terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Hollywood perde Joan Fontaine


Fim da Guerra de estrelas 
 
Hollywood perde Joan Fontaine, musa de Hitchcock e eterna rival de Olivia de Havilland. As duas irmãs famosas protagonizaram um dramalhão familiar digno das telas de cinema
 

 
Estado de MInas: 17/12/2013 


Joan Fontaine foi uma das estrelas da era de ouro de Hollywood (20th Century Fox/arquivo)
Joan Fontaine foi uma das estrelas da era de ouro de Hollywood

Los Angeles – Musa de Alfred Hitchcock, a atriz Joan Fontaine, de 96 anos, que morreu domingo, protagonizou com Olivia de Havilland rivalidade digna dos dramalhões de Hollywood. Elas são as únicas irmãs que levaram o Oscar para casa. Joan faleceu em decorrência de causas naturais em sua casa, na Califórnia. Olivia, de 97, mora em Paris. Ambas nasceram no Japão, onde o pai trabalhava, e se mudaram para a Califórnia no fim da década de 1910.

Em 1940, Joan Fontaine chamou a atenção do mundo: foi indicada ao Oscar ao protagonizar Rebecca, filme que destacou Alfred Hitchcock – era o primeiro longa do cineasta inglês em Hollywood. Em 1942, ela levaria a estatueta por sua atuação em Suspeita, também de Hitchcock. Contracenava com o astro Cary Grant. Entre as derrotadas estava a irmã, Olivia de Havilland, estrela de A porta de ouro e famosa por seus papéis em As aventuras de Robin Hood (1938) e no megassucesso E o vento levou (1939). Olivia só ganharia suas estatuetas mais tarde: em 1947, por Só resta uma lágrima, e em 1950, por Tarde demais.

A hostilidade entre as duas chamou a atenção nas festas do Oscar. “Congelei. Olhei para o outro lado da mesa, onde Olivia estava sentada. ‘Levanta’, sussurrou ela de forma imperativa. Toda a rivalidade que havíamos sentido durante a infância voltou de repente, como imagens de um caleidoscópio”, revelou Joan, ao relembrar a solenidade em 1942, para completar: “Senti que Olivia atravessaria a mesa para me agarrar pelos cabelos”.

Quando Olivia foi contemplada, cinco anos depois, nova saia justa. Fontaine revelou publicamente que a irmã a destratou quando tentou parabenizá-la. “Ela me olhou nos olhos, ignorou minha mão, agarrou seu Oscar, virou-se e foi embora”, contou.
Amor A rivalidade entre as irmãs não se limitou às telas, para a alegria dos fofoqueiros de Hollywood. As duas disputaram também o amor do magnata Howard Hughes: ele saiu com Havilland, mas pediu Fontaine em casamento várias vezes – sem sucesso. “Casei-me primeiro, ganhei um Oscar antes que a Olivia. Se morrer primeiro, sem dúvida ela ficaria lívida porque teria ganhado dela”, ironizou a estrela de Rebecca. “Minha irmã nasceu um leão e eu um tigre”, declarou ela, em 1992.

Diva da era de ouro de Hollywood, Joan Fontaine atuou em De amor também se morre, Jane Eyre, Os amores de Suzana, A valsa do imperador, Amei um assassino, A mulher que não pecou e Bruxa – A face do demônio, entre vários filmes. Sua carreira no cinema entrou em declínio na década de 1950 e ela passou a se dedicar à televisão. Também atuou em musicais da Broadway.

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Piloto e chef

Joan Fontaine não foi apenas diva das telas. A atriz tinha licença de piloto, era campeã de voo em balão aerostático, respeitada jogadora de golfe e cozinheira formada pelo Cordon Bleu. Batizada Joan de Beauvoir de Havilland, adotou o sobrenome do padrasto, George M. Fontaine, ao ingressar na carreira artística. Realista, a estrela não cultivava ilusões a respeito de Hollywood. Em sua autobiografia, comentou que a meca do cinema tinha o medo entre suas “qualidades” – e não a suntuosidade, o brilho e as oportunidades de ouro. “Aqui, muitas vezes, as carreiras começam por acaso e podem evaporar de forma igualmente rápida”, resumiu. A atriz se casou quatro vezes. O último divórcio, de Alfred Wright, ocorreu em 1969. Fontaine declarou que o casamento enquanto instituição está tão morto quanto a ave extinta dodô. A atriz teve uma filha, Deborah, nascida em 1952.

Nas garras de Hitch



O sucesso chegou quase por acaso à vida de Joan Fontaine. Num jantar, ela comentou com o produtor David O. Selznick que acabara de ler o livro Rebecca – A mulher inesquecível, de Daphne Du Maurier. O famoso magnata acabara de comprar os direitos para adaptar o romance para o cinema. Convidou-a ali mesmo a fazer testes para o elenco.

Joan derrotou três poderosas concorrentes: Vivien Leigh, estrela de E o vento levou, Loretta Young e Susan Hayward. Pagou por isso. Laurence Olivier não escondeu que discordava da escolha, pois preferia contracenar com Leigh, sua namorada na época. O diretor Alfred Hitchcock aproveitou a tensão que fragilizou Joan Fontaine para mantê-la nervosa. Usou o sofrimento da atriz para construir sua personagem.

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