sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eduardo Almeida Reis - Mimo recebido‏

Estado de Minas: 30/05/2014 


Mimo recebido

Surpresa não foi, porque a remessa do mimo, via Sedex, tinha sido anunciada. Mimo, no sentido de “presente”, seria força de expressão, porque pedi ao casal residente em Brumadinho, que trabalha em Belo Horizonte, que me mandasse um pacote dos biscoitos belgo-mineiros produzidos no Carmo-Sion, próximo do Bairro Cruzeiro, chamado Alto Savassi pelo saudoso Roberto Drummond. Atleticano fanático, Roberto não podia morar no Cruzeiro, daí a invenção do Alto Savassi quando se mudou para um apê “de alto bordo”. Ideia que inspirou o meu Savassi Hills na mudança de Juiz de Fora para a Favela do Cafezal. Amplo apartamento alugado praticamente dentro da favela, hoje transformada em comunidade.

Volto ao mimo sedexado, que pode ser considerado “presente” remetido por Danielle e Lauro Diniz, ela nascida em França, ele em Paraopeba, no tempo em que havia por lá um padre acordando a cidade, aos berros, às cinco da matina, pelos alto-falantes instalados na torre de igreja: “Acorda, Paraopeba pecadora!”.

Já mereci da mineira, que produz os biscoitos com o seu marido belga, amável e-mail quando elogiei os seus produtos. Morei 16 anos em BH, vivia comendo e bebendo na parrilla do excelente Francisco Tomás Mesquita, uruguaio de Artigas e parrillero no Cruzeiro, e nunca me falaram do maravilhoso biscoito.

Hoje, sempre que tiver portador de lá para cá, pretendo encomendar pacotes de meio quilo. Assim mesmo, sem hífen, porque meio-quilo hifenado é regionalismo brasileiro de uso informal para indivíduo baixote. E depois dizem que é fácil escrever mil e quinhentas palavras/dia.
Como também não foi fácil receber o mimo, porque o paraopebense vive ocupado entre Brumadinho, BH, Brasília, Nova York e Paris. Salvou-me o fato de Danielle ser francesa, portanto vizinha do Royaume de Belgique, de Philippe Léopold Louis Marie de Belgique, né le 15 avril 1960 au château du Belvédère à Bruxelles, le 7e roi des Belges depuis le 21 juillet 2013.

Com os agradecimentos ao casal Diniz vou comer mais um biscoitinho e deixo para contar noutra ocasião a história das velhinhas do Caxiri, margem direita do Rio Cuiabá, Pantanal do MS, sempre que o Dr. Octávio da Costa Marques, fazendeiro rio acima, lhes mandava um presentinho.

Greves
Primeiro foi a PM da Bahia, seguida pelas PMs do Rio Grande do Norte, do Amazonas, de Pernambuco – e faltava pouquíssimo tempo para a Copa das Copas. Função de polícia não congemina com o treinamento das Forças Armadas, como se vê no complexo de favelas da Maré, caminho de quem sai do Aeroporto Internacional do Galeão batizado com o nome de Antônio Carlos Jobim, desrespeitando a memória de um brasileiro genial. Galeão, navio a vela com quatro mastros, de alto bordo, armado em guerra, usado no transporte de cargas de alto valor na navegação oceânica entre os séculos XVI e XVIII, é hoje em Portugal embarcação de pesca de cerco de sardinhas. O nosso Galeão, do jeito que está, nem serve para pescar sardinhas.

A Constituição Federal, artigo 9º, e a Lei nº 7.783/89 asseguram o direito de greve a todo trabalhador, competindo-lhe a oportunidade de exercê-lo sobre os interesses que devam por meio dele defender: está no Google. Há direitos e proibições de análise complicadíssima, que alongariam este suelto sem proveito para os leitores e o philosopho, além de estar fora do entendimento de um PM normal. A PM de Minas já teve oficiais médicos de notável saber médico-filosófico e possivelmente ainda os tem. Lembro-me, com especial carinho, do doutor Flávio Neves, psiquiatra e latinista, que participava das missas na Igreja de São José em Belo Horizonte.

Mais de uma vez, na latinização das missas dos bons tempos, o padre deixou o altar para rir da sacristia, diante das frases encaixadas pelo Dr. Flávio durante o missar, verbo que entrou em nosso idioma circa 1560: “celebrar missa”.

Se o sertanejo de Euclides da Cunha era antes de tudo um forte, o soldado PM brasileiro é antes de tudo um bobo ao trabalhar em função perigosíssima, ganhando uma tuta e meia para ser criticado pela mídia e punido pela corporação ao trocar tiros com bandidos de alta periculosidade, não por gosto, mas a serviço da sociedade.

O mundo é uma bola
30 de maio de 70: cerco de Jerusalém. Tito e suas legiões romanas derrubam o segundo muro da cidade. Os defensores judeus retiram-se para o primeiro muro, enquanto os romanos recorrem à técnica militar da circunvalação cortando todas as árvores num raio de 15 quilômetros.
Em 1415, pelo Concílio de Constança, na Alemanha, Jerônimo de Praga é condenado por heresias à morte na fogueira. Jerônimo (1379-1416) foi o principal discípulo e o mais devotado amigo de Jan Huss, o célebre reformador religioso tcheco. Foi churrasqueado no mesmo dia da condenação.
Em 1431 foi a vez de torrarem Joana d’Arc, de 19 aninhos, por bruxaria. O pessoal não alisava: queimava, mesmo. Joana torrou em Rouen, France. Em 1569, 11 dias depois da execução de Anne Boleyn, Henrique VIII se casa com Jane Seymour, que escapou de ser decapitada porque morreu de parto. Jane consta de minha árvore genealógica. Hoje é o Dia do Geólogo e do Decorador.

Ruminanças
“O norte-americano é um inglês fabricado em série” (Sofocleto, 1926-2004).

Nenhum comentário:

Postar um comentário