domingo, 1 de junho de 2014

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Por que educar‏

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Por que educar
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 01/06/2014


Segundo Freud, em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), a sexualidade infantil é viva e atuante, sendo esquecida no final da infância e ressurgida depois de um período de latência a partir das mudanças do corpo.

Diz ainda Freud que toda mãe ficaria horrorizada se disséssemos a ela que seu amor desperta a pulsão sexual do filho e os prepara para sua intensidade ulterior. Elas consideram assexual seu amor, puro e, mesmo sendo de fato zelosas e cheias de cuidados quanto ao manejo do corpo da criança, os efeitos de seus cuidados e carinhos produzirão efeitos libidinais na criança. E isso é bom porque estarão preparando-a para amar futuramente.

E, continua Freud, o excesso de afeição é nocivo, porque desperta a maturidade sexual precoce e também porque mimando a criança ela se torna incapaz, na vida ulterior, de ficar temporariamente sem amor ou contentar-se com uma pequena quantidade dele.

Uma das mais claras indicações de que uma criança se tornará neurótica pode ser vista pela exigência insaciável de afeição dos pais, já que ela recebeu excessivas demonstrações. Portanto, nem só a rejeição pode ser nociva, mas o excesso de amor também pode fazer adultos dependentes.

Crianças com a sexualidade muito precocemente desenvolvida transformam sua libido em ansiedade, já que não podem satisfazê-la. As fantasias edípicas serão ameaçadoras e por isso caem no esquecimento e só despertarão na adolescência, fazendo um barulho tremendo.

É na adolescência que se deve elaborar o embaraço com o despertar de uma sexualidade que foi esquecida. Atualizada, ressurge perturbadora e, agora, o adolescente terá que lidar com ela diante dos outros e refazer sua opção, seja qual for e com as incertezas e dúvidas que este tempo traz.

Assim, os laços agora serão entre grupos de rapazes e moças, a princípio separadamente, antes de partirem para o encontro sexual propriamente dito. Surgem as turmas que se formam e se unem em busca de reconhecimento e, como é comum na adolescência uma certa insubordinação, se reconhecem como pares e excluem os adultos.

Praticam sonhos proibidos, transgressões que os tornam fiéis ao grupo e se apresentam como seguros e poderosos. A formação de gangues vem desse embaraçoso momento da adolescência, em busca de reconhecimento e separação dos pais.

A rebeldia é quase regra na adolescência e necessária para afastar os pais. Muitos se tornam transgressores e delinquentes. Outros passam por momentos de grande coesão com o grupo e praticam temporariamente alguns atos de agressividade, acreditando assim se firmarem valentes. No caso dos rapazes, chega-se a extremos, como as brigas que vemos entre turmas nas madrugadas. Covardia de vários contra um, rivalidade vazia de sentido.

São atitudes violentas e na maioria das vezes terminam na delegacia ou em ações movidas pelos pais contra as agressões sofridas pelos filhos. Com razão devemos chamar a lei diante de excessos covardes de uns sobre os outros. É para isso que elas existem, para coibir a crueldade que entre seres humanos é bastante frequente.

Assistimos pais preocupados e, de fato, a preocupação procede, pois aqui no Brasil, diferentemente de outros lugares do planeta, adolescentes têm uma vida livre, podem sair sem hora para voltar, passar as noites em festas onde são servidas bebidas alcoólicas. E tudo isso conta com a complacência dos pais, que desejam dar aos filhos uma vida de luxo e permissividade, em que eles aprendem a ganhar tudo o que querem e não aceitam contrariedades.

Muitos pais cobrem os filhos com luxo e excessos, ensinando a eles que o mundo está a seus pés. E o resultado, não raro, são filhinhos de papai vandalizando por aí. Hoje, repito este tema porque é muito importante que os pais repensem seu papel.

apanhar, mas não pensam que um dia pode ser ele a vítima. Além disso, ainda há um reforço machista dos pais e, certamente, também das mães, para que seus filhos sejam pegadores e mostrem o quanto são machos. O respeito às mulheres nem sempre entra na lista de prioridades, nem das meninas nem dos meninos.

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