terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Edgard Scandurra e Nasi deixam os rancores de lado e recriam o Ira!‏

Amigos, amigos, negócios à parte 

 
Edgard Scandurra e Nasi deixam os rancores de lado e recriam o Ira! depois de sete anos. Banda tem sua reestreia marcada para maio, em São Paulo, durante a Virada Cultural 
 
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 11/02/2014


Nasi (E) adianta que o novo  Ira! tem compromisso com a história da banda e vai incorporar antigos sucessos. Em carreira solo, Scandurra criou projeto de música eletrônica e gravou com Arnaldo Antunes   e Karina Buhr (Montagem sobre fotos de Kelsen Fernandes/Divulgação e SescTV/Divulgação)
Nasi (E) adianta que o novo Ira! tem compromisso com a história da banda e vai incorporar antigos sucessos. Em carreira solo, Scandurra criou projeto de música eletrônica e gravou com Arnaldo Antunes e Karina Buhr

Há quase sete anos, a roupa suja do Ira! foi lavada publicamente. Agressões na imprensa trouxeram à tona, de maneira passional, antigos rancores dos integrantes da banda, que culminaram num racha familiar – Nasi e seu irmão, Airton Valadão Júnior, então empresário do grupo. Da pior forma possível, a banda, que tem uma inegável importância no rock Brasil, anunciou seu fim em 2007. Nada como a passagem do tempo para arrefecer os ânimos. Cabeças do Ira!, Nasi e Edgard Scandurra se reencontraram em palco pela primeira vez em 30 de outubro. Nesta semana, voltam a se reunir para começar os ensaios do retorno do Ira!. O baixista Ricardo Gaspa e o baterista André Jung não vão participar da nova (velha) empreitada.

O primeiro show será em 17 de maio, na Virada Cultural de São Paulo. O vocalista e o guitarrista estarão acompanhados de Daniel Scandurra (filho de Edgard, no baixo), Johnny Boy (violão e teclados, da banda de Nasi) e Evaristo Pádua (bateria, outro que toca com o grupo do vocalista). Depois dessa primeira apresentação, a vontade é ir longe. “Estimamos uma turnê do tamanho da do Acústico (2004), o que deve cobrir uns 200 shows durante um ano e meio”, afirma Nasi, que hoje detém os direitos do nome Ira!. O repertório, por ora, não terá novidades. “O que posso dizer é que vai passar por todos os nossos discos, das músicas que foram sucesso em rádio e aquelas que são mais representativas da banda.”

O vocalista não fecha questão sobre o que essa turnê poderá gerar. “A gente vai continuar com nossa carreira solo. Em agosto, inclusive, faço a gravação de um DVD que devo lançar ano que vem. Mas digo para você, não descarto um novo disco. Esta história está me surpreendendo, o Edgard já está com umas ideias de música”, continua Nasi. Ambos nascidos em 1962, como diz a música do álbum Clandestino (1990), tanto ele quando Scandurra completaram 52 anos – o vocalista em janeiro, o guitarrista na semana passada.

O reencontro começou a ser ensaiado no ano passado. Nasi procurou Scandurra se oferecendo para cantar em show beneficente que o guitarrista estava promovendo em São Paulo para arrecadar fundos para bolsistas da escola Novo Ângulo Novo Esquema, destinada a crianças com dificuldade de aprendizagem (Lucas, filho de Scandurra, é aluno da Nane). “Após seis anos, dois amigos se encontram por uma boa causa”, dizia o flyer que rodou as redes sociais da época. Juntos, emendaram um hit no outro: Dias de luta, Envelheço na cidade, Tarde vazia, entre outras.

Pazes feitas, Nasi contemporiza sobre a turbulência de outros tempos. Além da produção musical (ver abaixo), em 2012 ele não deixou pedra sobre pedra com sua biografia, A ira de Nasi. Sobre o guitarrista, assumiu ter roubado uma namorada dele (o que teria gerado toda a tensão entre os dois). No final da banda, os dois já não se falavam, tampouco dividiam camarim. Hoje, Nasi não pensa duas vezes antes de dizer: “Quando nos encontramos, deixamos tudo para trás. Se não fosse assim, não teria clima. Nosso trabalho é maior do que os problemas que temos um com o outro. Cada um tem sua visão, suas razões. Agora, vamos viver um novo capítulo”, finaliza.

Vida pós-Ira!

Nasi


Desde 2006, Nasi lançou dois álbuns: Vivo na cena (2010), que registra no formato canções de outras bandas de que ele fez parte (Irmãos do Blues e Voluntários da Pátria), e Perigoso (2012), este com repertório que mistura regravações – Dois animais na selva suja da rua, de Taiguara, Tudo bem, das Garotas Suecas – e músicas autorais. Causou muito barulho também com sua biografia, A ira de Nasi (2012). No dia 21, ele toca em BH, no Circus Rock Bar.

Edgard Scandurra

Um dos guitarristas mais respeitados do rock nacional, Edgard Scandurra é também dos mais prolíficos. Fora do Ira!, enveredou numa série de projetos, além de manter carreira solo. Lançou um DVD em 2009, Ao vivo, com registro de suas músicas com e sem o Ira! – com o projeto Benzina, mantém um pé na música eletrônica. Gravou com Arnaldo Antunes, seu parceiro há duas décadas, Karina Buhr e Bárbara Eugênia. Atualmente, integra os projetos Pequeno Cidadão, este para crianças, e Les Provocateurs, tributo à canção francesa.

Entre tapas e beijos

Black Sabbath

Fosse cinco anos atrás, ninguém acreditaria que Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler se reuniram para disco e turnê – que passou por BH em outubro. Em 2009, o vocalista e o guitarrista brigaram que nem cão e gato pelos direitos de utilizar o nome da banda. Ao longo da história, a banda teve inúmeras formações (e somente Iommi ficou como integrante efetivo durante as mudanças). Também não custa lembrar que no final dos anos 1970, Ozzy foi demitido da banda devido ao abuso de álcool e drogas.

Soundgarden
Atração do Lollapalooza em abril, o veterano grupo de Seattle chega a 2014 completando 30 anos de formação. Mas, vale dizer, durante boa parte desse tempo a banda ficou separada. Separou-se em 1997 devido a brigas internas e cada integrante foi para um lado. O vocalista Chris Cornell formou o Audioslave, que lançou três álbuns e teve repercussão no início da década passada. Foi mais bem-sucedido do que em sua carreira solo. O retorno do Soundgarden ocorreu em 2010 e rendeu um álbum, King animal (2010).

RPM
O RPM continua na ativa e cantando Olhar 43. Pois olhando para trás, parece impossível que Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Paulo Pagni e Fernando Deluqui consigam tocar juntos. Formado em 1983, o quarteto se separou, pela primeira vez, quatro anos mais tarde, ao final da turnê de Rádio pirata ao vivo. Depois disso, houve três álbuns de estúdio (em 1988, 1993 e 2011), muitas brigas, idas e vindas e lavação de roupa suja em público.

Mutantes
Quando foi anunciado, em 2006, que os Mutantes iriam voltar com Arnaldo e Sérgio Baptista, Dinho Leme e Zélia Duncan no lugar de Rita Lee, os fãs de primeira hora da mais cultuada banda brasileira torceram o nariz. A reunião rendeu CD, DVD e uma bem-sucedida turnê. Zélia, com carreira estabelecida, foi a primeira a cair fora terminada a temporada. Arnaldo veio logo a seguir. Com Sérgio comandando o barco, os novos Mutantes fizeram jus ao nome. Entraram na trilha da novela homônima; ganharam nova formação com uma dezena de integrantes. Em dezembro, Sérgio Dias se reuniu a Túlio Mourão, Antônio Pedro e Rui Mota para fazer show do álbum Tudo foi feito pelo sol (1974), da fase progressiva do grupo. 

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