sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

E nós, quando teremos nosso Mandela?‏ - Luiz Francisco Corrêa

E nós, quando teremos nosso Mandela?

Luiz Francisco Corrêa

Jornalista, diretor da Via Comunicação, membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec), diretor da Associação Palavra Bem Dita

Estado de Minas: 31/01/2014



Um novo ano sempre nos deixa revigorados, numa expectativa intensa sobre o que vem pela frente, sobretudo depois do Carnaval. Baseados em 2013 podemos fazer uma série de projeções para 2014. Com o pensamento crítico avaliamos algumas situações e almejamos novidades que interessem à população como um todo. Quais as transformações trará a política, neste ano muito movimentado, com as eleições para presidência do país? Quais os novos e execráveis escândalos de corrupção? Serão punidos os anteriores? As manifestações de junho voltarão? Teremos o nosso Mandela? Continuaremos a falar de biografias citando sempre as mesmas celebridades brasileiras que se acham divindades? O simpático papa Francisco continuará a fazer suas sábias críticas à Igreja Católica?

Ao vermos as ainda recentes reportagens sobre Mandela e sua trajetória na África do Sul, pensamos que as imagens são do Brasil, pois as semelhanças são muitas entre os dois países. Evidentemente, no nosso caso, sem o nosso Mandela. Os líderes políticos brasileiros, salvo poucas exceções, não são grandes idealistas, envolvidos na alma em eliminar de fato a pobreza no Brasil. Apenas fazem jogo de cena, mas, na verdade, eles querem mesmo é manter privilégios de grupos poderosos que desejam se perpetuar no poder. Muitos parecem sobreviventes de um mundo que já acabou, mas eles insistem para que não acabe. Dessa forma, passam-se anos, décadas, e, na essência, não muda quase nada. As exceções que surgem nessas lideranças, quando assumem o poder ficam deslumbradas e esquecem rapidamente as suas metas iniciais, os seus princípios éticos e até mesmo suas origens. É o famoso caso daquelas pessoas que são picadas pela mosca azul ou se preferir, caro leitor, elas lembram que quem nunca comeu melado quando come se lambuza. E como se lambuzam!

Ver o país por meio de jatos que percorrem o belo Brasil, ou caminhando pelas ruas elegantes das cidades brasileiras, tem-se uma ideia de um mundo de fato existente, sólido e crescente, com grandes marcas espalhadas por todos os lados e com o cheiro bom dos perfumes desse universo. Mas, ao chegarmos de avião em várias grandes cidades brasileiras, são muito visíveis as periferias imensas (impressionantemente imensas), feias, com os seus problemas de saneamento, pobreza, carências de todo tipo, e, consequentemente, violência. Aí, vamos sentir o cheiro incômodo da miséria humana. Será que teremos o nosso Mandela, com um olhar mais profundo sobre esse mundo pobre e vasto, claramente existente e, também, sólido e crescente? Quem se desgrudará da imagem produzida pelo marketing para sentir na essência os nossos abismos sociais, e trabalhar para grandes mudanças? As novas gerações, sobretudo as que têm mais acesso aos estudos, já perceberam as nossas reais necessidades.

E as biografias? Permanecerão na pauta em 2014? Muitos dos nossos famosos da música, não é preciso citar os seus nomes, pois você sabe perfeitamente de quem estamos falando, sentem-se acima do bem e do mal, lindos e inatingíveis. Muitas pessoas famosas costumam ser desagradáveis em suas relações mais íntimas. Quando não estão delirando com os aplausos que adoram, ficam fechadas em si mesmas, aguardando ansiosas pelo próximo palco. Desculpem-nos pelo exemplo, mas essas figuras, vão ao banheiro, tomam banho, morrem e viram cinzas como todos nós. O “não me toques” desses artistas, que cultuam tanto o sucesso, é uma tremenda chatice. Apostamos nas biografias não -autorizadas.

E o papa Francisco continuará a fazer as suas sábias críticas à Igreja Católica que ele dirige? Que o agradável papa continue no caminho de uma Igreja pastoral, principalmente em um país com tantas mazelas sociais como o Brasil. Vamos ficar atentos, pois o ano já está começando e passando rápido.

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