quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eduardo Almeida Reis - Copidesquei‏

Copidesquei 
 
Do português tabelionesco aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 30/04/2014


Ainda que de leve, porque sou educadíssimo, copidesquei um editorial do Jornal de Angola intitulado Patrimônio em risco, aliás, património. Angolanos são exuberantes e aprontam editoriais quilométricos, motivo pelo qual fui obrigado a dividir o texto em dois. Os leitores de Tiro&Queda sabem que detesto crônicas em capítulos I, II, III etc., mas as colunas de hoje e amanhã nada têm de crônicas: transcrevem o primoroso editorial sobre a imbecilidade do Acordo Ortográfico inventado por meia dúzia de gramáticos. Vejamos o que dizem os angolanos sobre o Acordo e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP.

"Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é patrimônio de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.

Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige.

Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às ‘leis do mercado’. Os afetos não são transacionáveis. E a língua que veicula esses afetos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.

Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito ‘Vamos descobrir Angola’, deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas línguas nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiram a via erudita e a via popular. Do ‘português tabelionesco’ aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas.”

Brasil

Grande e bobo, este país que tem hino, bandeira, constituição e corrupção, muita corrupção, ainda não aprendeu a lidar com a eletricidade. Na Sociedade Hípica Brasileira, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, cavalos que chegaram dos haras para competir no domingo, 6 de abril, foram instalados em baias metálicas improvisadas: dois morreram eletrocutados e dois ficaram feridos. A dona dos animais disse que o acidente poderia matar uma pessoa que encostasse no metal das baias.

Enquanto isso, em Brasília, DF, Tiago Pereira, 28 anos, professor de musculação em Caxias do Sul, atleta que competiu no Ironman da tarde do mesmo domingo, encostou-se em uma estrutura metálica na área destinada aos estandes do evento chamado Ironman 70.3 Brasília, tomou um choque e morreu de parada cardiorrespiratória.

A Latin Sports, empresa que organizou a competição, afirma que prestou todo o auxílio médico ao atleta, não se exime de suas responsabilidades e está acompanhando as autoridades na perícia que determinará as causas do incidente.

O mundo é uma bola

 No dia 30 de abril de 1803 os Estados Unidos compraram da França a Louisiana por US$ 15 milhões, que se transformaria no 18º estado norte-americano também no dia 30 de abril, mas em 1812. Entre os fatos marcantes da história daquele estado há que destacar os dois meses que passei por lá tentando aprender inglês e o furacão Katrina, que matou 1.833 pessoas.

Em 1854, inauguração da primeira ferrovia do Brasil ligando o Porto de Mauá, atual Guia de Pacobaíba, a Fragoso, atual Magé. Transcorridos 160 anos, nossa malha ferroviária é ridícula. Em 1900, o Havaí se torna território dos Estados Unidos. Em 1912, fundação em BH do América Futebol Clube, que tem torcedores fanáticos e andou ganhando muitos campeonatos nesses 102 anos.

Em 1945, suicídio de Hitler e Eva Braun. Em 1948, criação da Organização dos Estados Americanos, a OEA. Em 1980, sobe ao trono a rainha Beatriz, dos Países Baixos. Em 2013, a rainha Beatriz abdica em favor de seu filho Guilherme Alexandre. O Reino dos Países Baixos é composto pelos Países Baixos, Curaçao, Aruba e o território de Sint Maarten, na Ilha de São Marinho. É Sint mesmo.

Ruminanças

“O elefante deixa-se acariciar. O piolho, não.” (Lautréamont, 1846-1870).

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