quinta-feira, 24 de julho de 2014

Eduardo Almeida Reis - Ridículo‏

Ridículo
Compleição nunca foi sinônimo de competência, mas quando o biótipo baixinho combina com a estatura moral, o resultado é ridículo


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 24/07/2014







É impressionante a quantidade de gente que se dá ao ridículo, que provoca riso, escárnio, zombaria achando que faz bonito. Joseph Blatter, 78, presidente da Fifa, é ridículo em seu casamento com Linda Barras, 49, suíça de origem armênia. Bernard Charles “Bernie” Ecclestone, 83, presidente e CEO da Formula One Management, é ridículo em seu casamento com Fabiana Flosi, 37, advogada brasileira. Nada mais ridículo do que um político analfabeto assinando, como presidente da República, um acordo ortográfico essencialmente ridículo.

Ridículas foram as atuações da seleção da Espanha na Copa das Copas, confirmando a necessidade de renovação do time. No dia da segunda partida, 18 de junho, houve a ridícula investidura de Felipe VI como rei da Espanha, renovação monárquica pela abdicação do rei Juan Carlos I, seu pai. Cabe a pergunta: por que os espanhóis não beijam as mãos das senhoras? Sempre beijei e as reações, no Automóvel Clube de Minas Gerais, eram de ternura, espanto e alegria: “Que bonitinho! Ele beija a mão!”. Pois é: beijo as mãos porque fumo charutos e nem todas as senhoras e senhoritas curtem os odores dos puros. Espanhóis decentes fumam charutos. Não vi nenhum, na fila dos cumprimentos, que beijasse a mão da mulher de Felipe VI.

Enquanto isso, a figura ridícula do governador Tarso Genro, do RS, sumia na tevê ao lado de Willem-Alexander Claus George Ferdinand, rei da Holanda. Compleição nunca foi sinônimo de competência, mas quando o biótipo baixinho combina com a estatura moral, o resultado é ridículo. Ficou faltando a quinta-essência, o cúmulo, o suprassumo do ridículo: jornalista de 60 anos, âncora e maior salário de uma rede de tevê, fantasiado com aquele chapéu de quatro chifres coloridos e balouçantes no dia da estreia do Brasil na Copa das Copas. Conseguiu bater o Lula assinando o Acordo Ortográfico.

Previsões

Lúcia e Maria Lúcia não têm parentesco e dizem gostar de Tiro & Queda, talvez porque o autor destas bem traçadas não seja amigo das notícias ruins e procure ver o mundo pelas ópticas do otimismo e da bonomia. Hoje, contudo, sou obrigado a noticiar verdades que vão desgostar muita gente.

Se você não bebe, não fuma, não come carne vermelha, pratica esportes regularmente e não sai de casa sem a cautela antecipada de se besuntar de protetores solares, lamento informar que o Sol caminha para a expansão até virar uma gigante vermelha ejetando suas camadas externas, o que deve ocorrer dentro de aproximadamente 5 bilhões de anos.

Portanto, não adianta evitar o álcool, o tabaco, a carne sangrenta, o sedentarismo e o câncer de pele, se o Sol, acabando, acaba também com o planeta em que você vive gozando perfeita saúde.

Almoço rural

Faleceu no Rio aos 88 anos o ex-governador Marcello Alencar, muito elogiado pelo fato de ter sido advogado de presos políticos. Hoje, temos advogados de políticos presos fazendo os piores papéis nas mais altas cortes de Justiça, quando atuam bêbados querendo pautá-las. Uns e outros, advogados de presos políticos ou de políticos presos, não vêm à balha neste belo suelto em que só quero contar de um almoço em fazenda fluminense, tarde muito quente, quando acabou o gelo indispensável para a uiscada.

O acesso à sede da fazenda era feito por estradinha estreita, sem permitir a passagem de dois carros. Portanto, os automóveis que chegavam paravam em fila indiana. E o último da fila, carro bacana, pertencia ao ex-governador Marcello Alencar.

Quando acabaram os cubos de água solidificada pela ação do frio, um vizinho disse: “Tenho gelo na fazenda”. Brasileiro ilustre, professor de mecânica dos solos da PUC-Rio e dono de uma empresa que empregava 360 engenheiros, o fazendeiro só poderia chegar a sua fazenda, distante 16 quilômetros por miserável estradinha de terra, se fosse no carro do ex-governador, o último da fila. Fui com ele e me lembro de que o odômetro acusava menos de 200 quilômetros, sinal de que o carro tinha sido comprado na véspera: a fazenda ficava a 140 quilômetros de Copacabana.

Assumindo o volante, com o prestativo philosopho no banco do carona, o professor da PUC-Rio perguntou: “Vamos dar um pau neste carro?”. O carona, que sempre teve o pé direito meio pesado e já estava ligeiramente trêbado, concordou entusiasmado.

Senhoras e senhores do egrégio conselho leitoral: o carro novíssimo do ex-governador voou nos 32 quilômetros, ida e volta, para apanhar o gelo, estradinha cheia de buracos e curvas, sem air bags e security belts. Sobrevivi para contar o episódio em 299 palavras.

O mundo é uma bola

O dia 24 de julho de 1414 teve relação com o descobrimento do Brasil: deve ter sido a data da reunião, em Torres Vedras, do Conselho Régio de dom João I, de Portugal, para deliberar sobre a expedição que conquistaria Ceuta e marcaria o início da expansão e dos descobrimentos portugueses.

Em 1883, Campos de Goytacazes, RJ, se torna a primeira cidade da América Latina com iluminação pública, que não serviu para iluminar as mentes do eleitorado de Anthony e Rosinha Garotinho. Hoje é o Dia da Iluminação Elétrica.

Ruminanças

“Há duas maneiras de espalhar a luz: ser a vela ou o espelho que a reflete” (Edith Wharton, 1862-1937).

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