quarta-feira, 12 de junho de 2013

Eduardo Almeida Reis-Renovação‏

Sonho com um sistema em que, sem carteira, só dirijam os que realmente sabem e são poucos 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 12/06/2013 

Renovei minha CNH pela milésima vez, considerando que a primeira foi contemporânea da invenção do automóvel. Tudo rápido, barato, nos horários estabelecidos, carteira entregue em domicílio. Pormenor curioso: sou contra a CNH, porque entendo que não ensina a dirigir. Sonho com um sistema em que, sem carteira, só dirijam os que realmente sabem e são poucos. O que tem de barbeiro por aí não está no gibi, está nas ruas e nas estradas, não raras vezes com apreciável quantidade de álcool no bucho.

De todas as renovações, a mais divertida foi no Detran do Rio. Velho amigo tinha o dom de ser amigo de milhares de pessoas. Era mesmo: gostava das pessoas, que também gostavam dele. Quando informado de que era chegada a hora de renovar minha CNH, telefonou para o diretor do Detran-RJ, que, por sua vez, mandou a chefe da seção de renovações, com escritório num velho galpão da Lapa, me receber às 11h.

Pontual que sempre fui, cheguei quando faltavam 15 minutos para as 11h e me apresentei ao contínuo da excelente senhora, chamado Manso, nome que não esqueço. O contínuo me anunciou à chefe e começamos a prosear na saleta da recepção. Conversa vai, conversa vem, meia hora, uma hora, hora e meia de atraso e a chefe não me recebia.

Por volta das 13h, o rapaz me perguntou: “O que é que tu quer?”. Expliquei-lhe que só queria renovar a carteira de motorista. E ele: “Vem comigo”. Entramos no galpão imenso, passamos pelo médico e ele disse: “Doutor, assina aqui que o rapaz é da casa”. Em 10 minutos, pegou carteira nova numa pilha de CNHs virgens, colou minha fotografia, achou quem datilografasse os meus dados e me entregou o documento válido por 5 anos, tudo numa rapidez que honrava o serviço público brasileiro.

Convidei-o para almoçar num restaurante vizinho, muito conhecido, entornamos duas dúzias de ótimos chopes, ficamos amigos. Por volta das cinco da tarde daquele mesmo dia, a chefe da seção telefonou para o diretor do Detran, que telefonou para o nosso amigo dizendo que a excelente funcionária estava sem almoço, à minha espera, desde as onze da manhã.

Aeroporto do Galeão
Pergunto ao caro e preclaro leitor: você tem passado pelo Aeroporto do Galeão? Gênio da música, Antônio Carlos Jobim não merecia a desfeita de ter o seu ilustre nome associado àquela choldra. A Copa das Confederações aí está e o aeroporto continua daquele jeito. Faz tempo que não passo por lá, mas tenho amigos que adoram viajar e me dizem das escadas rolantes que não rolam, dos banheiros imundos, das lixeiras transbordantes: aeroporto de quarto mundo.


Enquanto isso, um alemão que exporta para o Brasil ferramentas de largo consumo, disse ao seu distribuidor nacional: “Vocês vão ter uma Copa 2014 sensacional! Vai ser a melhor de todos os tempos!”.
O distribuidor não entendeu e informou ao industrial alemão que os estádios estão quase prontos, mas o resto continua daquele jeito. E o teuto, em bom inglês: “É por isso mesmo. Hotéis horríveis, comida caríssima, transportes na Idade da Pedra, segurança precária, mas conto os dias para viajar: vocês são muito alegres. Adoro esta bagunça”. E repete mess e shambles pelo telefone internacional, para seu distribuidor entender que fala da nossa confusão, da nossa bagunça.

Paisagem
Que faz o milionário mineiro quando compra um jatinho? Contrata pilotos, escolhe as viagens e se limita a ficar espiando a paisagem. Sabe fazer pouquíssimas coisas, como fechar os cintos de segurança – e é só. Exatamente o que venho fazendo, depois de muito ruminar sobre informática: desisti de tentar entender esta josta. Vejo a paisagem no sentido de consultar o Google, os dicionários eletrônicos, estas comodidades; escolho os assuntos sobre as quais vou escrever. Os “pilotos” são contratados quando a josta enguiça e funcionam como mecânicos informáticos.

O mundo é uma bola
12 de junho de 1186: Afonso VIII, de Castela, funda a cidade de Plasencia, que ninguém conhece, mas ainda existe. Fica na Província da Cáceres, comunidade autônoma da Extremadura, orça pelos 44 mil habitantes. Diz a Wikipédia que Plasencia tem o Centro Histórico bem conservado. Você, leitor viajante, já esteve por lá?


Em 1429, na Guerra dos Cem Anos, Joana D’Arc lidera o exército francês no segundo dia da Batalha de Jargeau. Considerando que a Guerra dos Cem Anos deve ter começado em 1337, andava próxima de inteirar o centenário e acabou durando 116 aninhos. Dizem que o exército comandado por Joana matou 400 inimigos em Jargeau. Joana foi canonizada, como também o foi dom Nuno Álvares Pereira, que matou espanhóis a mancheias na Batalha de Aljubarrota.


Em 1987, Espanha e Portugal aderem à Comunidade Econômica Europeia, a CEE, que vem fazendo água. Em 1915 nasceu o banqueiro americano David Rockefeller, dono de imensa fazenda no Pantanal do MS. No dia em que foi conhecer os seus 450 mil hectares, com a secretária e um diretor de seu banco, cismou de caçar onças-pintadas. Conto sua caçada amanhã, que o espaço de hoje zé fini.
Hoje é o Dia dos Namorados. Aproveitem, que a próxima etapa, o casamento, é dose.

Ruminanças
“Melius nil caelibe vita – Nada é melhor do que a vida de solteiro” (Horácio, 65-8 a.C.).

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