segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Os bichos do Poetinha - Walter Sebastião

Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes


Walter Sebastião

Estado de Minas: 14/10/2013 



Adriana Calcanhotto assumiu de novo a persona de Partimpim na releitura de A arca de Noé    (Sony/divulgação)
Adriana Calcanhotto assumiu de novo a persona de Partimpim na releitura de A arca de Noé

Está chegando às lojas nova edição do disco A arca de Noé, criação clássica de Vinicius de Moraes (1913 –1980) com os parceiros Paulo Soledade e Toquinho, lançado em 1980. As canções ganham agora as vozes de Maria Bethânia, Seu Jorge, Péricles, Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Pagodinho, Arnaldo Antunes, Mart’nália, Erasmo Carlos, Chitãozinho & Xororó, Gal Costa, Mariana de Moraes, Ivete Sangalo e Buraka Som Sistema, Chico Buarque, Maria Luiza Jobim, Adriana Partimpim (Calcanhotto), Marisa Monte, Orquestra Imperial, Miúcha e Paulo Jobim. O disco se soma aos vários projetos ligados ao centenário do Poetinha, que será celebrado no sábado.

O produtor Dé Palmeira – que assina o trabalho com Adriana Calcanhotto e Leonardo Netto – conta que o projeto se originou no sonho antigo de Suzana de Moraes, filha do poeta e mentora da empreitada. “Ela achava que as crianças de hoje não se identificavam com a versão antiga e queria dar nova roupagem para as músicas”, explica Dé. Algumas canções ganharam ritmos diferentes. Do original ficaram arranjos do maestro Rogério Duprat (1932 – 2006), um dos pilares do tropicalismo, “para mantê-lo perto de nós”, diz Palmeira. O disco é dedicado a Duprat, a Toquinho e ao jornalista Fernando Faro, responsáveis pelo álbum original.

Organizar o projeto foi particularmente divertido, conta Dé Palmeira, pois o trio de produtores ficava imaginando e imitando quem poderia cantar cada música. “Houve casos em que os personagens escolheram as canções. Só consigo imaginar Ivete Sangalo ou Zeca Pagodinho para cantar, respectivamente, Galinha d’Angola e O pato”, garante. Todos os convidados aceitaram a proposta, mesmo porque, alguns deles, como Mart’nália, cresceram ouvindo aquelas canções. O repertório do novo disco foi selecionado entre as faixas dos dois volumes originais de A arca de Noé, priorizando letras sobre bichos.

“Num mundo tão careta, mesquinho e chato como o que estamos vivendo, precisamos da loucura, da maluquice e do jeito caótico de Vinicius para equilibrar a nossa existência”, garante Palmeira. “A arca de Noé mostra o quanto a vida pode ser mais divertida”. Para o produtor, a permanência do repertório se deve ao fato de o poeta falar para as crianças sem afetação ou trejeitos. E também porque aquelas canções têm “camadas de significados”, que podem ser ouvidas por adultos.

Latinos Dé Palmeira diz que o mercado da música dedicada ao universo infantil ainda é mal explorado. “O importante nem é fazer canções para as crianças, mas trazê-las para o nosso lado, sentar com elas e ouvir tudo o que tem qualidade, seja Led Zeppelin, Pixinguinha ou Bryan Ferry. Elas vão ouvir do jeito delas e os adultos da maneira deles”, observa. O produtor conhece bem o público infantil, pois assinou Partimpim 1, 2 e 3, de Adriana Calcanhotto (ou Adriana Partimpim, nome usado nos trabalhos para crianças).

No momento, entre outros projetos, Dé, ex-Barão Vermelho, está envolvido com o primeiro disco da banda Panamericana, formada por Dado Villa-Lobos (ex-Legião Urbana), Charles Gavin (ex-Titãs) e Toni Platão (Hojerizah). O projeto tem versões em português de temas do rock latino dos anos 1980 (Fito Paez e Charly García, entre outros), chegando a produções mais recentes. “Há excelentes surpresas”, avisa, contando que se trata de repertório pouco conhecido devido à falta de integração entre as culturas dos países do cone sul.

SAIBA MAIS - Letra e música

O disco A arca de Noé 1 foi lançado em 1980, três meses depois da morte de Vinicius de Moraes. Foi criado a partir de livro de poemas feito para Suzana e Pedro Moraes, filhos do poeta, lançado em 1950. A versão brasileira veio depois do álbum lançado em italiano (L’Arca – Canzone per bambini), de 1972. A produção brasileira reuniu nomes ilustres: o artista gráfico Elifas Andreato, Rogério Duprat – maestro ligado a movimentos de vanguarda – e cantores importantes da MPB, como Chico Buarque, Milton Nascimento e Elis Regina, além de sensações do momento, como As Frenéticas. Além dos temas musicados por Paulo Soledade, novas canções da parceria com Toquinho entraram no disco. A arca de Noé 2 saiu em 1981.



A ARCA DE NOÉ


Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes (Sony/divulgação)
Clássico da discografia infantil, A arca de Noé, com canções de Vinicius de Moraes, Paulo Soledade e Toquinho, ganha versão com novos intérpretes

>> Sony Music

>> Com Maria Bethânia, Seu Jorge, Péricles, Caetano Veloso, Moreno Veloso, Zeca Pagodinho, Arnaldo Antunes, Mart’nália, Erasmo Carlos, Chitãozinho e Xororó, Gal Costa, Ivete Sangalo, Buraka Som Sistema, Chico Buarque, Marisa Monte, Adriana Partimpim, Orquestra Imperial, Miucha, Paulo Jobim, Maria Luiza Jobim e Mariana de Moraes. Vinicius de Moraes canta A casa.

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