quinta-feira, 13 de março de 2014

MARTHA MEDEIROS - Para tudo

Zero Hora - 12/03/2014

A reforma ortográfica é um assunto que muitos já debateram e poucos aceitaram com resignação, tanto que, em vez de as novas regras se tornarem obrigatórias no início de 2013, como estava previsto, a obrigatoriedade foi adiada para 1º/01/2016, a fim de que todos tenham tempo para se adaptar. Até lá, seguiremos divididos entre obedientes e rebeldes, cada grupo colocando e retirando os acentos de acordo com seu grau de inconformismo.

Eu estou no grupo dos obedientes, já que fui criada para ser boa moça. Mas boas moças também têm seus dias de falta de paciência, e hoje é um deles, portanto me permitam a reclamação: quem teve a ingrata ideia de retirar o acento diferencial de para, do verbo parar? Hoje, com a nova ortografia da língua portuguesa, só analisando o contexto da frase para distinguir o verbo para da preposição para. Mas o contexto será mesmo suficiente para eliminar qualquer dúvida? Não concordo, e você provavelmente também não, se teve dificuldade de entender o que foi escrito neste parágrafo – não é fácil mesmo fazer a diferenciação numa leitura rápida.

Para tudo, há uma solução, diria um gramático.

Para tudo, que quero descer, digo eu.

“Quando o trem de Porto Alegre para São Paulo sai atrasado, ele não para em Curitiba.” Esta frase, lamentavelmente, é fantasiosa, já que não temos trens de passageiros circulando pelo país, mas é bem realista do ponto de vista ortográfico. É assim mesmo que deve ser escrita, sem acento diferencial no “para em Curitiba”. Para desconsolo de todos.

Acompanhe uma amiga minha: ela não para em casa, e assim não encontra tempo para esperar o moço encarregado de fazer reparos no seu telhado, que está apinhado de goteiras, a sala fica encharcada, só seca quando a chuva para. E meu primo? Vive para cima e para baixo, esquece de fazer as compras para a semana, não para empregada na casa dele. Mas caduco mesmo está meu cachorro, que quando para de latir, é para alertar que tem gente estranha parada junto à porta, ou seja, faz o contrário da maioria dos cães, que late para alertar e só para quando o perigo passou.

Ficou claro para você?

Para mim a única coisa que está clara é que fazia muito mais sentido quando escrevíamos que uma hora a chuva pára, que empregada não pára em casa bagunçada, que cachorro pára de latir quando não vê mais motivo para alertas e que tudo fica bem confuso quando uma colunista tem seu dia de rebeldia e não para de reclamar – mesmo a reclamação não servindo para nada.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 13/03/2014

 (NatGeo/Divulgação)

ROTA ENTRE AS ESTRELAS


Estreia às 22h30, no NatGeo, a série Cosmos (foto), superprodução em 13 episódios criada a partir de Cosmos: A personal voyage, que Carl Sagan apresentou durante 33 anos. Cosmos proporciona uma nova forma de narração científica que permite revelar a grandeza do universo e reinventar os elementos mais característicos da série original, incluindo o calendário cósmico e a nave espacial Imaginação. O equilíbrio perfeito entre o ceticismo e a admiração, ciência rigorosa com elementos visuais, emocionais e espirituais resultam numa experiência transcendental, uma visão de cosmos na maior escala que se possa imaginar.

UMA NOVA VERSÃO DE
DRÁCULA NO UNIVERSAL


O canal Universal lança às 22h a série Drácula, estrelada pelo ator Jonathan Rhys Meyers. No fim do século 19, o misterioso Drácula chega a Londres se passando por Alexander Grayson, empresário americano que deseja levar a ciência moderna para a sociedade vitoriana. Ele está especialmente interessado na energia elétrica, que promete iluminar a noite, o que pode ser muito útil para alguém que evita o sol. Porém, tem outra razão para viajar, já que espera se vingar daqueles que o amaldiçoaram com a imortalidade. Mas acaba se apaixonando por uma mulher que parece ser a reencarnação de sua falecida esposa.

DIÁRIO DE OLIVIER CHEGA
ATÉ O MACHU PICCHU


Começa às 20h30, no GNT, nova temporada do Diário de Olivier. O chef francês radicado no Brasil faz uma expedição pela América Latina visitando Peru, Chile e Argentina. Para percorrer os mais de 10 mil quilômetros dessa aventura, o apresentador deixou seu fusca de lado para pilotar uma moto. A primeira parada é Machu Picchu, no Peru. Lá, Anquier mostra a riqueza gastronômica local com ceviche, chupe de camarones (uma espécie de sopa de camarão), trutas do Lago Titicaca e porquinho-da-índia assado.

AÇÃO COM PAUL WALKER
AGITA A NOITE NA FOX


A Fox exibe às 23h15 o filme Merguho radical, com Paul Walker. Jared e sua namorada, Sam, moram numa praia do Caribe, onde ele sonha ficar rico encontrando tesouros perdidos no mar. A vida do casal muda quando Bryce se muda para uma mansão com a nova namorada, Amanda, e compra um iate perfeito para procurar tesouros. Juntos, os quatro decidem fazer buscas na região. Procurando evidências de um antigo desastre de barco eles acabam descobrindo outra mercadoria, mais recente: um carregamento de drogas.

MOSKA CONVERSA COM
DANTE E NÁ OZZETTI


O programa Zoombido, às 21h30, no Canal Brasil, traz como convidados os irmãos Dante e Ná Ozzetti. Batizada de Memórias artesanais, a nova temporada foi sediada pela primeira vez em São Paulo. Com o objetivo de chegar mais perto de artistas que estão por lá, o músico e apresentador Moska foi com sua equipe e registrou conversas musicais com quem representa tão bem o movimento da cidade.

UMA INCRÍVEL VIAGEM
DE TREM PELO BRASIL


O TV5 Monde exibe, às 13h, episódio da série Trens exóticos ambientado no Brasil. A viagem de Philippe Gougler começa em Salvador, a cidade das 365 igrejas, continua pelo coração da floresta amazônica e termina na Ilha de Marajó.


CARAS & BOCAS » Declaração de amor
Simone Castro

Clara (Giovanna Antonelli) será surpreendida quando Marina (Tainá Müller) abrir o coração (João Cotta/TV Globo-30/1/14)
Clara (Giovanna Antonelli) será surpreendida quando Marina (Tainá Müller) abrir o coração

Na trama de Em família (Globo), Marina (Tainá Müller) não vai conseguir disfarçar o que sente por Clara (Giovanna Antonelli) e tocará no assunto: “Desde a primeira vez que a vi, fiquei fascinada. Porque você é assim, leve, sincera, doce, iluminada. Quero que você saiba que foram todas as nossas diferenças que me aproximaram de você. Como um ímã.” E argumenta: “Tudo que não temos nos falado verbalmente esse tempo todo temos trocado em emoção, em intenção, em olhares... quase em telepatia”. Até que, por fim, a fotógrafa se declara: “Não posso, não consigo mais conviver com a ausência do seu amor, Clara.” A dona de casa não sabe o que dizer, embora manifeste que também sente que há algo entre elas, mas não sabe explicar. Marina, então, tenta colocar um ponto final na convivência entre elas. “Para o nosso bem, precisamos nos afastar. Quero que você continue trabalhando aqui porque acho você realmente uma promessa. Mas, por uma questão de sobrevivência minha, estou, digamos assim, demitindo você do meu coração”, afirma. Clara vai embora, mas retorna dias depois para continuar a conversa. E comunica que está se demitindo do estúdio. As duas
choram, emocionadas.

EMISSORA ENCOMENDA
SÉRIE SOBRENATURAL


Jennifer Beals vai protagonizar a série Proof do canal TNT (TV paga), drama de temática sobrenatural, de acordo com o site TV line. A atriz viverá uma cirurgiã brilhante, que, depois de enfrentar a morte do filho, passa a investigar casos de reencarnação, lugares mal-assombrados e outras situações de vida depois da morte. O roteiro é assinado por Rob Bragin. Ainda não foi divulgada a data de estreia.

BRUNA MARQUEZINE
E O QUE QUER DA VIDA


Em entrevista à revista TPM deste mês, a atriz Bruna Marquezine, atualmente no papel de Luiza na novela Em família, afirma que nunca pensou em abandonar a carreira para ficar com o ex-namorado Neymar, jogador que atua em Barcelona, na Espanha. “Largar tudo nunca foi uma possibilidade. Muitos amigos citam Freud e tal. Meu manual é a Bíblia. Sou uma pessoa de fé, cristã, frequento igrejas evangélicas. Meu caminho está traçado. Não tenho que abrir mão para estar com alguém”, afirma. E falou sobre o futuro: “Sonho grande. Tão grande que tenho vergonha de falar. As pessoas iam dizer: ‘Tadinha, é retardada se pensa que vai chegar lá’. Mas tracei a minha reta e vou chegar lá. E, se der, vou além de lá. Não quero que me parem. O que é importante? Realizar o meu sonho ou ficar sofrendo por causa de coluninha da internet?".

NOVELA VAI VOLTAR À
CENA E FÃS ADORAM


Bastou Murilo Fraga, diretor de programação do SBT, anunciar, no Twitter, o retorno da novela A feia mais bela para fãs festejarem a ideia. Mais de 115 usuários espalharam a mensagem e foram várias as publicações positivas em relação à reexibição da trama mexicana. Ainda não estão definidos data de estreia e horário, mas especula-se que a novela poderá inaugurar novo horário dedicado aos folhetins. A primeira vez que foi ao ar, A feia mais bela foi exibida pela emissora de Sílvio Santos em 2006. Trata-se de remake produzido pela Televisa, emissora mexicana, do original colombiano Betty, a feia, produzido em 1999.

MUSA DA ÉPOCA

O diretor Martin Scorsese e o cantor Mick Jagger vão produzir uma série, ainda sem título, com trama centrada nos anos 1970, mostrando o universo musical da época. Tudo recheado de sexo e drogas, com destaque para o surgimento do disco e do punk, segundo o site Deadline. A estrela feminina do programa será a atriz Olivia Wilde (foto), que integrou o elenco da série House e vai interpretar Devon Finestra, ex-modelo e atriz. Ela é casada com Richie Finestra, personagem de Bobby Cannavale, executivo de uma gravadora em torno da qual gira a trama. Ele passa por uma crise tanto na carreira quanto na vida pessoal. E, em busca de um novo hit, acaba tendo de tomar uma decisão que mudará a sua vida. A atração será exibida pela HBO (TV paga) e ainda não há data de estreia.

VIVA

Depois do carnaval de rua, o baile de gala que reverenciou a folia de Momo no cabaré Pacheco Leão foi uma obra prima de Joia rara (Globo).

VAIA
Em família tem história principal, boas tramas paralelas, ótimas interpretações, mas quase sempre derrapa no ritmo lento. Fôlego, já!

MARINA COLASANTI » Philomena lava roupa‏

MARINA COLASANTI » Philomena lava roupa
Estado de Minas: 13/03/2014






O que é exatamente uma comédia dramática? Suponho seja o tom sorridente utilizado para narrar um fato dramático. Assim está indicado o filme Philomena – e o cartaz de apresentação não deixa dúvidas: Judi Dench olha risonha para Steve Coogan, que, cúmplice, ergue uma sobrancelha.

Quem terá dado esse tom a eventos tão terríveis? Philomena Lee, a personagem real que os viveu, Martin Sixsmith, o correspondente da BBC que em 2009 os escreveu no livro-reportagem O filho perdido de Philomena Lee, ou Stephen Frears, que dirigiu o filme? O fato de Philomena Lee estar presente na cerimônia do Oscar nos diz que ela estava de acordo, melhor sorrir do que chorar.

A mãe de Samantha Long e de sua irmã gêmea Etta Thornton-Verna deve ter tido poucos motivos para sorrir ao longo dos anos todos que passou lavando roupa sob o comando das freiras. Quando as filhas a encontraram, em 1995, continuava com a mesma função numa Lavanderia Madalena, em Dublim. Não tinha outro lugar para ir e não havia aprendido a viver a vida de outra maneira. Trancada e entregue às religiosas, havia engravidado duas vezes, provavelmente por estupro, e tanto as gêmeas como a outra criança lhes haviam sido tomadas e dadas em adoção. Tinha 42 anos quando reencontrou as filhas, e parecia velhíssima. Nunca havia ganho um tostão pelo seu trabalho. Morreu anos mais tarde, de síndrome de Goodpasture, um mal associado à intoxicação por elementos químicos presentes nos produtos para lavar roupa.

Foi por causa das mortas, e não das vivas, que o escândalo das jovens irlandesas aprisionadas pela religião e pelos bons costumes aflorou. E aflorar é o termo justo. Quando, em 1993, uma das ordens religiosas conhecidas pelo bom trato das roupas vendeu sua antiga sede, as escavadeiras ou pás da construtora revelaram os corpos de 155 mulheres enterradas sem identificação.

Philomena, o filme, está centrado na busca do filho perdido, uma história que, à medida que Sixsmith investigava, ia se revelando surpreendentemente circular. Fosse apenas um roteiro, diríamos até que é redondo demais e caridoso demais. Mas são fatos reais, em que a vida traça curvas inesperadas.

Não era intenção de Stephen Frears fazer um filme – denúncia – já feito em 2002 por Peter Mullan, Em nome de Deus – nem um documentário – como o Forgotten Maggies de Steven O’Riordan, de 2009 – e sim contar, sem dramatizar, uma das tantas histórias geradas pelas lavanderias Madalena. Não fica claro, portanto, como as adolescentes ou meninas iam parar nas garras de uma das quatro ordens religiosas que as geriam. Nem por que, exatamente.

Iam mandadas pelas famílias por questões morais ou mesmo por ter temperamento independente, iam entregues pela polícia por ter cometido pequenos delitos ou encaminhadas pelos serviços sociais por ser órfãs ou abandonadas. Estado e famílias bem pensantes se davam as mãos. E a roupa que as jovens lavavam, de hospitais públicos, do Exército, de universidades, de instituições e de particulares, saía limpa e gerava bom lucro.

As santas freiras não podiam imaginar que seu crime seria denunciado em livros, peças e filmes, e muito menos que acabaria na comissão da ONU contra a tortura. Infelizmente, podiam prever que nem a Igreja nem o Estado pediriam perdão.

>>  marinacolasanti.s@gmail.com

Tereza Cruvinel - Procura-se bombeiro‏

Tereza Cruvinel - Procura-se bombeiro

Depois das consequências parlamentares da crise na coalizão, virão os efeitos nefastos para a articulação eleitoral da presidente que busca a reeleição



Estado de Minas: 13/03/2014


Quando um governo perde uma votação por 267 votos a 28, não há dúvida: enfrentará uma crise de governabilidade se tal situação se prolongar. Para completar a surra aplicada ao governo na véspera, oposição e blocão de aliados rebelados, sob o comando do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), aprovaram ontem pedidos de explicação a 10 ministros. Quatro foram convocados e seis apenas convidados, além da presidente da Petrobras. Com a crise entre o governo e o PMDB da Câmara aproximando-se do ponto de não retorno, a ala governista do partido clama pela atuação de algum bombeiro, pois o vice-presidente da República, Michel Temer, queimou as pontes com a bancada. Até apontam os dois únicos nomes que poderiam atuar como tal: os ex-presidentes Lula e Sarney. Mas até ontem, eles se mantinham fora da confusão. Lula, bem longe, na Itália. Sarney, mudo, apenas ouvindo os aflitos que o procuraram.

Os últimos fatos vão confirmando o que muitos previram, inclusive esta coluna: muita dor de cabeça para o governo, que não mediu riscos ao responder com o isolamento às hostilidades de Cunha, até então verbais e eletrônicas. Se os radares do governo funcionassem, teriam previsto as consequências. Cunha pode ser tudo o que dizem dele, mas tornou-se um líder não só respeitado e seguido como verdadeiramente apreciado, até fora do seu partido. Uma frase que ele gosta de repetir resume seu estilo: “o que é combinado não é caro”, numa referência à importância de cumprir tratos na política, coisa que o Planalto nem sempre faz. Os radares teriam lembrado também que o PMDB é um ajuntamento de facções, não adiantando acertar com os generais para que eles enquadrem os coronéis. Só com o troco das últimas horas o governo vai se incomodar muito. Para começar, não deve ter maioria na comissão que acompanhará investigações sobre a Petrobras, onde os soldados de Cunha mais os da oposição darão as cartas.

Alguns deputados rebeldes disseram ontem a colegas do PT que não vão se manter em oposição ao governo. Queriam apenas mandar um recado. É do jogo, mas o governo continuará se arriscando se apostar no refluxo espontâneo da rebelião. A situação deteriorou-se muito, não está perdida, mas pode piorar, se a insanidade bilateral continuar. Ontem mesmo o presidenciável tucano Aécio Neves fez acenos sedutores ao PMDB, tomando-lhe as dores em relação ao “autoritarismo e truculência” do governo. Obviamente, depois das consequências parlamentares, virão as políticas, os efeitos nefastos para a articulação eleitoral da presidente que busca a reeleição, caso lhe reste a aliança com meio PMDB, mas oficial, garantindo-lhe o tempo de TV.

Muitos observadores se perguntam de quem foi a decisão de aceitar provocações e partir para a queda de braço com a tropa de Cunha. Se foi a presidente, faltou-lhe aconselhamento político, que deveria ter vindo sobretudo do ministro-chefe do gabinete civil, Aloizio Mercadante. Se partiu dele mesmo, tanto pior, pois o que se esperava é que sua presença no Planalto agregasse mais fluidez às relações com o Congresso.

Em verdade, os erros do governo e do PT na relação com o PMDB começaram lá atrás, quando aceitaram entregar ao aliado as duas casas do Congresso. Prosseguiram quando aceitaram a escolha de Cunha, de conhecida indisposição com o Planalto, para a liderança na Câmara. Agora, enquanto o fogo crepita, a turma do “Volta, Lula” esfrega as mãos.

Orelhas em pé

Dilma mandou oferecer ao PMDB o apoio do PT em seis estados. Esqueceu-se de avisar a outros aliados nos estados mencionados, deixando-os de orelha em pé, à espera da reunião de hoje, entre o presidente do PMDB, Valdir Raupp, e o do PT, Rui Falcão, para discutir alianças. Um deles é o senador Benedito de Lira, do PP, candidato a governador de Alagoas. “Ninguém me ligou ou deu qualquer satisfação. Mas vou esperar por esta reunião”, diz ele, sem esconder a mágoa: “Eu sempre votei no Lula e apoiei o PT, que nunca me apoiou em Alagoas. O Lula pelo menos não pisou em Alagoas na eleição passada”. É o que os aliados esperam de Dilma onde houver palanque duplo.

Custo alto

A crise em curso entre o PT e parte do PMDB, com outras siglas no lugar, já ocorreu em governos anteriores. É inerente ao presidencialismo de coalizão que temos. Sem maioria, o partido do presidente terá sempre que pagar o preço das alianças. Uma outra consequência, diz o incansável pregador da reforma política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), é a baixíssima qualidade da produção legislativa. “Toda a energia que foi gasta nas últimas horas para aprovar um requerimento de vingança e convocações de ministros poderia ter sido usada para desencalharmos a regulamentação do FGTS das domésticas ou a cota de 20% para afrodescendentes nos concursos públicos.” Sem falar no Marco Civil da Internet, que mais uma vez foi dormir no espaço.

Teste que mede nível do hormônio cortisol pode indicar depressão

Teste de hormônio indica depressão 
 
A união de sintomas depressivos e do alto nível de cortisol pode servir como forma de diagnóstico da doença, segundo cientistas do Reino Unido 
 
Flávia Franco
Estado de Minas: 13/03/2014


Análises clínicas feitas por psiquiatras chancelam a existência da depressão, mal que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode afetar uma em cada seis pessoas em algum momento da vida. Em busca de formas de detectar indícios da doença antes disso, pesquisadores do Reino Unido analisam a concentração do hormônio do estresse em adolescentes. Altas taxas de cortisol combinadas com comportamentos depressivos podem ser o primeiro marcador biológico da doença.

 “Isso vai nos ajudar a criar estratégias voltadas para a prevenção e a intervenção nesses indivíduos na esperança de reduzir os graves riscos causados pela depressão e suas consequências na vida adulta”, aposta Ian Goodyer, líder do estudo e professor da Universidade de Cambridge. Os resultados foram divulgados na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Entre as constatações, os cientistas concluíram que a depressão é mais frequente em meninos e que os participantes com sintomas da doença e nível alto de cortisol tinham predisposição 14 vezes maior de desenvolver o distúrbio do que aqueles que não apresentavam nenhuma das duas características.

Os pesquisadores afirmam que esse marcador sugere que médicos possam oferecer abordagens mais personalizadas e direcionadas a adolescentes com maior risco de depressão. “Essa pode ser a tão esperada maneira de reduzir o número de pessoas que sofrem com a doença”, reforça Matthew Owens, coautor do estudo.

Porém, segundo Paulo Mattos, coordenador de pesquisa em neurociência do Instituto D’Or, no Rio de Janeiro, a importância da descoberta se restringe ao campo científico. “Do ponto de vista teórico, a descoberta é relevante porque pode ajudar pesquisas futuras, mas não acredito que seja um procedimento prático”, afirma. José Alberto Del Porto, psiquiatra do Hospital da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), compartilha a mesma opinião de Mattos. “É um projeto interessante, que pode ser útil para pesquisas mais aprofundadas. Mas, na prática, o melhor instrumento de diagnóstico ainda é a análise clínica”, afirma.

Saliva Mattos conta que testes com cortisol já foram usados para auxiliar no diagnóstico da depressão anteriormente. Mas a concentração do hormônio era medida no sangue. “O paciente tomava à noite uma cortisona artificial para inibir a produção natural de cortisol no corpo. Na manhã do dia seguinte, ia ao laboratório  medir o nível de cortisol que, devido à inibição, deveria estar baixo. O que se observou em pacientes com depressão foi que, mesmo com a ação de supressores, as taxas de cortisol se mantinham altas”, explica.

Nos estudos conduzidos por Goodyer, 1.858 adolescentes tiveram amostras da saliva recolhidas pela manhã e se submeteram ao procedimento um ano depois. Nesse período de 12 meses, os garotos e as garotas forneceram autorrelatos da vida. Por meio deles, os cientistas buscaram identificar sintomas de depressão. Combinando os relatos e os exames, os voluntários foram divididos em quatro grupos: sem problemas de cortisol e depressão, apenas com sintomas de depressão, apenas com falha hormonal, e com alto nível de cortisol e de indícios depressivos.

As análises mostraram que os adolescentes do último grupo apresentaram em média uma propensão sete vezes maior de desenvolver depressão do que os participantes do primeiro, e duas a três vezes mais chances se comparados aos dois restantes. Quando levado em consideração o gênero dos voluntários, descobriu-se que os meninos do grupo 4 eram 14 vezes mais propensos a sofrer com depressão do que os do grupo 1, e duas a quatro vezes mais propensos se levado em conta os demais participantes. Por outro lado, meninas do grupo 4 apresentavam quatro vezes mais chances de ter a doença que as do primeiro grupo, mas não mais propensas a enfrentar o problema do que as demais.

Com as amostras, os britânicos analisaram a probabilidade de cada jovem desenvolver depressão clínica ou outros transtornos psiquiátricos durante acompanhamento de 12 a 36 meses depois do início do estudo. “É uma possibilidade frente a uma doença terrível que vai afetar cerca de 10 milhões de pessoas no Reino Unido”, avalia Goodyer.

 Del Porto concorda com a perspectiva de combate à doença dos pesquisadores e reforça a importância da descoberta. “O mais interessante é que poderá ser possível identificar precocemente a propensão à depressão em uma população de risco”, ressalta o psiquiatra. Para Mattos, a pesquisa oferece também a possibilidade de acabar com o questionamento de diagnósticos psiquiátricos relacionados à depressão. “O fato de os nossos diagnósticos serem feitos clinicamente ainda deixa as pessoas muito inseguras. Todos querem exames que comprovem os resultados”, explica.

Comprovação

Com o intuito de demonstrar que a combinação de alto nível de cortisol e sintomas depressivos é um marcador para depressão, os pesquisadores submeteram todos os participantes a um teste de memória sobre episódios da vida. Tanto os meninos quanto as meninas do grupo 4 foram ruins em lembrar de memórias autobiográficas em mais de 30 exemplos de situações. Quando ouviram a palavra piquenique, por exemplo, a maioria dos adolescentes deu um relato detalhado sobre uma experiência vivida, sendo que os do grupo 4 relataram menos detalhes. A dificuldade com lembranças autobiográficas é um indício de depressão.