sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Hábitos saudáveis podem se tornar obsessões‏

Hábitos saudáveis podem se tornar obsessões


Aguilar Pinheiro
Neurocientista


Estado de Minas: 01/11/2013 



Uma mania pode ser um hábito saudável como, por exemplo, certificar-se se um alimento está em condições de consumo, antes de comê-lo. Os cães, lobos e felinos fazem isso como mecanismo de sobrevivência. Ter esse comportamento e adequá-lo aos contextos pode ser altamente favorável. O problema é quando isso sai do controle e a pessoa fica refém de suas manias, tornando-as uma compulsão.

As manias podem ser associadas a algumas atividades ou comportamentos. Um exemplo é quando o indivíduo está nervoso e recorre às compras para obter tranquilidade, ou quando está ansioso e acaba roendo a unha para se sentir relaxado. Por outro lado, algumas pessoas apresentam manias compulsivas. Todos nós possuímos um mecanismo biológico que atribui valores de potenciais neuroquímicos que determinam os nossos comportamentos. Se, ao roer
unhas, a pessoa se sente, realmente, relaxada e isso se repete algumas vezes, o processo de habituação cria um condicionamento de reforço positivo, associando o roer unhas com a sensação de relaxamento. Então, o indivíduo passa a fazer isso compulsivamente, como um ratinho de laboratório que consome porções de açúcar em troca de choques. Em um dado momento, roer unhas passa a machucar, denegrir a imagem social e profissional, acarretando problemas de saúde e de estética. Porém, o cérebro continua compensando tudo isso com o, talvez agora falso, sentimento de relaxamento.

As manias também fazem parte do processo de dependência química. O viciado em drogas ilícitas e lícitas passa pelas etapas de mania, compulsão e vício. A dependência química ocorre quando o organismo é tão condicionado pela substância que as doses devem ser aumentadas sempre. A pessoa cria tolerância ao agente nocivo, ao açúcar em excesso, à dor causada pela dilaceração das unhas ou ao prejuízo financeiro ao comprar sem precisar. O prazer associado a essas atividades leva o indivíduo a repetir e querer cada vez mais. Quanto mais eu compro, mais me sinto tranquilo. Quanto mais roo unhas, mais me relaxo. O prazer anula o desprazer. E, apesar de toda a racionalidade, conselhos e ameaças, o que vale é o processo vicioso, que corrói a pessoa. A mania, se bem equilibrada com nossas ações do dia a dia, não gera nenhum transtorno. A ação não tem obsessão. Uma mania pode ser boa, como conferir se a porta está realmente trancada; verificar se a tela do autoatendimento de seu banco foi fechada após uma operação, etc. Isso, se feito de forma natural, acompanhada de um sentimento de eficiência, é um hábito saudável. Descer do ônibus e voltar 10 quarteirões para conferir a porta já pode ser prenúncio de uma compulsão. É preciso recorrer a um tratamento a partir do momento que esse domínio não existe.

A Programação Neuroliguística (PNL), por exemplo, potencializa o resultado ao lidar diretamente com as representações mentais, responsáveis por nosso estado emocional. Se o problema inclui dependência química, o processo é mais complexo e, nesse caso, o indicado é procurar ajuda médica e terapia, podendo ser aliada à PNL. O ideal é observar como lidamos com as dificuldades. Ninguém está condenado a conviver com suas compulsões. O equilíbrio é um processo biológico natural do ser humano, capaz de gerar ganhos adicionais às pessoas que o mantêm. Líderes empresariais e de outras áreas sabem dosar a mania e, portanto, têm uma vida saudável e harmoniosa, incluindo a estabilidade financeira e nos relacionamentos afetivos, profissionais e sociais. 

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