega, às 21h, no Curta!; Sin City – A cidade do pecado, às 21h05, no Universal Channel; e Cemitério maldito 2, às 22h30, no FX.

CARAS E BOCAS » A QUERIDINHA



Depois de roubar a cena como a vilã Cora na primeira fase de Império (Globo), a atriz Marjorie Estiano já conquistou o autor Aguinaldo Silva. Pérfida e ardilosa, a personagem detonou a vida da irmã, Eliane, interpretada na juventude por Vanessa Giácomo, e a impediu de ser feliz ao lado do homem que amava, José Alfredo, personagem de Chay Suede. A interpretação de Marjorie foi aplaudida pelos telespectadores e, mais ainda, pelo criador da malévola Cora. Tanto é que Silva já reservou a atriz para estrelar sua série Doctor Pri. Nas redes sociais, ele declarou: “Se algum dia Doctor Pri for produzida, já sei que atriz eu quero para viver a protagonista: é Marjorie Estiano e tenho dito.” Há alguns meses, a série, que foi engavetada na emissora, teria a atriz Glória Pires no papel da doutora Priscila. Em março, os atores já estavam fazendo a leitura dos roteiros quando a atração foi cancelada. Glória teria desistido do papel para aceitar viver uma das protagonistas de Babilônia, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Existe uma expectativa de que Doctor Pri possa estrear em 2016.

MÃE E FILHO SE REÚNEM
DEPOIS DE MUITOS ANOS

No Jornal da Alterosa – 1ª edição desta quarta-feira veja reportagem que mostra emocionante reencontro de mãe e filho separados há anos. O jovem personagem, ainda pequeno, foi levado de casa pelo pai. Depois que ficou maior de idade, saiu do Nordeste para vir atrás da mãe, em Minas Gerais, e acabou perdido. Passou a morar na rua, como mendigo, até ser ajudado por uma alma caridosa. Não perca! A primeira edição do Jornal da Alterosa é logo depois do
Alterosa esporte.

WAGNER MOURA E OS
GÊMEOS NO TRIP TV

O ator Wagner Moura e os irmãos grafiteiros Os Gêmeos são convidados do Trip TV desta quinta-feira, logo depois do Jornal da noite, na Band. Ele relembra a infância pobre na Bahia, fala sobre sua experiência em Hollywood e em cima do palco, no lugar de Renato Russo, à frente da banda Legião Urbana. Os Gêmeos, um dos nomes mais importantes e reconhecidos da arte contemporânea brasileira, relembra momentos que marcaram a história da cultura hip-hop na cidade e explica como o grafite pode funcionar como válvula de escape. Confira, ainda, um bate-papo com a cantora norte-americana Cláudia Lennear. Entre outros assuntos, ela fala de sua relação com o ícone do rock and roll mundial Mick Jagger: “Éramos ótimos amigos,
digamos assim”.

O REBU ESTREIA COM
SUCESSO EM PORTUGAL

Estreou anteontem, em Portugal, pelo canal SIC, parceiro da Globo, a novela O rebu. A trama, remake de George Moura e Sérgio Goldemberg, foi lançada às 23h30 e dividiu espaço com Salve Jorge, de Glória Perez, que está na reta final. O rebu registrou média de 9,3 pontos e foi o terceiro mais alto da grade da emissora, atrás de Amor à vida, de Walcyr Carrasco, e da produção local, Sol de inverno. Em família, de Manoel Carlos, também é exibida por lá, às 19h, e também, como foi aqui, vem repetindo baixo desempenho, marcando em torno de 5,6 pontos. Os índices são de análise do instituto GfK.

ATOR CRITICA COLEGA
PROTAGONISTA DE SÉRIE

Em entrevista ao site The Hollywood reporter, Freddie Prinze Jr. falou mal de Kiefer Sutherland, intérprete de Jack Bouer, protagonista da série 24 horas. Para o ator, trabalharem juntos foi “terrível”. “Odiei cada momento. Kiefer foi o cara mais antiprofissional do mundo. Não estou falando besteira, eu diria isso na cara dele. Acho que todos que trabalharam com ele já disseram isso”, afirmou Freddie, que afirmou, ainda, que sua participação na série o fez pensar em deixar o mundo do entretenimento. Segundo Freddie, que interpretou o personagem Cole Ortiz na oitava temporada, Kiefer exigia que ele tirasse os sapatos durante as cenas dos dois juntos para disfarçar sua altura. 


DROGAS PROIBIDAS

O Conexão repórter desta quarta-feira, às 23h15, no SBT/Alterosa, traz o documentário especial Músculos proibidos. Em uma investigação realizada durante vários meses, Roberto Cabrini mostra os bastidores de parte das academias, onde a compulsão pelo corpo perfeito leva jovens ao uso de drogas proibidas. O programa traz também a história de um viciado em esteroides anabolizantes, revelando a autodestruição, a vaidade sem limites e os esquemas clandestinos para se conseguir substâncias de uso restrito. Mais: câmeras escondidas revelam os riscos diários dessa prática.


VIVA

Em breve participação, a atriz Malu Galli deixou sua marca como a sofrida Eliane em  Império.

VAIA

Mas, poucas tramas se sustentam com um personagem só. Mesmo sendo Cora, de Drica Moraes.

Outro sertão Céu de Luiz, livro de fotografias de Tiago Santana

Outro sertão 
 
Céu de Luiz, livro de fotografias de Tiago Santana inspirado em Gonzagão, revela a riqueza humana, a cultura forte e a sabedoria do povo que vive no semiárido brasileiro 
 
Walter Sebastião
Estado de Minas: 30/07/2014


Fotografias de  Tiago Santana, no livro Céu de Luiz, fogem do estereótipo da seca e da pobreza da região nordestina (Tiago Santana/Divulgação)
Fotografias de Tiago Santana, no livro Céu de Luiz, fogem do estereótipo da seca e da pobreza da região nordestina


O fotógrafo cearense Tiago Santana, de 38 anos, nasceu em Crato, divisa com Pernambuco. Lugar que, explica, pela riqueza cultural e humana, é quase uma síntese do Nordeste brasileiro. Ouviu desde a infância as músicas do cantor e compositor Luiz Gonzaga, também nascido na região e que tem na área fonte de inspiração. “Imaginei, então, uma interpretação visual livre do universo de Gonzaga, o sertão”, conta Santana. Ele se refere ao livro Céu de Luiz, com fotografias feitas por ele e texto do jornalista Adaúlio Dantas, que será lançado hoje no projeto Foto em pauta, às 19h30, no Oi Futuro, com projeção das fotos e bate-papo.
“Priorizei na seleção imagens que tivessem força, com algum mistério, mais simbólicas, que contassem uma história”, explica Tiago Santana. “Vou além do documental clássico”, avisa, observando que são fotos que se abrem para o imaginário, o subjetivo e o emocional. Criou fotos que rompem com olhar que só vê seca, pobreza e inferno no sertão. “É uma visão rasteira. Temos riqueza humana, cultura forte, muita sabedoria, fruto da vivência no semiárido”, afirma. São imagens em preto e branco, feitas com negativo, “que estouram um pouco o fotômetro”, para mostrar “o drama que a luz traz” e reforçar os traços humanos, acrescenta.

Céu de Luiz é o quarto título dedicado ao Nordeste. Ele lançou: Benditos (2001), Chão de Graciliano (2003) e O sertão dentro de mim (2011), que abarcam desde consideração sobre os romeiros de Juazeiro do Norte até reverência ao poeta Patativa do Assaré, passando por tradução visual do universo do autor de Vidas secas.

“O livro é uma história em quatro capítulos sobre esse lugar onde nasci, que me talhou como ser humano e fotógrafo”, conta. O motivo é recorrente, mas houve transformações na forma de abordá-lo: “As primeiras fotos foram feitas bem de perto, coladas no rosto, sentindo o cheiro da pessoa. Hoje, tenho usado linguagem panorâmica para ampliar espaços intensos, silenciosos, que existem junto das pessoas”, observa. O uso do negativo vem de encanto pelo processo e paixão por laboratório. “É como fazer papel artesanal. Não uso porque teria qualidade melhor, mas por implicar outro tempo de trabalho, alargado, como é o do sertão”, observa.

Perfil Tiago Santana é cearense, tem 47 anos, fotografa desde 1989. Ele credita a dedicação à fotografia, primeiro, “à riqueza visual” do lugar onde nasceu. Foi com o pai, fotógrafo e cineasta amador, que tomou contato com a prática. E com a engenharia, curso que começou, mas não concluiu, depois de se envolver com a Semana Nacional de Fotografia, realizada na universidade. “Descobri que fotografia era mais do que câmera, hobby, como pensava. Ela é campo de conhecimento, reflexão, mundo maior inclusive do que a minha vida. E se tornou minha forma de superar a timidez, de falar da minha história sem usar palavras”, explica.

O fotografo criou e mantém, há 15 anos, a Editora Tempo de Imagem, com cerca de 40 títulos lançados, todos sobre fotografia, sejam edição de imagens ou de texto. “Livro, para mim, é o lugar onde a fotografia se pereniza, ganha outros mundos, vai para a casa das pessoas, para as bibliotecas, oferecendo ao observador possibilidade de mergulhar no realizado”, defende Tiago Santana. “Considero exposições espaços virtuais necessários, mas o livro é incomparável no que se refere ao alcance perceptivo”, acrescenta.

A atenção, no momento, está voltada para recuperação e pesquisa do acervo de Leocádio Ferreira, fotógrafo cearense dos anos 1950, já falecido. Material que se tornará livro e exposição. A primeira mostra de Tiago Santana foi O chão de Graciliano, de 2003, no Sesc Pompeia (SP). Trabalho que, transformado em livro, recebeu, em 2006, o Prêmio ConradoWessel de Fotografia. É do cearense o volume Sertão, da coleção francesa Photo Poche. As imagens do fotógrafo estão ainda nos livros Mar de luz; Brasil, bom de bola; Acts of Faith: Contemporary brazilian photography, editado por Elizabeth Edwar e publicado pelo Pitt Rivers Museum University of Oxford, em conjunto com Brasil Connects.


FOTO EM PAUTA
Lançamento do livro Céu de Luiz com projeção de fotos e bate-papo com o autor, Tiago Santana. Hoje, às 19h30. Oi Futuro, Avenida Afonso Pena, 4.001, térreo, Mangabeiras, (31) 3229-3131. Entrada franca. 

"Hilda é eterna!" - Ana Clara Brant

"Hilda é eterna!" 
 
A novelista Gloria Perez se comove com a história, revelada pelo EM, da mulher que inspirou a personagem de Hilda Furacão. Para ela, o mito se mantém devido ao fascinante poder feminino

Ana Clara Brant
Estado de Minas: 30/07/2014


Responsável pelo sucesso de Hilda Furacão na TV, Gloria Perez torce para mais histórias surgirem (Raphael Dias/TV Globo)
Responsável pelo sucesso de Hilda Furacão na TV, Gloria Perez torce para mais histórias surgirem

A história de Hilda Maia Valentim, de 83 anos, descoberta pelo Estado de Minas em um asilo na capital argentina, emocionou a novelista Gloria Perez, que assinou a adaptação televisiva do romance Hilda Furacão, escrito pelo mineiro Roberto Drummond. Viúva do jogador de futebol Paulo Valentim, Hilda Maia foi uma das fontes de inspiração da personagem interpretada por Ana Paula Arósio na minissérie exibida pela TV Globo em 1998.

Gloria Perez se diz “curiosíssima” a respeito da história de Hilda Maia. A autora fala com carinho da época em que a minissérie foi produzida, com várias cenas gravadas em BH, e de suas conversas com Roberto Drummond, que morreu há 12 anos. “Eu me comovi muito ao me lembrar dele, em quanto ele ia se emocionar com esse reencontro”, afirma a novelista. “Bateu aquela saudade do amigo, dos tempos de produção da série e dos longos papos. Ele contava as histórias da zona boêmia e de suas personagens de modo a me transportar para aquele mundo que não conheci, mas que tinha a missão de transcrever para as câmeras”, comenta ela.

Gloria sempre teve a curiosidade em saber o que ocorrera a Hilda depois de deixar o Maravilhoso Hotel. Moça bem-nascida, elegante e frequentadora do Minas Tênis Clube, a personagem de Roberto Drummond trocou sua vida de conforto por um quarto na zona boêmia da BH dos anos 1950. “Que bom que vocês a encontraram! Comovente a trajetória dela. Pelo que li na matéria, Hilda vai render ainda muitos e muitos capítulos”, destacou a autora, que no momento se dedica à série policial Dupla identidade, cuja estreia está prevista para a segunda quinzena de setembro na TV Globo.

Encanto Para Gloria Perez, o grande encanto que Hilda Furacão ainda exerce no público vem do fato de ser uma personagem mítica, que simboliza o fascínio e a idealização do poder feminino. “Hilda não tem data: é eterna”, resume.
A autora admite que pensou em adaptar outros livros de Roberto Drummond para a televisão. De acordo com ela, o mineiro era um grande contador de histórias, atento observador do comportamento humano. “Seus romances são habitados por tipos que a gente não esquece. Gosto do olhar curioso dele sobre a vida, da maneira perspicaz e bem-humorada como conta as mazelas da sociedade”, elogia Gloria.

Domingo, o EM publicou a reportagem “Outono de um mito” revelando o drama de Hilda Maia, que deixou a zona boêmia de BH para se casar com Paulo Valentim, craque do Atlético e ídolo do Boca Juniors, em Buenos Aires. Depois da vida de luxos na Argentina, onde nasceu Ulisses, filho do casal, Paulo fracassou nos estádios – bebedeiras e o jogo aniquilaram sua carreira. O jogador morreu em 1984 e Hilda passou a depender de Ulisses, que faleceu em 2013. Desamparada, ela foi acolhida pelo governo portenho e mora no asilo Hogar Dr. Guillermo Rawson, na capital argentina.

Gloria Perez, ainda no domingo, compartilhou a reportagem no Twitter, ressaltando que Roberto Drummond adoraria a novidade revelada pelo EM. “Vocês nem imaginam quantas Hilda Furacão apareceram quando a série passou! Até a Lady Francisco cismou que era ela”, escreveu a novelista em seu post.


z OBRAS completas de
Roberto Drummond

A morte de DJ em Paris
O dia em que Ernest Hemingway morreu crucificado
Sangue de Coca-Cola
Quando fui morto em Cuba
Hitler manda lembranças
Ontem à noite era sexta-feira
Hilda Furacão
Inês é morta
O homem que subornou a morte e outras histórias
O cheiro de Deus
Dia de São Nunca à tarde
Os mortos não dançam valsa
O Estripador da Rua G
Uma paixão em preto e branco
(publicação póstuma com crônicas sobre o Clube Atlético Mineiro)

Reedições à vista

Ivan Drummond


Ana Paula Arósio grava cenas da minissérie em Belo Horizonte (Françoise Imbroise/EM - 27/1/98  )
Ana Paula Arósio grava cenas da minissérie em Belo Horizonte


O romance Hilda Furacão, de Roberto Drummond, é campeão de vendas: cerca de 200 mil exemplares foram comercializados desde o lançamento, em 1991. Atualmente, os direitos pertencem à Geração Editorial, que imprimiu 5 mil livros em junho, devido à adoção do romance para concurso.
Luiz Fernando Emediato, dono da Geração Editorial, informa que 1,9 mil exemplares foram comercializados apenas em Belo Horizonte. O número de volumes reimpressos pode aumentar. “A tiragem depende dos pedidos feitos pelas livrarias. Como a história floresceu, muito provavelmente vamos fazer nova edição, pois têm nos chegado informações de que Hilda Furacão está esgotando”, revela.

A Geração Editorial detém os direitos sobre a maioria dos livros de Roberto Drummond. “Estou tentando a aquisição de três títulos em poder da Objetiva: O cheiro de Deus, A morte de DJ em Paris e Os mortos não dançam valsa. Os outros já estão conosco”, informa Emediato.

Em janeiro, ele pretende relançar Hitler manda lembranças e Ontem à noite era sexta-feira. “Cada edição terá 5 mil exemplares”, antecipa.

O editor e jornalista fala com carinho do amigo. “Certa vez, nós fomos a Vinhedo, no Rio Grande do Sul, para uma palestra sobre Hilda Furacão. Roberto ficou fascinado com o fato de todos os estudantes terem lido o livro. Faziam uma série de perguntas, sempre sobre a existência de Hilda. Ele alegava que a história era real, mas rodeava, não respondia. Contava várias passagens da personagem, mas não dizia se eram verdade ou não”, relembra.

A palestra para os gaúchos ocorreu um mês antes da morte do autor, em junho de 2002. “Recebi a notícia como uma bomba. Grande escritor, Roberto nos faz muita falta. Sua obra é fantástica.” Emediato pretende adquirir os direitos sobre todos os livros de Drummond para lançar a obra completa do mineiro. “Um dos maiores nomes da literatura brasileira, ele merece ser tratado como tal”, conclui.

Um brilho no escuro

Um brilho no escuro 
 
Dia a dia de mãe acometida pelo Alzheimer e a filha, contado em rede social, tem mais de 3 milhões de acessos. Avanços da medicina permitem melhor qualidade de vida a pacientes

Luciane Evans
Estado de Minas: 30/07/2014


Em vez de colocar a mãe num asilo, Ana Heloísa optou por enfrentar a doença a seu lado. Apesar de não a reconhecer mais, Anna Izabel recebe com alegria seus cuidados e seu carinho (Leandro Couri/EM/D.A Press  )
Em vez de colocar a mãe num asilo, Ana Heloísa optou por enfrentar a doença a seu lado. Apesar de não a reconhecer mais, Anna Izabel recebe com alegria seus cuidados e seu carinho

Ela exercitava a mente, compondo e lendo poesias. Tinha celular, alimentação saudável, era ativa e, até os 82 anos, andava de ônibus por Belo Horizonte. Mas um dia, em um dos seus caminhos de rotina, Anna Izabel Arnaut perdeu o rumo, desceu três pontos depois do seu destino final. Por sorte, um casal a ajudou a voltar para casa. Foi aí que a filha Ana Heloísa a levou a um neurologista: “Sua mãe vai lhe dar trabalho. É bom colocá-la em um lar para idosos”, decretou o médico. Indignada, Ana Heloísa procurou, então, um neurocientista, que, depois de fazer avaliação clínica e exames neurológicos, lhe deu o diagnóstico. Anna Izabel sofria da doença de Alzheimer (DA), mal que acomete mais de 1,2 milhão de brasileiros e ainda é uma incógnita na medicina.


  Em 22 de junho deste ano, depois mais de uma década convivendo com os avanços gradativos da enfermidade da sua mãe, Ana Heloísa resolveu contar o dia a dia desse desafio nas redes sociais. Ela criou a página no Facebook, Alzheimer, Minha mãe tem, e posta diariamente vídeos e casos sobre Anna Izabel, mostrando, inclusive, o que tem dado certo e errado no tratamento dela, além dos casos curiosos e engraçados entre as duas. A senhora não reconhece mais a filha e até isso é contado na rede com muito bom humor e respeito. Em menos de um mês, a página já alcançou mais de 3 milhões de acessos por pessoas do mundo inteiro, há mais de 135 mil internautas que acompanham as notícias e são muitos os comentários e mensagens. O que mais chama atenção de quem segue essa rotina pelo meio virtual é o carinho das duas. “Realmente, não esperava esse alcance todo. Tem pessoas de todos os cantos do mundo que me procuram. Percebi que há muitos passando pelos mesmos problemas”, comenta Ana Heloísa.


De acordo com o neurologista, pesquisador, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFMG Paulo Caramelli, a DA é uma doença frequente e um problema de saúde pública. Em 2009, ele conta que a equipe da Faculdade de Medicina da UFMG voltada para o assunto analisou os vários estudos brasileiros e latino- americanos sobre a doença e foi constatado que 7,1% daqueles com 65 anos ou mais sofriam de alguma demência. “Destes, menos da metade ou dois terços tinham o Alzheimer. Hoje, estima-se que haja mais de 1 milhão de pessoas no Brasil com esse diagnóstico. É um problema real e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em duas décadas haja um aumento maior no número de casos, principalmente, nos países em desenvolvimento, onde a população está envelhecendo”, diz.


A Associação Brasileira de Alzheimer alerta que a incidência da doença na população idosa praticamente dobra a cada 20 anos. A previsão é de que haja 65,7 milhões em 2030 e a 115,4 milhões em 2050 no mundo. Atualmente, 58% da população com Alzheimer encontram-se nos países desenvolvidos; percentual que atingirá os 72% em 2050. Para o especialista, o Alzheimer, o câncer e a Aids são os males de hoje e do futuro. A doença segundo o médico tem três fases. “Na primeira, a pessoa sofre o processo degenerativo cerebral, mas não há nenhum sintoma. Na segunda fase, há  sinais de esquecimento, mas nada que prejudique a autonomia. terceira, há as alterações que começam a prejudicar a vida.”


DIAGNÓSTICO Quanto mais cedo se diagnostica o mal, mais lento é o progresso da doença. É o caso da Anna Izabel. Segundo sua filha, na avaliação clínica feita pelo neurocientista, Anna acertou todas as perguntas que avaliam se a pessoa tem consciência sobre a data do dia do teste, o que comeu, quantos anos tem, entre outras. “É uma doença silenciosa, começa assintomática e vai se desenvolvendo. Quando há o diagnóstico, já se passaram uns 10 anos, então o tratamento fica limitado”, comenta Caramelli.


O primeiro sinal de que algo não vai bem na mente, segundo o especialista, é a alteração mais frequente da memória. “Falhas eventuais são normais e fazem parte do envelhecimento. Mas quando isso afeta a autonomia é um sinal. Geralmente, são fatos recentes, como, receber um recado e esquecer qual foi, ou, ouvir uma história e pouco tempo depois esquecê-la”, exemplifica, comentando que a doença é mais comum acima dos 65 anos, mas há uma pequena parcela para qual a enfermidade aparece antes dos 50. “O diagnóstico, geralmente, é clínico. É feita uma entrevista com a família ou com quem convive com o paciente. Depois, são feitas perguntas ao paciente para avaliar linguagem e orientação de tempo e espaço. Com base nas respostas, é possível saber se há uma alteração na função ou não. Podem-se fazer exames complementares, como sangue, tomografia, ressonância magnética para excluir outras doenças. Nenhum deles define a doença de Alzheimer”, explica.
´É justamente em busca de um diagnóstico mais preciso e precoce que a medicina se debruça. “Muitas pesquisas hoje investigam os biomarcadores, substâncias que se acumulam no cérebro ou no sangue, que são típicas do Alzheimer. Isso abre a esperança de detectar mais rápido a doença”, aposta.


Amor é o remédio Até o momento, não existe cura para a DA. Os avanços da medicina permitem que os pacientes tenham sobrevida maior e qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. As pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento das drogas para o tratamento. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades diárias por mais tempo. Acredita-se que parte dos sintomas da doença decorra de alterações em uma substância presente no cérebro, a acetilcolina, que se encontra reduzida em pacientes com Alzheimer, por isso um tipo de tratamento prevê medicações que inibem a degradação dessa substância.
 “A doença em minha mãe progrediu lentamente, justamente por causa da medicação que ela toma, que conseguiu retardar os avanços do Alzheimer”, comenta Ana Heloísa, dizendo que, atualmente, sua mãe já não a reconhece, tem dificuldades para andar e falar. Ela conta com a ajuda de duas cuidadoras, e diz que o amor e o carinho são os melhores remédios para o paciente. O médico Paulo Caramelli diz que, é fundamental, como prevenção, a atividade física, boa alimentação e motivação intelectual constante. “Essas atividades podem retardar o aparecimento do Alzheimer. Conviver em um ambiente acolhedor, contribui para o paciente ter qualidade de vida”, conclui. 

Crianças vítimas de violência tem gene ligado ao amadurecimento alterado

Marcas genéticas dos maus-tratos - Vilhena Soares

Estado de Minas: 30/07/2014


Crianças vítimas de violência física sofrem alterações em gene ligado ao amadurecimento físico e emocional, segundo estudo americano

 (Anderson Araújo/CB/D.A Press)

Além da dor e das lembranças desagradáveis, sofrer violência física durante a infância pode ter implicações genéticas. Um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, comprova a ocorrência de alterações no DNA de crianças que sofreram maus-tratos. O grupo também identificou que essa mutação interfere na metilação — processo responsável pelo desenvolvimentos de nervos —, prejudicando o desenvolvimento físico e emocional de indivíduos. O trabalho pode ajudar a esclarecer suspeitas sobre a origem de problemas fisiológicos em jovens e adultos e auxiliar na busca de tratamentos para complicações causadas por traumas sofridos no início da vida.

Os cientistas partiram do resultado de outros trabalhos científicos indicando que crianças vítimas de agressões físicas, abuso sexual e negligência são mais propensas a desenvolver problemas de humor, ansiedade e distúrbios agressivos. Também usaram como base um experimento semelhante feito com ratos. “Nós queríamos saber se o efeito também era constatado em humanos”, explica Seth Pollak, professor de psicologia e pediatria da Universidade de Wisconsin e autor principal do estudo.

Participaram da pesquisa 54 crianças, com idades entre 11 e 14 anos, sendo que metade tinha sido abusada fisicamente. Ao comparar o DNA de ambos os grupos, os cientistas de Wiscosin constataram que as maltratadas tinham aumentado o processo de metilação, um dos vários mecanismos bioquímicos usados pelas células para o controle da expressão de genes.

A alteração foi constatada em vários locais do gene receptor de glicocorticoides, também conhecido como NR3C1, repetindo o resultado do estudo feito com ratos. Segundo os autores do trabalho, essa alteração pode acarretar em problemas físicos e emocionais no organismo humano. “Essas crianças têm dificuldade no regulador de estresse e emoções negativas do cérebro. No sangue, possuem mais dificuldade em lutar contra doenças”, explica Pollak.

Interruptor Roberto Giugliani, chefe do Serviço de Genética Médica do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, explica que a metilação é um dos processos mais importantes relacionados ao DNA. Ela funciona como um interruptor, desligando e ligando genes. “É por conta disso que alterações nessa região podem gerar problemas como o mostrado nesse experimento. Essas alterações são tão importantes de se entender que, quando um paciente tem câncer, é necessário analisar as que surgiram no tecido doente para melhor tratar o problema”, exemplifica.

A alteração genética identificada nos ratos afetou o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA). Interrupções nesse sistema, segundo cientistas, podem explicar por que é tão difícil para as pessoas regular as emoções e os níveis de estresse. “Essa ligação entre o estresse precoce e mudanças em genes pode nos ajudar a descobrir como as experiências da primeira infância ficam sob a pele e oferecem risco ao longo da vida”, observa Pollak.

O cientista acredita que os resultados obtidos, além de dar mais validade a teorias já levantadas sobre problemas causados pelo abuso físico na infância, podem ter uma aplicação clínica. “Agora, temos uma maneira de entender como a experiência da primeira infância permanece com um indivíduo ao longo de muitas décadas. Isso deve nos permitir pensar em novos tratamentos que podem reverter esses efeitos”, acredita.


Geneticista do Laboratório Pasteur, Gustavo Guida também acredita que a identificação do gene causador de problemas emocionais e físicos pode ajudar em tratamentos voltados a pessoas vítimas de abusos. “No momento em que você tem um marcador biológico do que aconteceu e sabe identificar a alteração de maneira precisa, você passa a ter a possibilidade de buscar alvos para manipular a situação.” O desenvolvimento de uma droga que provoque esse efeito é cogitado pelo especialista. “Você pode ter alguma substância que venha a suprir a desregularização. É um alvo para uma pesquisa básica que pode desenvolver uma nova linha de medicamentos”, completa.
Guida ressalta ainda que a alteração na metilação mostrada pelos cientistas da instituição norte-americana causa problemas até em outros sistemas do organismo, como o mecanismo de ganho de peso. “Temos o caso de um outro estudo, ainda não validado, que mostra que, dependendo de como foi o ganho de peso da avó, o neto tem um padrão diferente de desenvolvimento do peso. É um assunto mais controverso, mas sabemos também que, se a pessoa sofre desnutrição no período inicial de vida, ela tem uma tendência maior a uma desregulação metabólica futura”, detalha.

Futurologia fajuta - Eduardo Almeida Reis‏

Futurologia fajuta
 
Em 1985, não mais existirão pessoas obesas (Institute for the Future, 1974)

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 30/07/2014






Recebi de poderoso e afamado industrial mineiro esta lista de Equívocos Históricos, que compartilho com o leitor do Estado de Minas. “Viagens de trem em altas velocidades não são possíveis; os passageiros, impedidos de respirar, morreriam de asfixia” (Dionysius Lardner, 1823). “No ano 2000 não existirão mais C, X ou Q no alfabeto usado no cotidiano” (Ladies Home Journal, dezembro de 1990). “Em 1985, não mais existirão pessoas obesas” (Institute for the Future, 1974). “As casas voarão [em 2000]... Virá o tempo em que comunidades inteiras migrarão para o Sul no inverno, ou mudarão para novas terras, sempre que sentirem vontade de mudar de cenário” (Arthur C. Clarke, Vogue, 1966). “Por volta de 1960, o trabalho será limitado a três horas por dia” (John Langdon-Davies em A Short History of the Future, 1936). “Os raios-X são uma fraude” (Lord Kelvin, físico inglês, 1900).

“A bomba nunca vai funcionar e falo isto como especialista em explosivos” (Almirante William Daniel Leahy, conselheiro do presidente Trumam para Assuntos Nucleares, 1945). “A clonagem de mamíferos é biologicamente impossível” (James McGrath e Davor Solter, biólogos, em artigo na Science, 1984). “Não teremos artrite em 2000” (Dr. William Clark, 1966). “A teoria dos germes de Louis Pasteur é uma ficção ridícula” (Pierre Pachet, professor de Fisiologia em Toulouse, 1872).

“No futuro, os computadores não pesarão mais que 1,5 tonelada” (Popular Mechanics, 1949). “Penso que há talvez no mundo um mercado para cinco computadores” (Thomas Watson, presidente da IBM, 1943). “Viajei por todos os lados neste país e posso assegurar-lhes que o processamento de dados é uma ilusão que não perdura até o fim do ano” (Do editor encarregado de livros técnicos da Prentice Hall, 1957). “Não há qualquer razão para que alguém queira ter um computador em casa” (Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp., 1977). “Este tal telefone tem inconvenientes demais para ser seriamente considerado um meio de comunicação. Esta geringonça não tem nenhum valor para nós” (Memorando interno da Western Union, 1876).

“A caixa de música sem fio não tem nenhum valor comercial imaginável. Quem pagaria para ouvir uma mensagem enviada a ninguém em particular?” (Sócios de David Sarnoff em resposta a sua consulta urgente sobre investimentos em rádio nos anos 20). “Quem se interessaria em ouvir atores falando?” (H. M. Warner, Warner Brothers, no auge do cinema mudo, 1927). “Máquinas mais pesadas do que o ar são impossíveis” (Lord Kelvin, presidente da Royal Society, 1895). “O professor Goddard não conhece a relação entre a ação e reação e a necessidade de ter algo melhor do que o vácuo contra o qual reagir. Ele parece não ter o conhecimento básico ensinado diariamente em nossas escolas secundárias” (Editorial do New York Times a respeito do estudo revolucionário de Robert Goddard sobre os foguetes, 1921).

 “Broca para petróleo? Você quer dizer furar o chão para encontrar petróleo? Você está louco!” (Operários que Edwin L. Drake tentou contratar para o seu projeto de prospecção de petróleo em 1859). “Aviões são brinquedos interessantes, mas sem nenhum valor militar” (Marechal Ferdinand Foch, professor de estratégia na École Supérieure de Guerre, Paris).

O mundo é uma bola

30 de julho de 752: fundação de Bagdá, capital do Iraque e da província de Bagdá. Hoje com 7,5 milhões de habitantes, é a maior cidade iraquiana e a segunda maior cidade do Sudoeste asiático depois de Teerã. Situa-se às margens do Rio Tigre, que a divide em duas partes: a metade oriental conhecida como Rusafa e a metade ocidental, Karkh, terreno plano resultante de aluvião devido às longas e periódicas inundações do rio.

Clima quente e árido (BWH de Köppen), uma das cidades mais quentes do mundo. No verão, de junho a agosto, a temperatura média é de 32ºC, sol abrasador e chuvas praticamente inexistentes. Durante o dia, as temperaturas podem alcançar 50 graus à sombra, umidade relativa muito baixa. No inverno as temperaturas são suaves, não sendo raro que desçam a menos de zero grau.

Chuvas médias anuais de 140mm, com registros máximos de 575mm e mínimos de 23mm. É de espantar que alguém more por lá e a população da Grande Bagdá chega a 9 milhões de pessoas, sem falar das guerras, das bombas e da ameaça do califado, prova provada de que a espécie humana, seja bagdali, brasileira ou norte-americana, sem esquecer a norueguesa e a congolesa, não tem solução.

Em 1766, carta régia que proíbe no Brasil os ourives, fiadores de ouro e as indústrias de sedas e algodões tecidos. Em 1792, uma música escrita sob encomenda por Claude Joseph Rouget de Lisle se torna popular quando as tropas voluntárias cantam-na durante a marcha de Marselha para Paris. Chamada Marselhesa, a canção passa a ser o símbolo da revolução e é escolhida como hino nacional da França. Karim Mostafa Benzema, pronúncia benzemá, atacante do Real Madrid, se recusa a cantar o hino quando atua pela Seleção Francesa. Fosse treinador daquela seleção, um philosopho conhecido nosso mandaria dar uma coça no goleador.

Ruminanças

“Os jesuítas têm todos os tormentos da ambição, sem lhe ter os prazeres” (Voltaire, 1694-1778).

O ensino pelo exemplo - Joísa de Abreu

Combate ao bullying na escola começa pela educação de valores como o respeito e a tolerância e passa pela postura dos professores


Joísa de Abreu

Estado de Minas: 30/07/2014



Recentemente, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou proposta que obriga todas as escolas brasileiras a realizar campanhas anuais contra o bullying. Essa aprovação traz à tona toda a discussão que envolve o assunto, especialmente sobre a responsabilidade da escola e da família e as implicações para todos aqueles que nele estão envolvidos: agressor, vítima, pais e familiares, professores e colegas. Do ponto de vista legal, toda iniciativa normativa é bem-vinda e qualquer estratégia destinada a promover a tolerância, incentivar o respeito mútuo e a combater estigmas e preconceitos deve ser aplaudida. Faz-se necessário, entretanto, refletirmos com mais cuidado sobre a questão.

O bullying, por definição, é toda e qualquer atitude agressiva, intencional e repetida, que ocorre sem motivação evidente e é adotada por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e angústia, sendo executada dentro de uma relação desigual de poder. Apesar das pesquisas sobre bullying terem ganhado destaque a partir dos anos 1990, ou seja, recentemente, o fenômeno da agressividade na escola é quase tão antigo quanto a própria escola. Daí alguns educadores e pais subestimarem as queixas de alunos e filhos e não adotarem atitudes para inibir condutas inadequadas.

Sabe-se que a escola é espaço privilegiado de convivência. É nele que se reúnem pessoas com a mesma faixa etária e na mesma fase do desenvolvimento, partilhando direitos e deveres. Ainda na primeira infância, crianças aprendem a viver em grupo, dividir a atenção do outro e interesses comuns. Com o passar dos anos, o desafio da convivência se amplia e habilidades interpessoais precisam ser ainda mais desenvolvidas. Nessas circunstâncias, a vivência de conflitos entre os pares é corriqueira. Como já dizia a educadora Madalena Freire, um grupo se constrói na cumplicidade do riso, da raiva, do choro, do medo, do ódio, da felicidade e do prazer. Já a atitude extrema do bullying foge por completo dos conflitos usuais descritos anteriormente. A pergunta que se faz é: como lidar com essa situação?

O projeto de lei que torna obrigatória a realização de campanha antibullying nas escolas de todo o país tem como objetivo prevenir e combater essa prática e esclarecer os aspectos legais e éticos que a envolvem, além de conscientizar sobre suas causas e consequências. Essa é uma iniciativa louvável, já que a falta de informação pode agravar uma prática nefasta e prejudicial. Entretanto, ainda é preciso fazer mais. Não adianta criar leis se, no dia a dia da escola, não se ensina alteridade, empatia e compaixão. Não me refiro ao ensino acadêmico ou meramente conceitual desses valores, mas sim ao ensino através do exemplo. De nada adianta definir o bullying, caracterizar seus atores (vítima e agressor), listar suas causas e consequências, se, por exemplo, professores assistem impassíveis a estudantes humilharem uns aos outros com apelidos aparentemente “inofensivos”. É preciso transformar a escola em um ambiente, do ponto de vista socioemocional, seguro para os alunos. Diante disso, o desafio que se impõe às instituições educativas está no “como fazer”.

A alternativa está na realização de um amplo projeto de formação para educação em valores, que transforme as pessoas e suas relações. Ensinar respeito e tolerância, desenvolver a habilidade de resiliência diante de situações adversas, estimular ações solidárias e cultivar a gentileza são atitudes que devem se tornar corriqueiras na escola. Diz-se que “as palavras movem, mas os exemplos arrastam”. Cabe aos educadores, mais do que ensinar, ser, eles próprios, agentes de transformação da educação que se dá por meio do exemplo.