terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Tv Paga


TV paga
Estado de Minas: 17/12/2013 


 (Krishna Schmidt/Divulgação )

Nostalgia e emoção


A imigração libanesa no Brasil inspirou o cineasta Marcio Curi a dirigir o longa-metragem A última estação, que estreia hoje, às 22h, no Canal Brasil. O elenco é encabeçado por Mounir Maasri, produtor, diretor e professor de dramaturgia muito conhecido no meio audiovisual libanês. E mais Elisa Lucinda, Klarah Lobato e Chico Sant’Anna, além da participação do diretor baiano Edgard Navarro. A trama se desenvolve na década de 1950, quando dois jovens libaneses partem para tentar uma nova vida no Brasil. O tempo passa e, 50 anos depois, o velho Tarik (Maasri) decide cruzar o país na companhia da filha Samia (Klarah Lobato), numa busca pelos que fizeram a travessia.

Muitas alternativas na
programação de filmes


Outra produção nacional em destaque hoje na telinha é Besouro, de João Daniel Tikhomiroff, às 21h30, no canal Viva. No Telecine Premum, nova chance para ver De pernas pro ar 2, às 22h. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: A entidade, no Telecine Pipoca; Um método perigoso, no Telecine Touch; Amor a toda prova, na HBO; O espetacular Homem-Aranha, na HBO 2; Rápida vingança, no Max Prime; A assassina, no ID; O sorriso da Monalisa, no Sony Spin; e Guerra ao terror, na MGM. Outras atrações do pacotão de cinema: Anjos da noite – A rebelião, às 20h25, no Universal; Invictus, às 21h, na Warner; Eu, meu irmão e nossa namorada, também às 21h, no Comedy Central; Gremlins, às 22h05, no TCM; e O vidente, às 22h30, no Megapix.

Documentário Janela
da alma volta no Arte 1


Também brasileiro é o documentário Janela da alma, que o Arte 1 exibe às 21h30. Dirigido por Walter Carvalho e João Jardim, o filme foi premiado nos principais festivais nacionais, além do Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor documentário e melhor filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris.

Thunderbird encara o
provocador Abujamra


Atores com múltiplos talentos, especialmente para a música, Carlos Poyart e Claudio Botelho participam hoje do Alternativa saúde, que conta ainda com a presença da médica psiquiatra e psicanalista Mônica Lumack, às 22h, no canal GNT. Na Cultura, às 23h30, Antônio Abujamra entrevista o apresentador Thunderbird no programa Provocações.

Três histórias de dar
arrepios no canal Bio


No episódio de hoje de Minha história de fantasma, às 22h, no canal Bio, vozes do além amedrontam, mas também ajudam uma mãe a salvar a vida de seu bebê. Ainda nesta edição, o desespero de duas mulheres que dão de cara com o fantasma de uma célebre serial killer em uma penitenciária e uma viúva que sabe que o marido está por perto quando escuta sua música tocando sozinha no piano de um restaurante.

Uma série para quem
curte o humor inglês


Estreia hoje, às 22h, no canal +Globosat, a série de humor Pramface – A história de Jamie e Laura. Produção da BBC, o programa tem como protagonista o adolescente Jamie Prince (Sean Verey), de 16 anos, que só pensa em curtir a vida até conhecer Laura Derbyshire (Scarlett Alice Johnson), de 18, em uma festa. Determinados a aproveitar o momento, esse encontro de uma noite foi o suficiente para mudar a vida dos dois. Ou seja: um caso de amor à primeira vista.

MARIA ESTHER MACIEL » A princesa e o mendigo‏


MARIA ESTHER MACIEL » A princesa e o mendigo A rainha a ameaçava com coisas piores caso ela ousasse contar ao pai o que lhe acontecia às escondidas 
 
Maria Esther Maciel
Estado de Minas: 17/12/2013 


Era uma vez um rei, uma rainha e suas três filhas. A mais nova, chamada de Maria Bobinha pela mãe e as irmãs, era delicada e meio ingênua. O rei tinha um especial carinho por ela e a protegia com desvelo, despertando ciúmes na mulher e nas outras filhas. Por causa disso, a rainha – mesmo sendo mãe, e não madrasta – começou a fazer ruindades com a menina na ausência do marido. Batia nela com vara de marmelo, dava-lhe beliscões a toda hora e a punha de joelhos sobre grãos de milho, com os braços abertos e rosto voltado contra a parede. Isso, como castigo por algo que nem a menina sabia muito bem o que era. Além disso, a rainha a ameaçava com coisas piores caso ela ousasse contar ao pai o que lhe acontecia às escondidas. E as irmãs eram cúmplices de tudo.

Um dia, porém, o rei morreu de repente. A rainha e as duas filhas mais velhas, então, expulsaram Maria Bobinha do palácio só para não compartilhar com ela os bens do rei. A moça foi para um povoado vizinho, sem saber o que fazer da vida. Mas como aprendera a bordar, começou a fazer bordados para as mulheres das redondezas. Suas irmãs, logo depois, casaram-se com príncipes estrangeiros e foram embora para outros países. Já a rainha, dissipou em pouco tempo os bens do marido, graças às suas extravagâncias e falta de limites. Perdeu o reino, ficou pobre e cheia de dívidas. Mas ao procurar as duas filhas queridas, não teve delas qualquer amparo. Foi, assim, viver numa casinha modesta, cultivando ela mesma as verduras do almoço e buscando água num poço distante. E, para completar, sem roupas novas para vestir nas missas de domingo.

Foi na véspera do Natal que Maria Bobinha, ao sair para entregar uns bordados, viu um mendigo de olhos tristes na esquina de sua rua, acompanhado de dois cachorros – um preto e outro marrom. O homem pediu-lhe ajuda, nem que fosse apenas uma fruta para enganar o estômago. A moça parou diante dele e, mesmo sem poder, deu-lhe as únicas moedas de que dispunha, dizendo: “Compre comida para o senhor e os cachorros”. Agradecido, o mendigo lhe disse: “Minha filha, você salvou o meu dia e o dos meus cães. Em retribuição, quero lhe dar isto”. Era uma chave. A moça, meio confusa, perguntou para que servia.

E a resposta foi esta: “Vá até o casebre de madeira que fica na terceira estrada à esquerda, a mais ou menos uma légua daqui. Ao chegar, empurre a porta e, lá dentro, encontrará um baú. Pegue a chave e o abra, dizendo três vezes: ‘Lux vivens’. Aí, encontrará seu presente”. A moça agradeceu e seguiu seu caminho. Depois de entregar os bordados, foi até o tal casebre e fez tudo o que o mendigo tinha lhe dito. E qual não foi sua surpresa ao abrir o baú e encontrar um saco cheio de moedas de ouro!
Ao voltar para a casa, tentou reencontrar o mendigo, sem êxito. Mas agradeceu a ele assim mesmo, em silêncio. Dias depois, partiu em busca de sua família. Só encontrou a mãe, que vivia na miséria. Ao vê-la, abraçou-a sem rancor. Deu a ela uma casa para morar, comida boa para comer e roupas novas para vestir. Tudo de coração, sem pedir nada em troca. A mãe ainda achou pouco e quis mais. A filha deu. E, depois, partiu.

Talvez, um dia, Maria Bobinha encontre um príncipe encantado com quem possa viver feliz para sempre. Ou não.

Hollywood perde Joan Fontaine


Fim da Guerra de estrelas 
 
Hollywood perde Joan Fontaine, musa de Hitchcock e eterna rival de Olivia de Havilland. As duas irmãs famosas protagonizaram um dramalhão familiar digno das telas de cinema
 

 
Estado de MInas: 17/12/2013 


Joan Fontaine foi uma das estrelas da era de ouro de Hollywood (20th Century Fox/arquivo)
Joan Fontaine foi uma das estrelas da era de ouro de Hollywood

Los Angeles – Musa de Alfred Hitchcock, a atriz Joan Fontaine, de 96 anos, que morreu domingo, protagonizou com Olivia de Havilland rivalidade digna dos dramalhões de Hollywood. Elas são as únicas irmãs que levaram o Oscar para casa. Joan faleceu em decorrência de causas naturais em sua casa, na Califórnia. Olivia, de 97, mora em Paris. Ambas nasceram no Japão, onde o pai trabalhava, e se mudaram para a Califórnia no fim da década de 1910.

Em 1940, Joan Fontaine chamou a atenção do mundo: foi indicada ao Oscar ao protagonizar Rebecca, filme que destacou Alfred Hitchcock – era o primeiro longa do cineasta inglês em Hollywood. Em 1942, ela levaria a estatueta por sua atuação em Suspeita, também de Hitchcock. Contracenava com o astro Cary Grant. Entre as derrotadas estava a irmã, Olivia de Havilland, estrela de A porta de ouro e famosa por seus papéis em As aventuras de Robin Hood (1938) e no megassucesso E o vento levou (1939). Olivia só ganharia suas estatuetas mais tarde: em 1947, por Só resta uma lágrima, e em 1950, por Tarde demais.

A hostilidade entre as duas chamou a atenção nas festas do Oscar. “Congelei. Olhei para o outro lado da mesa, onde Olivia estava sentada. ‘Levanta’, sussurrou ela de forma imperativa. Toda a rivalidade que havíamos sentido durante a infância voltou de repente, como imagens de um caleidoscópio”, revelou Joan, ao relembrar a solenidade em 1942, para completar: “Senti que Olivia atravessaria a mesa para me agarrar pelos cabelos”.

Quando Olivia foi contemplada, cinco anos depois, nova saia justa. Fontaine revelou publicamente que a irmã a destratou quando tentou parabenizá-la. “Ela me olhou nos olhos, ignorou minha mão, agarrou seu Oscar, virou-se e foi embora”, contou.
Amor A rivalidade entre as irmãs não se limitou às telas, para a alegria dos fofoqueiros de Hollywood. As duas disputaram também o amor do magnata Howard Hughes: ele saiu com Havilland, mas pediu Fontaine em casamento várias vezes – sem sucesso. “Casei-me primeiro, ganhei um Oscar antes que a Olivia. Se morrer primeiro, sem dúvida ela ficaria lívida porque teria ganhado dela”, ironizou a estrela de Rebecca. “Minha irmã nasceu um leão e eu um tigre”, declarou ela, em 1992.

Diva da era de ouro de Hollywood, Joan Fontaine atuou em De amor também se morre, Jane Eyre, Os amores de Suzana, A valsa do imperador, Amei um assassino, A mulher que não pecou e Bruxa – A face do demônio, entre vários filmes. Sua carreira no cinema entrou em declínio na década de 1950 e ela passou a se dedicar à televisão. Também atuou em musicais da Broadway.

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Piloto e chef

Joan Fontaine não foi apenas diva das telas. A atriz tinha licença de piloto, era campeã de voo em balão aerostático, respeitada jogadora de golfe e cozinheira formada pelo Cordon Bleu. Batizada Joan de Beauvoir de Havilland, adotou o sobrenome do padrasto, George M. Fontaine, ao ingressar na carreira artística. Realista, a estrela não cultivava ilusões a respeito de Hollywood. Em sua autobiografia, comentou que a meca do cinema tinha o medo entre suas “qualidades” – e não a suntuosidade, o brilho e as oportunidades de ouro. “Aqui, muitas vezes, as carreiras começam por acaso e podem evaporar de forma igualmente rápida”, resumiu. A atriz se casou quatro vezes. O último divórcio, de Alfred Wright, ocorreu em 1969. Fontaine declarou que o casamento enquanto instituição está tão morto quanto a ave extinta dodô. A atriz teve uma filha, Deborah, nascida em 1952.

Nas garras de Hitch



O sucesso chegou quase por acaso à vida de Joan Fontaine. Num jantar, ela comentou com o produtor David O. Selznick que acabara de ler o livro Rebecca – A mulher inesquecível, de Daphne Du Maurier. O famoso magnata acabara de comprar os direitos para adaptar o romance para o cinema. Convidou-a ali mesmo a fazer testes para o elenco.

Joan derrotou três poderosas concorrentes: Vivien Leigh, estrela de E o vento levou, Loretta Young e Susan Hayward. Pagou por isso. Laurence Olivier não escondeu que discordava da escolha, pois preferia contracenar com Leigh, sua namorada na época. O diretor Alfred Hitchcock aproveitou a tensão que fragilizou Joan Fontaine para mantê-la nervosa. Usou o sofrimento da atriz para construir sua personagem.

PAULÍNIA » Em defesa do polo‏


PAULÍNIA » Em defesa do polo
Estado de Minas: 17/12/2013 


Diretor do filme Malu de bicicleta, de 2010, Flavio Tambellini foi homenageado em Paulínia (Du Amorim/Divulgação)
Diretor do filme Malu de bicicleta, de 2010, Flavio Tambellini foi homenageado em Paulínia

A quinta edição do Paulínia Film Festival fechou, no fim de semana, o ciclo de homenagens a produtores, roteiristas, diretores, atores e atrizes vencedores de edições anteriores do evento. Flavio Tambellini, diretor premiado por Malu de bicicleta (2010), subiu ao palco para agradecer e fazer um apelo. “O trabalho que foi feito aqui jamais poderia ter sido interrompido, porque esse é um projeto a longo prazo, de formação”, disse, ao desejar vida longa ao Polo.

O clima de retomada envolveu todos os presentes, caso de Lucia Murat, que, além de vencer o prêmio de melhor documentário por Uma longa viagem (2011), filmou em Paulínia no mesmo ano o longa A memória que me contam. ”Como fiquei aqui durante um mês, me senti muito próxima da cidade,” declarou emocionada.

“Isto aqui é nosso”, afirmou Rodrigo Diaz, vencedor do prêmio de melhor curta regional por Depois do almoço, em 2010. “Naquele ano eu estava feliz porque queria fazer meu longa aqui, e penso que vai rolar por causa dessa retomada,” disse.

O produtor Ofir Figueiredo e o ator Rodrigo Garcia foram os responsáveis por apresentar o filme de encerramento, o pernambucano Tatuagem, sobre a relação entre o diretor de uma companhia de teatro e um jovem soldado do Exército no fim dos anos 1970, durante a ditadura. “Espero que o filme leve reflexão, pensamentos e emoções a vocês”, disse Ofir. “Apesar das diferenças, espero que vocês enxerguem o filme sem preconceito, apenas com amor”, completou Rodrigo.

Monica Trigo, secretária municipal de Cultura, uma das responsáveis pela retomada, declarou pouco antes do encerramento: “Quero garantir que as políticas permanentes serão construídas nesta cidade por meio do pacto federativo. É um projeto poderoso e consistente. Este tapete vermelho enorme é para todo mundo caminhar nele, não só os artistas.”. Ao final, Zezé Motta cantou a capela o clássico da MPB Minha missão, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, e foi aplaudida de pé pela plateia que lotava o Theatro Municipal de Paulínia Paulo Gracindo.

Vem dançar comigo?‏

Com trabalho que é modelo de organização e experimentação estética, a São Paulo Companhia de Dança vem a BH para desenvolver nova etapa do Ateliê de coreógrafos
 

Estado de Minas: 17/12/2013 


Os bailarinos Bruno Veloso e Aline Campos, da São Paulo Companhia de Dança, em cena de Petite mort, coreografia Jirí Kylián  (Wilian Aguiar/Divulgação)
Os bailarinos Bruno Veloso e Aline Campos, da São Paulo Companhia de Dança, em cena de Petite mort, coreografia Jirí Kylián

São Paulo – A palavra-chave é diálogo. Entre gerações, entre estilos, entre tradições. É a partir dessa costura que a São Paulo Companhia de Dança, em apenas cinco anos, firma-se como um projeto diferenciado no cenário da dança brasileira. É distinto porque não nasceu necessariamente do desejo de bailarinos e coreógrafos em constituir um grupo. Foi pensada como uma política de fomento artístico do estado de São Paulo, sob a direção da bailarina e pesquisadora Inês Bogéa. Com planejamento e um dos maiores orçamentos do país na área, tem funcionado para além disso.

A agenda de 2014, por exemplo, já está definida. Em São Paulo, serão seis programas, sendo sete coreografias inéditas, com a venda de assinaturas em curso. Os bailarinos estarão em Belo Horizonte a partir de 12 de fevereiro em um amplo programa que envolve oficinas e palestras para educadores, além de apresentações com participação da mineira – e recém-criada – Cia. Sesc de Dança.

Estarão em cartaz por aqui três coreografias: Mamihlapinatapai, de Jomar Mesquita; Petite mort, de Jirí Kylián; e In the midle, somewhat elevated, de William Forsythe. São como palavras, a criação de Henrique Rodovalho para a estreia da Cia. Sesc de Dança, abrirá a noite no Sesc Palladium.

“É um dos projetos mais organizados e bem pensados do setor. Ele não nasceu de maneira empírica, como é costume. A companhia nasce projetada como uma organização empresarial experimentada com objetivos muito claros”, comenta o bailarino e coreógrafo mineiro Rui Moreira. Assim como Jomar Mesquita, da Mimulus Cia. de Dança, o diretor da Cia SeráQuê? foi um dos convidados do Ateliê de coreógrafos e viu de perto como funciona o projeto paulista. Aliar formação de plateia à experimentação é uma constante.

No repertório da companhia convivem tanto obras clássicas como Romeu e Julieta, com música de Prokofiev (1891-1953), recém-apresentada em São Paulo, como as criações contemporâneas do Ateliê de coreógrafos. “O ateliê é para que a gente possa dialogar mais de perto com a cena contemporânea brasileira, trocando ideias. Assim vamos decantando saberes”, diz a diretora artística Inês Bogéa.

Foi dela a ideia de chamar coreógrafos de várias partes do Brasil para criar balés curtos para o grupo. Nesse espaço não existem regras, apenas o convite para inovar, testar e crescer. “É muito bacana como temos uma geração potente de coreógrafos com assinatura própria. Alguns deles dialogando com temas muito parecidos”, ressalta Inês. Rafael Gomes e a ex-bailarina do Grupo Corpo Cassilene Abranches são os nomes escolhidos para 2014.

Como Rui Moreira destaca, a São Paulo Companhia de Dança preenche uma lacuna de iniciativas voltadas para a formação de coreógrafos. “Quando esses pensamentos são postos em outro projeto que não é pessoal, tem ganho para todo mundo. A companhia acaba experimentando a variedade de pensamento e cada criador também vai experimentar um pouco como é desenvolver isso em corpos tão treinados”, elogia Rui. Como ressalta, é assim que surgem novos criadores e que outros amadurecem.

Atualmente com 46 bailarinos no elenco, a São Paulo Companhia de Dança tem um grupo com média de 24 anos, com perfis distintos. “Todos têm a base clássica, mas a possibilidade de falar várias linguagens da dança. São poliglotas do movimento”, compara Inês Bogéa. Segundo ela, os integrantes do grupo são artistas capazes de dialogar com propostas variadas. “Procuro artistas que tenham opinião na maneira de se expressar”, resume.

FORMAÇÃO Em paralelo à agenda de apresentações pelo Brasil, a São Paulo Companhia de Dança mantém cronograma de ações voltadas para pensar o registro e a memória da dança. A cada ano, o livro de ensaios Terceiro sinal ganha edição renovada, com artigos de pesquisadores da área. Completam a coleção a série de 26 documentários Figuras da dança, veiculados pela TV Cultura e canal Arte1. São perfis de bailarinos, coreógrafos e pensadores que constroem a dança brasileira.

“Acreditamos que sempre devemos trabalhar para apresentar a dança ao público e também ampliar as pessoas que conhecem dança, gostam de ver e têm vontade de conversar sobre ela”, diz Bogéa. É por isso que em cada cidade que passam fazem questão de realizar encontros didáticos com professores.

Para completar a série de ações, outra iniciativa é a Dança em rede, espécie de Wikipedia da dança, mantido no site da companhia. O banco de dados traz informações de profissionais que se dedicam ao ofício. A participação é aberta a todos, mas há uma equipe de pesquisadores dedicada a confirmar as informações publicadas. “A São Paulo acaba sendo uma companhia que atua em diferentes vertentes da dança. Há uma pluralidade de ações possíveis na nossa área”, completa.

DOIS LADOS

A escolha da Cia. Sesc de Dança como parceira na temporada de Belo Horizonte é estratégica. Para os paulistanos, reforça a política de diálogo com outras praças. Recém-criado, o balé mineiro foi pensado nos moldes do exemplo paulistano. “Nossa proposta foi exatamente ter um perfil versátil, que perpassa por estilos diferentes: clássico, neoclássico e contemporâneo”, apresenta Maria Elisa Medeiros, gerente da Cia. Sesc de Dança. Depois da estreia, em agosto, o grupo se prepara para a primeira turnê pelo interior de Minas. Em janeiro, São como palavras passará por unidades do Sesc de Uberlândia e Uberaba, antes do encontro com a companhia paulista. “Foi um convite bem-vindo. A SP é uma companhia que já é referência”, reconhece Maria Elisa.

Números
29 coreografias
390 apresentações
60 cidades
6 países
26 documentários
5 livros de ensaios

TEORIA E PRÁTICA
Uma das idealizadoras e diretora artística da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bogéa  (Arnaldo Torres/Divulgação)
Uma das idealizadoras e diretora artística da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bogéa

Uma das idealizadoras e diretora artística da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bogéa (foto) foi bailarina do Grupo Corpo entre 1989 e 2001. Quando encerrou a carreira nos palcos, foi crítica de dança até 2007. Em paralelo, manteve atividade acadêmica – é doutora em artes pela Unicamp – e como escritora e organizadora de livros especializados. Entre eles, Oito ou nove ensaios sobre o Grupo Corpo (Cosac Naify), O livro da dança (Companhia das Letrinhas) e Contos do balé (Cosac Naify). É autora dos documentários Renée Gumiel, a vida na pele (2005), Maria Duschenes – O espaço do movimento (2006) e Roseli Rodrigues – poesia em movimento (2011), entre outros.

* A repórter viajou a convite da São Paulo Companhia de Dança

Câncer bloqueado por hormônios‏ - Bruna Sensêve

Câncer bloqueado por hormônios
 
Comprovado o efeito de substância que interfere na produção do estrogênio para combater e reduzir as chances de tumores na mama 



Bruna Sensêve
Estado de Minas: 17/12/2013 


Um dos subtipos mais recorrentes de câncer de mama nas mulheres em período pós-menopausa, chamado de hormônio-dependente, tem uma característica muito peculiar. Suas células precisam se ligar a hormônios femininos, estrogênio ou progesterona, para crescer e evoluir. Cientes da condição, cientistas de todo o mundo se dedicaram a desenvolver drogas que bloqueassem esse processo. Surgiram, dessa forma, as classes de terapias anti-hormonais, que se mostraram muito eficientes contra esse tipo de tumor. Os oncologistas observaram ainda que, além de combater o câncer, os remédios impediram a reincidência dele. Uma dessas drogas atingiu 53% de redução da ocorrência da doença em mulheres com alto risco. O resultado foi apresentado, nesta semana, no Simpósio San Antonio de Câncer de Mama, nos EUA.

Durante um dos eventos mais respeitados sobre o tema, que terminou no fim de semana, a Comissão de Coordenação do II Estudo Internacional de Intervenção no Câncer de Mama (IBIS -II) relatou dados observados em mais de 4 mil voluntárias de 18 países e com idade entre 40 e 70 anos. Elas foram acompanhadas durante cinco anos, sendo metade delas tratada com uma medicação anti-hormonal e a outra metade, com placebo.

Os resultados iniciais mostraram que, das 125 participantes que desenvolveram o câncer de mama, 85 eram do grupo placebo e apenas 40 eram do que recebeu a medicação, comercialmente conhecida como anastrozol. Isso dá ao remédio uma taxa de redução de incidência do mal em 53%. Segundo os pesquisadores, os efeitos colaterais também foram mais leves que os observados nas medicações preventivas atuais.

Simultaneamente ao anúncio no encontro científico, o grupo publicou um artigo na revista The Lancet da semana passada. “Esperamos que nossos resultados levem a uma terapia alternativa de prevenção com menos efeitos colaterais para as mulheres na pós-menopausa e com alto risco de desenvolver câncer de mama”, comemora Jack Cuzick, presidente da comissão e chefe do Centro para a Prevenção do Câncer do Cancer Research UK. “Duas outras terapias anti-hormonais, tamoxifeno e raloxifeno, são usadas por algumas mulheres para prevenir a doença, mas essas drogas não são tão eficazes e podem ter efeitos colaterais adversos, o que limita o seu uso.”

Comprovação As drogas usadas como terapia anti-hormonal para o câncer de mama se dividem em duas categorias: os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (tamoxifeno e raloxifeno) e os inibidores de aromatase (exemestano e anastrozol). A principal diferença entre elas está na forma como bloqueiam a captação hormonal pelo tumor. Antes da menopausa, os ovários são os responsáveis por produzir o estrogênio e a progesterona. Esses hormônios vão provocar, tanto no útero quanto nas mamas, um tipo específico de ação. No início do ciclo menstrual, por exemplo, o hormônio estimula a glândula mamária para uma possível produção de leite. Para que ele possa agir dessa forma, as células da mama precisam ter um receptor para o estrogênio.

“Hoje, sabemos que a maioria das células da mama tem receptores hormonais para poder crescer. Quando atinge a célula mamária, o tumor modifica a estrutura original, mas alguns deles mantêm esses receptores e o hormônio passa a promover o crescimento tumoral. O tumor, então, se alimenta do estrogênio”, explica o coordenador do Departamento de Mastologia do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), Edison Mantovani. O oncologista relata que, em laboratório, já foi provado que doses maciças do hormônio não só promovem o crescimento, como também induzem o aparecimento do câncer em cobaias.

Ele conta que trabalhos recentes mostraram um aumento de 30% no risco de desenvolvimento do câncer em mulheres no pós-menopausa que usavam a suplementação hormonal para tratar de sintomas comuns dessa fase da vida. Elas foram acompanhadas por 10 anos até os cientistas chegarem a esses resultados. “Não temos como estabelecer evidências de uma forma direta no ser humano, só por observação. Mas existe uma relação direta entre o hormônio e o crescimento. Por isso, pedimos que mulheres com alto risco evitem o uso de hormônio na menopausa”, analisa Mantovani. Nesse estágio, a produção de hormônio pelo ovário é interrompida e o hormônio passa a ser produzido pelo tecido gorduroso por um processo chamado de aromatização.

Contraindicações Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Carlos Alberto Ruiz ressalta que a medicação testada não é para todas as pacientes. O trabalho foi realizado com mulheres de alto risco, o que representa entre 5% e 10% da população em geral. Ambos os tipos de droga têm efeitos colaterais fortes, aumentando os riscos de tromboembolismo, o entupimento vascular. “É preciso ponderar o risco-benefício dessa medicação. A paciente não é um câncer, é um todo.”

Ele exemplifica ao detalhar que o inibidor de aromatase tem como efeito colateral dores articulares e musculares – características já comuns no envelhecimento e no período pós-menopausa. “O que é mais importante? Será que é certo deixá-la viver com dor porque eu estou prevenindo o câncer?”

Segundo Cuzick, os planos são de continuar a acompanhar essas voluntárias por pelo menos mais cinco anos para determinar se o anastrozol tem um impacto contínuo na incidência de câncer mesmo após a interrupção do tratamento e se reduz mortes por câncer de mama, além de garantir que não existem efeitos colaterais adversos de longo prazo.


Proteção dupla
Ricardo Caponero - integrante da Femama

“Já sabíamos que o tamoxifeno consegue promover uma redução de até 80% de risco dependendo da paciente. Depois, um segundo trabalho mostrou que outra medicação, chamada raloxifeno, também tem essa propriedade. E, no ano passado, um estudo foi publicado com a mesma classe do anastrozol (inibidor de aromatase), que também teve benefício. Esse, então, é o quarto composto na classe de terapia hormonal a mostrar um benefício preventivo. Na verdade, o anastrozol tem mais um fator para suspeitarmos que o resultado seria positivo. Um estudo com pacientes que já tiveram câncer de mama registrou um maior benefício na prevenção do câncer de mama contralateral. Isto é, naquela paciente que já teve a doença, a medicação evitou o câncer na outra mama. Esse novo trabalho é mais uma constatação científica. Não foi um estudo para descobrir se haveria um benefício, mas para entender o tamanho desse benefício.”

Memória desfocada - Paloma Oliveto

Memória desfocada
 
Estudo alerta: compulsão das pessoas por fotografar e compartilhar os registros em redes sociais dificulta a retenção no cérebro de detalhes do que foi visto


Paloma Oliveto
Estado de Minas: 17/12/2013




No Museu do Louvre, câmeras direcionadas para Monalisa, de Leonardo da Vinci: cliques rápidos e, muitas vezes, nem uma olhada atenta ao quadro (Jacky Naegelen/Reuters %u2013 12/8/09)
No Museu do Louvre, câmeras direcionadas para Monalisa, de Leonardo da Vinci: cliques rápidos e, muitas vezes, nem uma olhada atenta ao quadro

Brasília – O mundo anda espremido em uma tela de quatro polegadas. Em tempos de smartphones e redes sociais, turistas veem paisagens, monumentos e obras de arte por meio de seus celulares e câmeras digitais. Mal chegam a um lugar e já levantam o braço. Faz-se o clique e, pronto, já podem seguir em frente, até o próximo enquadramento. Dessa forma, a fotografia, que em um passado não tão remoto era uma fonte de recordações, está dificultando a retenção de memórias no cérebro.

A tese é de Linda Henkel, pesquisadora da Universidade de Fairfield, nos Estados Unidos. Filha de um fotógrafo, a psicóloga cresceu em meio a câmeras, mas disse que nunca viu tanta gente fazendo uso delas como agora. Impressionada com o gesto universal de estender o braço e tirar uma foto com celular, Linda decidiu investigar como o novo hábito está afetando a capacidade de se recordar.

“Há alguns anos, estava no Grand Canyon e me lembro de uma pessoa que chegou à borda do cânion, fez uma foto com sua câmera e em seguida foi indo embora, como se pensasse: ‘pronto!’. Ela nem parou para dar uma olhadinha naquela maravilha da natureza”, diz a pesquisadora. Somada a essa experiência, a psicóloga diz que, no dia a dia, observa turistas que disputam espaço em filas, aparentemente apenas para fazer fotos e postá-las, em seguida, nas redes sociais.


Pessoas posam diante do Cristo Redentor, no Rio: de fontes de recordação, fotos se tornaram algo banal   (Sergio Moraes/Reuters - 17/3/11 )
Pessoas posam diante do Cristo Redentor, no Rio: de fontes de recordação, fotos se tornaram algo banal

Depois de conduzir duas pesquisas com estudantes em um museu, ela constatou que, na ânsia de registrar cada segundo de uma experiência, as pessoas não prestam atenção ao que estão olhando. Resultado: ao ver as fotos que fizeram, nem se recordam de ter estado frente a frente a obras como a Monalisa, a mais disputada por câmeras no Louvre, em Paris. “Nessa compulsão por fotografar as atrações, as pessoas estão perdendo o que está ocorrendo bem abaixo de seus narizes”, lamenta.

Na primeira parte da pesquisa, 28 estudantes de graduação foram levados para um tour no Museu de Arte Bellarmine, pertencente à Universidade de Fairfield. Um terço dos voluntários jamais havia visitado uma instituição do tipo na vida. Metade dos participantes foi escolhida, aleatoriamente, para observar 15 obras, e a outra metade deveria fotografar os demais 15 artefatos selecionados pelos cientistas. Entre as peças havia pinturas, esculturas, antiguidades e cerâmicas. Todos foram orientados a ler em voz alta o nome do objeto. Em seguida, a turma da observação deveria ficar 30 segundos em frente à obra, enquanto o outro grupo demoraria apenas 20 segundos, fazendo a foto logo depois.


Troca da guarda no Palácio de Buckingham, em Londres: atenção genuína faz a diferença, diz a pesquisadora   Linda Henkel (Martin Bureau %u2013 28/4/11)
Troca da guarda no Palácio de Buckingham, em Londres: atenção genuína faz a diferença, diz a pesquisadora Linda Henkel

No dia seguinte, os pesquisadores aplicaram testes de memória nos participantes. Eles tinham de escrever o nome de todos os objetos que viram, responder a perguntas sobre detalhes específicos das obras de arte e passar por um experimento de reconhecimento de imagem. Não foi surpresa para Linda que os estudantes que fotografaram as peças se lembraram menos delas do que aqueles que apenas as observaram, uma consequência que a psicóloga chama de “efeito do dano de fotografar”. “Evidentemente que o problema não é a fotografia nem o ato de fotografar. O problema é que as pessoas estão usando celulares e câmeras como muletas, elas contam com a tecnologia para se lembrar de suas experiências por elas”, afirma a especialista.

No segundo experimento, 46 estudantes fizeram um tour semelhante no museu, focando-se em 27 objetos. Eles tinham de observar com atenção nove peças, fotografar outras nove e fazer imagens de algum detalhe das restantes, como o pé de uma estátua ou a alça de uma ânfora de cerâmica. Para cada uma das atividades, os participantes tinham 25 segundos. Novamente, os jovens foram submetidos a um teste no dia seguinte, no qual precisavam se recordar dos artefatos visualizados no passeio. Lembraram melhor aqueles que apenas observaram ou que fizeram fotos em zoom.


Registro em museu: testes com estudantes mostram diferenças   entre quem fotografou e os que apenas observaram o acervo (Roberta Basile %u2013 11/2/13)
Registro em museu: testes com estudantes mostram diferenças entre quem fotografou e os que apenas observaram o acervo

Segundo a psicóloga, ao ter de destacar alguma parte do objeto na fotografia, os voluntários obrigavam-se a prestar atenção no que viam, já que escolhiam o que focariam e clicariam, e não simplesmente apertavam um botão da máquina. “Quando se olha para algo com atenção genuína, aquilo vai ficar na sua memória”, acredita.

Para o próximo semestre, a psicóloga pretende ampliar o estudo, vendo se há alguma diferença na formação da memória quando as pessoas escolhem o que fotografar, e não simplesmente são instruídas a clicar algo, como foi feito agora. “Pode ser que, ao tirar fotos daquilo que a interessa, a pessoa preste mais atenção ao que está vendo e, dessa forma, retenha a informação visual. Contudo, também poderemos constatar que, ao usar algo para pensar por nós ou lembrar por nós, nossa memória sempre sairá prejudicada”, analisa.



Associações abstratas


Computadores modernos codificam a memória como um vasto conjunto de informações independentes que são acessadas aleatoriamente. Do ponto de vista funcional, isso significa que a agenda do laptop encontra o telefone de uma pessoa sem precisar vasculhar qualquer dado sobre a aparência ou a profissão desse indivíduo. Já o cérebro humano armazena a memória de forma muito diferente. Ao tentar se lembrar do telefone do melhor amigo, uma pessoa provavelmente vai se recordar do rosto dele, de uma conversa que tiveram ou do nome de um filme que viram juntos. É o que faz as memórias humanas tão ricas: a formação por meio de associações. Quando passa por uma experiência, o cérebro junta os cheiros, sons, aspectos visuais e as impressões pessoais associadas àquela situação. Essa relação é a memória do evento. Diferentemente das memórias de computador, a humana é abstrata e depende da atividade uma ampla rede de neurônios, dispersos por todo o cérebro.
O processo, de uma perspectiva biológica e comportamental, depende criticamente do reforço, que pode vir em forma de repetição ou prática. As pessoas lembram que dois mais dois é quatro porque ouviram isso muitas vezes. Por isso, para que a memória seja formada, ela depende da atenção que se dispensa ao que está sendo vivenciado ou observado. Dificilmente é possível recordar de um quadro exposto em um museu, por exemplo, se o visitante mal olhou para ele.



Tecnologia como "muleta"
Publicação: 17/12/2013 04:00
De acordo com pesquisadores das universidades americanas de Harvard, Columbia e Wisconsin-Madison, não são apenas as câmeras e os celulares que têm sido usados como muletas, prejudicando as recordações. Depois de fazer quatro experimentos, eles constataram que, assim como os computadores podem ter um drive externo, as pessoas estão utilizando a tecnologia como sua “memória externa”.

“Quando queremos nos lembrar de algo, simplesmente fazemos um Google em nossos smartphones ou laptops. Não precisamos mais fazer muito esforço para encontrar o que queremos. Se temos o nome de uma atriz ou de um filme na ponta da língua, jogamos algumas informações no computador e, instantaneamente, o que queremos lembrar está à nossa disposição”, afirma uma das autoras, Betsy Sparrow, pesquisadora do Departamento de Psicologia da Universidade de Columbia.

Na série de testes desenvolvidos pelo grupo de cientistas, os participantes tinham de responder a questões sobre conhecimentos gerais com e sem ajuda dos programas de busca Google e Yahoo!. Mais tarde, precisavam se lembrar das respostas fornecidas. “Quando as respostas tinham sido encontradas na internet, a probabilidade de os participantes se esquecerem delas mais tarde foi muito maior. Estamos ficando cada vez mais dependentes de gadgets para diversas coisas, inclusive para recordar. Pode ser uma observação nostálgica, mas eu gostaria que nosso grau de simbiose com as ferramentas computacionais fosse menor”, observa Sparrow.

Coautora do estudo, publicado no ano passado na revista Science, a psicóloga Jany Liu, da Universidade de Wisconsin-Madison, diz que é entusiasta da tecnologia, mas confessa que teme os efeitos do uso exagerado da internet e dos gadgets como muletas.

“Muito antes de a internet comercial existir, já havia sistemas de memória coletiva. Por exemplo, uma enciclopédia ou um dicionário. O problema é que, ao recorrer sem parar às ferramentas tecnológicas para lembrar por nós, estamos abrindo mão de uma função importantíssima para nosso cérebro. Acho que precisamos usar computadores e celulares como auxiliares, não como substitutos”, opina. (PO)