quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ricos atrasaram a extensão de pacto do clima, afirma brasileiro


Para negociador-chefe, conversas no Qatar agora se aceleraram
Karim Jaafar/France Presse
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Doha
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Doha
GIULIANA MIRANDAENVIADA ESPECIAL A DOHAO negociador-chefe do Brasil na COP-18, a convenção do clima da ONU que acontece até sexta em Doha, no Qatar, afirmou que as negociações para a extensão do Protocolo de Kyoto estão "em ritmo acelerado", mas que ainda é cedo para falar em resultados.
"Hoje é terça-feira, e nas terças [nessas convenções] nós não temos grandes decisões. Elas vão ser tomadas no fim da semana", resumiu o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Ele subiu o tom quanto à responsabilidade pelas dificuldades nas negociações.
"Essa negociação poderia ter acabado vários anos atrás, o que não aconteceu porque os países desenvolvidos quiseram adiar a decisão. Mas nós não podemos mais adiar. Os compromissos acabam no fim deste mês e nós precisamos de algo já no primeiro dia do ano que vem", afirmou.
O posicionamento mais enérgico do Brasil veio após um pedido do presidente da COP-18, Abdullah Bin Hamad Al Attiyah, para que o país, juntamente com a Noruega, intercedesse no processo de extensão de Kyoto.
Firmado em 1997, o protocolo compromete as nações desenvolvidas a reduzirem em 5,2% suas emissões de gases-estufa, entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990. Hoje o único pacto mundial de proteção climática, ele deixa de valer no próximo dia 31.
Na conferência do ano passado, em Durban, na África do Sul, os países-membros concordaram em redigir um novo tratado em 2015, a ser implementado até 2020. Para não deixar o mundo sem nenhuma meta de redução, propuseram um "puxadinho" do protocolo inicial.
O maior entrave às negociações continua sendo o chamado "hot air", carbono que alguns países deixaram de emitir além das metas de Kyoto por causa do declínio econômico, e não porque efetivamente tenham limpado sua matriz energética.
Um grupo liderado por Rússia, Polônia e Ucrânia, cujas emissões caíram significativamente nesses termos, quer que tais "sobras" sejam levadas para a próxima etapa do acordo.
Com a abertura oficial das negociações de alto nível, ontem à tarde, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu urgência e responsabilidade aos países ricos. "Estamos em uma corrida contra o tempo para evitar o aquecimento global", declarou Ban.

    ONU 'explora desgraça' do clima, diz carta
    DE SÃO PAULO
    Uma carta enviada ao secretário-geral da ONU por mais de 120 cientistas, a maioria deles físicos dos EUA e do Canadá, pede que Ban Ki-moon "deixe de explorar a desgraça das famílias" afetadas por desastres climáticos e pare de afirmar que eles foram causados ou intensificados pelo aquecimento.
    A missiva argumenta que, segundo dados do Escritório Meteorológico Britânico, não teria havido aumento significativo da temperatura global nos últimos 16 anos, apesar da emissão crescente de gases do efeito estufa.
    Para os signatários do texto, "não há como um aquecimento global que não ocorreu ser responsável pelos eventos extremos dos últimos anos".
    É bom lembrar, porém, que nove dos dez anos mais quentes da história foram de 2000 para cá.

    MARTHA MEDEIROS - Otimizando a corrida


    Zero Hora - 05/12/2012

    Tarde de sexta-feira, entro num táxi para me levar à oficina onde havia deixado meu carro para a revisão. Estávamos descendo a Rua Salvador França quando uma moça na calçada fez sinal – obviamente não viu que o táxi já estava ocupado. Mas o motorista parou mesmo assim, enquanto me comunicava: “Vou descobrir para onde ela vai, de repente é perto e levo as duas juntas”. Eu respondi: “Sinto muito, mas vamos em frente”.

    O fominha pretendia recolher todos os passageiros que encontrasse e foi negociar justo comigo, que nunca fui fã de jeitinhos.

    A explicação dele para sua atitude: “Dona, na Europa todos os taxistas fazem isso. Nós somos muito atrasados. Eles são mais inteligentes que nós, por isso são de Primeiro Mundo”.

    Meu caro Anselmo, Renato, Valdir ou seja qual for o seu nome: eles não são mais inteligentes que nós – eles são mais organizados que nós, mais corretos que nós, mais respeitadores que nós. Existem vários tipos de transporte coletivo: lotações, ônibus, bondes, metrô. O táxi não é coletivo. Pode conduzir mais de uma pessoa, mas faz viagens individuais. É assim que os táxis funcionam no mundo todo: por corrida.

    Em tese, você está certo, seria um favor ao trânsito caótico das cidades se os carros transportassem mais gente, e isso até pode acontecer de forma consensual: duas pessoas aguardam no ponto, começam a conversar e descobrem que estão indo para a mesma rua. Podem decidir compartilhar o táxi, é uma atitude civilizada. O que não pode é isso ser decisão do motorista. Há regras que regulamentam cada atividade, e um passageiro que pega um táxi sozinho tem o direito de seguir sozinho até seu ponto de desembarque, sem ser coagido a rachar tarifas e negociar trajetos com uma pessoa estranha recolhida no meio do caminho.

    Claro que cheguei em casa me sentindo a malvada da novela. Vá que a moça na calçada estivesse, numa coincidência pouco provável, indo para a mesma rua que eu, que economia faríamos. E eu poderia ter feito uma nova amiga. E o motorista de táxi teria feito uma boa ação para a cidade. E todos dormiríamos felizes.

    O motorista estava com sua corrida garantida, mas quis emendar com outra: eu sairia do carro, a moça continuaria a viagem, aí ele poderia recolher outro passageiro, ela sairia no ponto desejado e esse outro passageiro seguiria adiante, e assim o motorista manteria seu táxi constantemente ocupado, num rodízio que otimizaria 100% do seu turno de trabalho. Se essa ideia for boa mesmo, que seja autorizada por lei, implantada e divulgada pelos meios de comunicação, com segurança garantida aos usuários. A partir de então, todos poderiam acenar para táxis ocupados, a fim de saber se o trajeto que está sendo feito é o mesmo que eles pretendem fazer. Todo táxi viraria um táxi-lotação. Prevejo uma bagunça, mas, oficializando, me adapto.

    Enquanto isso, sigo malvada.

    Diário da Dilma > Bobagem faz quem espirra na farofa


    Revista Piauí - Edição 75 > Dezembro de 2012



    Bobagem faz quem espirra na farofa


    1º DE NOVEMBRO_Depois do Haddad, o segundo prefeito eleito que recebo é o de... Niterói. Niterói! Ainda dizem que o PT se saiu bem nessas eleições.
    2 DE NOVEMBRO_Dia de Finados. Mandei flores para a casa do Serra. Dilminha está espirituosa.
    O corretor ortográfico do Word manda trocar Dilminha por “Diplominha”. E as pessoas ainda se perguntam por que a Microsoft perdeu a liderança para a Apple e o Google.
    4 DE NOVEMBRO_Alguém me explica esse sistema eleitoral americano? Mamãe e a Gleisi até tentaram, mas é evidente que não sabem o que falam. A Ideli, que não perde uma oportunidade de ficar calada, me apareceu aqui no Alvorada com um datashow. Disse que leu a Wikipédia e compreendeu tudo. No terceiro slide, mandei-a para fora. Desde quando brasileiro com mais de cinco idas a Orlando tem direito a um voto no colégio eleitoral? O jeito foi apelar para o Patriota. O problema é que não pesco metade das coisas que ele diz.
    “A maturidade me deu uma adequação, uma maneira de ver a vida sem perder o entusiasmo”, disse a Claudia Raia ao jornal O Dia. Achei precioso.
    5 DE NOVEMBRO_Ah, pus o Jabaquara em campo, mas pus mesmo! Não é que esse infeliz do Mercadante liga para a moça que deu à luz no banheiro do local de exame do Enem, para dar parabéns e dizer que ela é nossa garota Enem?! Será que aquele bigode atrapalha o tráfego dos neurônios? Dei-lhe um esculhambaço de antologia.
    Cerimônia da Ordem do Mérito Cultural. Outra chatice. Ao menos tirei uma foto com Dona Nenê. O Sarney saiu de papagaio de pirata. Digam o que quiserem, mas ninguém se materializa como ele. O homem é o Mozart da aparição súbita.
    6 DE NOVEMBRO_Reunião com o Lula seguida de jantar com o PMDB. Essas coisas ninguém diz quando vem perguntar se você quer concorrer à Presidência. Cheguei em casa atordoada. Ô troço chato! Se o Exército prestasse, mandava disparar uns mísseis contra Bueno Aires só para desanuviar.
    7 DE NOVEMBRO_Que inveja da Michelle! Ando meio suspirosa, me sentindo sozinha nesse palácio, e aparece ela, com aquele bração e a cinturinha fina, abraçando o Obama daquele jeito! Deixei até escapar uma lágrima furtiva! Fiquei com aquela música na cabeça: “Como vai você/ que já modificou a minha vida/ razão da minha paz já esquecida...”
    A Ideli está decepcionadíssima com o resultado da eleição. Ela estava doidinha para ser apresentada ao Romney. Achava que, com o vestidinho certo, tinha chance, a sirigaita!
    9 DE NOVEMBRO_Esse assunto dos royalties já não estava encerrado? Não estou entendendo mais nada. Se o Cabral vier reclamar, ponho um guardanapo na cabeça e nem gasto o verbo. Faz bobagem quem espirra na farofa.
    Gleisi me deu uma bolsa fluo laranja. Disse que é o hit do verão e que vai acender meu look monocromático. É importante estar cercada das pessoas certas.
    10 DE NOVEMBRO_Acordei outra! O Patriota me avisou que vou para a Espanha! Adoro, adoro, adoro! Sou louca por aqueles leitõezinhos, fazer compras no El Corte Inglés, tomar uma sangria. É tudo de bom! Sei que eles estão numa pindura danada, coitados, mas o que eu posso fazer? De repente até consigo um apartamentinho em conta...
    11 DE NOVEMBRO_Hum, acordei num bad hair day! Não há escova que dê jeito! Dane-se! Vou trabalhar de pijama. Se emperiquitar toda para encontrar o Guido?! Só vale o esforço quando a agenda prevê discussões sobre os graves assuntos energéticos do país.
    12 DE NOVEMBRO_Chegou convite para a posse do Joaquim Barbosa. Lamento, mas estarei ocupada lendo a entrevista da Christine Lagarde na Vogue.
    Esse pessoal não tem mais o que fazer. Querem tirar o “Deus seja louvado” das cédulas. O pessoal da ala mais radical do PT queria trocar por “Dirceu seja libertado” e o Cabral sugeriu abrir uma licitação para ocupar o espaço com um anunciante. Que gente!
    13 DE NOVEMBRO_Agora o Kassab vem me apoiar. Não tenho mais onde empregar tanta gente. Vou abrir uma empreiteira, uma creche, sei lá.
    A Lagarde diz que compra terninhos na Austin Reed, de Londres. Resistem bem a voos intercontinentais. Anotei. Questão: a que horas ela se bronzeia? A Ideli acha que ela viaja dentro de um bronzeador, feito o Drácula. Não sei. Certo é que, se continuar assim, vai ficar com pele de retirante da seca.
    14 DE NOVEMBRO_Mudei meu perfil clandestino no Facebook para Wanda Guarani-kaiowá. Carlos Minc curtiu. Fiquei emocionada. Ando mesmo precisando de afagos.
    “Ex-mai love, ex-mai love. Se botar teu amor na vitrine, ele nem vai valer 1,99.” Gaby Amarantos entende a alma feminina.
    15 DE NOVEMBRO_Entrou um mosquito do tamanho de um pombo aqui no palácio. Mamãe queria matar. Pedi para o segurança cobrir com um paninho e jogá-lo lá fora.
    Jantei queijo de cabra com espinafre.
    17 DE NOVEMBRO_Minha prima de Belo Horizonte me ligou para dar outro toque. Diz que estou com uma postura muito ruim, deselegante mesmo. Que eu preciso aprender a sentar direito... Recomendou que eu observasse como a Cristiana Lôbo cruza a perna. Fui olhar e vi que fica bom mesmo! Mas é uma ginástica!
    18 DE NOVEMBRO_Me desapeguei das novelas. Depois de Avenida Brasil não tive mais paciência com essa Salve Jorge. Liguei a televisão e dei com uma cena de gafieira. De novo? Sou muito a favor da ascensão da classe C, mas bem que ela podia ascender só até a novela das 7, e deixar a das 8 para aquelas tramas elegantes do Leblon. Pelo menos me sobra mais tempo para ler esses tais Tons de Cinza. Nunca soube que era possível fazer tanta coisa com uma gravata.
    19 DE NOVEMBRO_“Austeridade sozinha não ajudará a Europa”, discursei na 22ª Cúpula Ibero-Americana. Quem é que dá lição ao Primeiro Mundo? Quem?
    O rei Juan Carlos me mostrou o palácio. Pela primeira vez em não sei quanto tempo meu coração deixou de pertencer a um só amo. La noche no quiere venir/ para que tú no vengas/ ni yo pueda ir./ Pero yo iré. Lorca.
    20 DE NOVEMBRO_“Nenhuma pessoa neste mundo de Deus está acima dos erros e das paixões humanas”, acabei dizendo ao El País, a propósito do mensalão. Estou passional. Parto vestindo as pedras semipreciosas que Juan me ofereceu. “Tu eres la doña que dicta la moda de la mujer emergente contemporánea”, disse-me na porta do palácio, com um floreio de mão. Respondi inclinando-me para a frente, numa mesura. Funcionou para disfarçar a quase perda de sentidos.
    22 DE NOVEMBRO_Tive que ir à posse do Joaquim. Pegou mal o que fizemos na CPI do Cachoeira. João Santana mandou sorrir e dar tchauzinho de miss para os fotógrafos. Cadê minha capa preta?
    23 DE NOVEMBRO_O chato do Aldo Rebelo veio me sugerir para trocar o nome dessa Black Friday para Sexta Negona. Virei de lado e desdenhei: Talk to the hand.
    Aproveitei para comprar um fogão e uma geladeira por um preço incrível. Zelo pelo dinheiro público é isso.
    25 DE NOVEMBRO_Vi a Hillary, tão abatida por causa dessa confusão lá em Israel! Nem sei direito onde ela estava. O cabelo lambido, o olho empapuçado, muito velha, acabada mesmo! E olha que a gente tem a mesma idade!
    26 DE NOVEMBRO_Dente para fora evita a comissura dos lábios. Não vou mais pôr aparelho.

    FERNANDO BRANT » Muriqui


    Estado de Minas: 05/12/2012 

    Clara está preocupada com o muriqui. Estudando, soube que ele está em vias de extinção. Aí, me lembro de um texto que recebi, há algum tempo, do Luiz Márcio Pereira. O avô corre às informações e fica sabendo dos outros nomes do bichinho: monocarvoeiro ou macaco aranha. Com 150 centímetros de altura e 20 quilos de peso, ele carrega os títulos de maior primata das Américas e o maior mamífero terrestre exclusivamente brasileiro.

    Olha que maravilha de raça boa. Não competem por nada, em tudo colaboram e são anarquistas, pois não conhecem liderança nem hierarquia. Querem mais? Nem por fêmeas eles brigam, a escolha é sempre delas e os machos aceitam. E em tupi o seu nome significa “povo tranquilo”.

    Olhando pelo que passa ao nosso redor, pelos seres humanos com quem às vezes somos obrigados a conviver, fico pensando se são esses simpáticos puladores de galhos que deveriam estar passando pelo perigo de desaparecer.

    O ser humano, é preciso reconhecer, desaprendeu as lições dos macacos dos quais descende. Culturas certamente consideradas superiores, como a grega e a romana, eram escravagistas e machistas, o que não me parece sinal de sabedoria. 
    É bom lembrar que a história da escravidão começou entre brancos, escravo em inglês é slave, eslavo, muito antes dos navios negreiros. E que na África, quem comerciava homens negros eram também negros de outras tribos. E que se o primeiro homem/mulher veio da África, os aspectos exteriores que a humanidade foi adquirindo através dos tempos advêm das condições naturais que foi encontrando em cada região em que resolveu se estabelecer. A pele, o nariz, as mãos e os pés, tudo passou pelo processo de adaptação. Por que será que as orelhas crescem nos idosos?

    Desde que se difundiu a ideia de que a mulher veio da costela de Adão e que ela seria a culpada pelo tal de pecado original, ficou estabelecida a ideia da inferioridade das fêmeas. A Galileia não era a Judeia discriminadora das mulheres. De lá saíram as seguidoras do Galileu, companheiras na distribuição do conhecimento, é o que alguns estudos bíblicos vêm esclarecendo.
    O fato é que, em vez dos muriquis, o que deveria ser extinto são os preconceitos de toda espécie. Vamos preservar o que resta da mata atlântica, para que o macaco-aranha continue a nos ensinar a alegria de viver. Com respeito e sem hierarquia, com um feminismo não ideológico, com muita brincadeira e boa anarquia.

    Para a Clara, ainda não disse que, quando menino, passava horas trepado nas árvores da casa, comendo frutas, e da cidade: ágil, intrépido, moleque e feliz . Eu era um quase muriquizinho.

    Joelmir e Fidel - Frei Betto‏

    Em agosto de 1985, convidado pelo líder cubano, o jornalista vai à ilha do Caribe e ambos trocam curiosidades 

    Frei Betto
    Estado de Minas: 05/12/2012 
    Conheci Joelmir Beting na década de 1980. Devido a seus sutis comentários econômicos críticos à ditadura, recheados de metáforas e tiradas brilhantes, convidei-o a proferir palestra na Semana do Trabalhador, em São Bernardo do Campo.
     Pouco depois, sugeri a Fidel Castro, interessado em conhecer melhor a economia brasileira, convidar Joelmir Beting para visitar Cuba. Desembarcamos em Havana na quinta, 9 de maio de 1985.
     Fidel perguntou ao jornalista brasileiro:
     — Qual o seu trabalho diário?
     — Faço uma hora e meia de programa de rádio e, à noite, meia hora de TV. Escrevo também uma coluna diária, reproduzida em 28 jornais.
     Joelmir narrou-lhe sua história: era filho de um boia-fria morto, como tantos outros lavradores ainda hoje, devido à queda do caminhão que o levava ao trabalho. Cresceu entre lavouras de cana e café, criado pelo venerável padre Donizetti, em Tambaú, interior de São Paulo. Estudou ciências sociais na Universidade de São Paulo e trabalhou como professor primário – o que lhe deu facilidade para traduzir o economês em linguagem acessível ao grande público.
     — São Paulo tem muita cana? – perguntou Fidel.
     — Produz 70% da cana-de-açúcar do Brasil – esclareceu Joelmir, que aproveitou a deixa para fazer uma pergunta: 
     — O que o senhor lê todos os dias?
     — Todas as manhãs recebo uma pasta com as notícias do dia selecionadas por índice: Cuba, açúcar, Estados Unidos etc. Primeiro, confiro as fontes. Sei que as agências dos Estados Unidos não são imparciais. Gasto nisso entre uma hora e uma hora e meia. Assim, tenho uma visão global de tudo que as agências internacionais informam sobre cada item.
     — Ninguém conhece o computador que o ser humano tem na cabeça – comentou Joelmir. — Como é o seu trabalho?
     — É um trabalho tenso, difícil, que encerra uma responsabilidade muito grande. Mas se habitua. Trato de aprender em conversas com visitantes. Através de amigos, sei como se pensa em muitos países.
     — Mas o senhor gosta de falar em público?
     — Tenho medo cênico. Falo de improviso, porque o povo não gosta de discursos escritos. Parto de argumentos. É claro que chego tenso, mas a reação do público estimula. Chego como quem se apresenta a um exame. Quando devo falar de saúde, por exemplo, preciso memorizar as cifras. Se trata de gravar os índices de mortalidade infantil, consigo-o rápido. É mais difícil quando o problema está determinado por 15 ou mais fatores. Tenho que dominar o tema e ordená-los. Há gente que explica o que não entende. Se não domino um tema, não procuro explicá-lo.
     — Em Cuba, o projeto social está realizado? – quis saber Joelmir Beting.
     — Sim, no essencial.
     —Este é o modelo cubano?
     — Há muito de cubano. O sistema eleitoral é todo cubano. Cada circunscrição, com 10 mil eleitores, elege seu delegado ao Poder Popular. São os vizinhos que votam. E são eles que propõem um nome para delegado. Sugerem o máximo de oito nomes e o mínimo de dois. O partido não se mete nisso. São eleitos aqueles que obtêm mais de 50% dos votos. Esses delegados formam a Assembleia Municipal e elegem o Poder Executivo municipal. Depois, se reúnem as comissões, integradas pelo partido e pelas organizações de massa, para eleger os delegados da província e os 500 deputados da Assembleia Nacional. Mais da metade desses deputados sai da base. A cada três meses, os vizinhos se reúnem com o delegado da circunscrição para avaliar o seu desempenho. E podem inclusive cassá-lo. Esse sistema de a população apontar os candidatos que integram metade da Assembleia Nacional é a democracia de baixo para cima. Não é como um político burguês que, depois de eleito, passa quatro anos sem prestar contas e sem que possam cobrar dele. O Poder Popular nomeia o responsável pela saúde na província, mas, para evitar choques, consulta antes o ministério. É uma forma de evitar tensões entre o Poder Popular e o poder central.
    O diálogo entre Fidel e Joelmir Beting foi reproduzido em forma de entrevista em todos os jornais brasileiros para os quais Joelmir Beting colaborava na época e, em agosto de 1985, editado em livro pela Brasiliense, sob o título Os juros subversivos.

    CIÊNCIA » Esforços globais pelo clima‏

    Estudo divulgado na conferência da ONU diz que nações em desenvolvimento também têm de reduzir emissões de gases. Secretário-geral da ONU clama por um compromisso de todos 



    Estado de Minas: 05/12/2012 

    Doha –Ainda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aumento da temperatura global em mais dois graus Celsius, indica um estudo divulgado ontem pelo Grantham Instituto de Pesquisa em Mudanças Climáticas e Meio Ambiente e pelo Centro para Mudança Climática, Economia e Política, durante a Conferência das partes para Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP-18).
    O estudo reconhece a desigualdade profunda entre os países ricos, que construíram seu crescimento usando combustíveis fósseis, e os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas. Mas este princípio, defendido pelos países emergentes para não serem submetidos às mesmas exigências que os países desenvolvidos quanto à luta contra o aquecimento global, não deve bloquear o progresso neste campo, afirma o economista britânico Nicholas Stern, autor de um relatório referencial sobre o custo das mudanças climáticas.
    No momento, os esforços da comunidade internacional são ‘perigosamente lentos’, afirmam preocupados Stern e outros dois economistas, Mattia Romani e James Rydge, que advertem que, no ritmo atual, "o nível de risco é imenso". “As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu”, diz o estudo assinado pelos três. O material foi publicado no calor das negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas, que devem terminar na sexta-feira em Doha.
     Essas negociações conduzidas pela ONU devem culminar em 2015 com um acordo global, que comprometa todos os países a fazer algo contra as mudanças climáticas, e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cujo parágrafo II deve ser assinado no Catar.
    Segundo o estudo, para ter uma oportunidade "razoável" de evitar um aquecimento de mais dois graus Celsius, marca para além da qual os cientistas acreditam que o sistema climático pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030.
    “Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir entre 37 e 38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11 a 14 bilhões de toneladas”, ou seja, dois terços do total contra um terço em 1990, segundo o estudo. Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% para a União Europeia.

    KYOTO II O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.
    Às equipes que negociam desde 26 de novembro começaram a se somar, esta terça-feira, os ministros do Meio Ambiente, da Energia e Relações Exteriores, encarregados de concluir as negociações a poucos dias do fim da reunião, conforme é praxe nas conferências do clima. A tensão fica concentrada nos dois últimos dias, com comissões varando o trabalho madrugada adentro.
    “Não tenhamos ilusões. Isto é uma crise, uma ameaça para todos nós, nossas economias, nossa segurança e o bem-estar dos nossos filhos e daqueles que virão depois deles”, disse Moon aos delegados e ministros. “Os sinais de perigo estão por todas as partes", acrescentou. “As emissões de gases de efeito estufa alcançaram um nível recorde. Nós, coletivamente, somos o problema”, emendou.
     O secretário-geral da ONU instou às delegações a “demonstrar um espírito de compromisso”. “Conto de verdade com um forte compromisso de vossa parte”, acrescentou. As negociações versam sobre o Protocolo de Kyoto II e a ajuda financeira aos países do sul, muito vulneráveis às mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento pedem US$ 60 bilhões até 2015 para financiar a transição entre a ajuda de emergência, de um total de US$ 30 bilhões para 2010-2012, e a promessa de de US$ 100 bilhões anuais antes de 2020. Ban Ki-Moon pediu “uma ajuda a médio prazo antes de 2015” e que se complete o novo Fundo Verde com US$ 100 bilhões.
     Por enquanto, a União Europeia e os Estados Unidos se negaram a se comprometer com o desembolso de cifras precisas. O Reino Unido, ao contrário, anunciou ontem que desbloqueará 1,8 bilhão de libras (US$ 2,8 bilhões) em 2014 e 2015.O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.

    MARCOS COIMBRA » Conversando com FHC‏

    FHC poderia em muito ajudar os amigos. Esses que fingem ter nascido ontem e se dizem empenhados em "limpar" a política 

    Estado de Minas: 05/12/2012 
    É enternecedor o carinho de nossa grande imprensa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Sempre que o entrevistam, é uma conversa amena. Percebe-se a alegria dos jornalistas em estar na sua presença. 

    O tom é cordial, as perguntas são tranquilas. Tudo flui na camaradagem. 

    O que não chega a ser surpreendente. FHC é um boa prosa, que sabe agradar os interlocutores. Além de ser uma pessoa respeitável, seja pela trajetória de vida, seja por sua maturidade. 

    Natural que o tratem com consideração. 

    Estranho é constatar que a amabilidade com que é recebido não se estende a seu sucessor. A mesma imprensa que o compreende tão bem costuma ser intransigente com Lula. Para não dizer francamente hostil e deselegante. 

    Quem lê o que ela tem falado a respeito do petista nos últimos dias e o compara ao tratamento que recebe Fernando Henrique deve achar que um deixou a Presidência escorraçado e o outro sob aplauso. Que a população odeia Lula e adora o tucano. 

    Esta semana, tivemos mais um desses bate-papos. Saiu na Folha de S. Paulo. 

    FHC discorreu sobre o Brasil e o mundo. Falou do PSDB, de Aécio e Serra. Meditou sobre o julgamento do mensalão com a sabedoria de quem o vê a prudente distância. Opinou sobre Dilma e Lula. Contou de sua vida particular, a família e os amores. 

    Foi uma longa conversa, sóbria e comedida – embora com toques de emoção. 

    Mas foi frustrante. Acabou sendo mais uma oportunidade perdida para ouvir FHC sobre algumas questões que permanecem sem resposta a respeito de seu governo. 

    É pena. Não está na moda “passar o Brasil a limpo”? “Mudar o Brasil”? “Ser firmes e intransigentes com a verdade”? 

    Ninguém deseja que Fernando Henrique seja destratado, hostilizado com perguntas aborrecidas e impertinentes. Que o agridam.

    Um dia, no entanto, bem que alguém poderia pedir, com toda a educação, que falasse.

    Que contasse sua experiência como líder do governo Sarney no Congresso, quando viu (só viu?) mais de mil concessões de televisão e rádio fazer parte das negociações em troca de apoio parlamentar. 

    Que descrevesse o projeto de o PSDB permanecer no poder por 20 anos e como seria posto em prática, quais as alianças e como seria azeitado (sem esquecer a distribuição, sem licitação, de quase 400 concessões de TVs educativas a políticos de sua base). 

    Que relembrasse os entendimentos de seu operador com o baixo clero da Câmara para aprovar a emenda da reeleição. Quanto usou de argumentos. E o que teve que fazer para que nenhuma CPI sobre o assunto fosse instalada. 

    Que apontasse os critérios que adotou para indicar integrantes dos tribunais superiores e nomear o procurador-geral da República. Que explicasse como atravessou oito anos de relações com o Judiciário em céu de brigadeiro. 

    Que refletisse sobre o significado de seus principais assessores econômicos tornarem-se milionários imediatamente após sair do governo – coisa que, se acontecesse com um petista, seria razão para um terremoto. 

    Enfim, FHC poderia em muito ajudar os amigos. Esses que fingem ter nascido ontem e se dizem empenhados em “limpar” a política. 

    Bastaria que resolvesse falar com clareza. 

    No mínimo, diminuiria a taxa de hipocrisia no debate atual e reduziria o papo furado. O que é sempre bom.

    MÚSICA » Obra aberta (Mario Adnet ) - Ailton Magioli‏

    O compositor e maestro Mario Adnet volta ao repertório de Villa-Lobos. Novo disco reuniu os cantores Edu Lobo, Milton Nascimento e Monica Salmaso. Letras ganharam destaque especial 

    Ailton Magioli
    Estado de Minas: 05/12/2012 
    De volta ao universo com o qual havia trabalhado no disco Coração popular, há uma década, o arranjador, cantor, compositor e maestro carioca Mario Adnet brinda os fãs de Heitor Villa-Lobos com o que classifica de visita mais madura ao repertório do autor: o CD Mario Adnet – Um olhar sobre Villa-Lobos, recém-lançado pelo selo Borandá.
    “Villa foi um compositor sem fronteiras”, constata Mario, recorrendo ao próprio homenageado, que dizia que suas músicas eram cartas escritas à posteridade, mas sem resposta à vista. “Engraçado... Desta vez, fui mais respeitoso à obra dele ainda, porque não desconstruí nada”, diz Adnet, que reuniu um time de primeiríssima linha para interpretar a música genial do autor das Bachianas.

    Com a ajuda da filha, Joana Adnet, Mario diz ter escolhido as faixas quase intuitivamente. O repertório é cantado por ele e a irmã, Muiza Adnet (Realejo/ Seresta nº 12, com poesia de Alvaro Moreyra); Paula Santoro (Tristorosa, com poesia de Cacaso); Edu Lobo (Trenzinho do caipira/ Tocata bachianas brasileiras nº 2, 4º mov., com poesia de Ferreira Gullar); Mônica Salmaso (Dança – Martelo – Bachianas brasileiras nº 5, 2º mov., com poesia de Manuel Bandeira); e Milton Nascimento (Aria – Cantilena – Bachianas brasileiras nº 5, 1º mov., com poesia de Ruth Valadares Correa). Peças instrumentais também integram o CD, que conta com o violonista Yamandu Costa, entre outros.

    Caipira Edu Lobo foi o primeiro artista popular a gravar Trenzinho do caipira, em 1978, no disco Camaleão, depois de descobrir a poesia dessa composição dentro do Poema sujo, de Ferreira Gullar. “Peguei a orquestração original de Villa, adaptei-a apenas aos sopros que tinha para gravar e não ficou muito diferente”, relata o maestro. Para ele, em gravações de orquestra a peça geralmente ganha muitas percussões, escritas pelo próprio autor. “Às vezes, elas se sobrepõem a detalhes melódicos e harmônicos que a gente não ouve. No original, tem sopros e violinos, mas eu os tirei e botei a voz do Edu”, informa.
    Atento a esse e a outros detalhes da obra de Heitor Villa-Lobos, Mario Adnet lembra que a peça gravada por Milton Nascimento é a mais famosa. “Só que todos conhecem a parte que Marisa Monte cantou no encerramento das Olimpíadas de Londres”, comenta Adnet. Ele salienta o fato de a letra ser nitidamente um poema, musicado pelo maestro diferentemente da letra musical. “Milton Nascimento cantou muito bem, exatamente como eu havia imaginado. Foi uma coisa diferente, sublime”, elogia Mario.

    Cacaso A cantora Paula Santoro – que Adnet conheceu em 1988, na casa do escritor mineiro Cacaso – não por acaso comparece na faixa Tristorosa, que ganhou letra do próprio poeta. “Foi a forma que encontrei de lincar nossa amizade àquele momento”, justifica.

    Já a presença de Mônica Salmaso se deve à antiga amizade. “Ela é uma irmã querida. Temos afinidade musical muito grande”, diz Mario Adnet, que sempre propõe desafios à cantora. “Até o fim, ela não sabia se ia dar certo”, diverte-se. Monica cantou o 2º movimento da mesma Bachiana (nº 5) gravada por Milton Nascimento.

    Dentro do câmpus
    Apesar das constantes tentativas que fez no Brasil, o sonho de Mario Adnet de levar a música para a universidade vai ocorrer nos Estados Unidos. O maestro embarca hoje para aquele país. Domingo, ele vai reger o concerto de fim de ano na Universidade de Mont Clair, em Nova Jersey. “O programa terá peças minhas, de Moacir Santos, de Baden Powell e de Tom Jobim”, antecipa Mario, contando que os ensaios vêm ocorrendo há meses. “Abre-se uma porta muito importante, o que venho tentando aqui no Brasil”, diz. Concertos como esse, afirma Mario Adnet, representam uma forma de plantar a semente da música no universo universitário.

    CIÊNCIA » Esforços globais pelo clima‏

    Estudo divulgado na conferência da ONU diz que nações em desenvolvimento também têm de reduzir emissões de gases. Secretário-geral da ONU clama por um compromisso de todos 

    Estado de Minas: 05/12/2012 

    Doha –Ainda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aumento da temperatura global em mais dois graus Celsius, indica um estudo divulgado ontem pelo Grantham Instituto de Pesquisa em Mudanças Climáticas e Meio Ambiente e pelo Centro para Mudança Climática, Economia e Política, durante a Conferência das partes para Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP-18).
    O estudo reconhece a desigualdade profunda entre os países ricos, que construíram seu crescimento usando combustíveis fósseis, e os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas. Mas este princípio, defendido pelos países emergentes para não serem submetidos às mesmas exigências que os países desenvolvidos quanto à luta contra o aquecimento global, não deve bloquear o progresso neste campo, afirma o economista britânico Nicholas Stern, autor de um relatório referencial sobre o custo das mudanças climáticas.
    No momento, os esforços da comunidade internacional são ‘perigosamente lentos’, afirmam preocupados Stern e outros dois economistas, Mattia Romani e James Rydge, que advertem que, no ritmo atual, "o nível de risco é imenso". “As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu”, diz o estudo assinado pelos três. O material foi publicado no calor das negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas, que devem terminar na sexta-feira em Doha.
     Essas negociações conduzidas pela ONU devem culminar em 2015 com um acordo global, que comprometa todos os países a fazer algo contra as mudanças climáticas, e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cujo parágrafo II deve ser assinado no Catar.
    Segundo o estudo, para ter uma oportunidade "razoável" de evitar um aquecimento de mais dois graus Celsius, marca para além da qual os cientistas acreditam que o sistema climático pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030.
    “Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir entre 37 e 38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11 a 14 bilhões de toneladas”, ou seja, dois terços do total contra um terço em 1990, segundo o estudo. Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% para a União Europeia.

    KYOTO II O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.
    Às equipes que negociam desde 26 de novembro começaram a se somar, esta terça-feira, os ministros do Meio Ambiente, da Energia e Relações Exteriores, encarregados de concluir as negociações a poucos dias do fim da reunião, conforme é praxe nas conferências do clima. A tensão fica concentrada nos dois últimos dias, com comissões varando o trabalho madrugada adentro.
    “Não tenhamos ilusões. Isto é uma crise, uma ameaça para todos nós, nossas economias, nossa segurança e o bem-estar dos nossos filhos e daqueles que virão depois deles”, disse Moon aos delegados e ministros. “Os sinais de perigo estão por todas as partes", acrescentou. “As emissões de gases de efeito estufa alcançaram um nível recorde. Nós, coletivamente, somos o problema”, emendou.
     O secretário-geral da ONU instou às delegações a “demonstrar um espírito de compromisso”. “Conto de verdade com um forte compromisso de vossa parte”, acrescentou. As negociações versam sobre o Protocolo de Kyoto II e a ajuda financeira aos países do sul, muito vulneráveis às mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento pedem US$ 60 bilhões até 2015 para financiar a transição entre a ajuda de emergência, de um total de US$ 30 bilhões para 2010-2012, e a promessa de de US$ 100 bilhões anuais antes de 2020. Ban Ki-Moon pediu “uma ajuda a médio prazo antes de 2015” e que se complete o novo Fundo Verde com US$ 100 bilhões.
     Por enquanto, a União Europeia e os Estados Unidos se negaram a se comprometer com o desembolso de cifras precisas. O Reino Unido, ao contrário, anunciou ontem que desbloqueará 1,8 bilhão de libras (US$ 2,8 bilhões) em 2014 e 2015.O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.

    CIÊNCIA » Esforços globais pelo clima‏

    Estudo divulgado na conferência da ONU diz que nações em desenvolvimento também têm de reduzir emissões de gases. Secretário-geral da ONU clama por um compromisso de todos 

    Estado de Minas: 05/12/2012 

    Doha –Ainda que os países industrializados deixem de emitir gases com efeito estufa em 2030, os países em desenvolvimento também devem reduzir suas emissões para conter o aumento da temperatura global em mais dois graus Celsius, indica um estudo divulgado ontem pelo Grantham Instituto de Pesquisa em Mudanças Climáticas e Meio Ambiente e pelo Centro para Mudança Climática, Economia e Política, durante a Conferência das partes para Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP-18).
    O estudo reconhece a desigualdade profunda entre os países ricos, que construíram seu crescimento usando combustíveis fósseis, e os países pobres, que serão particularmente atingidos pelas mudanças climáticas. Mas este princípio, defendido pelos países emergentes para não serem submetidos às mesmas exigências que os países desenvolvidos quanto à luta contra o aquecimento global, não deve bloquear o progresso neste campo, afirma o economista britânico Nicholas Stern, autor de um relatório referencial sobre o custo das mudanças climáticas.
    No momento, os esforços da comunidade internacional são ‘perigosamente lentos’, afirmam preocupados Stern e outros dois economistas, Mattia Romani e James Rydge, que advertem que, no ritmo atual, "o nível de risco é imenso". “As mudanças climáticas que podem ocorrer irão muito além do que o homem moderno já conheceu”, diz o estudo assinado pelos três. O material foi publicado no calor das negociações sobre a luta contra as mudanças climáticas, que devem terminar na sexta-feira em Doha.
     Essas negociações conduzidas pela ONU devem culminar em 2015 com um acordo global, que comprometa todos os países a fazer algo contra as mudanças climáticas, e não apenas os países industrializados, como é o caso do Protocolo de Kyoto, cujo parágrafo II deve ser assinado no Catar.
    Segundo o estudo, para ter uma oportunidade "razoável" de evitar um aquecimento de mais dois graus Celsius, marca para além da qual os cientistas acreditam que o sistema climático pode se acelerar, seria preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa de 50 bilhões de toneladas por ano a 35 bilhões de toneladas em 2030.
    “Com base nas ações lançadas atualmente, os países em desenvolvimento devem emitir entre 37 e 38 bilhões de toneladas em 2030, enquanto as emissões dos países ricos seriam de 11 a 14 bilhões de toneladas”, ou seja, dois terços do total contra um terço em 1990, segundo o estudo. Atualmente, a China representa 25% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, contra os 17% dos Estados Unidos e 11% para a União Europeia.

    KYOTO II O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.
    Às equipes que negociam desde 26 de novembro começaram a se somar, esta terça-feira, os ministros do Meio Ambiente, da Energia e Relações Exteriores, encarregados de concluir as negociações a poucos dias do fim da reunião, conforme é praxe nas conferências do clima. A tensão fica concentrada nos dois últimos dias, com comissões varando o trabalho madrugada adentro.
    “Não tenhamos ilusões. Isto é uma crise, uma ameaça para todos nós, nossas economias, nossa segurança e o bem-estar dos nossos filhos e daqueles que virão depois deles”, disse Moon aos delegados e ministros. “Os sinais de perigo estão por todas as partes", acrescentou. “As emissões de gases de efeito estufa alcançaram um nível recorde. Nós, coletivamente, somos o problema”, emendou.
     O secretário-geral da ONU instou às delegações a “demonstrar um espírito de compromisso”. “Conto de verdade com um forte compromisso de vossa parte”, acrescentou. As negociações versam sobre o Protocolo de Kyoto II e a ajuda financeira aos países do sul, muito vulneráveis às mudanças climáticas. Os países em desenvolvimento pedem US$ 60 bilhões até 2015 para financiar a transição entre a ajuda de emergência, de um total de US$ 30 bilhões para 2010-2012, e a promessa de de US$ 100 bilhões anuais antes de 2020. Ban Ki-Moon pediu “uma ajuda a médio prazo antes de 2015” e que se complete o novo Fundo Verde com US$ 100 bilhões.
     Por enquanto, a União Europeia e os Estados Unidos se negaram a se comprometer com o desembolso de cifras precisas. O Reino Unido, ao contrário, anunciou ontem que desbloqueará 1,8 bilhão de libras (US$ 2,8 bilhões) em 2014 e 2015.O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lembrou ontem aos 190 países presentes nas negociações a realidade da crise climática, pedindo-lhes um "compromisso" para obter um acordo sobre Kyoto II e ajuda financeira aos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, Índia e China.

    Promessa de alívio para desconforto -Vanessa Jacinto‏

    Técnica italiana para tratar hemorroidas é divulgada no Brasil. Mal atinge 50% da população mundial acima de 50 anos, diz OMS, e é considerado constrangedor por seus portadores 

    Vanessa Jacinto
    Estado de Minas: 05/12/2012 


    Depois de conviver durante anos com os incômodos sintomas da doença hemorroidária (DH) e de adiar a intervenção cirúrgica por medo do desconforto no pós-operatório, o representante comercial Alberto Fontich finalmente encontrou um procedimento que atendia suas expectativas. Há pouco menos de três meses, ele se submeteu a uma técnica que ainda é novidade no Brasil, mas que, desde 2003, vem sendo amplamente usada em toda a Europa.
    “Minha vida mudou, pois não tenho mais os inconvenientes relacionados à doença. Pude voltar a andar de bicicleta, o que faço três vezes por semana, e não tive mais nenhum episódio de sangramento ou de dor. Minha qualidade de vida melhorou muito”, diz.
    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a hemorroida acomete mais de 50% da população mundial acima dos 50 anos. Vista como uma doença constrangedora por seus portadores, ela se dá em função da dilatação das veias que se encontram na parte final do intestino. Com medo ou vergonha de procurar um médico e um tratamento, muitas pessoas acabam recorrendo a soluções caseiras de controle do problema. No entanto, segundo as especialistas, tal comportamento só piora o estado da doença e atrasa o tratamento. 
    O procedimento ao qual o representante Alberto Fontich se submeteu consiste na introdução de um proctoscópio rotativo no canal anal do paciente, por meio do qual é feito um reposicionamento das hemorroidas pelo levantamento da mucosa anorretal, através de seis suturas em “z” nas posições dos seis ramos terminais da artéria hemorroidária superior. Ao ter esses seis ramos suturados, a artéria hemorroidária minimiza a pressão sanguínea, que não vai mais formar novas hemorroidas. “É interessante observar que as hemorróidas não são retiradas. Elas são levantadas e, com o tempo, absorvidas pelo organismo”, explica a médica Yaima Guerrero, que esteve recentemente no Brasil para difundir a técnica.
    Segundo ela, para os portadores da doença, de fato, o maior temor dos tratamentos convencionais é a dor, tanto na cirurgia como no pós-operatório. É o que impede muita gente de procurar o médico e resolver o problema, exatamente como ocorreu com Alberto. Entre as várias vantagens do uso da nova técnica estão a minimização da dor, a anestesia local, o tempo mais curto do procedimento (entre 15 e 20 minutos), que, na maioria dos casos, ainda pode ser realizado em ambulatório (exceto em situações nas quais existe alguma contraindicação), o rápido retorno às atividades e o baixo índice de complicações. 
    Yaima conta que, em estudo realizado com 1.112 pessoas entre 2003 e 2006, na Itália, 96% dos pacientes tiveram alta seis horas depois da cirurgia e 82% tiveram suas atividades fisiológicas normalizadas 24 horas depois do procedimento. “Houve apenas 6,4% de recorrência, índice não superior ao descrito na literatura médica para as outras técnicas”, afirma. 
    O procedimento trata principalmente as hemorroidas de grau três, mas pode abranger também as de grau dois que não respondam ao tratamento médico conservador, conforme destaca a coloproctologista Beatriz Deoti, professora-adjunta do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
    A doença hemorroidária não tem causa definida. Muitas vezes, ela está associada a constipação e aos maus hábitos ao defecar (ficar muito tempo sentado no banheiro, fazer muita pressão etc.). Hereditariedade e gravidez também são comumente associadas ao problema, no último caso devido à pressão constante pelo peso da gestação e o esforço de dar à luz. Outras possíveis causas são a hipertensão portal, devido ao aumento da pressão venosa; ficar muito tempo em pé ou carregar muito peso, o que pode favorecer ou agravar os sintomas; excesso de peso, por causar aumento da pressão abdominal sobre o assoalho pélvico, além de maus hábitos alimentares e uma vida sedentária. Porém, nenhum desses fatores de risco explicam adequadamente a causa do processo, como afirma a professora Beatriz Deoti. Para se prevenir do problema, ela recomenda dieta rica em frutas e fibras, ingestão de grande quantidade de água, e hábito regular de ir ao banheiro.

    Tratamentos

     Para hemorroidas de primeiro e segundo graus, o tratamento pode ser feito apenas com dieta rica em fibras e muita ingestão de água. Em algumas situações, pode-se recorrer ao tratamento tópico ou local, com pomadas e supositórios.
     O tratamento cirúrgico de hemorroidas é geralmente indicado para hemorroidas de graus três 
    e quatro, ou até mesmo as de grau dois que não respondam ao tratamento médico conservador. 
     As opções cirúrgicas atuais variam de técnicas minimamente invasivas até a hemorroidectomia clássica. Entre as opções cirúrgicas estão:
    1. Ligadura com faixa elástica (banding hemorroidal): Coloca-se uma faixa elástica ao redor da base da hemorroida para impedir o fluxo sanguíneo. Posteriormente, o tecido cai por si só.
     
    2. Esclerose hemorroidária: Injeta-se um agente esclerosante na base da hemorroida, o que resulta na degeneração do tecido hemorroidal.
     
    3. Hemorroidectomia: É cirurgia efetuada em hemorroidas de graus três e quatro, envolvendo a retirada dos principais mamilos hemorroidários. As duas técnicas mais utilizadas são a aberta de Milligan-Morgan (a ferida da cirurgia fica aberta e cicatriza-se espontaneamente) e a fechada de Ferguson, quando as feridas são suturadas ao final do procedimento.
     
    4. Hemorroidopexia e mucopexia: Essas técnicas recolocam os mamilos hemorroidários em suas localizações de origem, e podem ser feitas por meio  
    de grampos, sonda doppler, laser ou de um anuscópio rotatório.

    Hemorroida é uma estrutura anatômica normal. É o conjunto de plexos venosos do ânus, responsáveis por proteger o canal anal, ajudar a manter a continência fecal e realizar drenagem venosa da região. Este nome é popularmente usado para definir Doença hemorroidária (DH) dessas veias, acompanhadas ou não de inflamação, sangramento, incômodo ou trombose. 

     
    Sintomas

    Dor, sangramento e prolapso retal (parte do reto que se exterioriza), durante e após a defecação, são alguns dos principais sintomas da doença. As hemorroidas podem ser internas (que ficam acima, entre 2cm e 2,5cm do ânus, e são recobertas pela mucosa intestinal), ou externas (se formam no canal anal e são recobertas por uma pele bem sensível). 

     
    Tipos

    Elas também podem variar quanto ao grau de gravidade:
     
     1º grau - São pequenas e, geralmente, assintomáticas. Bastante comuns, elas podem crescer ao longo do tempo;
     2º grau - Um pouco maiores e podem se exteriorizar 
    na hora da evacuação. Contudo, tendem a diminuir espontaneamente;
     3º grau - Se exteriorizam com esforço ao defecar e é necessário reintroduzi-las manualmente;
     4º grau - Ficam permanentemente fora do ânus. 
    É impossível reintroduzi-las.

    Tv Paga


    Estado de Minas: 05/12/2012 


    Cinema de arte

    O filme O caçador, dirigido pelo iraniano Rafi Pitts, é a atração desta noite da Mostra Internacional de Cinema da Cultura, às 22h. Produzido na Alemanha, em 2010, o longa narra o drama de um cidadão que perde a mulher, morta acidentalmente em um tiroteio da polícia contra manifestantes, e resolve procurar sozinho por sua filha desaparecida. A busca toma rumos trágicos e o obriga a atitudes extremas.

    TCM dá sequência ao 
    festival do agente 007

    Outro destaque da programação de cinema é a mostra do canal TCM, que comemora os 50 anos dos filmes do agente James Bond, emendando esta noite Com 007 só se vive duas vezes, às 22h; e 
    007 a serviço secreto de Sua Majestade, à 0h15. Na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Houve uma vez dois verões, no Canal Brasil; Os três mosqueteiros, no Telecine Premium; Amor e outras drogas, no Telecine Touch; Passaporte para a confusão, no Universal Channel; Tratamento de choque, no AXN; Quero matar meu chefe, na HBO; Bastidores de um casamento, no Max HD; e O amigo oculto, no FX. Outras atrações: Pecados em família, às 21h, no ID; e Hitch – Conselheiro amoroso, às 22h15, na Fox.

    Série do canal History
    chega ao Novo Mundo

    O canal History reservou para hoje mais um episódio duplo da série Humanidade: A história de todos nós, uma superprodução que relata o surgimento da civilização, revelando os acontecimentos que levaram à formação do mundo moderno. A partir das 22h, o capítulo reconstitui o descobrimento do novo mundo por Cristóvão Colombo, a aniquilação do povo asteca, que dominava a América Central, e o advento das moedas de prata, que transformaram a economia global. 

    Documentário resgata 
    conflito da Cabanagem

    Atração do Canal Brasil, às 19h, o documentário Cuipiranga tem como temática um dos movimentos mais sangrentos da história nacional: a Cabanagem, iniciada em 1835 na então província do Grão-Pará, quando negros, indígenas e mestiços se rebelaram contra a elite política e tomaram o poder. Uma das curiosidades desse conflito foi a confecção pelos revolucionários de falsos canhões feitos com uma palmeira típica da região para provocar o medo e o recuo das forças do governo. O artifício foi desmascarado pouco depois e a luta se estendeu por dois anos.

    Passe a noite com a bela 
    e talentosa Alicia Keys

    A série Storytellers, do canal Vh1, abre espaço hoje, às 21h, para uma das grandes estrelas do pop na atualidade: a cantora norte-americana Alicia Keys. Ganhadora de 14 prêmios Grammy, neste episódio Alicia Keys apresenta seu repertório de sucesso e relata histórias de vida e da carreira profissional. E o papo promete ser longo, porque, além de cantora, ela é também compositora, produtora, atriz, empresária e autora que mais vendeu em Nova York, além de militantes de causas humanitárias. Bono, Jack White e Jay-Z são fãs dela. Mas quem não seria?

    Paraquedistas desafiam 
    os paredões dos Alpes

    Por fim, o canal Off estreia hoje, à meia-noite, a série Ultimate rush, em que profissionais de diferentes modalidades esportivas, como snowboard, esqui, mountain bike, canoagem e wingsuit, são apresentados como verdadeiros artistas, arriscando suas vidas em busca de prazer e perfeição. No primeiro episódio, os paraquedistas Antoine Montant, Francois Bon e Hervé Cerutti saltam das paredes mais perigosas dos Alpes franceses.