segunda-feira, 14 de abril de 2014

Perigos do câncer de boca Luciano Eloi Santos

Perigos do câncer de boca
Luciano Eloi Santos
Presidente do Conselho Regional de Odontologia (CRO-MG)

Ana Paula Silva
Assistente técnica do Conselho Regional de Odontologia (CRO-MG)
Estado de Minas: 14/04/2014


Mais de 15 mil pessoas devem desenvolver câncer de boca em 2014. Desse número, 11.280 casos serão detectados em homens e 4.010 em mulheres. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que alerta para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento. Considerado um problema de saúde pública em todo o mundo, o câncer de boca tem sido motivo de preocupação do Conselho Federal de Odontologia, que, juntamente às suas regionais, vem trabalhando para conscientizar os cirurgiões-dentistas brasileiros para a necessidade de uma política mais abrangente de combate à doença.

O câncer de boca afeta os lábios e o interior da cavidade bucal. Pode acometer regiões como língua, céu da boca, gengivas e bochechas. Representa grande causa de morte na atualidade, atingindo principalmente pessoas do sexo masculino. As estatísticas demonstram que a maioria dos casos é detectada em fase mais avançada, sendo que, nessa etapa, o tratamento quase sempre é muito agressivo e mutilador.

As causas do câncer são variadas, porém, diversos estudos comprovaram que o consumo de bebida alcoólica e de cigarro está diretamente relacionado ao desenvolvimento da doença. Além disso, a predisposição genética também é um fator causador do câncer bucal, embora os casos associados apenas a fatores hereditários sejam raros.

Para prevenir o câncer é necessário adotar hábitos saudáveis, como: não fumar (ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4,7 mil substâncias tóxicas e cancerígenas inaladas por fumantes e por pessoas próximas atingidas pela fumaça); evitar o excesso de peso; manter dieta rica em frutas e vegetais; e praticar atividade física diária.

Outra prevenção fundamental é visitar o cirurgião-dentista periodicamente para avaliação de toda a boca, pois ele é o profissional responsável pelo diagnóstico do câncer bucal e pelo encaminhamento do paciente para tratamento médico. Se diagnosticado na fase inicial e tratado de maneira adequada, cerca de 80% dos casos têm cura. O maior problema é que a maioria dos casos não é diagnosticada na fase precoce e os tratamentos podem não ser eficazes.

Na fase inicial, o câncer pode se apresentar sob diversas formas, como: lesão esbranquiçada ou avermelhada ou ambas; caroço em qualquer região da boca ou no pescoço; ferida que não cicatriza após 20 dias e, geralmente, ausência de dor. Na fase avançada, as lesões geralmente se apresentam na forma de feridas endurecidas e doloridas. Importante destacar que nem todas as lesões que surgem na boca com essas características são diagnosticadas como câncer. Daí o acompanhamento periódico pelo cirurgião-dentista ser fundamental para o diagnóstico da lesão.

 A população deve estar atenta a qualquer alteração na mucosa bucal e lingual, sendo importante o autoexame, pois, se ocorrerem feridas e lesões que não cicatrizam, pode ser um indicativo de câncer de boca. Além da realização do diagnóstico, o dentista deve prevenir e tratar as alterações bucais decorrentes do tratamento oncológico e acompanhar o paciente para promover a sua saúde bucal, com melhor qualidade de vida.

Uma das iniciativas para que a doença não seja esquecida e fique em evidência é o Projeto de Lei 3.939/12, em tramitação no Congresso Nacional, que visa fixar, na primeira semana de novembro, a celebração anual de combate ao câncer de boca. Para estudar essa e outras iniciativas, o Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) instituiu o mês de abril como marco dessas discussões, que vão desde a visita a cidades do interior até diversas atividades em Belo Horizonte, entre elas, a conscientização da população pelas explicações sobre o autoexame e a distribuição de cartilhas em diversos pontos da cidade.

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